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Revista de Guimarães

Publicação da Sociedade Martins Sarmento

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DAS INDÚSTRIAS VIMARANENSES. EXCESSO DE REFORMA


LIBERAL EM DETRIMENTO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL.

GUIMARÃES, Avelino da Silva


Ano: 1888 | Número: 5

Como citar este documento:

GUIMARÃES, Avelino da Silva, Subsídios para a história das indústrias vimaranenses.


Excesso de reforma liberal em detrimento agrícola e industrial. Revista de Guimarães,
5 (1) Jan.-Mar. 1888, p. 12-24.

Casa de Sarmento Largo Martins Sarmento, 51


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SUBSIDIOS PARA A HISTORIA
SUBSIDIOS PARA A HISTORIA
DAS INDUSTRIAS VIMARANENSES
DAS INDUSTRIAS VIIWARANENSES

Excesso de reforma liberal em detrimento agrico


Excesso de reformae liberal la
em detrimento agricola
eindus trial
industrial

(Continuada do 4.° anno, pag. 19d)


(C‹mLínuê1d0 do 4.0 anuo, pag. 1915)

III
111

Como vimos, as corporações d'officios manifestara


Comoregulavimos, as corporações d'ofñcios manifestaram-se m-se emem
Portugal, rmen te organisadas, no seculo xvr.
Portugal, regularmente organisadas, no
Foi no mesmo seculo que ellas se organísaram em seculo XVI.
rães? Foi 110 mesmo seculo que elas se organisaram em Guim a-
Guima-
rães ' Z
Não o podemos aifirmar com provas á vista.
QueNãohouveO podemos afirmar com provas á vista.
sse, n'uma forma mais ou menos rudimentar
Quemeno houvesse, ,
mais ou s desenvolvida,forma
Il'uma mais ou menos rudimentar,
a aapplic ação do do
princ ipio asso-
mais ou menos desenvolvida,
ciativo entre os industríaes vimaranenses, é applicação principio asso-
ciativo
saben do-seentre industriaes vimaranenses, élicito
que oosberço lícitoaffirm al-o
aífirmal-o
da monarchia adquirira renome in-
sabendo-se
dustr ial muito que anteso do
berço da rnonarchia adquirira renome in-
seculo xv.
dustrial
Mas se muito antes do seculo
não conhe XV.
cemos monumentos que nos attestem a
data precisa do nascimento d'esta evolução que
Mas se não conhecemos monumentos 00s atestem a
d'asso
data ciação ope-
raria emprecisa
Guimarães, possuimos abundancia de factos para ope-
do nascimento desta evolução d'associação
raria em Guimarães, possuirmos
tabelecemos a conjectura de que pelo menos asabundaucia de factos es-es-
para
tabelecermos a conjectura de que pelo menos corpo
as raçõe s
corporações
se organisaram n'esta cidade no mesmo seculo
seam organisaram nesta cidade no mesmo emem
seculo quequeappa-
appa-
recer em Lisboa e no Porto.
receram em Lisboa e no Porto.
'1313

As Ascorpor ações d'oifici os, regula rmente organi sadas, não


corporações d'oflicios, regularmente organisadas, não
, ou`
produc to inopin ado, conqu istado por
o o producto inopinado, conquistado por uma revolta, ou uma revolta
foram
foram
impos to porporumumlegisla
imposto dor. A Asuasuadefinit
legislador.
iva existencia teve,
definítiva existencia teve,
Allema nha, como em França, na113. Inglater-
emem toda
toda a parte,nana
a parte, Allemanha, como em França,progre Inglater-
ssiva
ão
comoememItalia
ra,ra,como Italiae eHespa nha, uma
Hespanha, umaevoluçevolução progressiva
ria, as
mais ou menos lenta, confor me os progre ssos dadaindustindustria, as
mais ou menos lenta, conforme os progressos sas de
as, as necess idades e empre
aspira ções e ephases
aspirações phasespolitic
politicas, as necessidades e empresas il e ou-de
comm Os escrip tores espec ialistas , como
ercio. Os escritores especialistas, como F. Verdeil e ou- F. Verde
commercio.
ativas para o trafego com-
tros,descob
tros, rem asasformas
descobrem formasassociassociativas para o atrafego
mercia l, e eincrem ento indus trial, nas carava nas e agremcom- ia-
mercial, incremento industrial, nas caravanas e civilisa agremia--
ias dos povos orienta es, muito antes das
çõesoperar
ções operarias dos povos orientaes, muito antes das civilisa-
gregae eroman
çõesgrega
ções romana.a.
livro, pro-
O 0sur.sur.dr.dr.Sarme nto revela
Sarmento -nos nonoseu
revela-nos seuultimo
ultimo livro, pro-
carac teristic a e viva critica , estudo profun do, e
ductodadasua
ducto sua caracteristica e viva critica, estudo profundo, civilisa ção e
estado de
autas), o o estado de civilisação
iniatig avel trabalh
infatigavel o (Os
trabalho (OsArgon
Argonauztasl,
anas, nanadas migrações liguricas
europé
europa épocasprerom
nasépocas
a nas preromanas, das migrações liguricas
ios, seguin do aquellas asas
e eexcurs ões marítim
excursões as dos
marítimas dosphenic
pbenicios, seguindo aquelas
rranea e eAtlanti co, e das quaes se
vias fluviaes,
viasiluviae estaso oMedite
s, estas Mediterraneo Atlantico, e das quaes se
amento associ ativo, quer determ inado por ne-
induzo oestreit
induz estreitamento associativo, quer determinado por , ne- e
o d'aven guerra
tura e e dede guerra, e
cessida des merca
cessidades mercantis, peloespirit
ntis, .pelo espirita d'aventura
pelo desen volvim ento da indust ria do bronze , quer por aflini-
pelo desenvolvimento da industria do bronze, quer por aflini-
dadesethni
dades cas 1.1_
ethnicas
OsOsdivers os escrip tores, auxilia dos pelos pacientes traba-
diversos escritores, auxiliados pelos pacientes traba-
logos, conseg uiram desco brir, com maior ou
lhosdos
lhos dosarcbeo
areheologos, conseguiram descobrir, com maior ou
menorprecisã
menor precisão, novasalvora
o, asasnovas das nos
alvoradas
tempos mais escuros
nos tempos mais escuros
o barbar a até a época das
dada Idade Desde a a invasã
Média. Desde
Idade Média. invasão barbara até á. época das
cruzad as, mostra m-nos concen trada a activid ade, a iniciativa
cruzadas, mostram-nos concentrada a actividade, a iniciativa -nos
comm ercial eeindust
commercial industrial povos germa
nos povos
rial nos nicos; indicam
germanicos; indicam-nos

