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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
ARAÚJO, Marcelo Cunha de. Só é preso quem quer: bastidores do sistema de punição
seletiva. Disponível na www.amazon.com.br
ALVES, Leonardo Barreto Moreira; BERCLAZ, Márcio Soares. Ministério Público em Ação:
Atuação Prática Jurisdicional e Extrajudicial. 2a. Salvador: Juspodium. 2011. ISBN:
9788577613823.
MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução ao Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1997. 208p.
ISBN 8502023500.
MINAS GERAIS. Ministério Público. Manual de atuação funcional. Belo Horizonte: Centro
de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional, 2008. 2389 p.
RANGEL, Paulo. Investigação criminal direta pelo Ministério Público: visão crítica. 2.ed.
rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005 281p. ISBN 857387595X.
MINISTÉRIO público: instituição e processo. São Paulo: Atlas, 1997. 286p. ISBN
8522418144.
ZENKNER, Marcelo. Ministério Público e efetividade do processo civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais.
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MODELO ARQUIVAMENTO DE IP:
MM. Juiz,
Isto posto, não havendo robusta prova do elemento subjetivo do tipo, inadequado se
torna o prosseguimento da persecutio criminis, razão pela qual requeiro o arquivamento do
feito em analogia ao art. 397, III do CPP.
Local, data.
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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MODELO DENÚNCIA:
Conforme consta das investigações em anexo, por volta das 17h20min do dia
26/09/2009, na Rua Poatá, n.º 144, Bairro Novo Eldorado em Contagem/MG, o denunciado
trazia consigo, para consumo próprio, drogas (Cannabis Sativa L., substância vulgarmente
conhecido como maconha, cf. Auto de Apreensão de fls.10, laudo preliminar de constatação
de fls. 15 e laudo químico-toxicológico de fls. 25), sem autorização e em desacordo com
determinação legal e regulamentar (cf. Portaria n.º 344 de 12/05/98 do Ministério da Saúde,
Listas E, F e F2).
Rol de Testemunhas:
Local, data
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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MODELO PARECER FINAL CÍVEL DO MP – CUSTOS LEGIS:
Autos nº 079.09.
1ª Vara da Fazenda Municipal da Comarca de Contagem
Ação de Indenização
Requerentes: XX
Requeridos: Fundação de Assistência Médica e de Urgência de Contagem – FAMUC – e Município de
Contagem.
MM.(a) Juiz(a),
I - Relatório
Trata-se de ação ajuizada por XX e XX, em nome próprio e como representantes legais de XX, em face do
MUNICÍPIO DE CONTAGEM e da FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E DE URGÊNCIA DE
CONTAGEM – FAMUC, na qual os autores pleiteiam o pagamento de indenização por danos morais, na
proporção do sofrimento de cada um; dano moral estético, em favor de XX; danos materiais, caracterizados por
lucros cessantes, em favor de XX e de XX, e de danos materiais decorrentes dos gastos com a adaptação da
família, remédios e transporte para as sessões de fisioterapia, consultas, exames e despesas em geral com o
tratamento da menor, em decorrência das lesões causadas no braço da menor, no momento de seu nascimento, na
Maternidade Municipal Monte Cristo, pelo mau uso do equipamento denominado “fórceps”, o que lhe gerou
atrofia permanente no membro superior.
Sustentam que XX, no dia 4 de novembro de 2006, foi conduzida à referida Maternidade Municipal em trabalho
de parto, acompanhada de seu companheiro, XX, e que, no momento do parto, foi informada pela Dra. XX de
que não havia passagem suficiente para o nascimento da criança, sendo indicado o uso do equipamento
“fórceps” para auxiliar o procedimento.
Afirmam que, ao invés de ser feito o encaixe amoldando o mencionado equipamento ao corpo da criança, ele foi
colocado apenas em seu braço, ocasionando-lhe lesões e ranhuras em seu membro superior.
