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PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

Unidade II
3 PLANOS DE EMERGÊNCIA

3.1 Histórico

No Brasil, a norma técnica que trata da elaboração de planos de emergência é a NBR 15219, que,
a partir de 2015, dá aos planos de emergência a relevância que têm de fato. Ela define as diretrizes a
partir dos riscos. Baseia-se nos recursos humanos e nos materiais disponíveis, considerando o tamanho
da brigada de incêndio, a obrigatoriedade ou não de bombeiros civis e, principalmente, faz referência à
necessidade de profissionais capacitados para sua elaboração.

Um das principais referências internacionais para a criação de planos de emergência são as


normas da NFPA e o Guia da Fema – Federal Emergency Agency (Guide for Business & Industry)
sobre preparação, prevenção, mitigação dos efeitos, resposta e recuperação de todos os desastres
domésticos, de causas naturais ou antropogênicas, incluindo atos de terror. Em 1934, a questão da
assistência aos desastres nos Estados Unidos era fragmentada e problemática. Havia a necessidade de
uma legislação que proporcionasse maior cooperação entre os órgãos federais, e a Fema participou
ativamente nesse processo.

Apesar dos esforços, na década de 1960, as atividades de emergência e desastres ainda estavam
fragmentados, época em que os riscos associados às usinas nucleares e ao transporte de substâncias
perigosas foram adicionados aos desastres naturais.

Em 1979, a fim de homogeneizar as ações, o presidente Carter (EUA) centralizou algumas das
responsabilidades sobre desastres para a Fema, até então tratadas separadamente. Além de outras
agências, a Fema absorveu as responsabilidades sobre as atividades de administração federal de seguros,
de preparação e resposta relacionadas à Defesa Civil nacional, e a administração federal da assistência a
desastres, ao serviço do programa comunitário de preparação nacional de meteorologia e à prevenção
nacional de incêndios.

Observação

Atualmente, no Brasil, ainda há essa fragmentação. A Defesa Civil


nacional atua em desastres naturais; os bombeiros estaduais, nas questões
referentes a incêndios.

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3.2 Recomendações para elaboração de um plano de emergência

Em 1993, a Fema divulga o manual Emergency Management Guide for Business & Industry.

O conteúdo do guia EMG foi pensando para ser abrangente e flexível, a fim de atender a indústrias de
diferentes portes e riscos. Esse documento propõe que a elaboração dos planos de emergência seja feita
em quatro passos: estabelecimento de uma equipe de planejamento; análise dos recursos disponíveis
e riscos preponderantes; desenvolvimento do plano; implementação. Cada passo está associado a um
conjunto de tarefas, descrito em linhas gerais.

Passo 1: estabelecer uma equipe para o planejamento

O Guia EMG propõe que seja criada uma equipe multidisciplinar. O manual entende que um grupo de
pessoas, principalmente de diferentes áreas, permite que sejam somados pontos de vista e experiências
distintas na elaboração do plano de emergência. Dependendo das características e riscos presentes no
local, a contribuição de entidades como Corpo de Bombeiros, concessionárias de água e de energia
elétrica, comunidades e indústrias vizinhas, representantes do poder público, gestores e profissionais de
manutenção, segurança, jurídico, finanças e compras será de grande valia.

É nesse momento que se define a linha de autoridade entre os membros do grupo, com o cuidado
para que essa estrutura não seja tão rígida a ponto de inibir a participação das pessoas. Também esboça,
de forma concisa, o propósito do plano, com a divisão de responsabilidades entre os envolvidos, bem
como o estabelecimento da autoridade e a estrutura do grupo de planejamento.

Em seguida, deve-se estabelecer um programa e os custos envolvidos no desenvolvimento,


implantação e manutenção do plano de emergência e de onde virão os recursos. Definidos os meios
disponíveis, cria-se uma agenda de cronograma de trabalho.

Passo 2: analisar os riscos e capacidade de combate ao incêndio

Nesta etapa deve-se definir o melhor método para se identificar e analisar os riscos, utilizando a
ferramenta de análise de riscos mais adequada ou a que for de domínio dos membros da equipe. Também
são estudadas as normas e leis sobre as exigências para proteção contra os riscos de incêndio presentes
no local. Dessa forma, entende-se a vulnerabilidade (desconhecimentos dos riscos pela população fixa
e/ou flutuante, rotatividade etc.) e a capacidade de ação e recursos disponíveis e, ainda, as políticas e
procedimentos internos vigentes. Devem-se ser destacados os pontos críticos em atividades perigosas,
referentes à interrupção de fornecimento de água, energia, telefone e gás ou outros serviços.

Verificam-se, nessa etapa, aspectos como: o método construtivo das instalações, iluminação, rotas de
fuga e saídas de emergência; proximidade de rodovias, aeroportos; problemas antropogênicos (restrição
de locomoção, limitações relacionados às faixas etárias etc.).

Com relação à capacidade de combate, é preciso listar os recursos humanos e materiais disponíveis
para ação imediata: quantidade e localização dos brigadistas, preparação das equipes de abandono,
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equipamentos de combate a incêndio e primeiros socorros, sistemas de alarme e de comunicação,


materiais de proteção individual, além de fornecedores ou potenciais fornecedores desses utensílios etc.

Há muitos recursos externos que podem ser necessários em uma emergência, como os acordos
formais para definir os relacionamentos regionais: defesa civil; corpos de bombeiros; Samu e a companhia
de fornecimento de energia elétrica, por exemplo.

Lembrete
Quanto melhor for o recurso externo disponível, melhor para o plano.
Para avaliá-lo, é preciso saber se eles são capazes de responder a emergências
tão rápido quanto necessário, de quais meios dispõem, e, principalmente,
quais ações podem auxiliar o atendimento externo.

Passo 3: desenvolver o plano

A etapa de desenvolvimento do plano refere-se à formalização da definição dos facilitadores,


responsabilidade das autoridades e pessoas-chave nesse processo, os tipos de emergência que podem
ocorrer e como serão administradas. O plano deve conter: priorização das atividades; definição das
equipes de emergência e estratégias de combate e abandono, além do programa de treinamento;
proposta de manutenção do plano; revisão após o treinamento e divulgação do projeto.

Passo 4: implementação do plano

O plano de emergência será considerado implementado quando todos compreenderem os seus


papéis, sejam eles membros das equipes de emergência, sejam membros da população fixa. Ou seja, essa
etapa é basicamente destinada ao treinamento das pessoas.

Tal prática deve ser aprimorada ao longo dos anos, para dar conta da crescente complexidade das
grandes cidades, do aumento do tempo/resposta de atendimento às ocorrências por conta do tráfego
ruim, que dificulta o deslocamento das viaturas, dos diferentes tipos de edificações, cada vez mais altos,
e com múltiplas ocupações. Seito (2008) ainda destaca que os Corpos de Bombeiros se depararam com
um problema: a impossibilidade de estarem presentes em todas as empresas, indústrias, hotéis, hospitais,
comércios, shoppings e igrejas.

A melhor solução, portanto, é treinar grupos de pessoas para combater incêndios, realizar o abandono
do local e outras situações de emergência. Visando regulamentar essa solução, a NBR 14276 (ABNT) foi
publicada em 1999.

3.3 Estabelecimento de brigada de incêndio a partir do plano de


emergência

Uma brigada de emergência deve ser pensada no âmbito de um plano de emergência, com as
seguintes atribuições:
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• execução as ações de prevenção (definidas no plano de emergência);

• avaliação do nível dos riscos existentes;

• inspeção geral dos equipamentos de combate a incêndio;

• elaboração de relatório das irregularidades encontradas;

• encaminhamento do relatório aos setores competentes;

• inspeção geral das rotas de fuga;

• orientação à população fixa e flutuante;

• participação nos exercícios simulados;

• execução das ações de emergência (definidas no plano de emergência);

• identificação da situação;

• alarme/abandono de área;

• acionamento do corpo de bombeiro e/ou ajuda externa;

• corte de energia;

• primeiros socorros;

• combate ao princípio de incêndio;

• recepção e orientação ao corpo de bombeiros;

• inspeções periódicas dos equipamentos de proteção contra incêndio e dos pontos de risco;

• treinamento das pessoas para a evacuação; e

• manutenção dos equipamentos da brigada.

No caso de uma emergência, desde que submetida a treinamentos considerados eficazes, as


responsabilidades da brigada também podem incluir:

• a garantia de que o alarme chegue a todos os empregados e ao corpo de bombeiros;

• auxílio na evacuação;
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• supervisão das válvulas de controle do sistema de chuveiros automáticos;

• controle das instalações e dos equipamentos na área do incêndio;

• controle ou extinção do princípio de incêndio;

• auxílio aos feridos;

• resgate e/ou isolamento do patrimônio para reduzir as perdas; e

• restauração dos sistemas de proteção da empresa.

A NBR 14276 (Brigada de Incêndio – Requisitos) foi publicada em 1999, com o objetivo de orientar o
dimensionamento da brigada e a sua distribuição na planta, especificando sua área de atuação, a saber:

• prevenção e combate ao princípio de incêndio;

• procedimento de abandono do local sinistrado;

• aplicação dos primeiros socorros às possíveis vítimas.

Conforme descrito em sua introdução, a NBR 14276 foi elaborada com base nas melhores práticas
do mercado brasileiro. A norma define o número de pessoas que devem compor as brigadas, a estrutura
a ser adotada e o tipo de formação exigida, ou seja, o nível do treinamento a ser empreendido (básico,
intermediário ou avançado).

Com relação à composição das brigadas, devem ser considerados os seguintes aspectos: a população
fixa, o grau de risco e os grupos/divisões de ocupações da planta, todos definidos nos decretos estaduais
dos Corpos de Bombeiros. No estado de São Paulo, essa informação encontra-se nos anexos do Decreto
nº 56.819, de 2011.

Destaca-se que há critérios para composição da brigada de incêndio que consideram metragem x
altura da edificação e população fixa. Estes podem, por vezes, criar um quadro irreal e exigir um número
ideal de brigadistas, tanto para mais quanto para menos (CAMILLO JR., 2008).

Uma alternativa para a composição mais adequada dessas equipes é a definição de parâmetros
norteadores, que devem ser considerados como pressupostos. Duas perguntas vêm à baila: 1) Há sistemas
de proteção passivos e ativos instalados? 2) Há equipamentos de prevenção e combate a incêndios
instalados, de acordo com a legislação vigente?

Os materiais instalados, em especial os hidrantes e extintores de incêndio, exigem treinamentos e


número de pessoas suficientes para operá-los com segurança. Dificilmente serão usados, ao mesmo
tempo, todos os hidrantes da edificação.

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Com relação à formação da brigada, a NBR 14276 apresenta organogramas como exemplos de
formação, deixando claro que “formação”, nesse caso, deve ser entendida apenas como forma de
organização.

De acordo com a NBR 14276, a formação da brigada constitui uma hierarquia organizada da seguinte
forma:

– coordenador geral da brigada: o brigadista responsável pela coordenação


e execução das ações de emergência de todas as edificações que compõem
uma planta, independente do número de turnos;

– chefe da edificação ou do turno: brigadista responsável pela coordenação


e execução das ações de emergência de uma determinada edificação ou
planta;

– líder do setor: o responsável pela coordenação e execução das ações de


emergência de um determinado setor/compartimento/pavimento da planta;

– brigadista: pessoa que pertencente à brigada de incêndio (NBR, 2008).

Coordenador geral da brigada

Líder do setor
(brigadista)

Brigadista Brigadista Brigadista

Figura 3 – Organograma de formação da brigada

Em uma situação de emergência, cada indivíduo deve saber qual o seu papel e o que deve fazer, seja
como membro da população fixa, seja da flutuante, seja da brigadista (GILL; LEAL, 2008).

Uma proposta diferente refere-se à atribuição clara de função para cada brigadista ou membro da
equipe de emergência na planta.