o eit. Verdeil, pag.


11 «Exoep tuados oO ouro
‹‹Fxceptuados --diz
prata-
ouro ee a3. prata diz o cit. Vercleil, Das-
- ter sido conhecido e utilisado antes de todos os

179 cobreparece
179- oocobre parece ter sido conhecido e mundoutilisadocivilisa
antesdo,de otodos
cobreos
outros metaes
outros metaes. Nas primeir
. Nas primeiras idades do
as idades do icos,
mundo e civilisado,
com elle se o cobre
fabrica-
materialde
era aa materia
era os utensíli
todos os
de todos os domest
utensílios domesticas,, eservia
com ele se fabrica-
ao fabrico de
vamas
vam armas de
as armas guerra.Em
de guerra. Emliga comoo estanho
liga com estanho, servia ao fabrico de
ade d”estatuas, d'uten-
utensíli
utensílios, de instrum
os, de entos cortante
instrumentos s. AA quantid
cortantes. quantidade d'estatuas,
diarmas , que se encontr am nas ruínas do antigo mundo,d'uten-
mos-
silios,
sitios, d'armas, que se encontram nas ruínas do antigo mundo, mos-
tra o extenso uso que se fazia d'este
tra 0 extenso uso que se fazia doeste metal. metal.
ecido dos povos da antiguidade.
uso do
‹‹‹‹ OO uso era desconh
ferro era
do ferro desconhecido dos povos da antiguidade.
a oo bronze d'uma grande
«Ligado com
«Ligado com oO estanho
estanho, cobre formav
, oo cobre formava bronze d'urnade
s capazes grande
cor-
dureza, com
dureza, os egypcio
qual os
com oo qual egypcioss fabricav am tesoura
fabrieavain tesouras capazes de eor-
tar pedra.
tar pedra. v
u
14
'14

como, depois das cruzadas, houve uma verdadeira TGDEISCGHÇH. renascença


da antiga vida latina, comercial
commercial e industrial, nas cidades
marítimas de Italia,
italia, em Barcelona, em Marselha, começando
florescer a industria
então a florescer industria franceza, entrando na phase de
largo
Ilargo desenvolvimento
desenvolvimento desde o seculo xn XII as corporações d'of-
d,of-
ficios.
ficios. EÉ incontestavel que anteriormente, da dominação roma-
na não foi isenta a população doeste dieste concelho, como evidente-
mente o provam as explorações do sur. snr. Sarmento na sua Cita-
nia,
m'a, e os achados valiosos dos banhos de construcção romana
-encanamentos
encanamentos,, mosaicos, etc. etc.-em -em Vizella e nas Taipas.
D'estas diversas evoluções sociaes, deste d'este contacto com di-
versos povos, da dominação arabe que trouxe para a penín-
sula a sua arte oriental e typica I,1, decerto que neste n'este conce-
lho se constituiu, por acção mais ou menos directa, a sua
industrial, e o seu ggenio
aptidão industrial, e i o mercantil, que se desenvol-
veu nos primeiros seculos da rnonarchia,
monarchia, especialmente desde
o seculo XIII.
xnr.
Devemos tombem
tambem crê crér que 0o estabelecimento
estabelecimento da corte côrte
n'esta povoação concorreu, pelas razões que são
monarchica nesta
obvias,
ohvias, e embora com a rudeza e imperfeições proporias proprias do
tempo, para o desenvolvimento das faculdades
tempo, facilidades artísticas dos
vimaranenses d'então, em medida igual pelo menos ã á dos
centros mais industriaes desta
d'esta parte norte do paz. paiz.
Consideradas estas razões por um lado, o fervor religioso, religioso,

