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ESPAÇOCORES

Universidade de Brasília | FAU | Introdução ao Trabalho Final de Graduação - Plano de Trabalho | Mariana Freitas - 10.01922 | Orientador Joe Rodrigues
ESPAÇOCORES
espaço de convívio e reintegração social
SUMÁRIO

tema de projeto 11 materiais:49


espaço de convívio e diretrizes projetuais 54
reintegração social 11
existência de pátios internos 54
tipos de tratamentos 12
preservação da orla do lago 56
o que é dependência química? 12
incentivo à arte 56
um testemunho sobre as drogas... 13
microplano diretor de ocupação 57
política nacional sobre drogas 15
programa de necessidades 58
conceito presente no projeto 17
demanda58
um breve histórico... 17
rdc n° 29 – jun/2011 58
o lugar 20
programa  59
mas por que a orla do lago? 20
fontes61
o terreno 22
referências bibliográficas 63
estudos de caso 32
creche benetton, alberto campo baeza,
200632
a igreja sobre a água, yufutsu,
hokkaido, tadao ando, 1988. 35
referências arquitetônicas 40
arquitetura e natureza: 40
parque barigui, curitiba, brasil, lubomir
ficinski.43
arquitetura e forma: 46
LISTA DE FIGURAS

Figura 01.  Bryan Lewis sob efeito de: xanax, <http://www.lugaresesquecidos.com.br/> acesso em 10 Figura 16.  Marcação inicial do terreno e indicação dos
cogumelos, maconha, morfina, respectivamente. setembro 2013 22 dois acessos existentes. (A=51960m2) Disponível em
Disponível em <http://bryanlewissaunders.org/> <http://maps.google.com.br/> acesso em
acesso em 02 outubro 2013 14 Figura 09.  Localização do terreno. Setor de Clubes 29 setembro 2013 e acervo pessoal 29
Norte, próximo ao Centro Olímpico da UnB. Disponível
Figura 02.  Bryan Lewis sob efeito de: cocaína, PCP, em <http://maps.google.com.br/> acesso em 29 Figura 17.  Incidência solar no terreno. Inclinação
coquetel de remédios e crystalmeth, respectivamente. setembro 2013 23 de 35º em relação ao Norte. Cartas solares obtidas
Disponível em <http://bryanlewissaunders.org/> através do programa SOL-AR 29
acesso em 02 outubro 2013 14 Figura 10.  Poligonal do Parque Urbano Enseada Norte
determinada pelo IBRAM. Disponível em <http://www. Figura 18.  Croqui unindo as vias existentes. Acervo
Figura 03.  Bryan Lewis sob efeito de: valium ibram.df.gov.br/> acesso em 27 setembro 2013 24 pessoal29
(primeira e segunda gravura), ambien e percocet,
respectivamente. Disponível em <http:// Figura 11.  Ruínas da antiga escola de guerra Figura 19.  Projeto de Márcio Villas Boas para o Centro
bryanlewissaunders.org/> acesso em 02 outubro 2013 da Marinha. Disponível em <http://www. Olímpico da Universidade de Brasília. Disponível em
14 lugaresesquecidos.com.br/> acesso em 10 setembro <http://unb.br> acesso em 17 novembro 2013 30
201324
Figura 04.  Bryan Lewis sem utilizar droga alguma. Figura 20.  Perspectiva do projeto para o CO.
Disponível em <http://bryanlewissaunders.org/> Figura 12.  Marcas do abandono. Disponível em <http:// Disponível em <http://unb.br> acesso em 17
acesso em 02 outubro 2013 14 www.lugaresesquecidos.com.br/> acesso em 10 novembro 2013 30
setembro 2013 24
Figura 05.  Bryan Lewis dando palestra. Disponível Figura 21.  Eixos estruturantes do projeto. Os eixos
em <http://bryanlewissaunders.org/> acesso em 02 Figura 13.  Distância entre Terreno-Centro Olímpico: transversais possibilitam a divisão de setores na área
outubro 2013 14 1000 metros. Disponível em <http://maps.google.com. de projetação. Disponível em <http://maps.google.
br/> acesso em 29 setembro 2013 e acervo pessoal 25 com.br/> acesso em 17 novembro 2013 e acervo
Figura 06.  Margens do Lago Paranoá. O convívio com o pessoal31
bucólico e o horizonte. Disponível em <http://flickr. Figura 14.  Distância entre Terreno-Hospital
com/photos/pedrodiasbs/> acesso em 05 Universitário: 2150 metros. Disponível em <http://maps. Figura 22.  Incidência solar na área. Cartas solares
outubro 2013 21 google.com.br/> acesso em 29 setembro 2013 obtidas através do programa SOL-AR 31
e acervo pessoal 26
Figura 07.  Contemplação do lago. Reflexão pessoal. Figura 23.  Pátio gramado. Liberdade para as crianças
Disponível em <http://flickr.com/photos/pedrodiasbs/> Figura 15.  Distância entre Terreno-Uiversidade de e contato com a natureza. Disponível em
acesso em 05 outubro 2013 21 Brasília: 1500 metros. Disponível em <http://maps. <http://www.archdaily.com/> acesso em 10
google.com.br/> acesso em 29 setembro 2013 e setembro 2013 33
Figura 08.  Panorâmica das ruínas. Local abandonado acervo pessoal 27
contemplado com uma bela vista. Disponível em Figura 24.  Pátio de madeira. Conforto e segurança
para as crianças. Disponível em
<http://www.archdaily.com/> acesso em 10 Figura 33.  Mobiliário de madeira. Disponível em <http://www.archdaily.com/> acesso em 03 outubro Figura 49.  Mistura de texturas, jogo de sensações van-der-rohe-casa-lemke/> acesso em 05 outubro 2013
setembro 2013 33 <http://silhuetaarquitetonica.wordpress.com/> 201341 do arquiteto. O tijolinho aparente torna a casa mais 53
acesso em 04 setembro 2013 37 aconchegante e ainda remete ao estilo rústico.
Figura 25.  Fachada principal. Volume inspirado na Figura 42.  Vista superior do parque. Marcação do Disponível em <http://arquitetandonanet.blogspot. Figura 56.  Planta baixa esquemática - Corredores
caixa do Pequeno Príncipe. Disponível em Figura 34.  Os visitantes entram num cubo de aço e trajeto de caminhada e corrida. Disponível em com.br/> acesso em 05 outubro 2013 47 extensos fadigam e geram isolamento.
<http://www.archdaily.com/> acesso em 10 setembro vidro, que abriga quatro cruzes de concreto, orientando <http://www.curitiba-parana.net/> acesso em 13 Acervo pessoal 54
201333 a vista para cima. Disponível em <http://www. novembro 2013 43 Figura 50.  Varanda com cobertura metálica. Mistura
archdaily.com/> acesso em 04 setembro 2013 37 de texturas e materiais no piso. Disponível em <http:// Figura 57.  Perspectiva de pavilhões paralelos com
Figura 26.  Planta baixa. Disponível em <http://www. Figura 43.  Vista aérea do parque e do bairros arquitetandonanet.blogspot.com.br/> acesso em 05 corredores extensos. Pessoas isoladas.
archdaily.com/> acesso em 10 setembro 2013 34 Figura 35.  Cortes - Iluminação natural. Disponível em Champagnat e Cascatinha. Disponível em outubro 2013 48 Acervo pessoal 54
<http://www.archdaily.com/> acesso em 04 setembro <http://www.curitiba-parana.net/> acesso em 13
Figura 27.  Corte por ambientes. Disponível em 201338 novembro 2013 43 Figura 51.  Interior em contato direto com o exterior. Figura 58.  Planta baixa esquemática - quartos voltados
<http://www.archdaily.com/> acesso em 10 Transparência e liberdade. Disponível em <http:// para pátios internos. Solução promove convívio entre
setembro 2013 34 Figura 36.  Croqui - Perspectiva. Disponível em Figura 44.  Ginástica no parque. Disponível em arquitetandonanet.blogspot.com.br/> acesso em 05 os pacientes. Acervo pessoal 55
<http://www.archdaily.com/> acesso em 04 <http://www.curitiba-parana.net/> acesso em 13 outubro 2013 48
Figura 28.  Croqui dos ambientes. Disponível em setembro 2013 39 novembro 2013 44 Figura 59.  Perspectiva - pátio interno e interação entre
<http://www.archdaily.com/> acesso em 10 Figura 52.  Integração da construção com a natureza. as pessoas. Acervo pessoal 55
setembro 2013 34 Figura 37.  Croquis - Corte esquemático e vista do altar. Figura 45.  Espaço para o idoso. Os equipamentos são Promove a privacidade em seu interior transparente.
Disponível em <http://www.archdaily.com/> acesso utilizados também por pessoas de todas as idades. Disponível em <http://arquitetandonanet.blogspot. Figura 60.  Orla do lago preservada. Local para reflexão
Figura 29.  Croqui corte - Insolação. Disponível em em 04 setembro 2013 39 Disponível em <http://www.curitiba-parana.net/> com.br/> acesso em 05 outubro 2013 48 e contato com a natureza. Acervo pessoal 56
<http://www.archdaily.com/> acesso em 10 setembro acesso em 13 novembro 2013 44
201334 Figura 38.  Perspectiva da fachada principal. Figura 53.  As cores e os materiais diversos tornam o Figura 61.  Planta baixa esquemática - esculturas no
Interação entre a edificação e a natureza. Paisagismo Figura 46.  Os animais ficam soltos e convivem com ambiente mais descontraído e agradável. Disponível decorrer dos caminhos. Contato com a arte. Acervo
Figura 30.  Parede sólida que circunda a Igreja, aconchegante, acolhedor. Disponível em <http://www. os usuários do parque. Disponível em <http://www. em <http://www.archdaily.com/> acesso em 03 pessoal56
gerando surpresa ao atravessá-la. Marca do arquiteto. archdaily.com/> acesso em 03 outubro 2013 40 curitiba-parana.net/> acesso em 13 novembro 2013 44 outubro 2013 49
FURUYAMA, Masao. Tadao Ando. São Paulo: Martins Figura 62.  Perspectiva - contato com a natureza e com
Fontes, 1997. 36 Figura 39.  Pátio interno com abertura zenital. Figura 47.  Interação arquitetura x natureza. Disponível Figura 54.  Casa Lemk. Aconchego resultante dos a arte. Acervo pessoal 56
Aconchego e contato com a natureza. Disponível em em <http://www.curitiba-parana.net/> acesso em 13 tiojolos e da natureza ao seu redor. Disponível em
Figura 31.  Espelho d’água sobre o qual a igreja <http://www.archdaily.com/> acesso em 03 outubro novembro 2013 45 <http://tecnne.com/arquitetura/mies-van-der-rohe-
“flutua”. Disponível em <http://silhuetaarquitetonica. 201340 casa-lemke/> acesso em 05 outubro 2013 53
wordpress.com/> acesso em 04 setembro 2013 36 Figura 48.  Jacaré de papo amarelo famoso no parque.
Figura 40.  Maquete física. Disponível em <http://www. Até hoje não foi registrada nenhuma ocorrência. Figura 55.  Aberturas voltadas para o quintal.
Figura 32.  Altar/cruz sobre a água. Representa archdaily.com/> acesso em 03 outubro 2013 40 Disponível em <http://www.curitiba-parana.net/> Disponível em <http://tecnne.com/arquitetura/mies-
o sublime, o poder divino. Disponível em <http:// acesso em 13 novembro 2013 45
silhuetaarquitetonica.wordpress.com/> acesso em 04 Figura 41.  Implantação. Nota-se a quantidade de
setembro 2013 37 abertura para os pátios internos. Disponível em
TEMA DE PROJETO

