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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA

COORDENAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL


UNIDADE CURRICULAR: ENSINO DA PSICOPEDAGOGIA DAS NECESSIDADES
EDUCATIVAS ESPECIAIS

TÍTULO: A MULHER COM LIMITAÇÕES FÍSICO MOTORA EM ANGOLA: DESAFIOS E


LIMITAÇÕES E O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES DE MASSA NO ÂMBITO DA SUPERAÇÃO.

Integrantes: Gupo nº2


 Bibiana Maria Graça Sapalo
 Faustino Ângelo Dovala Sassango
 Kátia Burica Donga Lomanda
 Natália Eugénia Sapoco Fernando Luís
 Rafael Ngando
Orientadora: PhD, Arnalda Rebeca Sateleia Moisés
 

BENGUELA, ABRIL DE 2023


INTRODUÇÃO

O Termo deficiência leva-nos imediatamente a ideia de indivíduos portadores de alguma limitação

ou que acarretam um comprometimento, quer seja a nível intelectual ou sensorial, da percepção, do

pensamento, da fala, de locomoção, de natureza físico motora, da coordenação geral. Estas

deficiências podem ser congénitas e adquiridas e vão desde as lesões neurológicas e

neuromusculares até as malformações congénitas.


De entre as deficiências acima referenciadas, abordar-se-á sobre a deficiência físico
motora. É de referir que a deficiência físico motora é uma enfermidade que leva à limitação
da modalidade e da coordenação muscular geral, podendo também afetar a fala em
diferentes graus de gravidade, percepção espacial, o equilíbrio e o reconhecimento do
próprio corpo e consequentemente o bem-estar, o aprendizado, a vitalidade, a autoestima e
a autoimagem do indivíduo (quer homens e quanto mulheres).

Nesta perspectiva, o presente trabalho dissertará sobre: A mulher com limitações físico

motoras em Angola: desafios e limitações; o papel das redes de apoio social e das
organizações de massa no âmbito da superação, onde destacam-se os seguintes pontos:
Processo de inclusão de pessoas com N.E.E. em Angola; A mulher com limitações físico
motoras em Angola: desafios e limitações; O papel das redes de apoio social e das
organizações de massa no âmbito da superação.
De acordo ao tema apresentado foram enunciados os seguintes objectivos:

OBJECTIVO GERAL

 Explicar o processo de inclusão da mulher com deficiência físico motora, seus desafios e
limitações em Angola.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

 Fundamentar o processo de inclusão no contexto angolano, tendo em atenção os desafios e


limitações dela;

 Sistematizar os aportes teóricos que relatam sobre a Educação Especial com perspectiva de
incluir as mulheres com limitações físico motoras nos processos activos de desenvolvimento
social;

 Descrever o papel das redes de apoio social e das organizações de massa no âmbito da
superação.
Dada a natureza da investigação o presente estudo é uma investigação do tipo
exploratória bibliográfico, Vianna, (2001) diz que, trata-se de uma explicação maior e um
aprofundamento de estudo de uma determinada área, com vistas ao seu entendimento
mais qualificado ou descoberta de novas relações.

Em função do tema, dos objectivos apresentados e da natureza de investigação foram


utilizados os seguintes métodos: Análise-síntese; Indução-dedução; Análise
documental, pesquisa bibliográfica e Histórico-lógico.
PROCESSO DA INCLUSÃO DA PESSOA COM NECESSIDADE EDUCATIVA ESPECIAL

De acordo com OMS (1989), deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatómica; a incapacidade como toda restrição ou falta – devida
a uma deficiência - da capacidade de realizar uma actividade na forma ou na medida em que se
considera normal para um ser humano; e a desvantagem como uma situação prejudicial para um
determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou incapacidade que limita ou
impede o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo e
factores sociais e culturais).
As primeiras referências à deficiência surgiram em escritos das civilizações gregas e romanas,
onde as crianças eram vistas como impuras e simplesmente eram eliminadas.
 Idem...

Com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, os valores que existiam até então

sofreram grandes alterações, o que provocou grandes mudanças a nível social. Na

educação, as ideias de Rosseau sobre o modo como o homem aprende, para além de

conduzirem a novas formas de educar, vieram também dar origem a uma nova maneira

de olhar os deficientes. No entanto, apesar desta mudança, ainda demorou muito tempo

até que fossem tomadas medidas de carácter social, nomeadamente na educação.


