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A EMPRESA CULTURAL:
ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
Este trabalho propõe um olhar sobre as noções principais que permeiam o universo
das empresas culturais, no Brasil. Se atendo, assim, à legislação brasileira e ao formato de
produções culturais realizadas pelas empresas, a fim de compreender como ocorrem tais
processos que auxiliam a classe artística a legalizar seus trabalhos, expandi-los e conseguir
utilizar os recursos públicos como forma de validar e promover suas artes.
Com isso, o trabalho introduzirá a noção fundamental de “empresa” e, nessa direção,
abordará as questões mais específicas à área cultural, discorrendo sobre os processos
administrativos e contábeis das pequenas e grandes empresas culturais e, principalmente, das
microempreendedoras e dos microempreendedores individuais que possuem o registro MEI,
realidade mais comum à classe artística.
Empresa cultural é uma empresa que tem como foco de trabalho a comercialização de
produtos e serviços culturais. Ela pode trabalhar com peças teatrais, espetáculos musicais,
espetáculos de dança, shows, exposições, feiras culturais, promoção de eventos que fomentam
a cultura etc. Um dos objetivos de tais empresas é a valorização da cultura.
A empresa cultural é responsável pela gestão, organização e articulação de todas as
partes dos processos relacionadas à venda dos produtos culturais. A empresa não se foca em
apenas uma parte do processo, mas é responsável por tudo que está relacionado, direta ou
indiretamente, com a produção cultural. Dentro das funções específicas desenvolvidas por ela,
pode-se citar algumas partes: escrever projetos, captar recursos, ter um leque de artistas e
produtos, prestar contas, divulgar os trabalhos, encontrar patrocinadores, realizar trâmites
burocráticos e legais, realizar contratos dentre outras possíveis tarefas que apareçam durante o
decorrer do processo.
Pensando em empresas já consolidadas no mercado de trabalho, compreende-se que
ela possui não apenas uma pessoa responsável por todas as funções no desenrolar de uma
produção, mas possui uma equipe com pessoas especializadas para realizar cada uma delas. É
necessário, então, pessoas que escrevam projetos, captem os recursos financeiros, garimpem e
encontrem artistas e espetáculos, façam os contratos, desenvolvam a prestação de contas,
façam a divulgação, seja ela virtual e/ou física e pessoas que encontrem patrocinadores(as) e
parceiros. Isso não significa que existirá uma pessoa específica e diferente para desenvolver
cada uma das funções, mas que cada uma dessas funções necessitará de, no mínimo, uma
pessoa responsável, pois todas as partes são essenciais para a produção de eventos.
Caso a empresa possua um dono(a), essa pessoa normalmente entende um pouco sobre
cada parte do processo, tendo um olhar técnico sobre o assunto, mas também tendo um olhar
atento, poético e sensível, para enxergar potencialidade nos trabalhos que assiste. Ela pode ser
a responsável pela busca de trabalhos para ter em seu repertório e, para isso, está
constantemente assistindo a espetáculos, shows, mostras e artistas pouco conhecidas(os). A
pessoa responsável por essa função precisa garimpar. Ela está na linha de frente da empresa:
entendendo o que está em alta no momento, entrando em contato com diferentes artistas e
posteriormente, passando a responsabilidade legal para a responsável competente fazer a
contratação - com dedicação exclusiva ou não - e então, vende seu produto, a e/ou o artista ou
o espetáculo. A importância da empresa cultural está atrelada a mediação entre potenciais
empresas compradoras e produtos artísticos vendíveis.
Uma empresa cultural é responsável por todo o processo de promoção de um evento,
podendo ser ele de diferentes eixos, desde que dentro do leque cultural. Ou seja, a empresa é
responsável desde a criação do evento - definição de nome, identidade visual, local, data,
horário, valores -, a organização de quem trabalhará no evento - equipe organizadora,
segurança, equipe médica, equipe de apoio/staff: alimentação, limpeza, serviços gerais, quem
ficará com as e os artistas - o encontro de parceiros, parceiras e patrocinadores, a divulgação
do evento, a venda de ingressos, a locação do espaço, o tema, a programação, as e os artistas e
profissionais que trabalharão dentro do evento, contato com tais pessoas, pagamento de
cachês etc.
É também responsabilidade da empresa cultural decidir se o evento contará com
equipe de apoio ou se irá terceirizar serviços como alimentação, limpeza, serviços gerais e
responsáveis por auxiliar as e os artistas. A equipe que faz parte da empresa cultural que
organiza o evento decidirá o que se torna mais vantajoso economicamente: contratar serviços
terceirizados ou trocar com participantes do evento o valor da entrada por uma quantidade de
horas de trabalho, por exemplo.
Para um olhar romantizado da arte, o uso das palavras “venda”, “produto”, “contrato”,
“garimpo de espetáculos” dentre outras pode ser absorvida de forma estranha pelos ouvidos e
olhos de quem lê. Porém, a fim de reforçar a arte como um ofício, como uma profissão,
precisa-se compreender todos os processos que envolvem a venda dos produtos artísticos, a
fim de validar a profissão no mercado e valorizar os valores dos trabalhos artísticos.
a. Ser contratada, através de alguma empresa, para a venda de algum produto cultural;
b. Entrar em contato com potenciais compradores e oferecer seus produtos e serviços;
c. Desenvolver eventos artísticos como mostras (que buscam a divulgação da criação
artística);
d. Desenvolver eventos culturais (que apresentem em si atrações artísticas, mas o evento
extrapola essa forma e chega em outras possibilidades, como oficinas, por exemplo),
como festivais de teatro (Porto Alegre Em Cena), de música (Morrostock), de dança
(Festival de Dança de Joinville), Feiras do Livro etc.;
e. Lançar artistas e/ou produtos;
f. Concorrer a Leis de Incentivo à Cultura;
g. Escrever projetos e encontrar patrocinadores que invistam recursos para sua
realização.
