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Cap.

2 da TG - Crítica de Keynes ao modelo clássico de determinação


de emprego:
Segundo a teoria neoclássica, a determinação do emprego se dá no equilíbrio de oferta e
demanda de mão-de-obra no mercado de trabalho (Ld=Ls). Segundo Keynes, essa teoria se
baseia em dois postulados:
(i) O salário real é igual ao Produto marginal do trabalho (w/p = PMgL) - Isso quer
dizer que o salário de uma pessoa empregada é igual ao valor que se perderia se o
emprego fosse reduzido de uma unidade.
(ii) A utilidade do salário é igual à desutilidade marginal do trabalho.
Segundo Keynes, mesmo que todos os mercados estejam em equilíbrio, o de trabalho
poderá não estar - e normalmente não estará -, sem que qualquer mecanismo de ajuste em
direção ao equilíbrio de pleno emprego atue automaticamente; e o desemprego involuntário
persistirá. Daí a conhecida proposição da “possibilidade de equilíbrio abaixo do pleno
emprego”. Isso se deve ao fato de a Demanda e Oferta de trabalho serem determinadas de
maneiras distintas. Enquanto Ld pode ser determinada de forma unilateral pelos
empresários, em Ls o contrato de trabalho é negociado em salários nominais, e não em
reais, o que gera uma assimetria imprevista na negociação.

Possas 2015 e Cap. 3 a 5 da TG – Princípio da Demanda Efetiva (PDE)

 Curto Prazo: dividido em dois períodos:


(I) Ex-ante: período de produção, quando se formam expectativas e decisões de
produção e consumo.
(II) Ex-Post: período de mercado, quando as expectativas se concretizam (ou não).

 Função de Oferta Agregada (Z ou Rd):


Função ex-ante, dada por:
Rd = Ct + Ld; onde Ct = Custo total (CF+CV); Ld = Lucro desejado e Rd = Receita desejada

 A reta RD é positivamente inclinada.

 Função Demanda Esperada (Re)


Re é dada pelas expectativas de curto prazo, que seriam adaptativas (baseadas em projeção
de períodos passados recentes), o empresário não conhece esta função. Também função ex-ante.

 A reta Re é negativamente inclinada.


 Ponto de Operação ou de Demanda Efetiva
Ponto de interação entre as curvas (Re=Rd), ponto que maximizaria os lucros no LP. No
entanto, tanto RE quanto RD são baseadas em expectativas, portanto, no período ex-ante.
Apenas no período de mercado as expectativas se confirmam (ou não), fazendo com que os
empresários ajustem o preço e/ou a quantidade produzida no próximo período. Este modelo de
Keynes pode ser dito de equilíbrio dinâmico, pois se desenrola ao logo do tempo (não sendo
estático, ou seja, em dois pontos no tempo).

 Variáveis são definidas no ex-ante: Quantidade Produzida (q), preço apenas se for fix-
price e Nível de Emprego.
 Variáveis definidas no ex-post: Receita Efetiva (R), Lucro, Renda ou Valor
adicionado por unidade econômica (Y)

Cap. 8 a 10 da TG – Propensão a Consumir e Efeito Multiplicador

 O montante que a comunidade gasta em consumo depende, evidentemente:


(i) em parte, do montante da sua renda;
(ii) em parte, de outras circunstâncias objetivas que o acompanham;
(iii) em parte, das necessidades subjetivas, propensões psicológicas e hábitos dos
indivíduos que o compõem.
Sendo os fatores subjetivos dados, a propensão a consumir depende apenas das
alterações nos fatores objetivos.

 Os principais fatores objetivos são, basicamente, fatores que causam alterações na taxa
de juros, na política fiscal e na renda líquida.