Em Angola, poucos anos depois da proclamação da independência, o Governo através da Circular

nº 56/79 do Ministério da Educação, tutelado por António Jacinto do Amaral Martíns, empenhou-

se na criação das condições mínimas para institucionalização da modalidade de Ensino da

Educação Especial. Esta circular veio a se tornar lei em 2011 com o surgimento do Decreto

presidencial nº 20/11 de 18 de Janeiro, que aprova o estatuto da modalidade de educação especial,

onde no artigo 2º postula o seguinte: a educação especial tem como objecto social atender, orientar,

acompanhar, formar e apoiar a inclusão sócio-educativa e familiar das crianças, jovens e adultos

com NEE (Sandala, 2022).

Com a aprovação da Declaração de Salamanca, em 1994, o conceito de N.E.E abrange todas as


crianças e jovens que manifestem necessidades, sejam elas relacionadas com deficiências ou
dificuldades escolares, que podem surgir apenas em determinado momento da escolaridade,
definindo novas concepções sobre a educação dos alunos com N.E.E.
Nesta perspectiva, o executivo angolano, abraçou a causa como refere
o Decreto Presidencial nº 187/17 aprovado para Política Nacional de
Educação orientada à Inclusão Escolar.

Portanto, o processo de Inclusão da pessoa com Necessidade


Educativa em Angola, obedeceu muitas transformações seguindo as
propostas de inclusão da pessoa com N.E.E principalmente o
envolvimento da mulher com deficiência, pois, que esta se constitui a
pessoa com maior vulnerabilidade, a qual bem se retrata no tópico que
se segue.
A MULHER COM LIMITAÇÕES FÍSICO MOTORAS EM ANGOLA: DESAFIOS E LIMITAÇÕES

Segundo Diogo (2018), citado por Adalberto (2018), afirma que a falta de penalização de pessoas ou

sectores do estado e privado é que torna mais desafiadora a vida das pessoas com limitações físicos

motora, mesmo quando Angola possui uma lei que regulamenta a inclusão e promoção de acessibilidade

e mobilidade social. Torna-se ainda mais difícil quando é a figura da mulher que se encontra em jogo, pelo

facto da caracterização discriminatória que a cultura dá a imagem da mulher.

Vários são os desafios e limitações que as mulheres com deficiências físico motora enfrentam em Angola.

são apontados os seguintes: a falta da acessibilidade, preconceitos no meio social e a cultura, o défice

no indicadores de inclusão, a inexistência das rampas (elevadores) para facilitar o acesso ao interior dos

edifícios. Os passeios muito deles são construídos e sem contarem com os materiais de apoio de

locomoção dessas pessoas com deficiências.


O relatório do inquérito feito pelo MASFAMU (2022), as instituições públicas e
privadas, revelou que dentre 10 pessoas que solicitam vagas numa instituição
três (3) deficientes são admitidas e dentre esses três (3) uma (1) é do género
feminino. Portanto, têm poucos acessos a elas, tão pouco existência , isto
contrapondo àquilo que está plasmado no Decreto Presidencial nr.º 12/16, de
15 de Janeiro de 2016, em vigor desde 15 de Março de 2016, que vem
estabelecer um novo regulamento relativo à reserva de vagas e aos
procedimentos para a contratação de pessoa com deficiência, (Decreto
Presidencial n.º 12/16).
Portanto, elas acabam encontrando limitações nos acessos ao emprego, sua mobilidade na via

pública acaba ficando comprometida por causa da característica geoespacial das nossas cidades

e quanto aos transportes públicos, muitos não trazem consigo facilidade para o uso dos mesmo

meio, de igual modo, os projectos habitacionais não são construídos tendo em atenção a figura

da pessoa com deficiência física, e fim ao cabo muitas delas não conseguem fazer a transição

para a vida activa, tão pouco participar no crescimento social. Por isso, se torna imperiosa a

participação activa e actuante das redes de apoio social e diversas organizações da sociedade

civil na superação das pessoas do género feminino na sociedade.


O PAPEL DAS REDES DE APOIO SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES DE MASSA NO ÂMBITO DA SUPERAÇÃO

À luz dos autores Due P et al (1999), redes de apoio social, é definido como qualquer informação
falada ou não e ao auxílio material, oferecidos por grupos ou pessoas que se conhecem,
resultados em efeitos emocionais e comportamentos positivos.

