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Pensamento jurídico de Sérgio Moro: uma revisão bibliográfica1

Francisco Yukio Hayashi2

Sumário: Introdução – 1 Direito constitucional da pobreza – 2 A defesa do


ativismo judicial – 3 Ativismo judicial no combate ao crime e uma agenda de
reformas – Conclusão – Bibliografia

Resumo: Este artigo apresenta o conjunto da obra do ex-juiz federal e ex-


ministro da Justiça Sérgio Moro, com o objetivo de permitir uma melhor
compreensão das suas atividades na esfera política. Analisando o conjunto de
seus textos publicados, buscou-se identificar as diretrizes fundamentais de seu
pensamento jurídico e elementos persistentes de sua doutrina. São distinguidas
três linhas de pesquisa. Uma dedicada à seguridade e assistência social, outra
focada em jurisdição constitucional, especialmente ativismo judicial, e uma
última tratando de problemas da justiça criminal. Constatou-se que Moro já
dera provas de que suas investigações pretéritas definiriam a agenda do
Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Ao final, é
esboçado um perfil ideológico.

Introdução

Sérgio Moro se tornou uma das principais pessoas públicas do país. Suas decisões,
no âmbito da Operação Lava Jato, dividiram opiniões, mas, inquestionavelmente, impactaram
a política brasileira. O caso mais notável, certamente, foi o julgamento e condenação à pena
privativa de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva3. Pela dimensão que o trabalho
do juiz alcançou, repercutindo muito além do processo judicial, alguns juristas realizaram
incursões com o objetivo de apresentar o seu pensamento, como Leal4 e Rosa5. Outros também
as fizeram, mas sobretudo com finalidade crítica6.

1
A redação inicial deste texto foi concluída em março de 2019, mas exigiu ajustes redacionais após 24 de abril
de 2020, diante da demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
2
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-Graduado em Direito Penal e Processo
Penal. Advogado, fundador do escritório CFH Advocacia e do blog Advogado no Controle. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9263779942539236. Sites: http://cfhadvocacia.com.br/ e http://advogadonocontrole.com.br/.
3
BRASIL. Justiça Federal. 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, Seção Judiciária do Paraná.
Ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000/PR. 2016. Autor: Ministério Público Federal e Petróleo Brasileiro S/A
– Petrobrás. Réu: Luiz Inácio Lula da Silva e outros. Data de autuação: 14 set. 2016. Disponível em:
<https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/>.
4
LEAL, Saul Tourinho. Profecias constitucionais de Sérgio Fernando Moro. Jota, 27 nov. 2014. Disponível em:
<https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/profecias-constitucionais-de-Sérgio-fernando-moro-27112014>.
Acesso em: 8 nov. 2018.
5
ROSA, Alexandre de Morais da. Para entender a lógica do juiz Moro na Lava Jato. Empório do Direito, 7
mar. 2015. Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/leitura/para-entender-a-logica-do-juiz-moro-na-lava-
jato>. Acesso em: 12 nov. 2018.
6
A mais ampla abordagem crítica está em PRONER, Carol. et. al (Org.). Comentários a uma sentença
anunciada: o Processo Lula. Bauru: Canal 6, 2017.
1
A partir de 2019, no governo do presidente Jair Bolsonaro, o ex-juiz federal atuou
como Ministro da Justiça e Segurança Pública. Em 24 de abril de 2020, ele saiu do cargo. O
exame de seu pensamento já seria relevante por conta das peculiaridades que circundaram sua
atividade jurisdicional. Agora, ainda que fora do governo, Sérgio Moro possuiu um papel
importante no cenário político nacional, como representante da agenda anticorrupção.

Aqui, pretende-se identificar, na produção bibliográfica de Sérgio Moro, as


diretrizes fundamentais de seu pensamento jurídico – e que tendem a repercutir em sua atuação
política. O propósito desta incursão não é descobrir objetivos ocultos ou desejos inconscientes.
Não se trata de descrever planos pessoais ou sua personalidade individual, mas de encontrar
algumas constantes em seus estudos do Direito. Em resumo, o objetivo é identificar os marcos
do pensamento jurídico do ex-juiz federal e ex-ministro.

O objeto da investigação está contido nos livros, artigos científicos e textos de


revista e jornal, além de entrevistas do ex-juiz federal. O mapeamento desse material foi
realizado através da Rede Virtual de Bibliotecas – RVBI, do Currículo Lattes, de buscas através
do Google Scholar, do Google, bem como por acompanhamento da mídia (nessa ordem de
relevância, do maior ao menor número de fontes obtidas).

É necessário destacar que o contributo de atos judiciais de sua autoria será


considerado em caráter acessório, exceto quando eles tiverem sido convertidos em doutrina e
no que diz respeito a poucas decisões da Operação Lava Jato, com consequências políticas,
digamos, mais evidentes. Assim se procede por dois motivos. O primeiro é a impossibilidade
prática de localizar e analisar todas as decisões judiciais de qualquer magistrado brasileiro, ou
seja, o recorte acaba se impondo. O segundo decorre da estrutura argumentativa própria dos
atos judicias. Neles, a opinião pessoal do juiz pode estar mascarada ou maquiada (especialmente
no primeiro grau de jurisdição, onde não compete ao magistrado formar precedentes, mas os
seguir). Portanto, é um caminho temerário. De mais a mais, presume-se que Moro buscou
consolidar e publicar as suas ideias que considerou mais relevantes – de tal modo que os atos
judiciais sem ampla divulgação teriam menor relevância.