Líder

Equipe de Vigilância/
Socorristas Isolamento Confinamento Combate
retirada Alarme

Figura 4 – Organograma das funções da brigada de incêndio

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Considerando o modelo vigente na NBR 14276, o conteúdo abordado deveria estar adequado aos
diferentes níveis propostos, contemplando as especificidades e complexidade que cada posição exige.
Por exemplo, que informações específicas os coordenadores de brigada devem ter para tomar as decisões
acertadas sobre a necessidade de abandono ou não da edificação? Logo, o conteúdo do treinamento
deve estar adequado à estrutura proposta, o que, na prática, não se verifica.

Lembrete

A NBR 14276 prevê três níveis de treinamentos para as brigadas: básico,


intermediário e avançado.

A opção por um desses níveis se dá em função do grau de risco. Eles são compostos a partir de um
currículo mínimo de 33 módulos, com assuntos específicos relacionados à teoria e à prática de combate
a incêndio e à teoria e a prática de primeiro socorros. As cargas horárias mínimas são: 8 horas-aula –
nível básico; 52 horas-aula ­– nível intermediário; e 63 horas-aula – nível avançado.

Diferente da proposta padronizadora da NBR 14276, a formação de uma brigada deve considerar o
que pode ser negociado com a empresa contratada para executar o treinamento. Destacam-se alguns
aspectos:

• as características e magnitude do risco existente preponderante;

• dimensão da área;

• quantidade de pessoas;

• proximidade/existência de quartel do Corpo de Bombeiros;

• processos, produtos e materiais que requerem atuação especializada imediata.

Apresenta, ainda, as responsabilidades atribuídas aos membros da brigada:

• inspeção e manutenção dos materiais e equipamentos destinados ao uso da brigada (EPIs e EPC);

• inspeção e manutenção dos sistemas e equipamentos de extinção e proteção disponíveis;

• inspeção e manutenção dos sistemas de detecção e alarme, quando houver.

3.3.1 Erros mais comuns cometidos durante a implantação de uma brigada de incêndio

Há muitos equívocos durante a implantação de brigadas.

A principal missão da equipe de brigada é a prevenção de acidentes, assim como a proteção das
vítimas. O papel de combate a incêndio é do Corpo de Bombeiros.
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Esse grupo de pessoas trabalha enquanto os bombeiros não chegam ao local. Um detalhe
ao qual devemos nos atentar é que uma pessoa treinada não é propriamente uma brigadista, só o
comprometimento confere tal posição.

Destaca-se, ainda, o fato de que não se deve focar apenas na retirada de pessoas do local de incêndio,
pois uma das principais causas de morte é a inalação de fumaça, o que exige medidas imediatas e
eficazes.

Treinar as pessoas em condições muito diferentes das que vão encontrar no dia a dia é um dos principais
erros. O correto é que a experiência adquirida no treinamento possa se converter em conhecimento útil
no momento de um sinistro. Segundo diversos estudiosos, é incorreto realizar treinamentos em campos
com equipamentos que apenas eles dispõem e acrescenta que treinamentos admiráveis nem sempre
apresentam uma melhor preparação.

As equipes de emergência devem estar capacitadas para atuar preventivamente, bem como conhecer
os principais riscos e recursos humanos e materiais disponíveis.

Para atender às exigências da Agência Americana de Segurança e Saúde Ocupacional (U.S.


Occupational Safety and Health Administration – OSHA), uma brigada de incêndio deve ter uma
declaração organizacional com definição dos deveres, da liderança, da filiação e do treinamento das
brigadas. Essas informações devem ser apresentadas em um documento, e os detalhes da estrutura da
organização e das funções da brigada de incêndio devem constar em tal arquivo; o documento também
deve especificar o número de membros da brigada e o tipo, assim como a frequência e o conteúdo do
treinamento.

Embora não seja obrigatório, recomenda-se ainda que sejam descritos os deveres de cada membro,
a autoridade de cada “oficial” da brigada e o número de “oficiais” e de instrutores. A brigada deve, ainda,
estar ciente e atenta aos riscos especiais e ao treinamento anual definido e previsto na declaração
organizacional.

3.4 Bombeiro profissional civil

O bombeiro profissional civil deve ser parte integrante nos planos de emergência. O papel desse
profissional está relacionado à prevenção de incêndio e atendimento de emergência em edificações e
eventos. Deve apresentar capacitação requerida pela NBR 14608.

Suas atividades consistem em:

• identificação e avaliação de riscos existentes;

• inspeção periódica dos equipamentos de combate a incêndio;

• inspeção periódica das rotas de fuga, atentando-se para a manutenção da sua desobstrução e
sinalização;
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• participação em exercício simulado;

• relato formal das irregularidades encontradas, com propostas de medidas corretivas;

• apresentação de eventuais sugestões para melhoria das condições de segurança;

• avaliação, liberação e acompanhamento de desenvolvimento de atividades de risco;

• participação na integração da empresa com o Corpo de Bombeiros público;

• atendimento ao plano de emergência da empresa.

A presença desse profissional pode reduzir o número de brigadistas na organização.

3.5 Treinamentos e simulados

Os simulados são formas de validação do processo de treinamento, e não um exatamente um


treinamento, diferente da abordagem adotada pela Norma NBR 14276. Um exercício simulado bem
planejado e devidamente registrado fornece as bases para a validação de um treinamento. Ou seja, a
realização de um simulado depende de conceitos e conhecimentos anteriormente adquiridos, tanto
pelos membros da brigada quanto pela população fixa.

De acordo com a ABNT ISO 10015, se os procedimentos definidos foram seguidos e os requisitos
especificados foram alcançados, o treinamento é considerado válido e as equipes estão aptas para
atuarem.

Durante a realização do simulado, se os procedimentos especificados não forem seguidos e


os requisitos definidos forem alcançados, os procedimentos devem ser revistos e a equipe deve
ser considerada capacitada. Caso os procedimentos forem seguidos e os requisitos não forem
alcançados, então serão necessárias melhorias no treinamento, ou haverá a proposição de
alternativas ao treinamento.

Para que essa análise possa ser feita, são necessários os registros apropriados das várias atividades
que compõem os simulados e monitoração dos resultados obtidos e das ações planejadas, com base em
critérios pré-definidos no próprio Plano de Emergência, que é o documento que define os resultados
desejáveis para cada ação planejada. Isso se confirma quando analisamos as atribuições da brigada, e a
primeira dessas ações de prevenção é conhecer o plano de emergência contra incêndio da planta.

Se o treinamento for considerado ineficaz, o processo deve ser reiniciado. Então, inicia-se uma
minuciosa análise para identificação dos possíveis desvios ou equívocos. Depois, é proposta uma ação
corretiva, que pode ser um novo treinamento, o remanejamento dos papéis na brigada e até mesmo a
revisão do plano de emergência. O que não pode ocorrer é esperar o período da reciclagem para efetivar
as correções.

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3.6 Planos de abandono

Os planos de abandono devem estar previstos nos Planos de Emergência, que são documentos
capazes de analisar e definir as rotas de fuga eficientes e seguras, bem como os treinamentos que
garantam a evacuação rápida e ordenada.

Os planos devem considerar as características da ocupação, por exemplo: escolas, hospitais, fábricas
etc., além da altura da edificação e outras características como localização, acessos etc.

Em edifícios em que a lotação varia e não exista a possibilidade de treinar todos os ocupantes, como
hotéis ou lojas, os treinamentos devem ser feitos com todos os funcionários. Eles devem ser treinados
para direcionar os ocupantes eventuais do edifício a buscar as saídas seguras, em caso de incêndio. Em
hospitais, por exemplo, devem incluir procedimentos adequados para a retirada de pessoas em macas e
cadeiras de rodas.

Os treinamentos de abandono devem ser conduzidos periodicamente e devem ser planejados com
a cooperação das autoridades locais. Deve ser realizado com frequência, para que todos os ocupantes
se familiarizem com os procedimentos e para que estes se tornem uma condição de rotina. O incêndio
é sempre inesperado, e todas as pessoas precisam estar preparadas para agir, independentemente do
turno ou da hora em que ocorrer.

A NFPA 101 – Life Safety Code e a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde do Trabalho do
Ministério do Trabalho e Emprego, NR 23, destacam a importância de exercícios de abandono.

A NBR 14276 (Programa de Brigada de Incêndio), assim como as Instruções Técnicas dos Corpos de
Bombeiros que tratam de brigadas de incêndio, determinam que os exercícios simulados de abandono
sejam realizados, no mínimo, semestralmente, com a participação de toda a população. Logo após o
simulado, deve ser realizada uma reunião para avaliação e correção das falhas eventuais. No entanto,
nenhuma norma determina o procedimento a ser adotado para o exercício de abandono, em função das
especificidades dos diferentes tipos de ocupação e uso das edificações.

A OSHA define cinco maneiras de uma empresa organizar seus empregados para emergências. Essas
opções vão desde a imediata evacuação de todo o pessoal até a formação de um grupo organizado,
treinado e equipado para o combate a incêndio.

A primeira opção é a empresa definir que todos os seus empregados devem evacuar imediatamente
as áreas a partir do som de um alarme. Com essa opção, os empregados não precisam ser treinados para
apagar o incêndio.

A segunda alternativa consiste no treinamento de todos os empregados na utilização de extintores.


Quando o alarme é acionado, todos os funcionários se direcionam ao local de origem do incêndio para
combatê-lo. Caso o fogo seja muito abrangente, não sendo possível controlá-lo com extintores, um
alarme deve ser acionado. Logo em seguida, deve ser iniciada a evacuação de todos os empregados para
uma área segura.
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A terceira possibilidade é possuir grupos de funcionários designados em áreas específicas da empresa,


treinados para o uso de extintores. Quando o alarme é acionado, eles se dirigem ao local para iniciar
o combate ao fogo, enquanto os demais empregados da área abandonam o local. Caso o fogo saia do
controle, todos os funcionários devem evacuar o prédio imediatamente.

A quarta opção é o estabelecimento de uma brigada de incêndio, que deve auxiliar na evacuação e na
recuperação dos bens, após a extinção do incêndio. As atividades dessa brigada são limitadas ao combate
de incêndios em sua fase inicial, enquanto o fogo pode ser controlado por extintores e, no máximo, onde
não há necessidade de equipamentos de proteção individual específicos. Se os empregados precisarem
curvar-se para evitar a camada de fumaça para combater o incêndio, este não se encontra mais num
estágio inicial, e todos devem abandonar o local imediatamente.

A quinta e última alternativa é o estabelecimento de um corpo de bombeiros da empresa. Este grupo


de funcionários é organizado, treinado e equipado para combater incêndios que passam do estágio
inicial. Seus membros devem possuir formação e infraestrutura em um nível semelhante ao dos Corpos
de Bombeiros, como fazem instituições como a Petrobras e outras entidades de alto risco.

Na verdade, a maneira como cada empresa organiza seus empregados para o combate ao fogo
depende da disponibilidade e do potencial da assistência externa, por exemplo, a existência e proximidade
de postos de bombeiros associados ao potencial de perigo ao pessoal e à propriedade; a frequência
das ocorrências, das configurações das edificações; a existência de pessoal qualificado para treinar e
participar da elaboração de planos de emergências eficazes, assim como outros fatores particulares de
cada organização.

4 MEDIDAS PARA EVACUAÇÃO DE PESSOAS DA EDIFICAÇÃO

4.1 Saídas de emergência

As saídas de emergência são projetadas para garantir a evasão dos ocupantes dos edifícios em
situações emergenciais de forma segura e rápida. Elas indicam um local seguro, normalmente
representado por uma área livre e afastada do prédio.

Um projeto adequado deve permitir que todos abandonem as áreas de risco. Quanto maior o perigo,
mais fácil deve ser o acesso até uma saída, pois, dependendo do tipo de construção, das características
dos ocupantes e dos sistemas de proteção existentes, o fogo e a fumaça podem rapidamente impedir
sua utilização. Para evitar tal inconveniência, a provisão de duas saídas independentes é fundamental,
exceto onde o edifício ou o ambiente em questão apresentam dimensões tão pequenas ou são arranjados
de tal forma que uma segunda saída não aumentaria a segurança das pessoas.

O projeto de saídas de emergência requer, dentre outros conhecimentos, o do comportamento das


pessoas em uma situação crítica, pois a reação humana varia significativamente em função da capacidade
física e mental dos ocupantes e do treinamento para tais situações, assim como da familiaridade com o
edifício em questão.