Salientam que perceberam que XX não mexia o braço afetado da mesma forma como fazia com o outro braço e
que, na última consulta antes da alta médica, foram orientados pela médica pediatra de plantão, Dra. XX, de que
a criança necessitava de se submeter a sessões de fisioterapia, por um período de um mês, para a solução das
lesões ocasionadas pelo uso do fórceps em seu braço.
Aduzem que, no entanto, dois anos depois do parto, a fisioterapeuta da criança informou-lhes de que o braço
lesionado pelo fórceps ficaria atrofiado, sendo que, ainda que as sessões de fisioterapia se prolongassem pelo
restante de sua vida, o braço afetado nunca voltaria a ter as funções e as atividades normais.
Sustentam que XX ainda sofre dores no braço e necessita de administração de analgésicos, além de diversos
outros medicamentos e das sessões de fisioterapia constantes, impossibilitando a sua genitora de laborar.
A inicial (fls. 02/13) veio acompanhada dos documentos acostados às fls. 14/41.
A FAMUC apresentou contestação às fls. 63/90, alegando, em síntese, que os autores, em nenhum momento,
apresentaram nos autos provas que possibilitem um juízo seguro sobre a relação de causa-efeito entre a suposta
lesão no braço do nascituro, e sua posterior atrofia, com o uso inadequado do fórceps, no momento de seu
nascimento. Afirma, também, não existir nenhuma evidência de imperícia, negligência ou imprudência por parte
da instituição, bem como de todos os profissionais envolvidos nos fatos. Aduz, ainda, que houve o cumprimento
de todas as normas técnicas na condução do parto da autora, não existindo nexo de causalidade entre a ação de
seus agentes e o dano à vítima. Alega que não devem ser aplicadas no caso em apreço as disposições contidas no
Código de Defesa do Consumidor, quanto à inversão do ônus da prova, e que o valor da indenização pleiteado
representa enriquecimento sem causa dos autores. A peça contestatória veio acompanhada dos documentos de
fls. 91/147.
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O Município de Contagem apresentou contestação às fls. 148/153, sustentando a ocorrência da prescrição, nos
termos do art. 206, §3º, inciso V, do Código Civil, da pretensão dos autores de pleitearem a reparação civil dos
danos, uma vez que decorreram mais de 3 anos da data de realização do parto – 04/11/2006 – até a data da
propositura da presente Ação – 06/11/2009 . Afirma, ainda, que foram adotados pela equipe médica todos os
cuidados técnicos necessários para a realização do parto da autora e que o uso do fórceps não é sinônimo de erro
médico, havendo circunstâncias em que a sua utilização é necessária. Sustenta, outrossim, que há uma tentativa
dos autores de enriquecerem-se ilicitamente.
Após a devida instrução processual, vieram os autos ao Ministério Público, para parecer.
É, em suma, o relatório.
II - Fundamentos
Primeiramente, necessário ressaltar que o Ministério Público, nas fls. 162/169, já se manifestou quanto à
ocorrência da prescrição e à aplicabilidade da inversão do ônus da prova do Código de Defesa do Consumidor no
presente caso.
Quanto ao mérito, em se tratando de pedido de indenização por danos morais e materiais contra o Poder Público
municipal e a sua autarquia, o pedido dos autores deve ser aferido com base na responsabilidade objetiva,
conforme preceitua o §6º, do art. 37, da Constituição da República.
Os réus, em suas peças contestatórias, alegaram que não há provas nos autos de que a equipe médica que atendeu
a autora tenha agido com negligência, imprudência ou imperícia, uma vez que houve o regular cumprimento de
todas as normas técnicas no momento de seu parto.
