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net/publication/282323811
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Paulo Joao
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
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INTRODUÇÃO
A gestão do conhecimento pode ser entendida, basicamente, segundo Sveiby (1998), como:
“(…) a arte de gerar valor a partir de bens intangíveis da organização.”
(Sveiby,1998)
Mas este valor não é isolado, tem de ser integrado com outras iniciativas e funcionar em conjunto
para garantir que o conhecimento é criado e partilhado por todos dentro da organização, é uma
focagem necessária para que a partilha seja valorizada e assimilada como conhecimento.
Na época em que nos encontramos, voltamos a nossa atenção para o conhecimento, o
conhecimento deriva dos dados (isto se estivermos a falar do conhecimento explícito que irá ser
abordado mais adiante), e todo o trabalho de transformação para se chegar ao conhecimento, é
realizado pelos seres humanos. Uma definição funcional e pragmática do conhecimento é dada
por Davenport & Prusak (1998) que descrevem as características que tornam o conhecimento
valioso, bem como as que dificultam a sua boa gestão:
“(…) o conhecimento é uma mistura fluida, formada por experiências, valores,
informação de contexto e perspicácia hábil que proporciona uma estrutura para a
avaliação e incorporação de novas experiências e informação. Tem origem e é
aplicada na mente humana. Nas organizações, costuma estar embebido não só nos
documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas
organizacionais.”
(Davenport & Prusak, 1998)
1
Excerto do trabalho final da cadeira de Gestão do Conhecimento do Mestrado em Estatística e Gestão de Informação
2
ISEGI – Universidade Nova de Lisboa, Campus de Campolide, 1070-312 Lisboa, Portugal
Telephone: (+351) 213 870 413 Fax: (+351) 213 872 140 Email: m2007001@isegi.unl.pt Website: www.isegi.unl.pt
3
ISCPSI – Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, 1349-040 Lisboa, Portugal
Telephone: (+351) 213 613 900 Fax: (+351) 213 610 535 Website: www.esp.pt
1. DEFINIÇÃO DE CONHECIMENTO
Mas essas informações recebidas não são ainda, de facto e per si, conhecimento, terão de passar
por uma reflexão e interiorização individual para se tornarem conhecimento. A transformação de
dados em informações e informações em conhecimento é um modelo mental de cada pessoa
(dimensão ontológica do conhecimento) e interfere na codificação e decodificação dos dados,
informações e conhecimentos, acarretando muitas vezes distorções individuais que poderão
4
ocasionar problemas no processo de comunicação.
Tem de se ter consciência de que, o maior desafio não é o de obter dados, informações e
conhecimentos, mas sim a aceitação de que, no processo de codificação e decodificação, as
distorções ocorrem, e deverão ser tomadas medidas para as minimizar.
Para Sveiby (1997), conhecimento é a capacidade de agir, e é com esta definição com que o autor
melhor se identifica, de facto, o conhecimento só se manifesta e sobressai se estiver em constante
mutação e interacção com os outros indivíduos, não adianta ficar “senhor” do saber e reter
tacitamente esse saber, sem lhe dar utilidade e mesmo dando-lhe utilidade, é sempre um
conhecimento restritivo que favorece indivíduos e não organizações.
Deste modo, o conhecimento individual não é um “recurso” impulsionador de vantagens
competitivas de uma organização.
O conhecimento tem de se exteriorizar, tem de ser útil para o seu detentor ou outrem, mas para
que isso ocorra as organizações têm de promover métodos e processos de partilha do
conhecimento, incentivando, recompensando e reconhecendo o mérito dos que procuram a
divulgação e inovação do conhecimento e a forma de representar esse conhecimento da forma
mais simples e acessível para os outros, veja-se o exemplo da figura seguinte:
4
Ontologia (do grego ontos+logoi = "conhecimento do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade,
da existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser
concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Algumas vezes, porém
impropriamente, costuma ser confundida com metafísica. Embora tenham, ambas, uma certa comunhão como objecto de
estudo, é também claro que nenhuma das duas áreas é subconjunto lógico da outra, ainda que na identidade. (in
wikipedia).
(Marcha de Napoleão para Moscovo, fonte: internet)
Obviamente, que isto não é um processo fácil, que tem algumas barreiras sociais e
organizacionais; Há que ter a coragem de mudar a cultura organizacional tendo em vista a
melhoria dos processos e a satisfação dos recursos humanos; É para isto que existe a gestão do
conhecimento e para o qual surgiu, assim, deverá ser implementado como um processo
sistemático, articulado e intencional, apoiando a geração, codificação, disseminação e apropriação
do conhecimento, com o propósito de atingir a excelência e visão estratégica das organizações, o
conhecimento, passa a ser um activo da empresa.
5
1.3 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO
5
Capurro, R. Hjorland, B. (2003) The Concept of Information. In Cronin, B. (ed). Annual Review of Information Science and
Technology. Medford, NJ: Information Today, 37:343-411.
Fotografias de partes do universo, de estrelas, planetas, de galáxias;
Publicações dos seus resultados e cálculos teóricos, em jornais científicos e outras
publicações.
No caso dos Gestores de informação não são os especialistas para interpretar a informação
especializada mas são os especialistas no manuseamento da informação produzida (e. g. criação
de sistemas de informação que indexem e que permitam a pesquisa e recuperação de
documentos).
O termo “informação” é utilizado de forma distinta pelas pessoas nos mais diversos domínios,
desde especialistas em profissões que têm por base a informação, tais como os jornalistas nos
média, até pessoas que desenvolvem actividades com menor perspectiva académica.
Uma exploração do termo informação conduz-nos a dificuldades imediatas uma vez que a
informação está relacionada com “ficar informado”, ou seja com a consequente redução da
ignorância e incerteza; neste contexto, é irónico que o termo “informação” seja, ele próprio
ambíguo, e usado de formas tão diversas.
Ao confrontarmo-nos com os vários significados de “informação”, poderemos, pelo menos, ter uma
abordagem pragmática.
Poderemos fazer um levantamento dos contextos de utilização desta e procurar identificar “grupos
de significados de utilização” do termo “informação.
As definições podem não ser totalmente satisfatórias e, eventualmente, os limites entre as
utilizações sobreporem-se, isto para além de que uma tal abordagem pode não satisfazer todos
que se preocupam em estabelecer um significado correcto do termo “informação”.
Mas se as principais utilizações deste puderem ser identificadas, seleccionadas e caracterizadas,
então está-se a fazer algum progresso na clarificação do conceito informação. Utilizando esta
abordagem, identificamos três utilizações principais da palavra informação (Oxford English
Dictionary):
Como processo - Quando alguém é informado, altera-se o que essa pessoa sabia.