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Além de permitir o abandono seguro dos edifícios pelos seus ocupantes, um bom projeto de saídas
de emergência deve, ainda, proporcionar às equipes de salvamento e combate ao fogo um fácil acesso
ao interior do edifício. Disso pode depender o sucesso das operações dessas equipes em salvar vidas e
reduzir perdas patrimoniais.

4.1.1 Rotas de fuga

Uma rota de fuga é um caminho contínuo de qualquer ponto do edifício até um local seguro e
consiste, basicamente, de três partes distintas: o acesso à saída, a saída em si e a descarga.

A saída é a parte da rota de fuga separada do restante da área do edifício por paredes, portas, piso e
outros elementos que protegem os ocupantes dos efeitos do incêndio. É composta por rotas horizontais
e verticais resguardadas, que podem ser corredores, antecâmaras, escadas e rampas protegidas. Tal
medida é definida pelas características de desempenho ao fogo dos elementos estruturais e construtivos
de vedação e de acabamento interno que constituem a saída, além de sistemas ativos de proteção
instalados.

Todas as saídas devem ter acesso direto a uma via pública ou a uma descarga que dê acesso à via
pública.

Observação

Descarga é a porção da rota de fuga entre o término da saída e a via


pública. Pode ser representada por jardins internos ou externos, corredores
e passagens pelas áreas abertas ou outros tipos de espaço no interior do
lote do edifício.

No entanto, uma saída para o exterior não é necessariamente uma saída para um local seguro se
esta não apresentar dispositivos e elementos de proteção. É preciso evitar a exposição dos ocupantes ao
perigo direto do incêndio (calor, chamas através de aberturas próximas ou queda de objetos provenientes
do próprio edifício, decorrentes do incêndio ou de seu combate).

O pavimento de descarga deve ser devidamente sinalizado para orientação dos ocupantes no interior
da escada. Quando existir pavimentos inferiores a este, as escadas que interligam pavimentos superiores
não devem apresentar continuidade com os pavimentos inferiores, pois as pessoas que descem as
escadas podem passar despercebidas pelo pavimento de descarga e comprometer sua própria segurança.
Normas e regulamentações exigem que todas as escadas do local terminem no pavimento de descarga.

As portas que compõem as rotas de fuga devem abrir sempre em direção do fluxo de saída das
pessoas. As saídas de locais com grande concentração de público e outras definidas em normas vigentes
devem ser equipadas com barras antipânico. As portas que acessam saídas protegidas (corredores
protegidos, antecâmaras, escadas e áreas de refúgio) devem apresentar características especiais (portas
corta-fogo) e estar constantemente fechadas para evitar sua contaminação pelo calor e a fumaça.
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As barras antipânico são instaladas em tipos de ocupação onde existe uma grande concentração de
público, como escolas, teatros e cinemas. Basicamente, esses dispositivos são projetados para facilitar
a abertura da porta, com uma simples pressão sobre ele, não superior a 70 N, no sentido do fluxo de
saída. Tais aparatos são constituídos de barras ou painéis que se estendem ao longo da largura da folha
da porta a uma altura entre 900 mm e 1100 mm do piso (NBR 11.785). As barras podem ser instaladas
em portas comuns ou em portas corta-fogo. Neste último caso, elas devem ser submetidas a testes de
resistência ao fogo. São disponíveis para portas de folha simples ou dupla, com diferentes mecanismos
de montagem, que devem estar em conformidade com as especificações da norma.

4.1.2 Dimensionamento

O dimensionamento das partes que compõem as saídas depende da lotação das edificações e é
definido de acordo com a classe de ocupação do local (que está relacionado ao seu risco), tudo amparado
por normas e legislações vigentes.

Existem, a princípio, dois métodos de cálculo das larguras das saídas, que se baseiam em duas
características preestabelecidas: a lotação e o tipo de ocupação do edifício e de suas partes.

O método de cálculo pelo fluxo utiliza como conceito básico a determinação de um período
máximo de tempo para evacuação de um edifício, e todos devem atingir um local seguro. Calcula-se,
tradicionalmente, um fluxo de 60 pessoas/minuto por meio de uma largura de 560 mm.

O método de cálculo pela capacidade é baseado no pressuposto de que escadas em número e


dimensões suficientes devem ser providas para que estas abriguem, adequadamente, todos os ocupantes
no seu interior, sem a necessidade de movimento ou fluxo para o exterior da escada no piso de descarga.
Neste caso, compreende-se que as escadas são áreas totalmente seguras e podem abrigar pessoas por
tempo indeterminado, permitindo que se desloquem calmamente para a saída final do edifício (descarga).

Ambos os métodos podem ser aplicados para um projeto de saídas eficientes e seguras, considerando,
é claro, suas circunstâncias específicas. Nos locais onde um número significativo de pessoas pode
apresentar grande possibilidade de limitação física ou mental, temporária ou permanente, o método do
fluxo não é recomendado. Nesses casos, o método da capacidade oferece um local para todos no interior
de uma área segura (que pode ser um local de refúgio ou uma escada).

Assim, o dimensionamento das saídas se baseia em dois fatores: larguras mínimas e larguras de
projeto obtidas pelo cálculo da população nos casos específicos, ambas determinadas por normas e
regulamentações.

4.1.2.1 Larguras mínimas

Existe uma unidade de largura padrão amplamente utilizada para cálculo de saídas de 560 mm. Ela
é determinada em estudos internacionais e corresponde à largura aproximada considerando o “ombro a
ombro” de um adulto. Normalmente, duas unidades de largura padrão correspondem à largura mínima
de saídas na maioria das situações.
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A norma brasileira NBR 9077 utiliza o termo “unidade de passagem” para definir uma largura padrão,
com o valor de 55 cm para acessos e descargas, sendo que a largura mínima das saídas deve ser de 1,10 m,
correspondente a duas unidades de passagem, para ocupações em geral, havendo exceções em tipos de
ocupações especiais como hospitais, onde a largura mínima é de 2,20 m.

Já a largura mínima de “espaços de circulação coletiva”, segundo a legislação do Município de São


Paulo, é de 1,20 m, correspondendo a quatro módulos de 0,30 m, adequado ao escoamento de 30
pessoas por módulo, respeitada a largura mínima.

Destaca-se, contudo, que este valor passa o dobro (2,40 m), no caso de edificações prestadoras de
serviço de saúde.

A NR 23 determina que a largura mínima das aberturas de saída deverá ser de 1,20 m, e que as
portas devem abrir no sentido da saída do local de trabalho.

As portas colocadas ao longo dos corredores ou no acesso das escadas também devem atender às
dimensões mínimas exigidas por normas. A norma brasileira NBR 9077 determina as seguintes condições
de vão livre ou “luz” para as portas:

a) 80 cm para uma unidade de passagem;

b) 100 cm para duas unidades de passagem;

c) 150 cm, em duas folhas, para três unidades de passagem;

d) acima de 220 cm, instalação de coluna central (ABNT, 2001).

De forma complementar, a NBR 11.742 (Porta corta-fogo para saídas de emergência – Especificação)
determina o seguinte: vão de luz mínimo – 800 mm de largura e 2.000 mm de altura; vão de luz máximo
– 2.200 mm de largura e 2.300 mm de altura. Dispões, ainda, a exigência de folha dupla para os vãos de
luz de 1.200 mm ou superiores.

4.1.2.2 Cálculo de lotação segundo o COE do Município de São Paulo

No Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (Lei Municipal no 11.228, de 25 de junho
de 1992) – COE, o dimensionamento das saídas depende da densidade populacional estimada por tipo
de ocupação. Apresenta-se, na tabela a seguir, um exemplo da classificação e do valor dado para alguns
tipos de ocupação.

A lotação é calculada considerando-se a área dos pavimentos, excluindo-se da área bruta as áreas
de parede, das unidades sanitárias, dos espaços de circulação horizontais e verticais, dos vazios de
elevadores etc. (exceção é feita aos locais de reunião de público e centro de compras, onde os espaços
destinados à circulação horizontal devem ser contabilizados).

50
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

A lotação de cada ambiente, setor ou andar é corrigido em virtude da distância (altura) entre o local
considerado e a saída, da seguinte forma:

Lc = (60 x Lo x Y)/ K.
Lc: lotação corrigida.
Lo: lotação original considerada.
K: constante determinada em tabela, de acordo com o tipo de circulação (corredores, rampas ou
escadas) (Tabela 12.7.1.2 do COB).
Y = (Ho + 3) / 15 > 1.
Ho: altura, em metros, da cota do pavimento de saída ao último pavimento.

Tabela 1 – Exemplos de classificação de ocupação

Ocupação m²/pessoa

Habitação 15,00

Comércio de serviço
Setores com acesso ao público 5,00
Setores sem acesso ao público 7,00
Circulação horizontal em centros comerciais 5,00

Bares e restaurantes
Frequentadores em pé 0,40
Frequentadores sentados 1,00
Demais áreas 7,00

Prestação de serviços de educação


Salas de aula 5,00
Laboratórios, oficinas 2,00
Atividades não específicas e administrativas 7,00

Fonte: CBO (2010).

Saiba mais

O site da Prefeitura de São Paulo apresenta informações sobre o CBO.


Acesse: <http://www.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2015.

4.1.2.3 Cálculo de lotação segundo a NBR 9077: saída de emergência em edifícios

A norma brasileira também determina que seja obtida a lotação estimada da edificação para o
dimensionamento das saídas de emergência. Alguns dos valores para o cálculo da lotação são
apresentados a seguir:

51
Unidade II

Tabela 2 – Exemplos de classificação de ocupação

Ocupação m2/pessoa
Habitação residencial 2 pessoas/dormitório
Comércio 3,00
Serviços 7,00
Bares e restaurantes 1,00
Prestação de serviços de educação 1,50
(seguem demais tipos) :

Fonte: ABNT (2001).

Para o cálculo da população feito por pavimento, leva-se em consideração a área de cada pavimento,
excluindo-se áreas específicas em alguns tipos de ocupação, que devem ser consultadas no item 4.3.3
da NBR 9077.

4.1.2.4 Rotas horizontais e verticais

As rotas de fuga horizontais são constituídas de corredores e passagens; as verticais, de escadas e rampas.

Tanto na norma brasileira NBR 9077 como no COE, os espaços de circulação são definidos em função
do tipo de ocupação/lotação do edifício e de sua largura mínima.

De acordo com a norma, a largura de projeto das saídas é dada pela seguinte fórmula:

N= P/C.
N: número de unidades de passagem.
P: população, conforme Tabela 5 da norma brasileira.
C: capacidade da unidade de passagem, conforme Tabela 5 da norma brasileira.