Enfim, inicialmente, será realizada uma análise geral da obra de Sergio Moro e,
depois, essa análise será aprofundada em alguns pontos específicos, de modo a alcançar os
objetivos iniciais.

2
1 Direito constitucional da pobreza

Nitidamente as indagações científicas de Sérgio Moro foram inspiradas pela sua


experiência na magistratura federal. Ele próprio o admite7, mas a temática de seus textos
também deixa isso claro: seguridade social e assistência social; jurisdição constitucional; e,
justiça criminal, especialmente combate à corrupção e ao crime organizado.

No tema da seguridade social e assistência social, Moro apresentou decisão de sua


autoria favorável à possibilidade de retroação da lei previdenciária mais benéfica8, defendeu
enfaticamente o caráter de direito fundamental do benefício assistencial e a
inconstitucionalidade dos critérios restritivos estabelecidos pelo legislador para sua concessão9,
bem como analisou a importância da proteção judicial dos direitos sociais e os critérios
apropriados de realizá-la10.

Na prática, as incursões dele nessa área consistem em aplicações, a questões


recorrentes na Justiça Federal, das suas reflexões mais aprofundadas sobre Direito
Constitucional. Porém, é possível extrair satisfatoriamente desses textos sua visão do papel do
Poder Judiciário, especialmente no que diz respeito aos direitos sociais.

Percebe-se isso com clareza em seus comentários aos arts. 203 e 204 da
Constituição11, que, por ser a produção deste bloco publicada mais recentemente, representa
elementos persistentes de sua doutrina. Está expressa, ali, a rejeição de Sérgio Moro a uma
leitura abstrata e estática da Constituição Federal e sua preferência por conceitos materiais e
avaliações substantivas da situação de direitos fundamentais, o que permite, segundo ele
próprio, flexibilidade e funcionalidade da atuação estatal.

7
MORO, Sérgio Fernando. Jurisdição constitucional como democracia. 2002a. Tese (Doutorado em Direito)
– Curso de Pós-Graduação em Direito do Estado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. p. iii.
8
Idem. Aplicação retroativa da lei previdenciária mais benéfica. Revista de Previdência Social: ano XXII, n.
215, p. 821-828, out. 1998a.
9
Idem. Benefício da assistência social como direito fundamental. Boletim dos Procuradores da República: ano
IV, n. 39, p. 27-31, jul. 2001b. Também publicado com o título Restrição legal ao direito fundamental ao
benefício da assistência social. Revista de Previdência Social: ano XXV, n. 249, p. 559-565, ago. 2001. De
forma resumida: Idem. Os pobres, os pobres idosos e os pobres deficientes. Boletim dos Procuradores da
República: ano V, n. 52, p. 30-31, ago. 2002b.
10
Idem. Questões controvertidas sobre o benefício da assistência social. In: Temas atuais de direito
previdenciário e assistência social. ROCHA, Daniel Machado da (Org.). Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2003d. Idem. O judiciário e os direitos sociais fundamentais. In: Curso de especialização em direito
previdenciário. ROCHA, Daniel Machado da; SAVARIS, José Antonio (Org.). Curitiba: Juruá, 2005d. vol. 1.
11
Idem. Arts. 203 e 204. In: Comentários à Constituição do Brasil. CANOTILHO, J. J. Gomes. et al. 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2018b.
3
É nesse cenário que Sérgio Moro admitirá, expressamente, ser “possível defender
a adoção de postura judicial ativa no que se refere à proteção dos direitos fundamentais e das
próprias condições necessárias ao funcionamento da democracia”12.

Como se verá adiante, para o ex-ministro, a avaliação judicial de políticas públicas


é um elemento importante para garantia do funcionamento adequado do regime democrático13
– e, por isso, é reiteradamente defendida. Ainda que rejeitando o “ativismo judicial
desenfreado” e o “populismo judicial”, já fica evidente nesses artigos que Moro busca vias para
uma argumentação consistente na atuação ativa do Judiciário, especialmente através da crítica
à incoerência do legislador e à arbitrariedade das escolhas legislativas, seja com base em dados
fornecidos por ciências não-jurídicas14 ou a partir do princípio da isonomia15.

A pauta dos direitos sociais serve como um argumento forte da postura judicial
ativa defendida pelo autor. Tendo essa retaguarda, Moro fica em uma posição argumentativa
politicamente favorável para criticar “preconceitos automaticamente repetidos”, como o dogma
do legislador negativo16, aceitar a sensibilização do judiciário em relação à temática social17 e
defender o efeito pedagógico da postura judicial ativa18 – mesmo reconhecendo que, em regra,
“ao juiz falta capacidade técnica para desenvolver políticas complexas”19.

Como dito antes, esses estudos são aplicações específicas de articulações mais
abrangentes do autor sobre o Direito Constitucional. Por isso, nesse ponto, já ingressamos no
segundo bloco de textos, onde as questões teóricas de fundo desse “Direito Constitucional da
pobreza”20 são aprofundadas.

12
Idem, 2001b, p. 31.
13
Idem, 2005d, p. 292.
14
Idem, 2001b, p. 29, e 2003d, p. 149.
15
Idem, 1998a, passim.
16
Ibidem, p. 828.
17
Idem, 2003d, p. 145.
18
Ibidem, p. 159.
19
Idem, 1998a, p. 827.
20
Idem. Afastamento da presunção de constitucionalidade da lei. Revista CEJ: v. 3, n. 7, p. 127-131, jan./abr.
1999a.
4
2 A defesa do ativismo judicial

Os principais títulos, aqui, são sua dissertação de mestrado Desenvolvimento e


Efetivação das Normas Constitucionais21 e sua tese de doutorado Jurisdição Constitucional
como Democracia22. Esses textos abarcam o conhecimento também veiculado em um livro e
em diversos artigos23.

