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ARTUR ANDRADE NOGUEIRA DE AVILA GOULART

OS ASPECTOS TERMODINÂMICOS DOS CICLOS SIMPLES


E COMBINADO EM TERMELÉTRICAS MOVIDAS A GÁS
NATURAL

LAURO DE FREITAS
2020
ARTUR ANDRADE NOGUEIRA DE AVILA GOULART

OS ASPECTOS TERMODINÂMICOS DOS CICLOS SIMPLES


E COMBINADO EM TERMELÉTRICAS MOVIDAS A GÁS
NATURAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à União Metropolitana de Educação e Cultura,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Bacharelado em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Helington Leandro

LAURO DE FREITAS
2020
ARTUR ANDRADE NOGUEIRA DE AVILA GOULART

OS ASPECTOS TERMODINÂMICOS DOS CICLOS SIMPLES


E COMBINADO EM TERMELÉTRICAS MOVIDAS A GÁS
NATURAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à União Metropolitana de Educação e Cultura,
como requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Bacharelado em Engenharia
Mecânica.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Lauro de Freitas, dia de mês de 2020


Dedico este trabalho aos meus pais,
Flávio e Rita, com amor.
AGRADECIMENTOS

Elemento opcional. Texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos àqueles


que contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho. (Fonte Arial 12)
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
 Antoine Laurent Lavoisier 
GOULART, Artur Andrade Nogueira de Ávila. Os aspectos termodinâmicos dos
ciclos simples e combinado em termelétricas movidas a gás natural. 2020.
Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Mecânica –
União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, 2020.

RESUMO

O presente estudo trata da revisão de literatura no campo da geração de centrais


termelétricas movidas a gás natural, tendo como objetivo estudar os ciclos simples e
combinados dos seus processos pela ótica da termodinâmica, além de elencar os
equipamentos que compõem os sistemas termelétricos. Através dos estudos sobre a
temática, indexados em bases informacionais nacionais e internacionais, datados de
2009 a 2019, foram discutidos os cenários, aspectos e caracterização do gás
natural; as leis da termodinâmica; os ciclos Rakine e Brayton no sistema termelétrico
e por fim, a inclusão dos equipamentos e sistemas derivados de sua utilização.

Palavras-chave: Termelétrica; Termodinâmica; Gás Natural; Ciclo simples; Ciclo


combinado.
GOULART, Artur Andrade Nogueira de Ávila. The thermodynamic aspects of
simple and combined cycles in thermoelectric plants powered by natural gas.
2020. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia
Mecânica – União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, 2020.

ABSTRACT

Deve ser feita a tradução do resumo para a língua estrangeira.

Key-words: Thermoelectric; Thermodynamics; Natural gas; Simple cycle; Combined


cycle.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Título da figura.........................................................................................00


Figura 2 – Título da figura.........................................................................................00
Figura 3 – Título da figura.........................................................................................00
Figura 4 – Título da figura.........................................................................................00
Figura 5 – Título da figura.........................................................................................00
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Título da tabela........................................................................................00


Tabela 2 – Título da tabela........................................................................................00
Tabela 3 – Título da tabela........................................................................................00
Tabela 4 – Título da tabela........................................................................................00
Tabela 5 – Título da tabela........................................................................................00
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Níveis do trabalho monográfico .............................................................00


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações


BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
NBR Norma Brasileira

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................14
2. O GÁS NATURAL...............................................................................................16
3. FUNDAMENTOS DA GERAÇÃO TERMELÉTRICA..........................................17
3.1 A TERMODINÂMICA E SUAS LEIS............................................................................................................17
3.2 CICLO DE VAPOR (RANKINE)...................................................................................................................17
3.3 CICLO BRAYTON......................................................................................................................................17

4. EQUIPAMENTOS EM UMA CENTRAL TERMELÉTRICA................................18


5. CALDEIRAS DE RECUPERAÇÃO................................................................................................................18
6. TURBINAS A VAPOR................................................................................................................................18
7. TURBINAS A GÁS....................................................................................................................................18
8. EQUIPAMENTOS E SISTEMAS AUXILIARES..............................................................................................18
8.1.1 CONDENSADORES..........................................................................................................................................18
8.1.2 AQUECEDORES..............................................................................................................................................18
8.1.3 DESAERADORES.............................................................................................................................................18
8.1.4 TORRES DE RESFRIAMENTO..............................................................................................................................18
8.1.5 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA..................................................................................................................18
8.1.6 AQUECEDORES REGENERATIVOS........................................................................................................................18

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................19
REFERÊNCIAS...........................................................................................................20
1. INTRODUÇÃO

O Brasil, hodiernamente, aponta


para um cenário que vislumbra a garantia
de aumento de ganhos de produtividade
do setor energético. Um fator que
impulsionou esta conjuntura é o
crescente consumo do gás natural desde
2002 no setor de energia brasileiro, por
este motivo, os setores operacionais das
termelétricas precisaram modificar os
seus sistemas de produção,
intensificando assim, a compreensão dos
seus ciclos pela equipe de trabalho.

Motivado por este certame, o


presente estudo tem como mote o
questionamento de: como os ciclos
simples e combinados funcionam em
uma termelétrica que tem como recurso
principal o gás natural? Tendo como
objetivo principal entender, através da
revisão de literatura, os ciclos
termodinâmicos e seus equipamentos
disponíveis em termelétricas movidas a
gás natural.

A compreensão do fenômeno tem


como objetivos específicos: a) descrever
o processo e aspectos dos ciclos simples
e combinados em uma termelétrica; b)
descrever os equipamentos que
compõem o funcionamento dos ciclos em
uma termelétrica; c) Apresentar as
aplicações termodinâmicas para literatura. Segundo Santos e Candeloro
funcionamentos dos ciclos em uma (2006, p.43), a revisão de literatura, é
termoelétrica que utiliza o gás natural em parte de um projeto de pesquisa, que
sua alimentação. revela explicitamente o universo de
contribuições científicas de autores sobre
Por trata-se de uma problemática um tema específico.
tão presente no campo da Engenharia
Mecânica, diversos estudos foram Para o universo da pesquisa,
realizados afim de promover a melhoria estabelecesse um recorte temporal que
da viabilidade técnica das unidades de abarca as obras publicadas datadas
produção do sistema elétrico nacional. entre  2009 e 2019, o marco temporal é
Motivo que versa, a importância de iniciado com a publicação da lei 11.909
entender as termelétricas através dos data de 2009, conhecida popularmente
princípios básicos da termodinâmica. como Lei do Gás.

