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FUNCIONALISMO

Disciplina: Teorias da Linguagem


Prof. Ulisses De Oliveira
PPG-Letras (UFMS)
2019
Tópicos da aula
Princípios
Funcionalismo – PPGLetras (UFMS) – Prof. Ulisses De Oliveira

Considerações norteadores da
sobre a origem Temas e objetos
linguística funcionalistas
do Funcionalismo functional

Vertentes Exemplo de
funcionalistas análise Atividade
CONCEPÇÃO FUNCIONALISTA
“os funcionalistas concebem a linguagem como um instrumento de interação
social, alinhando-se, assim, à tendência que analisa a relação entre linguagem e
sociedade. Seu interesse de investigação linguística vai além da estrutura
gramatical, buscando na situação comunicativa – que envolve os interlocutores,
seus propósitos e o contexto discursivo – a motivação para os fatos da língua. A
abordagem funcionalista procura explicar as regularidades observadas no uso
interativo da língua, analisando as condições discursivas em que se verifica esse
uso.” (FURTADO DA CUNHA, 2011, p. 157)
Considerações Iniciais
■ “pode-se distinguir dois pólos de atenção
opostos no pensamento linguístico, o
funcionalismo, no qual a função das formas
linguísticas parece desempenhar um papel
predominante, e o formalismo, no qual a análise
da forma linguística parece ser primária,
enquanto os interesses funcionais são apenas
secundários.” (NEVES, 2004, p. 39,
Sintaxe
■ Berlinck et al (2001, p. 207): “a descrição do modo como as palavras são
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combinadas para compor sentenças, sendo essa descrição organizada sob a forma
de regras.”
■ o Sandmann (1993, p. 11): “parte da gramática que estuda a combinação de
palavras ou sintagmas para formar frases, bem como a função dessas palavras ou
sintagmas dentro da frase.”
■ Huddleston (apud SANDMANN, 1993, p. 15): “As duas unidades básicas da sintaxe
são a sentença e a palavra.
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Morfossintaxe
Exemplos de morfossintaxe: iconicidade
“O princípio da Iconicidade é definido como a correlação natural e motivada
entre forma e função, isto é, entre o código lingüístico (expressão) e seu
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significado (conteúdo). Os lingüístas funcionais defendem a idéia de que a


estrutura da língua reflete, de algum modo, a estrutura da experiência.”

■ Motivação fonológica: Bem-te-vi, ping-pong, tic-tac (onomatopéias)


■ Motivação morfológica: Apagador, Ventilador
■ Motivação Semântica:Beija-flor, guarda-roupa
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Exemplos de morfossintaxe: forma-função


Abordagem funcionalista e formalista
Visão de língua/linguagem
■ FORMALISMO
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- “sistema de conhecimentos interiorizados na mente humana” (BERLINCK ET AL, 2001, p. 211)


- “os formalistas [...] estudam a língua como objeto descontextualizado, preocupando-se com
suas características internas – seus constituintes e as relações entre eles – mas não com as
relações entre os constituintes e seus significados, ou entre a língua e seu meio” (NEVES, 2004,
p. 41)
■ FUNCIONALISMO

- “instrumento de interação social entre seres humanos, usada com o intuito de estabelecer
relações comunicativas.” (DIK, 1997, p. 3)
- a linguagem se vincula a uma função social, ou seja, foca-se na instrumentalidade da língua em
relação ao que os seus usuários fazem para atingir seus propósitos comunicativos.
Abordagem funcionalista e formalista
Visão de gramática
■ FORMALISMO
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- “no interior do paradigma formal, a língua é tomada como um objeto formal abstrato (por
exemplo, como um conjunto de sentenças), e uma gramática é concebida primariamente
como um empreendimento que procura caracterizar esse objeto formal a partir de regras da
sintaxe formal aplicadas independentemente do sentido e do uso das construções descritas.
É dada, portanto, primazia metodológica à sintaxe em relação à semântica e à pragmática.”
(DIK, 1997, p. 2-3)
■ FUNCIONALISMO
- “uma gramática funcionalmente orientada analisa a relação sistemática entre as formas e
as funções em uma língua.” (NEVES, 2004, p. 40)
Abordagem funcionalista e formalista
Visão de sintaxe
■ FORMALISMO
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- “essa corrente do pensamento linguístico se dedica a questões relacionadas à estrutura


