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Dança Popular

Flor de Babaçu

24/02/2003

Grupo ‘Outra Saúde’

Produzido por: Adriana Marques

1
Sumário

1. Definição da prática

2. História da prática

3. Como acontece a cura nesta prática

4. Conceitos encontrados:

Saúde
Doença
Cura

5. Papel do curador e do curando no processo de cura

6. Entrevista com curador e curandos

7. Dimensão coletiva da prática

8. Modelo existencial adotado pela prática

9. Comentários sobre a prática de cura no grupo de dança

Originalidade

Fim a que se subordina a saúde

Ressignificação cultural da prática

Referências bibliográficas

Anexos_ Textos de apoio:

Texto 1 - Dança Sagrada

Texto 2 – Dança Popular

2
Grupo de Danças: ‘Flor de Babaçu’1

1. Definição da prática

Grupo que utiliza a gestualidade, a música e o canto das danças


maranhenses como instrumento para harmonização e desenvolvimento
pessoal e coletivo.

2. História da prática

O grupo ‘Flor de Babaçu’, desde meados do ano 2000, vem reunindo-se em


Brasília, com o propósito inicial de vivência e pesquisa de danças populares
do Maranhão. Possui hoje aproximadamente 40 componentes (chamados
‘brincantes’), na sua maioria universitários da Universidade de Brasília. O
grupo conta com a presença de uma coordenadora que além de possuir
vivência em danças populares do Maranhão, domina também conhecimentos
de dança enquanto processo de auto-conhecimento e auto-cura. O perfil de
formação da coordenadora vem permitindo que o grupo amplie suas
potencialidades, estendendo seus objetivos do âmbito das danças populares
ao âmbito do auto-conhecimento e harmonização consciente, individual e
grupal, aproximando-se do corpo de intenções das ‘danças circulares ou
sagradas’.
As danças mais comuns, utilizadas pelo grupo são: caroço, cacuriá (danças
de caixa), tambor crioulo, samba de roda, ciranda, jongo, côco, baralho.

Objetivo do grupo2:

- mergulhar no universo das tradições populares vivenciando seu conteúdo;

- captar os ensinamentos contidos nas manifestações populares (dança,


toque, música, canto...), que são antigas tradições do coletivo;

- vivenciar outras culturas/etnias (... “cultura dos povos da terra guardam


nossa história,...cada etnia guarda um pedaço da história, sabedoria passada
de geração em geração”...);

- ressignificar3 os conteúdos tradicionais populares das danças nos centros


urbanos (tradicional contemporâneo);

1
Estudo desenvolvido com base a vivências junto ao grupo ‘ Flor de Babaçu’ por parte dos
pesquisadores, entrevista com a coordenadora do grupo e participantes, e, pesquisas em sites
da Internet e material bibliográfico.
2
Informações fruto de entrevista com a coordenadora do grupo em 11/2002

3
- vivenciar as necessidades essenciais /básicas dos indivíduos /coletivo
(cozinhar, bordar, costurar, construir instrumentos...), recriadas nas danças
populares;

- vivenciar a criatividade contida na dança /música como expressão de


cotidiano-comunitário (... “a arte acontece na vida, no dia-a-dia, ninguém se
junta para fazer arte, para criar”; ...numa sociedade tribal a arte acontece,
você vive a arte, você simplesmente vive”);

- recuperar o espírito tribal: “...a proposta do Flor não é viver o


tribal/coletivo como na sua origem (interior do Maranhão) e desfazer
escritórios, casas, etc”... mas recuperar a relação com o coletivo;

- vivenciar o simples, verdadeiro, afetivo, espontâneo, integral;

- recuperar as vivências familiares e comunitárias;

- incentivar a transformação amorosa da pessoa.

3. Como acontece a cura

O grupo não tem objetivo específico de cura.


Participantes/ brincantes são estimulados por intermédio da dança, música e
canto a estabelecerem uma conexão interna consigo mesmos e com o
grupo/coletivo/universo.