11 L'histoire com
‹‹ Ijhístoire commercials
mercials de Vénia
Vénise (diz 0o cit.
eit. Verdeil)
Verdeíl) comprend
com prend
un espace de plusleurs
plusieurs siecles. Déjà.Déjà en temps
tempos de Charlemagne, les
seigneurs que composaient sa cour furent émerveillés en eu voyant,
voyant, à la
foire de Pavio,
forre Pavie, les tapis
tapís précieux, les étofles
étoíies de soe,
soie, les tissus dor,
d'or,
les peres
perles et les pierreries qu ótalerentótalèrent à.a leurs yeux les marchands
marchands de
..
Vénise. .. Pendant que 1'Eur‹ ltEur pe était encere
encore barbare,
barbara, les Venitiens,
Vénitiens,
en échangeant les denrées de l'0ccident l'Occident centre
contre les marchandises de
PAsie, observerent
l'Asíe, observèrent les procédés des arte arts chez
chez' les Grecs euet les Arabes.
Ils établirent
Ils e'tablirent des comptoirs
comptoírs sur côtes, à Alexandria, à Tyr,
sur toutes les cites,
á
a Beiruth,
Beiruth, à.a Acre;
Acre ; iils
s penétrèrent
pénétrèrent mime, remontam le Volga, jus-
meme, en remontante
qu'à Astrakhan. IIls firent plusieurs
s firent traités avec les souverains de Egy-
plusieurs trates
pte,
pte; iils s avaient des établíssements
établissements sur les points facilement accessi-
bles en Afrique.
Afrique. LesLes villes de ces cites,côtes, habites
habités par les Arabes,
étaient des cites cités opulentes, trástres manufacturiéres.
manufacturières. Les vaisseaux des
Vénítiens,
Vénitiens, des le 7° 7e et 8°8e siecle,
siècle, allaient y charger des grains, grainha, des
parfums, des deres dents d'éléphant, de la poudre dor, d'or, des huíles,
hniles, et enñn
enfin
esclaves qu'ils
des escaves qu*ils vendaient a d'autres Africains, ou lux aux Marres
Maures eta-
blis eu
en Espagne. z,»
15
15

o culto vívissimo
O d'Oliveira 1,
vivissimo por Santa Maria d'0liveira 1, que concorre-
ram para que DOS
nos seculos posteriores á a fundação da monar-
chia se mantivessem, diliiculdades de viação, as
mantivessem, apesar das dificuldades
mais estreitas relações com as outras terras, especialmente
Lisboa e Porto,
Porto, deveremos crer movimento,
crér que qualquer movimento,
qualquer nova phase nas relações sociaes doestes
d'estes maiores cen-
tros de população teria aqui rapidamente a sua natural refle-
xão.
xão.
No seculo xxvr,
I , as principaes industrias de Guimarães, ex-
ceptuada a de tecidos d'algodão que é de data recente,
recente, eram
já florescentes, e muito antigas.
antigas.

industriasfmais
Entre as industrias Guimarães, deve in-
fmais antigas de Guimarães,
cluir-se, já como florescente na época da constituição da mo-
narchia,
narchia, no seculo XII,xn, a de tecelagem de linho.
O Minho, no começo da monarchia,
0 monarchia, avantajava-se,
avantajava-se, no
d'esta industria, a todas as terras que hoje formam o
exercicio desta
2_
continente portuguez 2.
desenvolvimento, ou importancia relativa
Considerando o desenvolvimento,
n'essa remota época,
povoação, nessa
d'esta povoação,
desta época, devemos dar por ave-
riguado que a velha Vimaranes ou Guimarães era uma d'es-
Minho, onde prosperava a industria da tecela-
sas terras do Minho,
linho, sustentando-se até hoje, com incontestavel cre-
gem de linho,
dito, apesar do seu exercicio em domicilio com OS
dito, os seus tradi-
teares H13.!]IJ3.€S.
cionaes processos e teores agora, a fabrica do
manuaes. SÓ agora,
Guimarães, fundada ha dois anhos,
snr. Antonio da Costa Guimarães, annos,
tradições, e inaugura a grande industria
rompe com as tradições, d'esta
industria desta
classe, vapor, e 0s
classe, com o seu motor a vapor, os seus já numerosos
teores mechanicos.
teares -I

11 culto!!
Hoje ha fervor por novo culto |
2
2 Dir. Pata.,
Coelho da Bocha, Hist. de Dir. pag. 82,
Patr., pag. 82; Relatorio da
artigo do snr. Joaquim de Vascon-
Guimarães, artigo
exposição industrial de Guimarães,
cellos, pag. 146.
cellos, 446.
16
'16

A industria de curtumes
cortumes é antiquissima nesta
n'esta povoação.
povoação.
Antes de constituida 8.
a monarchia, no foral do conde D.
Henrique era tributada com um centil
ceitil ou dinheiro a venda de
cada couro 1.1.
1517, no foral de D. Manoel, já se tributava em tres
Em 1517,
reges
reaes por carga maior
maior 0o sumagre, e a casca; e pelos gene-
ros tributados e isentos, expressos neste
n'este foral, se vê que era
já então mui desenvolvido e avultado 0
o commercio vimara-
nense.
IIBIISB.
Em 1315,
1315, fundaram OS sapateiros João Bahião, e Pero Ba-
os sapateiras
hião, a irmandade e albergue de s.
hiã0, S. Ghrispim, e o dotaram
com uma poça dos curtumes
cortumes da rua de Couros.
Couros. Esta fundação,
fundação,
a abundância
abundancia de meios destesd*estes dois inolvidaveis industriaes.
industriaes,
indicam que as classes de curtumes
cortumes e de calçado eram pros-
peras.
Nem admira, sabendo-se que as applicações de couro ec
pelles se não restringiam, na Idade Media,
peles Média, ao calçado e ar-
reios, abrangiarn ornamentações luxuosas de mobília, es-
reios, mas abrangiam
pecialmente dos bafes
bahús e dos cofres cobertos do de couro branco,
branco,
tanto serviam para transportes de ba-
preto, ou colorido, que Lauto ba-
gagens, como para assentos. Sabe-se que uma grande fabrica
de couros, a maior do mundo segundo afirma afllrma um antigo es-
criptor,
criptor, existia na península, em Cordova.
Gordova. Na Idade Média
eram numerosas as fabricas de curtumesoortumes em Hespanha. E E as»-
as-
sim como se afirma
aflirma que foi de Hespanha que esta classe de
industria se propagou, por Tolosa, para povoações de França, Franca,
é de crer
crér que os nossos curtumes
cortumes tivessem a mesma remota
origem.
Segundo afirma
afiirma Coelho da Rocha, cit. Hist. pag. 83, no
começo da monarchia os nossos artefactos eram toscas, toscos, exce-
ptuadas as appiicações
applicações de couros e peles
pelles d'animaes,
d'auimaes, prepara-
das com aceio
ceio e riqueza de bordaduras para arreios, para or-
cavalleiros e para vestes e coberturas delicadas
natos dos cavaleiros delicadas. .
E pois legitima a presunção
presumpção de que as industrias de cor-
tumes e de calçado, são coevas, se não anteriores 8a monar-
cbia,
chia; e pode com afouteza atlirmar-se
aílirmar-se que eram prosperas no