linguística, sem se voltar especialmente para as relações entre a língua e o contexto (situação
comunicativa) em que se insere. Em outras palavras, para os pesquisadores que seguem essa
via de análise, a linguagem, ou mais especificamente, a Sintaxe deve ser examinada como um
objeto autônomo.” (BERLINCK ET AL, 2001, p. 210)
■ FUNCIONALISMO
“pensar a Sintaxe segundo uma perspectiva funcionalista implica, então, alargar a análise para
além dos limites da sentença. Os processos sintáticos são entendidos aqui relações que o
componente sintático da língua mantém com os componentes semântico e discursivo. só é
possível compreender o que se passa na Sintaxe, olhando também para o contexto (texto e/ou
situação comunicativa) em que a sentença está inserida. É nesse espaço ampliado de análise
que se vão buscar as motivações das escolhas que o falante fez em termos estruturais.”
(BERLINCK ET AL, 2001, p. 211)
Considerações sobre a origem funcionalista
■ “aos poucos, a desconsideração da teoria gerativa por questões discursivas
provocou na linguística uma reação generalizada que desencadeou o surgimento de
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várias tendências, como a Sociolinguística, a Linguística Textual, a Análise do


Discurso, a Análise da Conversação, entre outras. A teoria funcionalista é uma
dessas tendências, mas é ilusório pensar que, como elas, seu surgimento tenha
sido tão recente. O que houve, na realidade, foi uma reatualização de seus
princípios. O paradigma funcional ostenta, na verdade, uma história quase tão
longa quanto a do paradigma formal, incluindo-se neste o estruturalismo
saussuriano.” (PEZATTI, 2004, p. 166)
Três vertentes da origem funcionalista
■ “um retorno à concepção de linguistas anteriores a Saussure, como Whitney, von
der Gabelentz e Hermann Paul, entendendo que se deve explicar a estrutura
linguística em termos de imperativos psicológicos, cognitivos e funcionais”
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■ “na Escola Linguística de Praga, a partir de seu início nos anos vinte até os dias
atuais. Um dos expoentes desse período e um funcionalista verdadeiramente
pioneiro é Roman Jakobson, que estendeu a noção de função da linguagem, restrita
apenas à referencial na teoria estruturalista, a outras funções que levam em conta
os participantes da interação, como a emotiva, a conativa e a fática, e outros
fatores da comunicação, como a mensagem (função poética) e o próprio código
(função metalinguística).”
■ “na tradição antropológica americana com o trabalho de Sapir (1921, 1949) e seus
seguidores; na teoria tagmênica de Pike (Pike, 1967); no trabalho etnograficamente
orientado de Hymes (que introduziu a noção de ‘competência comunicativa’, Hymes
(1972)); na tradição britânica de Firth (1957) e Halliday (1970, 1973, 1985); e em
um sentido diferente também na tradição filosófica que, a partir de Austin (1962) e
por meio de Searle (1969), conduziu à teoria dos Atos de Fala.”
Pezatti (2004)
“O ESTRUTURALISMO TERIA
NEGLIGENCIADO O PAPEL
ESSENCIAL QUE O SUJEITO
DESEMPENHA NA LÍNGUA.”
(ILARI, 2004, p. 81)
Críticas ao estruturalismo
■ Um dos principais críticos, Michel Pêcheux
■ Ao descartar a fala como objeto de estudo científico, Saussure teria destruído
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simultaneamente a) a possibilidade de uma linguística textual e b) a possibilidade de uma


análise cientifica do sentido dos textos.”
■ “modo equivocado como os estruturalistas representam a liberdade linguística. A ideologia
obriga a considerar as formações sociais, onde a significação não é nem individual (como na
parole saussuriana) nem universalmente compartilhada (como na langue de Saussure).
■ análise que se esgota no exame de características internas da própria linguagem, concebida
como sistema; por ter tratado da significação sem levar em conta os fatores ideológicos e
políticos, em suma, por não ter considerado a história.”
■ caráter anti-historicista, anti-idealista e anti-humanista.

ILARI, 2004
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■ Ver Módulo 2
Críticas ao gerativismo (Chomsky)
Formalismo x Funcionalismo
■ Não existe uma GU inata e sim uma gramática que emerge do uso.
■ Não há uma distinção clara entre competência e desempenho, mas sim uma interação entre
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Discurso e Gramática.
■ Postula uma sintaxe que surge motivada pelo semântico e pelo pragmático, ou seja, a
estrutura não é totalmente arbitrária e tem base sócio-cognitiva. (Função > Forma).
■ Não modular, a sintaxe não é autônoma.

