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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS CORAÇÃO EUCARÍSTICO


FACULDADE MINEIRA DE DIREITO
CURSO DE DIREITO – GRADUAÇÃO – 9º PERÍODO
DISCIPLINA PRÁTICA SIMULADA – MINISTÉRIO PÚBLICO

APOSTILA NPJ III


Ministério Público

Prof. Marcelo Cunha

1
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

ARAÚJO, Marcelo Cunha de. Só é preso quem quer: bastidores do sistema de punição
seletiva. Disponível na www.amazon.com.br

ALVES, Leonardo Barreto Moreira; BERCLAZ, Márcio Soares. Ministério Público em Ação:
Atuação Prática Jurisdicional e Extrajudicial. 2a. Salvador: Juspodium. 2011. ISBN:
9788577613823.

MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução ao Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1997. 208p.
ISBN 8502023500.

MINAS GERAIS. Ministério Público. Manual de atuação funcional. Belo Horizonte: Centro
de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional, 2008. 2389 p.

RANGEL, Paulo. Investigação criminal direta pelo Ministério Público: visão crítica. 2.ed.
rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005 281p. ISBN 857387595X.

MINISTÉRIO público: instituição e processo. São Paulo: Atlas, 1997. 286p. ISBN
8522418144.

ZENKNER, Marcelo. Ministério Público e efetividade do processo civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais.

2
MODELO ARQUIVAMENTO DE IP:

Promoção de Arquivamento do Ministério Público

MM. Juiz,

Trata-se de procedimento visando à apuração de eventual delito praticado por


particular contra a Administração em geral. Analisando detidamente o conjunto probatório,
noto que o dolo do agente era o de manifestar inconformismo à atuação dos funcionários
públicos e não o de desobedecer, resistir ou mesmo o menoscabo à função pública.

Nesse sentido, citamos decisões do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

DESACATO - INOCORRÊNCIA - ESTADO DE ÂNIMO TRANSTORNADO A


AFASTAR O INDISPENSÁVEL DOLO ESPECÍFICO NECESSÁRIO AO
APERFEIÇOAMENTO DO CRIME - RECURSO PROVIDO. Relator
ERONY DA SILVA. Data da Publicação: 28/10/2005.
1.0456.00.007204-5/001(1)

PENAL. RESISTÊNCIA. DESOBEDIÊNCIA. DESACATO. CONCURSO


MATERIAL. MERO ATO DE INDISCIPLINA. OPOSIÇÃO. AUSÊNCIA.
DOLO ESPECÍFICO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. ULTRAJE. INTENÇÃO.
INOCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. A ação do réu que se revela em
simples ato de indisciplina não se constitui como
resistência hábil a provocar a repressão punitiva
estatal. A desconsideração de ordem de prisão para,
simplesmente, preservar-se a liberdade, e assim
destituída do dolo específico de não obedecer àquele
comando, não se constitui como o crime de desobediência
prescrito no art. 330 do CP. Meros adjetivos desferidos
a policiais, sem qualquer alusão à função pública por
eles exercida, são insuficientes para a punição do
agente pela ocorrência do crime de desacato. Recurso a
que se nega provimento. Relator: TIBAGY SALLES. Data da
Publicação: 09/03/2004 1.0281.02.001444-1/001(1).

Isto posto, não havendo robusta prova do elemento subjetivo do tipo, inadequado se
torna o prosseguimento da persecutio criminis, razão pela qual requeiro o arquivamento do
feito em analogia ao art. 397, III do CPP.

Local, data.

PROMOTOR DE JUSTIÇA

3
MODELO DENÚNCIA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL DA COMARCA DE CONTAGEM

Procedimento n.º 079.09.956236-9

O órgão de execução ministerial infra assinado vem, no exercício de


suas atribuições constitucionais e legais previstas nos artigos 127
caput e 129, I da CR/88 c/c art. 24 do CPP, oferecer DENÚNCIA
contra:

- XX, brasileiro, solteiro, cabeleireiro, nascido aos xx,


filho de xx e xx, residente e domiciliado à Rua xx, n.º
xx, Bairro xx, Município de Contagem/MG;

Pelos fatos e fundamentos jurídicos dispostos a seguir:

Conforme consta das investigações em anexo, por volta das 17h20min do dia
26/09/2009, na Rua Poatá, n.º 144, Bairro Novo Eldorado em Contagem/MG, o denunciado
trazia consigo, para consumo próprio, drogas (Cannabis Sativa L., substância vulgarmente
conhecido como maconha, cf. Auto de Apreensão de fls.10, laudo preliminar de constatação
de fls. 15 e laudo químico-toxicológico de fls. 25), sem autorização e em desacordo com
determinação legal e regulamentar (cf. Portaria n.º 344 de 12/05/98 do Ministério da Saúde,
Listas E, F e F2).

Desta forma, pede-se a condenação do denunciado nos termos do art. 28 da Lei


11343/06, após trâmite regular processual.

Rol de Testemunhas:

1- CAIO CÉSAR SANTOS REIS, fls. 07;


2- GERLAN NASCIMENTO SILVA, fls. 07;
3- WELLINGTON JOSÉ DE ALMEIDA, PMMG, fls. 08;
4- GUSTAVO D. GUEDES DE ALMEIDA, PMMG, fls. 08;
5- ALEX CORRÊA SOARES, PMMG, fls. 08.

Local, data

PROMOTOR DE JUSTIÇA

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MODELO PARECER FINAL CÍVEL DO MP – CUSTOS LEGIS:

Autos nº 079.09.
1ª Vara da Fazenda Municipal da Comarca de Contagem
Ação de Indenização
Requerentes: XX
Requeridos: Fundação de Assistência Médica e de Urgência de Contagem – FAMUC – e Município de
Contagem.

PARECER FINAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

MM.(a) Juiz(a),

I - Relatório

Trata-se de ação ajuizada por XX e XX, em nome próprio e como representantes legais de XX, em face do
MUNICÍPIO DE CONTAGEM e da FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E DE URGÊNCIA DE
CONTAGEM – FAMUC, na qual os autores pleiteiam o pagamento de indenização por danos morais, na
proporção do sofrimento de cada um; dano moral estético, em favor de XX; danos materiais, caracterizados por
lucros cessantes, em favor de XX e de XX, e de danos materiais decorrentes dos gastos com a adaptação da
família, remédios e transporte para as sessões de fisioterapia, consultas, exames e despesas em geral com o
tratamento da menor, em decorrência das lesões causadas no braço da menor, no momento de seu nascimento, na
Maternidade Municipal Monte Cristo, pelo mau uso do equipamento denominado “fórceps”, o que lhe gerou
atrofia permanente no membro superior.