Essa norma dispõe, ainda, que a capacidade da unidade de passagem é dada em função do tipo de
ocupação. Por exemplo, para residências, segundo a legislação do Corpo de Bombeiros do Estado de São
Paulo, são definidas conforme a tabela a seguir:

Tabela 3 – Exemplo de capacidade de unidade de passagem

Ocupação(o) Capacidade da unidade de passagem (UP)


População (A)
Acessos e Escadas e
Grupo Divisão descargas rampas Portas

A-1, A-2 Duas pessoas por dormitório (C)


A Duas pessoas por dormitório e uma pessoa por 4 m²
A-3 60 45 100
de área de alojamento(D)
B Uma pessoa por 15 m² de área (E) (G)

52
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

C - Uma pessoa por 5 m² de área (E) (J) (M)


100 75 100
D - Uma pessoa por 7 m² de área (L)
E-1 a E-4 Uma pessoa por 1,50 m² de área de sala de aula(F)
E 30 22 30
E-5, E-6 Uma pessoa por 1,50 m² de área de sala de aula (F)
F-1, F-10 Uma pessoa por 3 m² de área
F-2, F-5, F-8 Uma pessoa por m² de área (E) (G) (N)
F 100 75 100
F-3, F-6, F-7, F-9 Duas pessoas por m² de área (G) (1:0,5 m2)
F-4 Uma pessoa por 3 m² de área (E) (J) (F)
G-1, G-2, G-3 Uma pessoa por 40 vagas de veículo
G 100 60 100
G-4, G-5 Uma pessoa por 20 m² de área (E)
H-1, H-6 Uma pessoa por 7 m² de área (E) 60 45 100
Duas pessoas por dormitório e uma pessoa por 4
(C)
H-2
m² de área de alojamento (E)
H 30 22 30
Uma pessoa e meia por leito + uma pessoa por 7 m²
H-3 de área de ambulatório (H)
H-4, H-5 Uma pessoa por 7 m² de área (F) 60 45 100
I - Uma pessoa por 10 m² de área
100 60 100
J - Uma pessoa por 30 m² de área (J)
L-1 Uma pessoa por 3 m² de área
L 100 60 100
L-2, L-3 Uma pessoa por 10 m² de área
M-1 + 100 75 100
M M-3, M-5 Uma pessoa por 10 m² de área 100 60 100
M-4 Uma pessoa por 4 m² de área 60 45 100
Notas:
(A) Os parâmetros dados nesta tabela são os mínimos aceitáveis para o cálculo da população.
(B) As capacidades das unidades de passagem (1 UP = 0,55 m) em escadas e rampas estendem-se para lanços retos e saída
descendente. Nos demais casos devem sofrer redução como abaixo especificado. Estas percentagens de redução são
cumulativas, quando for o caso:
a. lanços ascendentes de escada com degraus até 17 cm de altura: redução de 10%;
b. lanços ascendentes de escadas com degraus até 17,5 cm de altura: redução de 15%;
c. lanços ascendentes de escadas com degraus até 18 cm de altura: redução de 20%;
d. rampas ascendentes, declividade até 10%: redução de 1% por grau percentual de inclinação (1% a 10%);
e. rampas ascendentes de mais de 10% (máximo: 12,5%): redução de 20%.
(C) Em apartamentos de até 2 dormitórios, a sala deve ser considerada como dormitório: em apartamentos maiores (3
e mais dormitórios), as salas, gabinetes e outras dependências que possam ser usadas como dormitórios (inclusive para
empregadas) são considerados como tais. Em apartamentos mínimos, sem divisões em planta, considera-se uma pessoa para
cada 6 m² de área de pavimento;
(D) Alojamento = dormitório coletivo, com mais de 10 m²;
(E) Por ”área” entende-se a “área do pavimento” que abriga a população em foco, conforme a terminologia da IT O3; quando
discriminado o tipo de área (por ex.: área do alojamento), é a área útil interna da dependência em questão;
(F) Auditórios e assemelhados, em escolas, bem como salões de festas e centros de convenções em hotéis são considerados nos
grupos de ocupação F-5, F-6 e outros, conforme o caso;
(G) As cozinhas e suas áreas de apoio, nas ocupações B, F-6 e F-8, têm sua ocupação admitida como no grupo D, isto é, uma
pessoa por 7 m² de área.

53
Unidade II

(H) Em hospitais e clínicas com internamento (H-3), que tenham pacientes ambulatoriais, acresce-se à área calculada por leito,
a área de pavimento correspondente ao ambulatório, na base de uma pessoa por 7 m²;
(I) O símbolo “+” indica necessidade de consultar normas e regulamentos específicos (não cobertos por esta IT;
(J) A parte de atendimento ao público de comércio atacadista deve ser considerada como do grupo C;
(K) Esta tabela se aplica a todas as edificações, exceto para os locais destinados à divisão F-3 e F-7, com população total
superior a 2.500 pessoas, onde deve ser consultada a IT 12/11;
(L) Para ocupações do tipo call-center, o calculo da população é de uma pessoa por 1,5 m² de área;
(M) Para a área de lojas adota-se no cálculo uma pessoa por 7 m² de área;
(N) Para o cálculo da população, será admitido o leiaute dos assentos fixos (permanentes) apresentado em planta;
(O) Para a classificação das ocupações (grupos e divisões), consultar a tabela 1 do Código de Segurança Contra Incêndios e
Pânico do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Paraná.

Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2011).

No COB, a Tabela 12.7.1.2 define os valores do fator K para o cálculo da largura dos espaços de
circulação coletiva, como segue:

Tabela 4 – Valores do fator K

Tipo de circulação Corredores e rampas Escadas


Uso Coletivo Coletivo protegido Coletivo Coletivo protegido
Residencial 60 240 45 100
Prestação de serviço de 30 75 22 55
saúde
Demais usos 100 250 65 160

Fonte: COE (2011).

Definindo-se a lotação corrigida utilizando o valor de K apropriado, é possível determinar a largura


mínima dividindo-se o valor desta lotação pela taxa de escoamento de 30 pessoas por módulo (cada
módulo corresponde a 0,30 m).

Em ambos os casos, a largura da via de escoamento vertical (escada ou rampa) deve ser dimensionada
em razão do pavimento de maior lotação dentre todos os pavimentos do edifício que utilizam essa via
de escoamento (vide detalhes no item 4.4 da norma NBR 9077 e o item 12.7.1.4 do COB).

As vias de escoamento vertical devem atender a exigências mínimas de segurança determinadas


pelo dimensionamento da largura, altura e inclinação dos degraus, da largura dos patamares, da altura
e disposição dos corrimãos e guarda-corpos, que devem ser atentamente considerados para garantir
a segurança dos ocupantes na circulação por esse meio, tanto no cotidiano como numa situação de
emergência.

4.1.2.5 Degraus e patamares

Os espaços de circulação coletiva podem apresentar desníveis em situações variadas, que são
vencidas por sequências de degraus e patamares. Em qualquer circunstância, tais espaços devem
proporcionar condições adequadas de circulação entre esses desníveis. Isso se dá por meio do devido
54
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

dimensionamento de altura e largura de degraus, de patamares, do número de degraus por lance, das
características do piso etc.

Para se obter degraus e patamares que garantam segurança no seu uso normal e de emergência, é
necessário que estes sejam projetados e executados de modo que todos os degraus de um lance tenham
dimensões uniformes e que os patamares sejam localizados em altura intermediária entre dois desníveis.
Um descompasso no ritmo descendente, principalmente em situações em que há uma altura de mais de
dois pavimentos a ser vencida, pode provocar tropeços e atropelamentos durante o escoamento de pessoas.

Tanto a norma NBR 9077 como o COB estabelecem regras básicas para o dimensionamento de
degraus e patamares, conforme pode ser visto a seguir:

Tabela 5 – Condições de dimensionamento de degraus e patamares

Código de Obras e Edificações NBR 9077


altura: 0,16m < h < 0,18m
a (altura) < 0,18cm
piso: 0,63 m < (2h+b) < 0,64m
Degraus l (piso) > 0,27 m
saliência > 1,5 cm (bocel)
sem saliências
deve ter 3 degraus contínuos, no mínimo
piso > 1,20 m sem mudança de p (piso) = (2h + b) n+b, em que n é um
direção número inteiro

Patamares piso > largura de escada na p > largura de escada na mudança de


mudança de direção direção
patamar intermediário quando patamar intermediário quando desnível
desnível > 3,25 > 3,7m

Fonte: COB (2011).

4.1.2.6 Rampas

Em geral, as rampas são utilizadas para vencer desníveis. São especialmente adequadas para o acesso
aos edifícios e a circulação no seu interior por pessoas com alguma deficiência física temporária ou
permanente.

As exigências apresentadas no COB e nas normas brasileiras NBR 9077 e NBR 9050 são em relação à:

• declividade ou inclinação máxima – 10% (COB); entre 10% e 12,5% (NBR 9077); e 5% a 12,5%
(NBR 9050);
• colocação de patamares intermediários;
• instalação de pisos antiderrapantes duráveis;
• colocação de corrimãos e guarda-corpos.

55
Unidade II

No município de São Paulo, rampas de acesso são obrigatórias em locais de reunião públicas com
mais de cem pessoas e em qualquer outro uso com mais de seiscentas pessoas.

4.1.2.7 Corrimãos e guarda-corpos

Corrimãos e guarda-corpos devem ser instalados ao longo das rotas de fuga toda vez que houver
algum desnível no piso de circulação coletiva vertical ou horizontal, seja este vencido por rampa, seja
por degraus de escada, a fim de proporcionar pontos de apoio para os usuários.

Os corrimãos devem ser implementados de modo que possam ser agarrados facilmente pelas
pessoas. Devem, também, permitir o deslocamento contínuo da mão ao longo de toda sua extensão,
prolongando-se por 30 cm de seu início.

Guarda-corpos devem ser projetados em locais que apresentam desnível, como escadas, rampas,
terraços, balcões e mezaninos, e que não são isolados de áreas adjacentes por paredes. Os guarda-corpos
se constituem de obstáculos de proteção contra quedas, tendo altura mínima de 1,05 m ao longo de
patamares de áreas internas, e 1,30 m em escadas e patamares em áreas externas, as quais servem a
alturas superiores a 12,0 m acima do solo. Essas barreiras físicas devem apresentar condições de suporte
a cargas horizontais e verticais de pessoas em circulação normal e de emergência, todas estabelecidas
na NBR 9077.

3,5-4,5 4,0 cm
Corrimão
cm Mínimo

Parede

Corte Vista superior

Figura 5 – Detalhamento de corrimãos

< 15 cm

Balaustres

Longarinas Grade ou tela Lavenaria


< 15 cm

Figura 6 – Exemplo de guarda-corpos

56
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

4.1.2.8 Localização

As saídas do prédio devem estar bem distribuídas, de modo que os ocupantes possam alcançá-las
rapidamente de qualquer ponto. Caso uma delas seja eventualmente inutilizada (pela fumaça e pelo
fogo, por exemplo), as demais devem se manter intactas e acessíveis aos ocupantes.

O número e a disposição das saídas em um edifício são definidos por fatores, por exemplo, como a
distância a ser percorrida até uma saída de pavimento, a proteção da área por chuveiros automáticos
ou não, o tipo de ocupação e o número de pavimentos (altura) do prédio.

O número de saídas está relacionado ao nível de risco da edificação, às distâncias máximas que
podem ser percorridas até uma saída e à existência de sistemas de chuveiros automáticos.

A NBR 9077, para edifícios resistentes ao fogo (tipo Z), apresenta a seguinte tabela:

Tabela 6 – Distâncias máximas a serem percorridas

Tipo de Grupo de sem chuveiros automáticos com chuveiros automáticos


edificação ocupação saída única + de uma saída saída única + de uma saída
X Qualquer 10,00 m 20,00 m 25,00 m 35,00 m
Y Qualquer 20,00 m 30,00 m 35,00 m 45,00 m
C, D, E, F, G-3, G-3, G-5, H, I 30,00 m 40,00 m 45,00 m 55,00 m
Z
A, B, G-1, G-2, J 40,00 m 50,00 m 55,00 m 65,00 m

Fonte: ABNT (2001).

A distância deve ser medida do ponto mais remoto da área considerada até uma saída, considerando
o percurso real mais crítico observado no projeto, e não uma distância imaginária em linha reta.
Conceitualmente, a distância a percorrer pode ser acrescida em 50% quando o edifício é protegido por
um sistema de chuveiros automáticos. Entretanto, esse valor pode variar de acordo com a norma ou
regulamentação vigente.

A NR 23 determina que entre as saídas e quaisquer locais de trabalho não se tenha uma distância
superior a 15 metros a percorrer em áreas de maior risco, e 30 metros em risco médio ou pequeno.

4.1.2.9 Proteção das rotas de fuga

As rotas de fuga que dão acesso a uma saída devem apresentar proteção contra os efeitos do incêndio
condizente com o risco de uso e da ocupação do local, representadas por medidas de proteção ativa e passiva.

4.1.2.10 Proteção passiva associada às saídas de emergência

As medidas de proteção passivas controláveis em projeto se encontram basicamente nos aspectos


do sistema construtivo e de acabamento da edificação, podendo ser constituídas, essencialmente, pela
57
Unidade II

compartimentação e pelo controle dos materiais utilizados no acabamento de interiores e no isolamento


termoacústico dos ambientes.