(LEITÃO, 2009)
Origens do Funcionalismo: a Escola de
Praga
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■ “a visão funcional da Escola de Praga está na definição de língua, vista como um ‘sistema de meios
apropriados a um fim’ (Thèses, 1929), e um ‘sistema de sistemas’, já que a cada função corresponde um
subsistema.” (NEVES, 2004, p. 18)
■ o “distinguem-se ‘níveis sintáticos’ de organização da frase, abrigando-se nesses níveis a semântica –
uma gramática de casos – e a pragmática – uma gramática da comunicação, definida pela imagem do
interlocutor.” (NEVES, 2004, p. 18)
■ a perspectiva funcional da sentença: “a frase é reconhecido [...] como uma unidade susceptível de
análise não apenas nos níveis fonológico, morfológico e sintático, mas também no nível comunicativo.
Essa análise biparte a frase em um elemento comunicativamente estático, o tema, e um elemento
comunicativamente dinâmico, o rema ou comentário.
■ Maior expoente: Roman Jakobson
Função (1)
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Karl Büher

Roman Jakobson

Johanna Nichols
•três funções da •(1) função referencial •função/
linguagem: – contexto interdependência
•(1) representação •(2) função emotiva – •função/ propósito
•(2) exteriorização remetente •função/ contexto
psíquica •(3) função conativa – •função/ relação
•(3) apelo destinatário •função/ significado
•(4) função fática –
canal
•(5) função
metalinguística –
código
•(6) função poética –
mensagem
Função (2)
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André Martinet

Nuyts
Mike Dillinger
•Sentido na relação: •função como papel
•o valor de “papel de •(a) entre uma forma e
uma palavra em uma outra forma (função •função interna
oração”, interna)
acrescentando ao •(b) entre uma forma e
sentido que a palavra •função orgânica da
seu significado linguagem (informativa,
tem num determinado (função semântica)
contexto intencional,
•(c) entre o sistema de socializadora,
formas e seu contexto contextualizadora)
(função externa)
Princípios da linguística funcional (1)
■ “O funcionalismo é uma corrente lingüística que, em oposição ao estruturalismo e ao
gerativismo, se preocupa em estudar a relação entre a estrutura gramatical das
línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas”
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■ Assim, a abordagem funcionalista apresenta não apenas propostas teóricas distintas


acerca da natureza geral da linguagem, mas diferentes concepções no que diz
respeito aos objetivos da análise lingüística, aos métodos nela utilizados e ao tipo dos
dados utilizados como evidência empírica.”
■ “Os funcionalistas concebem a linguagem como um instrumento de interação social,
alinhando-se, assim, à tendência que analisa a relação entre linguagem e
sociedade.”

(CUNHA, 2008) Manual de Linguística


Princípios da linguística funcional (2)
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■ “The starting point for functionalists is the view that language is first and foremost
an instrument for communication between human beings, and that this fact is
central in explaining why languages are as they are.” (BUTLER, 2003, p. 2)
■ “in the functional paradigm, on the other hand, a language is in the first place
conceptualized as an instrument of social interaction among human beings, used
with the intention of establishing communicative relationship. Within this paradigm
one attempts to reveal the instrumentality of language with respect to what people
do and achieve with it in social interaction.” (DIK, 1997, p. 3)
Principais vertentes de pesquisa funcionalista
■ “O funcionalismo é uma corrente lingüística que, em oposição ao estruturalismo e ao
gerativismo, se preocupa em estudar a relação entre a estrutura gramatical das
línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas”
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■ Assim, a abordagem funcionalista apresenta não apenas propostas teóricas distintas


acerca da natureza geral da linguagem, mas diferentes concepções no que diz
respeito aos objetivos da análise lingüística, aos métodos nela utilizados e ao tipo dos
dados utilizados como evidência empírica.”
■ “Os funcionalistas concebem a linguagem como um instrumento de interação social,
alinhando-se, assim, à tendência que analisa a relação entre linguagem e
sociedade.”

(CUNHA, 2008) Manual de Linguística


LÍNGUA É COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA

(CASTILHO, 2012, p. 22)


Níveis de realização linguística
■ “If linguistics, under the functionalist view, is seriously concerned to explicate
language as communication, then it must take as its object of study the whole
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complex of multileveled patterning which constitutes a language. Furthermore, it must


relate that complex of patterns to their use in communicative activities.” (BUTLER,
2003, p. 4)
■ “Quando se fala de descrição da língua em uso, de língua em função, fica implicado
que a consideração das estruturas linguísticas se pauta pelo que elas representam
de organização dos meios linguísticos que expressam as funções a que serve a
linguagem.” (NEVES, 2012, p. 51)
■ “a Sintaxe Funcional procura observar, além de motivações estruturais, os aspectos
cognitivos e comunicativos subjacentes aos fatos gramaticais. Dessa forma, os
aspectos interacionais que se manifestam no uso concreto da língua e como eles se
ritualizam em forma de construções gramaticais disponíveis para o falante ganham
relevo nessa corrente de investigação.” (ROSARIO, 2015, p. 146)
PLANOS
COMUNICATIVOS
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PLANOS
COMUNICATIVOS
Interrelação entre Língua e Contexto