Sustentam que XX, no dia 4 de novembro de 2006, foi conduzida à referida Maternidade Municipal em trabalho
de parto, acompanhada de seu companheiro, XX, e que, no momento do parto, foi informada pela Dra. XX de
que não havia passagem suficiente para o nascimento da criança, sendo indicado o uso do equipamento
“fórceps” para auxiliar o procedimento.

Afirmam que, ao invés de ser feito o encaixe amoldando o mencionado equipamento ao corpo da criança, ele foi
colocado apenas em seu braço, ocasionando-lhe lesões e ranhuras em seu membro superior.

Salientam que perceberam que XX não mexia o braço afetado da mesma forma como fazia com o outro braço e
que, na última consulta antes da alta médica, foram orientados pela médica pediatra de plantão, Dra. XX, de que
a criança necessitava de se submeter a sessões de fisioterapia, por um período de um mês, para a solução das
lesões ocasionadas pelo uso do fórceps em seu braço.

Aduzem que, no entanto, dois anos depois do parto, a fisioterapeuta da criança informou-lhes de que o braço
lesionado pelo fórceps ficaria atrofiado, sendo que, ainda que as sessões de fisioterapia se prolongassem pelo
restante de sua vida, o braço afetado nunca voltaria a ter as funções e as atividades normais.

Sustentam que XX ainda sofre dores no braço e necessita de administração de analgésicos, além de diversos
outros medicamentos e das sessões de fisioterapia constantes, impossibilitando a sua genitora de laborar.

A inicial (fls. 02/13) veio acompanhada dos documentos acostados às fls. 14/41.

A FAMUC apresentou contestação às fls. 63/90, alegando, em síntese, que os autores, em nenhum momento,
apresentaram nos autos provas que possibilitem um juízo seguro sobre a relação de causa-efeito entre a suposta
lesão no braço do nascituro, e sua posterior atrofia, com o uso inadequado do fórceps, no momento de seu
nascimento. Afirma, também, não existir nenhuma evidência de imperícia, negligência ou imprudência por parte
da instituição, bem como de todos os profissionais envolvidos nos fatos. Aduz, ainda, que houve o cumprimento
de todas as normas técnicas na condução do parto da autora, não existindo nexo de causalidade entre a ação de
seus agentes e o dano à vítima. Alega que não devem ser aplicadas no caso em apreço as disposições contidas no
Código de Defesa do Consumidor, quanto à inversão do ônus da prova, e que o valor da indenização pleiteado
representa enriquecimento sem causa dos autores. A peça contestatória veio acompanhada dos documentos de
fls. 91/147.

5
O Município de Contagem apresentou contestação às fls. 148/153, sustentando a ocorrência da prescrição, nos
termos do art. 206, §3º, inciso V, do Código Civil, da pretensão dos autores de pleitearem a reparação civil dos
danos, uma vez que decorreram mais de 3 anos da data de realização do parto – 04/11/2006 – até a data da
propositura da presente Ação – 06/11/2009 . Afirma, ainda, que foram adotados pela equipe médica todos os
cuidados técnicos necessários para a realização do parto da autora e que o uso do fórceps não é sinônimo de erro
médico, havendo circunstâncias em que a sua utilização é necessária. Sustenta, outrossim, que há uma tentativa
dos autores de enriquecerem-se ilicitamente.

Os autores apresentaram impugnação às contestações nas fls. 158/160.

O Ministério Público apresentou parecer interlocutório às fls. 162/169.

Após a devida instrução processual, vieram os autos ao Ministério Público, para parecer.

É, em suma, o relatório.

II - Fundamentos

Primeiramente, necessário ressaltar que o Ministério Público, nas fls. 162/169, já se manifestou quanto à
ocorrência da prescrição e à aplicabilidade da inversão do ônus da prova do Código de Defesa do Consumidor no
presente caso.

Quanto ao mérito, em se tratando de pedido de indenização por danos morais e materiais contra o Poder Público
municipal e a sua autarquia, o pedido dos autores deve ser aferido com base na responsabilidade objetiva,
conforme preceitua o §6º, do art. 37, da Constituição da República.

Os réus, em suas peças contestatórias, alegaram que não há provas nos autos de que a equipe médica que atendeu
a autora tenha agido com negligência, imprudência ou imperícia, uma vez que houve o regular cumprimento de
todas as normas técnicas no momento de seu parto.

Todavia, a análise quanto ao direito dos autores prescinde da prova da existência ou não do elemento subjetivo
dos réus, uma vez que a responsabilidade objetiva do Estado não se confunde com a responsabilidade de seus
funcionários, cabendo àquele eventual ação de regresso contra estes. Nesse sentido, é o elucidativo acórdão
proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, abaixo transcrito:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL


OBJETIVA.PLEITO DE DANOS MORAIS. INDEPENDÊNCIA DAS AÇÕES
PROPOSTAS CONTRA O ENTE OU ENTIDADE PÚBLICA E A AÇÃO DE
REGRESSO. INTERESSE PROCESSUAL QUE SE MANTÉM MESMO
QUANDO AFASTADA EVENTUAL RESPONSABILIDADE DO
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. RETORNO DOS AUTOS QUE SE IMPÕE PARA
JULGAMENTO DA AÇÃO CONTRA O CONSELHO PROFISSIONAL, QUE
RESPONDE OBJETIVAMENTE POR SEUS ATOS.
(...) 2. A propositura de ação de responsabilidade civil aforada pelo particular
contra o autor do fato causador do dano não afasta o direito à ação para
demandar contra o ente público, que responde objetivamente pelos danos
causados a terceiros.
3. A responsabilidade civil do Estado objetiva nos termos do artigo 37, § 6º da
Constituição Federal, não se confunde com a responsabilidade subjetiva dos
seus agentes, perquirida em ação regressiva ou em ação autônoma.
4. Extrai-se da Constituição Federal de 1988 a distinção entre a possibilidade de
imputação da responsabilidade civil, de forma direta e imediata, à pessoa física
do agente estatal, pelo suposto prejuízo a terceiro, e o direito concedido ao ente
público de ressarcir-se, mediante ação de regresso, perante o servidor autor de
ato lesivo a outrem, nos casos de dolo ou de culpa. (...)
7. A marca característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o
lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa do agente ou do
serviço. O fator culpa, então, fica desconsiderado como pressuposto da
responsabilidade objetiva (...)", sendo certo que a caracterização da
responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência de três pressupostos: a)