A cura é uma meta do curador (coordenadora do grupo) para com seus


participantes/ brincantes, apesar de não ser evidenciada enquanto objetivo
primordial da prática.

Processo favorece4:
- indução consciente para observar a si, observar o grupo; observar e se
deixar levar pelo tambor, pelo ritmo e pela pulsação da dança; observar e se
deixar levar pelos passos cadenciados, repetitivos e pelos novos ritmos
criados de forma singular pelo (s) parceiros(s);

- respeito a si próprio, ao outro e ao coletivo;

- expressão do indivíduo dentro do coletivo;

- doação do indivíduo ao coletivo (empréstimo da individualidade ao


coletivo);

3
Ressignificação entendida como transposição de determinados elementos culturais da prática
a um novo contexto.

4
Informações fruto de entrevista com a coordenadora do grupo em 11/2002

4
- consciência da transformação do coletivo;

- ‘enraizamento’ do indivíduo e do grupo: trabalho específico e indireto com


os chacras5, em especial, chacra básico-tribal (trabalho prevê a busca de
raízes, origens, base, e, a busca do simples e essencial);

- alteração de consciência enquanto se canta e se dança, possibilitando o


‘centramento’ do indivíduo e do grupo: “...quando realizamos um movimento
corporal de forma consciente, e nos abrimos a um contato mais profundo
com nosso ser e com o coletivo, conseguimos assimilar com mais facilidade o
aprendizado, e podemos realizar mudanças significativas em nossas vidas”.

4. Conceitos6

Saúde

Harmonia das pessoas com elas mesmas, com o coletivo e com o


cosmos ... “ter saúde é um ato de assumir a responsabilidade por si
próprio e contribuir com o que está à sua volta”.

Doença

As doenças dos centros urbanos têm uma causa geralmente associada à


desconexão do indivíduo com suas raízes, origens; à falta de uma dimensão
saudável de vida coletiva, com apoio mútuo e alegria genuína vindas do
coração; à falta de vivência de solidariedade e respeito.
A vida moderna vem imprimindo cada vez mais uma ênfase em experiências
mentais em detrimento das intuitivas e espirituais proporcionando uma
fragmentação do ser, gerando sofrimento, isolamento, dor, e, por sua vez,
desequilíbrios e doenças físicas/ espirituais.

A doença é então fruto de uma desarmonia das pessoas com elas mesmas,
com o meio/sociedade, com o planeta. Ela não é, necessariamente uma
‘coisa ruim’, ela pode servir de alerta, pode impulsionar a pessoa ao auto-
conhecimento e crescimento.

A doença não é uma força misteriosa que vem de fora, “... a doença é não
olhar para a gente”. A doença é uma experiência da alma ‘’... a alma escolhe
a experiência para o crescimento do ser’’.

Cura

5
Os chacras são conhecidos como centros de energia do corpo. Os chacras mais conhecidos
são sete sendo que o primeiro é denominado chacra básico e rege a relação do indivíduo com
o coletivo.
6
Informações fruto de entrevista com a coordenadora do grupo em 11/2002

5
‘’ Você se dá a cura, Deus te dá a cura. Deus está dentro da gente e assim
somos capazes de criar a nossa própria realidade e a nossa própria cura.
A cura é responsabilidade de cada um’’.

5. Papel do curador (coordenador do grupo) e do curando


(brincantes) no processo de cura

Curador

Facilitar e apoiar os processos de auto-conhecimento e de demais


aprendizagens realizadas na intimidade do ser e no coletivo: “...cada ser é o
responsável pelo próprio crescimento e cura”.

Curando

Entregar-se com consciência ao auto-conhecimento, auto-cura e ao


compromisso com a harmonização do coletivo.

6. Entrevista com curador e curando

Curador

Curador usa sua prática de cura?