3.1 Legislação:
3.2 Benefícios
a. Bancários
Com CNPJ, pode abrir conta em banco e ter acesso a crédito com juros mais baratos.
b. Previdência Social
Conta com cobertura da Previdência Social para a pessoa inscrita sob o MEI e também
para a família. Conta também com o apoio técnico do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas, iniciativa privada de assistência social) para aprender a negociar
e obter preços e condições nas compras de mercadorias para revenda, obter melhor prazo
junto aos atacadistas e melhor margem de lucro.
4. Os tributos
Para que se tenha uma maior noção da forma com que um contrato referente a uma
empresa cultural é elaborado e de que maneira todos os pormenores expostos acima devem
ser colocados, há exemplos de contratos culturais no link disponibilizado no Anexo F.
6. Locação de espaços
A locação de espaços, no caso de uma empresa cultural, pode ser feita de formas
variadas, podendo ser dar a partir de parcerias com empresas privadas como, por exemplo,
hotéis, bares, teatros e auditórios. Também pode ser feito por meio de editais que possibilitem
a utilização de prédios públicos para determinadas apresentações, bem como através da
locação de espaços privados, a partir da elaboração de um contrato de locação.
O MEI não necessita de uma sede fixa para o funcionamento de sua empresa, e muito
provavelmente não será a dona de um local que dê conta da realização e todos os possíveis
eventos em que irá atuar. Sendo assim, a consolidação de parcerias com empresas que
possuam diversas estruturas que eventos culturais demandam, se mostra uma estratégia
deveras interessante.
Tanto a SBAT quanto o ECAD funcionam como um elo juridicamente viável entre
autor/autora, detentora dos direitos sobre sua obra, e pessoa ou empresa que deseja utilizá-la.
Sendo assim, caso uma microempresa cultural necessitasse utilizar de alguma obra artística
referente a terceiros, é essencial o acionamento de órgãos como o ECAD e a SBAT. O não
pagamento do ECAD pode gerar transtornos como o cancelamento de eventos e até processos
judiciais.
Sendo assim, a empresa cultural que deseja evitar transtornos, prejuízos e possíveis
processos legais, deve estar atenta a legislação vigente, acionando os órgãos reguladores
sempre que for fazer uso de qualquer obra artística. O pagamento de direitos autorais, além de
estar amparado legalmente, é uma questão de ética e bom senso que deve fazer parte da
política de toda e qualquer empresa que valorize a arte e a cultura, dando retorno ao seu
próprio campo de atuação.
9. Prestação de contas
CEFIS. RPA – Como fazer corretamente o recibo de pagamento autônomo. Blog CEFIS: São
Paulo, 2018. Disponível em: <https://blog.cefis.com.br/rpa-recibo-de-pagamento-
autonomo/>. Acesso em: 30 mar. 2020.
CULTURA, Secretaria Especial da. Lei de incentivo à cultura: C omo funciona? D isponível
em: <http://leideincentivoacultura.cultura.gov.br/como-funciona/#inscricao>; Acesso em: 30
mar. 2020.
DEMETRIO, Diego Wander. Como emitir nota fiscal MEI. Blog do SEBRAE, Santa Catarina,
12 set. 2019. Disponível em: < https://blog.sebrae-sc.com.br/como-emitir-nota-fiscal-mei/>.
Acesso em: 30 mar. 2020.
ECAD. Institucional. Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: < https://www3.ecad.org .br/faq /
Paginas/default.aspx > Acesso em: 01 abr. 2020
ISMERIM, Flávio. Entenda o que é o Simples Nacional e quais vantagens para as empresas.
G1, 12 set. 2017. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/pme/noticia/entenda-o-que-e-o-simples-nacional-e-quais
-vantagens-para-as-empresas.ghtml>. Acesso em: 04 abr. 2020
SEBRAE. Investimento em projetos culturais: os benefícios para sua empresa. Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/investir-em-projetos-culturais-traz-ben
eficios-para-empresas,c1096a2bd9ded410VgnVCM1000003b74010aRCRD> Acesso em: 30
mar. 2020.
ANEXOS
Fonte: https://www.portalmei.org/recibo-de-pagamento-autonomo-rpa-planilha/
ANEXO B - PRESTAÇÃO DE CONTAS DA LEI ROUANET – MODELO DE
CONCILIAÇÃO BANCÁRIA
Fonte:
https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/61942d134ba
32ed4c25a6439578715ce/$File/5443.pdf
ANEXO C - PRESTAÇÃO DE CONTAS DA LEI ROUANET – MODELO DE
RELATÓRIO DE BENS DE CAPITAL
Fonte:
https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/61942d134ba
32ed4c25a6439578715ce/$File/5443.pdf
ANEXO D - PRESTAÇÃO DE CONTAS DA LEI ROUANET – MODELO DE
RELATÓRIO DE EXECUÇÃO DA RECEITA E DESPESA
Fonte:
https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/61942d134ba
32ed4c25a6439578715ce/$File/5443.pdf
ANEXO E – SUGESTÕES DE VÍDEOS PARA PESQUISA