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fato administrativo: assim considerado qualquer forma de conduta comissiva
ou omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder
Público; b) ocorrência de dano: tendo em vista que a responsabilidade civil
reclama a ocorrência de dano decorrente de ato estatal, latu sensu; c) nexo
causal: também denominado nexo de causalidade entre o fato administrativo e
o dano, consectariamente, incumbe ao lesado, apenas, demonstrar que o
prejuízo sofrido adveio da conduta estatal, sendo despiciendo tecer
considerações sobre o dolo ou a culpa. (José dos Santos Carvalho Filho, in
Manual de Direito Administrativo, 12ª Edição, 2005, Editora Lumen Iuris, Rio
de Janeiro, páginas 497-498) (REsp 976730 / RS. Rel. Min. Luiz Fux. Primeira
Turma. Data da publicação: DJe 04/09/2008, grifo nosso)

O sumário de alta da autora e da menor, acostado nas fls. 25/26, demonstra que, no momento do parto, foi
necessária a utilização do equipamento denominado fórceps para o nascimento da criança, cuja utilização
causou-lhe lesão no membro superior direito – paralisia do plexo braquial e fratura na clavícula.

Por sua vez, a declaração médica juntada na fl. 27 comprovou que a menor é portadora de seqüela de PBO –
paralisia braquial de origem obstétrica -, sendo submetida a tratamento fisioterápico desde o seu nascimento, mas
ainda apresentando, com 2 anos de idade, paralisia do MSD – membro superior direito.

Assim, verifica-se que restou demonstrado nos autos o fato administrativo (serviço público prestado pela
administração – atendimento médico), o dano (paralisia braquial de origem obstétrica) e o nexo de causalidade
(paralisia do MSD); elementos necessários para a aplicação da responsabilidade objetiva dos réus, hábil a ensejar
a indenização pleiteada pelos autores.

Ademais, sem perquirir acerca da aplicação ou não do Código de Defesa do Consumidor ao presente caso, a
regra do ônus da prova deve ser analisada pormenorizadamente nos casos de responsabilidade objetiva dos réus.

José dos Santos Carvalho Filho, lecionando acerca do ônus da prova na aplicação da responsabilidade objetiva,
afirma que:

“A questão relativa à prova leva, primeiramente, em conta a defesa do Estado na


ação movida pelo lesado. Diante dos pressupostos da responsabilidade objetiva, ao
Estado só cabe defender-se provando a inexistência do fato administrativo, a
inexistência do dano ou a ausência do nexo causal entre o fato e o dano.

Mas há ainda outro fator que merece ser analisado. A pretensão formulada pelo
indivíduo para obter do Estado a reparação de prejuízos atenua em muito o
princípio de que o ônus da prova incumbe a quem alega (onus probandi incumbit
ei que dicit, no qui negat). Se o autor da ação alega a existência do fato, o dano e
o nexo de causalidade entre um e outro, cabe ao Estado-réu a contraprova sobre
tais alegações.” (Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007. p. 484 – grifos nossos).

No mesmo sentido, é a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART. 535, I e II,


DO CPC. NÃO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
PLEITO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. MORTE DE MENOR EM
DECORRÊNCIA DE INFECÇÃO GENERALIZADA. ATUAÇÃO DOS
PROFISSIONAIS DA ENTIDADE HOSPITALAR MUNICIPAL. ONUS
PROBANDI. (...) 7. Deveras, consoante doutrina José dos Santos Carvalho Filho:
"A marca da responsabilidade objetiva é a desnecessidade de o lesado pela conduta
estatal provar a existência da culpa do agente ou do serviço. O fator culpa, então,
fica desconsiderado com pressupostos da responsabilidade objetiva (...)", sendo
certo que a caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a ocorrência
de três pressupostos: a) fato administrativo: assim considerado qualquer forma de
conduta comissiva ou omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída
ao Poder Público; b) ocorrência de dano: tendo em vista que a responsabilidade civil
reclama a ocorrência de dano decorrente de ato estatal, latu sensu; c) nexo causal:

7
também denominado nexo de causalidade entre o fato administrativo e o dano,
consectariamente, incumbe ao lesado, apenas, demonstrar que o prejuízo sofrido
adveio da conduta estatal, sendo despiciendo tecer considerações sobre o dolo ou a
culpa.
8. Assim, caracterizada a hipótese de responsabilidade objetiva do estado, impõe-se
ao lesado demonstrar a ocorrência do fato administrativo (diagnóstico
errôneo), do dano (morte da filha da autora) e nexo causal (que a morte da
criança decorreu de errôneo diagnóstico realizado por médico de hospital
municipal).
9. Consectariamente, os pressupostos da responsabilidade objetiva impõem ao
Estado provar a inexistência do fato administrativo, de dano ou ausência de
nexo de causalidade entre o fato e o dano, o que atenua sobremaneira o
princípio de que o ônus da prova incumbe a quem alega . (...) (REsp 674586 / SC.
Rel. Min. Luiz Fux. Primeira Turma. Data da publicação: DJ 02/05/2006 p. 253,
grifo nosso).

Outro não é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais demonstrado no acórdão
abaixo transcrito:

EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO -


REPARAÇÃO DE DANOS - HOSPITAL PÚBLICO - INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - PROVA JÁ A CARGO DO
ENTE PÚBLICO - RECURSO DESPROVIDO. Não existe previsão legal para
inverter o ônus da prova, e nem possibilidade de que tal se dê, em ações em que se
pretende a responsabilidade objetiva do Estado, porque, em razão do mencionado
princípio, consagrado no parágrafo 6º do artigo 37 da Constituição da República,
passa a ser do ente público o ônus de provar a participação da parte autora na
ocorrência do evento danoso, como forma de excluir ou mitigar a
responsabilidade estatal. (AGRAVO (C. CÍVEIS ISOLADAS) Nº
1.0024.04.376588-2/001. Rel. Des. Moreira Diniz. Data da publicação: 11/10/2005,
grifos nossos).