Destaca-se, neste estudo, da As obras consultadas foram, as


aplicação termodinâmica através dos teses, dissertações e artigos, sobre a
sistemas termelétricos que utilizem ciclos temática. Tendo como bases para coleta
simples e combinados. Tendo em vista de dados, sites governamentais, a
que, alguns autores apontam a redução Biblioteca Digital de Teses e
do custo específico da operação em Dissertações (BDTD)1; Base de dados
ciclos combinados, outros destacam que Scorpus2, tendo em vista que a base
o ciclo simples potencializa a energia do informacional compõe um dos principais
combustível. No entanto, é importante veículos de indexação científica no
analisar as alterações sofridas em ambos campo da Engenharia; e por fim, os
ciclos quando o combustível que Repositórios Virtuais Institucionais. As
alimenta a Usina Termoelétrica é o gás pesquisas das obras serão realizadas
natural. tendo como descritores de busca os
Por trata-se de estudo com termos: “gás natural”; “ciclos do gás”;
abordagem descritiva, seguida de uma “termodinâmica+ gás natural” e
avaliação qualitativa, o caminho “termelétrica+brasil+gás natural”.
metodológico percorrido para atender ao
questionamento e aos objetivos
1
www.ibict.br
propostos têm como método a revisão de 2
https://www.elsevier.com/pt-br/solutions/scopus
A construção de referencial teórico
revisado, que apresente a utilização de
sistemas termelétricos, precisa ser capaz
de apoiar o Engenheiro Mecânico, na
tomada de decisão da condução dos
ciclos durante a sua práxis em uma
termelétrica, por consequência desta
afirmativa, o presente estudo, é dividido
em capítulos que dialogam entre si,
sendo eles: 1) Introdução; 2) O gás
natural; 3) Fundamentos da geração de
uma termelétrica; 4) Equipamentos em
uma central termelétrica; por fim as
considerações finais e referências que
ornam este trabalho.
2. O GÁS NATURAL No Brasil, Gás Natural é quase em
sua totalidade de origem associada ao
petróleo, destinando-se aos mais
Segundo as descrições da variados espaços de consumo,
Agência Nacional de Petróleo, Gás destacando, a os segmentos industriais
Natural e Biocombustíveis – ANP, o Gás como matéria-prima para indústrias
Natural é definido como uma substância petroquímicas, de fertilizantes,
composta por hidrocarbonetos que automobilísticas entre outros, no entanto,
permanecem em estado gasoso nas o destaque neste estudo é o seu
condições atmosféricas normais. Sua consumo na geração de energia
composição essencial é formada pelos termelétrica.
elementos: hidrocarbonetos metano
(CH4), normalmente com teores acima de Os estudos acerca da utilização
70%, seguida de etano (C 2H6) e, em do gás natural no Brasil são
menores proporções, pelo propano intensificados a partir das demandas
(C3H8), normalmente com um percentual oriundas do racionamento de energia
de 2% de teores abaixo. ocorrida nos anos de 2001 e 2002, com o
Quanto a classificação do Gás ocorrido, a geração termelétrica
Natural, a própria ANP (2009) atribui alimentada por gás natural teve seu
duas categorias: a primeira seria o grande impulsionamento, tendo em vista
associado e o segundo o não associado. a emergência decorrente do déficit de
O gás associado é aquele que, no energia daquele período. No entanto o
reservatório geológico, se encontra planejamento para implementação do
dissolvido no petróleo, utilizado gás natural no cenário de integração de
preferencialmente na produção inicial do geração de energia brasileiro já estava
óleo, é realizada a inclusão do gás para previsto desde 1997 através da
manter a pressão do reservatório. Já o Constituição Federal, pela Lei nº
Gás não-associado, segundo a ANP, é 9.478/1997, porém o movimento sem foi
aquele que está livre do óleo e da água fortemente estruturado na geração
no reservatório; sua concentração é hidrelétrica. Toda esta movimentação
predominante na camada rochosa, impulsionou a criação da Lei do Petróleo,
permitindo a produção basicamente de e consequentemente decretada pela Lei
gás natural. nº 11.909/2009, foi implementada a Lei
do Gás, que estabelece que a
competência de legislar sobre a energia e o estudo das estruturas propícias ao
é predomínio da União e que cabe aos acúmulo de petróleo e/ou gás natural, e a
Estados explorar diretamente, ou perfuração do poço, para comprovar a
mediante concessão, os serviços locais existência desses produtos em
de gás canalizado. condições comerciais; em seguida é
A exploração do Gás Natural, no iniciada a produção, segundo as
entanto, passa por diversos processos orientações do CONPET (2007, p.22), ao
até chegar ao consumo final, por este ser produzido, o gás deve passar
motivo o Programa Nacional da inicialmente por vasos separadores, que
Racionalização do Uso dos Derivados do são equipamentos projetados para retirar
Petróleo e do Gás Natural – CONPET, a água, os hidrocarbonetos que
no ano de 2007 definiu a sequência de estiverem em estado líquido e as
processamento do Gás Natural, a figura partículas sólidas. Em caso de
1 ilustra este processo: contaminação por compostos de enxofre,
Figura 1 – Processos de Gás o gás é enviado para unidades de
Natural no Brasil dessulfurização, onde esses
contaminantes serão retirados. Após
essa etapa, uma parte do gás é utilizada
no próprio sistema de produção, em
processos conhecidos como reinjeção e
gás lift, com a finalidade de aumentar a
recuperação de petróleo do reservatório.
Em seguida, o restante do gás é enviado
para processamento, que é a separação
de seus componentes em produtos
especificados e prontos para utilização.
As próximas etapas são: o
processamento - nesta etapa, o gás
segue para unidades industriais,
Fonte: O Autor (2020) conhecidas como UPGN (Unidades de
Processamento de Gás Natural), onde
A exploração é a etapa inicial do será desidratado e fracionado; o
processo e consiste em duas fases: a transporte – já no estado gasoso, o
pesquisa, onde é feito o reconhecimento transporte do gás natural é feito por meio
de dutos ou, em casos muito específicos, natural, como “uma mistura de
em cilindros de alta pressão (como GNC hidrocarbonetos, principalmente o 54
– gás natural comprimido), caso se metano, etano, propano e butano”, sua
tratando do estado líquido (como GNL – recuperação nos espaços da fauna, o
gás natural liquefeito), pode ser gás pode ser encontrado tanto na forma
transportado por meio de navios, não associada, em reservatórios de gás,
barcaças e caminhões criogênicos, a como já citado ou em alguns casos de
-160 ºC, e seu volume é reduzido em modo associado, em poços petrolíferos.
cerca de 600 vezes, facilitando o Essas possibilidades de
armazenamento; e a distribuição – que é recuperação do gás e os déficits
a etapa final do sistema, quando o gás energéticos já apresentados, alterou
chega ao consumidor. O rigor aos completamente o cenário das
padrões de especificações já deve ter termelétricas no Brasil, os dados
sidos atendido nesta fase, e além de apresentados pelo Programa Prioritário
estar isento de contaminantes. de Termeletricidade – PPT, apresentam
As especificações no processo do por exemplo que no ano 1970 as centrais
Gás Natural no Brasil foram primordiais termelétricas era responsável por apenas
para a efetivação do uso do gás natural 25% da geração de energia chegando ao
como combustível dentro do cenário seu pior índice em 1996 com apenas
elétrico nacional, é possível tendo em 11,6% de produtividade elétrica.
vista, definições como a do autor Frota Hoje como apresentado pelo
(2011, p.54) que define o gás natural pesquisador da EPE, Mauricio
como “sendo a parcela do petróleo que Tolmasquim (2016), a infraestrutura de
se encontra na fase gasosa ou em oferta de gás natural no Brasil é
solução nas condições de reservatório e composta por 14 polos de
que permanece no estado gasoso nas processamento em diversos estados (29
condições atmosféricas”, o autor UPGNs), como podemos observar
esclarece os reservatórios de gás na resumidamente na figura 2.
natureza, a maior das ocorrência não Figura 2 – Extensão produtiva do
associado a outros combustíveis, o que Gás Natural no Brasil
ampliar as possibilidades da sua
exploração.
Ainda segundo Frota (2011, p.54)
considerando-se a composição do gás
seguintes respondeu por mais de 10% da
geração elétrica do País onde foram
produzidos 81 TWh de eletricidade a Gás
Natural, o que representa um
crescimento de vinte vezes em relação
ao ano 2000.