11 Yid. Coømnentafríos
Víd. Connnentarias sobre os Furaes,
Foi-nes, do conselheiro Silva Ferrão,
Ferrão,
pag. 175,
575, voi.
vol. n.

\
17
17

começo do seculo xrv,


xlv, quando os Bahiões fundaram o albergue
S. Chrispim 1.
de S. 1.

=«¡=

A ourivesaria vimaranense é muito antiga.


Nos motivos que procedem
precedem OS os estatutos de 1781
1781 (que desde
promettemos transcrever textualmeute
já prometemos n'esta Revista) se af-
textualmente nesta
iirma -que
firma antiquissimo Westa
-~ que de tempo antiquíssimo Guimarães
Villa de Guimarães
n'esta Villa
6e sua Comarca foram foram por Inossos Antecessores
por nossos Antecesscres estabelecidos
Ensaiadores -.
dois Contrastes Ensaiadores~¬
É de suppôr que se estabelecesse proximamente
proximameute á. à funda-
ção da monarchia,
monarchia, ou pelo menos quando mais se afervorou o
culto pela imagem de Nossa Senhora d'0liveira. d'Oliveira.
Na Idade Média,
Média, as familias nobres e ricas accumulavam,
accumulavam,
aristocratica, e por um fim
por ostentação aristocratica, economico, grandes
fim economico,
valores em baixela,
baixella, em manufacturas douro d'ouro e prata. A aris-
tocracia desprezava o commercio. Não havia bancos de depo-
sito, nem os titules
titulos de credito hoje vulgarissimos.
vulgarissimos. Os celebres
bancos d'ltalia,
d'ltalia, o dedel Giro,
Giro, o de S. Jorge,
Jorge, foram umaurna grande in-
iu-
novação.
novação. Naturalmente,
Naturalmente, para emprego de dinheiro, dinheiro, e por osten-
tação de luxo e riqueza,
riqueza, havia 1103nos diversos pazes
paizes da Europa
a tendencia de adquirir
adquirir desses valores, embora improducti-
d'esses valores, improducti-
vos.
vos. Não vai ainda longe a época em que, que, mesmo nesta
u'esta ci-
glade,
dade, algumas familias apreciavam mais estas accumulações
improductivas de valores que titulos de renda publica, ou do-
cumentos d'hypotheca;
d'hypotheca; e os largos e pesados hahús, bahúš, rechea-
rechea‹
dos dessa
dlessa riqueza em joias e baixela, baixella, se transmitiram
transmittiram nas
successões com com a respeitavel veneração de sagrados penhores
das tradições de familia.
Além disto,
d'isto, o culto religioso,
religioso, que muito favoreceu esta
classe de industria, havia de concorrer para desenvolvel-a
muito cedo nestan'esta povoação dos dom priores,
priores, dos conegos pri-
pri-

11 A poça que pertencia á irmandade de S. Chríspim foi alienada.


alienada.
Violencias da desamortisação!
Viclencias desamortisação! Hoje per
pertence ,
tece a diversos ; é uma das
maiores, talvez a maior,
maior, encostada ao hospital de S. Francisco, do la-
la-
do do sul. Se algum dia se organisar escola pratica desta
d'esta. industria,
industria,
terá.
terá de adquirir-se uma nova.
nova.
5.° ANN0.
5_o ANNo. 2
18
18