Dessa feita, tendo a parte autora realizado satisfatoriamente a prova de suas alegações, caberia aos
réus, segundo os princípios que regem a responsabilidade objetiva estatal, comprovarem a existência de caso
fortuito, força maior ou mesmo culpa exclusiva da vítima (inexistência de nexo de causalidade entre o fato
administrativo e o dano).

Como se verifica nos autos, o Município de Contagem e a FAMUC não se desincumbiram de seu
ônus probatório no sentido de demonstrarem que a paralisia do MSD de que XX foi acometida decorreu de caso
fortuito ou de culpa exclusiva da vítima, no caso, da gestante.

Eles também não produziram, no momento processual oportuno, a produção de prova pericial,
conforme se verifica nas fls. 171 e nas fls. 173-v, a fim de desconstituir o nexo de causalidade existente entre a
má utilização do fórceps e a paralisia do MSD causada na criança, o que era seu interesse e obrigação.

Aliás, sistematicamente, em casos similares, o Município de Contagem e a FAMUC vêm


omitindo-se no dever de produzir prova, com o objetivo de se esquivarem do pagamento dos honorários
periciais, sustentando o ônus probatório à parte autora, que, na maioria das vezes, litiga sob o pálio da
assistência judiciária gratuita, o que dificulta ou mesmo impossibilita a realização da perícia, vez que os experts
recusam-se a prestar o serviço com a possibilidade de recebimento posterior do vencido.

Nesses termos, restando comprovado pelos autores a existência dos elementos que ensejam a
responsabilidade objetiva (fato administrativo, dano e nexo de causalidade) e não tendo os réus, ante a aplicação
da regra do ônus da prova, desconstituído os fatos por eles alegados, mister a procedência do pedido pleiteado na
inicial.

Quanto ao valor da indenização por danos morais e estéticos (estes especificamente em relação à
autora XX), ele deve ser arbitrado prudentemente pelo douto juízo, devendo ser observadas as circunstâncias do
caso, especialmente as condições do ofendido e a capacidade financeira do ofensor.

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Ele também deve ser suficiente para representar uma punição ao causador do dano (e, nesse sentido,
constituir até mesmo um estímulo ao interesse de requerer e pagar pelas perícias necessárias em causas
similares), assim como deve ter um caráter de compensação para que o lesionado, ainda que precariamente,
recomponha-se do mal sofrido e da dor moral suportada, sem, contudo, ser fonte de enriquecimento sem causa.

No que tange ao pedido de pagamento de indenização por danos materiais, como é cediço, a
mencionada indenização corresponde à restituição dos efetivos prejuízos materiais sofridos pelo autor da
demanda. Para tanto, tais prejuízos devem estar devidamente comprovados nos autos, até mesmo, para a
apuração do quantum debeatur.

A apreciação da concessão da indenização por danos materiais deve estar pautada em requisitos
objetivos e certos, sendo que não é cabível sua concessão fundamentada em supostos prejuízos.

Quanto à matéria, colaciono jurisprudência do E. TJMG:

EMENTA: INADIMPLEMENTO CONTRATUAL - DANOS MATERIAIS E


LUCROS CESSANTES - NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO (...) Para
deferimento de indenização por danos materiais e lucros cessantes, é indispensável a
prova objetiva da sua ocorrência, não bastando mera expectativa, pois não se trata de
dano hipotético. – (...) (APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.05.581345-5/001. Rel. Des.
Fabio Maia Viani. Data da publicação: 06/10/2009)

No caso em apreço, os lucros cessantes pleiteados pela autora Márcia Rodrigues não são devidos,
uma vez que o abandono do seu trabalho não se justifica, tendo em vista que não há provas nos autos de que a
criança necessita de cuidados integrais, em decorrência da paralisia de seu braço.

Quanto aos lucros cessantes em favor de XX, em relação ao seu trabalho futuro e prejuízos
escolares, tais se enquadram melhor na análise do arbitramento dos danos morais, também não devendo ser
concedidos a título de danos materiais, por se tratar de danos hipotéticos, sem nenhuma comprovação objetiva.

Relativamente ao ressarcimento dos danos materiais decorrentes dos gastos com o tratamento da
menor (adptação da família, remédios, transporte para as sessões de fisioterapia, consultas, exames, etc.) eles não
foram devidamente comprovados nos autos, devendo ser apurados, caso conveniente, em ação apropriada, por
meio de liquidação de sentença.

III – Conclusão

Pelo exposto, este é o parecer do Ministério Público, para que sejam julgados
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos dos autores pleiteados na inicial, para que a FAMUC e o
Município de Contagem sejam condenados a pagar-lhes indenização por danos morais, na proporção do
sofrimento de cada um, e indenização por dano moral e estético, em favor de XX, todos a serem prudentemente
arbitrados por este juízo, além dos danos materiais diretamente oriundos do fato, em quantidade a ser apurada em
sede de futura liquidação de sentença.

Local, data.

Promotor de Justiça

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MODELO PORTARIA INAUGURAL INQUÉRITO CIVIL:

PORTARIA INAUGURAL (Autoria do CAO – Defesa dos Direitos de Pessoas Portadoras de


Deficiência e Idosos, com alterações para fins de ensino).

INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO Nº ______/____


O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, no uso de suas atribuições constitucionais e
legais de tutela dos interesses das pessoas portadoras de deficiência estabelecidas na
Lei Federal nº 7.853/89 e,
Considerando que ao Ministério Público compete a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da Constituição
Federal e art. 119 da Constituição do Estado de Minas Gerais);
Considerando ser função institucional do Ministério Público a promoção de inquérito
civil público e ação civil pública, para proteção dos interesses difusos e coletivos, em
especial os relativos à pessoa portadora de deficiência (art. 129, III, da Constituição
Federal);
Considerando que a igualdade é signo fundamental da República e vem como forma de
proteger a cidadania e a dignidade, fundamentos do Estado Democrático de Direito,
eliminando-se as desigualdades sociais, que é um dos objetivos fundamentais de nossa
República (art. 5º; art. 1º, II e III; art. 3º, I, III e IV e art. 5º da Constituição Federal);
Considerando que compete à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência (art. 23, II da Constituição Federal);
Considerando que ao Poder Público e aos seus órgãos cabe assegurar às pessoas
portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que lhes propiciem
bem estar pessoal, social e econômico (art. 2º caput da Lei Federal nº 7.853/89);
Considerando que a Constituição Federal, no seu artigo 227, § 2º, estabelece que a lei
disporá sobre normas de construção de logradouros e dos edifícios de uso público, a fim
de garantir o acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência;
Considerando que o artigo 244 da mesma Carta Magna determina que a lei disporá
sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público, a fim de garantir o
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência;
Considerando que compete à União, aos Estados, ao Distrito e aos Municípios legislar
concorrentemente sobre a proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência, ex vi art. 24, XIV, e art. 30, I, II e VIII, da Constituição Federal;
Considerando que o artigo 224, § 1º, I, da Constituição do Estado de Minas Gerais,
determina que o Estado assegurará a remoção de obstáculos arquitetônicos garantindo
assim a integração social do portador de deficiência;
Considerando o advento da Lei Federal nº 10.098/2000, que estabelece normas gerais
e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida em todo território nacional;
Considerando a existência da Lei Estadual nº 11.666/94, que estabelece normas para
facilitar o acesso dos portadores de deficiência física aos edifícios de uso público;
Considerando as disposições do Decreto Federal nº 5.296/2004 que regulamenta as
Leis Federais nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento
às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida;
Instaura o presente inquérito civil público para apurar eventual descumprimento aos
interesses coletivos relativos às pessoas portadoras de deficiência, em especial a
adaptação dos edifícios de uso público, para garantia da acessibilidade às pessoas
portadoras de deficiência.
Nomeia-se _________________________________ – Secretário(a)–Escrevente,
formalizando o encargo por Termo de Compromisso nos autos.
Autue-se, registre-se e conclusos.
(Local), (Data).

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MODELO TAC

Aos 17 dias do mês de Outubro do ano de 2002, perante a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da
Comarca de Morada, compareceu o Sr. Dr. José da Silva, brasileiro, casado, advogado, OAB/MG 42377, além do Sr.
Dr. MELO FERREIRA DAS DORES, PREFEITO MUNICIPAL, representantes legais do município de
MORADA-MG, sito à Praça Valadares n°105, Morada/MG, QUE tomaram conhecimento das irregularidades no
tocante a pretéritos REAJUSTES DE SALÁRIOS DE FUNCIONÁRIOS DA AUTARQUIA MUNICIPAL SAAE
(Serviço Autônomo de Água e Esgoto) que não seguiram o trâmite legislativo constitucional. Visando submeter-
se aos regramentos legais, evitando com isso sujeição ao pólo passivo em sede de ação civil pública de que trata a Lei
Federal n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, os referidos firmam o presente título extrajudicial à luz do que dispõe o
parágrafo 6º do artigo 5º do referido diploma legal, e incisos II e VII, do artigo 585, do Código de Processo Civil, nos
seguintes termos:
1. Considerando os documentos anexos, as partes são acordes em afirmar que, em 1997, por meio do Decreto
1938/97, o Município autorizou Diretor do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) a conceder aos servidores
da autarquia “antecipações salariais”.
2. A autarquia, desta forma, concedeu, a título de “antecipações salariais”, os reajustes de 7,15 % (sete vírgula
quinze por cento) em 1997; 8,33 % (oito vírgula trinta e três por cento) em 1998 e 4,62 % (quatro vírgula sessenta e
dois por cento) em 1999, conforme comprovam os docs. anexos.
3. Estes verdadeiros REAJUSTES estão eivados de ilegalidade e inconstitucionalidade pois:
a) As antecipações salariais não seguiram seu caráter próprio de serem TRANSITÓRIAS (eis que estão se
eternizando no salário dos servidores da autarquia) e COMPENSÁVEIS (eis que, na data base dos funcionários do
município, o que já fora recebido necessitaria ser compensado com o índice de atualização);
b) As referidas “antecipações salariais” em verdade caracterizaram verdadeiro reajuste de vencimentos, o que
preteriu o processo legislativo previsto no art. 37, X da Constituição Federal, eis que reajustes da administração
direta, autárquica e fundacional só podem ser concedidos por meio de LEI, de iniciativa privativa do Prefeito
Municipal, e aprovação na Câmara Municipal. No caso, houve uma usurpação da iniciativa exclusiva do Prefeito e
das funções da Casa Legislativa.
c) Houve quebra do princípio da Isonomia, vez que os reajustes foram efetuados de forma GENÉRICA (e não
específica, levando-se em consideração o grau de dificuldade e peculiaridades de cada cargo), mas não extensivo aos
funcionários da ADMINISTRAÇÃO DIRETA.
4. Além destes fatos, em 2002 entrou em vigor Lei Municipal 31/2002, de iniciativa do Prefeito Municipal, em que
há a concessão de um reajuste de 11,11 % (onze vírgula onze por cento) para os servidores da administração direta,
excluindo-se textualmente os servidores autárquicos, que já tiveram o reajuste supra citado (sob o título de
antecipações salarial).
5. A referida Lei também é eivada de vício, eis que estabelece distinção entre reajuste GENÉRICO entre servidores
da administração direta, autárquica e fundacional.
6. Desta forma, visando restabelecer a paridade entre os servidores da administração direta e autárquicos, o
MUNICÍPIO DE MORADA e o MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS firmam o presente TERMO DE
AJUSTAMENTO DE CONDUTA.
7. Obriga-se o MUNICÍPIO, por meio do presente, a revogar o referido DECRETO 1938/97, tendo como
conseqüência a extirpação dos salários dos servidores autárquicos dos reajustes ilegalmente recebidos (7,15 % - sete
vírgula quinze por cento - em 1997; 8,33 % - oito vírgula trinta e três por cento – em 1998 e 4,62 % - quatro vírgula
sessenta e dois por cento - em 1999).
8. Obriga-se o MUNICÍPIO, por meio do presente, a encaminhar Projeto de Lei à Câmara Municipal reajustando os
vencimentos dos servidores autárquicos no mesmo percentual da Lei Municipal 31/2002, retroativo à data do
Decreto que revogar o DECRETO 1938/97 (ou seja, retroativo à data em que cessarem os reajustes ilegais supra
referidos) com fins de que haja a completa isonomia entre servidores autárquicos e da administração direta.
9. Obriga-se o MUNICÍPIO DE MORADA a, no futuro, não promover qualquer tipo de aumento GENÉRICO (ou
seja, reajuste GERAL) preterindo servidores autárquicos ou fundacionais.
10. Eventual descumprimento ou violação de qualquer das obrigações assumidas implicará, a título de cláusula
penal, no pagamento de multa diária no importe de R$ 1000,00 (mil reais), exigível em caráter cumulativo enquanto
perdurar a violação, cujo valor será atualizado de acordo com índice oficial, desde o dia da prática infracional até
efetivo desembolso. Esta responsabilização do MUNICÍPIO DE MORADA e do Prefeito, em solidariedade, tem
como beneficiário um fundo que será criado em caso de descumprimento do ajustado, que visa ao pagamento de
servidores prejudicados com o inadimplemento.
11. Outrossim, a vulneração de qualquer das obrigações assumidas implicará, caso não sobrevenha pagamento do
valor das correspondentes multas em nível extrajudicial, na sujeição dos responsáveis às medidas judiciais cabíveis,
incluindo execução especificada na forma estatuída no parágrafo 6.º, do artigo 5.º da Lei Federal n.º 7.347, de 24 de
julho de 1985 e incisos II e VII, do artigo 585, do Código de Processo Civil.
Morada, 17 de Outubro de 2002.
PROMOTOR DE JUSTIÇA PREFEITO MUNICIPAL PROCURADOR DO MUNICÍPIO