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética


– EPE apud TOLMASQUIM (2016 p.62)

O cenário ilustrado descreve


resumidamente cerca de 94,4 milhões de
metros cúbicos por dia de capacidade
total; três terminais de regaseificação de
GNL (Pecém/CE, Baía de Todos os
Santos/BA e Baía de Guanabara/RJ,
somando 41 milhões de metros cúbicos
por dia de capacidade) e cerca de 9.400
km de extensão de gasodutos de
transporte.

A expansão no cenário do Gás


Natural no Brasil por sua vez, tem a sua
participação na geração elétrica a partir
do ano 2000. Conforme Tolmasquim
(2016, p.69), no ano de 2012, o gás
correspondeu à segunda fonte na matriz
elétrica brasileira e segue mantendo esta
posição até 2019. Nos dois anos
3. FUNDAMENTOS DA Figura 22 - Ciclo Rankine simples

GERAÇÃO TERMELÉTRICA
A TERMODINÂMICA E SUAS LEIS
1º lei da termodinâmica
2 lei da termodinâmica
CICLO DE VAPOR (RANKINE)
vanderleia

“O ciclo Rankine é um ciclo de potência


cuja fonte de energia provém da queima
de um combustível em uma caldeira”.
(ALMEIDA, 2011, p. 10).
De acordo com Van Wylen (1995) e
Moran (2009) apud Stuchi (2015), o ciclo
Rankine é adequado para utilizar a água
como fluido de trabalho na geração de Fonte: Polo/UFSC (2016)
potência.
Moran et al. apud Almeida (2011, p. 10) Dentre as adaptações que podem ser
diz que, na queima do combustível a feitas no ciclo Rankine, pode-se
energia é transferida para vaporizar destacar:
água líquida a alta pressão, através de a) Ciclo Rankine com
calor Qin. O vapor deixa a caldeira em reaquecimento;
alta temperatura, entra na turbina e se b) Ciclo Rankine regenerativo;
expande até uma baixa pressão - c) Ciclo Rankine com
normalmente abaixo da pressão irreversibilidade;
atmosférica -, gerando trabalho. Ao sair
da turbina o vapor passa pelo
O ciclo simples é típico de usinas
condensador, onde perde calor Qout até
termelétricas com baixos parâmetros do
voltar a ser líquido. Finalmente, a água é
vapor e potências inferiores a 100 MW.
succionada pela bomba, envia de volta o
Exemplos deste tipo de ciclo são as
líquido para a caldeira.
usinas termelétricas de cogeração
Na turbina, tem-se o trabalho Wturb,out,
anexas a usinas de açúcar e álcool e
que será transformado em energia
fábricas de papel, as quais utilizam como
elétrica pelo gerador elétrico acoplado.
combustível os resíduos de biomassa
O balanço de energia por unidade de
destas indústrias.
massa do ciclo Rankine pode ser
expresso por:
𝑊34 = 𝑄23 − 𝑄41 − 𝑊12

