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RAFAELA CORRÊA
RAFAELA CORRÊA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
RESUMEN
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
CONCLUSÃO............................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61
9
INTRODUÇÃO
1 A PIRATARIA EM ALTO-MAR
O primeiro a usar o termo pirata para descrever aqueles que pilhavam os navios
e cidades costeiras foi Homero, na Grécia antiga, na sua Odisseia. Eles navegavam nas
rotas comerciais com o objetivo de apoderarem-se das riquezas alheias, pertencentes a
mercadores, navios do Estado ou povoações e mesmo cidades costeiras, capturando
tudo o que tivesse valor e também costumavam fazer reféns, preferencialmente pessoas
12
armados, mas ocasionalmente atacavam uma cidade ou um navio de guerra, caso o risco
valesse a pena (FERREIRA, 2013).
Como visto, a última convenção ratificada foi a de 1982, a partir daí não houve
nenhuma outra movimentação para combater o crime de pirataria. Atualmente, a
pirataria revela-se mais incidente no Sudeste Asiático, nas Caraíbas, e no Chifre da
África, tendo como principais locais de ataque espaços entre as ilhas, onde os piratas
atacam de surpresa com lanchas muito rápidas (PINTO, VENANCIO, 2012).
Cretella Neto (2008, p. 492) por sua vez, define pirata como: ―indivíduo que
percorre o alto-mar por conta própria, dedicando-se à prática de atos de violência ou de
pilhagem‖. De acordo com a definição mencionada acima, devem ser observados os
elementos constitutivos do crime de pirataria, primeiramente devem ser cometidos em
alto-mar e o navio pirata deve pertencer a um particular.
Para Pella (apud CRETELLA NETO, 2008, p. 488), pirataria é definida como:
O fato de praticar, com espírito de lucro e por conta própria, atos de violência
contra as pessoas e depredação contra os bens, em locais que não pertençam à
soberania de nenhum Estado determinado e que, assim, compromete nestes
locais a segurança da circulação.
Os piratas têm como fim imediato o enriquecimento à custa das presas que as
circunstâncias concretas lhe oferecerem, abstraindo dos titulares dos interesses que
lesam, qualquer embarcação pode ser vítima de um ataque de pirata. Por isso, enquanto
ameaça indiscriminada à navegação, a pirataria ofende a Comunidade Internacional no
seu todo, pois depende do meio marítimo para a circulação de pessoas e mercadorias, o
abastecimento de bens essenciais e a fruição das inúmeras vantagens que o mar oferece
(BÖHN-AMOLLY 2010).
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Reconhecido pela lei internacional da época, um pirata com uma carta de corso,
tinha total liberdade para efetuar as ordens do governo, o qual estava subordinado, não
se enquadrando neste momento como um fora da lei.O corso, ou melhor, os corsários,
eram particulares autorizados por monarcas, os privateers, que trabalhavam, por assim
dizer, a mando do Estado.A instituição das Cartas de Marca foi o marco fundador do
fenômeno na Europa. Segundo exposição de Caninas (2009, p. 103):
Os lucros com os corsários eram muito grandes para as nações, quando, por
insegurança de todos, pois já não se sabia quem eram corsos e quem eram piratas, e até
mesmo os próprios corsários abusando do poder por eles adquiridos por meio dos
monarcas, foram se deixando de lado uso das Cartas de Marca.
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Em suma, os piratas atuam por motivos privados, enquanto que os terroristas são
movidos por fundamentos políticos ou religiosos. Diante do exposto acima, é possível
observar que há nítidas diferenças entre piratas, corsos e terroristas marítimos.