iidalgos, e onde eram numerosos os conventos e


vilegiados e fidalgos,
recolhimentos de diversas ordens religiosas. A prosperidade e
ancianidade da ourivesaria vimaranense induz-se tambem tombem de
tradições ainda vivas, e das disposições dos proprios estatutos
1781 :: os lavrantes, e ourives fabricavam alfaias do culto,
de 1781
cruzes, vasos sagrados, etc. No capitulo IX rx dos citados estatu-
tos se diz ... Lembrando-nos das peças sagradas, que con-
diz:: ‹‹« . . . Lembrando-nos
‹‹ sertamos para as Igrejas, como são Gustodias, Oustodias, Vazos, e Cru-
‹re zes, e que devemos ter toda a veneração e traotamento tractamento de
reverencia por serem dedicadas ao Culto Divino, e por esta
‹‹«reverencia
« causa adquirimos algum
(( . .,
alguã nobreza. . ., determinamos uniforme-
‹‹ mente que daqui d'aqui em diante nenhum Ourives de Ouro, ou
Prata, possa tomar Mosso para ensinar o Ofício,
‹‹ Prata, Otficio, ou ainda
‹‹ Oficial
Official que seja de infesta nação`
nação, assim como Mouro, Judeo,
Apostata da nossa Santa Fé, ou Penitenciado pelo
‹‹ Mulato, Apcstata
‹(
‹‹«Santo Oflicio, ou ilho
Santo Oíiicio, filho de homem vil, ou de outras semelhan-
..
‹‹ tes qualidades. . . ››
prata,
Seria por ser mui prospera a classe de lavrantes de prata,
e para mais a animar, que DO no foral de D. Manuel se isentou
de tributo ou portagem a prata lavrada Í*
lavrada?
É pois incontestavel que a ourivesaria vimaranense, tão
desenvolvida ainda na primeira metade deste seculo, hoje de-
d'este seculo,
cadente como em todo o paz, paiz, pela concorrencia estrangeira, e
outras causas geraes, é antiquissima, e sem duvida anterior
ao seculo xví.xvr.

at:

no começo do se-
tambem antiquissima; e 110
A serralheria é tombem
XIV era já celebre, com o notavel serralheiro do tempo
culo xrv
de D. Diniz 1_
1.
A classe d'armeiro era antiga, como prova o regimento
municipal dos oflicios, t719, que a incluo,
ofiicios, de 1719, inclue, assim como a de
tambem tão numerosa, occupando quasi
outr'ora tombem
pentieiros, outrora
todas as pequenas casas da velha rua d'Arcella, então extra-

Belaton'o da exposição industrial de Guimarães, pag. 213.


1 Cit. Relatorio
1 243.
19
'19

barreiras, e hoje denominada rua do Carmo de Cima. Tem


barreiras, 'l'em au-
productos, co-
qualidade, aperfeiçoando os seus productos,
gmentado na qualidade,
consideravelmente di-
exposição, mas está consideravelmente
mo se revelou na exposição,
artistas.
minuída quanto ao numero d'officinas e artistas.
minuida
Pela minuciosidade d'aquelle regimento, taxando mui va-
d'obra, se revela o largo desenvolvimento an-
especies dobra,
riadas espectes
d'industria.
d'esta classe d'industria.
terior doesta

A cutilaria era já prospera e celebre no seculo XVII,


xvn, e afa-
cutileiro Antonio Leite, como aífirma o nosso mui eru-
mado 0o cutileiro
made
na breve noticia histo-
dito patricio, o sur. dr. Pereira Caldas, ua
inserta a pag.
rica inserto cit. Relatorio
pag. 56 do cit. Gm'-
Exposição de Gui-
Relatorio da Eacposição
fmaraes.
fmarães.
proposito, ou do bom
Sera pois fora de proposto,
Será senso, acreditar
born senso,
d'oflicios, no seculo
que antes da organisação das corporações d'officios,
XV ou XVI,
xv ou virnarauense já pompeasse uma pro-
industria vimaranense
v, esta industria
expansão??
nunciada expansão
materias primas, co-
A cutilaria, tendo 0o ferro e o aço por meterias
meçou desenvolver-se na Europa depois do seculo xX 1_
meçou a desenvolver-se 1. De-

11 ‹‹ Sons la domination romaine, le fer était déjà,


‹‹ o°un usage très
déjà'd'un trás
repandu, quoique Ie
repandu, le bronze euet Fairain encore employés pour
l'airain fussent encere
un grano
grand nombre dá°outils, d'outils, dá"ustensiles,
dtustensiles, d'armes.
.. L'élevation et Félargissement
««_. . . Ijelevation aménèrent un
Pélargissement des fourneaux aménerent
eleve eu
un
et par le
résultat
résultat sans douto inattendu. Par une chaleur trás
dente inattendu. très élevé
contactá
contact prolongá prolonge du mineral avec le charbon, ou on obtinha
ohtint de la fonte de
fer, combine avec du carbono. L'époque de ce progres considérable
carbone. Ifépoque considerahle
dans l'índustrie du fer parai
dlans Píndustrie parait avo ir até
avoir commencement du xvlfl
été le commencernent xvle sie-
cle.
c e. '
Prusse,
...
‹|‹‹ . .. Dans les Pyrénées, en Catalogue, en Italie,
Norwège, on emploie encereencore Pancienne
Italic, en Curse,
Corse, en
methode catalane.
l'aneienne méthode
Prusse, en Norwége,
. . .. . . . . . . . . . . . . . . . ..
‹‹ L'acier est du fer combiná
«L'acier certaine quantité de carbo-
combine avec une certame
ne, moindre que dans la fonte.
ne, en proportion melindre fonte.
«On
‹‹ Ou du constatar bonne heure que le fer acquérait a
constater de bonde a une haute
temperature,
temperature, sons sous Pinfluence
l'influence prolongue charbon de bois, la qualité
prolongée du eharbon
aciéreuse. Ce serait surtout à.
aeiéreuse. à partir du xexá siecle que les armes blan-
fabriquées avec de l'acier
ches furent fabriques guère que vers
Vacier,; toutefois ce n'est guere
le xme
x á siecle
siècle ou"on eommença a
qu'on commença à faire d'épées. Les petits ins-
feire usage d'épées.
trnments couteaux, ciseaux, ne furent cennus
d'acier, tels que couteaux,
truments d'acier, connus que
aiguilles, en Angleterre, que sons
vendit des aíguilles, sous
pplus tard encere.
u s taro encore. Ou
regue de Henri vme.
le règne
On ne vendi
.. Verdeil, Ind. moderna.,
vmfl. . . n› Cit. Verdeil, pag. ia
modem., pag. 152 e 253.
*
:k
20

pois das cruzadas, expandiu-se com maior intensidade.