Nesse bloco de textos, Moro abre caminho para o que denomina desenvolvimento
e efetivação das normas constitucionais24 ou “revolução judicial de direitos fundamentais”25.
Com esse objetivo em mente, ele assume o risco de decisões erradas do Judiciário, pois “o
direito é ciência prática, sujeita a erros e acertos”26, e busca explicitamente “justificar uma
espécie de ativismo judicial localizado e salutar”27, com poderes para ordenar a implementação
de políticas públicas28. A premissa de base é simples, inspirada em Democracy and distrust de
John Hart Ely, nas palavras de Moro: “há casos de mau funcionamento da democracia”29,
quando ela deveria ser protegida de si mesma30. Mas, o ex-ministro vai além, criticando o
escopo da jurisdição constitucional defendido por Ely, que considera limitado31.

Moro promove um Poder Judiciário sensível às necessidades da sua época, que


interprete o texto constitucional desenvolvendo todas as suas potencialidades, mesmo em
períodos de estabilidade institucional32. Da experiência da Suprema Corte norte-americana,
especialmente da Corte de Warren, e também da brasileira, como na doutrina do habeas corpus,
ele extrai precedentes históricos de que “algum ativismo judicial pode ser benéfico”33.

21
Idem. Desenvolvimento e efetivação judicial das normas constitucionais. 2000a. Dissertação (Mestrado em
Direito) – Curso de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
22
Idem. 2002a.
23
Idem. Concretização da constituição, função legislativa, função administrativa e função jurisdicional.
Jurisprudência Brasileira: v. 182, p. 53-64, 1998b. Idem, Op. cit., 1999a. Idem. Reforma do estado e reforma
do judiciário. Revista da AJUFE: número especial, p. 345-370, ago. 1999b. Idem. Por uma revisão da teoria da
aplicabilidade das normas constitucionais. Revista CEJ: v. 4, n. 10, jan./abr. 2000b. Idem. A corte exemplar:
considerações sobre a Corte de Warren. Revista da Faculdade de Direito da UFPR: v. 36, p. 337-356, 2001a.
Idem. Doutrina prospectiva como instrumento de defesa da constituição. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
6, n. 51, 1 out. 2001c. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2241>. Acesso em: 9 nov. 2018. Idem.
Legislação suspeita? Afastamento da presunção de constitucionalidade da lei. 2. ed. Curitiba: Juruá Editora,
2003c. 100p. Idem. Neoconstitucionalismo e jurisdição constitucional. Cadernos da Escola de Direito e
Relações Internacionais da UniBrasil, v. 1, n. 5, p. 247-253, 2005c.
24
Idem, 2000a.
25
Idem, 2002a, p. 74 e 128.
26
Idem, 2000a, p. 55, 64 e 83.
27
Idem, 2005c, p. 251.
28
Idem, 2002a, p. 71.
29
Idem, 2005c, p. 251.
30
Idem, 2000b, 2001a, p. 340, e 2002a, p. 27.
31
Idem, 2000a, p. 34.
32
Idem, 2002a, p. 65 e 73.
33
Ibidem, p. 40 e 78.
5
Assim, ele justifica que as cortes judiciárias protejam a democracia de chamados
“ataques da maioria política”34, em suas palavras35:

A partir do momento em que o texto constitucional passa a contemplar não só


garantias já asseguradas, mas também promessas a serem implementadas, é
necessário, para efetivo controle judicial, uma atuação diferenciada do juiz
constitucional, habilitando-o a obrigar o poder político a agir ou a, ele mesmo,
desenvolver, em caráter substitutivo e de alguma forma, as normas constitucionais.

Aceitando o ativismo judicial, sua pesquisa se desenvolve em três frentes. Primeiro,


ampliando o escopo tradicional da jurisdição constitucional para abarcar a efetivação de todas
as espécies de normas constitucionais em face de, praticamente, todas as modalidades de
inconstitucionalidade. Segundo, rebatendo “obstáculos artificiais”36 ou objeções normalmente
opostas ao ativismo, como o dogma do legislador positivo e a reserva do possível. Terceiro,
apresentando argumentos para que os juízes atuem com consistência dessa maneira, sobretudo
inspirando-se na experiência da Suprema Corte norte-americana.

Ao fim dessa trajetória, Moro encontrará limites intransponíveis apenas à


efetivação judicial de direitos a prestações normativas, por exemplo, a tipificação de condutas
face mandados de criminalização – mas admitindo, mesmo nesses casos, atividades
substitutivas caso a caso (e.g. medidas coercitivas). Exceto diante desse limite, o princípio da
separação de poderes é “moldado de acordo com a realidade e não deve constituir empecilho
para solução de problemas jurídicos”37.

Na sua opinião, mesmo em relação a direitos a prestações e competências cujo


exercício dependa de estrutura material inexistente não existiriam óbices insuperáveis ao juiz.
Segundo Moro, politicamente, é preciso apenas “ousadia”38. Juridicamente, ele entende ser
preciso tão somente observância à reserva de consistência pelo juiz – ou seja, a apresentação
de “argumentos substanciais quanto à incompatibilidade do ato normativo em relação à
Constituição”39, podendo-se empregar variados métodos hermenêuticos nesse processo40.