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MODELO AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Peça processual adaptada, de lavra do Dr. GREGÓRIO ASSAGRA DE ALMEIDA (disponível na internet).

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE _

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, através da Promotora de Justiça, que ao final
subscreve, com atribuições perante a curadoria da Defesa dos Direitos dos Deficientes e Idosos, vem, com
fundamento nos arts. 5º, inciso XXXV, 129, inciso III, 230, § 2º, 1º, III, todos da CR/88 e arts. 1º, inciso II e IV,
5º, caput, da Lei n.º 7.347/85 e art. 74, inciso I da Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso —, artigo 3º da Lei nº
7.853/89, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, com pedidos cumulados de condenação em obrigações
específicas de fazer e não fazer (abster-se), com REQUERIMENTO DE LIMINAR, em face da empresa
demandada VIAÇÃO __, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 19542539-0001-09, sediada na
__, pelas razões fáticas e fundamentos jurídicos abaixo aduzidos:

1. BREVES ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA DEMANDA COLETIVA E DOS PEDIDOS:


A presente demanda coletiva tem o escopo de obter o pronunciamento jurisdicional favorável no sentido de
conceder liminar e ainda condenar, ao final, a empresa demandada, às obrigações específicas de fazer e de não
fazer consistentes em fornecer transporte coletivo aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos e deficientes físicos,
nos seus ônibus urbanos e naqueles que compõem a linha __, denominado “semi-urbano” e de se abster de fazer
qualquer restrição ou discriminação nesse sentido.
Ocorre que, mesmo após o advento da Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso —, a empresa demandada recusa-se
a fornecer o transporte gratuito aos idosos, nos referidos veículos, ao argumento de que estaria dispensada de
fazê-lo com base em orientação do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais – DER.
Da mesma forma, encontra-se noticiado nos autos que a empresa ré também recusa-se a fornecer transporte
urbano gratuito aos deficientes físicos, na linha intramunicipal.
Destarte, preceitua a Constituição Federal, art. 230, §2º:
‘Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos’
Por sua vez, o art. 39 da Lei 10.741/2003, preconiza:
“Aos maiores de sessenta e cinco anos fica assegurada a gratuidade de transportes coletivos públicos urbanos e
semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços
regulares. (sublinhou-se)
No que tange ao transporte gratuito de idosos e deficientes, no trajeto intermunicipal preleciona a lei estadual
10419, de 16/01/1991: “Art. 1º- O art. 1º da Lei nº 9.760, de 20 de abril de 1989, passa a vigorar com a seguinte
redação: "Art. 1º- Fica concedido passe livre aos deficientes físicos, mentais e visuais e às pessoas com idade
superior a 65 anos no transporte coletivo intermunicipal.’ ”.
Diante disso, em face das representações que chegaram a esta Promotoria de Justiça e uma vez esgotadas todas
as formas de negociação com a empresa demandada, ao Ministério Público outra opção não restou, senão o
ajuizamento da presente Ação Civil Pública. O que se pretende nesta demanda coletiva, portanto, é que a
requerida cumpra os preceitos legais e constitucionais, fornecendo o transporte gratuito aos maiores de sessenta e
cinco (65) anos, bem como aos deficientes físicos, na linha urbana e semi-urbana, inclusive nos seus ônibus mais
confortáveis, caso existentes.

2. PRELIMINARMENTE:
DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO LOCAL;
No que tange à competência, aplicável na espécie o art. 80 da Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso —, que versa
sobre a proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis ou homogêneos, em
transcrição literal:
“Art. 80. Lei 10.741/2003. As ações previstas neste capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as causas da Justiça Federal e a
competência originária dos Tribunais Superiores”.
Outrossim, nos termos do demais dispositivos legais pertinentes, o juízo da Comarca de __ é competente para a
propositura da presente ação civil pública, ex vi do art. 2º e parágrafo único da Lei 7.347/85, in verbis:
"As ações previstas nesta lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.”
Adotou-se aqui o critério especial de competência territorial que já era previsto no art. 100, V, a, do CPC, onde
está fixado que é do juízo do lugar do ato ou fato a competência para a ação de reparação de dano. Por sua vez, o
art. 2º da LACP, dispõe que o juízo do foro do local do dano tem competência funcional para processar e julgar a

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causa, de sorte que o referido dispositivo em epígrafe, diversamente daquele elencado no CPC, dispõe sobre
regra de competência territorial-absoluto, portanto, absoluta por se tratar de critério também apontado na
disposição legal como funcional.
Observa-se no caso em tela que a empresa demandada desempenha suas atividades de transporte de passageiros
dentro e entre os Municípios de Carmo do Cajuru e Divinópolis, o que faz gerar danos coletivos generalizados,
abrangendo territorialmente mais de um foro e juízo. Entretanto, entende-se que neste presente caso, o dano é
âmbito local, sem qualquer dimensão de natureza regional ou nacional.
Desse modo, pelo critério especial de fixação de prevenção do juízo, aplicável às demandas coletivas, também
por força do art. 93, I, do CDC, a presente ação pode ser ajuizada em qualquer das comarcas onde tenha ocorrido
ou possa vir a ocorrer o dano, que é de âmbito local.
No caso, ainda que a empresa demandada também exerça suas atividades, consistente em transporte de
passageiros em outros municípios, nada obsta que a demanda coletiva que vise a assegurar direitos e garantias
constitucionalmente instituídos em favor dos idosos seja ajuizada nesta da Comarca, conforme motivos supra
aduzidos.