Alguns fatos mostram que língua e contexto estão interrelacionados


(HALLIDAY, 1994):
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(a) somos capazes de deduzir o contexto de um texto (um texto


carrega aspectos do contexto em que foi produzido);

(b) somos capazes de predizer a língua através de um contexto (tipo


de estrutura sintática, as palavras);

(c) sem um contexto não somos capazes, em geral, de dizer o


significado que está sendo construído.
Interrelação entre Língua e Contexto (a)

(a) somos capazes de deduzir o contexto de um texto (um texto


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carrega aspectos do contexto em que foi produzido);

- Doutor, a família está esperando.


- Ok. Não vai ser fácil.
Interrelação entre Língua e Contexto (b)

(b) somos capazes de predizer a língua através de um contexto (tipo


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de estrutura sintática, as palavras);

A menina nervosa olhava para a mãe. Ao lado do namorado, a


menina mexia as pernas sem parar. Notando o nervosismo da
filha, a mãe perguntou:
- Vocês querem me dizer alguma coisa?
Com a voz embargada a menina anunciou:

- __________________________________________________
Interrelação entre Língua e Contexto (c)

(c) sem um contexto não somos capazes, em geral, de dizer o


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significado que está sendo construído.

O gato está na pia.


Exemplo: Linguística Sistêmico-Funcional
■ Proposta teórico-metodológica desenvolvida por Halliday (1978, 1985, 1994) e
ampliada por colaboradores. Para a LSF, a língua está estruturada para construir
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três tipos de significados simultâneos: Ideacional, Interpessoal e Textual. A


metafunção Ideacional representa os eventos das orações em termos de fazer,
sentir ou ser, por meio do sistema da Transitividade; a metafunção Interpessoal
envolve as relações sociais com respeito à função da oração no diálogo, e referem-
se a dar/pedir informação ou bens & serviços; a metafunção Textual organiza os
significados ideacionais e interpessoais de uma oração, trabalhando os significados
advindos da ordem das palavras na oração.
LSF: língua como um processo social
■ A língua possui um nível intermediário de codificação: a
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lexicogramática, que possibilita à língua construir três


significados concomitantes, que entram no texto através das
orações mediante escolhas feitas no sistema linguístico.
Para Halliday (1994), a noção de escolhas é muito
importante; assim, quando se faz uma escolha no sistema
linguístico, o que se escreve ou o que se diz adquire
significado contra um fundo em que se encontram as
escolhas que poderiam ter sido feitas, mas que não o foram,
fato importante na análise do discurso.

■ A LSF procura desenvolver uma teoria sobre a língua como


um processo social e uma metodologia que permita uma
descrição detalhada e sistemática dos padrões linguísticos. (GOUVEIA, 2009, p, 21)
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O gênero em relação ao registro e à Língua (Traduzido de Eggins e Martin, 1997)


LSF: metafunções
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As estruturas linguísticas não são objetos autônomos (CASTILHO, 2012, p. 23):


- as estruturas não são totalmente arbitrárias;
- as estruturas são dinâmicas e sujeitas a reelaborações constantes, através do processo de gramaticalização.
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LSF: TGR
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Oliveira, 2017 (WORD)


LSF: DIMENSÕES CONTEXTUAIS
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Refere-se à informação
Ideacional
LSF: Metafunção
LSF: Metafunção Interpessoal
Refere-se à interação entre produtor e receptor envolvidos no processo linguístico

A metafunção Interpessoal da linguagem incorpora todos os usos da língua para expressar relações
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pessoais e sociais, incluindo todas as formas da intromissão do falante na situação de fala e no ato de fala
(HALLIDAY, 1985). A oração está organizada como um evento interativo, envolvendo produtor e receptor da
mensagem, e focaliza a interação como uma troca de bens e serviços (uma Proposta) ou de informação
(uma Proposição) (HALLIDAY, 1994).
A metafunção Interpessoal abrange os sistemas gramaticais de:

(a) MOOD – estabelece relações entre papéis de falante e ouvinte, através de verbos modais ou
adjuntos modais e também o tempo primário e a Modalidade. Função: interacional;
(b) MODALIDADE – expressa a avaliação dos interlocutores sobre o conteúdo da mensagem.
Função: pessoal (de avaliação).
Metafunção Interpessoal: Mood e Modalidade

Mood Resíduo
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(a) João precisa fazer a lição.


