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CONSTITUIÇÃO DAS LIGAS
METÁLICAS

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Fabio de Paula Assis

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CONSTITUIÇÃO DAS LIGAS METÁLICAS

1. Vantagens e limitações dos metais puros


O uso de metais puros (ou melhor, comercialmente puros), restringe-se a
algumas poucas aplicações. Por exemplo, o cobre usado em condutores
elétricos e a camada de zinco em aços galvanizados. Também o alumínio
usado em utensílios domésticos (panelas), contém apenas teores mínimos de
outros elementos, podendo ser considerado comercialmente puro.

O que leva ao uso de ligas é a procura de combinações ótimas de:

1) Propriedades: sabemos as vantagens em termos de propriedades


mecânicas (resistência mecânica, dureza etc.) do aço em relação ao
ferro puro, do latão (liga de cobre – zinco) em relação a qualquer um de
seus componentes.

Num gráfico, por exemplo, teríamos a seguinte variação das


propriedades mecânicas dos latões:

Numa liga Cu-Ni (solúveis em todas as proporções), temos os seguintes


gráficos:
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Desta forma, com as ligas, podemos ter maior facilidade para a escolha
das propriedades desejadas.

2) Facilidade de manufatura: a fabricação de uma liga, de maneira geral, é


bem mais fácil que a de um metal puro. É o caso do aço, que é bem
mais simples do que a do ferro puro.
3) Preço: analogamente

Por causa de tudo isso, o estudo das ligas tem se desenvolvido intensivamente
nas últimas décadas e cada vez mais se descobrem novas ligas.
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2. Estudo das ligas


2.1 Definição de liga metálica

“Liga é toda combinação de dois ou mais elementos químicos (pelo


menos um deles sendo metal), que apresente propriedades metálicas (a
condutividade elétrica por meio de elétrons sendo das propriedades
metálicas, a mais característica)”.

Numa liga, pelo menos um dos elementos presentes é um metal, mas


não é necessário que todos sejam. São bem conhecidas ligas de ferro
com carbono, de cobre com fósforo etc.

Vamos recordar algumas das grandes características que diferenciam


metais e ligas de outros materiais.

 Elevada condutividade elétrica;


 Elevada condutividade térmica;
 São opacos e brilhantes;
 Excepcionais propriedades magnéticas;
 Principalmente, a diversidade de propriedades mecânicas que
os metais e ligas podem apresentar, especialmente, a
combinação das seguintes propriedades: elevada resistência à
tração conjugada a elevada resistência ao choque e a
excepcional deformabilidade plástica a temperaturas elevadas
ou mesmo à temperatura ambiente.
 Outras características, como eletrônicas, ópticas e resistência à
corrosão.

2.2 Conceitos básicos

Para facilitar a compreensão dos assuntos que vira o a seguir, veremos


alguns conceitos importantes de uma maneira bastante simplificada.

2.2.1 Sistema: conjunto de substancias e/ou corpos que se deseja estudar


ou considerar isoladamente.
2.2.2 Mistura homogênea ou solução: porção de matéria constituída por 2
ou mais espécies atômica ou moleculares, distribuídas de tal forma
que é impossível distingui-las separadamente. Exemplos: solução
de NaCl na água; solução de C na austenita (Feγ); liga Cu-Ni.
Solução é sempre uma mistura de átomos e/ou moléculas.
2.2.3 Mistura heterogênea (ou simplesmente mistura): porção de matéria
constituída por 2 ou mais soluções que podem ser distinguidas
separadamente, embora possa haver a necessidade de usar
instrumentos especiais como um microscópio, raios-X, etc.
Exemplos: mistura de Fe3C com Feα (formando a perlita); mistura de
gelo com água; mistura de Fe3C, Feα e grafita dando o ferro fundido.
Uma mistura heterogênea é uma mistura de soluções (sólidas,
líquidas ou gasosas).
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2.2.4 Fase: qualquer porção homogênea da matéria; solução ou


substancia pura.
2.2.5 Sistema homogêneo: constituído por uma única solução. Exemplo:
uma liga metálica fundida.
2.2.6 Sistema heterogêneo: constituído por 2 ou mais soluções.
2.2.7 Equilíbrio: dizemos que um determinado sistema está em equilíbrio,
quando no mesmo não puder ocorrer espontaneamente, nenhuma
reação, transporte de calor ou alteração nas posições das fases
presentes.
2.2.8 Equilíbrio metaestável: são aqueles estados de desequilíbrio que,
por circunstâncias diversas puderem existir por um tempo
apreciável. Exemplos: o ferro fundido branco que é uma liga
metaestável; soluções supersaturadas, martensita que é uma
solução supersaturada de C no Feα.