Neste sentido, “informação” é o “acto de informar”; a comunicação de conhecimento
ou a acção de dizer ou de nos ser dito qualquer coisa;
Como conhecimento - Utiliza-se também a designação "informação" para referir o
que é entendido na “informação como processo” o “conhecimento comunicado sobre
um dado facto, assunto, ou acontecimento em particular; aquilo que cada um é
informado; A noção de informação como algo que reduz a incerteza pode ser
considerada como um caso especial da “informação como conhecimento”. No entanto,
por vezes, a comunicação de informação contribui para aumentar a incerteza;
Como coisa - o termo “informação” usa-se também para qualificar objectos, tais como
dados e documentos, na medida em que se consideram estes como sendo
“informativos” ou seja como tendo a propriedade de “fazer saber” conhecimento ou de
comunicarem informação.
Uma característica fundamental da “informação como conhecimento” é o facto de ser intangível,
ou seja, não é susceptível de ser “tocada” ou medida de uma forma directa. O conhecimento, as
crenças e as opiniões são pessoais, subjectivas e conceptuais.
Daí que, para os comunicar, aqueles tem que se encontrar expressos, descritos ou representados
numa qualquer forma física, tal como seja um sinal, texto ou uma comunicação. Uma tal
expressão, descrição ou representação passa a ser “informação como coisa” (tangível).
A “informação como coisa”, encontra-se no centro do estudo dos Sistemas de Informação. É com
“informação” neste sentido, que os Sistemas de Informação lidam directamente.
Os Sistemas de Informação manipulam dados na sua forma mais elementar (bits); as
organizações lidam a informação como objectos (representação física). A intenção é que os
utilizadores fiquem informados (informação como processo) e que haja uma comunicação de
conhecimento (informação como conhecimento) e haja meios disponibilizados para manusear a
informação (informação como coisa).
Com base nestas definições, somos levados a concluir que não pode haver sistemas periciais
“baseados em conhecimento” (knowledge-based expert system) ou um sistema para acesso ao
conhecimento; só poderão existir sistemas baseados nas representações físicas do conhecimento.
O processamento de informação, e o respectivo manuseamento, origina novas formas ou de
versões de “informação como coisa”. Poder-se-ia considerar o processo de “ficar informado” como
uma espécie de processamento de informação, preferimos separar e excluir a “informação como
processo”.
A apresentação dos três conceitos como se encontram aqui, dá ideia que existe uma sequência
lógica entre os mesmos:
a informação é preparada a partir de dados, ou seja os dados são a matéria-prima da informação
e o conhecimento resulta de informação.
Dados - são conjuntos de símbolos que representam percepções empíricas primárias;
Informação, é um conjunto de símbolos que representam conhecimento empírico;
Conhecimento, é um conjunto de símbolos que representam pensamento em que a
pessoa acredita, de forma que é capaz de justificar ser verdadeiro.
O conhecimento é inseparável das pessoas, esta abordagem, útil para aplicações à realidade do
trabalho e às organizações, identifica o conhecimento como algo inseparável das pessoas.
Nas organizações, o conhecimento encontra-se não apenas em documentos, bases de dados e
Sistemas de Informação, mas também nos processos de negócio, nas práticas dos grupos e na
experiência acumulada pelas pessoas (conhecimento tácito). Daí a importância do processo de
difusão e de partilha do conhecimento dentro da organização.
Como observa Thomas Davenport (s. d.), as pessoas derivam conhecimento das informações de
diversas formas:
Comparação;
Experimentação;
Ligação com outros conhecimentos;
Através das outras pessoas.
As actividades de criação de conhecimento têm lugar entre os seres humanos; o conhecimento é
transmitido por pessoas e para pessoas, através de meios estruturados, como vídeos, livros,
documentos, páginas Web, etc.
Além disso, as pessoas obtêm conhecimento daqueles que já o têm, através da aprendizagem
interpessoal e da partilha de experiências e de ideias.
As pessoas têm usado o conhecimento nas organizações há muito tempo, pelo menos
implicitamente.
O conhecimento da empresa, da concorrência, dos processos, do ramo de negócio, tem estado na
base de milhões de decisões estratégicas e operacionais ao longo dos anos. No entanto, o
consenso de que o conhecimento é um recurso que precisa de ser gerido é relativamente recente.
Numa economia global, o conhecimento torna-se a maior vantagem competitiva de uma
organização.
O investimento no capital intelectual da empresa ganha evidente protagonismo.
A necessidade de gerir a informação e de gerir o conhecimento numa óptica de aquisição imediata
e permanente das novas competências emergentes potencia novos modelos de aprendizagem
centrados na pessoa e na função.
Von Krogh (2002) fala-nos nos cuidados a ter na implementação de uma comunidade de partilha
de conhecimento
Criação de comunidades de prática;
6
Disponibilidade de recursos;
Estruturas de oportunidade;
Cuidado, carinho, respeito e confiança com os indivíduos;
Autenticidade e docilidade nas relações humanas;
Recompensar a participação.
Tipos de conhecimento existentes; temos uma distinção clara entre conhecimento tácito e
conhecimento explícito (Nonaka 1994 & Polanyi 1958).
6
conjunto de pessoas que resolvem um problema em conjunto, usando a tecnologia. (Bartol & Scrivastava, 2002).
compreensão. Este tipo de conhecimento não tem qualquer valor para a organização até ao
momento em que a pessoa o utiliza para benefício desta, Pode ser dividido em duas dimensões:
Baseia-se na racionalidade, sequencial, expresso e digital, tem a propriedade de puder ser usado
simultaneamente por qualquer número de utilizadores, é expresso em manuais, livros,
documentos, correspondência e publicações, possui duas dimensões:
Dimensão baseada nos objectos;
Dimensão baseada em regras.
O conhecimento explícito é o objectivo da gestão do conhecimento, ou seja, converter o
conhecimento tácito, inerente a cada indivíduo, num conhecimento explícito que seja um activo da
organização.
O conhecimento explícito é o produto de actividades que podem ser documentadas como
relatórios, bases de dados, procedimentos, etc. é “facilmente” capturado, armazenado e
comunicado.
Desta forma, o conhecimento que deve ser gerido por uma organização inclui estes dois tipos,
explícito e tácito, e qualquer estratégia de Gestão do Conhecimento a desenvolver deve procurar
incorporá-los.
Um dos tópicos que maior discussão tem tido na área de Knowledge Management é a definição de
conhecimento explícito e tácito. Os autores que são mais referidos nos artigos publicados nesta
área são Nonaka (1995) e Polanyi (1958 e 1966).