Sim, dança sempre inventando sua dança e interagindo com a dança do


outro.
As manifestações populares associadas ao Flor de Babaçu foram inserias no
cotidiano familiar do curador (aniversários, comemorações de luas cheias,
etc...) e na sua vida pessoal/individual.

Como o curador se cura?

Faz uso da radiestesia há 10 anos.

Atualmente vem assumindo o propósito de curar a si mesma; para isso vem


assumindo uma atitude mais ativa de auto-observação e auto-conhecimento.
Este processo consta de observar a enfermidade /dor /desarmonia e
promover uma associação com a origem psico-espiritual desse desequilíbrio.
A partir daí, busca assumir a responsabilidade pela sua criação e atuar na
sua transformação de forma a retomar o equilíbrio desfeito, aprimorando seu
caminho de auto-conhecimento.

6
Para facilitar o processo de auto-observação ela tem utilizado a dança como
aliada, desenvolvendo o aprendizado de lidar com as energias que envolvem
o seu próprio corpo numa perspectiva de recuperar sua fé em si mesma e
sua sabedoria “... sabedoria que está no presente, mas tem elos importantes
com a ancestralidade”.

Curando

O que buscava neste trabalho?

Dançar e se alegrar em conjunto com os amigos.

O que encontrou?

Reencontro das suas raízes, ‘centramento’, força pessoal e espiritual, e,


‘’...uma grande família’’.

7. Dimensão coletiva da prática

Danças simples, de fácil aprendizado e sem necessidade de aprendizado


anterior. Aplicável a um grande número de pessoas, as danças do ‘Flor’
possibilitam um acesso fácil e sem custo para os participantes.

8. Modelo existencial adotado pela prática

Apesar da sua base popular /folclórica do Maranhão, a prática cotidiana de


atuação do ‘Flor’ encontra forte ressonância no modelo de danças sagradas
ou circulares.
Essas danças sagradas, apesar de fazerem parte da história da humanidade,
e serem passadas de geração a geração, elas ganharam destaque a partir
dos anos setenta, pela Findhorn Foundation (Escócia) que destacou o caráter
harmonizador e curativo dessa prática, sua preocupação com o auto-
conhecimento e auto-cura, bem como com o fortalecimento de grupos/tribos
por intermédio do incentivo a valores de solidariedade, respeito, valorização
das diferenças, interdependência das relações humanas e ambientais.

"Dança enquanto casamento interno sagrado


que cria a unidade, concilia
as diferenças e integra as polaridades, gerando um mundo novo, para o
novo ser humano."
(B. Wosien)

7
9. Comentários sobre a prática de cura no grupo de dança

Originalidade
Dentro de estudos realizados por diversas práticas de cura, o grupo “Flor de
Babaçu” se distingue por ser uma prática que não tem o apelo de cura como
determinante em sua conformação, apesar de ser um objetivo perseguido
pela coordenadora do grupo.
Outra peculiaridade é a imagem inicial apresentada pelo grupo: apesar da
ligação direta com as danças populares do Maranhão, é evidente o forte traço
imprimido por características de outras correntes como a das danças
circulares/ sagradas, que têm um objetivo bastante claro de atuar na
transformação do ser e a harmonia do coletivo, induzindo estados de
‘religação’ do corpo, mente e espírito.

“... dança é meditação em movimento. Através dos passos repetidos que


cada dança possui entra-se num estado meditativo, onde não se pensa em
nada: a mente fica vazia. E é no vazio que se tem a grande oportunidade de
criar”
(B. Wosien)

Mas, um traço que com certeza distingui o grupo ‘Flor’ de outras práticas é a
estratégia de sutileza, alegria, beleza, paz, serenidade, amor e comunhão,
que é por ela apresentada e por todos vivenciada nos encontros grupais.
Apesar de conflitos e desajustes fazerem parte de alguns momentos, a
alegria está sempre presente, por intermédio de um “... estímulo amoroso de
todos em direção ao crescimento do ser e do grupo”.