3. DAS RAZÕES FÁTICAS ENSEJADORAS – Da causa de pedir remota:


Em razão da representação de inúmeros cidadãos desta comarca, sobre o pleito em epígrafe, foi instaurado em 11
de novembro de 2003, o inquérito civil 03 de 2003 com o escopo de averiguar as denúncias, bem como sanar
extrajudicialmente a transgressão legal.
Todas as reclamações convergiam a uma só reivindicação: o fornecimento gratuito aos idosos e deficientes nos
ônibus da linha urbana e da semi-urbana, cujo serviço é delegado à empresa demandada.
Ante os fatos apresentadas, a Promotoria de Justiça desta comarca, na curadoria dos direitos dos portadores de
deficiência e dos idosos, procedeu à instauração do inquérito civil supra mencionado, o qual, embora
devidamente instruído, não obteve êxito na composição extrajudicial do gravame, em razão da irresignação da
empresa requerida. Destarte, a referida documentação passa a fazer parte integrante da presente demanda
coletiva, com o objetivo de fazer cumprir judicialmente, os dispositivos legais respectivos.
Como se depreende da farta documentação carreada aos autos do inquérito civil, a empresa demandada
esquivou-se reiteradamente de cumprir as disposições legais, embora tenha havido intervenção, neste sentido,
pelo município, delegado de polícia civil e Promotoria de Justiça desta comarca.
Também o DER-MG foi notificado a manifestar-se, especialmente para estabelecer a natureza do trajeto,
oportunidade em que informou à fls. 93, 94 dos autos que se trata de transporte semi-urbano.
Desse modo, rechaçada está qualquer justificativa da empresa demandada para continuar a descumprir os
preceitos legais cogentes em comento, eis que não restam quaisquer dúvidas de que o trajeto é considerado semi-
urbano, portanto expressamente declarado gratuito para portadores de deficiência e idosos.
Após infrutíferas tentativas de composição amigável da querela, através da proposta de celebração de Termo de
Ajustamento de Conduta, a requerida mantém-se firme no propósito do descumprimento da lei, donde socorre-se
ao poder judiciário, guardião da legalidade.
Assim, diante da impossibilidade de acordo amigável entre as partes e considerando a tutela urgente dos
interesses dos idosos e portadores de deficiência, os quais estão sendo preteridos em seus direitos legais e
constitucionais, determinou-se a conclusão das investigações para o ajuizamento da ação civil pública
respectiva.

4. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO – Da causa de pedir próxima.


A dignidade, o bem-estar, o direito à vida e principalmente o amparo e proteção dos idosos pelo Estado, pela
sociedade e pela família foram alvos de determinação constitucional por parte do Constituinte originário (arts. 1º,
III, 3º, I, II, II, e IV, 230, caput, § 2º, todos da CF/88).
Prevê expressamente o § 2º do art. 230 da CF: “Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade
dos transportes coletivos urbanos”.
Não há na disposição constitucional transcrita qualquer espécie de discriminação ou exceção que abrigue sequer,
as malsinadas exceções previstas no art. 39, caput, da Lei 10.741/2003, no que tange ao transporte nos ônibus
seletivos e especiais, caso fornecidos pela demandada.
Obviamente, o que pretendeu o legislador constituinte foi conferir e assegurar o efetivo direito de locomoção,
dentro dos limites do território nacional, a todos os maiores de sessenta e cinco anos.
Outrossim, quanto aos portadores de necessidades especiais, a lei municipal em epígrafe apenas reproduz, a nível
de sua competência, o disposto na lei federal 8899 de 29.06.1994, que concede passe livre às pessoas portadoras
de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual, e leis estaduais 9760-1989 e 10419-1991- que
prevêem o benefício para o transporte intermunicipal.
Com relação ao flagrante desrespeito as determinações constitucionais, as quais decorrem do compromisso
firmado pelo constituinte originário de proteção e de proibição de discriminação aos idosos e deficientes, faz-se
menção aos arts. 3º, IV, 7º, XXX, 201, I, 203, I, 229 e 230, todos da CF.

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Dispõe ao art. 3º, IV, da CF/88:
“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV – promover o bem-estar de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação”. (sublinhou-se).
Os direitos fundamentais, os quais estão em jogo na hipótese em questão, como a dignidade humana, a proibição
de discriminação negativa ou restritiva de direitos, possuem aplicabilidade imediata por imposição constitucional
(§ 1º do art. 5º da CF/88), além de representarem conquistas inalienáveis da sociedade brasileira.
É de se ressaltar, assim, que a presente demanda coletiva, pelas razões já apresentadas, visa tutelar direitos ou
interesses sociais dos idosos e deficientes, cuja defesa, também por imposição constitucional (art. 127, caput, da
CF/88), é dever atribuído ao Ministério Público.