34
Idem, 1999b, p. 348.
35
Idem, 2002a, p. 71.
36
Idem, 2001a, p. 354.
37
Idem., 1998b, p. 62.
38
Idem, 2002a, p. 40.
39
Ibidem, p. 160. V. também Idem, 2000a, p. 62 e 80.
40
Ibidem, p. 120-158.
6
Atendida a reserva de consistência, até mesmo “política pública de certa
complexidade” poderia ser adotada através do Judiciário, como admitiu a Suprema Corte
americana em Swann v. Charlotte-Mecklenburg Board of Education41.

Inclusive, Moro, além de rejeitar o dogma do legislador positivo, também recusa a


reserva do possível como um impedimento prima facie à implementação de direitos
fundamentais pelo Judiciário42. Para ele, é “coerente” que exista controle judicial da alocação
dos recursos estatais existentes43 e, no caso dos pobres, é rigoroso: “não há barreira suficiente
para impedir o Judiciário de desenvolver e efetivar direitos a prestações mínimas”44. Frise-se
que o ex-ministro reconhece a existência de impossibilidades materiais. O ponto sustentado,
entretanto, é que “os limites ao desenvolvimento e à efetivação judicial da Constituição não
devem servir como manto protetor de atos manifestamente inconstitucionais”45, devendo-se
distinguir caso a caso “o viável do inviável”46.

Moro fixa, portanto, o ativismo judicial, isto é, a implementação e avaliação judicial


de políticas públicas, como um elemento importante para garantir que a Constituição tenha
“função diretora na vida política e social do país”47.

3 Ativismo judicial no combate ao crime e uma agenda de reformas

É importante destacar que tal ativismo judicial, na visão de Sérgio Moro, se justifica
especialmente quando “contribui para o aprofundamento da democracia ou quando intervém
em caso de mau funcionamento”48. Qualquer pessoa que acompanhou a evolução da Operação
Lava Jato e as manifestações do juiz Sérgio Moro, perceberá que essa sua visão sobre o papel
da jurisdição constitucional influenciou aquele caso. Em A missão do STF, tratando do papel
do Supremo Tribunal Federal no combate à corrupção, Moro deixa claro: “considerando o grau
de deterioração da coisa pública revelado no Mensalão e na Operação Lava-Jato, não deixa de
ser justificado algum ativismo judicial contra a corrupção”49.

41
Ibidem, p. 25 e 201-204.
42
Ibidem, p. 177-178. V. também Idem, 2000a, p. 68-70.
43
Idem, 2000a, p. 70.
44
Ibidem, p. 79.
45
Ibidem, p. 92.
46
Idem, 2002a, p. 177.
47
Ibidem, p. 185-186.
48
Ibidem, p. 208.
49
Idem. A missão do STF. Veja, São Paulo, 21 set. 2018a.
7
Vale lembrar a decisão ousada, para dizer o mínimo, em que foi levantado o sigilo
de diálogo telefônico entre os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff50. É nítido que, no âmbito
do processo penal, o juiz federal buscava “resgatar o caráter deliberativo da democracia, em
contraposição a um processo de barganha e trocas compensatórias entre interesses privados
alheios ao ideal republicano”51, sem perder de vista a lição deixada pela Operação Mãos Limpas
de que “a ação judicial não pode substituir a democracia no combate à corrupção”52. Ele próprio
afirmou em entrevista que o caso criminal “se transformou em um caso que diz respeito à
qualidade da nossa democracia”53.

Enfim, essa intersecção dos temas constitucionais com a justiça criminal, é


teorizada no texto Direitos fundamentais contra o crime54, onde entramos definitivamente no
terceiro bloco de produções bibliográficas. Neste ensaio encontramos uma explicação teórica
mais ampla dessa interação entre suas pesquisas em Direito Constitucional e a justiça criminal.
Moro deduz de alguns dispositivos constitucionais (principalmente do art. 5º, XXXV e
LXXVIII, e do art. 144), direitos fundamentais contra o crime, ou analiticamente, direitos do
cidadão a prestações materiais do Estado contra o crime, e expõe uma preocupação constante:
“O fracasso do sistema de Justiça criminal gera impunidade e mina a confiança da população
na aplicação imparcial e igual da lei penal”55.

Ele já identificava, ali, questões cuja solução dependeria “de normas de cunho geral
e de políticas públicas a cargo dos Poderes Executivo e Legislativo”. Essa percepção apenas se
reforçou com o quadro de corrupção sistêmica identificado pela Operação Lava Jato, como
relata em Castigo para o crime56. Essa foi sua motivação, conforme entrevistas57, para
abandonar a magistratura federal e aceitar conduzir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

50
NETTO, Vladimir. Lava jato: o juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil. Rio de
Janeiro: Primeira Pessoa, 2016. p. 10-13.
51
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 2002a, p. 240.
52
Idem. Considerações sobre a Operação Mani Pulite. Revista CEJ: vol. 8, n. 26, p. 56-62, jul./set. 2004.
Também em Introdução. In: Operação Mãos Limpas. BARBACETTO, Gianni; GOMEZ, Peter;
TRAVAGLIO, Marco. Porto Alegre: Citadel, 2016d.
53
Idem. “Ideal seria limitar o foro aos presidentes dos três poderes”. O Estado de S. Paulo, 6 nov. 2016c.
Disponível em: <https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20161106-44945-nac-10-pol-a10-not>. Acesso em: 12
nov. 2018.
54
Idem. Direitos fundamentais contra o crime. In: Direito constitucional brasileiro: teoria da constituição e
direitos fundamentais. Clèmerson Merlin Clève (Coord.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014a. vol. 1.
55
Ibidem, p. 572.
56
Idem. Castigo para o crime. Exame, 25 mai. 2016b. p. 36-39. Também publicado com o título Sérgio Moro
explica sua visão da justiça. Exame, 20 mai. 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/revista-
exame/Sérgio-moro-explica-sua-visao-da-justica/>. Acesso em: 12 nov. 2018.
57
GLOBOPLAY. Moro: "Não assumiria papel de ministro da Justiça com risco de comprometer minha
biografia”. 2018. (19m57s). Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/7154296/>. Acesso em: 12 nov.
8
Além disso, também já está exposto ali o que considera como “principal vilão”: o
“sistema processual extremamente generoso em relação a recursos”58, um tema de interesse de
Moro há mais de uma década, como se vê nos textos Justiça criminal em risco59, Justiça sem
fim60, Prisão na fase de recursos61, Caminhos para reduzir a corrupção62 e O problema é o
processo, em coautoria com Bochenek63.