espaço de convívio e Com isso, desenvolve-se também um novo Será criado também um parque ao redor
reintegração social olhar para o paradigma das pessoas com da clínica, onde as pessoas poderão fazer
problemas de saúde. caminhadas ou praticar corridas, fazer
Tem como objetivo principal o acolhimento atividades ao ar livre e ter contato direto
Um espaço bucólico, bonito, onde
de dependentes químicos. Não visa apenas com a natureza. Futuramente, quando
abrigará atividades que envolvam o bem
o seu tratamento, mas também sua os pacientes estiverem em um nível de
estar pessoal. Alunos e professores de
reintegração à sociedade e reestruturação tratamento e melhora avançados, poderão
universidades também poderão colaborar
pessoal. também frequentar o parque.
para o funcionamento do espaço, dando
As comunidades terapêuticas oferecem palestras e oficinas aos residentes. Não
ambientes de convívio livre das drogas e será apenas um espaço de convívio,
oportunidades de adotar novos hábitos de também poderá ser considerado uma
vida. escola. Não só para os pacientes, mas
também para os estudantes e professores,
É comum os adictos serem taxados pois estes participarão de um estágio de
negativamente na sociedade, serem como lidar com seres humanos escravizados
olhados com indiferença por grande pelo vício.
parte das pessoas e, consequentemente,
excluídos de seus meios sociais. Como Uma clínica pública com investimentos do
dito acima, essa exclusão atinge não Estado. É o início de uma conscientização. O
somente aos dependentes químicos, mas local, porém, será também autossuficiente,
também às suas famílias. Levando em onde os alimentos poderão ser plantados no
consideração estes fatos negativos, busca- próprio terreno, e produtos desenvolvidos
se a criação de um local bucólico e bonito, nas oficinas servirão para manutenção do
onde seu vício possa ser tratado, suas espaço.
relações interpessoais serem trabalhadas, Um lugar neutro e confiável onde os
reaprender a conviver com as pessoas e pacientes podem conhecer gente nova
também a confiar, juntamente de atividades e aprender a “ver o outro” a partir da
educativas. Neste espaço, os familiares convivência.
também serão acolhidos.

11
TIPOS DE TRATAMENTOS

o que é dependência química? “falta de vergonha na cara” ou um problema Segundo as estatísticas do CAPS-AD III um testemunho sobre as drogas... “Depois de passar por drásticas
moral.3 (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e mudanças em meu ambiente, procurei
A “dependência” de qualquer substância outras Drogas - Rodoviária), até o segundo Bryan Lewis é mais conhecido no mundo por experiências que pudessem afetar
O convívio com o dependente faz com que
psicoativa, ou seja, qualquer droga que trimestre do ano de 2013, foram feitos artístico por suas poesias, porém um dos profundamente minha percepção do
os familiares adoeçam emocionalmente,
altere o comportamento e que possa causar aproximadamente 4043 atendimentos a seus projetos vêm ganhando muita atenção: ser. Então inventei um experimento no
sendo necessário que o familiar também
dependência (álcool, maconha, cocaína, dependentes químicos só no Plano Piloto. ele decidiu fazer auto retratos sobre a qual todo dia eu tomava uma droga
se trate, e, ao mesmo tempo, receba
crack, medicamentos para emagrecer à Destes 4043, apenas 1108 foram acolhidos. influência de vários tipos de drogas. diferente e desenhava a mim mesmo
orientações a respeito de como lidar
base de anfetaminas, calmantes indutores O que justifica este desfalque, segundo a sob seu efeito. Em algumas semanas
com o dependente, como lidar com seus O seu projeto de fazer um auto retrato por
de dependência ou “tarja preta”, etc.). A direção geral do CAPS-AD III, é a dificuldade me tornei letárgico e sofri dano cerebral
sentimentos em relação ao dependente, dia já rolavam desde 1995 e somente em
dependência se caracteriza por o indivíduo de acesso às comunidades terapêuticas moderado. Ainda estou conduzindo
o que fazer, o que não fazer, e sobre como 2000 foi que Bryan decidiu usar drogas
sentir que a droga é tão necessária para alguns usuários, tendo em vista que esse projeto, mas ao longo de maiores
proteger a si e aos demais membros da para desenhar sobre a influência delas.
em sua vida quanto alimento, água, muitas localizam-se em outras regiões períodos de tempo”. LEWIS, Bryan.
família de problemas emocionais causados Isso ocorreu depois que várias fatalidades
repouso, segurança, dentre outros fatores administrativas.
pela doença do dependente.4 atingiram a sua vida, uma amiga morreu
importantes.1 Estes dados mostram que a demanda
É uma doença crônica incurável, porém em um incêndio, outro tentou se matar e ele
“Química” se refere ao fato de que o que de centros de reabilitação é alta, tendo teve que retirar metade de um dos pulmões.
tratável. Apesar de nunca mais poder usar
provoca a dependência é uma substância em vista que os usuários de substâncias Após o convite de um amigo para fazer
álcool ou outras drogas de maneira “social”
química. O álcool, embora não seja uma psicoativas é bastante elevado. uma escalada em meio a natureza, Bryan
ou “recreativa”, da mesma maneira que um
droga ilícita, é uma droga tão ou mais diabético nunca vai poder comer açúcar finalmente começou a se recuperar de suas
poderosa em causar dependência em em quantidade, o dependente, se aceitar tristezas e se viu novamente pertencente
pessoas predispostas quanto qualquer e realmente se engajar no tratamento, a esse mundo de hoje. Depois de um surto
outra droga ilícita ou não.2 pode viver muito bem sem a droga e sem psicótico de um amigo, Bryan teve epifania
as consequências da dependência ativa. incrível onde ele decidiu que tomaria vários
A Organização Mundial de Saúde reconhece
É importante notar que qualquer avanço, tipos de drogas para expressar a influência
as dependências químicas como doenças.
em termos de recuperação, depende de um que elas têm sobre a percepção dele
Uma doença é uma alteração da estrutura
real e sincero desejo do paciente: ninguém mesmo.6
e funcionamento normal da pessoa,
que lhe seja prejudicial. Ao contrário do “trata” o dependente se ele não quiser se
que a sociedade preconceituosa pensa, tratar.5
dependência química não é simplesmente