5. CONCLUSÃO — DO REQUERIMENTO DE LIMINAR, DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS FINAIS:


5.1. DO REQUERIMENTO DE LIMINAR:
Considerando, por sua vez, a presença do periculum in mora, tendo em vista que, com a falta de transporte
coletivo gratuito adequado, muitos idosos e deficientes estão impossibilitados de terem acesso à locomoção
urbana e à cidade vizinha, Divinópolis, onde muitos deles realizam inclusive tratamento periódico, ininterrupto e
permanente de saúde.
Postula-se, destarte, a liminar, inclusive inaudita altera pars, como forma de sanar o reiterado descumprimento
da legislação vigente, determinando-se à empresa demandada que:
a) passe imediatamente a fornecer o transporte coletivo gratuito aos idosos e deficientes, na forma legal, em
todos os ônibus de sua propriedade que façam parte do sistema de transporte coletivo urbano e semi-urbano
disciplinado pelo Poder Público, em todos os locais de seus itinerários nesta região, abstendo-se de fazer
qualquer restrição ou discriminação, caso na frota haja veículos considerados ‘especiais e seletivos’ sob pena de
multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º
7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial,
de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial.
b) promova, no prazo de 10 (dez) dias, a contar da intimação da decisão, a orientação de todos os seus
funcionários sobre a determinação judicial, esclarecendo-os dos direitos e garantias referentes aos idosos e
deficientes, e principalmente acerca dos deveres dos referidos funcionários em promover um tratamento digno e
respeitoso a todos os passageiros e usuários de seus serviços, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil
reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º 7.347/85, sem prejuízo de
responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial, de eficácia mandamental
na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial
c) afixe imediatamente, pelo prazo contínuo e ininterrupto de 45 (quarenta e cinco) dias, no interior de todos os
seus veículos, cópia da decisão judicial que antecipou parcialmente os efeitos da tutela final pretendida, bem
como do mandado judicial expedido, como forma de dar maior publicidade e divulgação dos efeitos da decisão,
conforme se interpreta da orientação prevista no art. 4º, VI, da Lei 8.842/94: “Constituem diretrizes da política
nacional do idoso a implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos
serviços oferecidos, dos planos programas e projetos em cada nível de governo”, sob pena de multa diária de R$
1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º 7.347/85, sem
prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial, de eficácia
mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial.
Em sendo concedida a liminar de antecipação parcial dos efeitos da tutela final pretendida, requer-se que seja
imediatamente oficiado ao DER-MG, requisitando-se a fiscalização do seu cumprimento, bem como
apresentação de relatório circunstanciado nos autos.

5.2. DOS PEDIDOS E SUAS ESPECIFICAÇÕES:


Ante o exposto, após a citação, defesa e instrução da causa postula-se:
a) a condenação da demandada à obrigação específica de fazer, consistente no fornecimento imediato do
transporte coletivo gratuito aos idosos e deficientes, na forma legal, em todos os ônibus de sua propriedade que
façam parte do sistema de transporte coletivo urbano e semi-urbano disciplinado pelo Poder Público, em todos
os locais de seus itinerários nesta região e à obrigação específica de se abster de fazer qualquer restrição ou
discriminação, especialmente nos ônibus considerados especiais e seletivos, caso existentes, sob pena de multa
diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º
7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial,
de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial, nos termos já pleiteados em
sede de liminar.
b) a condenação da demandada à obrigação específica de fazer, consistente em promover a orientação de todos
os seus funcionários, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da intimação da decisão, sobre a determinação
judicial, esclarecendo-os dos direitos e garantias referentes aos idosos, e principalmente acerca dos deveres dos

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referidos funcionários em promover um tratamento digno e respeitoso a todos os passageiros e usuários de seus
serviços, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90,
c/c art. 21 da Lei n.º 7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo
descumprimento da ordem judicial, de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado
judicial, nos termos já pleiteados em sede de liminar.
c) a condenação da demandada à obrigação específica de fazer, consistente na afixação imediata, pelo prazo
contínuo e ininterrupto, de 45 (quarenta e cinco) dias, no interior de todos os seus veículos, cópia da decisão
judicial ou acórdão transitado em julgado que vier a julgar procedente pedido contida na letra “a” desta
demanda, bem como do mandado judicial expedido, como forma de dar maior publicidade e divulgação dos
efeitos da decisão, conforme se extrai da interpretação decorrente do art. 4º, VI da Lei 8.842/94: “Constituem
diretrizes da política nacional do idoso a implementação de sistema de informações que permita a divulgação
da política, dos serviços oferecidos, dos planos programas e projetos em cada nível de governo”, sob pena de
multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º
7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial,
de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial, nos termos já pleiteados na
liminar.
Em sendo julgados procedentes os pedidos anteriormente formulados, requer-se que seja imediatamente oficiado
ao DER-MG, requisitando-se a fiscalização do seu cumprimento, o qual deverá apresentar relatório
circunstanciado nos autos, nos termos da liminar pleiteada.

5.3 - DOS OUTROS REQUERIMENTOS FINAIS:


Requer-se, por fim:
a) após a distribuição e registro de praxe da presente demanda coletiva, seja a mesma autuada com a
documentação que a instrui;
b) a citação da empresa demandada, na pessoa de seu representante legal, (art. 222, alínea “f”, do CPC c/c o art.
19, da Lei n.º 7.347/85), no endereço supramencionado, para, querendo, apresentar contestação na forma da lei,
sob pena de revelia e da incidência de seus efeitos processuais e materiais;
c) a condenação da empresa demandada ao pagamento das custas e demais despesas processuais;
d) a juntada do inquérito civil em anexo, juntamente com a documentação que o instrui, a fim de que passem a
fazer parte integrante da presente demanda coletiva;
e) a produção de todas as provas admitidas em direito, como a juntada de novos documentos, além dos já
constantes do procedimento administrativo anexo, o depoimento pessoal dos representantes legais das empresas
demandadas, periciais e testemunhais, cujo rol segue abaixo, além daquelas que, embora atípica, sejam
moralmente legítimas para a comprovação da verdade.
f) a publicação de edital no órgão oficial e demais meios de comunicação da imprensa local, a fim de que se dê a
plena publicidade à presente ação coletiva de interesse social, bem como para que dela tomem ciência potenciais
vítimas interessadas, as quais poderão se valer da transferência in utilibus dos efeitos decorrentes de futura coisa
julgada coletiva, em caso de procedência dos pedidos (arts. 103, § 3º, do CDC, aplicável à Ação Civil Pública
em decorrência do disposto no art. 21 da Lei n.º 7.347/85).
g) a concessão da prioridade na tramitação processual, nos termos do arts. 1211-A, 1211-B e 1211-C, todos do
CPC, e art. 71 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2001), já que se trata de ação coletiva de relevância social, nos
termos dos fundamentos de fato e de direito apresentados.

6. DO VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA:


Atribui-se à presente causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais).

7. ROL DAS TESTEMUNHAS A SEREM INQUIRIDAS NO DECORRER DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL:


1. padre Francisco Cota, paróquia, praça Vigário José Alexandre, 103, nesta cidade; (...)
Termos em que, pede-se deferimento.

Carmo do Cajuru (MG), aos 10 de outubro de 2005.

Promotor de Justiça

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