É apropriado trazer à baila, considerando o escopo do trabalho, que algumas


opiniões do ex-ministro Sérgio Moro já se revelam, em seus textos, distintas das veiculadas
pelo presidente Bolsonaro. Destacamos sua preocupação com a demora no julgamento dos
policiais militares envolvidos no chamado Massacre do Carandiru, em 1992, e sua crítica ao
descumprimento pelo Brasil da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Caso
Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”), em que a corte internacional reputou inválida
a Lei de Anistia64. Aliás, em sua tese de doutorado, ele demonstrava, no mínimo, não ver claro
óbice constitucional às políticas de desarmamento civil65 – o que ajuda a entender a postura do
governo Bolsonaro no Decreto nº 9.685, de 15 de janeiro de 2019 (chamado, Decreto de Posse
de Armas).

Enfim, esse terceiro bloco abarca temas variados. Em uma de suas produções mais
recentes, Preventing systemic corruption in Brazil66, Moro compila assuntos recorrentes em
suas pesquisas sobre justiça criminal. Encontramos ali a defesa da independência judicial67, da
liberdade de imprensa e de informação68 e também do compliance pelos particulares69 – além
da já citada defesa do ativismo do STF em implementar medidas anticorrupção70.

2018. UOL. Sérgio Moro fala agora sobre cargo de ministro de Bolsonaro. 2018. (1h47m59s). Disponível
em: <https://youtu.be/3Tlu3GwLuuw>. Acesso em: 8 nov. 2018.
58
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 2014a, p. 571.
59
Idem. Justiça criminal em risco. In: Centro de Estudos Judiciários (Org.). Propostas para um novo modelo
de persecução criminal: combate à impunidade. Brasília: CJF, 2005b. p. 179-192.
60
Idem. Justiça sem fim. Revista Jurídica Consulex: ano XII, n. 289, p. 66, jan. 2009.
61
Idem. Prisão na fase de recursos. In: Tributo a Afrânio Silva Jardim: escritos e estudos. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011.
62
Idem. Caminhos para reduzir a corrupção. O Globo, Rio de Janeiro, 4 out. 2015.
63
MORO, Sérgio Fernando; BOCHENEK, Antônio Cesar. O problema é o processo. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 29 mar. 2015. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-problema-e-o-
processo/>. Acesso em: 8 nov. 2018.
64
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 2014a, p. 571 e 574-575.
65
Idem, 2002a, p. 153-154.
66
Idem. Preventing systemic corruption in Brazil. Daedalus: v. 127, issue 3, p. 157-168, summer 2018f.
67
Idem. Independência judicial e abuso de autoridade. O Globo, Rio de Janeiro, 25 abr. 2017c. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/brasil/artigo-independencia-judicial-abuso-de-autoridade-por-Sérgio-moro-
21251404>. Acesso em: 8 nov. 2018.
68
Idem, 2002a, passim.
69
Idem. Prefácio. In: Compliance bancário: um manual descomplicado. MARTINEZ, André Almeida
Rodrigues; LIMA, Carlos Fernando dos Santos. São Paulo: Quartier Latin, 2018e.
70
Idem, 2018a.
9
Além disso, ele volta a tratar, ali, da necessidade de prisões, tanto após julgamento
colegiado como preventivas71; da utilidade da colaboração premiada72; dos efeitos deletérios
do foro privilegiado73; dos benefícios da cooperação internacional74 e da importância de
implementar reformas legislativas e políticas públicas75.

É interessante notar como Sérgio Moro empregou na Operação Lava Jato todo o
seu conhecimento acumulado ao longo dos anos, tanto na academia como na própria judicatura
– diversas questões da Operação já haviam sido tratadas pelo juiz no Caso Banestado, como se
vê de sentença da Ação Penal 2004.700003-2595-4, publicada em revista76. Até mesmo um
artigo abordando problemas de competência ambiental apresenta argumentos que serviriam
para manter o caso da Petrobrás na Justiça Federal, empregando-se um conceito mais extenso
de interesse da União77. Ainda que essa não tenha sido a estratégia argumentativa adotada,
preferindo-se o caminho mais conservador de utilizar regras de prevenção e conexão78, extrai-
se do texto uma crítica à interpretação rígida das normas de competência – interpretação esta
muitas vezes arguida para questionar a atuação do juiz79.