E este apoio social pode executar acções de tipo material, quando reflecte o acesso dos indivíduos
aos serviços práticos e recursos materiais; afectivo, quando envolve expressões de amor e de
afeição; emocional, refere-se à empatia, carinho, amor, confiança, estima, escuta e interesse;
interacção social positiva, diz respeito à disponibilidade de com quem se divertir e relaxar, Minkler
(1985).
No entanto, é de extrema importância o trabalho para prevenir a exclusão social da pessoa

com deficiência. A OMS (2012) diz que o acesso às instalações públicas (edifícios e estradas)

é fundamental para a inclusão de pessoas com deficiência nas actividades quotidianas de

uma sociedade, assim como as tecnologias assistivas, que quando adequadas ao ambiente,

tornam-se recursos poderosos para aumentar a independência e melhorar a participação.

Segundo Parker (1996) é no espaço religioso que se estabelece a identidade religiosa,

cultural e social, nos espaços de rituais comunitários se estabelecem os laços de identidade e

de solidariedade da comunidade. As denominações religiosas devem potencializar as redes

de apoio dos indivíduos e contribuir para a superação do isolamento social.


O MASFAMU, tem registado instituições privadas e desenvolvem acções com intuito de apoiarem

mulheres com essas limitações, nomeadamente: fundo LUWINI, BAI , BFA, dentre outras que são

estrangeiras. Portanto, estas redes na perspectiva de Maria Fernandes, presidente da Associação de

mulheres deficiente de Angola, deviam merecer mais atenção do estado para que tenham mais forças

e iniciativas de continuarem a apoiar as mulheres com essas deficiências (MASFAMU, 2022).

A ANDA (Associação Nacional dos Deficientes de Angola), têm um papel de extrema importância na

inclusão social da pessoa com deficiência física-motora, pois, tem como objectivo a gestão de uma

melhor qualidade de vida das pessoas deficientes físico-motora em Angola e apesar dela ser

heterogênea em termos de género, ela tem a mulher com deficiência como a prioridade em termos de

executar programas individualizado transitório.


Uma outra organização que ajuda o enquadramento da mulher com deficiência físico motora
em Angola é a Associação Para Olímpica, que por via do desporto combate a autoestima
baixa no seio de mulheres deficientes e leva elas para participação activa delas por
intermédio do desporto.

 Assim, o Estado Angolano, através do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da


Mulher, de forma pluridisciplinar, concertada, coerente e global, desenvolveu com
diferentes sectores acções que concorrem para a inclusão social da pessoa com
deficiência físico motora.

 No que diz respeito a educação, actualmente existem 775 escolas inclusivas e 21 escolas
especiais. No sector dos transportes, o país conta com 240 autocarros adaptados, com
rampas elevadoras para utentes de cadeiras de rodas.
As organizações de massa e as redes de apoio social são tão importantes
no processo de inclusão e superação dos desafios porque trabalham de
forma a criarem condições de enquadramento das mulheres com
deficiência. Fruto da promoção dos trabalhos em sistema de rede, o estado
angolano no ano de 2020 registou um total de 2617 solicitações de
emprego por parte de pessoas com deficiência físico-motora e desses, 960
foram colocados em diferentes postos de trabalho, e grande parte desse
foram mulheres com deficiência física-motora, (MASFAMU, 2022)
CONCLUSÃO
De acordo com a temática, e os objetivos enunciados e a natureza da investigação, concluiu-se que: Desde
os tempos remotos, já se tinha um olhar discriminatório em relação aos indivíduos com deficiência.
Dependentemente da realidade de cada região ou religião, alguns eram vistos como filhos de Deus ou
possuidores dos demónios, outros, porém eram isolados em instituições de caridade.
Os deficientes físicos motores e em particular as mulheres têm-se deparado com várias barreiras, tais como: o
acesso às instituições de prestação de serviços (falta de rampa ou elevador), transportes públicos, inserção na
educação, ao emprego; são alvos de preconceito social, e sendo rotulados com expressões pejorativas como
“mbuko” pessoas amaldiçoadas, azaradas e que tal deficiência é fruto de um castigo de seus antepassados, e
estas todas dificuldades surgem pelo facto de não se ver aplicada de forma efectiva os decretos, regulamentos
e leis que regularizam a acção de inclusão das mulheres com essas limitações.

As redes de apoio social,as organizações de massa, constituem-se num conjunto de ferramentas essenciais no
processo de superação das dificuldades e limitações que as mulheres com deficiência físico motora enfrentam na
sociedade. Não obstante, é necessário que essas se firmem como plataformas da sociedade civil e de cariz
político, estando dispostas a defender a causa de inclusão de mulheres com essas limitações.
Muito obrigado

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