 Ao aumentar-se o nível de renda, o consumo também aumenta, mas não tão depressa.
Isso porque ∆Y e ∆C possuem o mesmo sinal, mas ∆Y>∆C. Assim sendo, o aumento no
consumo gerado pelo aumento na renda será dado através de: c= d C ÷ d y, onde c é a
propensão marginal a consumir.
 O multiplicador de investimentos keynesiano é dado por (1/1-c).
Y = (1/1-c)(A+I), onde A é uma constante.
A partir desta fórmula é possível chegar às seguintes conclusões:
(1) Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior será o multiplicador.
(2) O multiplicador mostra que um aumento no nível de investimento, motivado por um
aumento de c, gera um aumento mais do que proporcional na Demanda Agregada (y).
Isso porque um aumento no investimento leva a um aumento da renda, que por sua vez
gera um aumento no consumo, contribuindo ainda mais para o aumento da demanda
agregada.

Cap. 1 de Kalecki (1954) – Preços “determinados pelo custo” e preços


“determinados pela demanda”

As alterações de preços a curto prazo podem ser classificadas em dois grupos


principais:

(i) Preços formados a partir dos custos de produção, que geralmente se verificam
em produtos acabados (manufaturados, industrializados).
(ii) Preços formados pela demanda, que geralmente se verificam em matérias-
primas, comoddities.

Alterações de preços determinados pela demanda também afetam os produtos acabados (pois
aumenta o custo de produção), mas é através do custo que essa alteração é feita.

 Preços formados pelo custo


 Kalecki desenvolve sua teoria alternativa de fixação de preços a partir do conceito de
mark-up (K) e de 2 hipóteses: oferta elástica e custos diretos de produção (salários e
matéria prima) constantes para uma amplitude relevante da produção.
 A firma, ao fixar os preços, leva em conta a média de seus custos diretos de produção
(u=w+MP) e os preços das concorrentes (p). Assim:

p = m u + np, onde m e n são, respectivamente as sensibilidades dos preços em relação a u e p,


com m>0 e n<1.

P= k.u, onde k = (m/1-n) = Mark-up

Mark-up: poder de mercado, grau de monopólio na terminologia de Kalecki.

 Assim, Kalecki elabora a noção de espiral inflacionária a partir do conflito distributivo:


O aumento dos salários nominais, com mark-up fixo, acarreta em repasse integral para
preços e, portanto, aumento de inflação em rodadas subsequentes.
 O que pode causar modificação no grau de monopólio?
(i) Processo de concentração industrial e surgimento de corporações com maior
influência no preço de mercado;
(ii) Esforços de venda e diferenciação no produto
(iii) Mudanças nos custos indiretos (Overhead): Durante recessões os custos diretos
caem mais rápido do que os indiretos, logo há tendência de aumento de mark-up
para segurar preços e lucros.
(iv) Poder sindical: Conflito distributivo diminui o mark-up ao forçar o salário para cima
e aumentar os custos diretos se não é possível repassar para preços.

Cap. 2 de Kalecki (1954) – Distribuição de Renda Nacional

 α = W/Y, onde W/Y é a participação no salário na renda ou Valor Agregado.


 Temos que α = W/Y = W/VA = W / K(MP+w) – MP => W = 1/K([MP/W]+1)-
(MP/W)
 Chame MP/W = j, onde MP = massa de insumos (matérias primas). J = distribuição dos
custos direitos.
 Logo: W = 1 / K(j+1) – j; ou W = 1 / 1 + (k-1)(j+1)
Dessa equação procede que:
(i) Um aumento de K esmaga a massa de salários e, por consequência, um
aumento de participação dos lucros na renda;
(ii) Um aumento de j piora a distribuição em favor dos salários;
(iii) A composição setorial afeta a distribuição pela existência de disparidades na
intensidade de trabalho e na remuneração entre setores. A mudança da
distribuição em favor da indústria melhora a distribuição p/ salários;
(iv) Política governamental.

 Mudanças na redistribuição de Longo Prazo no ciclo econômico:


Mudanças de longo prazo na distribuição dependem de tendências sob os fatores de
distribuição apresentados acima. Não há como se generalizar uma tendência histórica na
distribuição modelada, entretanto detectam-se padrões cíclicos:
Historicamente, em períodos de depressões: Grau de Monopólio (k) tende a aumentar e esmagar
W no Valor Agregado (α). M cai mais rapidamente do que os salários e α aumenta, Indústria
encolhe e α diminui. Dessa forma, o efeito líquido é incerto.
Cap. 3, 4 e 5 Kalecki (1954) - Determinação do lucro e da renda

Hipótese do modelo: Economia fechada ao comércio exterior, sem governo, e com propensão
marginal a consumir (chamada Qw por Kalecki) sendo igual a 1 (Cw=W).