Todavia, a análise quanto ao direito dos autores prescinde da prova da existência ou não do elemento subjetivo
dos réus, uma vez que a responsabilidade objetiva do Estado não se confunde com a responsabilidade de seus
funcionários, cabendo àquele eventual ação de regresso contra estes. Nesse sentido, é o elucidativo acórdão
proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, abaixo transcrito:
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fato administrativo: assim considerado qualquer forma de conduta comissiva
ou omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder
Público; b) ocorrência de dano: tendo em vista que a responsabilidade civil
reclama a ocorrência de dano decorrente de ato estatal, latu sensu; c) nexo
causal: também denominado nexo de causalidade entre o fato administrativo e
o dano, consectariamente, incumbe ao lesado, apenas, demonstrar que o
prejuízo sofrido adveio da conduta estatal, sendo despiciendo tecer
considerações sobre o dolo ou a culpa. (José dos Santos Carvalho Filho, in
Manual de Direito Administrativo, 12ª Edição, 2005, Editora Lumen Iuris, Rio
de Janeiro, páginas 497-498) (REsp 976730 / RS. Rel. Min. Luiz Fux. Primeira
Turma. Data da publicação: DJe 04/09/2008, grifo nosso)
O sumário de alta da autora e da menor, acostado nas fls. 25/26, demonstra que, no momento do parto, foi
necessária a utilização do equipamento denominado fórceps para o nascimento da criança, cuja utilização
causou-lhe lesão no membro superior direito – paralisia do plexo braquial e fratura na clavícula.
Por sua vez, a declaração médica juntada na fl. 27 comprovou que a menor é portadora de seqüela de PBO –
paralisia braquial de origem obstétrica -, sendo submetida a tratamento fisioterápico desde o seu nascimento, mas
ainda apresentando, com 2 anos de idade, paralisia do MSD – membro superior direito.
Assim, verifica-se que restou demonstrado nos autos o fato administrativo (serviço público prestado pela
administração – atendimento médico), o dano (paralisia braquial de origem obstétrica) e o nexo de causalidade
(paralisia do MSD); elementos necessários para a aplicação da responsabilidade objetiva dos réus, hábil a ensejar
a indenização pleiteada pelos autores.
Ademais, sem perquirir acerca da aplicação ou não do Código de Defesa do Consumidor ao presente caso, a
regra do ônus da prova deve ser analisada pormenorizadamente nos casos de responsabilidade objetiva dos réus.
José dos Santos Carvalho Filho, lecionando acerca do ônus da prova na aplicação da responsabilidade objetiva,
afirma que:
Mas há ainda outro fator que merece ser analisado. A pretensão formulada pelo
indivíduo para obter do Estado a reparação de prejuízos atenua em muito o
princípio de que o ônus da prova incumbe a quem alega (onus probandi incumbit
ei que dicit, no qui negat). Se o autor da ação alega a existência do fato, o dano e
o nexo de causalidade entre um e outro, cabe ao Estado-réu a contraprova sobre
tais alegações.” (Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007. p. 484 – grifos nossos).
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também denominado nexo de causalidade entre o fato administrativo e o dano,
consectariamente, incumbe ao lesado, apenas, demonstrar que o prejuízo sofrido
adveio da conduta estatal, sendo despiciendo tecer considerações sobre o dolo ou a
culpa.
8. Assim, caracterizada a hipótese de responsabilidade objetiva do estado, impõe-se
ao lesado demonstrar a ocorrência do fato administrativo (diagnóstico
errôneo), do dano (morte da filha da autora) e nexo causal (que a morte da
criança decorreu de errôneo diagnóstico realizado por médico de hospital
municipal).
9. Consectariamente, os pressupostos da responsabilidade objetiva impõem ao
Estado provar a inexistência do fato administrativo, de dano ou ausência de
nexo de causalidade entre o fato e o dano, o que atenua sobremaneira o
princípio de que o ônus da prova incumbe a quem alega . (...) (REsp 674586 / SC.
Rel. Min. Luiz Fux. Primeira Turma. Data da publicação: DJ 02/05/2006 p. 253,
grifo nosso).