12 13
política nacional sobre drogas implementar ações propostas pela com o objetivo de ampliar, articular e
Política Nacional sobre Drogas, com fortalecer as redes sociais, visando
Foi aprovada em Outubro de 2005 através ênfase para aquelas relacionadas ao desenvolvimento integrado de
da Resolução n°3, pelo Conselho Nacional aos capítulos da PNAD: prevenção, programas de promoção geral à saúde e
Antidrogas. tratamento e reinserção social, redução de prevenção.8
de danos, redução da oferta, estudos e
Alguns dos pressupostos da Política são: A criação desta Política Nacional sobre
pesquisas.7
Drogas possibilita a manutenção do Espaço
• Buscar, incessantemente, atingir o Duas diretrizes da Política que também se de Convívio proposto. Além do trabalho local
ideal de construção de uma sociedade adequam ao projeto proposto seriam: voltado para seu próprio uso e consumo, o
protegida do uso de drogas ilícitas e do Fundo Antidrogas também participa de seus
Figura 01.  Bryan Lewis sob efeito de: xanax, cogumelos, maconha, morfina, respectivamente.

uso indevido de drogas lícitas. • Garantir aos pais e/ou responsáveis,


cuidados.
representantes de entidades
• Tratar de forma igualitária, sem governamentais e não-governamentais,
discriminação, as pessoas usuárias ou iniciativa privada, educadores, religiosos,
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas. líderes estudantis e comunitários,
• Garantir o direito de receber tratamento conselheiros estaduais e municipais
adequado a toda pessoa com problemas e outros atores sociais, capacitação
decorrentes do uso indevido de drogas. continuada sobre prevenção do uso
indevido de drogas lícitas e ilícitas,
• Garantir a implantação, efetivação objetivando engajamento no apoio
Figura 02.  Bryan Lewis sob efeito de: cocaína, PCP, coquetel de remédios e crystalmeth, respectivamente. Figura 04.  Bryan Lewis sem utilizar droga alguma.
e melhoria dos programas, ações e às atividades preventivas com base
atividades de redução da demanda na filosofia da responsabilidade
(prevenção, tratamento, recuperação e compartilhada.
reinserção social) e redução de danos,
levando em consideração os indicadores • Promover, estimular e apoiar a
de qualidade de vida, respeitando capacitação continuada, o trabalho
potencialidades e princípios éticos. interdisciplinar e multiprofissional, com
a participação de todos os atores sociais
• Garantir dotações orçamentárias envolvidos no processo, possibilitando
permanentes para o Fundo Nacional que esses se tornem multiplicadores,
Figura 03.  Bryan Lewis sob efeito de: valium (primeira e segunda gravura), ambien e percocet, respectivamente. Figura 05.  Bryan Lewis dando palestra. Antidrogas - FUNAD, a fim de

14 15
CONCEITO PRESENTE NO PROJETO

MAS O QUE É O FUNDO ANTIDROGAS? de serviços de acolhimento deve estar O projeto se desenvolverá em “E ENTÃO VEIO A DÚVIDA: PRÓXIMO OU Foucault (1991) aponta que no final da
limitada a até 50% da capacidade de três subdivisões: laboral, saúde e DISTANTE DO MEIO URBANO? Idade Média a lepra desapareceu no mundo
O Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD) é ocupação da entidade, não ultrapassando espiritualidade. ocidental, ele se refere ao ocidente acima
gerido pela Secretária Nacional de Políticas 60 vagas. O período máximo de internação do Equador, mais especificamente à Europa.
1. O laboral envolverá o exercício, o
sobre Drogas (SENAD). Seus recursos para garantir o auxílio do Fundo Antidrogas Foi a Igreja da época das Cruzadas que
é de 12 meses.10
reaprendizado, onde o usuário perceberá ALIÁS, DE ONDE SURGIU ESSA “OBRIG- criou os leprosários, procurando atender
são constituídos de dotações específicas que ainda pode ser produtivo. Envolverá AÇÃO” DE SEREM DISTANTES?” à miséria dos milhares de leprosos que,
estabelecidas no orçamento da União, Além das exigências feitas aos serviços também o trabalho. É onde ficará a
de doações, de recursos de qualquer expulsos da comunidade, vagavam pelas
de acolhimento, as entidades associadas conexão de serviços, pátio de trabalho,
bem de valor econômico, apreendido estradas, mendigando.13
devem também atender à demanda de parte de agricultura, dentre outros.
em decorrência do tráfico de drogas de paciente, a partir de 12 anos, em espaços Envolverá também a diversão. um breve histórico... A criação destes abrigos serviu para
abuso ou utilizado em atividades ilícitas de físicos separados por sexo.11 agregar e ao mesmo tempo garantir a
produção ou comercialização de drogas, 2. A saúde englobará a parte médica,
Tudo começou na Europa, nos abrigos para segregação dos leprosos. Eram levados aos
após decisão judicial ou administrativa O convênio entre as comunidades os atendimentos por psicólogos,
pessoas portadoras da hanseníase. leprosários sob forma de punição de Deus,
tomada em caráter definitivo. terapêuticas e o Fundo Nacional Antidrogas psiquiatras, dentre outros profissionais
Desde a disseminação dos antigos para que pagassem pelo pecado cometido,
surgiu a partir da Política Antidrogas, gerida dessas áreas.
Os recursos da FUNAD, em síntese, leprosários europeus na Idade Média, que assim a Igreja lhes garantia a misericórdia
pela Lei n° 11.343.
são destinados ao desenvolvimento, à 3. Já a espiritualidade abrangerá a divina.14
posteriormente passaram a pertencer,
implementação e à execução de ações, consciência, a reflexão, meditação.
por herança histórica, aos insanos, que Na alta Idade Média, os leprosários tinham
programas e atividades de repressão, Nem sempre a pessoa tem um vínculo
a hanseníase e a “loucura” vivem na se multiplicado em toda a Europa, chegando
de prevenção, tratamento, recuperação espiritual, mas pode ter um vínculo com
instituição do asilamento. Juntamente a haver 19.000 deles. Por volta do final do
e reinserção social de dependentes de sua consciência. É a contemplação de
destas duas condições de saúde, entra século XVII, já não havia mais o mesmo
substâncias psicoativas.9 si mesmo. É onde entrará o ar puro, o
a doença da dependência química. A número de pacientes. Estas casas de
visual bonito, os espaços individuais e
O Fundo Antidrogas do DF trabalha em história destas doenças nos traz subsídios tratamento e suas estruturas, que ficavam
coletivos. É onde a questão bucólica será
conjunto com os serviços de acolhimento, para algumas reflexões no sentido de cada vez mais vazias, passavam a ser
trabalhada. E foi aí que entrou a escolha
os quais são destinados a pessoas com procurar compreender o que denominamos destinadas a outros fins.
do terreno...
transtornos decorrentes do uso/abuso ou de instituição do asilamento, e quais os
Dois séculos depois do desaparecimento
dependência de substâncias psicoativas. reflexos que existem ainda hoje na práticas
da lepra, as estruturas dos leprosários
e políticas de atenção à saúde.12
Segundo o Edital de Chamamento Público seriam novamente ocupadas; agora pelos
n° 001/2013 – SENAD/MJ, a disponibilidade vagabundos, presidiários, pobres e as