3. Classificação das ligas


Podemos ter vários critérios para classificar as ligas. Veremos neste curso
alguns deles.

3.1. Classificação pelo número de componentes

Em primeiro lugar, devemos definir o que vem a ser componente.

Componentes de um sistema são as espécies atômicas ou moleculares


mais simples e em menor número necessárias para formar um dado
sistema. A escolha dos componentes deve ser feita com critério. Por
exemplo, para certas finalidades, poderia interessar-nos a consideração
do sistema MgO-H2O, noutros casos, talvez fosse preciso escolher o
sistema Mg-O-H.

Sempre devemos escolher os componentes que sejam necessários em


menor número para formar o sistema, levando sempre em conta,
porém, que os componentes devem ser indivisíveis (não devem ocorrer
dissociados). Para o nosso sistema Mg-H2O, colocado a 2000°C,
certamente haverá dissociação da água e devemos considerar
realmente o sistema Mg-O-H.

Exemplos:

 Sistema de 1 componente: ferro líquido contendo pedaços de


ferro ainda sólido.
 Sistemas de 2 componentes: Fe-C, Cu-Zn, C-O.
 Sistemas de 3 componentes: Fe-C-Si, Fe-C-O, Fe-Cr-Ni.

Isto posto, podemos classificar as ligas, de acordo com o número de


componentes em:

1. Ligas binarias. Exemplos: Fe-C; Cu-Zn; Cu-Ni; Fe-Ni.


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2. Ligas ternárias, exemplos: Fe-Cr-Ni; Fe-C-Cr.

É muito difícil o estudo de ligas com mais do que dois componentes.

3.2 Classificação pelo número de fases presentes

1. Ligas monofásicas: apresentam uma única fase. Exemplo, a


austenita, solução sólida do C no Feγ, que será vista no estudo
do sistema Fe-C.

2. Ligas polifásicas: são aquelas que apresentam mais de uma fase


presente, isto é, quando o limite de solubilidade é ultrapassado,
como é o caso da maioria dos aços e de muitas outras ligas.

4. Estudo das fases


Já vimos anteriormente que fases são soluções. No caso das ligas, falamos em
soluções sólidas. Para esclarecer o mecanismo de formação de soluções solidas,
vamos ver o que segue.
Quando estudamos uma liga binária bem simples como a liga Cu-Ni, notamos que
o Cu e o Ni são solúveis mutuamente em todas as proporções, tanto no estado
líquido como no sólido. Eles formam soluções solidas em todas as proporções; ao
observarmos uma liga Cu-Ni ao microscópio, não veremos mais do que um
constituinte.
Já quando estudamos um sistema binário, como o Pb-Sn, verificamos que os 2
constituintes não formam soluções sólidas em todas as proporções. Apenas nos
extremos de composição, ou seja, para ligas ricas em Pb ou em Sn, que temos a
formação de misturas heterogêneas. A solubilidade máxima para citarmos valores
numéricos é de 1,45% de Pb no Sn (porcentagens atômicas) e de 29% do Sn no
Pb (também porcentagens atômicas), à temperatura de 183°C. É o que
chamamos de “soluções sólidas terminais”.
Para o sistema Cu-Zn, temos uma situação bem mais complexa. Há, conforme a
temperatura e a composição, a formação de diversas soluções sólidas, 7 ao todo.
Aquelas que ocorrem em valores de composições intermediárias, chamamos de
“soluções sólidas intermediárias”.
Em sistemas como o Cu-Sn, podemos notara ocorrência de “fases intermetálicas”,
que são aquelas de composição definidas estequiometricamente. Por exemplo, a
fase δ corresponde quase que exatamente à fórmula Cu31Sn8 e a fase ε à fórmula
Cu3Sn. Mas não devemos, de maneira alguma, pensar que temos associações de
átomos análogos às dos compostos iônicos ou covalentes, em que temos uma
localização das ligações entre os átomos vizinhos em proporções definidas, Na
verdade, as fases intermediárias intermetálicas presentes nesse sistema Cu-Sn
são homólogas das fases que ocorrem no sistema Cu-Zn, com a única diferença
de se apresentarem com limites de composição mais estreitos.
Resumindo, num sistema binário podemos ter soluções sólidas terminais ou
intermediárias e fases intermetálicas que, em casos extremos, (sistemas Cu-Mg,
Cu-Ti) correspondem a proporções bem definidas ou simples, podendo ser
denominadas de “compostos intermetálicos”.
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Os exemplos aqui citados ficarão mais claros quando estudarmos os diagramas