Não parece que sejam as definições que são controversas, o que é discutível é a possibilidade
simples de transformação do conhecimento tácito em explícito utilizando Sistemas de Informação.
7
Processo cognitivo é a realização das funções estruturais da representação (ideia ou imagem que concebemos do mundo
ou de alguma coisa) ligadas a um saber referente a um dado objecto.
Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais,
representações, pensamentos e lembranças, com o processo mental que consiste em escolher ou isolar um aspecto
determinado de um estado de coisas relativamente complexo, a fim de simplificar a sua avaliação, classificação ou para
permitir a comunicação do mesmo através da abstracção.(in Wikipedia).
Define-se conhecimento explícito como todo aquele conhecimento articulado que pode ser
facilmente transmitido a qualquer pessoa.
O conhecimento tácito, por sua vez, define-se como aquele conhecimento que, não sendo
articulado, o seu conhecedor não consegue transmiti-lo a outros. É o conhecimento que é
adquirido por via da experiência. As competências e as habilidades que detemos inserem-se neste
tipo de conhecimento.
Não se pode dizer que um dado conhecimento ou é tácito ou é explícito (branco ou preto). De
certo modo todo o conhecimento tem um determinado nível variável de tácito, situando-se num
contínuo balizado por conhecimento maioritariamente tácito a conhecimento maioritariamente
explícito.
Assim, a um determinado nível deste contínuo e com a ajuda de especialistas, poder-se-á tornar
explícito conhecimento tácito, sendo esse conhecimento dessa forma obtido designado por
conhecimento implícito.
Nas organizações em que se investiu muito nas Tecnologias da Informação e concluíram que não
houve benefício adequado, apresentam um dilema:
há algo que se possa fazer para reparar o prejuízo?
Sim!...,Simplesmente devem deixar de dar ênfase à tecnologia e passar a dar mais importância às
pessoas e aos processos. Só então devem utilizar as novas tecnologias de informação e
comunicação para o seu suporte.
É o que basicamente propõe a Gestão do Conhecimento; um sistema de Gestão do Conhecimento
deverá abranger a intuição, as crenças os julgamentos, as experiências, os valores e a inteligência
das pessoas, factores, estes nitidamente tácitos. O conhecimento deriva da informação da mesma
forma que a informação deriva dos dados, para que a informação se transforme em conhecimento
é necessário trabalho humano, as tecnologias são apenas o meio ou ferramenta.
Os quatro processos de transformação de informação em conhecimento implicam
necessariamente a presença humana. No entanto as Tecnologias da Informação também aqui têm
um papel importante como facilitadoras de acesso e armazenamento dos dados e informação, que
nos permitem criar conhecimento.
Este também se adquire através da troca de ideias, conversas com grupos de especialistas, numa
relação de troca pessoa a pessoa (encontros informais), ou através de documentos e rotinas
organizacionais (encontros formais).
O conhecimento só tem valor se, de qualquer forma, for transformado em acção, permitindo a sua
medição através de métricas, tais como: resultados operacionais, decisões correctas, eficiência de
processos, qualidade e inovação de produtos, percentagem de partilha de informação. A
focalização do conhecimento permite distinguir os detentores do mesmo. Podemos criar um novo
nível de conhecimento individualizado em função da profundidade e abrangência.
Este nível será a expertise individual que é um conhecimento focalizado num tema mas com
elevado grau de profundidade. Por ser criado a partir do conhecimento, da experiência, treino e
estudo, acaba por ser pertença da pessoa e representa o melhor activo para a criação do novo
conhecimento (conhecimento tácito). De acordo com Bender (2000), ao juntar este nível estamos
a considerar a estrutura de dados, informação, conhecimento e conhecimento especializado como
uma pirâmide; as organizações terão de valorizar os experts desde que estes estejam alinhados
com a estratégia da empresa, pois serão aqueles que ao criar novo conhecimento poderão
acrescentar valor pela diferenciação dos produtos e criar assim vantagens competitivas que são
uma mais-valia para a organização.
2. ABORDAGENS A GESTÃO DO CONHECIMENTO
Uma boa informação é vista como essencial para a Gestão do Conhecimento, ainda que muitas
organizações estejam a implementar estratégias de gestão do conhecimento com base em novas
tecnologias que pouca importância dão à qualidade da informação e menos ainda às pessoas que
geram o conhecimento.
A organização onde pertence o autor é um caso desses, onde erradamente se pensa que;
“primeiro a tecnologia, depois as pessoas”, ora, o que aconteceu depois é fácil de antever: “as
pessoas ficaram com computadores nas secretárias com os quais não sabem trabalhar” e pior
ainda, nem sequer se sentem motivadas a aprender porque infelizmente na função pública as
pessoas sentem-se acomodadas e ganham o mesmo fazendo muito, pouco ou nada; ou seja,
investiu-se na “imagem” institucional, mas os processos são exactamente os mesmos, só que
agora com mais custos.
2.2 Inovação e conhecimento
Embora, parecendo a mesma coisa, o autor considera que a inovação provêm do conhecimento e
não o contrário, ou seja, o conhecimento é cognitivo, tem a ver com o ser, com a interpretação que
faz dos dados que recolhe e do processamento que faz desses dados, por outro lado, a inovação,
tem mais a ver com o output desses dados, é já informação organizada e estruturada, é o que se
chama de conhecimento útil e baseia-se numa determinada envolvente da especialidade técnica e
know-how do indivíduo, este output deve ser difundido por outros indivíduos para gerar novo
conhecimento.
Assim, o conhecimento só é útil quando está disponível no momento e local onde é necessário.
Para Drucker (1993), a inovação consiste na aplicação de conhecimento existente, para produzir
conhecimento novo; para Swan (2007), a necessidade de inovação é frequentemente um objectivo
chave para o desenvolvimento da teoria e prática da Gestão do Conhecimento.
A gestão da inovação é o processo de descobrir, criar e implementar ou comercializar novas
ideias, produtos, processos e serviços. As organizações consideram a inovação uma competência
essencial para sua competitividade e crescimento.
A gestão da inovação sustentável e objectiva torna-se uma vantagem competitiva face à
concorrência, envolve aspectos estratégicos e tácticos relacionados com a gestão do capital
intelectual, a concepção do modelo de negócio e a incorporação sistemas tecnológicos de apoio
que permitam diferenciar os produtos e serviços.
3. PARTILHA DE CONHECIMENTO
Só com confiança mútua é possível partilhar conhecimento ao nível inter e intra organizacional,
desenvolver parcerias e cooperação mútua, que passa por capacidade de delegar, confiar e
coordenar tarefas, responsabilidades e objectivos organizacionais, e construir alianças ou fazer
joint ventures.