intensidade. É pois
de presumir que DO no seculo XV,
xv, ou XVI, cutilaria, na sua no-
xvr, a cutilaria, no-
va phase, se estabelecesse e florescesse
florescesse nesta
n'esta terra, onde não
falleciam soldados, nem aptidão artística.
D'onde viria? Nenhuma outra terra portugueza creou cele-
bridade como manufactureiro
manufactureira de cutilaria.
cutilaria. Talvez proviesse
de Hespanha, como os curtumes,
cortumes, e onde eram afamadas as
forjas, e as fundições do methodo catalão; ou do Oriente, de- de-
pois das cruzadas.
cruzadas.

No
No seculo xvr,
XVI, diversas classes de industria vimaranense,
incluidas as de calçado e ourivesaria, atingiram,
attingiram, como vimos,
vimos,
notavel expansão.
E neste
n'este mesmo seculo perdeu ou afrouxou a industria ví- vi-
maranense a sua actividade*
actividade! Nenhum facto preciso, claro, ac-
cusa 0o estacionamento ou depressão da nossa industria em to-
ousa
do o decurso do seculo v. XVI.
Estamos habituados a afirmar
aifirmar o esmorecimento
esmorecímento da indus-
tria portugueza no seculo XVI fins do seculo xv,
xvr e fins XV, porque por
um lado o desenvolvimento do espirita espirito aventureiro e mercan-
til, que produziu a febre das conquistas, por outro nos uns fins
do seculo XVI xvr a invasão jesuitica
jesuitice avivando questões religiosas,
propellindo ao fanatismo, á.
e prcpellindo á intolerancia politica e religiosa,
causaram o estacionamento da actividade fabril em Lisboa e
Porto,
Porto, e noutras
n'outras povoações industriaes; e destes
d'estes factos,
factos, que
os nossos historiadores demonstram, derivamos uma affirma-
ção geral e absoluta.
0uem
Quem nos auctorisa porém a afirmaraflirmar que o mesmo phe-
nomeno se produzira em GuimarãesGuimarães??
Attenta a natureza das principaes classes d'industria deste d'este
concelho, persuadirão-nos
persuadimomos que o desvairamento, que a opu-
lencia mercantil, que proveio das conquistas, não prejudicou
a actividade fabril de Guimarães.
0O jesuitismo, se por acaso invadiu Guimarães, foi muito
mais tarde,
tarde, e não deixou vestígios
vestigios que accusem predomínio.
Havia ordens religiosas, numerosos conventos, mas estes nun-
ca geralmente foram inimigos do desenvolvimento industrial, industrial,
nem da instrucção do povo, e pelo contrario OS os houve, nos
paizes europeus, que conquistaram na historia da ci-
diversos pazes
21

vilisação e progresso popular legar logar proeminente (vej. oO que


affirrnamos
ailirmamos a pag. 99 e seg. do vol. 11 II desta
d'esta Revista).
As industrias apontadas não eram, eram, DO no seculo xvr,
XVI, princi-
palmente destinadas á a satisfação d'ostentacões
d'ostentações luxuosas,
luxuosas; ape-
nas a ourivesaria poderá
podera entrar nessa
n'essa categoria,
categoria, mas a mes-
ma ordem de factores que a creou e desenvolveu em Guima-
rães-as
rães-as devoções religiosas,
religiosas, a opulencia das casas nobres, nobres,
as numerosas irtnandades,
irmandades, conventos e igrejas-sustentaria
igrejas-sustentada
a sua antiga prosperidade.
As descobertas, sobretudo a da IIndia, r i a , onde,
onde, em geral, se
não encontrava uma população selvagem e ignorante, mas os
povos que descendiam duma d'uma raça creadora duma d'uma mui ante-
rior
rior civilisação;
civilisação; a descoberta de abundantes minas de ouro e
prata,
prata, pelos hespanhoes na America; a depressão do antigo
commercio da Allemanha,
comercio Allemanha, e de Italia, em proveito de Portugal,
Portugal,
llespanha, Hollanda 11 e Inglaterra;
de Hespanha, Inglaterra; 0 o estreitamento de re-
lações, que daqui
lações, d'aqni proveio, sem esforço,
esforço, mas naturalmente,
naturalmente,
entre Portugal,
Portugal, a Hespanha,
Hespanha, e outros pazes: paizes: obriga-nos a
crêr que a industria de Guimarães, em vez de esterilisar-se
crer
creou
creou IÍIOVHS forças.
novas forças.
Tanto mais o acreditamos quanto é certo que as relações
commerciaes de Guimarães não se limitaram, limitaram, quanto à.a ex-
tracção dos seus productos fabris, fabris, asas povoações do Minho, Minho,
Traz-os-Montes, e alguns districtos d'Hespanha,
d'Hespanha, mas estende-
ram-se por todo o paz, paiz, incluindo Lisboa. 0 commercio de cu-
tilaria
tilaria para terras da America, da Africa, da Asia, Asia, é muito an-
tigo, segundo tradições ainda vivas 2. '.
Seja como for,fôr, 0o que é certo é que o desenvolvimento
commercial
Commercial portuguez foi larguissimo nos seculos xv e v. XVI-
A agricultura sofreu
sotfreu a ausencia de cuidados, a industria em