16 17
“cabeças alienadas”, como denominou Lilia Ferreira Lobo, em seu livro “Os Infames intitulado “Esterilização dos deficientes das figuras comuns da pobreza, antes tão especializados. A referência mais antiga esmolar pelas ruas” (p.129). Durante muito
Foucault (1991).15 da história”, relata sobre os essas pessoas e dos degenerados”. Acreditavam que familiares ao mundo medieval. O marco que se pôde encontrar está em “Fidalgos tempo, os serviços médicos nos leprosários
excluídas no Brasil, variando desde o século as características indesejadas eram da criação dos grandes asilos, apontado e filantropos”, de Russel-Wood. Trata-se eram ainda mais raros do que nos hospitais
No final do século XV, a lepra foi substituída
XV ao século XX. Segundo Lilia, os asilados transmitidas geneticamente. por Foucault, é 1656, quando foi criado em da construção conhecida como “casinhas comuns. A mesma situação caracterizou,
inicialmente pelas doenças venéreas.
tratam-se daquelas frágeis existências reais Paris o Hospital Geral: “trata-se de recolher, de doudos”, em 1706, de iniciativa da mais tarde, as separações nos asilos de
Tiveram, num primeiro momento, O banimento do território do Reino para as
que pouco falaram por si e que viveram alojar, alimentar aqueles que se apresentam Santa Casa de Salvador, cujos guardiães inválidos, velhos e portadores de doenças
um cuidado médico, não sofrendo a colônias seria de início a concretização do
como aleijados, paralíticos, deformados, de espontânea vontade, ou aqueles que eram carregadores que “também ficavam crônicas, como também considerados
exclusão social, mesmo ocorrendo ideal de correção e limpeza das cidades.
doentes, mentecaptos, alienados ou débeis para lá são encaminhados pela autoridade alojados nessa parte da Misericórdia” incuráveis, conforme Sérgio França Adorno
epidemiologicamente em grande expressão. Ele não se compunha mais, como na Idade
mentais, cegos, surdos-mudos, enfim os que real ou judiciária. (p.217). Como, segundo o autor, não há de Abreu e Myriam Mesquita Pugliese de
A doença venérea tornou-se constituída de Média, quase exclusivamente de leprosos,
foram considerados inválidos e incapazes registros sobre esse asilo, pode-se apenas Castro (“A arte de administrar a pobreza”,
preconceito e isolamento social somente que afinal já haviam desaparecido do Bem antes do uso dos grandes asilos
de toda espécie.19 supor que fossem celas onde os loucos 1987, p.101-9).26
no século XVII, na Europa, se integrando ao Ocidente em consequência da própria para recolher essa massa de desvalidos
ficavam trancafiados. Quanto aos leprosos,
lado da loucura, por herança da lepra, em Diversas interpretações da teoria de segregação ou, talvez, do fim das Cruzadas e delinquentes, estabelecimentos que Sendo equiparada à loucura, à lepra e
o primeiro estabelecimento foi construído
um espaço moral de exclusão.16 Darwin (1858) foram empregadas na e dos contágios com os focos orientais mantinham funções mistas de prisão, aos demais excluídos da sociedade, a
em 1737, no Rio de Janeiro, pela Irmandade
análise das sociedades humanas e dos da doença.21 Assim como a miséria era albergue e hospital, o Brasil, como todas dependência química também foi levada
No século XVII, a loucura aparece na da Candelária. Até meados do século XVIII,
indivíduos, servindo muitas vezes de santificada pela caridade medieval que não as colônias europeias, era usado como para locais distantes.
Europa enquanto um problema de saúde os leprosos no Brasil, embora evitados
base para justificar diversas formas de ousava negar-lhe hospitalidade, a lepra era depósito para indesejáveis e como lugar de
pública. Dois séculos se passaram até que pela população, não estavam sujeitos à Resumindo, os antigos leprosários eram
dominação. Não obstante já serem bem a marca da bondade e do castigo divinos – degredo para os que feriam a lei na mãe-
a loucura sucedesse a lepra em seu espaço exclusão nos lazarentos (Machado et al., utilizados para abrigar doenças que
conhecidos alguns estudos sobre a genética a oportunidade de expiação dos pecados pátria.23
de asilamento, herdando também todos os 1978, p.134-42). Como se vê, nem todas sofriam a exclusão. E foi a partir daí que
e já terem caído por terra os defensores pelo abandono e pela exclusão: a salvação
preconceitos, medos e exclusão.17 O espaço homogêneo da exclusão, as Misericórdias tinham sob seu encargo os dependentes químicos, também alvos
da herança dos caracteres adquiridos, a do leproso “pela mão que não se estende”
desocupado pelo leproso, seria ocupado a manutenção dos asilos de leprosos, o do asilamento, foram “jogados” para as
Após a primeira guerra mundial, houve a hereditariedade continuava a desempenhar (p.6). A questão nem era tão somente
aqui também pela massa indiferenciada que era o caso também da Bahia, onde os periferias. E este costume se tornou comum
teorização a respeito do uso de álcool e importante papel na explicação das causas evitar o contágio, mas isolar o pecador, pois
dos considerados perturbadores da ordem leprosos eram abrigados pela Irmandade de no restante do mundo.
drogas como insanidade moral ou “doença de numerosas doenças e desvios, em todos aqueles que passaram a constituir a
social, relegada ao abandono na nova São Lázaro (Russel-Wood, 1981, p.226).25
da vontade”. Os psiquiatras voltaram-se particular das doenças mentais (alcoolismo, camada dos associais é que substituiriam A partir dessas leituras, optei por um terreno
terra.24
para o estudo do subconsciente. Iniciou o delinquência, epilepsia, esquizofrenia, os leprosos no reino da exclusão.22 O sistema de asilo aos leprosos resumiu-se inserido no meio urbano, às margens do
tratamento das neuroses do pós-guerra. A idiotia, imbecilidade).20 Embora não fosse ainda uma prática ao confinamento obrigatório dos doentes, Lago Paranoá, próximo à Universidade de
O abandono desses “novos leprosos”, no
psicologia e a bioquímica contribuíram para generalizada, o internamento de loucos considerados incuráveis, “quase sempre Brasília, evitando e quebrando o paradigma
O radicalismo na época era tanto que entanto, não significaria mais a salvação
a elaboração de programas especializados e leprosos teve início no século XVIII, à força, que preferiam fugir na primeira do isolamento.
a revista “Brasil-Médico” publicou, eterna, mas a produção de um desenho
no tratamento do alcoolismo.18 com o surgimento de poucos asilos oportunidade para viverem com a família ou
em 1912, um artigo sem assinatura estranho e socialmente irreconhecível

18 19
O LUGAR

mas por que a orla do lago? é vantajoso para os funcionários, que não diversos problemas que ele possa vir a • Os tratamentos efetivos atendem às
precisam se deslocar para tão longe para ter.) múltiplas necessidades do indivíduo,
A intenção é a inserção no meio urbano trabalhar. e não somente o uso de substâncias
• “A recaída não só é possível, como
juntamente com a quebra desse paradigma psicotrópicas.
Os fatores de risco e proteção variam nos provável. Mas lapsos ou recaídas não
de que comunidades terapêuticas precisam diferentes grupos de usuários. Os mais significam fracasso, mas que algo • PERÍODO: ao menos três meses
ser afastadas da cidade, sofrendo comuns entre eles são: a necessidade de precisa ser ajustado no tratamento”27. (segundo a maioria das pesquisas) para
asilamento como os da Idade Média citados aceitação, o desejo de experimentar, a Ou seja, é necessário a flexibilidade reduzir ou parar o uso. Como muitos
anteriormente. busca de sensações novas, etc. no programa do tratamento, tendo em desistem antes do tempo, o programa
Há um fechamento social tão grande que, vista as necessidades do paciente. O deve incluir estratégias para engajar e
São princípios gerais de tratamento:
juntamente da ausência momentânea projeto deve ter então uma variedade manter o paciente em tratamento.
de consciência, o paciente prefere a • Processo a longo prazo com múltiplas de atividades disponíveis para o bom
• TERAPIAS: as terapias comportamentais
fuga, pois é mais fácil. Isso faz com que a intervenções e monitoramento regular; andamento do tratamento.
variam e podem incluir motivação do
própria sociedade vire as costas para os • O tipo ou a combinação de tratamentos • De acordo com o National Institute of paciente, incentivos para abstinência,
dependentes químicos, o que pode leva-los varia de acordo com as necessidades Drug Abuse (NIDA): “nenhum tratamento habilidades para resistir às drogas,
a pensar que estão realmente sozinhos. individuais do paciente (tipo de é adequado para todos. O ambiente, estimular atividades prazerosas não
O rompimento deste paradigma seria substância, grau de dependência); o tipo de intervenção e os tipos de associadas ao uso de substâncias,
ao trazer uma comunidade terapêutica serviços devem ser individualizados.” melhorar as relações interpessoais, etc.28
• Os melhores programas para
Figura 06.  Margens do Lago Paranoá. O convívio com o bucólico e o horizonte.

para o meio urbano, aflorando a Portanto, este espaço de convívio e


dependência de substâncias
corresponsabilidade social com essas reintegração social será diferenciado, e
psicotrópicas oferecem combinação
pessoas. Por que não fazer com que elas priorizará a “reeducação” do paciente
de terapia e de outros serviços para se
vivenciem lugares bonitos da cidade? Ao e sua reintegração à sociedade. A
adequar às necessidades individuais dos
invés de botá-las para longe da cidade parte médica de seu tratamento será
pacientes;
como se fossem presidiários e contagiosos, individualizada.
como os temidos leprosos da Europa na -- O paciente pode ter também problemas
• O tratamento deve ser prontamente
Idade Média. de saúde, mental, ocupacional,
acessível – o que justifica a inserção do
familiar, social e legal. (E é por isso que
Essa inserção no meio urbano também projeto no meio urbano. Facilidade de
o programa de necessidades do projeto
facilita o recebimento de visitas, torna o acesso e proximidade de hospitais ou
visa abordar não só a dependência
local mais próximo aos hospitais, e também demais pontos de apoio ao programa.
química do paciente, mas também os
Figura 07.  Contemplação do lago. Reflexão pessoal.

20 21
O TERRENO

O local escolhido foi parte do atual Parque A lei que rege o Parque de Uso Múltiplo A área escolhida para o projeto aborda
de Uso Múltiplo da Enseada Norte, antiga da Enseada Norte é a Lei Complementar a área das ruínas da antiga construção
Escola Superior de Guerra da Marinha. n° 265, de 14 de Dezembro de 1999, a da Marinha, abrangendo ainda os dois
Localizado na Região Administrativa do qual dispõe sobre a criação de Parques possíveis acessos pré-existentes.
Plano Piloto (RA-I), às margens do Lago Ecológicos e de Uso Múltiplo no Distrito
Esses acessos são vindos do Iate Clube e o
Paranoá, situa-se entre o Centro Olímpico Federal.
do Centro Olímpico. Atualmente, ambos são
da Universidade de Brasília e o Iate Clube
de difícil circulação.
e possui cerca de 12 hectares. O parque foi
criado em 2006 para oferecer infraestrutura
que permita um acesso ao público na orla
do Lago Paranoá destinado ao lazer, para
atender a população carente que não
pode usufruir dos clubes que cercam o
local. Porém, desde sua criação, nenhuma
benfeitoria foi feita ao parque, e ele
continua abandonado. É chamado também
de “ruínas da UnB”.
O parque foi criado pelo decreto n°
27.472, em 06 de Dezembro de 2006.
Devido ao seu abandono, é um local
perigoso e não é aconselhável ir até lá
a sós. A escolha do terreno enseja sua
revitalização, possibilitando às pessoas
que necessitam de acolhimento um contato
maior com a natureza em um local bonito e
reestruturado, permitindo ainda que outras
pessoas possam utilizar do parque e ter
também esse contato com a natureza. Figura 08.  Panorâmica das ruínas. Local abandonado contemplado com uma bela vista.
Figura 09.  Localização do terreno. Setor de Clubes Norte, próximo ao Centro Olímpico da UnB.