Só com trust é possível que no domínio inter organizacional cada indivíduo desenvolva o seu
próprio caminho mas em sintonia com o todo, partilhando as suas experiências e colhendo dos
outros e da organização a riqueza e conhecimento.
Também ao nível intra organizacional só com capital de confiança é possível que empresas
concorrentes do mesmo sector partilhem experiências conseguindo dessa forma serem mais
efectivas individualmente.
Exemplificando:
A confiança entre clientes e fornecedores pode levar a proporcionar formas de maior eficiência
organizacional nos processos de trabalho, porventura ao desenvolvimento de novos produtos e
processos (à inovação).
A partilha do conhecimento implica que os indivíduos ajustem mutuamente as suas crenças e
acções através de uma maior ou menor interacção, no entanto, isto poderá ser, moroso,
dispendioso e difícil de implementar, especialmente para o conhecimento tácito devido a
diversidade de personalidade das pessoas. Acontece por vezes, que as pessoas com receio de
perderem as posições que conquistaram, se tornam egoístas e avessas á partilha de
conhecimento (Von Krogh chama a estes indivíduos: Free Riders); as organizações têm de
promover uma motivação intrínseca nas pessoas para partilhar os conhecimentos e medir essa
propensão de partilha, não há partilha de conhecimento se não houver confiança mútua dos
indivíduos.
3.3 Obstáculos a partilha do conhecimento
Para Loureiro (2003), os maiores obstáculos a uma gestão eficaz do conhecimento são as
barreiras internas da organização, sendo uma área pouco divulgada, não recebe a devida atenção
pelos decisores em mudar a cultura organizacional de modo a criar um ambiente de aprendizagem
e partilha de conhecimento dentro da organização (Loureiro, 2003:50-51); estas barreiras são
acentuadas quando se trata de organizações que, por inerência da sua actividade, têm de manter
sigilo dos seus processos, veja-se o caso das forças e serviços de segurança onde por vezes o
elemento supresa dita o sucesso ou insucesso de determinada operação.
Existem outros factores que influenciam o sucesso e a prática de iniciativas de gestão do
conhecimento dentro das organizações (Loureiro, 2003:53-54):
Ausência de um líder de conhecimento;
Ausência de suporte da gestão de topo;
Falta de clareza no valor oferecido;
Falta de visão estratégica para a organização;
Ausência de uma cultura que suporte a inovação.
O conhecimento tácito e ambíguo é especialmente difícil de ser transferido da sua fonte de criação
para outras partes da organização, o conhecimento isolado numa pessoa tem benefícios limitados
para uma organização, para conseguir o máximo valor de um activo, este deve ser transferido
entre as pessoas através de métodos de transferência do conhecimento.
Nonaka & Takeushi (1995), descrevem que o processo de criação dentro das organizações tem de
ser desenvolvido de modo a permitir o conhecimento ao nível individual, de grupo, organizacional
e inter organizacional, só assim os indivíduos são encorajados a partilhar conhecimento, quebrar
rotinas, hábitos e estruturas cognitivas que possa ser uma barreira a difusão e partilha do
conhecimento.
Fica então clara a importância de aumentar o processo de difusão e de partilha do conhecimento
dentro da organização, proporcionando um ambiente capaz de gerar um efeito multiplicador e
evitando-se desta forma que o conhecimento esteja disperso pelos diversos departamentos da
organização, ou fechado a sete chaves num qualquer local.
Para transformar dados em informação são necessárias ferramentas, e para transformar
informação em conhecimento precisamos de tempo.
Este conhecimento é um conjunto formado por experiências, valores, informação de contexto e
criatividade aplicada à avaliação de novas experiências e informações.
Para Nonaka & Nishiguchi (1995) citado por Popadiuk & Choo (2006), o processo de criação do
conhecimento passa pela estreita relação entre conhecimento tácito e conhecimento explícito,
dentro de um determinado contexto (Ba).
O conhecimento tácito pode ser cognitivo (origem na epistemologia) ou técnico (origem no know
8
how) e o conhecimento explícito pode ser baseado em objectos ou em regras.
O seguinte gráfico mostra as diversas interacções possíveis entre estes dois tipos de
conhecimento com as respectivas designações; categorias da organização do conhecimento
9
também conhecido como Modelo SECI.
8
Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego episteme), ciência, conhecimento; λόγος logos], discurso) é um ramo
da filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e o conhecimento.(in Wikipedia)
9 SECI acrónimo de: Socialization, Externalization, Combination, Internalization
Nonaka & Takeushi (1995).
(Processos de Conversão do Conhecimento, fonte: Nonaka & Takeuchi,1995 )
3.4.1 Socialização
Partilha de experiências entre indivíduos num ambiente comum, relação entre mestre e aprendiz,
encontros informais, confiança mútua, envolve a captura de conhecimento através de observações
directas.
3.4.2 Externalização
3.4.3 Combinação
3.4.4 Internalização
O conhecimento também é gerado pelas redes informais, as quais podem tornar-se mais
formalizadas com o tempo; As comunidades são normalmente encontro de pessoas possuidoras
de conhecimentos, ligadas por interesses comuns e movidas pela mesma paixão.
As comunidades interagem por diversos meios, telefone, email, encontros e conversas informais,
partilham assim, experiências e resolvem problemas em conjunto, nestes encontros das
comunidades, gera-se novo conhecimento para as organizações.
As comunidades de prática surgem como estruturas orientadas para dessiminar o conhecimento, a
aprendizagem e a mudança através de grupos de indivíduos que têm uma área de trabalho
comum intra ou inter organizações, são caracterizadas por:
Falta de uma estrutura formal;
Não ser normalizada;
Os membros avaliam-se mutuamente;
Utilizarem as tecnologias da informação como suporte.
No case study Procter & Gamble analisado por Larry Huston & Nabil Sakkab (2006), refere a
necessidade da criação de uma comunidade de indivíduos e organizações na procura de novas
soluções para os problemas encontrados, chegou-se á conclusão que a inovação não deveria
residir “entre quatro paredes” nem em aquisições, alienações, licenciamentos ou outsourcing
selectivo.
Em 2000 a Procter & Gamble inventou um novo modelo capaz de sustentar o seu enorme
crescimento em termos de inovação, houve então uma mudança, de um sistema centralizado para
um modelo á escala de uma rede mundial, descobriu-se então que: importantes inovações são
feitas por pequenas empresas e em núcleos de investigação de universidades, a Internet abriu a
porta a estas comunidades na partilha de conhecimento e reinventou o modelo tradicional de
inovação dentro das organizações.