Conceitualmente, tais medidas são destinadas à diminuição da probabilidade de ocorrência de um


início de incêndio, ao impedimento do seu rápido desenvolvimento por meio do controle dos tipos de
materiais encontrados (reação ao fogo) e por meio de barreiras à expansão da fumaça, do calor e das
chamas nos ambientes e nas rotas de fuga protegidas (resistência ao fogo/compartimentação).

O cumprimento de algumas dessas medidas é exigido por normas e regulamentações, ainda que de
modo insuficiente no país.

O COB exige que as rotas de fuga protegidas (espaços de circulação protegidos) verticais e horizontais
sejam constituídas de paredes com resistência ao fogo de 120 minutos e portas corta-fogo P-60. Dispõe,
ainda, que os materiais de revestimento de paredes e pisos tenham a seguinte classificação:

Tabela 7 – Aplicação das classes de materiais de revestimento

Espaços de circulação protegidos


Uso
Saída Acesso das saídas Outros espaços
Educacional AI ou II A ou B*I ou II** A, B ou C
Tratamento de saúde A A A
I I
Residencial A A ou B A, B ou C
I I ou II
Locais de reunião A A ou B A, B ou C
Comércio de serviços A ou B A ou B A, B ou C
Indústria e depósito A ou B A, B ou C A, B ou C
*A, B, ou C: classes de materiais para revestimento de paredes (segundo NBR 9442)
**I ou II: classes de materiais para revestimento de piso (segundo NBR 8660)

Fonte: ABNT (2013).

Por sua vez, a norma brasileira NBR 9077 determina que somente as escadas protegidas sejam
constituídas de material incombustível com resistência mínima ao fogo (120 minutos, com escada
enclausurada protegida) e resistência máxima (480 minutos, com escada enclausurada à prova de
fumaça), portas p-30 e patamares revestidos com material Classe A (NBR 9442).

4.1.2.11 Proteção ativa associada às saídas de emergência

As medidas de proteção ativa são igualmente importantes para a garantia de segurança dos ocupantes
das edificações em situações de incêndio, exercendo papel fundamental sob diferentes aspectos, como:
rápida detecção e aviso (sistemas de detecção e alarme de incêndio), orientação visual (sistema de
iluminação de emergência) e sonora (sistema de comunicação de emergência) e contenção do incêndio
e de seus efeitos (sistemas de extinção de incêndio e de controle de fumaça).
58
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

4.2 Escadas de incêndio

A denominação dada aos vários tipos de escada difere de acordo com as normas e regulamentações
que definem seu uso. Nesta obra adotamos a terminologia utilizada pela NBR 9077, que pode,
eventualmente, ser discutida e comparada com os termos do COB (seção 12.8 – Disposição de Escadas
e Saídas – Anexo B e Anexo C).

Além das escadas apresentadas a seguir, a referida norma brasileira também regula escadas com
lances curvos e lances mistos para a saída de emergência, ainda que de modo restrito, isto é, admitidos
somente em alguns tipos de ocupação e proibidos para escadas à prova de fumaça. Tais tipos de escada
não são admitidos no COB como saída de emergência de edificações novas, podendo ser, eventualmente,
aceitos em edifícios existentes, anteriores a 1975.

A utilização de escadas com lances curvos ou mistos não são desejáveis. Podem causar muitos
problemas no fluxo de saídas dos ocupantes dos edifícios, pois a diminuição e/ou variação nos lances
causam uma desaceleração no fluxo, que pode ter como consequência maior acidentes como quedas e
atropelamentos.

4.2.1 Escadas abertas (comuns ou não enclausuradas)

Também denominada escada comum, faz parte da rota de fuga e se comunica diretamente
com os demais ambientes de circulação horizontal, ou seja, não é isolada por paredes resistentes
ao fogo ou portas corta-fogo. Entretanto, deve ser constituída de elementos estruturais com
resistência ao fogo de 120 minutos, no mínimo. Em geral, são admitidas somente em edificações
de pequeno porte (até 9 ou 12 metros de altura), locais onde a evacuação pode ser garantida
antes do comprometimento das escadas pelos efeitos do incêndio, devido ao pequeno número de
ocupantes (até 100 pessoas).

4.2.2 Escadas enclausuradas protegidas

Este tipo de escada é constituído de paredes resistentes ao fogo e portas corta-fogo. Apresenta
aberturas para ventilação e iluminação voltadas diretamente para o exterior em todos os pavimentos e
no topo da escada. Em geral, encontram-se em edifícios de pequeno porte (até 12 metros), com exceção
dos apartamentos residenciais, onde se pode encontrar esse tipo de escada em construções de porte
médio – até 27 metros (COB) ou 30 metros (NBR 9077) de altura.

59
Unidade II

Paredes
resistentes ao
fogo (RF>120)

Paredes Porta corta-fogo


resistentes ao (P90)
fogo (RF>120)

Figura 7 – Exemplo de escada enclausurada protegida

4.2.3 Escadas enclausuradas à prova de fumaça

Esta escada consiste de uma escada enclausurada protegida, precedida de antecâmara enclausurada
com ventilação natural, balcão ou terraço, cuja função é a dispersão do calor e da fumaça do incêndio
que venha a se infiltrar no ambiente, impedindo sua penetração na escada.

Segundo a norma NBR 9077, a antecâmara enclausurada deve apresentar um sistema de


exaustão natural por dois dutos (um com tomada de ar na base e outro com saída no topo),
servindo todos os pavimentos.

Quando a escada é denominada escada protegida com antecâmara, o COB exige a ventilação
natural da antecâmara por aberturas diretas para o exterior ou por um duto apenas, com tomada
de ar na sua base.

O sistema de escadas com antecâmaras com dutos de ventilação natural sofre muita influência
das condições meteorológicas, do efeito chaminé e do próprio calor gerado em uma situação de
incêndio, que podem rapidamente comprometer seu desempenho, prejudicando o uso da escada
para o abandono do edifício e para as ações para combate ao fogo. Quanto mais alto for o
sistema, mais vulnerável se torna.

Portanto, o sistema de escadas à prova de fumaça mais recomendado é aquele com a


antecâmara em forma de balcão ou terraço, em que se garante uma ventilação considerável por
meio do contato direto com o exterior. Contudo, esse tipo de situação é raro por duas razões
básicas: a primeira é a dificuldade de se projetar escadas com antecâmaras voltadas para o
exterior ocupando grande área nas fachadas e a segunda é a dificuldade de circulação por esse
tipo de antecâmara no dia a dia.

Se não for bem planejado, o balcão ou terraço pode prejudicar na maximização do uso da fachada
do edifício, pois, além de tudo, não devem existir outras grandes aberturas próximas, pelas quais
60
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

podem se transmitir os efeitos do incêndio. Em alguns casos, ainda, o uso e a manutenção do balcão
para circulação cotidiana podem ser comprometidos pelas condições climáticas, principalmente nos
pavimentos mais altos.
Abertura direta para o exterior com
área > 50% da superfície de L

>d
d

L > 1,5 d

Vestíbulo
Paredes resistentes Porta corta-fogo
ao fogo (RF > 120) (P90)

Figura 8 – Escada com vestíbulo do tipo terraço ou balcão

Porta corta-fogo
(P90)

>d
L > 1,5 d

Antecâmara

A > 0,7 m2

0,7 m

Duto:
Abertura para o duto > 0,7 m2, rente
Paredes resistentes Porta corta-fogo ao teto
ao fogo (RF > 120) (P90) Seção do duto > 0,03m x h
total do duto (m2) + círculoØ > 0,7m

Figura 9 – Escada com antecâmara provida de um duto de saída de fumaça

61
Unidade II

Porta corta-fogo
(P90)

>d

L > 1,5 d

Antecâmara
Duto de
ventilação:
entrada e saída

Paredes resistentes Porta corta-fogo


ao fogo (RF 120) (P90)

Figura 10 – Escada com antecâmara provida de dois dutos de ventilação

Esse tipo de escada é exigido para a maioria dos edifícios com mais de 12 metros de altura, exceto
nos prédios residenciais, onde se admitem alturas mais elevadas.

4.2.4 Escadas à prova de fumaça pressurizada

A escada pressurizada, segundo a NBR 9077, deve ser projetada de acordo com as determinações da
norma BS 5588: Parte 4. No entanto, existe a NBR 14880, que dispõe sobre Saídas de emergência em
edifícios: Escada de segurança – Controle de fumaça por pressurização. Está em vigor desde 2002.

As normas brasileiras citadas já determinam alguns parâmetros para o projeto de escadas


pressurizadas, reduzindo as opções aos projetistas dadas na norma inglesa.

Os parâmetros definidos na norma brasileira são os seguintes:

• as antecâmaras são dispensadas na maioria dos casos;

• recomenda-se adotar o sistema de pressurização de dois estágios;

• deve-se garantir o funcionamento do sistema por fonte de alimentação alternativa por, pelo
menos, 4 horas.

Sistemas de pressurização devem ser adequadamente projetados para cada tipo de edifício e
fielmente executados (inclusive a construção da caixa de escadas e a instalação de portas corta-fogo),
de tal modo que seu funcionamento seja efetivo. Além disso, é essencial a prática de um sistema de
manutenção preventiva e corretiva para que apresente desempenho satisfatório quanto requerido,
conforme a NBR 14480.

62
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

4.2.5 Escadas externas

A NBR 9077 não regula as escadas externas, mas estas são admitidas no COE nas seguintes condições:

• seja limitada a altura máxima de 27 metros, sem obrigatoriedade de comunicação por antecâmara;

• tenha aberturas para ventilação natural correspondente a pelo menos 50% do seu perímetro;

• que as faces abertas fiquem distanciadas de qualquer outra abertura na mesma edificação em,
pelo menos, 5 metros.

Esse tipo de escada foi muito utilizado na adaptação às condições de segurança de edifícios
construídos antes de 1975, ano do surgimento do primeiro código de obras que regulamentava as
medidas de segurança contra incêndio no município de São Paulo. No entanto, são aceitas no COE como
rota de fuga vertical também em edifícios novos.
Porta corta-fogo
(P90)

>5m
>5m
Faces abertas

Edificação
vizinha no
Limite do lote mesmo lote
>3m

Figura 11 – Exemplo de escada externa

4.3 Sinalização de emergência

A sinalização de segurança contra incêndio propicia informações aos ocupantes do edifício, com o
intuito de restringir o risco de ocorrência de incêndios e indicar ações apropriadas a serem adotadas
em caso de incêndio. As recomendações e os conceitos aqui apresentados fazem parte da norma NBR
13.434: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico.

4.3.1 Funções da sinalização

A sinalização de segurança contra incêndio possui duas funções básicas distintas: uma busca reduzir
o risco de ocorrência de incêndio, alertando para os riscos potenciais; e a outra, considerando que o
incêndio tenha ocorrido, visa garantir que sejam adotadas ações adequadas à situação de risco.

63
Unidade II

4.3.1.1 Sinalização básica

Este tipo de sinalização deve ser dividido em quatro categorias, de acordo com sua função:

• sinalização de proibição, cuja função é proibir ações capazes de conduzir ao início do incêndio ou
ao seu agravamento;

• sinalização de alerta, cuja função é destacar áreas e materiais com potencial de risco;

• sinalização de orientação e salvamento, cuja função é indicar as rotas de fuga e as ações necessárias
ao seu acesso;

• sinalização de equipamentos de combate a incêndio, cuja função é indicar a localização de


materiais disponíveis para proteção contra incêndios.

4.3.1.2 Sinalização complementar

A sinalização complementar é composta por faixas de cor ou mensagens, devendo ser empregada
nas seguintes condições:

• indicação continuada das rotas de saída;

• indicação de obstáculos e riscos de utilização das rotas de saída, como pilares, arestas de paredes,
vigas etc.;

• específicas mensagens escritas que acompanham a sinalização básica, sempre que houver
necessidade da complementação da mensagem dada pelo símbolo.

4.3.2 Aplicação da sinalização nas edificações

Os diversos tipos de sinalização de segurança contra incêndio devem ser instalados em função
das características específicas de uso e dos riscos, bem como em função das necessidades básicas
para a garantia da segurança contra incêndio nas edificações. Os procedimentos de projeto e
instalação são definidos pela NBR 13434-1: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico:
Princípios de projeto.