Outro não é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais demonstrado no acórdão
abaixo transcrito:
Dessa feita, tendo a parte autora realizado satisfatoriamente a prova de suas alegações, caberia aos
réus, segundo os princípios que regem a responsabilidade objetiva estatal, comprovarem a existência de caso
fortuito, força maior ou mesmo culpa exclusiva da vítima (inexistência de nexo de causalidade entre o fato
administrativo e o dano).
Como se verifica nos autos, o Município de Contagem e a FAMUC não se desincumbiram de seu
ônus probatório no sentido de demonstrarem que a paralisia do MSD de que XX foi acometida decorreu de caso
fortuito ou de culpa exclusiva da vítima, no caso, da gestante.
Eles também não produziram, no momento processual oportuno, a produção de prova pericial,
conforme se verifica nas fls. 171 e nas fls. 173-v, a fim de desconstituir o nexo de causalidade existente entre a
má utilização do fórceps e a paralisia do MSD causada na criança, o que era seu interesse e obrigação.
Nesses termos, restando comprovado pelos autores a existência dos elementos que ensejam a
responsabilidade objetiva (fato administrativo, dano e nexo de causalidade) e não tendo os réus, ante a aplicação
da regra do ônus da prova, desconstituído os fatos por eles alegados, mister a procedência do pedido pleiteado na
inicial.
Quanto ao valor da indenização por danos morais e estéticos (estes especificamente em relação à
autora XX), ele deve ser arbitrado prudentemente pelo douto juízo, devendo ser observadas as circunstâncias do
caso, especialmente as condições do ofendido e a capacidade financeira do ofensor.
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Ele também deve ser suficiente para representar uma punição ao causador do dano (e, nesse sentido,
constituir até mesmo um estímulo ao interesse de requerer e pagar pelas perícias necessárias em causas
similares), assim como deve ter um caráter de compensação para que o lesionado, ainda que precariamente,
recomponha-se do mal sofrido e da dor moral suportada, sem, contudo, ser fonte de enriquecimento sem causa.
No que tange ao pedido de pagamento de indenização por danos materiais, como é cediço, a
mencionada indenização corresponde à restituição dos efetivos prejuízos materiais sofridos pelo autor da
demanda. Para tanto, tais prejuízos devem estar devidamente comprovados nos autos, até mesmo, para a
apuração do quantum debeatur.
A apreciação da concessão da indenização por danos materiais deve estar pautada em requisitos
objetivos e certos, sendo que não é cabível sua concessão fundamentada em supostos prejuízos.
No caso em apreço, os lucros cessantes pleiteados pela autora Márcia Rodrigues não são devidos,
uma vez que o abandono do seu trabalho não se justifica, tendo em vista que não há provas nos autos de que a
criança necessita de cuidados integrais, em decorrência da paralisia de seu braço.
Quanto aos lucros cessantes em favor de XX, em relação ao seu trabalho futuro e prejuízos
escolares, tais se enquadram melhor na análise do arbitramento dos danos morais, também não devendo ser
concedidos a título de danos materiais, por se tratar de danos hipotéticos, sem nenhuma comprovação objetiva.
Relativamente ao ressarcimento dos danos materiais decorrentes dos gastos com o tratamento da
menor (adptação da família, remédios, transporte para as sessões de fisioterapia, consultas, exames, etc.) eles não
foram devidamente comprovados nos autos, devendo ser apurados, caso conveniente, em ação apropriada, por
meio de liquidação de sentença.
III – Conclusão
Pelo exposto, este é o parecer do Ministério Público, para que sejam julgados
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos dos autores pleiteados na inicial, para que a FAMUC e o
Município de Contagem sejam condenados a pagar-lhes indenização por danos morais, na proporção do
sofrimento de cada um, e indenização por dano moral e estético, em favor de XX, todos a serem prudentemente
arbitrados por este juízo, além dos danos materiais diretamente oriundos do fato, em quantidade a ser apurada em
sede de futura liquidação de sentença.
