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ROTEIRO DE AULA
Aulas 01, 02, 03, 04 e 05
- Apresentação do conteúdo, bibliografia.
- O que é método científico? Para quê serve uma pesquisa?
Método (caminho a ser seguido) é o conjunto de regras e sistemas que organizam uma
forma de conhecimento, a fim de solucionar um problema.
ENIGMA – PROBLEMA.
DA PESQUISA JURÍDICA
ENTENDENDO O PROBLEMA
Coletar dados e argumentar não são meras atitudes descritivas; não se trata de um
mero afirmar, de um conhecimento arbitrário, raso e irresponsável do assunto, mas de identificar
um problema e tentar resolvê-lo. Observa-se, analisa-se, propõem-se hipóteses, controlam-se as
variáveis, etc. Para iniciar uma pesquisa científica é necessário, portanto:
Ora, o problema não é senão a indagação inicial que afeta o interesse do aluno, a ser
solucionada por ele durante o desenvolvimento da pesquisa acadêmica. O problema, tal como o
tratamos, evoca uma experiência sensível; ele é um acontecimento a ser encarado. Assim, a
identificação do problema implica na identificação daquilo que nos desaloja, nos impulsiona, nos
move. Quando pensamos dessa maneira, no contexto da pesquisa temos a tarefa de
compreender em que medida o problema que se apresenta pode ser tratado juridicamente.
Exemplo de afecção: O que mantém o instituto do perdão judicial hoje? Qual a sua
origem? Problema: Por que o perdão judicial é mantido no país? Objetivo: investigar
historicamente as origens do instituto do perdão judicial para compreendê-lo na atualidade.
O tema é aquilo do que ou sobre o que um autor fala (sua “tese”). No caso de uma
pesquisa, o tema é exatamente aquilo sobre o que você, investigador, se debruçará. Exemplo:
alienação parental, estado puerperal, controle de constitucionalidade, etc.
Questão é a pergunta explícita e bem definida (suscetível de resposta) que poderá ser
indicada como um problema.
Mais que sujeitos conhecedores, somos criadores, e nossas respostas, no fundo, não
passam de criações humanas que se querem definitivas, mas que estão sempre
(temporalmente) sujeitas a revisões. Quando tentamos decifrar um enigma, solucionar um
problema, importante é dar-se conta de que não se trata de um ponto final. O caminho que será
percorrido pelo investigador é apenas o começo de toda uma trajetória de busca, que só é
aceitável (em termos acadêmicos) como atividade esclarecedora, que clareia o entendimento e
dota de significado, de sentido, o problema e a solução ainda que temporária.
Ser uma proposição é uma propriedade que um enunciado “ possui em si”; ser uma
tese ou uma hipótese é uma função que ele assume ou não conforme o contexto. As teses
jurídicas cumprem uma função: tentam solucionar problemas, lides, conflitos – são conciliadoras.
O objetivo nuclear de qualquer pesquisa no âmbito jurídico deve ser a fixação de um problema a
ser conciliado.
A hipótese, como se sabe, é uma espécie de “candidato à tese”. Uma tese pode ser
apresentada como hipótese, mas a hipótese é apenas uma conjectura, uma suposição.
Normalmente, a tese tem natureza lógica de RESPOSTA, que só pode ser entendida em ligação
com a PERGUNTA que responde. Pesquisar não é afirmar ou negar teses, mas vinculá-las ao
problema investigado (formulando-o), tornando-as respostas, ainda que não definitivas, finais.
O movimento característico da pesquisa é a explicitação de teses sob a perspectiva do
problema que, boa parte das vezes, acaba por reformular este último (superação e integração).
Esse movimento não suprime, mas supõe a “resposta precedente”, porque é devir. Desse modo,
podemos concluir que há uma unidade indissolúvel em toda atividade investigativa e reflexiva: a
inter-relação entre tese (explicitação de supostos) e problema, que move o pensar, que
transforma a atividade reflexiva inserindo-se num contexto de continuidade e amadurecimento.
Como fora dito, a tese é uma solução ao problema e implica numa escolha, num optar
em que outras alternativas são descartadas. Num texto jurídico inúmeras teses podem ser
encontradas, mas cabe ao leitor atento, redator da pesquisa, eleger a tese principal que será
objeto de estudo no futuro trabalho de conclusão de curso. Essa escolha parte da exigência de
que a resposta seja pertinente, limitando a arbitrariedade da pesquisa. Mas várias respostas
podem ser simultaneamente pertinentes; tudo vai depender da abordagem do trabalho científico.
O que faz com que haja a opção de uma tese em detrimento de outra? Além da
afecção, numa pesquisa os argumentos desempenham função necessária; são eles que
legitimam a tese escolhida. A prioridade lógica do movimento reflexivo-discursivo é o
estabelecimento de um problema. Ele é o suposto essencial tanto da tese como dos argumentos.
Mas, o que é argumentar?
Importante:
a) O problema nem sempre está presente de modo explícito nos texto que são
objeto de análise na pesquisa. Contudo, uma boa pesquisa precisa delimitá-lo.
b) Nem toda proposição afirmada num texto é uma tese. Em seu projeto, a tese
deverá obter o destaque merecido.
c) Nem toda tese é tese principal. Se, à sua abordagem, várias teses mostrarem-
se pertinentes – o que é raro – cabe argumentar qual é a tese fundamental.
d) A tese principal só pode ser fixada em relação ao problema (nexo).
e) O argumento é sempre argumento de uma tese.
Para se redigir um bom trabalho é necessário que se tenha claro, nítido, o movimento
que será percorrido durante a pesquisa (problema/tese/argumentação). Durante a investigação,
um texto só será compreendido e desenvolvido pela própria dinâmica do entendimento: entender
passa pela fase da ausência de entendimento. Conhecer é justamente esse movimento de trazer
à luz o desconhecido, tornar claro o obscuro. O movimento do pensamento é de esclarecimento,
é de tornar visível o invisível. É a essa visibilidade que damos o nome de verdade: um valor
positivo conferido a um fenômeno aparente que se sustenta em sua essência.
O mesmo se dá com um texto bem interpretado. A leitura atenta e análise das obras
jurídicas funcionam como mecanismos de esclarecimento do sentido do texto. Trata-se de
entender o texto e ultrapassá-lo, desenvolvendo com objetividade um material/conteúdo próprio
sobre determinado problema/tema. Essa leitura que ultrapassa e cria, que é propriamente a
investigação científica não se limita a inferir um valor de verdade, mas a dotar o texto analisado
de significação e relevância.