Fim a que se subordina a saúde

Saúde é alcançada em decorrência de uma busca de equilíbrio de harmonia


do ser com ele próprio, com o universo e com Deus.

Dançar quer dizer, acima de tudo


comunicar,
unir-se,
encontrar-se.
Falar com o próximo
e sobre a profundidade do seu ser.
Dança é união,

8
de pessoa a pessoa
de pessoa com o universo
de pessoa com Deus. (Maurice Bejart)

Ressignificação7 cultural das danças populares

O ‘Flor de Babaçu’, que teve sua origem nas danças populares do Maranhão,
já atravessou Estados diversos, já cruzou regiões e veio para o Planalto
Central, para a capital do país. Saiu das camadas populares e foi acolhido
pelos estudantes universitários, já se mesclou à chamada ‘Nova Era’ e suas
‘Danças Sagradas’. Que grupo é este, tão cheio de novos significados e
valores, de antigos e novos conteúdos?
Sem dúvida é um grupo cuja proposta, desde o início de seu percurso, vem
sofrendo adaptações culturais e sociais. Apesar da vitoriosa tentativa de
manutenção de ritmos, canto, gestualidade, vestuário e intencionalidade que
o caracterizam, podemos dizer que como ‘dança folclórica’ o mesmo foi
‘ressignificado’, tendo sofrido não só a adaptação social e cultural da
‘passagem’ de um contexto a outro, mas a ‘ampliação’ de seu significado ao
incorporar novos elementos a sua prática, oriundos dos ritos de auto-
conhecimento, trazidos pelas danças circulares e sagradas.
Enquanto proposta ampliada, podemos dizer que o grupo ‘Flor de Babaçu’
corre o risco de sofrer uma perda de conteúdo se reduzido ao mero
entretenimento, afastando-se do compromisso com o desenvolvimento
pessoal e coletivo.

Referências bibliográficas:

BARRETO, Sirlene. Danças sagradas. Internet, 2001.

MYSS, Carolin. Anatomia do Espírito, ed Cultrix 1997.

Anexos_ Textos de apoio:

Texto 1: Danças Sagradas

Texto 2: Danças Populares

7
Ressignificação entendida como transposição da prática a um novo contexto social e/ou
cultural, sendo que, neste percurso, seus princípios básicos sofrem alterações de forma e de
conteúdo devido a uma tradução por equivalência, por redução ou, ainda, por ampliação.

9
DANÇAS SAGRADAS

"Vivenciar as Danças Circulares é vivenciar a plenitude da vida. Nosso ser se


engrandece e agradece."

Autora: Sirlene Barreto


2000
Organizado por: Adriana Marques
2003

INTRODUÇÃO

As Danças sempre estiveram presentes na história da humanidade


(nascimento, casamento, plantio, colheita, morte) e refletiam a necessidade
de comunhão, de celebração, de união entre as pessoas.

O coreógrafo alemão chamado Bernhard Wosien procurava encontrar um


significado maior no ato de dançar, e ao mesmo tempo tornar a dança
acessível a todos. Visitando alguns lugares da Europa para conhecer as
danças dos povos de cada país, verificou o bem que aquelas danças faziam
aos participantes, criando um ambiente de comunhão entre eles. Bernhard
percebeu que alguns povos não dançavam mais as suas danças, e que algo
muito importante estava sendo perdido. Ele então começou a fazer um
trabalho de estudar e colecionar essas Danças Populares. Em 1976 levou
para a Findhorn Foundation (Escócia) uma coletânea de algumas destas
danças, onde foram muito bem aceitas, sendo ensinadas hoje pelo mundo
todo.

O QUE SÃO AS DANÇAS SAGRADAS

Também conhecidas como "DANÇAS CIRCULARES", são danças tradicionais


de diferentes países, e foram desenvolvidas na Findhorn Foundation(Escócia)
nos últimos 20 anos. Fazem parte também das Danças Circulares as danças
criadas a partir de uma orientação intuitiva(Danças da Gestualidade, Danças
Curativas e Danças dos Florais de Bach). Estas últimas trabalham temas
específicos de cura e crescimento, e são muito utilizadas em atividades de
auto-conhecimento(Cursos, Workshop's e Vivências).