Estudaremos a seguir como as sinalizações de emergência devem ser empregadas nas edificações, de
acordo com o tipo de sinalização.

4.3.2.1 Sinalização básica

De acordo com a norma brasileira NBR 13431-1, as sinalizações de orientação e salvamento,


assim como a de equipamentos de combate e alarme, devem apresentar efeito fotoluminescente
comprovado.
64
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

Todos os tipos de sinalização devem ser instalados em local visível, em dimensões e cores adequadas
para sua leitura a distância, conforme critérios definidos na NBR 13434-2: Sinalização de segurança
contra incêndio e pânico: Símbolos e suas formas, dimensões e cores. A tabela a seguir apresenta um
resumo das exigências de instalação da sinalização básica.

Tabela 8 – Resumo das exigências de instalação das sinalizações básicas

Distanciamento entre
Tipo Altura Localização sinalizações
> 1,80 m do piso acabado à base + de um ponto ao longo do
Proibição inferior da sinalização perímetro da área de risco < 15 m

próximo ao risco isolado (1


> 1,80 m do piso à base inferior sinalização) ou ao longo da
Alerta da sinalização área de risco generalizado (+ 1 < 15 m
sinalização)
> 1,80 m do piso (geral); ao longo da rotas de fuga (+ 1
Orientação e < 10 cm acima da verga da porta sinalização) < 15 m
salvamento (saída) ou na porta, centralizada
a > 1,80 m do piso acabado.
Equipamentos de > 1,80 m do piso acabado.
combate

Fonte: ABNT (2014).

4.3.2.2 Sinalização complementar

As mensagens específicas que acompanham a sinalização básica devem se situar imediatamente


adjacente à sinalização que complementa, devendo estar no idioma português. Caso exista a
necessidade de se utilizar um segundo idioma, este nunca deve substituir o idioma original, mas ser
incluso adicionalmente.

A sinalização de indicação continuada das rotas de fuga deve ser implantada sobre o piso acabado
ou sobre as paredes das rotas de saída. O espaçamento da instalação deve ser de no máximo 3,0 m entre
cada sinalização e a cada mudança de sentido. Já a sinalização de indicação de obstáculos ou de riscos
na circulação das rotas de saída deve ser implantada toda vez que houver desnível de piso, rebaixo de
teto ou outras saliências resultantes de elementos construtivos ou equipamentos que reduzam a largura
das rotas ou impeçam o seu uso.

4.3.3 Fabricação e materiais empregados na sinalização de emergência

A sinalização pode ser confeccionada em placas, chapas ou películas a serem afixadas


posteriormente nos locais ou pode ser pintada diretamente sobre a superfície da área a ser sinalizada.
Assim, o material que compõe pode ser rígido ou flexível, desde que atenda às exigências da norma
quanto à resistência mecânica, uniformidade de superfície, resistência à lavagem e resistência
à luz, conforme NBR 13434-3: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico: Requisitos e
métodos de ensaio.

65
Unidade II

A seguir apresentam-se alguns exemplos da sinalização básica:

Quadro 3 – Sinalização de proibição

Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação


Símbolo: circular
Fundo: branca Todo local onde o fumo
1 Proibido fumar Pictograma: preta possa aumentar o risco de
incêndio
Faixa circular e barra
diametral: vermelha

Quadro 4 – Sinalização de alerta

Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

Símbolo: triangular
Próximo a materiais
Fundo: amarela ou áreas com presença
6 Cuidado, risco de incêndio
Pictograma: preta de produtos altamente
inflamáveis
Faixa triangular: preta

Quadro 5 – Sinalização de orientação e salvamento

Código Símbolo Significado Forma e cor Aplicação

Indicação do sentido (esquerda


ou direita) de uma saída de
Fundo: verde emergência, especialmente
Saída de emergência
12 Pictograma: para ser fixado em colunas
Símbolo: retangular fotoluminescente Dimensões mínimas:
L = 1,5 H

Indicação do sentido (esquerda


Fundo: verde ou direita) de uma saída de
Saída de emergência emergência
13 Pictograma:
Símbolo: retangular Dimensões mínimas:
fotoluminescente
L = 2,0 H

Fundo: verde Indicação de uma saída de


Saída de emergência emergência a ser afixada
14 Pictograma:
Símbolo: retangular acima da porta, para indicar
fotoluminescente o seu acesso

66
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

4.4 Controle do movimento da fumaça

Incêndios de qualquer natureza podem produzir fumaça. Caso ela não for devidamente controlada,
pode-se espalhar rapidamente pelo interior do edifício, colocando em risco a vida humana e
comprometendo os bens materiais. Um sistema de controle de fumaça deve ser projetado essencialmente
para impedir que seu fluxo, quando em situação de incêndio, esteja na direção das rotas de fuga e das
áreas de refúgio, possibilitando a evacuação segura dos ocupantes da edificação.

O sistema de controle de fumaça deve se manter operante durante todo o período de evacuação
das áreas protegidas. Deve ser projetado para ocupações e arquiteturas específicas. Adicionalmente, o
projeto desse sistema deve ser compatibilizado com todos os demais sistemas de segurança do edifício,
e não apenas com os de segurança contra incêndio. É importante que abranjam, principalmente, os de
segurança patrimonial, para que possa complementá-los.

Assim, os objetivos dos sistemas de controle de movimentação de fumaça são:

• garantir aos ambientes condições aceitáveis para a realização da evacuação segura durante o
período necessário para essa operação;

• controlar e reduzir o deslocamento da fumaça do incêndio;

• oferecer condições para que os bombeiros possam atuar nas operações de localização e salvamento
de pessoas assim como de combate ao incêndio;

• contribuir para a proteção das perdas patrimoniais.

4.4.1 Princípios básicos

Normalmente, a fumaça segue o fluxo de movimentação do ar no interior da edificação. O incêndio,


mesmo quando compartimentado em ambiente resistente ao fogo no interior de um prédio, a fumaça
gerada pode se propagar rapidamente para áreas adjacentes através de aberturas como vãos, shafts,
dutos e portas abertas.

Os principais fatores que permitem a propagação da fumaça para os outros compartimentos que
não de origem do incêndio são:

• efeito chaminé, em função da diferença entre temperatura interna, antes e durante o incêndio, e
a temperatura externa;

• condições meteorológicas, particularmente ventos;

• sistemas mecânicos de ventilação e ar-condicionado.

Os fatores indicados causam diferenças de pressão entre ambientes que podem propiciar a
propagação da fumaça. O movimento da fumaça pode ser controlado por meio da alteração dessas
67
Unidade II

diferenças de pressão. Componentes e elementos construtivos como paredes, pisos, portas, registros
corta-fogo (popularmente conhecidos como dampers) e escadas a prova de fumaça podem ser utilizados
em conjunto com sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado para auxiliar no controle do
movimento da fumaça.

Um projeto arquitetônico que considere esses aspectos, associado a uma execução adequada das
medidas na edificação, é essencial para o controle do movimento da fumaça.

Figura 12 – Aberturas em piso sem e com proteção por selagem corta-fogo para contenção da fumaça

Tubulação de Tubulação de aço


aço 10 cm (4”) 20 cm (8”) Mastic corta-fogo
Laje de
concreto

Manta cêramica
Tubulação de cobre 7,5 cm (3”)

Figura 13 – Exemplo de selagem corta-fogo de shaft de tubulação

68
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

O primeiro princípio é conhecido como ventilação e exaustão natural, o segundo, como pressurização.
Este último estabelece uma maior pressão nos espaços adjacentes às zonas ocupadas pela fumaça,
fazendo que esta não se espalhe para ambientes indesejáveis: as rotas de fuga e áreas de refúgio.

O terceiro princípio, o controle por meio do fluxo de ar, pode ser utilizado para impedir o movimento
da fumaça de um espaço para outro. Este princípio é muito utilizado no controle do movimento com
as portas abertas. O fluxo de ar que passa através de uma abertura para uma área comprometida pela
fumaça pode ter uma velocidade tal, que não permita que a fumaça deixe o local e se espalhe para
outros ambientes, através das próprias aberturas. Como a quantidade de ar necessária para esse controle
é grande, o fluxo de ar não é o método mais prático de controle de movimento de fumaça.

4.4.2 Parâmetros de projeto

Os critérios para projeto devem estar contemplados nos códigos e nas regulamentações de segurança
contra incêndio e nas normas a que estes fazem referência.

No entanto, também deve haver um estudo cuidadoso para determinar se o resultado é um sistema
realmente efetivo. Se necessário, o projeto deve procurar soluções alternativas, equivalências ou alterações
aos códigos e regulamentações. Isso inclui um melhor entendimento com órgãos regulamentadores
sobre o desempenho desejado para o sistema e os procedimentos dos testes de aceitação.

Atualmente, o controle de movimento de fumaça é exigido, principalmente nas escadas de segurança,


pelas normas brasileiras NBR 9077 e NBR 14880. O controle de movimentação de fumaça, para outros
ambientes diferentes da escada de segurança, foi contemplado no Decreto Estadual no. 56.819/2011 e
na Instrução Técnica 15: Controle de Fumaça, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com sua
exigência e aplicabilidade no âmbito do Estado de São Paulo.

4.4.3 Sistemas naturais de controle de movimento de fumaça

Os sistemas naturais de controle de fumaça são compostos, basicamente, por duas medidas
construtivas combinadas: aberturas para exaustão natural da fumaça e barreiras para contenção de sua
propagação.

As aberturas para exaustão natural da fumaça devem estar localizadas próximas à região onde a
fumaça tende a se acumular, portanto, rente ao teto. O tipo de abertura deve ser determinado de acordo
com as características das áreas a serem protegidas pelo sistema e do próprio edifício como um todo.
Um exemplo disso são os edifícios de área extensa, mas com pouca compartimentação (essencialmente
de caráter industrial); como os pisos contínuos são necessários para operacionalização das atividades e
dos processos, devem apresentar aberturas contínuas ou individuais para exaustão de fumaça em toda
sua área, que são, normalmente, aberturas no teto ou na lateral (aberturas zenitais), como pode ser visto
nas figuras a seguir.

69
Unidade II

Selo de neoprene
Tampo metálico
Isolamento térmico

Fusível térmico
Acionador manual

Figura 14 – Abertura para exaustão natural zenital

Forro
incombustível

Painel sólido ou vidro


temperado em posição
aberta

Acionador
da abertura

Figura 15 – Abertura para exaustão natural lateral

Tais aberturas para exaustão são necessárias para garantir a acessibilidade de equipes de
combate ao local de origem do incêndio, assim como para evitar a rápida expansão da fumaça
por toda a área. Associadas a essas aberturas, é importante a presença de barreiras para contenção
da expansão horizontal da fumaça, também conhecidas como abas verticais, mostradas na figura
a seguir.

70
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

Aba de contenção

Figura 16 – Edificação com e sem aberturas zenitais e abas para controle da fumaça

Tais abas devem ser constituídas de material incombustível e com propriedades térmicas para manter
sua função de barreira pelo menos até que se garanta a evacuação segura dos ocupantes da área em
questão. Esse sistema é apresentado com detalhes na norma NFPA 204 M, que é um guia para projeto
de sistemas de exaustão de emergência da fumaça do incêndio em edifícios de um só pavimento, tendo
propostas para situações com ou sem instalação de sistema de chuveiros automáticos. Também pode ser
aplicado para o último pavimento de edifícios com mais de um pavimento.

Normalmente, as aberturas para exaustão podem ter dois tipos de operação, ou seja, abertos
mecanicamente ou pelo efeito da gravidade.

Todos os sistemas devem ser assistidos por manutenção periódica de caráter preventivo e corretivo,
que garantem o seu funcionamento em caso de incêndio.

As aberturas para exaustão acionadas mecanicamente (por meio de alavancas ou sistemas


pneumáticos) são normalmente providas de dispositivos de acionamento manual que permitem inspeção
e manutenção, assim como a troca de componentes de atuação como dispositivos termosensores,
cilindros de gás etc.

