Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mateus Albino
mateussaoliveira@gmail.com
Nº USP: 8023699
A literatura classificada como judaica moderna é aquela produzida após a
metade do século XVIII, que começou quase juntamente com a emancipação judaica,
realizada por autores que trabalham questões relacionadas à cultura e/ou a aspectos
sociais do povo judaico. Autores como Heinrich Heine, Karl Emil Franzos e Berthold
Auerbach foram uns dos pioneiros quando, ainda no final do século XVIII e início do
XIX, começaram a escrever uma literatura voltada para a vida dos judeus.
Alguns anos mais tarde, quase já no século XX, Sholem Aleichem, surge com
Tevye, um judeu que vende pães, queijo, manteiga, leite e outros alimentos aos judeus
ricos em Boiberik, e que protagonisa de alguns contos. Tevye, ao contrário dos
personagens de Auerbach e de Franzos, não aparece para instruir ou ensinar um tipo de
atitude exemplar, ele simplesmente conta histórias sobre suas desventuras de judeu
pobre na Europa do Leste de forma bastante cômica e ligada à oralidade. Com Tevye, o
leitor conhece a cultura de uma parte da população judaica mais particular, mais
afastada das influências do mundo ocidental, ainda fortemente ligada às tradições
culturais e religiosas.
O protagonista cita uma passagem do Talmud que diz que, mesmo quando se
está em lugares onde não há ideais, o homem deve tentar segui-los. Porém a
interpretação que Tevye dá é a de que, quando a vida é difícil, não há o que fazer senão
encontrar meios de sobreviver. Ele muda todo o sentido da palavra sagrada e em
seguida continua falando (ironicamente) sem parar, vê-se que ela não é mais sublime
como Schiller é em Franzos.
AUERBACH, Berthold. “Judeu por uma hora”. In. Entre dois mundos. São
Paulo: Perspectiva, 1967.
FRANZOS, Karl Emil. “Barão Schmule”. In. Entre dois mundos. São Paulo:
Perspectiva, 1967.