Em (5), 𝑄23, 𝑄41 são calor fornecido pela 1.1.1.1 4.2.1.1 Ciclo Rankine com
caldeira e calor rejeitado pelo reaquecimento
condensador (kJ/kg), e 𝑊12 é o trabalho
consumido pela bomba de alimentação
por unidade de massa (kJ/kg). A Figura
22 mostra o ciclo Rankine simples. No caso de ciclo Rankine com
reaquecimento, que pode ser simples ou
duplo (também chamado de este ter-se expandido e realizado
superaquecimento), usam-se duas ou trabalho na turbina de alta pressão.
mais turbinas, pois o processo de Consegue-se, também, manter nos
reaquecimento acontece entre as limites aceitáveis a umidade do vapor
turbinas de alta e de média/baixa nos últimos estágios da turbina. Assim,
pressão. uma diminuição de 1 % no título do
Para Stuchi (2015, p. 66), “não provoca vapor de exaustão acarreta em uma
uma grande melhora no rendimento do diminuição de 1 % no rendimento interno
ciclo, no entanto, promove uma evolução relativo da turbina, devido ao efeito das
do título do vapor na saída da turbina, o gotículas de água no vapor.
que evita o acúmulo de umidade nas Porém, o reaquecimento está
palhetas dos últimos estágios”. A Figura relacionada a um consumo adicional de
23 mostra o ciclo Rankine com combustível e à instalação de tubulações
reaquecimento. de vapor adicionais, entre a turbina e a
caldeira, e de superfícies de
aquecimento. Tudo isso, além do custo
Figura 23 -Ciclo Rankine com reaquecimento inerente, apresenta-se como um
complicador da operação da unidade. É
por isso que, como resultado da
aplicação da análise técnicoeconômica,
o reaquecimento é utilizado somente em
unidades de potência média e alta,
geralmente com mais de 100 MW.

1.1.1.2 4.2.1.2 Ciclo Rankine


regenerativo

Neste caso há o pré-aquecimento da


água de alimentação da caldeira pelos
Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)
aquecedores regenerativos, ou
aquecedor da água de alimentação.
O ciclo com reaquecimento é o método
Para isso, parte do vapor que iria para a
mais utilizado para conseguir um
turbina é retirado e encaminhado para o
acréscimo da eficiência em ciclos de
aquecedor regenerativo. Existem duas
vapor por plantas de alta potência. Neste
possibilidades de utilizar este ciclo,
caso, logo após a expansão do vapor no
aberto ou fechado.
cilindro de alta pressão, o mesmo é Entretanto, a potência da
reenviado para a caldeira, onde sua turbina sofre uma
temperatura atinge o valor inicial. Depois redução uma vez que, a
do reaquecimento, o vapor é retornado à partir do ponto onde o
vapor é extraído, ocorre
turbina, onde conclui a sua expansão uma redução de vapor
nos cilindros de média e de baixa nos estágios seguintes
pressão. da turbina, o que, no
Ou seja, o reaquecimento do vapor entanto, não chega a
provocar uma redução
possibilita o aumento de rendimento por no rendimento do ciclo.
meio do restabelecimento da Outras vantagens dessa
temperatura inicial do mesmo, logo após configuração é a
utilização de uma parte 170 °C, enquanto que uma central
da energia térmica, que
seria rejeitada no termelétrica de altos parâmetros
condensador, para o
préaquecimento do trabalha com esta temperatura na
líquido saturado, além
de reduzir a demanda de faixa de 225 a 275 °C.
combustível provocando
uma diminuição do custo 3.2.1 Ciclo rankine
por kW gerado
3.2.2 Ciclo rankine regenerativo
(STUCHI,
2015, p. 67). 3.2.3 Ciclo rankine com
A Figura 24 mostra o ciclo Rankine
simples regenerativo aberto. reaquecimento
CICLO BRAYTON
Figura 234- Ciclo Rankine regenerativo aberto
Ciclo brayton
O ciclo Brayton é composto por um
compressor de ar, um
equipamento de combustão e uma
turbina de expansão. Compressor
e turbina de expansão são
acoplados a um mesmo eixo que
também é acoplado ao gerador
elétrico, como na figura 1a.

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

Este tipo de ciclo se faz presente em


quase todas as plantas de usinas
termelétricas visto que aumenta
consideravelmente o rendimento do ciclo
a vapor.
Para Lora e Nascimento (2004), a
decisão sobre a temperatura final
de aquecimento da água de
alimentação relaciona-se com
aumento da eficiência do ciclo dos
aquecedores. Como exemplo,
para uma central termelétrica com
parâmetros médios do vapor, a
temperatura final da água de
alimentação, geralmente, é
estabelecida na faixa de 150 e
O ciclo Brayton é um ciclo aberto. O ar
atmosférico é admitido pelo
compressor, onde são elevadas sua
pressão e temperatura. O
combustível reage com o ar
comprimido nas câmaras de
combustão, liberando energia

QH
3

2 Câmara de
combustão
3 QH
4
Turbina
WTG
Compressor a gás 2
1 Wc QL
4
exaustão
Ar

1
QL
(a) (b) S
combustível
T

Figura 1 - (a) Esquema de funcionamento ciclo Brayton; (b) diagrama T-s do ciclo Brayton ideal
Fonte: Hirano; Mamani (2013).
térmica. Os gases provenientes da
combustão são direcionados à
turbina, onde se expandem,
produzindo trabalho. Sendo, então,
liberados para a atmosfera em
condições de pressão próxima à
atmosférica, mas ainda em alta
temperatura.
13

Os quatro processos do ciclo Brayton são executados com escoamento em regime


permanente, de forma que o balanço de energia por unidade de massa pode ser
expresso por:
WTG = QH − QL − WC (1)
em que QH e QL são, respectivamente, os calores fornecido e rejeitado pelo
sistema, por unidade de massa, e WTG e WC são os trabalhos gerados pela
turbina de expansão e consumido pelo compressor, por unidade de massa.
Todos os termos da equação (1) estão em kJ/kg.
Pode-se representar o ciclo Brayton por seu diagrama temperatura-entropia (T-s)
que representa a evolução dessas variáveis, durante cada processo do ciclo,
conforme visto na figura 1b. O diagrama T-s mostra, ainda, a quantidade de
trabalho líquido gerado durante o ciclo, representado pela área interna do
diagrama. Ou seja, quanto maior a quantidade de calor injetada no fluido de
trabalho ou quanto menor a quantidade de calor rejeitada no exaustor, maior
será o trabalho líquido gerado pelo ciclo e, consequentemente, maior será o
rendimento do ciclo. O ciclo Brayton, aplicado às turbinas a gás atuais,
apresenta eficiência termodinâmica da ordem de 30 a 40% (LORA;
NASCIMENTO, 2004).
Conforme Çengel e Boles (2007), comparada aos sistemas de turbina a vapor e
propulsão a diesel, a turbina a gás apresenta maior relação “potência –
tamanho e peso”, maior vida útil, maior confiabilidade, menor custo de
instalação e operação mais conveniente.