71
Assunto também dos seguintes textos: Idem. Análise jurídica da prisão preventiva de Alexandre Nardoni e
Ana Carolina Jatobá: legalidade da prisão. Revista Jurídica Consulex: ano XII, n. 273, p. 54, mai. 2008a. Idem.
Não é dos astros a culpa. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 ago. 2014b. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/182156-nao-e-dos-astros-a-culpa.shtml >. Acesso em: 8 nov. 2018.
Idem. As prisões da Lava-jato. Veja, São Paulo, Brasil, 08 mar. 2017b. p. 48-49.
72
V. Idem. A justiça e os decaídos. Estadão, 31 mai. 2016a. Também a tradução de Moro do texto de TROTT,
Stephen S. O uso de um criminoso como testemunha: um problema especial. Tradução de Sérgio Fernando
Moro. Revista CEJ: v. 11, n. 37, p. 68-93, abr./jun. 2007.
73
Tema dos textos: Idem. “Foro privilegiado favorece a impunidade”. Gazeta do Povo, 3 jun. 2007a. Disponível
em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/foro-privilegiado-favorece-a-impunidade-
ai194mdnu7pstdklwy3v6lydq/>. Acesso em: 12 nov. 2018. Idem. Os privilegiados. Folha de S. Paulo, 6 jul.
2007b. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0607200709.htm>. Acesso em: 12 nov.
2018.
74
Tema tratado detalhadamente em: Idem. Cooperação jurídica internacional em casos criminais: considerações
gerais. In: Cooperação jurídica internacional em matéria penal. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo; LIMA,
Luciano Flores de (Org.). Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2010a.
75
V. Idem, 2014a e 2016b. Também: Idem. Um projeto na contramão. Folha de S. Paulo, 20 mar. 2010c. p. 13.
Idem. O crime não é invencível. Veja, São Paulo, 13 mar. 2018d. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/revista-veja/o-crime-nao-e-invencivel/>. Acesso em: 8 nov. 2018.
76
Idem. Evasão de divisas – crime contra a ordem econômica. Revista Ciência Jurídica: ano XIX, n. 126, p.
275-328, 2005a.
77
Idem. Competência da justiça federal em direito ambiental. Revista de Direito Ambiental: v. 8, n. 31, p. 157-
166, jul./set. 2003b.
78
BRASIL, Op. cit., 2016.
79
Cite-se, por todos, o texto de Afrânio Silva Jardim em PRONER, Op. cit., p. 21-23
10
Ademais, essas concepções pautaram sua atuação no Ministério da Justiça e
Segurança Pública, sendo prova disso o chamado Projeto de Lei Anticrime80, uma primeira
parte de uma “agenda de reformas”81, que se pretendia mais ampla.

Por exemplo, há mais de uma década, Moro escreveu o artigo Colheita compulsória
de material biológico para exame genético em casos criminais, sustentando a
constitucionalidade dessa medida82, e posteriormente defendeu, em DNA de criminosos, que os
Poderes Executivos tivessem a iniciativa de formar um banco de dados de perfis genéticos
abrangente83. O reforço ao Banco Nacional de Perfil Genético foi uma das medidas propostas
para aprimorar a investigação de crimes (capítulo XVIII), que também busca regular outras
técnicas “modernas” de investigação, uma preocupação antiga de Moro84.

O projeto também visou reforçar a possibilidade de decisões colegiadas nos juízos


federais responsáveis por estabelecimentos penais de segurança máxima, na linha de proposta
defendida por Moro ainda em 2006 no artigo em coautoria com Silva Júnior Sistema de
proteção aos juízes e implementada em grande parte pela Lei nº 12.694/201285. Essa e outras
questões dos presídios federais vêm sendo discutidas por Moro há algum tempo86. O ex-juiz
federal inclusive já foi protagonista de polêmica em 2010, por ter autorizado – em uma decisão
conjunta com outro magistrado – monitoramento de diálogos entre presos e seus advogados87,
também uma das propostas do Projeto de Lei Anticrime (capítulo XVII).

80
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Projeto de lei anticrime. 2019. Disponível em:
<http://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1549284631.06/projeto-de-lei-
anticrime.pdf/@@download/file>. Acesso em 6 fev. 2019.
81
MORO, Sérgio Fernando. Prefácio. In: Infraestrutura: eficiência e ética. PASTORE, Affonso Celso (Org.).
Rio de Janeiro: Elsevier, 2017d.
82
Idem. Colheita compulsória de material biológico para exame genético em casos criminais. Revista dos
Tribunais: v. 95, n. 853, p. 429-441, nov. 2006.
83
Idem. DNA de criminosos. Folha de S. Paulo, 23 dez. 2013. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/144935-dna-de-criminosos.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2018.
84
Idem, 2010c.
85
MORO, Sérgio Fernando; SILVA JÚNIOR, Walter Nunes. Sistema de proteção aos juízes. Correio
Braziliense, 4 dez. 2006. Também publicado com o título Proteção aos juízes. Revista Jurídica Consulex: ano
XI, n. 243, p. 29, fev. 2007.
86
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. V workshop sobre o sistema penitenciário federal: anais do
evento. Brasília: CJF, 2014.
87
CRISTO, Alessandro. Gravações em presídio do Paraná ocorrem desde 2007. Consultor Jurídico, 25 jun.
2010. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2010-jun-25/parana-conversas-entre-advogados-presos-sao-
gravadas-2007>. Acesso em 7 fev. 2019.
11
Ademais, o projeto propôs a ampliação as possibilidades de confisco (capítulo
VIII), o que era esperado dado que Moro é um notório entusiasta do confisco88 e um estudioso
da persecução penal da lavagem de dinheiro, possuindo livro89 e artigos escritos sobre o tema90.