Local, data.
Promotor de Justiça
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MODELO PORTARIA INAUGURAL INQUÉRITO CIVIL:
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MODELO TAC
Aos 17 dias do mês de Outubro do ano de 2002, perante a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da
Comarca de Morada, compareceu o Sr. Dr. José da Silva, brasileiro, casado, advogado, OAB/MG 42377, além do Sr.
Dr. MELO FERREIRA DAS DORES, PREFEITO MUNICIPAL, representantes legais do município de
MORADA-MG, sito à Praça Valadares n°105, Morada/MG, QUE tomaram conhecimento das irregularidades no
tocante a pretéritos REAJUSTES DE SALÁRIOS DE FUNCIONÁRIOS DA AUTARQUIA MUNICIPAL SAAE
(Serviço Autônomo de Água e Esgoto) que não seguiram o trâmite legislativo constitucional. Visando submeter-
se aos regramentos legais, evitando com isso sujeição ao pólo passivo em sede de ação civil pública de que trata a Lei
Federal n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, os referidos firmam o presente título extrajudicial à luz do que dispõe o
parágrafo 6º do artigo 5º do referido diploma legal, e incisos II e VII, do artigo 585, do Código de Processo Civil, nos
seguintes termos:
1. Considerando os documentos anexos, as partes são acordes em afirmar que, em 1997, por meio do Decreto
1938/97, o Município autorizou Diretor do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) a conceder aos servidores
da autarquia “antecipações salariais”.
2. A autarquia, desta forma, concedeu, a título de “antecipações salariais”, os reajustes de 7,15 % (sete vírgula
quinze por cento) em 1997; 8,33 % (oito vírgula trinta e três por cento) em 1998 e 4,62 % (quatro vírgula sessenta e
dois por cento) em 1999, conforme comprovam os docs. anexos.
3. Estes verdadeiros REAJUSTES estão eivados de ilegalidade e inconstitucionalidade pois:
a) As antecipações salariais não seguiram seu caráter próprio de serem TRANSITÓRIAS (eis que estão se
eternizando no salário dos servidores da autarquia) e COMPENSÁVEIS (eis que, na data base dos funcionários do
município, o que já fora recebido necessitaria ser compensado com o índice de atualização);
b) As referidas “antecipações salariais” em verdade caracterizaram verdadeiro reajuste de vencimentos, o que
preteriu o processo legislativo previsto no art. 37, X da Constituição Federal, eis que reajustes da administração
direta, autárquica e fundacional só podem ser concedidos por meio de LEI, de iniciativa privativa do Prefeito
Municipal, e aprovação na Câmara Municipal. No caso, houve uma usurpação da iniciativa exclusiva do Prefeito e
das funções da Casa Legislativa.
c) Houve quebra do princípio da Isonomia, vez que os reajustes foram efetuados de forma GENÉRICA (e não
específica, levando-se em consideração o grau de dificuldade e peculiaridades de cada cargo), mas não extensivo aos
funcionários da ADMINISTRAÇÃO DIRETA.
4. Além destes fatos, em 2002 entrou em vigor Lei Municipal 31/2002, de iniciativa do Prefeito Municipal, em que
há a concessão de um reajuste de 11,11 % (onze vírgula onze por cento) para os servidores da administração direta,
excluindo-se textualmente os servidores autárquicos, que já tiveram o reajuste supra citado (sob o título de
antecipações salarial).
5. A referida Lei também é eivada de vício, eis que estabelece distinção entre reajuste GENÉRICO entre servidores
da administração direta, autárquica e fundacional.
6. Desta forma, visando restabelecer a paridade entre os servidores da administração direta e autárquicos, o
MUNICÍPIO DE MORADA e o MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS firmam o presente TERMO DE
AJUSTAMENTO DE CONDUTA.