As Danças Sagradas são utilizadas para reunir pessoas em alegres


celebrações, resgatando o contato com a tradição dos povos antigos, como
também para harmonização individual e grupal, integração, e como
instrumento de auto-conhecimento e auto-cura.

A força do Círculo é conhecida há séculos, e é um poderoso símbolo de


unidade e totalidade. Durante a Dança, o trabalho é feito de mãos dadas,
simbolizando a confiança e o apoio mútuo. No Círculo não existe hierarquia, e
as atitudes de competição são substituídas por atitudes cooperativas, onde

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os participantes do grupo podem ajudar a superar os erros uns dos outros,
manifestando o melhor de cada um.

O contato com o "Sagrado" destas Danças é feito também por intermédio de


uma conexão com a intenção e o propósito de cada ser, permitindo que a
qualidade de cada Dança entre no ser, e possa transformar o que seja
necessário.

Por intermédio destas danças pode-se trazer o que cada pessoa tem de
melhor dentro de si para ser manifestado na vida cotidiana; podem-se
identificar os sentimentos, as potencialidades e as qualidades que ainda se
encontram adormecidas no ser humano, auxiliando assim no
desenvolvimento pessoal e espiritual.

A Dança Sagrada é uma meditação em movimento. Através dos passos


repetidos que cada Dança possui, se entra num estado meditativo, onde não
se pensa em nada: a mente fica vazia. E é no vazio que se tem a grande
oportunidade de CRIAR.

Alguns Benefícios Trazidos Pelas Danças Circulares Sagradas:

- Trazem a leveza, a alegria, a beleza, a paz, a serenidade, o amor que


existe dentro de cada um.

- Proporcionam o trabalho em grupo sem que a pessoa perca sua


individualidade.

- Desenvolvem o apoio mútuo, a integração, a comunhão e a cooperação.

- São instrumentos suaves de auto-conhecimento e auto-cura.

- Incentivam o indivíduo a expressar o que ele tem de melhor dentro de si.

- Harmonizam o grupo antes e depois de praticar suas tarefas cotidianas.

- Trazem musicalidade e ritmo para a vida diária.

- Equilibram o corpo físico, emocional, mental e espiritual.

- Ampliam a percepção, a concentração e a atenção.

- Trazem uma maior auto-disciplina e centramento.

- Encorajam as pessoas a ocupar o seu lugar e o seu espaço.

- Trazem flexibilidade e auto-confiança para a vida.

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- Desenvolvem a auto-estima, ajudando a transformar medos, angústias,
ansiedades.

- Ajudam a combater o stress, a depressão.

CONCLUSÃO

Nas Danças Sagradas experimentamos alguns sentimentos e emoções que


nos une ainda mais ao grupo que convivemos, possibilitando a abertura para
novos relacionamentos. Dançar nos traz prazer e vontade de viver, nos traz
força e alegria.

Ao dançar nestes círculos, aprendemos a nos apoiar mutuamente, a olhar


para o outro de igual para igual; a expressar o amor mais puro que temos
dentro de nós, e que muitas vezes se encontra adormecido; a utilizar a
criatividade, a expressão, a confiança, o respeito, a força da vida, a
compaixão, a cooperação no cotidiano.

Por ser um instrumento tão antigo e simples, as DANÇAS SAGRADAS trazem


esta nova perspectiva para os participantes destes círculos, auxiliando assim
nas transformações que se fizerem necessárias para cada um encontrar o
seu BEM ESTAR, melhorando a qualidade de suas vidas através da ALEGRIA,
da LEVEZA e da MEDITAÇÃO.