No case study East General Hospital analisado por Jacky Swan (2007), descreve-se a
necessidade da criação de uma comunidade de prática que optimizasse o apoio aos doentes, esta
comunidade, reuniu os especialistas de determinada área do Hospital e outros, de modo a
melhorar a satisfação dos pacientes, para isso, foi necessário um entendimento colectivo dos
processos necessários ao atendimento do doente, houve no entanto, algumas dificuldades de
implementação, nomeadamente, a resistência de alguns médicos locais e a recusa em participar
no projecto para além de a implementação deste projecto em outros hospitais ser extremamente
problemática por acharem que é uma solução demasiado radical.
Penso que o verdadeiro problema foi a falta de Ba ou ambiende de aprendizagem propício; para
ultrapassar estas dificuldades, foi feito um grande esforço de divulgação de informação através de
documentação e reuniões.
O conceito de Comunidade de Prática (CoP´s – Communities of Practice) foi desenvolvido por
Wenger (1991) como comunidades que reuniam pessoas de forma informal por interesses comuns
e principalmente na aplicação prática de regras e metódos desenvolvidos individualmente mas
partilhados na comunidade.
Segundo McDermott (2000), as Comunidades de Prática, também podem ser definidas como
agrupamento de pessoas que compartilham e aprendem uns com os outros por contacto físico ou
virtual, com um objectivo ou necessidade de resolver problemas, trocar experiências, modelos,
técnicas ou metodologias.
Já Stewart & Pretto (2004:46) realça que as comunidades têm características especiais e define
as comunidades de prática como grupos que aprendem e partilham o conhecimento. Emergem de
iniciativa própria, pessoas por força social e profissional colaboram directamente e aprendem
umas com as outras.
Outros autores diferem no conceito que estabelecem de comunidades de prática
.
Lave Brown Wenger, McDermott
Wenger 1998
& Wenger 1991 & Duguid 1991 & Snyder 2002
As Comunidade de Prática, pode ser uma “comunidade que aprende” com as interacções entre as
pessoas, pois são compostas por pessoas que têm o compromisso de agregar as melhores
práticas.
Wenger (1998), afirma que uma Comunidade de Prática não é somente um agregado de pessoas
definidas por algumas características, são pessoas que aprendem, constroem e “fazem” a Gestão
do Conhecimento (Wenger, 1998).
Para Teigland (2003:4), as redes ou Comunidades de Prática são uma realidade importante dentro
das organizações, no início eram informais para depois serem implementadas formalmente, a
pratica envolve sempre interacção entre indivíduos ou grupos de indivíduos, envolve indivíduos
com profissões, interesses ou paixões comuns, interagem pedindo e partilhando conhecimento
são na verdade uma entidade colectiva social emergente e informal.
Tendo em vista que o conhecimento e a aprendizagem têm um carácter social e são construídos
por indivíduos, as Comunidades de Prática tendem a ter identidade própria e, se bem
desenvolvida, podem ter uma linguagem própria permitindo aos membros uma melhor
comunicação e afirmação na identificação, pois aplicam os termos técnicos e expressões próprias
da sua profissão ou especialidade.
Normalmente os membros de uma comunidade de prática interagem de forma voluntária movidos
pela paixão e interesse profissional.
O objectivo de participar nesse “novo local” é uma necessidade autêntica de aprender com outros
membros num ambiente de aprendizagem forte, que tem como base a troca de informações (de
modo síncrono ou assíncrono).
Os encontros podem ser regulares ou não, em locais fixos com “calendário” prévio ou não, podem
ainda ser virtuais ou reais, porém podem reunir pessoas que jamais se encontrariam de outra
forma para aprenderem juntas.
Ao apoiar a formação deste tipo de comunidade, as organizações tendem a identificar o
conhecimento partilhado de modo estratégico que pode ser convertido para vantagens
competitivas da organização, por ser conhecimento tácito partilhado directamente e
voluntáriamente de uma forma prática e objectiva.
A conversão do conhecimento tácido para explicito tende a crescer com o aumento da interacção
entre os indivíduos das comunidades de prática, principalmente através da observação, imitação e
prática; interacções significativas podem conduzir os indivíduos a estágios de criatividade muito
superiores aos que poderiam alcançar sozinhos (Fleury, M. et al. 2001:140).
Gerir e compartilhar conhecimento faz parte do conceito de Comunidade de Prática, partilhar, no
contexto da estrutura social e temática. Desta forma, as comunidades podem ir além dos limites
tradicionais de coligação ou conjunto de trabalho, bem como espaço físico e geográfico. As
relações de contribuição têm um caráter espontâneo, não hierarquizado e autogerido. Costumam
desenvolver-se com colaboradores e gestores que tendem a ter um grau de confiança muito
elevado, uma vontade de aprender uns com os outros e uma participação responsável. Podem ser
mobilizadoras para apoio a decisões estratégicas que necessitam de uma discussão mais
elaborada.
A oferta de ambientes de aprendizagem confiáveis e a oportunidade de contactar pessoas com
interesses, formação, desafios, problemas ou motivações comuns, são os atractivos deste tipo de
comunidades, aliando a valorização da participação e a iniciativa individual.
As organizações devem melhorar as infra-estruturas para auxiliar a comunicação entre os
membros e a promoção da criação de novos papéis para o acesso a manutenção de comunidade,
são requisitos para aumentar a existência deste ambiente colaborativo.
A maioria das organizações reconhece a importância do conhecimento como um activo crítico de
sucesso e que deve ser gerido estrategicamente.
As Comunidades de Prática estão a tornar-se a principal estratégia para promover a Gestão do
Conhecimento dentro das organizações, uma vez que elas trazem uma nova abordagem centrada
nas pessoas e estruturas sociais e não na tecnologia.
As Comunidades de Prática, ligam os indivíduos de forma a promover a colaboração, troca de
informação, partilha de melhores práticas e lições aprendidas, cruzando as fronteiras do tempo e
distância da organização, ultrapassando obstáculos e processos obsoletos.
4.2 CARACTERÍSTICAS DAS COMUNIDADES DE PRÁTICA
Segundo Wenger & Snyder (2000), as Comunidades de Prática, são novas formas organizacionais
para a criação de conhecimento e têm como características o facto de serem:
Informais;
Movidas pelo desejo de partilhar saber especializado;
Defenirem a sua própria agenda;
Encontrarem um formato próprio;
Sustentadas pelo interesse e paixão dos participantes.
Estas comunidades ao interagirem num ambiente de aprendizagem criam beneficios para os
participantes (Wenger & Snyder, 2000):
Desenvolvem e impulsionam estratégias na organização;
Iniciam novas linhas de negócio;
Resolvem problemas rapidamente;
Transferem as melhores práticas para outros participantes;
Desenvolvem competências profissionais;
Ajudam as empresas a recrutar e a reter talentos.