A largura do mar territorial é um tema complexo, o qual foi objeto das mais
controvertidas discussões doutrinárias e possivelmente na época a solução encontrada
não teria satisfeito a todos os povos. Diante das próprias conveniências duas correntes
fundamentais procuraram fazer prevalecer seus princípios, segundo Ferrugem ([?],
p.17):
As águas e mares interiores são as que, traçada linha de base a partir da qual o
mar territorial é determinado, situam-se no lado interno ao do mar territorial. A
Convenção sobre o Direito do Mar destaca em relação às águas interiores:
Art. 8
Águas interiores
1. Excetuando o disposto na Parte IV, as águas situadas no interior da linha
de base do mar territorial fazem parte das águas interiores do Estado.
2. Quando o traçado de uma linha de base reta, de conformidade com o
método estabelecido no artigo 7, encerrar, como águas interiores, águas que
anteriormente não eram consideradas como tais, aplicar-se-á a essas águas o
direito de passagem inocente*, de acordo com o estabelecido na presente
Convenção.
Art. 9
Foz de um rio
Se um rio deságua diretamente no mar, a linha de base é uma reta traçada
através da foz do rio entre os pontos limites da linha de baixa-mar das suas
margens.
Art. 10
Baías
1. Este artigo refere-se apenas a baías cujas costas pertencem a um único
Estado.
2. Para efeitos da presente Convenção, uma baía é uma reentrância bem
marcada, cuja penetração em terra, em relação á largura da usa entrada, é tal
que contém águas cercadas pela costa e constitui mais do que uma simples
inflexão da costa. Contudo, uma reentrância não será considerada como uma
baía, se a sua superfície não for igual ou superior à de um semicírculo que
tenha por diâmetro a linha traçada através da entrada da referida reentrância.
22
Art. 11
Portos
Para efeitos de delimitação do mar territorial, as instalações portuárias
permanentes mais ao largo da costa que façam parte integrante do sistema
portuário são consideradas como fazendo parte da costa. As instalações
marítimas situadas ao largo da costa e as ilhas artificiais não são consideradas
instalações portuárias permanentes.
Art. 12
Ancoradouros
Os ancoradouros utilizados habitualmente para carga, descarga e fundeio de
navios, os quais estariam normalmente situados, inteira ou parcialmente, fora
do traçado geral do limite exterior do mar territorial, são considerados como
fazendo parte do mar territorial.
Já, por assim dizer, o mar territorial é a faixa de mar que se estende desde a linha
de base até distância que não deve exceder 12 milhas marítimas da costa, sobre a qual o
Estado exerce soberania, porém, algumas limitações são determinadas pelo direito
internacional, principalmente na questão ambiental. Conforme artigo 3° da Convenção
sobre o Direito do Mar:
Art. 3
Largura do mar territorial
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Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um
limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de
base determinadas de conformidade com a presente Convenção.
Art. 33
Zona contígua
1. Numa zona contígua ao seu mar territorial, denominada zona contígua, o
Estado costeiro pode tomar as medidas de fiscalização necessárias a:
a) evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração
ou sanitários no seu território ouno seu mar territorial;
b) reprimir as infrações às leis e regulamentos no seu território ou no seu mar
territorial.
2. A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar
territorial.
Art. 55
Regime jurídico específico da zona econômica exclusiva
A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a
este adjacente, sujeita ao regime jurídico específico estabelecido na presente
Parte, segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os
direitos e liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições
pertinentes da presente Convenção.
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Por fim, cabe ressaltar sobre a plataforma continental, que já era reconhecida
geograficamente, porém o direito internacional não a ocupava porque a tecnologia ainda
não havia alcançado o grau de desenvolvimento necessário para a cogitação de sua
exploração econômica. O artigo 76 da Convenção sobre o Direito do Mar define-a:
Art. 76
Definição da Plataforma Continental
1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o
subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em
toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao
bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas
marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não
atinja essa distância.
Cada Estado que possui contato com o mar abrange, em sua ordenação jurídica
poderes inerentes ao mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva e
plataforma continental. O Brasil trata deste tema na Lei n° 8.617/1993, que rege nas
conformidades da Convenção de Montego Bay de 1982.