7. Obriga-se o MUNICÍPIO, por meio do presente, a revogar o referido DECRETO 1938/97, tendo como
conseqüência a extirpação dos salários dos servidores autárquicos dos reajustes ilegalmente recebidos (7,15 % - sete
vírgula quinze por cento - em 1997; 8,33 % - oito vírgula trinta e três por cento – em 1998 e 4,62 % - quatro vírgula
sessenta e dois por cento - em 1999).
8. Obriga-se o MUNICÍPIO, por meio do presente, a encaminhar Projeto de Lei à Câmara Municipal reajustando os
vencimentos dos servidores autárquicos no mesmo percentual da Lei Municipal 31/2002, retroativo à data do
Decreto que revogar o DECRETO 1938/97 (ou seja, retroativo à data em que cessarem os reajustes ilegais supra
referidos) com fins de que haja a completa isonomia entre servidores autárquicos e da administração direta.
9. Obriga-se o MUNICÍPIO DE MORADA a, no futuro, não promover qualquer tipo de aumento GENÉRICO (ou
seja, reajuste GERAL) preterindo servidores autárquicos ou fundacionais.
10. Eventual descumprimento ou violação de qualquer das obrigações assumidas implicará, a título de cláusula
penal, no pagamento de multa diária no importe de R$ 1000,00 (mil reais), exigível em caráter cumulativo enquanto
perdurar a violação, cujo valor será atualizado de acordo com índice oficial, desde o dia da prática infracional até
efetivo desembolso. Esta responsabilização do MUNICÍPIO DE MORADA e do Prefeito, em solidariedade, tem
como beneficiário um fundo que será criado em caso de descumprimento do ajustado, que visa ao pagamento de
servidores prejudicados com o inadimplemento.
11. Outrossim, a vulneração de qualquer das obrigações assumidas implicará, caso não sobrevenha pagamento do
valor das correspondentes multas em nível extrajudicial, na sujeição dos responsáveis às medidas judiciais cabíveis,
incluindo execução especificada na forma estatuída no parágrafo 6.º, do artigo 5.º da Lei Federal n.º 7.347, de 24 de
julho de 1985 e incisos II e VII, do artigo 585, do Código de Processo Civil.
Morada, 17 de Outubro de 2002.
PROMOTOR DE JUSTIÇA PREFEITO MUNICIPAL PROCURADOR DO MUNICÍPIO
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MODELO AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Peça processual adaptada, de lavra do Dr. GREGÓRIO ASSAGRA DE ALMEIDA (disponível na internet).
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, através da Promotora de Justiça, que ao final
subscreve, com atribuições perante a curadoria da Defesa dos Direitos dos Deficientes e Idosos, vem, com
fundamento nos arts. 5º, inciso XXXV, 129, inciso III, 230, § 2º, 1º, III, todos da CR/88 e arts. 1º, inciso II e IV,
5º, caput, da Lei n.º 7.347/85 e art. 74, inciso I da Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso —, artigo 3º da Lei nº
7.853/89, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, com pedidos cumulados de condenação em obrigações
específicas de fazer e não fazer (abster-se), com REQUERIMENTO DE LIMINAR, em face da empresa
demandada VIAÇÃO __, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 19542539-0001-09, sediada na
__, pelas razões fáticas e fundamentos jurídicos abaixo aduzidos:
2. PRELIMINARMENTE:
DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO LOCAL;
No que tange à competência, aplicável na espécie o art. 80 da Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso —, que versa
sobre a proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis ou homogêneos, em
transcrição literal:
“Art. 80. Lei 10.741/2003. As ações previstas neste capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as causas da Justiça Federal e a
competência originária dos Tribunais Superiores”.
Outrossim, nos termos do demais dispositivos legais pertinentes, o juízo da Comarca de __ é competente para a
propositura da presente ação civil pública, ex vi do art. 2º e parágrafo único da Lei 7.347/85, in verbis:
"As ações previstas nesta lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.”