Para Armin & Roberts (2006) existem diversas topologias possiveis para as Comunidades de
Prática:
Baseadas em tarefas artesanais;
Profissionais;
Criativas e de peritos;
Virtuais.
5. CAPITAL INTELECTUAL
10
5.1 Medição do capital intelectual
O valor da empresa reflecte o valor das parcerias estratégicas com os fornecedores e os clientes,
definem o Capital Intelectual da empresa e temos de contabilizar os intangíveis para valorizar uma
organização, assim, deverão ser estabelecidas métricas para avaliar o Capital Intelectual.
Para a questão do Capital Intelectual o interesse radica no facto de em 1994, aparecer como
grande catalizador do "movimento" da Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual. Esta
empresa teve uma ideia verdadeiramente revolucionária ao publicar, como anexo ao relatório
sobre o capital financeiro da empresa (isto é, ao relatório de contas anual), um relatório sobre o
Capital Intelectual.
Tal relatório, Vizualizing Intellectual Capital, destinava-se a revelar o "valor escondido" que
constitui todo o investimento realizado pela empresa em desenvolvimento dos recursos humanos,
no melhoramento do relacionamentos com clientes, no desenvolvimento dos fluxos de trabalho
através da optimização dos processos horizontais, bem como no esforço de inovação que não
resultou, necessáriamente, em novos produtos, de acordo com os trabalhos de Leif Edvisson.
Qualitativo
10
Sveiby (1997)
Nível de satisfação das equipas com a intranet
Percepção do cliente em relação ao suporte no pós-venda
Avaliação dos parceiros de negócio sobre o acesso às informações de processos da
supply chain
Participação do mercado
Capital
Desempenho financeiro da empresa
ambiental
Grau de adaptação dos processos / produtos / Serviços à legislação vigente
Capital
Nível de qualificação
intelectual
Tem a ver com as rotinas do negócio, com as ligações organizações internas e que permitem à
organização funcionar e aos processos internos acontecerem. Falamos de conhecimento
codificado que não se encontra na mente dos trabalhadores:
Bases de dados;
Rotinas organizacionais;
Normas;
Regras informais.
Inclui igualmente o conjunto de relações que permitem à organização funcionar coordenadamente
e que são razoavelmente compreendidas por todos os participantes nas suas inter-relações.
É o conhecimento embebido nas relações estabelecidas com o ambiente externo. Tem a ver com
o capital de relacionamento existente com os clientes, com os fornecedores, com organizações e
instituições relevantes para o sucesso da actividade da empresa, incluindo outras empresas
concorrentes.
A Gestão de Conhecimento numa organização é um processo sistemático, articulado e
intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com
o propósito de atingir a excelência organizacional. É, portanto, uma forma de identificação,
criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma
organização. A administração dos activos de conhecimento das organizações permite à
organização saber o que ela na realidade representa.
5.5 O Capital Intelectual
Num mundo em que a única certeza é que, a mudança é a única constante, a capacidade de uma
organização para aprender é uma condição indispensável para a sobrevivência.
Deste modo o capital organizacional resulta da capacidade da organização aprender. O que está
em causa é a capacidade da organização criar esta predisposição e as condições para a
aprendizagem, a qual tem de ser efectuada a três níveis:
Individual;
Grupal;
Organizacional.
A economia da sociedade globalizada e interdependente traz mudanças radicais em termos do
surgimento de uma nova sociedade, a sociedade da Era da Informação, que coloca o
conhecimento como o activo de produção mais importante. Nasce então o conceito de Capital
Intelectual, como forma de evidenciar e potenciar a força dos recursos intangíveis. Os recursos
tradicionais apenas proporcionam vantagens temporárias e as organizações assumem que o
último recurso da vantagem competitiva duradoura é o capital humano.
Para elaborar a melhor estratégia de capital humano é preciso considerar três factores:
Os sistemas, para compreender como várias práticas e programas de capital humano
que trabalham em conjunto para produzir os retornos esperados;
Os factos certos, o que implica uma contabilidade precisa e detalhada dos atributos da
força de trabalho e das práticas de capital humano;
Orientação para o valor, uma orientação inflexível em como o capital humano
impulsiona importantes resultados de negócio.
As organizações que começam a agir cedo na identificação e na medição dos factores importantes
de capital humano, e no ajuste fino da estratégia de capital humano podem delinear vantagens
competitivas significativas e duradouras.
A aprendizagem organizacional como pré requisito para a criação de capital intelectual:
As organizações aprendem através dos indivíduos que aprendem;
A aprendizagem individual não garante a aprendizagem organizacional mas é conditio
sine qua non;
O valor de uma empresa cotada na bolsa reflecte, em princípio, o seu real valor. O
mercado consegue percepcionar para além das demonstrações financeiras o real
valor de uma empresa. É na diferença entre o valor de mercado da empresa, dado
pela cotação em Bolsa, e o seu valor contabilístico que surge o conhecimento do valor
dos seus intangíveis;
Mesmo que todas as economias sejam, de alguma forma, economias aprendentes, o conceito
refere-se antes de mais ao paradigma técnico-económico baseado nas Tecnologias de
Informação.
É através da combinação de Tecnologias de Informação da especialização e da inovação que a
economia aprendente se consolida. As empresas começam a “aprender como aprender”.
Para além destes temas parece-me importante continuar a investir na ideia de desenvolver um
modelo, o mais universal, possível para medir capital intelectual. Para conseguir comparar
facilmente e arranjar métricas que permitam perceber o porquê da diferença entre o valor de
mercado entre duas entidades com igual valor contabilístico ajuda a compreender o fenómeno a
ideia é tornar menos fuzzy o conceito dos intangíveis de uma organização.
6. SISTEMAS DE APOIO À GESTÃO DO CONHECIMENTO
A Gestão do Conhecimento trata dos Sistemas de Informação como meios para disponibilizarem o
acesso à informação, de forma eficiente e eficaz. Este processo permite acrescentar valor à
informação, de forma a:
Facilitar o acesso fácil e atempado por meios físicos e tecnológicos;
Usar as tecnologias na organização do conhecimento, indexação e resumos;
Assegurar a qualidade dos dados e a fiabilidade dos sistemas;
Desenvolver soluções que permitam pesquisar os recursos existentes, em sistemas
de informação;
Desenvolver a capacidade para disponibilizar informação actualizada e válida, nos
formatos mais adequados aos utilizadores finais;
Produzir inventários das necessidades de informação;
Integrar os diferentes formatos de informação;
Capacidade para reduzir custos aos utilizadores que pesquisam informação, por
disponibilizar informação relevante.
