O livro “Formação docente e profissional: forma-se para a mudança e a
incerteza”, do qual versa essa resenha, está em sua quarta edição pela editora Cortez e tem como autor o professor Francisco Imbernón. O autor do livro tem doutorado em Pedagogia e é professor honorário da Universidade Nacional Autônoma de Nicarágua- León, além de dirigir diversas pesquisas tanto na Espanha como em outros países. A proposta inicial do livro é fazer uma reflexão sobre a profissão docente e a instituição educativa dentro do contexto ao qual elas se desenvolvem. Tal reflexão nos conduzirá, segundo Imbernón (2004, p. 9), a “uma nova forma de ver a instituição educativa, as novas funções do professor, uma nova cultura profissional e uma mudança nos posicionamentos de todos os que trabalham na educação”. A instituição educativa e o docente devem educar na vida e para a vida levando em consideração o contexto cultural, social e comunitário em que estão inseridos. O livro divide-se em quatorze capítulos que versam sobre a profissão docente e sua formação permanente. Estruturalmente, acreditamos que os capítulos se dividem da seguinte forma: os cinco primeiros capítulos estão mais centrados no debate sobre a profissão docente, a partir do sexto capítulo inicia-se a discursão sobre a formação do professor para a profissão docente e nos três últimos capítulos esses temas se relacionam mutualmente. Nos capítulos iniciais o autor frisa a necessidade de uma redefinição da profissão docente, isto é, de um novo profissional que se adeque as mudanças da nova era. Tal profissional necessita de uma formação inicial e permanente que lhe permita o desenvolvimento de capacidades reflexivas em grupo e uma verdadeira autonomia profissional compartilhada. Para Imbernón (2004), é necessário que o professor reflita sobre a própria prática docente; assim sendo, é preciso pensar um novo conceito de profissionalização do professor, onde ele torna-se um agente dinâmico cultural, social e curricular. Dando continuidade a reflexão sobre a formação do professor, o autor defende que essa deve está apoiada numa reflexão dos sujeitos sobre sua própria docência. Essa reflexão deve assumir também uma dimensão coletiva, facilitando as capacidades reflexivas coletivas sobre a própria prática docente. Assim, Imbernón (2004, p. 68) defende como meta principal para a formação dos docentes “aprender a interpretar, compreender e refletir sobra a educação e a realidade social de forma comunitária”. Para o autor, a formação permanente não deve ser apenas a obtenção de novos conhecimentos científicos, mas também a análise e reflexão crítica sobre e durante a ação. Por fim, o autor propõe uma reflexão sobre os obstáculos encontrados pela formação dos professores gerando nesses profissionais um desanimo frente ao desenvolvimento profissional. Nesse sentido, defende a proposta de uma redefinição da profissão, de suas funções e de sua formação. Para Imbernón (2004, p. 106), “não basta afirmar que os professores devem ser reflexivos e desfrutar de um grau maior de autonomia, é preciso conquista-lo”. Essa conquista necessita da ação coletiva dos professores; ou seja, é preciso que os professores busquem melhorias pedagógicas, profissionais e sociais. Assim sendo, o livro que aqui resenhamos apresenta uma excelente discursão sobre a profissão docente e a formação permanente do professor, que nos último anos tem sofrido grande obstáculos por parte daqueles que veem essa atividade apenas como reprodução de cultura e conhecimento. A escrita elucidativa do autor e o vasto referencial bibliográfico utilizado pelo mesmo, contribui para uma maior fundamentação das questões problematizadas no texto. Durante todo o texto o autor compara teorias e aponta caminhos capazes de gerar novas reflexões e concepções mais reais da atividade docente e de sua formação profissional. Para concluir, acreditamos que as ideias matrizes que norteiam o livro do Prof. Francisco Imbernón, são totalmente coerentes ao titulo proposto à obra. Na espinha dorsal do livro encontra-se a criação de espaços de reflexão e participação, de conhecimento ligado à ação prática e da relação entre teoria e prática. Conforme destaca Imbernón (2004, p. 113), “a formação do professor deve adotar uma metodologia que fomente os processos reflexivos sobre a educação e a realidade social através de diferentes experiências”. Logo, sua obra torna-se uma leitura indispensável a todos que atuam ou pretendem atuar como profissionais da docência.
Referência:
IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a
mudança e a incerteza. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2014.