de fases.

4.1. Soluções sólidas substitucionais e soluções intersticiais


Entre as soluções sólidas terminais ou intermediárias podemos distinguir 2
tipos: 1) aquelas em que uma espécie atômica B substitui átomos de A no
reticulado cristalino deste último, caso em que os átomos do solvente e do
soluto são de tamanhos semelhantes e 2) aquelas em que B se coloca nos
interstícios existentes entre os átomos de A, onde, evidentemente é essencial
que B (soluto) possua um tamanho suficientemente pequeno para se
acomodar entre os átomos do outro constituinte A. São estas soluções
designadas respectivamente por soluções substitucionais e soluções
intersticiais.
A grande maioria das soluções sólidas é do tipo substitucional. Apenas alguns
átomos como os de H, C, N, O e B podem formar soluções intersticiais. Uma
solução sólida intersticial de C no Feγ é muito importante, a austenita.

As soluções substitucionais podem ser de dois tipos: aquelas em que os


átomos das duas espécies A e B estão dispostos ao acaso nos sítios do
reticulado cristalino e aquelas em que A e B se acham dispostos
ordenadamente.
As soluções substitucionais ordenadas são mais comuns em temperaturas
baixas, ao passo que em temperaturas elevadas, a agitação térmica mais
intensa tende a destruir o arranjo ordenado.

5. Composição das ligas

Deve-se notar que no estudo que estamos fazendo, estamos falando tanto em
porcentagem atômica quanto em porcentagem em peso. Como falamos em
7

substituição de átomos, a porcentagem atômica é mais significativa.


Normalmente, porém, temos composições expressas em peso. Logo devemos
saber expressar porcentagens em peso em porcentagem atômica e vice-versa.

Exercício 1

Uma liga contém 80% em peso de Al e 20% em peso de Mg. Qual a


porcentagem em átomos de cada um?

Pesos atômicos: Al-26,98 e Mg-24,3

Solução: sejam 100g de liga

{ }

Total de átomos: (2,965+0,823)x6,02.1023=3,788x6,02.1023 átomos.

% átomos Al=

% átomos Mg=

Exercício 2

20% dos átomos de cobre são substituídos por aluminio para formar um bronze
de alumínio. Quais porcentagens em peso estão presentes? Cu-63,54

Solução

100 átomos de liga{ }

Massa total=

% peso Cu=

% peso Al=
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6. Conclusões
Neste estudo vimos até agora fases, ou seja, soluções. Devemos
considerar ainda os seguintes fatos:

1) Mudanças de fases: por alteração de composição, de


temperatura ou de pressão (extremamente rara, pois a maioria
das reações metalúrgicas se dá à pressão atmosférica).
2) Temperatura, pressão e composição são as variáveis do
sistema, isto é, as condições que podem ser alteradas no
sistema.
3) A maior parte dos materiais de interesse técnico é composta de
mais de uma fase, sendo, portanto, materiais polifásicos. É o
caso dos aços, soldas etc. A mistura de duas ou mais fases em
um material vai permitir uma interação entre as mesmas, de
forma que, em geral, as propriedades resultantes são diferentes
das fases isoladas.

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