A cadeia de valor da Gestão do Conhecimento:
É aqui que entra o know-how, a gestão do conhecimento, onde vamos criando um roadmap para a
resolução dos problemas que resulta de uma aprendizagem constante e interactiva destes 3
factores do sistema.
Para concretizar os nossos objectivos, ou seja, definir a direcção em que nos vamos mover de
forma a representar melhor as nossas necessidades é preciso ter dados e modelos numa ligação
fortemente correlacionada. E realmente não podem, pois dados sem modelos não representam
informação, estão fora de contexto.
Assim, temos uma dualidade modelos-dados interdependente e circular, em que os nossos
modelos de negócio, ou seja, o nosso conhecimento explícito decorrente da análise das nossas
decisões estratégicas nos permite deduzir dados, e os dados nos permitem, por seu lado, induzir
ou extrair novo conhecimento.
Este parece-me ser um dos pontos basilares da nossa formação e que a partir do momento em
que conseguimos a mudança de paradigma, abstraindo-nos alguns níveis acima da simples
camada de dados, entendemo-lo como sendo o sistema que melhor permite responder às
exigências do apoio á decisão.
(Sistemas de apoio à KM-3, fonte: adaptado pelo autor)
Começaram a aparecer o papel dos analistas de redes sociais cujo trabalho consiste em analisar o
tipo de rede, conhecer a tipologia, detectar structural holes, verificar as configurações e
localizações dos actores, detectar quem partilha conhecimento e quem não partilha (free riders).
Conhecer quem é amigo de quem, quem fala com quem, com que intensidade, é muito importante
para a gestão de recursos humanos.
As ligações fortes versus as ligações fracas, estas últimas são as que em matéria de novo
conhecimento são mais ricas para a organização; as primeiras facilitam a troca do conhecimento
tácito.
Muitas destas análises só são possíveis em grandes organizações. Nas pequenas empresas o
fenómeno não terá tanto interesse de ser estudado internamente, mas a análise tornar-se-á mais
rica se estudado ao nível de cluster ou grupo de empresas.
As políticas de inovação, empresariais, locais e regionais devem fomentar a criação de redes. Por
exemplo um cluster entre pequenas e médias empresas de um dado sector mantendo-se
concorrentes, mas partilhando experiências e conhecimento pode possibilitar “mais altos voos”,
concorrendo em mercados mais alargados e favorecendo-se mutuamente.
Há que aproveitar as potencialidades das redes informais do conhecimento e ficar alerta para
alguns perigos que devem ser antecipados, como os rumores, que podem colocar em causa
qualquer estratégia. É necessário detectar os actores chave e colocá-los nos sítios certos, nas
funções adequadas para a organização para potencializar a análise das redes sociais ao nível dos
recursos humanos.
Uma rede social, baseia-se basicamente na interacção entre a estrutura formal existente dentro de
uma organização e os movimentos sociais existentes nas pessoas (INSNA – International Network
for Social Network Analysis).
11
7.2 TIPOS DE REDES SOCIAIS
As Redes Sociais podem ser vistas como: ciência, tecnologia, cultura popular ou mesmo arte,
(vide Six Degrees of Kevin Bacon). Formas empresariais de dar resposta:
Resposta costumizada (Customized response);
Resposta modular (Modular response);
Resposta de rotina (Routine response).
11
(Cross, 2005)
(Tipos de redes sociais, fonte: Cross, 2005)
A ideia é procurar o conhecimento tácito e estratégias de o captar, a rede social está estabilizada,
quando é igual ao organograma da organização, para isso a melhor maneira de recolher dados é
através de inquéritos, que deverão no entanto ser sujeitos a alguns cuidados especiais, neste
contexto, para evitar respostas do tipo “politicamente correcto”, adulterando a realidade dentro da
organização (Cross, 2002).
Tipo de perguntas (envolvem informação particular e sensível);
Onde estão os saberes;
Com quem as pessoas se relacionam;
A importância da elaboração de um pré-teste;
Cross-check das respostas.
Deficiências em redes sociais (Krackhard, 1993):
Imploded relationships;
Irregular communication patterns;
Fragile structures;
Holes in the network;
Bow ties.
Tipos de análise em redes sociais:
Bounded networks;
Personal networks.
Após solicitar a devida autorização superior para aplicar um questionário na organização onde
trabalha (ISCPSI), tal pedido veio indeferido por se tratar de dados sensíveis e porque pode ser
mal interpretado pelos inquiridos por recearem que isso influenciasse a sua própria avaliação,
como tal, não pôde aplicar o questionário na sua organização.
No entanto, foram detectadas algumas dificuldades no pré-teste do questionário para a criação de
uma rede social:
As pessoas tendem a confundir relações profissionais com relações de amizade;
Têm receio em colocar o nome nos questionários;
Associam o grau de intensidade da relação profissional com o grau de gosto pessoal
ou amizade por essa pessoa;
Confundem rede social da organização com rede da secção ou departamento onde
trabalham;
Omitem as relações de baixo grau de intensidade;
As chefias são sempre um problema para colaborarem, tendem a rejeitar este tipo de
estudo por interferir com a opinião dos subordinados com a sua pessoa.
Como aprendizagem desta situação reporta-se que, os estudos nesta área das redes sociais,
deveram ser efectuados por um elemento externo à organização em estudo, pois assim não será
influenciado por paixões pessoais por esta ou aquela pessoa nem será constrangido no objectivo
do estudo.
Após o contacto com os Professores da Cadeira de Gestão do Conhecimento, foi decidido
implementar um questionário á turma do mestrado MEGI e MGI tendo em vista a criação da rede
12
social.
Após entregar o questionário aos colegas de turma, apenas houve resposta de 8 questionários
num universo de cerca de 40 indivíduos, tal número inviabilizou a utilização dos questionários para
construir a rede social, por ser insuficiente para se representar as relações entre os indivíduos;
como solução, e não tenho alternativa em tempo útil, foi utilizado o ficheiro elaborado na sala de
aulas e disponibilizado pelo Professor Miguel Neto, no ISEGI Online.
12
O exemplo de questionário aplicado encontra-se como anexo 1
As vantagens inerentes à criação destas redes na Administração Pública são evidentes:
Potenciam a criação de valores comuns, de novos conhecimentos e sobretudo, a
identificação e implementação de estratégias e práticas comuns porque são adoptadas
pelos participantes na rede.
Assim, o que se pretende é criar redes formais de colaboração e de conhecimento nas área da
Simplificação e Modernização Administrativa e na área das Tecnologias de Informação e
Comunicação.