As aberturas acionadas pelo efeito da gravidade não permitem inspeções para verificação de
funcionamento, pois esse tipo de abertura é normalmente coberto por painéis termoplásticos,
que amolecem e caem com o calor, permitindo a exaustão de gases quentes e fumaça. Assim, o
funcionamento das aberturas deve ser garantido principalmente pela não interferência de objetos e
materiais depositados em suas proximidades.

Sistemas naturais de controle e exaustão ainda podem ser implantados em outras situações, como as
permitidas no Building Standard Law (Código de Obras) do Japão, para ambientes de escritórios, escolas
etc. Consiste, basicamente, de aberturas localizadas próximas ao teto, ao longo de toda a extensão
da fachada, para retirada do calor e de gases quentes por exaustão natural do ambiente do incêndio,
geralmente acionados de forma manual.

71
Unidade II

Figura 17 – Exemplos de abertura lateral

A exaustão natural também pode ser uma medida para garantia de segurança de pavimentos
enterrados, permitindo maior tempo para abandono do local pelos ocupantes e para a entrada de
equipes de combate.

Parede
externa
Parede
externa

Grelha
Grelha
Pavimento Pavimento
térreo térreo

Pavimento enterrado Pavimento enterrado

Figura 18 – Aberturas para exaustão natural de pavimentos enterrados

4.4.4 Sistemas mecânicos de controle de movimento de fumaça

Um sistema mecânico de controle de movimento da fumaça pode consistir apenas de um sistema de


exaustão mecânica, abas de contenção e compartimentação até um sistema de pressurização complexo,
com insuflação e exaustão de ar. A utilização de um sistema em particular ou a combinação de vários
depende das exigências das regulamentações locais, do tipo de edifício considerado, assim como do tipo
de ocupação específica e o nível de segurança requerido para os seus ocupantes.

72
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

4.4.5 Diferença de pressão

A diferença de pressão que se origina do uso de sistemas de exaustão e de pressurização deve ser
projetada e monitorada de tal forma que não impeçam a abertura ou o fechamento das intercomunicações
entre ambientes para a evacuação dos ocupantes dos edifícios.

A tabela a seguir apresenta valores máximos de diferença de pressão nas portas que possibilitam sua
abertura, com o sistema de pressurização ativado. Esses valores estão baseados na aplicação da força
máxima de 133 N para abertura de portas que integram as rotas de fuga, de acordo com o estabelecido
pela norma NFPA 101: Life Safety Code.

Tabela 9 – Diferença de pressão máxima junto a uma porta (em Pa), em função da força
exercida na mola da porta e respectiva largura da porta

Força da mola da Largura da abertura da porta (cm)


porta
(N) 80 90 100 110 120
26,4 11,25 10 9,25 8,5 7,75
35,2 10,25 9,25 8,5 7,75 7,0
44,0 9,25 8,5 7,5 7,0 6,5
52,8 8,5 7,5 6,75 6,25 5,75
61,6 7,5 6,75 6,0 5,5 5,24

Fonte: NFPA (1998).

No caso apresentado, considerou-se uma altura de porta de 2,10 m, uma distância entre a maçaneta
e o trinco da porta de 76 cm para uma porta simples, com eixo de abertura unilateral na vertical.

Para o cálculo para outras dimensões ou outros tipos de porta, com diferentes acessórios, por
exemplo, a barra antipânico, é preciso consultar a publicação Design of Smoke Control System for
Building, da ASHRAE. Muitas molas de porta requerem menos força no início do ciclo de abertura do
que para a abertura total da porta. A resistência da abertura pode combinar a força da pressão da
mola e a força da pressurização na fase inicial do ciclo de abertura – que deve ser detalhe de extrema
consideração no projeto.

4.4.5.1 Sistema exclusivo e não exclusivo

Os sistemas mecânicos podem ser do tipo exclusivo ou não exclusivo. O primeiro tem como objetivo
somente o controle da fumaça e fica separado dos sistemas de ventilação e refrigeração/distribuição
de ar e seus equipamentos, não funcionando sob condições normais de operação do edifício. Quando
ativado, esse sistema opera especificamente para controlar o movimento da fumaça.

Já o sistema não exclusivo é aquele que compartilha seus componentes com outros sistemas, como
o de ventilação e o de ar-condicionado. A ativação do sistema de controle causa uma alteração no modo
de operação do sistema para obter o efetivo controle do movimento da fumaça.
73
Unidade II

No quadro a seguir apresentam-se as vantagens e desvantagens dos dois sistemas de operação do


controle de movimento da fumaça.

Quadro 6 – Vantagens e desvantagens dos sistemas exclusivo e não exclusivo

Sistema Vantagens Desvantagens


Alterações dos controles
durante uma manutenção do Pode ter um custo mais alto
sistema têm poucas chances de
acontecer
Exclusivo A operação e o controle
costumam ser simples Falhas nos seus componentes
podem passar desapercebidos,
São menos influenciados por pois não afetam a operação
alterações em outros sistemas do normal do edifício
edifício
Falhas nos seus componentes
dificilmente passam O sistema pode se tornar muito
despercebidas, pois afetam o complexo
sistema como um todo
Alterações feitas
inadvertidamente no sistema
Os equipamentos podem ter como um todo podem afetar
Não exclusivo menor custo o desempenho do sistema de
controle de movimento de
fumaça
Modificações nos controles
que afetam a operacionalidade
Espaço adicional para sua do controle de movimento de
instalação fumaça podem ocorrer com
maior frequência

Fonte: Tomina et al. (2010, p. 55).

4.4.6 Controle de fumaça nos pavimentos

O controle do movimento da fumaça ainda pode ser realizado de duas maneiras, por meio da
proteção de circulações verticais ou da proteção de pavimentos. A primeira ainda se subdivide em
proteção por meio da pressurização de escadas e elevadores; a segunda, em compartimentos e da
circulação horizontal.

Os sistemas mais simples de controle nos pavimentos consistem apenas de uma exaustão mecânica
localizada, acionada em função da presença da fumaça no compartimento ou na área onde o sistema
está presente. Tais sistemas podem ser instalados em condições semelhantes aos do sistema de exaustão
natural, visto anteriormente, em combinação com abas verticais de contenção, a fim de evitar o rápido
alastramento da fumaça em ambientes fechados e de pé-direito limitado.

Em grandes espaços como átrios e circulação de shopping centers, palcos, platéia de teatros etc.,
locais onde se estima uma grande concentração de público, são necessárias providências específicas para
controle de movimento de fumaça, que são determinadas por normas como a NFPA. Outro sistema, mais
complexo, depende da diferença de pressão produzida por insufladores de ar no interior do edifício para

74
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

conter a expansão da fumaça do incêndio, impedindo a sua entrada em ambientes/compartimentos/


pavimentos não afetados pelo incêndio. Esse sistema, denominado de pressurização, pode compor,
assim, um sistema de controle por zonas no interior do edifício.

Figura 19 – Exemplo de palco de teatro com e sem sistema de controle de movimentação de fumaça

Fumaça

Ambiente livre
de fumaça

Ambiente com
fumaça

Figura 20 – Exemplo de átrio com e sem sistema de controle de movimentação de fumaça para os pavimentos

75
Unidade II

Abertura para
exaustão da
fumaça

Fumaça

Ambiente livre
de fumaça

Ambiente com
fumaça

Figura 21 – Exemplo de átrio com sistema de controle de movimentação de fumaça

Alguns edifícios podem ser subdivididos em certas quantidades de zonas de controle de fumaça que
podem ser compartimentadas/isoladas por paredes, pisos e portas para inibir a entrada e movimento da
fumaça. Essas zonas podem se compor de um ou mais pavimentos, ou de um ou mais ambientes em um
mesmo pavimento.

As zonas de controle devem ser mantidas em dimensões tão menores quanto possíveis, para que
sua evacuação seja rápida e a obtenção da quantidade de ar requerida para a pressurização das áreas
adjacentes seja viável.

Quando há um incêndio, todas as zonas livres de fumaça podem ser pressurizadas. Porém, esse
sistema necessita de grande quantidade de ar insuflado do exterior.

Alternativamente, pode-se pressurizar apenas as zonas adjacentes à zona com fumaça – o que
limitaria a quantidade de ar insuflado necessária. No entanto, a desvantagem desse sistema é que pode
ocorrer a infiltração da fumaça para as zonas não pressurizadas através de dutos verticais.

O sistema de zonas de controle de fumaça deve ser ativado por um sistema de detecção e alarme
de incêndio, sendo que o sistema de acionamento e funcionamento do primeiro deve estar combinado
com o segundo, de modo que não haja conflito entre ambos. Isso significa que a cobertura de um
sistema de detecção de alarme deve ser a mesma do sistema de pressurização, para não comprometer
seu desempenho como um todo.

4.4.7 Controle de fumaça nas circulações verticais

O método mais comum de controle mecânico do movimento de fumaça em escadas é realizado por
pressurização.
76
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

O objetivo da pressurização de escadas é garantir um ambiente sustentável no interior da caixa de


escadas na eventualidade de um incêndio. Outro propósito é oferecer ao bombeiro uma área segura
próxima ao local do incêndio. No pavimento do incêndio, a pressurização deve manter uma diferença
de pressão, com a porta de acesso fechada, para que a infiltração de fumaça seja reduzida.

4.4.8 NFPA 92 A – Smoke Control Systems

As diferenças de pressão necessárias para se garantir uma pressurização adequada entre dois
ambientes são sugeridas pela NFPA 92 A e, para uma temperatura de aproximadamente 800 oC, são
apresentadas na tabela a seguir:

Tabela 10 – Diferença de pressão mínima sugeridas para


um local próximo à área de fumaça

Pé-direito do Diferença de pressão


Tipos de edifício pavimento (valores de projeto)
(m) (Pa)
Com sistema de chuveiros automáticos qualquer 12,5
para extinção de incêndio (sprinklers)
Sem sistema de chuveiros automáticos 2,7 25
para extinção de incêndio (sprinklers)
Sem sistema de chuveiros automáticos 4,5 35
para extinção de incêndio (sprinklers)
Sem sistema de chuveiros automáticos 6,3 45
para extinção de incêndio (sprinklers)

Fonte: NFPA (1998).

Os valores de diferença de pressão apresentados são aqueles encontrados entre a zona de fumaça
e espaço adjacente, com o sistema de pressurização ativo. A diferença de pressão para outras situações
pode ser obtida por meio da seguinte fórmula:

 1 1
=DP 7, 64  − 
 TO TF 

As representações são as seguintes:

DP: diferença de pressão devido à flutuação de gases quentes, em polegadas de coluna de água (inch
of water gage)
To: temperatura absoluta dos arredores, em °R
TF: temperatura absoluta dos gases quentes, em °R
h: distância acima do plano neutro, em ft (pés) (1 ft = 0,3048 m)

77
Unidade II

A diferença de pressão não deve impedir ou dificultar a abertura das portas que separam os ambientes,
como já foi visto anteriormente. O NFPA 101 – Life Safety Code (133 N) estipula força máxima que
pode ser empregada para abrir uma porta que integra um sistema de rotas de fuga.

O sistema de pressurização de escadas pode se subdividir, ainda, em dois subsistemas:

• Sistema de pressurização sem compensação – o ar insuflado é injetado na escada por meio de


um ventilador que, além de fornecer uma diferença de pressão ao longo de todas as portas fechadas em
todos os pavimentos, ainda provê outra diferença de pressão quando uma ou mais portas são abertas.

• Sistema de pressurização com compensação – ajusta as várias combinações de portas abertas


e fechadas, tentando manter uma mesma diferença de pressão positiva em situações pré-definidas
em projeto, como abertura de duas, três ou quatro portas simultaneamente, por exemplo. Esse tipo de
sistema compensa as alterações nas condições das aberturas, modulando o fluxo de ar insuflado ou
aliviando o excesso de pressão no interior da escada.

A modulação do fluxo de ar insuflado pode ser obtida por meio de um by-pass, que é controlado
por um ou mais sensores de pressão estática, monitorando a diferença de pressão entre a escada e o
restante do edifício. Existem, ainda, outros meios de modulação do fluxo de ar, obtido por variação da
velocidade do ventilador, do número de ventiladores ligados etc.