Sirlene Barreto

E-mail: sirlene@terra.com.br

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Danças populares

Organizado por Adriana Marques, com base


em pesquisas em diversos sites na internet.
07/02/2003

Desde a mais alta antiguidade, a dança esteve sempre presente entre a


humanidade.
As danças folclóricas existem em quase todos os países do mundo e são
capazes de traduzir a fisionomia típica de certa época ou sociedade. Muitas
delas são ligadas a manifestações de cunho religioso; outras evocam fatos
épicos, acontecimentos dignos de serem periodicamente rememorados como
exemplos de coesão social; outras servem de atos propiciatórios, ou a tarefas
de trabalho coletivo, ensinando a alegria da cooperação.
De qualquer maneira, apresentam incomparável valor folclórico, visto que
conjugam os mais diversos aspectos da vida cotidiana, associando a música
ao gesto, à cor, ao ritmo, ao sentido lúdico e utilitário, à graça dos ademanes
e aos atributos da resistência física em manifestações de saúde, alegria e
vigor.
A dança, pode-se dizer, é um fato folclórico completo, sendo uma
manifestação espontânea de uma coletividade, aceita pela sociedade onde
subsiste. Tem como cenário normal às ruas, largos, praças públicas e possui
estruturação própria através da reunião de seus participantes e ensaios
periódicos.
As danças brasileiras, não só pela quantidade e variação, como pela sua
freqüência, são as expressões mais fiéis de nosso espírito musical.

Classificação:

As danças folclóricas podem ser classificadas coreograficamente, conforme


o número de participantes, em: solistas, quanto existe um só dançador,
como no frevo; de par enlaçado, como a valsa; de par solto, como a
chimarrita, podendo haver aquelas em que o par se enlaça e se separa
conforme as marcações, ex.: ciranda, quadrilha.
Algumas danças, como as primitivas, são de roda, pois nelas os participantes
fazem roda, ficando o dançador ou o par no centro, como no caso do samba
de roda ou batuque. Existem ainda as que, sendo de par, os pares giram em
roda, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, como o jongo.
Existem também as de fileiras em que os dançadores se colocam uns atrás
dos outros em duas filas que se defrontam, como na dança de São Gonçalo

Quanto à motivação as danças podem ser:

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Religiosas: Santa Cruz, São Gonçalo, Cururu.
Funerárias: Axexê.
Mímicas: quando os dançadores imitam alguma coisa.
Lúdicas: como as danças de roda das crianças.
Profanas: Fandango, Quadrilha, Jongo, Batuque, Coco.
Guerreiras: como Congada, Mouros e Cristãos.
Dramáticas: Cheganças, Maracatu, sendo algumas também de cortejo.

Quanto à movimentação, elas podem ser: tranqüilas, agitadas e


frenéticas, sendo do último tipo, algumas danças mágico-religiosas dos ritos
primitivos, com os do candomblé.

Danças mais frequentes no Maranhão:

Bumba-meu-boi

Tradicionalmente existem três espécies de Bumba-meu-boi no Maranhão,


que se diferenciam na indumentária e, principalmente, nos ritmos,
denominados sotaques. São conhecidos ‘Bois’ de matraca (comuns na ilha de
São Luís e em parte do interior maranhense), de zabumba e orquestra. Nos
primeiros, a base instrumental fica por conta das matracas, constituídas por
dois pedaços de madeira. As zabumbas são os bumbos, instrumentos que se
sobressaem nos grupos que levam essa denominação. Já os ‘Bois’ de
orquestra, além de instrumentos de percussão, utilizam diversos
instrumentos de sopro, que dão à esses grupos um caráter mais sofisticado.

Cacuriá

O Cacuriá surgiu na Festa do Divino, em São Luis do Maranhão. No início era


dançado apenas ao som da caixa do divino. Mais recentemente, uma senhora
maranhense apelidada de Dona Teté passou a difundir a dança e criou novas
canções, unindo às caixas outros instrumentos como violão, cavaquinho,
flauta e clarineta.
É executado em círculo, e se utiliza da percussão das caixas do Divino
Espírito Santo, de onde vem sua origem.