 Kalecki parte da percepção marxista de que as classes socioeconômicas devem ser


analisadas em separado; ‘’Os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas
ganham o que gastam’’
Temos que:
(i) Y = W + P, onde W = salários e P = Lucros
(ii) Y = Cc + Cw + I; onde Cc = Consumo dos Capitalistas, Cw = Consumo dos
trabalhadores e I = Investimento.
Logo: Y = W + P = Cc + Cw + I.
Temos também que: Y – W = P = Cc + I . Isso quer dizer que os gastos capitalistas de consumo
e investimento definem sua renda, o lucro.

 Determinação de Lucros em um Modelo Setorial


Hipótese do Modelo: Kalecki adota um esquema departamental para a economia em três
setores:
(i) Setor I: Produz Bens de Capital;
(ii) Setor II: Produz Bens de Consumo Capitalista;
(iii) Setor III: Produz Salários.

DI DII DIII
W1 W2 W3 = W (Salários)
P1 P2 P3 = P (Lucros)
I Cc Cw = Y (Valor Agregado)

Dessa tabela, temos que:


I = W1 + P1; e P1 = I – W1, onde P1 = Lucro do Setor 1 e W1 = Salário no Setor 1
Cc = W2 + P2; e P2 = Cc – W2; onde P2 = Lucro do Setor 2 e W2 = Salário no Setor 2
Cw = W3 + P3; e P3 = Cw – W3; onde P3 = Lucro do Setor 3 e W3 = Salário no setor 3.
Supondo ainda que Cw=W (Propensão Marginal ao Consumo = 1)
P3 = (W1 + W2 + W3) – W3(salário do setor)
P3 = W1 + W2

P = P1 + P2 + P3
P = I – W1 + Cc – W2 + Cw – W3
Lembrando que: P = Cc + I
 O que acontece ao aumentarem os salários reais nos 3 setores, dados Cc e I? Há
Profit Squeeze?
1º Caso: Qw = 1
Não há esmagamento nominal de lucros (Profit-Squeeze), pois todo aumento de salários se
converte em demanda para os capitalistas, visto que Cw = W.
Traduzindo: W e Y aumentam na mesma medida, P se mantém constante. Logo, P/Y
(Participação dos lucros no Valor Agregado) cai e W/Y (participação dos salários no Valor
Agregado) aumenta.
2º caso: Qw = 0
Há Profit-squeeze, pois o aumento em W não gera demanda para os capitalistas.
Traduzindo: W aumenta, Y se mantém constante e P cai. Logo, P/Y cai e W/Y aumenta.
3º caso: 0<Qw<1
Também há profit-squeeze, em menor escala, derivado de um aumento do salário que não vai
ser inteiramente gasto em consumo. Os efeitos são parecidos com os do segundo caso.

 Determinação dos lucros em um modelo completo (Incluindo Governo e Exterior)


Incluindo a arrecadação do governo na equação de renda agregada, temos:
(1) Y = W + P + T; onde T = Tributos.
Sabemos também que: Y = C + I + G + (X-M). Adaptando para o modelo Kaleckiano:
(2) Y = Cc + Cw + I + G + (X-M).
Igualando as duas equações, temos a determinação dos lucros em uma economia completa:
(3) W+P+T = Cc+Cw+I+G+(X-M)
P = Cc – (W-Cw) + I + (G-T) + (X-M).

 Modelo de Determinação de Renda e Multiplicador Kaleckiano


Temos que:
(i) Cw = Qw.α. y,onde Cw = consumo dos trabalhadores, Qw = Propensão a Consumir
dos Trabalhadores e α = Participação do salário na renda.
(ii) Cc = A + Qc(1- α)Y, onde A = Consumo autônomo, Cc = Consumo dos
Capitalistas, Qc = Propensão a consumir dos capitalistas e 1 – α = Participação dos
lucros na renda.

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