A Rede Comum de Conhecimento dará suporte às redes sendo uma plataforma tecnológica com
acesso via Internet aberta a todos, não só aos membros das redes formais mas também aos
cidadãos e empresas.
13
7.5.1 Pergunta à Doutora Maria Manuel Marques Leitão
Em relação à Rede Comum de Conhecimento, que tipo de informação já é partilhada e como tem
vindo a beneficiar a administração central e local?
“O que a Rede Comum de Conhecimento actualmente partilha é informação ligada a
projectos, desenvolvidos ou em desenvolvimento, nos vários Ministérios, ou ainda
projectos transversais implementados por vários intervenientes sectoriais. Para facilitar a
pesquisa por assuntos, a Rede Comum de Conhecimento encontra-se organizada por
áreas temáticas e subtemas. Sobre cada um deles é possível obter uma informação de
referência sobre o estado de desenvolvimento e, com o objectivo de criar um verdadeira
rede de partilha, o contacto(s) dos responsáveis pelo seu desenvolvimento. Desejamos
que a troca de experiências seja efectivamente possível.
A Rede encontra-se ainda disponível no modelo em que foi lançada, ou seja, em acesso
restrito a membros credenciados.
Esta opção não tem a ver com a natureza (confidencial ou restrita) da informação, mas
sim com o facto de se tratar de um projecto experimental.
Está a ser preparada numa nova plataforma, suportada por uma base de dados e
ferramenta de colaboração, com um acesso mais amigável e livre não só a toda a
Administração pública, mas também ao público em geral. Prevê -se que esta nova
ferramenta esteja disponível durante o segundo semestre de 2006.“
13
Coordenadora da Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa - UCMA, fonte: http://www.igov.org
8. CAPITAL SOCIAL
14
Adler & Know, 2002:29-32
cuidado deve recair nas ligações fracas. Segundo Adler & Know (2002) existem diversos tipos de
Capital Social.
Social external capital - bridging social capital of individuals, bridging social capital of
units;
Social internal capital - bonding social capital within units, with the firm, within interfirm
networks.
15
8.3 Capacidades do Capital Social
O Capital Social como recurso pode complementar outros recursos existentes ou exercer o papel
de percursor na cadeia de valor de forma a aproveitar o potencial existente e permitir a inovação
de processos.
Outros investimentos no Capital Social terão a ver com o mapear o Capital Social, de forma a
compreender de que forma e quais as ligações sociais (redes de aconselhamento, redes de
confiança, redes de comunicação), que interessam de acordo com os diferentes propósitos dos
objectivos estratégicos da organização.
15
Adler & Know, 2002:34-36
9. MAPEAMENTO DO CAPITAL DO CONHECIMENTO
16
9.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO NO ISCPSI
16
Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna
Análise da teoria Weberiana como ciência tem como ponto de partida a distinção
entre quatro tipos de acção:
Em relação a um objectivo, é determinada por expectativas no comportamento tanto
de objectos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas
como condições ou meios para o alcance de fins próprios;
Em relação a um valor, é a definido pela crença consciente no valor - interpretável
como ético, estético ou religioso;
Acção afectiva, é ditada pelo estado de consciência ou humor do indivíduo, é uma
reacção emocional e não em relação a um objectivo ou a um sistema de valor;
Acção tradicional, é ditada pelos hábitos, costumes, crenças transformadas numa
segunda natureza, para agir conforme a tradição.
A Instituição militar, e neste caso, policial, não tem sabido actualizar-se nos seus valores nem nos
processos; impera uma cultura, que promove as patentes e não o mérito individual “um oficial, só
por ser oficial, é especialista em tudo, e é nomeado para chefiar até aquilo que não percebe nada”,
não existe divulgação de conhecimento e muito menos as competências individuais.
O que existe de mais “parecido” são as “ordem de serviço” que não prática tem um efeito
meramente operacional e não de divulgação de conhecimento, limita-se a retratar a situação
operacional e a calendarização dos serviços diários.
Existe outro tipo de documento instituído “nota de assentos” onde são guardados todos os
documentos, petições, avaliações, punições e prémios dos indivíduos, no entanto tal “dossier” é
apenas um arquivo morto, ninguém vai lá ver que tipo de competências as pessoas possuem.
A formação é outro grande handicap, apenas se faz formação quando existem subsídios
europeus, e mesmo assim, as pessoas são nomeadas para a formação, das duas uma: ou porque
não sabem fazer nada e precisam de aprender, ou então porque pensam que o facto de estarem
em formação as afasta do trabalho habitual e assim podem “relaxar” uns tempos, parece caricato,
mas é o que realmente acontece, com a agravante de, na grande maioria dos cursos ministrados,
não haver avaliação final das pessoas, o que leva as pessoas não fazerem o mínimo esforço para
aprenderem; aconteceram mesmos casos que desanimam qualquer formador (como o autor), que
é o facto de ter feito uma avaliação insuficiente de determinado indivíduo e aparecer na dita cuja,
“ordem de serviço” em como teve um aproveitamento satisfatório
As tecnologias são outra história que também sofre com os processos obsoletos e dilatórios, veja-
se o caso de nos anos 90, um processo de aquisição de computadores com o processador intel
486, ter demorado tanto tempo que quando os computadores foram finalmente entregues, são se
encontravam obsoletos (já existiam nessa altura, computadores com o processador pentium II
mais baratos e melhores que o intel 486); houve de facto um forte investimento em tecnologia,
mas esta está aquém da sua verdadeira utilidade, porque não se investiu na formação adequada
das pessoas nem nas suas potencialidades e muito menos promoção da cultura e do
conhecimento dentro da organização.
CONCLUSÕES
Estamos perante uma área do conhecimento que é complexa e multidisciplinar, permite diversas
abordagens, estas poderão ser de índole mais qualitativo (quando avaliamos o tipo e a qualidade
do conhecimento nas organizações) ou quantitativo (quando avaliamos a contribuição individual na
partilha do conhecimento).
A gestão do conhecimento é, de facto, uma mais-valia e uma vantagem competitiva se for
analisada sob o prisma empresarial, no entanto sofre de algumas barreiras de implementação, tais
como a mudança de processos, resistência á mudança, centralização de informação
anteriormente dispersa e o factor humano como obstáculo á partilha e divulgação do
conhecimento.
É um grande desafio que as empresas têm de enfrentar num mundo cada vez mais competitivo e
globalizante, terão de implementar processos e metodologias de modo a reter o conhecimento
dentro da organização e a de converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito.
Só assim se pode encarar a recolha do conhecimento tácito embebido nas pessoas como uma
vantagem, tornando-se um factor estratégico para as organizações.
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