(b) João está fazendo a lição.

DAR PEDIR Produto MODALIDADE

Informação Proposição Modalização probabilidade (epistêmica): talvez


e.g. São e.g. Quem (Informação) frequência: geralmente, sempre
duas horas. você viu lá?

Bens e Serviços Proposta Modulação obrigação (deôntica): deve, precisa


e.g. Deu-lhe e.g. Me (Bens & desejabilidade: quero
flores. empresta Serviços)
isso?
LSF: Metafunção Interpessoal (Avaliatividade)
Sistema reticular, com modelos “baseados na gramática”, de descrições de opções semânticas
para avaliar pessoas, coisas e fenômenos.
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Monoglossia [avaliação sem negociação]


COMPROMISSO
Heteroglossia [avaliação com negociação]
Afeto
ATITUDE Julgamento
Apreciação (inclui: a Avaliação Social)
AVALIATIVIDADE aumenta [completamente devastado]
Força
GRADUAÇÃO diminui [um pouco chateado]
aguça [um policial de verdade]
Foco
suaviza [cerca de quatro pessoas]
MARTIN, 2000
LSF: MetafunçãoTextual
A metafunção textual, diz Matthiessen (1995), constrói os significados ideacionais e
interpessoais, para que a informação possa ser compartilhada pelo falante e seu interlocutor,
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proporcionando os recursos para guiar a permuta dos significados no texto. Podemos falar em
"guia" do ponto de vista do ouvinte, que é “projetado” pelo falante nas suas escolhas textuais.
Assim, as condições textuais, tais como, tematicidade, novidade, continuidade, contraste e
recuperabilidade são designadas por sistemas textuais. Tema, foco informacional, elipse-
substituição e referência fazem contribuições complementares, guiando os ouvintes no processo
de construir sistemas instanciais a partir do texto.
LSF: Níveis de análise linguística (microestrutura)
Certamente Ele Estudou inglês no passado
METAFUNÇÕES
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Ideacional ------ ator processo material meta circunstância


Certamente Ele estud- -ou inglês no passado
Interpessoal mood resíduo mood resíduo
finito: sujeito predicador finito: complemento adj. adverbial
modalidade tempo
Certamente ele estudou inglês no passado
Textual
tema rema

Adaptado de Halliday (1994)


Apito do Cão
■ O termo Apito do Cão (traduzido de dog whistle) originou-se do
Macroestrutura Textual estudo de Manning (2004) e diz respeito a uma forma de avaliação
implícita, que emprega significados aparentemente neutros, mas que
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serão escutados/entendidos como uma mensagem negativa (ou


positiva, dependendo do contexto), apenas pela comunidade alvo
(COFFIN; O’HALLORAN, 2006). Os pesquisadores entendem que o
efeito do posicionamento de certas frases depende parcialmente do
quanto o leitor alvo tenha sido preparado e posicionado por leituras
Microestrutura Textual prévias. Isso não quer dizer que se possa prever essa interpretação,
mas sim que, para uma interpretação acurada e não outra, os
leitores ficarão mais propensos a se alinhar com os valores implícitos
e codificados presentes num texto se eles tiverem sido expostos a
esses valores repetidamente.
- Mapeamento das
escolhas
lexicogramaticais:
metafunções
ATIVIDADE ideacional,
interpessoal e textual
• recursos de
persuasão
- Análise de Registro (cf. TGR)
- Análise de representações: de que forma as representações da experiência e as metafunções realizadas
estão relacionadas?
- Identificação de significado interpessoal condensado em ideacional: apito do cão
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Migrants are first of many - By NICK PARKER, CHARLES RAE and CHARLES YATES (May,
2004 apud COFFIN; O’HALLORAN, 2006) - handout
Referências
BUTLER, B. The Great Global Warming Swindle is itself a fraud
and aswindle. 2007. Disponível em <
http://www.durangobill.com/Swindle_Swindle.html > Acesso em 16 de
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Structure and function: a guide to three major structural-functional CHARTERIS-BLACK, J. Corpus approaches to critical metaphor analysis.
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COFFIN, G; O’HALLORAN, K. The role of appraisal and corpora in detecting
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Referências
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TOULMIN, S.E. Os usos do argumento; tradução de Reinaldo


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