Ciclo de turbina a gás com regeneração


Ciclo de turbina a gás com injeção de vapor e agua
Ciclo de turbina a gás com resfriamento e recuperação de calor
Resfriamento do ar na entrada do compressor

1.1.1.3 4.3.1.1 Ciclo de turbinas a gás com regeneração

O ciclo regenerativo se baseia na inserção de um trocador de calor no ciclo


simples. Assim, o calor rejeitado pelos gases de escape da turbina a gás
aquece o ar que sai do compressor, antes que esse entre na câmera de
combustão. Desta forma, há redução do consumo de combustível na câmara
14

de combustão, uma vez que o ar já foi préaquecido. Consequentemente, a


eficiência térmica do ciclo aumenta, porém, devido à queda de pressão no
trocador de calor, a potência útil pode diminuir em 10 %. A Figura 31 mostra o
ciclo regenerativo.
Figura 251 - Ciclo regenerativo

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

1.1.1.4 4.3.1.2 Ciclo de turbinas a gás com resfriamento e recuperação de calor


(regenerativo com resfriamento)

Conforme mostrado na Figura 32, neste caso há a inserção de um trocador de calor e


um intercooler que, combinados, tem o objetivo de aumentar tanto a eficiência
térmica – deriva da inserção do trocador de calor – como o trabalho específico útil
do ciclo.
A compressão ocorre em dois compressores, sendo que o intercooler entre eles reduz a
temperatura do fluido de trabalho (ar) que entra no segundo compressor. Desta
forma, têm-se o aumento do trabalho específico útil do ciclo, uma vez que a redução
na temperatura de entrada implica na redução do trabalho de compressão.
Como visto na seção anterior, a presença do trocador de calor permite a recuperação
de parte do calor que seria rejeitado para atmosfera, aplicado então no pré-
aquecimento do ar que entrará na turbina e resultando na economia de combustível
e, consequentemente, aumento na eficiência térmica do ciclo.

Figura 262 - Ciclo de turbina a gás com trocador de calor regenerativo e intercooler

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)


15

1.1.1.5 4.3.1.3 Ciclo de turbinas a gás com injeção de vapor e água

Conforme Lora e Nascimento (2004) informam neste tipo de tecnologia vapor de água é
injetado na saída do compressor, aumentando a vazão em massa que entrará na
turbina e aumentando o trabalho produzido. O trabalho requerido pelo compressor
continua o mesmo e, desta forma, o trabalho útil do ciclo aumenta. O vapor injetado
é produzido na caldeira de recuperação, aproveitando-se a energia dos gases de
exaustão da turbina. A injeção de vapor ajuda também a reduzir a emissão de
óxidos de nitrogênio (NOx), diminuindo a poluição causada pelas termelétricas. O
vapor injetado deve estar numa pressão 4 bar acima da pressão dos gases do
compressor e na mesma temperatura desses.
Este sistema proporciona um ganho significativo na potência específica e um ganho
moderado na eficiência térmica global.
Como vantagens apresenta a redução de óxidos de nitrogênio, ganhos de potência e
eficiência e a facilidade de adaptação de um ciclo simples para este, visto que as
mudanças requeridas nos equipamentos são pequenas.
O grande problema da injeção de vapor é a corrosão associada na turbina.
É possível ainda adaptar este arranjo para torná-lo regenerativo, com injeção de água.
Neste caso, tem-se maior eficiência térmica à baixa razão de pressão do que o ciclo
com injeção de vapor. Porém, tem-se a corrosão no trocador de calor devido à
presença de água e o desenvolvimento de pontos quentes, que podem acarretar em
incêndio do regenerador. A Figura 33 mostra este ciclo.

Figura 33 - Ciclo de turbina a gás com injeção de vapor d'água

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

1.1.1.6 4.3.1.4 Ciclo de turbinas a gás com resfriamento do ar na entrada do


compressor

Sabe-se que a eficiência térmica e a potência elétrica gerada pelas turbinas a gás
dependem da temperatura do ar na entrada do compressor. Isto porque o aumento
na temperatura faz com que a massa específica do ar se reduza, diminuindo a
vazão de ar que entra e aumentando a potência consumida pelo compressor.
Existem diferentes meios de se reduzir a perda de potência da turbina a gás devido
ao aumento da temperatura ambiente.
16

Um dos métodos é a injeção de água que será evaporada e com isso, haverá um
resfriamento evaporativo, porém haverá o aumento da umidade do ar pode limitar
essa aplicação.
Outra opção é o uso de água gelada que resfriará o ar através de um trocador de calor
(chiller). Entretanto, neste caso há perda de pressão na entrada da turbina e
consumo adicional de potência.
Há, ainda, o fog evaporative cooling, que é mais eficiente que o resfriamento evaporativo
e tem menor custo. Com este sistema a potência pode aumentar de 2 % a 10 %.

1.1.1.7 4.3.1.5 Ciclos com injeção de vapor em alta pressão e em baixa pressão

Ciclos com injeção de vapor já foram vistos na seção 4.3.1.3. Entretanto, neste caso,
trata-se de injeção de vapor de alta pressão na câmara de combustão e vapor de
baixa pressão entre os estágios da turbina a gás.
A vantagem se traduz em aumento da eficiência térmica devido à recuperação de calor
dos gases de combustão e aumento da potência entregue pela máquina, bem como
na redução de emissão de gases NOx. A Figura 34 mostra um diagrama do arranjo
desse tipo de usina.

Figura 3427 - Turbina a gás com injeção de vapor AP e BP

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

Existem várias turbinas projetadas para operar com esta tecnologia, como a
LM2500TIG da GE, a 501-K da Allison e a TB5000 da Ruston. Na primeira, com
injeção de vapor de água na proporção de 7 % da massa em alta pressão e 6,5 %
da massa em baixa pressão, consegue-se um aumento da potência de 34 MW para
52 MW e de eficiência de até 43 % (TUZSON 1992 apud LORA 2004).
Este tipo de arranjo possui a desvantagem de utilizar muita água, tornando-se um fator
de alto custo para a operação.
Pode-se ainda inserir no circuito resfriamento intermediário no compressor – o que
reduz a potência consumida pelo compressor de 50 % para 30 % - e reaquecimento
nas turbinas – com vistas a aumentar o trabalho útil daquelas.
17

Ainda segundo Tuzson (1992) apud Lora (2004), para a turbina LM5000 da GE num
circuito com injeção de vapor, resfriamento intermediário e reaquecimento atinge-se
a potência de 110 MW com eficiência de 55 %.
Outros relatos mostram aumentos de eficiência e potência extraída com a inserção
destes mecanismos, ajustando-se temperatura de gases na entrada das turbinas e
as pressões das massas de vapor injetadas.
Além do arranjo já apresentado para este tipo de ciclo, a Figura 35 mostra outros
possíveis arranjos com o mesmo objetivo de aumentar a eficiência e potência.