ARTIGO 86
Âmbito de aplicação da presente Parte
As disposições da presente Parte aplicam-se a todas as partes do mar não
incluídas na zona econômica exclusiva, no mar territorial ou nas águas
interiores de um Estado, nem nas águas arquipélagicas de um Estado
arquipélago. O presente artigo não implica limitação alguma das liberdades
de que gozam todos os Estados na zona econômica exclusiva de
conformidade com o artigo 58.
ARTIGO 103
Definição de navio ou aeronave pirataria
São considerados navios ou aeronaves piratas os navios ou aeronaves que as
pessoas, sob cujo controle efetivo se encontrem, pretendem utilizar para
cometer qualquer dos atos mencionados no artigo 101. Também são
considerados piratas os navios ou aeronaves que tenham servido para cometer
qualquer de tais atos, enquanto se encontrem sob o controle das pessoas
culpadas desses atos.
atos ilícitos. E os tribunais do Estado que realizou a operação são competentes para
puni-los, podendo inclusive decidir a respeito da forma que irão dispor do navio e bens
confiscados, resguardados os direitos de terceiros de boa-fé. O fato de que qualquer
Estado pode prender e julgar pessoas acusadas de pirataria torna esse crime excepcional
no Direito Internacional, de acordo com a soberania e jurisdição de cada Estado, no
interior de seu território (CRETELLA NETO, 2008).
O artigo 111 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar trata
detalhadamente sobre o direito de perseguição conferido às autoridades competentes do
Estado, devendo este ser feito por navio ou aeronave militar ou a trabalho do governo,
observa-se então que há uma dificuldade em efetuar a perseguição, pois há diversas
regras que devem ater-se, conforme se pode visualizar abaixo a questão do direito de
perseguição:
ARTIGO 111
Direito de perseguição
1. A perseguição de um navio estrangeiro pode ser empreendida quando as
autoridades competentes do Estado costeiro tiverem motivos fundados para
acreditar que o navio infringiu as suas leis e regulamentos. A perseguição
deve iniciar-se quando o navio estrangeiro ou uma das suas embarcações se
encontrar nas águas interiores, nas águas arquipelágicas, no mar territorial ou
na zona contígua do Estado perseguidor, e só pode continuar fora do mar
territorial ou da zona contígua se a perseguição não tiver sido interrompida.
Não é necessário que o navio que dá a ordem de parar a um navio estrangeiro
que navega pelo mar territorial ou pela zona contígua se encontre também no
mar territorial ou na zona contígua no momento em que o navio estrangeiro
recebe a referida ordem. Se o navio estrangeiro se encontrar na zona
contígua, como definida no artigo 33, a perseguição só pode ser iniciada se
tiver havido violação dos direitos para cuja proteção a referida zona foi
criada.
Além do regramento para efetuar uma perseguição, o Estado deve tomar cuidado
para que se tenham motivos suficientes, ou melhor, evidentes, com base na
Convenção de Montego Bay de 1982:
ARTIGO 106
Responsabilidade em caso de apresamento sem motivo suficiente
Quando um navio ou uma aeronave for apresado por suspeita de pirataria,
sem motivo suficiente, o Estado que o apresou será responsável, perante o
Estado de nacionalidade do navio ou da aeronave, por qualquer perda ou
dano causados por esse apresamento.
ARTIGO 105
Apresamento de um navio ou aeronave pirata
Todo Estado pode apresar, no alto mar ou em qualquer outro lugar não
submetido à jurisdição de qualquer Estado, um navio ou aeronave pirata, ou
um navio ou aeronave capturados por atos de pirataria e em poder dos piratas
e prender as pessoas e apreender os bens que se encontrem a bordo desse
navio ou dessa aeronave. Os tribunais do Estado que efetuou o apresamento
podem decidir as penas a aplicar e as medidas a tomar no que se refere aos
navios, às aeronaves ou aos bens sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa
fé.
