Você está na página 1de 2

ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DE

DEFESA (ENABED 2012)

Agenda de Segurança & Defesa: a gestão de recursos hídricos

Eduardo Xavier Ferreira Migon. Doutor em Ciências Militares – Escola de Comando e


Estado-Maior do Exército (ECEME). Doutorando em Administração – Escola Brasileira
de Administração Pública e de Empresas (EBAPE/FGV). Endereço para
correspondência: eduardomigon@gmail.com.

MIGON, E. X. F. Agenda de Segurança & Defesa: a gestão de recursos hídricos. In:


Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, VI, 2012. São Paulo.
Resumos expandidos… São Paulo: ABED, 2012. p. 41-42.
Agenda de Segurança & Defesa: a gestão de recursos hídricos

Resumo expandido
Trata-se de pesquisa que incidiu sobre item específico da agenda de análise da
conflitualidade contemporânea: a gestão de recursos hídricos. O viés epistemológico
assume que Segurança & Defesa são fenômenos complexos e interdependentes, o que
levou à adoção de perspectiva interdisciplinar de análise, com maior contribuição de
conceitos das Ciências Militares, Administração, Relações Internacionais, Ciência
Política e Economia. Buscou-se o diálogo entre a teoria mais recente sobre o assunto, as
perspectivas e posicionamentos do Estado brasileiro e a realidade fática que se associa à
inserção territorial brasileira. Em consequência o modelo de análise incorpora
elementos da área temática Estratégia, sob variadas perspectivas: Geoestratégia,
Estratégia nacional e setorial, estudo de ambiente e atores, etc. A (re)emergência do
tema decorre tanto das preocupações com a disponibilidade e acessibilidade ao recurso
hídrico, elemento que se associa à noção de segurança humana, quanto em
consequência do recrudescimento da ocorrência de conflitos associados à disputas pelo
uso da água. A investigação teve por objetivo analisar a dinâmica recente da gestão de
água doce no espaço brasileiro, de forma a sugerir contribuições ao ciclo das políticas
públicas ligadas ao tema, com a intenção de reduzir riscos e mitigar possibilidades de
conflito no âmbito nacional e regional. Inicialmente investigou-se o espaço geográfico
propriamente dito, de forma a compreender as dinâmicas existentes: unidades políticas
envolvidas, ocorrência e distribuição das bacias e aquíferos e importância da água no
contexto territorial. Verificou-se a existência de múltiplas demandas e perspectivas,
consequência de assimetrias tanto nas disponibilidades quanto nas demandas de
consumo, bem como do acesso e/ou controle estratégico de cada ator em relação ao
recurso hídrico. Emergem desse primeiro momento considerações quanto à necessidade
de uma política pública capaz de conjugar os países e grupos sociais em uma agenda
abrangente, envolvendo considerações quanto à ocupação territorial, poluição,
mudanças climáticas, participação social, etc. Num segundo momento, mais específico,
conjugou-se o referencial teórico com a compreensão do espaço anteriormente obtida e
analisou-se o uso da água, mais próximo da estratégia de desenvolvimento, e os
aspectos de conflito adjacentes ao mesmo, olhar de interesse da estratégia de
segurança. Verificou-se que a conflitualidade associada a recursos hídricos não é
aspecto recente nas relações humanas e na sociedade internacional, ainda que ocupe um
papel mais acessório, como pretexto e não como causa central dos conflitos.
Considerando a relevância da gestão compartilhada do bem econômico, quer pela
existência de bacias internacionais quer pelo aspecto federativo brasileiro, sugere-se a
conveniência de adoção de uma ótica preventiva, incorporando à agenda a discussão de
políticas de sustentabilidade, de institucionalização de redes de gestão e de
procedimentos de avaliação e difusão de boas práticas. Nas considerações finais
aponta-se a necessidade de maior atenção para o espaço amazônico, em especial pela
maior vulnerabilidade deste, bem como pelo tratamento transversal do tema no âmbito
das agências governamentais, o que é indicativo de novos espaços e perspectivas de
investigação para o campo.

Palavras-chave: Segurança & Defesa - agenda, Recursos hídricos, Políticas públicas

Você também pode gostar