Figura 35 - Modificações com compressor de baixa pressão e compressor de alta pressão

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)


Ciclo Combinado
Fundamentos termodinâmicos do ciclo combinado
Classificação das centrais termoelétricas de ciclo combinado
Eficiência das centrais termoelétricas de ciclo combinado
Os ciclos combinados, formados através do arranjo de um ciclo Brayton e um
ciclo Rankine em cascata, são estudados e pesquisados desde a década de
1950. No entanto, restrições tecnológicas impediram sua implementação até
a década de 1970 e, apenas na década de 1990, é que sua utilização tornou-
se extensiva (LORA; NASCIMENTO, 2004).
A geração de vapor no ciclo Rankine ocorre por uma grande diferença de
temperaturas entre a água e o gás gerado pela combustão. Esse processo é
ineficiente, pois, enquanto os gases de combustão ultrapassam facilmente os
1000 °C na caldeira, o vapor atinge apenas uma temperatura em torno de 500
°C, ou seja, o calor da combustão não é aproveitado eficientemente. Já no
ciclo Brayton, os gases de combustão também podem superar os 1000 °C na
câmara de combustão, enquanto que a temperatura de exaustão, após
expansão na turbina até a pressão atmosférica, fica em torno de 600 °C.
18

O propósito do ciclo combinado é solucionar as ineficiências termodinâmicas


naturais desses dois ciclos, combinando-os por meio de uma caldeira de
recuperação, figura 4.

.
Combustível QH

2
3 .
WTG
C TG

1
Ar

Caldeira de
recuperação
6 5 4

Calor recuperado

. 9 .
Wb 8 WTV
TV

7
Bomba
.
QL Condensador 10

Figura 4 - Ciclo combinado Fonte:


Hirano; Mamani (2013).
A eficiência térmica de uma planta com ciclo combinado é descrita por:
. .
ηT = WTG + . WTV (3)
. . QF
em que WTG e WTV representam as potências geradas pelos ciclos Brayton e
Rankine, respectivamen-. te, e QF representa a energia fornecida pelo
combustível. Todos os valores representam taxas (em MW ou MJ/s). O
cálculo de energia fornecida ao sistema é, por sua vez, apresentado na
equação (4):
.
. . PCI (4) QF = mC
19

.
em que m C é a vazão mássica de combustível, em kg/s, e PCI é o Poder
Calorífico Inferior do combustível, em MJ/kg.

apresenta uma ligação em série de uma turbina a gás com um ciclo Rankine através de
uma caldeira de recuperação.

Figura 38 28 - Esquema de ciclo combinado série

Fonte: HIRANO e MAMANI (2003) apud UBERTI e INDRUSIAK (2014)

Para uma central em paralelo o combustível é utilizado para gerar calor para os dois
ciclos. Nesse caso, deve-se operar com apenas um combustível de alta qualidade,
uma vez que os gases estarão em contato direto com a turbina a gás. Pode-se ver
o esquema desse tipo de usina no esquema da Figura 39.

Figura 39 - Ciclo combinado em paralelo

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

A Figura 40 mostra um diagrama de uma usina série paralelo. Neste caso, emprega-
se a queima de combustível adicional na caldeira de recuperação, podendo ser
utilizado um combustível de menor qualidade – carvão mineral, por exemplo – uma
vez que se utilizam os gases de exaustão da TG para a combustão.

Figura 40 - Ciclo combinado série paralelo


20

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

1.1.1.1 4.3.2.1 Classificação das centrais de ciclo combinado segundo o

acoplamento das máquinas

Segundo Lora e Nascimento (2004), as centrais de geração termelétrica de ciclo


combinado são classificadas segundo o acoplamento das máquinas, que
podem ser de eixo único (mono-eixo) ou múltiplos eixos.
No acoplamento mono-eixo a turbina a gás e a turbina a vapor encontram-se
acopladas no mesmo eixo, com apenas um gerador elétrico para as duas
máquinas, conforme mostra a Figura 41.

Figura 29 - Acoplamento mono-eixo

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)

O acoplamento mono-eixo é realizado através de um dispositivo mecânico


denominado clutch, instalado entre o gerador elétrico – acoplado à TG – e a
turbina a vapor.
Este acoplamento mecânico tem como função a conexão da turbina a vapor ao
gerador elétrico quando o número de revoluções desta máquina atinge o
mesmo número de revoluções da turbina a gás, ou tem tendência de superar.
O desacoplamento ocorre quando a velocidade de rotação da turbina a gás é
maior que o da turbina a vapor.
21

Já no acoplamento de múltiplos eixos, a TG encontra-se conectada a um eixo e


um gerador, enquanto que a TV está acoplada a um eixo diferente e com um
gerador elétrico próprio, conforme Figura
42.
Figura 42 - Acoplamento multi-eixos

Fonte: LORA e NASCIMENTO (2004)


22

4. EQUIPAMENTOS EM UMA CENTRAL TERMELÉTRICA


CALDEIRAS DE RECUPERAÇÃO
Mais conhecido como HRSG (do inglês, Heat Recovery Steam Generator), o
Sistema de Recuperação de Calor e Geração de Vapor é responsável por
realizar a troca de calor entre os gases quentes da exaustão da turbina a
gás e gerar o vapor que alimenta o segundo ciclo. HRSGs consistem em
três componentes principais: o evaporador, o superaquecedor, e o
economizador.
Baseado no fluxo de gás de exaustão, HRSGs são classificados como verticais ou
horizontais. No tipo horizontal, o gás de exaustão flui horizontalmente sobre
os tubos verticais ao passo que no tipo vertical, fluxo do gás de exaustão
incide verticalmente sobre os tubos horizontais.
Baseado em níveis da pressão, HRSGs pode ser classificados como
sendo de pressão única ou multi-pressão. HRSGs de pressão única possuem
apenas um cilindro de vapor, ao passo que a multi-pressão HRSGs emprega
dois ou três cilindros em diferentes níveis de pressão. Esses níveis, por sua vez,
são classificados como LP (Baixa Pressão ou “Low Pressure”), IP (Pressão
Intermediária, ou “Intermediate Pressure”) e HP (Alta Pressão, ou “High
Pressure”). Cada cilindro de vapor possui uma seção do evaporador onde a
água é convertida em vapor. Este vapor passa então através dos superheaters
(super aquecedores) para levantar a temperatura e a pressão após o ponto de
saturação e ser então direcionado para a turbina a vapor.
Baseado no modo de recuperação, HRSGs podem ter ou não queima
suplementar, a queima diminui a eficiência global do ciclo combinado, porem
eleva a potencia disponível para a turbina a vapor
23

Figura 4.8 - Elementos da caldeira de recuperação do tipo vertical.