Todavia, para além destes aspectos pontuais, o que parece ser francamente
limitativo no combate à pirataria pelo Direito Internacional parece ser a
inexistência de um juízo universal de censurabilidade da sua prática e a
omissão da Convenção de MontegoBay em contribuir para a criação de um
ambiente universalmente desfavorável à pirataria, independentemente do
local da prática dos actos que a consubstanciam.
Atualmente vive-se em uma sociedade que é apoiada por uma economia global,
a qual simplesmente não poderia funcionar sem o transporte, principalmente o
marítimo. A IMO desempenha um papel fundamental na garantia de não colocar em
risco a vida de marinheiros, bem como turistas e que o ambiente marinho não seja
poluído através da utilização do mesmo, como resumiu na declaração de missão da
IMO: navegação segura e eficiente em oceanos limpos.
O país mais atacado durante a sessão foi a Somália, cujo território marítimo
tem sofrido com constantes assaltos a navios cargueiros. Durante a sessão, o
país afirmou-se totalmente contra a pirataria. Preocupou-se em ressaltar que
sempre esteve engajada para combater essa prática ilegal, lembrando ter
enviado uma carta em junho de 2008 para o Conselho de Segurança das
Nações Unidas pedindo ajuda à comunidade internacional. A Somália passou
a sessão defendendo-se de acusações e afirmou que a pirataria não é causa
apenas de problemas internos de seu Estado, alegando que o início das
práticas piratas no território se deu em razão de defesa contra ataques de
saqueadores vindos de outras regiões. Os delegados do país afirmaram que
esse bombardeio já era esperado e avisam que não recriminam essa atitude e
que estão dispostos a, conjuntamente, procurar soluções (NOBRE, 2013).
adequada das autoridades competentes, que são os Estados de bandeira, os países onde a
companhia de segurança privada está registrada, os países em que a as operações são
efetuadas ou gerenciadas, incluindo os países pelos quais os avios onde atuam as
companhias pretendem transitar (VENACIO, 2012).
Com base acima, o artigo 287, I, ―a‖, da Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar dispõe a criação do Tribunal Internacional do Direito do Mar como uma
das medidas pacíficas para solucionar as controvérsias relativas à interpretação ou a
aplicação da Convenção, conforme pode-se visualizar abaixo:
ARTIGO 287
Escolha do procedimento
1. Um Estado ao assinar ou ratificar a presente Convenção ou a ela aderir, ou
em qualquer momento ulterior, pode escolher livremente, por meio de
declaração escrita, um ou mais dos seguintes meios para a solução da
controvérsia relativas à interpretação ou aplicação da presente Convenção:
a) o Tribunal Internacional do Direito do Mar estabelecido de conformidade
com o Anexo VI;
b) a Corte Internacional de Justiça;
c) um tribunal arbitral constituído de conformidade com o Anexo VII;
d) um tribunal arbitral especial constituído de conformidade com o Anexo
VIII, para uma ou mais das categorias de controvérsias especificadas no
referido Anexo.
Os piratas que têm sido capturados não podem sequer serem levados a
julgamento nas instâncias judiciais das Nações Unidas. O presidente do
Tribunal Internacional do Direito do Mar, o cabo-verdiano José Luís Jesus,
chegou a afirmar que tal corte não tem competência para julgar casos de
pirataria, ‗ipsis literis’.
Verdade essa que atormenta muitos Estados que não tem tipificação penal para
tal crime, e que devem começar a repensar em uma reforma penal, que inclua punição
para ataques piratas, pois nem o próprio Tribunal Internacional Marítimo tem
competência para tal, conforme destacado abaixo:
que deve levar em conta a redução da pobreza na Somália. O Banco Mundial destaca ser
preciso reconhecer a complexidade das políticas locais e sugere o fim do acesso seguro
a pontos de ancoragem de navios ou aumento do preço para o acesso costeiro, bem
como melhorar os serviços básicos para comunidades que vivem em áreas próximas à
ação de piratas também poderia ajudar a contribuir para a queda do sequestro de navios
(ONU/WM, 2013).