Além disso, ele buscou reforçar os instrumentos de soluções negociadas no


processo penal (capítulo XII), o que se insere na visão extremamente favorável às colaborações
premiadas e na sua forte inspiração nas experiências norte-americana e italiana de combate ao
crime organizado.

A assinatura de Sérgio Moro no projeto é indiscutível.

Cabe concluir que, independentemente de opiniões divergentes, como já disse


Rosa91, o ex-ministro e ex-juiz federal age com coerência. Moro confia na capacidade do Estado
de conduzir o país a um estado de coisas melhor e do ordenamento jurídico, especialmente da
Constituição, de dirigir esse processo. Ele, além disso, não perdeu sua confiança no Judiciário.
Basta ver que o Projeto de Lei Anticrime, ao tratar da legítima defesa (capítulo IV), apresentou
propostas de redação com diversos conceitos jurídicos indeterminados, fortemente dependentes
de interpretação judicial92.

Conclusão

Após transitar pelo conjunto da sua obra, é possível afirmar que Sérgio Moro não é
um conservador nem um liberal. Diversos de seus textos contêm ressalvas a posições associadas
a essas categorias. Essa conclusão é nítida no seu artigo Reforma do estado e reforma do
Judiciário93 e a percepção é reforçada em Afastamento da presunção de constitucionalidade da
lei94, onde Moro considera “absolutamente condenável” o posicionamento, que se poderia dizer
tanto conservador como liberal, da Suprema Corte norte-americana, na Era Lochner, de anular
as leis trabalhistas do New Deal

88
MORO, Sérgio Fernando. Regras sobre confisco criminal. Correio Braziliense, 4 jun. 2007c. p. 3.
89
Idem. Crime de lavagem de dinheiro. São Paulo: Saraiva, 2010b.
90
Idem. Aplicação da lei de lavagem de dinheiro no Brasil. Circulus, Revista da Justiça Federal do
Amazonas: v. 1, n. 1, p. 29-48, 2003a. Idem. Autonomia do crime de lavagem e prova indiciária. Revista CEJ:
vol. 12, n. 41, p. 11-14, abr./jun. 2008b.
91
Idem, 2015.
92
V. a crítica de GRECO, Luís. Análise sobre propostas relativas à legítima defesa no ‘Projeto de Lei
Anticrime’. Jota, 7 fev. 2019. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/penal-em-
foco/analise-sobre-propostas-relativas-a-legitima-defesa-no-projeto-de-lei-anticrime-07022019>. Acesso em 7
fev. 2019.
93
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 1999b, passim.
94
Idem, 1999a.
12
A mesma conclusão também é deduzível da sua afirmação de que “a pobreza não é
um estado natural”95, que é contrária tanto à visão religiosa conservadora, que rejeita a
prosperidade plena neste mundo, como à visão comumente chamada de neoliberal, que
reconhece um princípio material de escassez. Moro, aliás, afirma expressamente que “fazem-
se necessárias, dentro do contexto de economia de mercado, políticas redistributivas para
compensar as desigualdades decorrentes do mercado”96, nas quais se incluiria o “direito
antipobreza” do art. 203, V, da Constituição97.

No tocante ao conservadorismo, outro indicativo importante de que Moro não se


alinha a essa corrente é que ele admite a discussão da legalização do aborto pelo Judiciário98.
Apesar de, nesse ponto, não estar expressa a opinião do autor sobre o mérito da questão, ele
acaba rejeitando convicções religiosas e filosóficas abrangentes e até afirma que Roe v. Wade
“representa uma solução intermediária para a questão do aborto, satisfazendo em parte as duas
correntes absolutamente opostas sobre o tema, o que não deixa de ser razoável em vista de um
improvável consenso sobre ele”99.

De fato, em sua crítica a John Locke, seu discurso se afasta das concepções
abrangentes, como as do jusnaturalismo100. Por outro lado, ele rejeita a tecnocracia na forma
mais explícita101 e tempera o positivismo pela intenção de promover uma atuação estatal não
alienada da realidade constitucional e social – o que Moro identifica com a obra de Dworkin,
uma referência considerada fundamental102 e pela qual ele revela expressa preferência103. O
professor Clèmerson Merlin Clève, seu orientador de mestrado, sintetiza com precisão: Sérgio
Moro “acredita no Direito, na Constituição e no Judiciário”104.

Seus ideais são os da Constituição. Moro adere ao consenso constitucional, como


instrumento de resolução de controvérsias através de razões aceitáveis por todos105, e busca
desbloquear o desenvolvimento e efetivação das normas constitucionais “hic et nunc”106.

95
Idem, 2003d, p. 158.
96
Idem, 2001b, p. 27.
97
Idem, 2003d, p. 144, e 2018b, p. 2032.
98
Idem, 1999b, p. 355, e 2005c, p. 252.
99
Idem, 2002a, p. 44.
100
Ibidem, p. 93-94, e Idem, 2005d, p. 271-273.
101
Ibidem, p. 80, 86 e 99-100.
102
MORO, Sérgio Fernando. 10 livros de direito fundamentais. Jota, 27 mar. 2017a. Disponível em:
<https://www.jota.info/carreira/10-livros-de-direito-fundamentais-segundo-Sérgio-moro-27032017>. Acesso
em: 12 nov. 2018.
103
Idem, 2002a, p. 156.
104
Idem, 2003c, p. 12.
105
Idem, 2001c.
106
Idem, 2000a, p. 3.
13
Como magistrado, sua posição não poderia ser muito diferente, entretanto, tudo
indica que essa aproximação também ocorre por íntima convicção107. O conjunto da obra de
Sérgio Moro contém uma abertura em relação à mudança e um otimismo diante da ação do
Estado, próprios da visão progressista, plasmada em nossa carta pela Assembleia Constituinte
de 1987. Na síntese de Ulysses Guimarães: “A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A
Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade
rumo à mudança”108. Daí a pecha de Moro como inadequada à mentalidade da magistratura que
"adota comportamento puramente burocrático no exercício de suas funções, sem a consciência
de que exerce verdadeiro poder político”109. Afinal de contas, trata-se de participar, por meio
do Poder Judiciário, da construção de uma "verdadeira democracia” no Brasil110, onde todos
devem ser tratados como livres e iguais111.