22 23
O terreno é bem localizado e está próximo
à Universidade de Brasília e ao Hospital
Universitário. Tal proximidade possibilita,
além de uma interação maior entre a
Universidade e o Espaço a ser projetado,
facilidade caso haja necessidade de
encaminhar um paciente ao hospital e vice
e versa.

Figura 11.  Ruínas da antiga escola de guerra da Marinha.

Figura 13.  Distância entre Terreno-Centro Olímpico: 1000 metros.

Figura 10.  Poligonal do Parque Urbano Enseada Norte determinada pelo IBRAM. Figura 12.  Marcas do abandono.

24 25
Figura 15.  Distância entre Terreno-Uiversidade de Brasília: 1500 metros.
Figura 14.  Distância entre Terreno-Hospital Universitário: 2150 metros.

26 27
Inicialmente, propunha-se resguardar 30
metros da orla para um parque linear e fazer
a ligação direta das vias.
Além disso, previa-se trabalhar com uma
área triangular, abordando apenas a área
das ruínas da antiga Escola de Guerra, o
que limitaria muito as possibilidades de
projeto.
Estas diretrizes fragmentariam muito a área,
diminuindo a poligonal reservada para ela
segundo o projeto MAPEAR (que totaliza-se
em 12,23 hectares). Figura 16.  Marcação inicial do terreno e indicação dos dois acessos
existentes. (A=51960m2)
A ligação direta das vias e a manutenção
dos caminhos pré-existentes não
contribuiria muito para o parcelamento, e
acabaria criando espaços confusos e talvez
difíceis de trabalhar.
Levando em conta estas considerações, foi
elaborado um novo parcelamento, que será
comentado a seguir.

Figura 17.  Incidência solar no terreno. Inclinação de 35º em relação ao Figura 18.  Croqui unindo as vias existentes.
Norte.

28 29
No parcelamento atual, o sistema viário
foi feito a partir do projeto de Márcio Villas
Boas para o Centro Olímpico e da poligonal
estipulada pelo projeto MAPEAR. As vias
circundam a poligonal e se interligam com
as vias do projeto de Villas Boas.
Pode-se traçar 5 eixos na área de trabalho,
sendo 1 longitudinal e 4 transversais. Os
eixos servem de parâmetros para a divisão
de funções na área.

Figura 19.  Projeto de Márcio Villas Boas para o Centro Olímpico da


Universidade de Brasília.

Figura 21.  Eixos estruturantes do projeto. Os eixos transversais possibilitam a divisão de setores na área de projetação. Figura 22.  Incidência solar na área.

Figura 20.  Perspectiva do projeto para o CO.

30 31
ESTUDOS DE CASO

creche benetton, alberto campo baeza, formam-se quatro pátios que sugerem os
2006 quatro elementos: ar, terra, fogo e água.
O espaço entre as paredes circundantes
Localização: Ponzano Veneto, Treviso, Itália. serve como um “lugar secreto” para
Área: 1868m2 as crianças, e essas mesmas paredes
servem como abrigo e proteção para essas
Sobre o arquiteto: crianças. A partir do momento em que a
Alberto Campo Baeza nasceu em Valladolid, criança entra ali, ela está isolada do mundo,
Espanha, onde seu avô foi um arquiteto. segura. Os espaços de pátio, formados
Do seu pai herdou o espírito de análises e entre as paredes curvas e as retas, são
de sua mãe, a determinação para ser um particularmente notáveis.
arquiteto. O espaço central, o mais alto e com luz
Figura 23.  Pátio gramado. Liberdade para as crianças e contato com a
natureza.

Seu trabalho vem sendo amplamente vinda de cima, remete um hamman (banho
reconhecido. Acredita na arquitetura como turco) na forma como recolhe a luz solar
construção de ideia. Acredita também que através de nove aberturas zenitais e outras
os principais componentes da arquitetura três em cada uma das quatro fachadas.
são a gravidade, que constrói espaços, e a Esta edificação foi inspirada na caixa do
luz, que constrói tempo.29 Pequeno Príncipe, e essa alusão é percebida
nas três janelinhas redondas em cada
O projeto: fachada. Ali dentro deve ser um lugar onde
Uma caixa composta por nove quadrados há bastante criatividade. E a presença das
menores. A praça central surge para trazer a crianças possibilita isso.30
luz das alturas do vestíbulo. As salas de aula
são organizadas nas praças ao redor.
Esta estrutura quadrada está inscrita em
outra maior, um recinto circular feito por Figura 24.  Pátio de madeira. Conforto e segurança para as crianças. Figura 25.  Fachada principal. Volume inspirado na caixa do Pequeno Príncipe.
paredes circulares duplas. A céu aberto,

32 33
a igreja sobre a água, yufutsu, hokkaido, Os trabalhos de Ando empregam uma gama céu nitidamente delineado e as formas
tadao ando, 1988. limitada de materiais e revelam as suas tridimensionais expressas em paredes de
texturas nuas. A sua cuidada atenção aos cimento geram magnetismo na arquitetura
Sobre o arquiteto: materiais dá ao seu trabalho características dele. O céu é também um elemento
de ascetismo e tensão. As paredes de suas fundamental nos espaços exteriores de
O segredo da popularidade de Ando tem obras são fortes e pesadas. Os materiais Ando. Ele tem a capacidade de dar vida a
muito a ver com a sua personalidade. puros cristalizam a intenção de quem os espaços estreitos e irregulares.
Ando detesta a manipulação do emprega. As paredes revelam força interior
A arquitetura de Ando é simples, forte e
conhecimento e os jogos com a forma. e nelas descobrimos as convicções do
muito delicada. Junta a simplicidade da
Para ele, a verdadeira arquitetura não é o arquiteto.
forma à complexidade do espaço. Utiliza
espaço expressado através da metafísica Pode ser um mestre do cimento moldado, materiais nus sensíveis ao tato. Acima
ou da estética, mas o espaço que corporiza mas prefere materiais naturais para os de tudo, transmite uma imagem clara
fisicamente a sabedoria absorvida. pontos que podem ser tocados por seres de vida proposta por formas simples.
“A única expressão que invoca emoções humanos. Usa inevitavelmente madeira Isso é fundamental. A geometria límpida
sublimes no observador é aquela em natural em assoalhos, portas e mobiliário. prenuncia esta imagem simples. Contém
que um criador aposta a sua vida”.31 Quando os materiais se deterioram, tornam- sempre uma arrojada proposta para a vida
se repositórios de memórias. A memória ou um elemento de crítica social incisiva.33
O trabalho de Ando é dominado por uma reside no toque das coisas.
geometria transparente. É clara mas está O projeto:
A natureza, em especial o céu, desempenha
Figura 26.  Planta baixa. Figura 28.  Croqui dos ambientes.
longe de ser simples. Reflete profundamente A Igreja sobre a Água ergue-se em um
o modo como viveu a sua vida, a sua um papel crucial na arquitetura de Ando.
magnífico ambiente natural de Hokkaido,
filosofia e a sua experiência passada. “De modo a escapar à natureza uma região de invernos frios, situada no
Provoca respeito arquitetônico. fundamental da arquitetura como uma extremo norte do arquipélago do Japão.
A arquitetura de Ando é uma arquitetura caixa fechada, conto com o céu como A área circundante é espessamente
de paredes. Ando criou muitos espaços elemento natural que mais afeta os arborizada. A igreja é, neste magnífico
generosos através do uso experimental interiores arquitetônicos”.32 cenário natural, um local onde podemos
do cimento exposto, mas as paredes ouvir o sopro do vento.
Ando está sempre concentrado no
desempenharam sempre um papel crucial. modo como a entrada emoldura o céu. Um riacho natural foi desviado para formar
O jogo entre luz e sombra criado por um um lago artificial, e a igreja, que tem uma
Figura 27.  Corte por ambientes. Figura 29.  Croqui corte - Insolação.

34 35
forma geométrica, ergue-se contra um pano
de fundo do lago.
Uma parede em L no plano protege o
edifício propriamente dito e o lago artificial,
e conduz-nos até a igreja. À primeira
vista, a água está ocultada pela parede. À
medida que caminhamos, ouvimos apenas o
murmúrio da água. Ao voltarmos a esquina
numa das extremidades da parede, vemos
subitamente a grande extensão do lago.
Há uma sensação de libertação, como se o
nosso corpo se fundisse na paisagem.
O plano do edifício é constituído por dois
quadrados sobrepostos, um com 15 metros
de comprimento, e o outro com 10. Seus
dois cubos sobrepostos enfrentam um lago
Figura 32.  Altar/cruz sobre a água. Representa o sublime, o poder divino.
Figura 30.  Parede sólida que circunda a Igreja, gerando surpresa ao atravessá-la. Marca do arquiteto.
que leva a um pequeno rio. No cubo maior
funciona a capela. O acesso é acolhido pelo
cubo menor, com uma escada semicircular
em espiral. As paredes são duplas por conta
do clima. A espessura total das paredes de
cimento à vista, no exterior e no interior, é
de 90 centímetros.