A verdade é que aqueles que estão empregados não são devidamente pagos.
Estamos a viver numa sociedade onde o salário é de 80 euros." Para o
jornalista, essa situação desencadeia a pirataria: "Isso faz com que as pessoas
procurem formas alternativas para alcançar os seus desejos. Se você não
cortar o mal pela raiz, não adianta cortar a árvore, porque ela vai crescer
novamente (HILSE; RIFFEL, 2013).
Em seguida são feitas breves citações de alguns ataques que ocorreram em alto-
mar, estes ataques tiveram grande repercussão na mídia mundial, devido a atitudes
impiedosas dos piratas.
Em se tratando de ataques piratas, inúmeros são seus atos, porém, quando se fala
em principais ataques piratas, pode-se, com certeza destacar alguns que ficarão
marcados na história os quais tiveram grande repercussão pela mídia.
O primeiro caso é o que ficou conhecido como ―Caso Richard Phillips‖. O caso
do Capitão Phillips, ocorreu no dia 8 de abril de 2009, o cargueiro Maersk Alabama, no
qual vinte marinheiros viajavam rumo ao porto de Mombaça, no Quênia, o qual foi
atacado por piratas somalis enquanto transportava 17 mil toneladas de carga com
variados destinos. O capitão da embarcação, o norte-americano Richard Philips, foi
sequestrado pelos piratas, os quais queriam um alto valor pelo seu resgate, este que
também envolveu soldados de elite da Marinha dos Estados Unidos. O ataque causou
tanto impacto que o caso se transformou em um filme, cujo nome é Capitão Phillips
(FAGUNDES, 2009).
mundo, se transformou em palco de crime, durante oito dias. A embarcação ficou sob o
comando de dez piratas armados, que mantiveram a tripulação como refém. Logo após
atacarem o Le Ponant no Golfo de Áden, os ―ladrões do mar‖ navegaram com o veleiro
cerca de 400 quilômetros na costa da Somália e, próximo à cidade de Garaad,
ancoraram o navio (ISTOÉ, 2006).
Outro caso, o qual ocorreu em 2014 foi o do navio petroleiro de Singapura, onde
piratas armados atacaram o petroleiro no Estreito de Malaca e sequestraram três
membros da tripulação, de nacionalidade indonésia. O ataque ocorreu no dia 23 de Abril
de 2014 ao largo da costa oeste da Malásia, nas primeiras horas do dia, segundo Noel
Choong, chefe do centro de vigilância da atividade de pirataria do IMB (International
Maritime Bureal), em Kuala Lumpur.Os piratas roubaram ainda parte do combustível
do navio, que seguiria rumo à Birmânia, de acordo com informações não confirmadas
oficialmente (OLIVEIRA, 2014).
Outro ataque que foi bastante divulgado pela mídia é o do navio Cape Bird, o
qual foi pilhado por piratas na noite de 08 de Outubro de 2011, ao largo de Lagos, com
cerca de 20 europeus de leste a bordo. Segundo relatório divulgado no site da
International Maritime Organization (IMO) a intercepção ocorreu cerca de 90 milhas
náuticas a sul de Lagos, considerada a capital econômica da Nigéria. De acordo com a
declaração do Serguëi Paniouchkine, diretor da agência de recrutamento de marinheiros
Columbia Novorossiisk ―A tripulação foi libertada esta noite, estão todos sãos e salvos‖.
As costas da Nigéria são consideradas perigosas, com os piratas do mar a desviar
frequentemente petróleo proveniente da região petrolífera do Delta do Níger (sul), para
futura revenda no mercado negro regional. O grupo de seguradoras Lloyd's Market
Association colocou a Nigéria no mesmo nível de risco de ataques de pirataria que a
Somália, país onde nas duas últimas décadas se registrou um forte aumento deste tipo de
crime (CASSIANO, 2011).