Tambor de crioula

O Tambor é de tradição negra. Praticado em várias regiões do Maranhão, foi


o rítmo que embalou a esperança e espantou o medo e a tristeza de negros
quilombolas que fugiam da escravidão para se refugiar nas matas. Agora
podem ser vistos por qualquer um nos festejos de rua e terreiro,
provavelmente conservando as mesmas características essenciais de séculos
atrás: tambores de troncos de árvores e couro de animais, batuque
contagiante e dança sensual, executada apenas pelas mulheres, e.

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Uma das curiosidades da dança é a umbigada, ou punga, que envolve uma
batida diferente dos tambores, seguido de gestos que as mulheres fazem
entre si marcando a substituição da coureira (dançante), no centro da roda.
Para um Tambor se apresentar não se faz muita exigência. Qualquer rua ou
praça pode ser palco da dança, e basta ter espaço para as mulheres fazerem
uma animada roda que a festa tem início. Os homens tocam os tambores
(um total de três) e quem assiste fica ao redor, utilizando um outro
instrumento fundamental nessa manifestação que é pura alegria: as palmas
das mãos.

Dança do côco

Trata-se de uma Dança de roda cantada, com acompanhamentos rítmicos à


base de palmas e instrumentos como viola e violão.
Segundo alguns folcloristas tem sua origem no trabalho escravo de quebrar
"cocos", como um canto de trabalho.

Samba de roda

Dança de origem africana que se desenvolve em círculo. Muito praticado na


Bahia, parece um baile ao ar livre onde todos podem participar se
movimentado à vontade, desde que convidados por uma "umbigada".

Jongo

O Canto tem papel muito importante e dela participam homens e mulheres.


A música serve para facilitar e coordenar os movimentos.
Os instrumentos usados são os de percussão tambu, candongueiro, biritador
(atabaques de couro), angóia (uma espécie de chocalho).
O dançador fica em frente a sua dama. Ela segura saia delicadamente, sem
sair do lugar. Com meneios e requebros a mulher acompanha galanteios do
cavalheiro. Outros casais se aproximam, dançando. O primeiro par se afasta
balançando o corpo, sem dar umbigadas como no batuque paulista.

Ciranda

"Para dançar ciranda, juntamos mão com mão, formando uma roda e
cantando uma canção". O verso traduz em poucas palavras um dos ritmos
mais característicos da cultura pernambucana. Segundo a maioria dos
historiadores, a ciranda tem origem em Portugal. O certo é que a dança
começou a se desenvolver no Brasil, na cidade de Goiana(a 62 km do
Recife), se transformando, em seguida, em um ritmo característico do litoral.
A praia é o lugar adequado para se fazer uma roda e brincar, de preferência,
com pés descalços. A ciranda é comandada por um mestre ou mestra, que

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tira os versos, entoada por um surdo, tarol, ganzá e sax, e um coro. Na roda,
homens e mulheres exercitam sua sensualidade em círculos. Uma das
cirandeiras mais famosas é Maria Madalena Correia do Nascimento, a Lia de
Itamaracá. "Ciranda acompanha as ondas do mar, sempre com o pé
esquerdo", diz Lia.

Instrumentos

As danças folclóricas geralmente são acompanhadas por instrumentos ou


conjuntos instrumentais e por palmeados e sapateados, sendo que em
algumas delas enquanto se canta, não se dança e noutras, os tocadores não
dançam. Alguns dos instrumentos mais utilizados são:

Matraca - Pedaços de madeira que produzem som ao entrechocarem-se.


Tambor- onça- Instrumento da mesma família da cuíca. Produz um som
semelhante ao rugido de uma onça.
Pandeirões - Tambores de grande diâmetro, confeccionados com madeira
e couro de animais.
Zabumba - Espécie de bumbo. Tem grandes dimensões e sonoridade grave.

Site para referência:

http://www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/dancas.html

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