Figura 31.  Espelho d’água sobre o qual a igreja “flutua”. Figura 33.  Mobiliário de madeira. Figura 34.  Os visitantes entram num cubo de aço e vidro, que abriga quatro cruzes de concreto, orientando a vista para cima.

36 37
A igreja foi projetada em torno de três
elementos naturais: o vento, a luz e a água.
Os visitantes entram num cubo de aço e
vidro, que abriga quatro cruzes de concreto,
orientando a vista para cima. O corredor
os leva para lá, ao redor das cruzes. Logo,
através da escada caracol, se aproxima ao
cubo maior da capela.
O surpreendente é dar-se com o lago à sua
frente, através de uma divisória móvel de
cristal. Todo uma paisagem é criada pela
arquiteto, e manipulada no âmbito religioso.
Um volume de concreto aparente. No lago,
uma cruz de aço fica enquadrada pela
moldura da paisagem.
A igreja foi concebida, portanto, como
um espaço sagrado ao qual se aproxima
através de um percurso ritualístico. O muro
exterior em L protege e resguarda a igreja
do seu entorno construído. A natureza é
aderida a essa experiência. No período
entre dezembro e abril, o solo é coberto
pela neve, e a paisagem se torna mais
impactante.34

Figura 36.  Croqui - Perspectiva Figura 37.  Croquis - Corte esquemático e vista do altar.
Figura 35.  Cortes - Iluminação natural

38 39
REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

arquitetura e natureza: Os pátios internos se abrem


intermitentemente para o exterior,
Hospital para Crianças, Zurique, Suíça, permitindo que a luz penetre o edifício
Herzog & Meuron. e reforçando a ideia de entrelace da
arquitetura com a natureza.
O escritório Herzog & de Meuron ganhou
a competição em Maio de 2012, com uma A madeira é o material predominante
proposta composta por uma edificação nas fachadas e nos interiores, criando
feita em madeira formada por três, uma atmosfera mais aconchegante para
providenciando um ambiente flexível e as crianças, para seus pais e para a
convidativo para as crianças. equipe de trabalho do local. O uso desse Figura 38.  Perspectiva da fachada principal. Interação entre a edificação

material também reflete o caráter rural das


e a natureza. Paisagismo aconchegante, acolhedor.

O projeto para o Hospital Infantil redondezas do distrito.35


mostra intencionalmente dois edifícios
complementares com contrastantes
tipologias, programas e desenho urbano,
que ainda assim são relacionadas quanto a
sua geometria.
O Hospital Infantil é formado por um edifício Figura 39.  Pátio interno com abertura zenital. Aconchego e contato com
de três pavimentos disposto ao redor de a natureza.

uma sequência de pátios, de maneira


introspectiva e na tentativa de fugir do
estereótipo estrutural hospitalar, tornando
o espaço mais receptivo para crianças.
Pacientes e familiares podem se deslocar
livremente entre as diferentes áreas de
tratamento. Figura 40.  Maquete física.

Figura 41.  Implantação. Nota-se


a quantidade de abertura para
os pátios internos.

40 41
O fluxo do Hospital Infantil de Zurique parque barigui, curitiba, brasil, lubomir O Parque Barigui possui equipamentos de
é bastante interessante, pois interliga ficinski. ginástica, sede campestre, churrasqueiras,
os extensos corredores. Isso aumenta a restaurante, canchas poliesportivas,
liberdade de circulação em seu interior e O Barigui é um dos maiores e o mais quiosques, Museu do Automóvel, Estação
promove interação tanto entre os pacientes frequentado parque de Curitiba. Sábados, Maria Fumaça, parque de exposições,
(que puderem sair dos quartos, é claro), domingos e feriados o parque é um dos parque de diversão, pista de bicicross e
quanto entre os familiares destes. Os principais pontos de encontro da cidade aeromodelismo. O Parque também abriga
caminhos presentes em sua planta baixa e, durante a semana, é muito comum as a sede da Secretaria Municipal do Meio
permitem também a passagem pelos pátios caminhadas em volta do lago. São muitas Ambiente.
internos. as opções de entretenimento e lazer no Muita área verde, com mata nativa, envolve
Os materiais utilizados no projeto, a criação parque. um grande lago de 400 mil m2, formado
de pátios e a flexibilidade dos fluxos Possui uma área de 1,4 milhão m2, que fazia por uma represa. Esse ambiente propicia
são fontes de inspiração e pontos muito parte da sesmaria do capitão-povoador o desenvolvimento de uma fauna rica. A
importantes para o desenvolvimento do Mateus Leme. Foi transformado em parque região de Curitiba possui cerca de 200
Espaço de Convívio e Reestruturação Social em 1972, segundo o projeto do arquiteto espécies de aves e é possível encontrar
em foco. Lubomir Ficinski. muitas delas no parque, como os pavós,
uma ave grande de peito vermelho, e o
O termo barigui tem origem indígena. Os
Figura 42.  Vista superior do parque. Marcação do trajeto de caminhada
papagaio-do-peito-roxo, ameaçado de e corrida.

índios locais deram esse nome ao rio que extinção. Encontra-se, também, capivaras,
atravessa o parque e que pode ser traduzido socós, garças, gambás, tico-ticos, gansos, e
como “rio do fruto espinhoso”, referindo-se muitos outros animais.
às pinhas que caem dos muitos pinheiros do
local. Também existe um heliporto no parque,
onde se pode alugar um helicóptero e
percorrer vários pontos turísticos de
Curitiba.36
Circulação principal

Circulação intermediária
Figura 43.  Vista aérea do parque e do bairros Champagnat e Cascatinha.

42 43
Figura 44.  Ginástica no parque.
Figura 47.  Interação arquitetura x natureza.

Figura 48.  Jacaré de papo amarelo famoso


no parque. Até hoje não foi registrada
Figura 45.  Espaço para o idoso. Os equipamentos são utilizados também Figura 46.  Os animais ficam soltos e convivem com os usuários do parque.
nenhuma ocorrência.
por pessoas de todas as idades.

44 45
arquitetura e forma: arquitetura e sensações: sombra que davam forma e volume as suas em uma mesma casa. Se por um lado a
obras. vida pública ficou aberta para a ampla e
Um exemplo para estes aspectos seria o
Se for consultado algum dicionário, exuberante paisagem, por outro, a área
arquiteto Sérgio Bernardes. Suas obras Bernardes justificava essa variedade
poderiam ser encontradas as seguintes privativa da dona da casa foi implantada
tinham como marca a experimentação de soluções deixando claro que criava
definições para forma: em um local bastante intimista, suspensa
quanto aos materiais e quanto às formas. espaços para um cliente em especial.
sobre um pequeno riacho na lateral do
Estrutura, organização e disposição das Entretanto, a continuidade expressiva Este desempenhava o papel de coautor
terreno, repleto de sons e luzes da natureza.
partes ou elementos de um corpo ou objeto. de seus projetos, marcada por propostas do projeto e tudo era elaborado não só
Essa transição de cenário resguarda de
Modo pelo qual uma determinada coisa ousadas e inovadoras, fruto de uma para atender, mas para surpreender as
certa forma a vida particular de uma mulher
em um dado contexto se revela à nossa constante experimentação, não pode ser expectativas do mesmo.38
pública.40
percepção. São atributos de uma forma: sua analisada sem levar em conta os artifícios “Não sei se os outros aceitam, mas
configuração, seu tamanho, sua textura, utilizados para provocar os sentidos dos eu sou um compositor físico-espacial,
sua cor e sua localização. usuários. Bernardes concebia o espaço só. Sou intérprete de um programa.
arquitetônico acreditando que esse era (...) Não estou fazendo esta casa para
Porém, essa definição não é suficiente para uma realidade da experiência sensorial do
explicar a complexidade que esse tema tem mostrar a ninguém, mas sim para o
homem. O observador tomava consciência proprietário. É um espaço para ele
para os arquitetos. deste ao se movimentar, utilizando morar e eu sou o intérprete dele”.39
Ao procurar definir a arquitetura, Le principalmente o sentido da visão, mas
Corbusier argumentou que a geometria também o tato e até mesmo a audição. Seus primeiros passos no campo da
seria de fato a linguagem do arquiteto. Seja provocação sensorial podem ser observados
As cores, texturas, reflexos, luminosidade, de forma singela, e de certa maneira
como instrumento de controle “neutro” e a busca pela beleza e pela poesia
meio de representação ou como símbolo ligados às questões funcionais do projeto,
caracterizaram uma produção sempre na residência de Lota Macedo Soares, em
e modelo, como “filtro” da forma ou como pontuada por surpresas visuais e espaciais.
forma ela mesma; para a arquitetura a Petrópolis (1951). A necessidade de criar
Estas, segundo o arquiteto, deveriam cenários particulares para o complexo
geometria é uma condição necessária e interagir com o usuário a partir das
essencial.37 programa da vida da proprietária parece
provocações geradas pelos jogos de luz e ter sido resolvida com ambiências distintas

Figura 49.  Mistura de texturas, jogo de sensações do arquiteto. O tijolinho aparente torna a casa mais aconchegante e ainda remete ao estilo rústico.