4.2 TURBINAS A VAPOR
Histórico
A pré-história das turbinas a vapor se remonta desde 175 a.C. quando Herón de
Alexandría fez a primeira descrição. A turbina de Herón, figura 11.1, consistia de
uma esfera que podia girar livremente em torno de um eixo diametral, apoiada nos
extremos dos mesmos em dois suportes por cujo interior fazia entrar na esfera o
vapor produzido por dois tubos diametralmente opostos e ("acodados") direcionados
em sentido contrário. A transformação de pressão em velocidade tem lugar
totalmente no elemento móvel (esfera ou "rodete").
Segundo Paulo Eduardo mota filho Embora considerada por alguns autores como a
primeira turbina, ela não possui um elemento considerado obrigatório pelas
definições mais aceitas hoje em dia: as pás.

11.1: Turbina de Herón


O aparecimento da primeira turbina a vapor é associado,
em primeiro lugar, aos engenheiros Carl Gustaf de
Laval (1845 - 1913), da Suécia, e Charles Parsons
(1854 - 1931), da Grã-Bretanha.
24

Desde o início da utilização de turbinas a vapor para a geração de energia


elétrica, elas aumentaram significativamente suas capacidades e
eficiências e tornaram-se mais complexas e sofisticadas.
Classificação
As turbinas a vapor podem ser classificadas segundo os seguintes critérios: a)
Quanto a direção do movimento do vapor em relação ao rotor: - Turbinas a
vapor axiais : são aquelas que o vapor se move dentro do rotor em direção
aproximadamente paralela ao eixo são as mais comuns. - Turbinas a vapor
radiais : são aquelas em que o vapor se desloca aproximadamente em
sentido perpendicular ao eixo da turbina. - Turbinas a vapor tangenciais : são
aquelas em que o vapor se desloca tangencialmente ao rotor.
b) Quanto a forma do vapor atuar no rotor : - Turbinas a vapor de ação : quando
o vapor se expande somente nos órgãos fixos (pás diretrizes e bocais) e não
nos órgãos móveis (pás do rotor). Portanto, a pressão é a mesma sobre os
dois lados do rotor. - Turbinas a vapor de reação : quando o vapor se
expande também no rotor. Ou seja, que a pressão de vapor na entrada do
rotor é maior que na saída do mesmo. - Turbinas a vapor mistas : quando
uma parte da turbina a vapor é de ação e outra parte de reação.
c) Quanto ao número e classe de escalonamentos - Turbinas a vapor de um só
rotor - Turbinas a vapor de vários rotores : as quais, segundo a forma dos
escalonamentos, podem ser : - Turbinas a vapor com escalonamento de
velocidade - Turbinas a vapor com escalonamento de pressão - Turbinas a
vapor com escalonamento de velocidade e de pressão
d) Quanto ao número de pás que recebem o vapor : -Turbinas a vapor de
admissão total : quando o vapor atinge totalmente as pás do distribuidor.
-Turbinas a vapor de admissão parcial : quando o vapor atinge somente uma
parte das pás.
e) Quanto a condição do vapor de escape -Turbinas a vapor de escape livre : nas
quais o vapor sai diretamente para a atmosfera. Portanto a pressão de
escape é igual a pressão atmosférica.
- Turbinas a vapor de condensador : nas quais na saída existe um condensador
onde o vapor se condensa diminuindo a pressão e temperatura. A pressão de
escape do vapor é inferior a pressão atmosférica. - Turbinas a vapor de
25

contrapressão : nas quais a pressão de escape do vapor é superior a pressão


atmosférica. O vapor de escape é conduzido a dispositivos especiais para sua
posterior utilização ( ex.: calefação, alimentação de turbina de baixa pressão,
etc.) -Turbinas a vapor combinadas : nas quais uma parte do vapor é retirada
da turbina antes de sua utilização, empregando-se esta parte subtraída para
calefação e outros usos; o resto do vapor continua a sua evolução normal no
interior da turbina e, na saída, vai para a atmosfera ou ao condensador.
f) Quanto ao estado do vapor na entrada : - Turbinas a vapor de vapor vivo : quando
o vapor de entrada vem diretamente da caldeira. Por sua vez elas podem ser : - de
vapor saturado - de vapor superaquecido - Turbinas a vapor de vapor de escape :
quando se utiliza a energia contida no vapor de escape de uma doutra máquina
térmica ( por ex.: a máquina a vapor, a turbina de contrapressão, etc). A maioria
delas são de vapor saturado
Elementos Construtivos(citar Paulo Eduardo)
• Carcaça, geralmente dividida longitudinalmente em duas partes
para facilitar o
acoplamento e desmontagem, e que contém o sistema de pás fixas ou
distribuidores;
• Rotor com pás em sua periferia. É nele que incide o vapor e onde é
feita a
transformação na direção e magnitude da velocidade do vapor;
• Acoplamento mecânico para conexão com o gerador elétrico;
• Dispositivo de expansão, sempre constituído de um bocal fixo ou
móvel
(diretrizes), no qual a energia de pressão do vapor se transforma em energia
cinética;
• Junta de labirinto, necessária para reduzir o calor gerado quando
acontece o
contato rotor/estator, diminuindo o risco de danos ao material do rotor ou até
mesmo do eixo.
Além destes componentes, a montagem de uma turbina a vapor inclui
uma série de válvulas utilizadas para direcionar o vapor de maneira a maximizar
a conversão da entalpia em energia mecânica. As válvulas principais associadas
à turbina a vapor são mostradas na Figura 3.9. [8]
26

Figura 3.9 - Sistema de válvulas de controle.