11 São bem conhecidas as lucas memoraveis dos hollandezes con-


astlnctas
tra.
tra os hespanhoes e portuguezes.
portugnezes. Desde então a Hollanda, este paz paiz
tão original,
original, e tão sympathico, pela persistencia, amor da liberdade
liberdade
politica,
politica, apeado
apego ao trabalho, economia e heroicidade,
heroicidade, atingiu
attingiu a maxi-
maxi-
ma prosperidade em diversos ramos- ramos-no no commercio, na industria,
industria,
na sciencia.,
sciencia, nas hellas-artes.
bellas-artes. -Vid.
~Vid. o entllusiastico
euthusiastico e heleno
hello livro do
snr. Ramalho Ortigão, A Hollanda,
Hollanda; Elisée Reclus,
Beclus, Géograph.
Géogmph. Univers.,
Univers.,
vol.
vol. ivIV ; cit. Verdeil,
Verdeil, Ind.
Ind. moderna.,
modern., etc.
22 O fallecido Ferreira da Silva Guima-
falecido negociante Domingos José Ferreira
rães foi o ultimo
ultimo que teve commerciu
eommercio de ferragens para a Asia.

1
22

paralysára, das vantagens que oferecia


geral paralysàra, dominio de no-
oíferecia o domino
vas vias com merciaes
commercia es não se aproveitou Portugal podia;,
quanto podia
mas nem por isso as relações que provém da frequencia do com-
dialargar-se. Em Anvers havia uma compa-
mercio, deixaram d'alargar-se.
nhia portugueza. Até 1595,
nliia 1595, Portugal exportava para Anvers
pedraàprec
pedras iosas, ouro puro, especiarias e drogas, marfim,
preciosas, marfim, al-
iu
godão, madeira do Brazil, vinho da Madeira. «De leur propre
godão,
acrescenta o citado Verdeil- les Portugais envoyaient
pays --acrescenta
pastels, grainha,
de leurs seis, vins, huiles, pasteis, fruits
grains, orseilles, des fruis
fiais, confits ou mis en conserve. Ou
frais, secs ou confits On lui envoyaient
ui envoyaient
massif, argent vive eu
Fargeut massa,
en retour, d'Anvers, de l'argent et ver-
millon, cuivre, bronze et laiton mis en oeuvre
millon, (Buvre et cru, du
des arrnures,
l'étain, de
plomb et de Pétain, artilleries et autres muni-
armures, artilleries
Iilés,--aussi` qui les mimes
tions de guerre, or et argent filés,--aussi mémcs
marchandises qu'on envoyait en Espagne. ››
marchandíses
Ora, havendo este incremento de relações com os povos,
Ora,
lloresciam as corporações de miseres,
onde floresciam larga anti-
misteres, desde larga
guidade; não tendo diminuído Guimarães da sua actividade
indiscutível, que as mesmas causas, que
industrial: parece-nos indiscutível,
industrial:
determinaram ein
determinaram em Lisboa e no Porto a fundação dessas corpo-
d'essas co rpo-
rações no seculo xvi, xvi, actuaram do mesmo modo, e na mes- mes‹
ma época 11 e com os mesmos intuitos nas industrias vimara-

Il
11 Segundo uma carta, que recentemente recebemos do sur. .loa-
snr. Jea-
d'ofiicios dá°ourives
quim de Vasconcellos, as corporações d'ofÍlcios já se encon-
diourives já.
tram organisadas, segundo documentos ineditos ineditos que s. exc.=*~ possue,
exe.au possue,
DO
no seculo XV.xv.
illustre soco
estimariamos que o nosso ilustre
Muito estirnariamos honorario honrasse
socio honorario
esta Revista, interessantisslmo assunto.
elucidando-nos sobre este interessantissirno
Revista, elucidando-nos assumpto.
As conjecturas que formulamos, quanto á industria industria vimaranense,
teriam decerto o mesmo valor,
teriam n'esta povoação já no
valor, visto que nesta no seculo
florescente a industria.
xv era florescente
Emquanto
quanto s. exefi* exc.IL não der a honra da sua collaboração na Re- Be-
Mamas SARMENTO, a que pertence como um dos
SOCIEDADE Mâarrss
vista da SocIsoaos
mais conspicuos socos contentar-nos-hemos com as notas
socios honorarios, contentar-nos-hemos
cxcellente estudo Historia da Arte em Portugal. A
fugitívas do seu excelente
fugitivas
pag. H
pag- ll e '22 já s. excfi* alfirma a posse de documentos comprova-
excfiJL nos afirma comprova-
apparecimento do regimen cooperativo dos ofícios
tivos do apparecimento otÍicios portugue-
portugue-
no em
zes 110 fim do seculo xv. E o que a pag. M ll se esclarece acerca da acti-
valencianas
industrias hespanholas, e corporações catalãs e valencianas
vidade das industrias
desde o seculo XIY,xrv, mais nos aviva a convicção de que não foi Gui-
portuguezas na organisação
marães mui distanciada das outras terras pertuguezas
das suas corporações d'otlicios.
d”oflicios.
23