Mascate, em Omã, duas horas após terem sido separados da escolta marinha, através do
Golfo de Aden. O petroleiro foi abordado por sete de dezoito piratas somalis armados
com rifles AK-47 e pistolas, que surgiram através de barco e atirando sem rumo.
Durante o ataque havia 23 tripulantes filipinos a bordo do navio, um deles ativou o
sistema de alerta de segurança antes de tomar tampa em um compartimento de
segurança especialmente desenhado perto da sala do motor do navio.
1
Informação disponível em:<http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-pacific-12258442>.
Acessado em: 09 jul. 2014
51
Mais de um ano após o sequestro, o casal Chandler foi entregue pelos piratas às
forças do auto proclamado governo da região autônoma Himan e Heeb. Paul e Rachel
Chandler usavam as mesmas roupas que estavam durante o sequestro e todo o tempo de
cativeiro (FARUK, 2011).
Outro caso de ataque pirata foi o sequestro do ―Le Tanit‖, o qual navegava a
cerca de 640 quilômetros da costa da Somália quando foi pilhado por piratas que
sequestraram o barco juntamente com seus tripulantes os quais eram um menino de três
anos de idade e dois casais que se dirigiam a Zanzibar. O Ministro de Defesa
HervéMorin destaca:
Ao que parece, o veleiro 'Le Tanit' foi advertido repetidamente do risco que
corria de navegar pela região onde há constantes atos de pirataria, indicou, na
quarta-feira passada, o ministro francês de Defesa, HervéMorin. Segundo o
ministro, durante uma escala do 'Le Tanit' no Djibuti, as autoridades
francesas recomendaram, sem êxito, que desistissem dos planos de navegar
até o Quênia. Depois, um helicóptero francês que os sobrevoou no mar
repetiu a mensagem, assim como um outro barco francês mais à frente
(EXTRA.GLOBO, 2009).
O ministro francês da Defesa, Hervé Morin, não exclui a suspeita de que o refém
Florent Lemaçon, proprietário do veleiro ―Tanit‖, o qual fora morto na operação de
resgate, tenha sido por ―um disparo francês‖. O Ministro declarou em uma entrevista a
rádio Europeia que ―Um inquérito judicial será conduzido e, portanto, uma autópsia.
2
Informação disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/casal-britanico-
sequestrado-por-piratas-da-somalia-levado-para-navio-espanhol-
3123876#ixzz3I1LTlQlW>. Acessado em: 12 out. 2014.
52
Não podemos excluir que na troca de tiros entre piratas e comandos, o tiro seja
francês‖.3
O caso do petroleiro Sirius Star, até então é o maior navio já seqüestrado por
piratas, alcançou a costa somali e foi ancorado em Harardhere, o petroleiro possuía uma
carga avaliada em US$ 100 milhões, o navio saudita de bandeira liberiana foi capturado
a 830 km da costa, na mais ousada ação dos grupos que desafiam a crescente presença
de Marinhas estrangeiras na região. Segundo reportagem da Folha Uol, vale destacar:
3
Informação disponível em: <http://www.publico.pt/mundo/noticia/paris-nao-exclui-
que-refem-do-veleiro-tanit-tenha-sido-morto-por-disparo-frances-1373737>. Acesso em
23 jul. 2014.
53
mais que na hora de tomarem-se atitudes para combater com o ilícito. No próximo e
último tópico tratar-se-á dos posicionamentos dos Estados na tentativa de aniquilar, ou
ao menos minimizar ataques piratas.
Esta é uma questão que deve ser friamente analisada, uma vez que, não há
nenhum Tribunal Internacional competente para julgar piratas. A pirataria em alto-mar é
uma questão que cabe à conscientização de todos os Estados, principalmente aqueles
que utilizam o mar para transporte comercial e turismo. Estes Estados devem restaurar
seus Códigos Penais para que aja a tipificação penal do crime de pirataria, pois cabe a
eles efetuar a perseguição e punição dos piratas, segundo a Convenção das Nações
Unidas de 1982.