Adotou-se aqui o critério especial de competência territorial que já era previsto no art. 100, V, a, do CPC, onde
está fixado que é do juízo do lugar do ato ou fato a competência para a ação de reparação de dano. Por sua vez, o
art. 2º da LACP, dispõe que o juízo do foro do local do dano tem competência funcional para processar e julgar a
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causa, de sorte que o referido dispositivo em epígrafe, diversamente daquele elencado no CPC, dispõe sobre
regra de competência territorial-absoluto, portanto, absoluta por se tratar de critério também apontado na
disposição legal como funcional.
Observa-se no caso em tela que a empresa demandada desempenha suas atividades de transporte de passageiros
dentro e entre os Municípios de Carmo do Cajuru e Divinópolis, o que faz gerar danos coletivos generalizados,
abrangendo territorialmente mais de um foro e juízo. Entretanto, entende-se que neste presente caso, o dano é
âmbito local, sem qualquer dimensão de natureza regional ou nacional.
Desse modo, pelo critério especial de fixação de prevenção do juízo, aplicável às demandas coletivas, também
por força do art. 93, I, do CDC, a presente ação pode ser ajuizada em qualquer das comarcas onde tenha ocorrido
ou possa vir a ocorrer o dano, que é de âmbito local.
No caso, ainda que a empresa demandada também exerça suas atividades, consistente em transporte de
passageiros em outros municípios, nada obsta que a demanda coletiva que vise a assegurar direitos e garantias
constitucionalmente instituídos em favor dos idosos seja ajuizada nesta da Comarca, conforme motivos supra
aduzidos.
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Dispõe ao art. 3º, IV, da CF/88:
“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV – promover o bem-estar de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação”. (sublinhou-se).
Os direitos fundamentais, os quais estão em jogo na hipótese em questão, como a dignidade humana, a proibição
de discriminação negativa ou restritiva de direitos, possuem aplicabilidade imediata por imposição constitucional
(§ 1º do art. 5º da CF/88), além de representarem conquistas inalienáveis da sociedade brasileira.
É de se ressaltar, assim, que a presente demanda coletiva, pelas razões já apresentadas, visa tutelar direitos ou
interesses sociais dos idosos e deficientes, cuja defesa, também por imposição constitucional (art. 127, caput, da
CF/88), é dever atribuído ao Ministério Público.
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referidos funcionários em promover um tratamento digno e respeitoso a todos os passageiros e usuários de seus
serviços, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90,
c/c art. 21 da Lei n.º 7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo
descumprimento da ordem judicial, de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado
judicial, nos termos já pleiteados em sede de liminar.
c) a condenação da demandada à obrigação específica de fazer, consistente na afixação imediata, pelo prazo
contínuo e ininterrupto, de 45 (quarenta e cinco) dias, no interior de todos os seus veículos, cópia da decisão
judicial ou acórdão transitado em julgado que vier a julgar procedente pedido contida na letra “a” desta
demanda, bem como do mandado judicial expedido, como forma de dar maior publicidade e divulgação dos
efeitos da decisão, conforme se extrai da interpretação decorrente do art. 4º, VI da Lei 8.842/94: “Constituem
diretrizes da política nacional do idoso a implementação de sistema de informações que permita a divulgação
da política, dos serviços oferecidos, dos planos programas e projetos em cada nível de governo”, sob pena de
multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), nos termos do art. 84, § 4º, da Lei n.º 8.078/90, c/c art. 21 da Lei n.º
7.347/85, sem prejuízo de responsabilização por crime de desobediência pelo descumprimento da ordem judicial,
de eficácia mandamental na espécie, expedindo-se o imediato mandado judicial, nos termos já pleiteados na
liminar.
Em sendo julgados procedentes os pedidos anteriormente formulados, requer-se que seja imediatamente oficiado
ao DER-MG, requisitando-se a fiscalização do seu cumprimento, o qual deverá apresentar relatório
circunstanciado nos autos, nos termos da liminar pleiteada.
Promotor de Justiça
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