nenses para as propellir


nesses d'essas formulas d'associa-
propeilir à creação dessas
ção.
çao.
Para manter esta vehemente conjectura, esqueçamos
conjectura, não esqueçamos
considerações ponderosas, isto é, que tanto nos estatutos dos
considerações
sapateiras,
sapateiros, como HO ourives, ha referencias positivas aos
no dos ourives,
antigos estatutos; que a associação sob a bandeira religiosa
sapateiros data da creação da irmandade e fundação do
dos sapateiras
hospital ou albergue 11 no seculo xiv. XIV. Não esqueçamos tam-
bem que foi em Guimarães onde desenvolveu a
primeiro se desenvolveu
unica do paz
corturnes, e a urtica
industria de curtumes, creou celebrida-
paiz onde ceou
de a cutilaria.
Sendo o seculo xvr, xvI, como dizem Frignet e outros, outros, com o
impulso dos factos do seculo xv um dos mais agitados e fe-
historia; sendo neste
cundos da historia; attingiu
n'este seculo que a Italia atingiu
o maior esplendor industrial e comercial,
commerci al, creando
ceando novas in-
in-
desenvolvendo instituições
dustrias, desenvolvendo
dustrias, opulentando as
bancarias, opulentando
instituições bancarias,
empresas; que a Allemanha continuou na lucra
suas empresas; lucta contra a
italiana;
supremacia italiana, que a descoberta do novo caminho para
Boa'Esperança revolucionou
r i a pelo Cabo da Boa-Esperança
a IIndia commer-
revolucionou o commer-
europeu, creou a preponderancia
cio europeu, portugueza, e successi-
preponderancia portugueza,
vamente .a deprimindo o commercio
hollaudeza e ingleza, deprimindo
a hollandeza commercio de
indubitavel que todo este conjunto de factos,
Italia: é indubitavel
Italia: factos, pro-
renascença nas sciencias,
inllueucia da renascença
duziu, com a influencia
duziu, scieucias, na litte-
immensa agitação no espirita
bellas-artes uma imprensa
ratura, e nas bellas-artes
ratura, espirito
europeu. No nosso paz,
europeu. Guimarães desde o seculo XIII
paiz, era Guimarães xnr um
mauufactureiros mais activos: como admitir
dos centros manufactureiros admittir que
cooperativa, adoptada em Lisboa e Porto,
a formula cooperativa, Porto, e decerto
producto da agitação dos seculos xv
produto XV e xvr, não fosse adoptada
Guimarães no mesmo seculo
em Guimarães seculo??

11 Como consta dum existente, em 1462


traslados, ainda existente,
d'um livro de traslados, 41552
e Cabido de Nossa Senhora da Oliveira contractou com a confraria,
o Cabide confraria,
-- -,
Sapateiros -, a celebração de cinco missas canta-
ou - Companhia dos Sapateiras
ou
Oliveira;, e houve dilatadas demandas nos
das e a orgão na igreja da Oliveira
seculos posteriores sobre o cumprimento
secules cumprimento dested'este contrasto.
contracto.
hospital, vej.
Sobre o albergue ou hospital, o que diz o falecido
vej. 0 fallecido padre An-
Ferreira Caldas na --
tonio José Ferreira Guíma-rães.
_- Guimaraes.
' Apontamentoss para a sua
Apontamento sua,
historia, pag. 155 e 226 do vol. ii.
historia, pag. n.
instituição, fundada em 13l.:II,
Esta sympathica instituição, 13i5, pode
póde considerar-
considerar-
se, na sua forma mais conforme ao tempo, instituição semelhante a
se, á.
nocturnos, creados pela mui louvavel iniciativa
albergues nocturnos,
%osLalbergues
dos iniciativa dd'e
e l-rei
l-rei
D.. Luiz
uiz
24

Para nos firmada DO


nós a inducção, armada no complexo de factos e con-
siderações que mencionamos é tão forte, for te, que não hesitamos
crér que no mesmo seculo, com pequena distancia de ano
em crer an~
nos,
nos, em que as corporações se organisaram em Lisboa e Por-
to, seculo XV
xv ou XVI,
xvr, tombem
tambem foram creadas em Guimarães,
Guimarães,
nesta
n'esta então notável
notavel vvilla
i l a do reino.
d'estes estudos veremos qual a formula
No proseguimento destes
índole destas
ou índole d'estas corporações vimaranenses.
Guimarães - Janeiro
Guimarães Janeiro de 1886.
1888.

AVELINO DA SILVA GUIMARÃES.

TITULO II

Regimento dos Mestres


Mestres Surradores
Suradores anexos áà nossa Bandeira

(Continuada do 4.°
(Continuado 4.° anuo,
anno, pag. 211)

CAPITULO I

Da Eleição dos Juizes, e Mestres dos Surradores, e jura-


mento que devem tomar

Determinamos que hajão ddous o s Juizes de Surradores,


Surradores, hum
de obra branca, e outro de obra preta, unidos e incorporados
com o DOSSO
nosso Escrivão do Oíficio
Otficio dos Çapateiros, e que em po-
der deste andem os seus respectivos livros, e que com o mes-
a ç o todas as suas funcçoens, e actos de Exames, correi-
mo ffacão
çoens, Elleiçoens, e Entregas, em quanto estes andarem ane-
çoens,
xos àa nossa Bandeira: receberá 0 o mesmo todos os benezes de
seus Artiífeces, quando se examinão,
examinão, e das matriculas de seus
Aprendizes, e as condemnaçoens, e de tudo dará suas con-
no acto da entrega, quando pelos seus Juizes lhe forem
tas DO
bens` .
pedidas, debaixo de responsabelidade por si, e seus bens.

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