Nos dias atuais, com base na lei internacional, todos os Estados devem cooperar
na repressão da pirataria e apresar, no em alto-mar, fora da jurisdição de qualquer
Estado, um navio pirata ou em poder dos piratas e prender as pessoas que se encontrem
a bordo, cabendo o seu julgamento aos tribunais do Estado que fez o apresamento
(BRANDÃO, 2010).
A partir daí fica delimitada a questão envolvendo o lugar do crime, ou seja, onde
ocorreu o delito, aquele onde o criminoso praticou os atos de execução e o da
territorialidade, princípio este pelo qual os crimes cometidos no território de um País
são regulados pelas suas próprias leis, ainda que observada a existência de convenções
ou tratados. Em se tratando de pirataria em alto-mar deve-se o Estado violado efetuar a
perseguição, desde que ainda estejam em alto-mar e após captura-los punir de acordo
55
com as leis penais do país, se este tiver tipificação penal para o crime de pirataria
(SANTOS, 2003).
Algumas atitudes estão sendo tomadas por parte de uns Estados, de acordo com
Venancio (2012, p. 147, 148):
Com base nas normas de Direito Internacional que se aplicam aos crimes que
ocorrem no Chifre da África, no Golfo da Guiné e no Sudeste Asiático, nota-se que o
problema da ausência de previsão na legislação interna que fixe a pena para o crime de
pirataria, bem como para as condutas descritas na Convenção para repressão de atos
56
4
Resolução do Parlamento Europeu de 10 de maio de 2012, sobre a pirataria marítima
(2011/2962(RSP)) Disponível
em:<http://www.europarl.europa.eu/RegData/seance_pleniere/textes_adoptes/provisoire
/2012/05-10/0203/P7_TA-PROV(2012)0203_PT.pdf>. Acessado em: 31 out. 2014
57
CONCLUSÃO
questão que trata da repartição das riquezas, pois conforme estudo percebe-se que os
maiores índices de ataques piratas ocorrem em regiões esquecidas, por assim dizer, do
mundo globalizado, regiões que não tiveram a oportunidade de crescimento e
reconhecimento, sendo essa crise interna de certos Estados o meio que favoreceu com
que os natos destes Estados partissem para um meio de sobrevivência, que com o
decorrem do tempo foi se aperfeiçoando e se tornando uma forma de conseguir obter-se
riqueza por meio ilícito, porém gratificante para os piratas, os quais lucram muito
dinheiro.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Eduardo Henrique Serra. Afinal o que é pirataria? In: Sessão Solene,
2010. Disponível em:
<http://academia.marinha.pt/PT/edicoes/Documents/2010/Afinal_o_que_e_pirataria.pdf
> Acesso em: 15 maio 2014.
CRETELLA Neto, José. Curso de direito internacional penal. Ijuí: Ed. Unijuí2008.
62
FARUK, Omar. Libertado casal britânico sequestrado há mais de um ano por piratas.
Disponível em:
<http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1710592>. Acessado
em: 07 jul. 2014.
ONU. Organização das Nações Unidas. Decreto-Lei n. 44490. Convenção sobre o alto
mar. Aprovada na primeira conferência do mar realizada em Genebra em 1958.
Disponível em:
63
______. Decreto n. 1530. Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
Concluída em Jamaica/1982. Disponível em:
<http://www.aquaseg.ufsc.br/files/2011/07/CNUDM.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2014.
ONU/WM, Rádio.Banco Mundial: pirataria custa US$ 18 bilhões por ano à economia
global. Disponível em: <http://www.midiamax.com.br/noticias/846032#.VD5n-
fldV1Z>. Acessado em: 23 jun. 2014.