O alívio do excesso de pressão também é um sistema de compensação que pode ser obtido por
dampers barométricos, com contrapesos ajustáveis que permitem variações de abertura em função da
diferença de pressão, dampers com motores elétricos ou sistema pneumático, exaustores etc.

O ponto de captação de ar do sistema de pressurização deve estar afastado de qualquer outra saída
de exaustores, de aberturas de shafts, de casas de máquinas ou qualquer outra abertura do edifício que
possa expelir fumaça para o exterior.

Em qualquer sistema de pressurização, existe a possibilidade de retroalimentação da fumaça


pela sua captação no exterior. Assim, um dispositivo de segurança que feche a abertura de
captação de ar deve ser instalado nesse sistema para evitar uma eventual invasão do espaço da
escada pela fumaça.

Os ventiladores utilizados na pressurização podem ser de vários tipos e devem ser considerados os
critérios para sua escolha, que é feita em função do custo e das características do sistema de pressurização
e de outros aspectos como altura do edifício, condições climáticas do local etc.

4.4.9 BS 5588 Part 4 – Code of practice for smoke control in protected escape routes
using pressurization

A norma BS 5588: Part 4 (British standard – fire precautions in the design and construction of
buildings. Part 4. Code of practice for smoke control in protected escape routes using pressurization)
determina a utilização dos seguintes tipos de sistemas de pressurização de rotas de fuga verticais:
78
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

• método de pressurização apenas das escadas;

• método de pressurização das escadas e toda ou parte da rota de fuga horizontal.

O primeiro sistema visa proteger apenas o espaço que forma a rota de fuga vertical. Só é adequado
em edifícios em que o controle da fumaça não é necessário nos setores horizontais da rota de fuga em
cada pavimento. Geralmente, é empregado em prédios em que a caixa de escada é acessada diretamente
de espaços ocupados ou por meio de um hall simples. Este hall não deve conter acesso para elevadores
ou outros cômodos, como banheiros, que possam se constituir em áreas de perda significativa de pressão.

Uma antecâmara simples, que pode ser exigida para complementar a segurança das escadas, pode
ser útil na contenção da redução da pressurização ocasionada pela abertura de portas. Nesse caso, a
antecâmara não deve ser ventilada, pois será pressurizada em consequência da pressurização da escada,
podendo conter a entrada da fumaça na escada.

O segundo método pode ser empregado em qualquer edifício em que existam rotas de fuga
horizontais protegidas e que não sejam as antecâmaras citadas no método 1. A pressurização pode ser
feita também na antecâmara e, em alguns casos, nos corredores que são extensão dessa antecâmara.

Esse arranjo mais completo, que corresponde ao segundo método, leva a proteção de toda rota de
fuga até o compartimento em que o incêndio pode estar ocorrendo. E o efeito de perda da pressurização
devido a aberturas de portas será sentido apenas localmente.

A pressurização das escadas e antecâmaras deve ser feita separadamente. Se a última apresentar
interligações com outros espaços, deve haver um sistema de suprimento de ar para pressurização
independente do sistema da escada. A pressurização da antecâmara deve ser igual ou um pouco inferior
à pressurização das escadas (a diferença não pode ser inferior a 5 Pa).

A pressurização pode ser realizada, adicionalmente, em áreas de circulação horizontal protegidas.


Para tanto, um sistema independente de suprimento de ar para pressurização deve ser projetado para
esses corredores, e a pressão nesses locais deve ser igual ou pouco abaixo daquela da antecâmara em
comunicação com a escada, mas nunca inferior 5 Pa.

Segundo a norma BS 5588: Part 4, os componentes determinados para o sistema de pressurização são:

• um suprimento de ar mecânico, dirigido diretamente a cada espaço pressurizado (por exemplo,


escada, antecâmara ou corredor);
• aberturas para escape de ar de cada área pressurizada;
• uma abertura para escape de ar da área ocupada do edifício.

Todos esses três componentes devem ser projetados e especificados adequadamente. Cada
componente irá depender do nível de pressurização requerida, que deve ser o primeiro parâmetro a ser
definido no projeto.
79
Unidade II

A diferença de pressão pode ser obtida por meio de duas formas: o sistema de um estágio e o
sistema de dois estágios.

No sistema de um estágio, a pressurização é aplicada somente quando um incêndio ocorre, e o


sistema de dois estágios mantém uma pressurização a níveis mínimos no uso normal do edifício, que
é aumentada para a pressão de operação de emergência quando ocorre o incêndio.

A pressurização para operação de emergência é a mesma para os dois sistemas e depende apenas da
altura e posição do prédio. A pressurização reduzida para o sistema de dois estágios também depende
da altura e posição do edifício.

Segundo a norma BS 5588: Part 4, o nível de pressão utilizado para o projeto de qualquer espaço
pressurizado não deve ser inferior a 50 Pa, com todas as portas de comunicação fechadas. A diferença
de pressão entre uma escada e o hall (ou corredor) não deve ser superior a 5 Pa (5N/m2). A relação entre
área e pressão é dada pela seguinte fórmula:

Q = 0,827 x A x P1/N

As representações são as seguintes:

Q: fluxo de ar (m3/s)
A: área pressurizada (m2)
P: diferencial de pressão (Pa)
N: índice que varia entre 1 e 2.

Para áreas de fresta grandes como as de portas e de outras grandes aberturas, o valor adotado para
N pode ser 2, mas para frestas menores, formadas por áreas ao redor de janelas, é preciso considerar
para N o valor de 1,6.

Tabela 11 – Nível de pressurização

Nível de pressurização (Pa)


Altura do edifício Operação reduzida (estágio 1 de
Operação de emergência sistema de dois estágios)
Até 12,0 m ou com subsolo 50 8
acima de 12,0 m 50 15

4.4.10 Sistema de controle de fumaça em shafts de elevadores

O shaft de elevadores é, comprovadamente, um grande propagador de calor e de gases quentes


do incêndio para pavimentos superiores, pois normalmente as portas dos andares de elevadores não
são corta-fogo e existe uma abertura da parte superior do shaft que permite o movimento do ar no
seu interior, causando o efeito chaminé. Além disso, quase nunca o hall de elevadores compõe um
compartimento protegido da ação do incêndio no pavimento.
80
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

Vários métodos para correção desse problema têm sido considerados, entre eles:

• a exaustão do pavimento de incêndio;

• a pressurização do hall de elevadores;

• a construção de halls de elevadores estanques à fumaça;

• a pressurização do shaft de elevadores.

Saiba mais

Para mais informações sobre o assunto, leia: CAMILLO JR., A. B. Manual


de prevenção e combate a incêndio. 10. ed. São Paulo: Senac, 2008.

Esses métodos têm sido empregados, separadamente ou em conjunto, para prevenir a expansão
da fumaça nos shafts de elevadores. No entanto, sua aplicação deve ser avaliada caso a caso em cada
projeto, devido às várias decisões que podem comprometer o sistema.

Os elevadores de emergência, que têm a finalidade de alcançar rapidamente o local de salvamento


de pessoas ou do combate ao fogo, devem ficar no interior de uma área protegida dos efeitos do
incêndio, ter condições de operação em caso de emergência, com controle pelo interior da cabine e
sistema alternativo de fornecimento de energia para funcionamento.

D. E.
9 10 11 12 13 14 15 16 PCF

8
7 6 5 4 3 2 1
Antecâmara

0,30m

D. S.

Elevador Elevador Elevador de


comum comum emergência

PCF

Figura 22 – Exemplo de localização de elevador de emergência em antecâmara ventilada por dutos

81
Unidade II

Porta
corta-fogo
Shaft de
elevadores
Portas corta-
fumaça
deslizantes Hall de
Pressão (+) elevadores

Figura 23 – Exemplo de shaft e hall de elevadores pressurizados

Resumo

Estudamos nesta unidade muitos conceitos para elaboração do plano


de emergência, quais os aspectos que devem ser tratados e quais os
principais erros que são cometidos na elaboração desses documentos e sua
implantação. Dentro dessa elaboração, devem ser consideradas as ações de
treinamento, simulado e desenvolvido o plano de abandono da edificação,
associado ao plano de emergência projetado. O profissional que analisa tais
documentos deve desenvolver uma visão sistêmica e integrada, pois ele
precisa considerar as interfaces entre os setores produtivos da edificação,
quais são as pessoas que vão atuar na condição de um princípio de incêndio
e quais serão as ações que elas deverão conduzir para garantir a evacuação
segura dos ocupantes do prédio.

Abordamos, ainda, as medidas de apoio à evacuação da edificação,


considerando os requisitos necessários para o estabelecimento das saídas
de emergência, a extensão das rotas de fuga, degraus e patamares,
dimensionamento das escadas de incêndio e seus principais tipos, a
sinalização de emergência aplicada à segurança da edificação e seus
aspectos funcionais mais relevantes.

Por fim, foi exposta uma das medidas de apoio à evacuação que pode
trazer grande contribuição, que é o controle de movimentação de fumaça.
Associa-se às medidas expostas anteriormente, pois trata da configuração
de escadas, compartimentação de ambientes e sistemas de ventilação, que
têm por finalidade prover condições de evacuação segura para os ocupantes
do prédio.

82
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS E EXPLOSÃO

Exercícios

Questão 1. (CESGRANRIO 2011) Os critérios básicos para seleção de candidatos a brigadistas devem
atender a requisitos estabelecidos. A NBR 14276 – Programa de Brigada de Incêndio – estabelece alguns
desses requisitos, EXCETO o de:

A) Permanecer pelo menos 50% do tempo na edificação.

B) Possuir experiência anterior como brigadista.

C) Possuir robustez física e boa saúde.

D) Possuir bom conhecimento das instalações.

E) Ser alfabetizado.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: o brigadista deve permanecer na edificação durante seu turno de trabalho.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: todas as empresas, condomínios e estabelecimentos comerciais legalmente constituídos,


ao contratar o brigadista de incêndio, devem exigir que ele tenha experiência anterior como brigadista.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o brigadista precisa ter boa condição física e boa saúde.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: possuir bom conhecimento das instalações, devendo ser escolhidos preferencialmente
os funcionários da área de utilidades, elétrica, hidráulica e manutenção geral.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: é necessário ter responsabilidade legal e ser alfabetizado.

83
Unidade II

Questão 2. (TRF 2010, adaptada) Em uma checagem dos equipamentos de segurança contra
incêndio de um Tribunal, um técnico da Área de Segurança e Transporte constatou e anotou as
seguintes situações:

I – As portas corta-fogo das saídas de emergência estavam abertas, no sentido das rotas de fuga,
ficando livre a passagem das rotas para a saída dos ocupantes em caso de incêndio, sem obstruções
nessas rotas, que possuem largura de 1,20 metro.

II – Os pontos de iluminação de emergência possuíam central com bateria, que estava em


funcionamento, porém tal central não estava em local com vigilância permanente 24 horas por dia.

III – A área destinada ao gerador de energia, este de pequeno porte, estava protegida por quatro
extintores de espuma mecânica, devidamente sinalizados e com altura de fixação máxima de 1,60 metro.

IV – O sistema de alarme de incêndio estava com as botoeiras de acionamento sinalizadas, com


sirenes para cada botão acionador e segurança a cada 24 horas na central de alarme, em esquema de
revezamento, havendo alternância das pessoas.

V – Os extintores de incêndio estavam localizados a cada 20 metros no interior da edificação,


devidamente sinalizados e com altura de fixação máxima de 1,60 metro.

VI – Os hidrantes estavam desobstruídos e sinalizados, pintados na cor vermelha, trancados para


evitar atitudes negligentes de terceiros, sendo que todos os seguranças e brigadistas da edificação
possuíam as cópias das chaves.

De acordo com as medidas e normas de segurança contra incêndio, são corretas as situações
dispostas apenas em:

A) IV, V e VI.

B) I, II e V.

C) I, III e IV.

D) II, IV e V.

E) III, IV e VI.

Resolução desta questão na plataforma

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