46 47
materiais: retina como na alma. Logo, a cor pode ser
usada para determinados fins sensíveis,
Pintura/Cores: morais e estéticos. “A beleza da cor é uma
projeção da beleza interior do ser humano”,
As cores são fundamentais na decoração, dizia Goethe.
elas influem na personalidade das pessoas.
Seja no trabalho, na escola, ou em tudo o A imagem a seguir é de um quarto
que alguém faça, vive-se melhor quando da residência “Beach Walk”, dos SPG
rodeado por cores apropriadas às suas Arquitetos, em Fire Island, NY, EUA, o
tarefas e para a sua vida. qual apresenta aspectos interessantes
para o desenvolvimento dos quartos para
A cor não tem existência material, é melhor pacientes internados no Espaço de Convívio
defini-la como sensação que origina em questão. O ambiente claro ganha
todas as manifestações perceptivas do vida com o uso de cores e utilização da
mundo cromático. Variando a qualidade, a madeira. A mistura de texturas torna o local
quantidade, a forma e o posicionamento das aconchegante e dinâmico.
áreas coloridas em termos de organização
Figura 50.  Varanda com cobertura metálica. Mistura de texturas e
materiais no piso.
e relatividade, uma determinada cor
pode produzir a sensação de sua cor
complementar em diversos graus de
intensidade.41
Segundo Kepler:
“é certo que a dilatação dos objetos
claros existe ou na retina, causada pela
pintura, ou nos espíritos, causada pela
impressão.”
Segundo estudos de Goethe, cada cor
Figura 51.  Interior em contato direto com o exterior. Transparência e Figura 52.  Integração da construção com a natureza. Promove a produz um efeito específico sobre o homem,
revelando assim sua presença tanto na
Figura 53.  As cores e os materiais diversos tornam o ambiente mais
liberdade. privacidade em seu interior transparente.
descontraído e agradável.

48 49
Pesquisas utilizadas no livro “A Psicologia Não existe cor destituída de significado. Estudo de paleta: cores da inteligência, da ciência, da • Vermelho: cor do amor ao ódio, da
das cores” demonstram que as cores e A impressão causada por cada cor é concentração. felicidade e do perigo.
• Branco: cor do bem e dos espíritos.
sentimentos não se combinam ao acaso e determinada por seu contexto, ou seja, pelo
• Verde: -- é a cor de todas as paixões, as boas
nem são uma questão de gosto individual entrelaçamento de significados em que a -- o princípio e a ressurreição: o branco é
e as más. Por detrás do simbolismo
– são vivências comuns que, desde a percebemos. o início. Associa-se com a luz. -- a cor da esperança, da natureza, cor
está a experiência: o sangue se altera,
infância, foram ficando profundamente da vida e da saúde.
O que são as cores psicológicas? -- branco-azul-dourado são as cores da sobe à cabeça e o rosto fica vermelho,
enraizadas em nossa linguagem e em nosso
verdade, da honestidade, do bem. O -- o verde é mais do que uma cor, o de constrangimento ou por paixão, ou
pensamento.42 A cor é mais que um fenômeno ótico,
branco ao lado do dourado e do azul: verde é a quintessência da natureza. por ambas as coisas. Enrubescemos
mais do que um instrumento técnico. Os
um acorde mais ideal não se pode O verde é uma ideologia, um estilo de de vergonha, de irritação ou por
teóricos diferenciam as cores primárias
COMO AGEM AS CORES? imaginar. O branco puro toma do ouro vida: consciência ambiental, amor à excitação.
das secundárias e das mistas. Não há
o material esplendor; o versátil azul natureza, ao mesmo tempo a recusa
uma unanimidade a respeito de o preto e o -- no acorde cromático vermelho-azul
se torna, ao lado do branco, a cor das a uma sociedade dominada pela
branco serem cores verdadeiras; em geral, unem0se as forças do corpo e do
virtudes espirituais; tecnologia;
O QUE É UM ACORDE CROMÁTICO? ignoram o ouro e o prata como cores. E espírito. Vermelho-azul-ouro é o acorde
todas são igualmente importantes.44 -- com branco, tudo se torna positivo; -- a cor que acalma. É a mais calmante do charme, do poder de atração, da
dentre todas as cores, é a cor do coragem, da conquista.
Cada cor atua de modo diferente, Para trabalhar com impressões causadas -- limpo e esterilizado.
sentimento de estar em segurança.
dependendo da ocasião. Um acorde pelas cores, as impressões psicológicas são • Laranja: a cor da recreação e da
• Azul: cor da simpatia, da harmonia e da Azul-verde é também o acorde da
cromático é composto por cada uma das essenciais. sociabilidade.
fidelidade. descontração.
cores que esteja frequentemente associada
A partir dessas leituras, foi pré-estabelecida -- cor da diversão, da sociabilidade e
a um determinado efeito. As mesmas cores -- o azul é o céu – portanto azul é • Marrom: cor do aconchego.
a seguinte paleta cromática: do lúdico, esse é o lado mais forte do
se associam à atividade e à energia estão também a cor do divino, a cor eterna.
-- a sua naturalidade, a sua falta de laranja. Vermelho e amarelo sozinhos
ligadas ao barulhento e ao animado.43 -- sendo uma cor passiva – e a mais artificialidade faz do marrom a cor do operam como opostos muito fortes
Um acorde cromático não é uma plácida de todas as cores – o azul é aconchegante. Sentimento de estar em para sinalizarem a sociabilização
combinação aleatória de cores, mas a principal cor para embalagem de segurança; recreativa, mas o laranja vincula,
um efeito conjunto imutável. O acorde produtos pra dormir e tranquilizar. harmoniza: sem laranja não há lazer.
-- cor dos materiais rústicos, como a
cromático determina o efeito da cor -- o azul é a principal cor das virtudes madeira, o couro e o algodão; -- o laranja é a cor complementar do azul.
principal. intelectuais. Seu acorde típico é o O azul é a cor do espiritual, da reflexão
-- gera um clima espacial ideal – é uma
azul e branco. Essas são as principais e do silêncio, o seu polo oposto, o
cor cálida, sem ser quente;

50 51
laranja, representa as qualidades Madeira: refletem o caráter de lar. Um espaço no Concreto: relação de obras e expressa a excepcional
opostas a essas. qual predomina o uso do material em geral capacidade de realização brasileira.50
O tom marrom da madeira proporciona O concreto remete à arquitetura de Brasília,
é convidativo à permanência. Um dos
-- o laranja fica entre o vermelho e o a sensação de que tudo é permanente, ao modernismo de Niemeyer, faz parte da Tijolo:
principais aspectos que contribuem para
amarelo em todos os sentimentos que sólido e seguro. Estas características são identidade visual da cidade. O uso deste
o seu uso constante em pisos é o conforto O tijolo maciço de barro, além de
se intensificam. A atividade pode ser provindas do próprio material, tendo em material tem como base estes fundamentos
térmico que a madeira proporciona. seu charme e textura únicos, possui
amarela, quando for leve e pacífica, vista que, quando bem tratado, é duradouro citados, a integração do Espaço à cidade
O conforto dos pés está diretamente outras vantagens, como a resistência e
laranja, quando for frenética e, e resistente. É a cor da estabilidade e, em que ele está inserido.
relacionado com o grau de elasticidade durabilidade, além de conforto acústico.
finalmente, vermelha, que é a atividade quando usada no seu estado natural
que um material de piso apresenta e, É um material da construção civil que se Tanto tijolos quanto o concreto aparente
no mais alto grau de excitação. como nos móveis, etc., transmite uma
em menor grau, com o seu calor, o que tornou um dos mais importantes do século podem ser usados sozinhos ou agregados
energia positiva. Sensações positivas:
-- é a combinação de luz e calor. É confere à madeira uma condição de uso XX. Sua presença no espaço urbano marca a outros materiais como madeira, vidro e
Estabilidade, autoafirmação, confiança
agradável em termos de ambiente. extremamente favorável.46 a contemporaneidade, permitindo que a tijolo, dando vida e estilo ao ambiente em
interior. Sensações negativas: Melancolia,
Clareia e aquece, e essa é a mistura população, por mais simples que possa ser que está inserido.
resistência a mudanças .45 Conforme Löbach (2001, p.60), “a função
ideal para alegrar o corpo e a mente. sua formação, saiba apreciá-la e não passe
estética dos produtos é um aspecto Mies van der Rohe projetou a “Casa Lemk”,
A madeira é vista por muitos profissionais indiferente à arquitetura.48
• Amarelo: otimismo, recreação e psicológico da percepção sensorial durante em Berlim, Alemanha, 1933.
como um dos mais belos e aconchegantes
entendimento. o seu uso”. Essa função da madeira A versatilidade de uso que nossa arquitetura
materiais utilizados na arquitetura A casa projetada para Karl e Martha Lemke
utilizada na arquitetura de interiores se criou e que o concreto possibilitou tem
-- como a cor do sol, o amarelo age de interiores para revestimentos de pode ser considerada uma ilustração da
estabelece nos processos sensoriais abrangido uma gama que em todos provoca
de modo alegre e revigorante. pisos, paredes e tetos. Ela provou ser célebre frase de Mies van der Rohe: “(...) a
do usuário, promovendo uma sensação admiração. Nenhum material de construção Figura 54.  Casa Lemk. Aconchego resultante dos tiojolos e da natureza
Os otimistas têm uma disposição notavelmente imune a mudanças de arquitetura começa quando dois tijolos são ao seu redor.
de bem-estar e contribuindo na sua conseguiu tanta diversidade de aplicação.
ensolarada, o amarelo é sua cor. O tendências, o que enfatiza uma das cuidadosamente colocados juntos”. Isto
identificação com o ambiente. Ousadas estruturas. Lindas coberturas.
amarelo irradia, ri, é a principal cor da sensações negativas (de resistência a se traduz de forma literal e volumétrica na
Lajes ritmadas. Democráticos pisos de
disposição amistosa. mudanças). A madeira possui um apelo estético casa Lemk, uma pequena e simples casa
condomínios residenciais. Diversas paredes.
intenso para o usuário principalmente de tijolos em forma de “L”, composta por
-- o amarelo chega como um raio. Por Quando utilizada em pisos, remete ao Rico mobiliário.49
por lhe ser um material familiar. O uso dois retângulos e situada em um terreno
isso é a cor da espontaneidade, da aconchego da morada; características
sensorial de determinado objeto depende O concreto com cor e a adoção do cimento, perto do lago Obersee, em Berlim. Esta
impulsividade. importantes para o equilíbrio emocional
das experiências anteriores com as suas normal ou branco, na proporção precisa do casa, diferente de alguns outros projetos
dos usuários do local. A madeira é um
OBS.: todas as informações deste estudo características estéticas e da percepção pigmento colorido, criam obras de arte. Uma do arquiteto, volta suas aberturas para o
material orgânico, caloroso, e sua utilização
foram retiradas do livro “A Psicologia das consciente das mesmas, tais como forma, mão de obra treinada valoriza a extensa jardim, interagindo mais com o interior do
pode criar ambientes acolhedores, que
Cores”, de Eva Heller. cor e superfície.47 terreno.51 Figura 55.  Aberturas voltadas para o quintal.