Entretanto, dizer que alguém é progressista apenas permite excluir outras partes
mais contrastantes do espectro político (e.g. conservador, liberal e socialista). Moro transita
entre o idealismo e o realismo, dificultando um enquadramento mais preciso112. O próprio Moro
diz que não cai na “tentação de propor um modelo abrangente e completo”113.

Entretanto, há causas persistentemente defendidas pelo ex-juiz federal e ex-


ministro, como o combate à pobreza. A partir da constatação de que esse é um problema social
persistente e central, mas com o otimismo de que é possível solucioná-lo (otimismo
compartilhado com o legislador constituinte), Moro faz um amplo esforço para abrir espaço ao
que chama de postura judicial ativa, com vistas a melhorar ou implementar políticas públicas
assistenciais, com a finalidade última de concretizar a integração dos pobres na ordem
política114. Essa abordagem seguiria um modelo inaugurado pela Corte de Warren, em Brown
v. Board of Education115, cujo exemplo ele roga para que seja seguido116.

107
Idem, 2002a, p. 186-188.
108
GUIMARÃES, Ulysses. Íntegra do discurso presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Dr.
Ulysses Guimarães. Rádio Câmara, 5 out. 1988. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/CAMARA-E-HISTORIA/339277--INTEGRA-DO-
DISCURSO-PRESIDENTE-DA-ASSEMBLEIA-NACIONAL-CONSTITUINTE,--DR.-ULISSES-
GUIMARAES-%2810-23%29.html>. Acesso em: 2 dez. 2018.
109
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 1998b, p. 351.
110
Idem, 2000a, p. 100.
111
Idem, 2002a, p. 250.
112
Ibidem, p. 83.
113
MORO, Sérgio Fernando. Op. cit., 2002a, p. 251.
114
Idem, 2002a, p. 217-233.
115
Idem, 2005d, p. 281-283.
116
Idem, 2001a, p. 355.
14
De fato, aqueles juízes norte-americanos adotaram premissas teóricas que ele
próprio assume: cabe ao Judiciário proteger grupos sociais e politicamente vulneráveis, a
Constituição deve ser interpretada de forma evolutiva, devem ser utilizados pelas cortes
recursos fornecidos por ciências não-jurídicas e se impõe postura estatal, inclusive judiciária,
ativa para o cumprimento da Constituição117.

Também há a causa do combate ao crime organizado e à corrupção, que Moro


aparenta identificar, todavia, como parte da causa de combate à pobreza118, como um aspecto
do esforço de destruir a “obra da escravidão”, de que falava Joaquim Nabuco119 – tanto é que o
ex-juiz rejeita a “visão simplificadora do sistema penal” que o considera apenas um instrumento
de opressão de grupos vulneráveis120, relacionando o combate ao crime com o restabelecimento
dos direitos da “parcela da população em regra negligenciada”121. Com esse cenário, a defesa
de um protagonismo maior do Judiciário ganha força. Juízes devem ter deferência a criminosos
e mandatários omissos e corrompidos, que agravam a exclusão social? Não. Sérgio Moro
contrapõe a eles o produto da “cidadania mobilizada”: as normas constitucionais122. É nesse
pano de fundo que não lhe preocupa profundamente que suas premissas possam levar a um
governo ou ditadura de juízes123. Esse não é, para o autor, um problema atual a ser solucionado
– entretanto, é um problema fundamental de ciência política124.

Nós não arriscamos ir além disso no esboço de um perfil ideológico, porque Moro
não exerce o papel de um ideólogo e toda sua obra é escrita buscando sinalizar, nitidamente,
imparcialidade, em um discurso, que alguns chamariam vacilante e outros chamariam prudente.

A coerência teórica identificada por Rosa125, e aqui corroborada, não é coerência


ideológica. Moro não apresenta uma visão abrangente de sociedade. Seu pensamento jurídico
possui certas diretrizes, mas elas são sempre condicionais, gerando consequências distintas na
abordagem de cada situação, ainda que presumindo sempre uma certa capacidade do Estado em
operar resultados positivos, por meio da intervenção.

117
Idem, 2002a, p. 25.
118
Idem, 2018a.
119
Idem, 2002a, p. 232.
120
Idem, 2014a, p. 576.
121
Idem, 2018d.
122
Idem, 2002a, p. 95-96.
123
Ibidem, p. 253-254, e 2000b.
124
JOUVENEL, Bertrand de. O poder: história natural de seu crescimento. Tradução de Paulo Neves. São
Paulo: Peixoto Neto, 2010.
125
ROSA, Alexandre Morais da. Op. cit., 2015.
15
Por fim, cabe rememorar que este artigo, como alertado no início, não pretende
traçar um perfil profundo, nem definitivo, de Sérgio Moro. Entretanto, não se localizou
nenhuma pesquisa que tenha realizado uma leitura global das opiniões escritas do ex-juiz
federal. Acreditamos estar contribuindo para uma melhor compreensão das suas ações políticas.

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