• Válvulas Principais de Parada

Também chamadas de válvulas de estrangulamento, têm como principal


função prover proteção de retaguarda para a turbina a vapor quando não há
atuação das válvulas de controle.
É também responsável pelo controle do vapor durante a partida.

• Válvulas de Controle de Vapor

As válvulas de controle de vapor são responsáveis pelo controle primário


da turbina. Têm a função de regular o fluxo de vapor para a turbina e,
conseqüentemente, controlar a potência gerada dentro das condições
especificadas pelo usuário. A liberação de maior ou menor quantidade de vapor
é realizada mediante sinal do regulador de velocidade que emite o comando de
abrir ou fechar as válvulas de controle.

• Válvulas de Interceptação e Válvulas de Parada de Vapor


Reaquecido
27

A utilização das válvulas de interceptação permite o estrangulamento do


fluxo de vapor para a turbina de pressão intermediária controlando dessa
maneira a velocidade, que pode ser sobre-elevada em função da energia
existente no vapor proveniente do reaquecedor. Tal condição também pode ser
verificada durante o desligamento da unidade, sendo as válvulas de
interceptação utilizadas no controle da velocidade.
Uma proteção de retaguarda para a turbina a vapor é oferecida pelas
válvulas de parada do vapor reaquecido no caso de um distúrbio da rede ou uma
falha da válvula de interceptação. Durante grandes variações de carga e
desligamento as válvulas de interceptação controlam a velocidade protegendo a
turbina de sobrevelocidade destrutiva.

• Válvula de bypass

Um sistema de bypass de vapor permite que a caldeira seja operada


independentemente da turbina. Desse modo, o fluxo de vapor na saída da
caldeira dependerá somente da capacidade das válvulas de bypass. O
aquecimento em combinação com o estresse ocasionado pela
sobrevelocidade na turbina, e conseqüente saída de operação, pode
danificar a turbina de alta pressão. Uma forma de evitar que este fato
ocorra é a solicitação da válvula de bypass para sangrar o vapor para o
condensador. Além dos equipamentos principais como caldeiras e
turbinas, uma central termelétrica a vapor possui os denominados
equipamentos auxiliares, que são de importância vital para o
funcionamento da central. Alguns componentes são o condensador, a
torre de resfriamento, o sistema de água de circulação, o desaerador e a
bomba de condensado.
Todos os aparelhos por onde circula a água já condensada, compreendidos entre a
turbina e a caldeira, compõem o sistema de condensado e água de circulação. O
vapor ao sair da turbina é condensado, criando uma zona de baixa pressão na
exaustão da mesma. Em seguida, ocorre o descarregamento da água no desaerador
para a eliminação de gases impróprios. Há ainda uma compensação da água de
28

alimentação que vai entrar na caldeira através do vapor extraído da turbina


completando-se assim o ciclo

4.3 TURBINAS A GÁS


introdução
Segundo Queiroz e Matias (2003), a invenção da turbina a gás e o
desenvolvimento do seu projeto original foram feitos para acionamento de
aviões e pesquisas de propulsão a jato. O emprego de turbinas a gás para o
acionamento de compressores, bombas e geradores foi adaptado mais tarde.
Devido a sua construção compacta, pequeno peso e a alta potência quando
comparado com os motores tradicionais de combustão interna seu uso tem
sido muito difundido para aplicações industriais.

EQUIPAMENTOS E SISTEMAS AUXILIARES


Condensadores
Aquecedores
Desaeradores
Torres de resfriamento
Sistema de tratamento de água
Aquecedores regenerativos
29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
30

REFERÊNCIAS
ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (2009).
Disponível em: <http://www.anp.gov.br/producao-de-derivados-de-petroleo-e-
processamento-de-gas-natutal>. Acesso em 30 de março de 2020.

BRASIL. Lei nº Lei nº 9.478 de 06 de agosto de 1997 . Lei do Petróleo. Disponível


em:< http://www.anp.gov.br/movimentacao-estocagem-e-comercializacao-de-gas-
natural/transporte-de-petroleol/informacoes-exigidas-pela-lei-n-9-478-1997>. Acesso
em 20 de fev. 2020.

BRASIL. Lei nº 11.909 de 04 de março de 2009. Lei do Gás. Disponível em:<


http://www.anp.gov.br/movimentacao-estocagem-e-comercializacao-de-gas-
natural/transporte-de-gas-natural/informacoes-exigidas-pela-lei-n-11-909-2009>.
Acesso em 29 de out. 2019.

CONPET. Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo


e do Gás Natural. (2007). Gás Natural: Informações Técnicas. Disponível em:
<http://www.conpet.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?
fileId=8A9D2A9837B4272E01380B20913C485F> . Acesso em 20 março 2020.

FROTA, W. Análise econômica da introdução do gás natural na matriz elétrica


da cidade de Manaus - estado do Amazonas. 2011. 90 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Recursos da Amazônia) – Faculdade de Tecnologia,
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2011.

lORA, E. E. S.; NASCIMENTO, M. A. R. do. Geração termelétrica:


planejamento, projeto e operação. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

SANTOS, V. D.; CANDELORO, R. J. Trabalhos Acadêmicos: Uma orientação para


a pesquisa e normas técnicas. Porto Alegre/RS: AGE Ltda, 2006. 149 p.

SOUSA, F. A Geração Termelétrica: A contribuição das térmicas a gás natural


liquefeito. 2009. 146 f. Dissertação ( Mestrado em Planejamento de Sistemas
Energéticos) - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas -SP, 2009.

TOLMASQUIM, Mauricio Tiomno. Energia Termelétrica: Gás Natural, Biomassa,


Carvão, Nuclear. Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2016.

UBERTI, V. INDRUSIAK, M. Modelagem e estudo de rendimento termodinâmico de


ciclos combinados de geração termelétrica. Revista Liberato. v. 16, n. 25. Rio
Grande so Sul:Novo Hamburgo, jan./jun. 2015, p. 01-100. Disponível em:<
http://revista.liberato.com.br/ojs_lib/index.php/revista>. Acesso em 13 de out. 2019.

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