52 53
DIRETRIZES PROJETUAIS

Com base nos estudos de caso,


levantamentos acerca do terreno, estudos
sobre a dependência química e suas
necessidades e referências arquitetônicas,
foram elaboradas algumas diretrizes
arquitetônicas iniciais.

existência de pátios internos

Plantas lineares com corredores extensos


podem resultar no isolamento das pessoas,
indo contra o intuito principal do Espaço
de Convívio, que seria promover maior Figura 58.  Planta baixa esquemática - quartos voltados para pátios

interação entre os pacientes. Pátios internos


internos. Solução promove convívio entre os pacientes.
Figura 56.  Planta baixa esquemática - Corredores extensos fadigam e
geram circulações interligadas e pontos de geram isolamento.

encontros.

Figura 57.  Perspectiva de pavilhões paralelos com corredores extensos. Figura 59.  Perspectiva - pátio interno e interação entre as pessoas.
Pessoas isoladas.

54 55
preservação da orla do lago microplano diretor de ocupação

Permite a contemplação do Lago Paranoá, • Efetivação do Parque Enseada Norte, a


o tratamento da orla e a preservação da partir da poligonal do projeto MAPEAR;
natureza.
• Preservação de 30 metros em toda a
extensão da orla do Lago Paranoá. Será
incentivo à arte restrito qualquer tipo de construção
nesta área, exceto pequenos decks de
madeira;
Os caminhos poderão ter esculturas nos
jardins, não só embelezando os passeios • O sistema viário será delimitado
como permitindo a interação dos pacientes Figura 60.  Orla do lago preservada. Local para reflexão e contato com de acordo com o projeto de Márcio
com a arte. Villas Boas para o Centro Olímpico
a natureza.

da Universidade de Brasília. Esta


delimitação ajudará a definir a área
exata a ser trabalhada;
• Não será permitido o acesso de
automóveis na região do parque;
• Cinturão verde separando a área de
trabalho e o Setor de Mansões Isoladas,
garantindo sua privacidade e segurança;
• Aproveitamento dos desníveis artificiais
feitos durante a construção da Base
Militar, criando belvederes visuais e
platôs de diversão;

Figura 61.  Planta baixa esquemática - esculturas no Figura 62.  Perspectiva - contato com a natureza e com a arte.
decorrer dos caminhos. Contato com a arte.

56 57
PROGRAMA DE NECESSIDADES

demanda rdc n° 29 – jun/2011 • Área para realização de oficinas de Os ambientes de reabilitação e convivência -- Cozinha privada; • Ala feminina (para até 16 pacientes):
trabalho; podem ser compartilhados para as diversas
-- Despensa; -- 8 dormitórios duplos com banheiro;
Para garantir o auxílio do Fundo Nacional Dispõe sobre os requisitos de segurança atividades e usos.
• Área para realização de atividades
Antidrogas, segundo a Portaria n° 131 do sanitária para o funcionamento de -- Copa para funcionários; -- 2 banheiros coletivos;
laborais; e Deverão ser adotadas medidas que
Ministério da Saúde, o número máximo de instituições que prestem serviços de promovam a acessibilidade a portadores de -- Lavanderia privada; -- Sala de TV;
residentes será de 30 pacientes, sendo 15 atenção a pessoas com transtornos • Área para prática de atividades
necessidades especiais.
do sexo feminino e 15 do sexo masculino. decorrentes do uso, abuso ou dependência desportivas; -- Sala de segurança; -- Sala de jogos;
Este número de residentes não limita a de substâncias psicoativas.52 Segundo o artigo 15, todas as portas dos
3. Setor administrativo: -- Vestiários para funcionários (um -- Sala de leitura;
quantidade de pacientes a frequentarem ambientes de uso dos residentes devem ser
Segundo o artigo 14 da RDC n°29, as feminino e um masculino);
o espaço, e sim aqueles que ali ficarão • Sala de acolhimento de residentes, instaladas com travamento simples, sem o -- Salão de beleza;
instituições devem possuir os seguintes familiares e visitantes; uso de trancas ou chaves. -- 4 banheiros coletivos (2 femininos e 2
internados. O número de participantes das -- Cozinha coletiva;
ambientes: masculinos);
oficinas poderá variar de acordo com a • Sala administrativa;
1. Alojamento -- Refeitório;
necessidade de cada uma. -- Consultório médico geral;
• Área para arquivo das fichas dos programa
• Quarto coletivo com acomodações -- Equipamentos de exercícios ao ar livre;
Para cada 15 pessoas, são necessários: residentes; e -- Consultório de psiquiatria;
individuais e espaço para guarda Tendo em vista a demanda de pacientes -- Lavanderia coletiva;
• 1 coordenador, profissional de saúde de • Sanitários para funcionários (ambos os -- Consultório de psicologia;
de roupas e de pertences com e profissionais e as exigências constadas
nível universitário com pós-graduação sexos); -- Depósito;
dimensionamento compatível com o na RDC n° 29, foi desenvolvido o seguinte -- Sala de acolhimento;
lato senso (no mínimo de 36 horas-aula)
número de residentes e com área que 4. Setor de apoio logístico: programa básico: • Ala masculina (para até 16 pacientes):
ou experiência comprovada de pelo -- Enfermaria com 10 leitos;
permita livre circulação; e
menos 4 anos na área de cuidados com • Cozinha coletiva; • Bloco principal (que abriga atividades -- 8 dormitórios duplos com banheiro;
-- 2 salões de multiuso;
pessoas com necessidades de saúde • Banheiro para residentes dotado tanto de saúde, quanto laborais e o
• Refeitório; -- 2 banheiros coletivos;
decorrentes do uso de álcool, crack e/ou de bacia, lavatório e chuveiro com espirituais) -- Piscina semiolímpica;
outras drogas; dimensionamento compatível com o • Lavanderia coletiva; -- Sala de TV;
-- Recepção com sala de espera e -- Quadra poliesportiva;
número de residentes;
• No mínimo 2 profissionais de saúde • Almoxarifado; banheiro; -- Sala de jogos;
-- Espaço ecumênico;
de nível médio, com experiência na 2. Setor de reabilitação e convivência:
• Área para depósito de material de -- Administração; -- Sala de leitura;
área de cuidados com pessoas com -- Estacionamento;
• Sala de atendimento individual; limpeza; e
necessidades de saúde decorrentes do -- Almoxarifado; -- Cozinha coletiva;
-- Área de agricultura com pomar e horta;
uso de álcool, crack e/ou outras drogas; • Sala de atendimento coletivo; • Área para abrigo de resíduos sólidos.
-- Depósito; -- Refeitório;
-- Depósito exclusivo para agricultura;

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FONTES

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OBS.: Este programa poderá sofrer 15 - disponível em: <http://www.ilsl.br> acesso em 25 30 - disponível em: <http://www.archdaily.com/>
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