Você está na página 1de 5

Transcrição da aula do dia 23/09/2019 – Professor Douglas Nassif

Teologia 2
Módulo: História dos Cristianismos Antigos, Trindade e Cristologia
Tema: Introdução aos estudos de história do Cristianismo 1

Fala do Professor Douglas: Bem-vindo e bem-vindas! Hoje iniciamos o nosso Módulo


de Introdução aos estudos de história do Cristianismo e nesta teleaula teremos a
oportunidade de vermos conceitos a respeito da história. Gostaria de convidá-los a
participar desta aula de hoje. Os objetivos de nossa aula de hoje são: 1) Analisar
definições de História dialogando com historiadores; 2) Examinar a pessoa do
historiador e a questão da interpretação; 3) Conhecer a intricada periodização na
História do Cristianismo.

BLOCO 01
Fala do Professor Douglas: Estaremos iniciando a nossa teleaula de hoje com o tema
“Introdução aos estudos da história do Cristianismo”. O nosso módulo trabalha com a
história dos Cristianismos e também trabalha com Trindade e Cristologia.
Fala do Professor Douglas: Podemos classificar que quando entramos no campo da
história, existe elementos historiográficos que são como balizas, pontos centrais dentro
do nosso estudo e dentro destes pontos centrais se destaca a figura do historiador...
Fala do Professor Douglas: Definições de História – Dialogando com Historiadores: O
primeiro historiador que eu trago para dialogar conosco é o historiador Justo Gonzalez.
Justo Gonzalez é um historiador que é próximo de nós e seus textos também o são,
porque ele é latino-americano, ele é Cubano. E está há algum tempo erradicado nos
Estados Unidos.
Fala do Professor Douglas: A primeira definição de Justo Gonzalez que iremos
trabalhar é a história como uma autobiografia, como uma chave do autoconhecimento,
como álbum de família. Justo Gonzalez diz que a história do Cristianismo é como se
fosse um álbum de família de todos os cristãos, de todas as cristãs e essa figura é uma
figura muito interessante pois nos permite reconhecer o outro, a outra, mesmo que não
pertença a mesma família, mas que semelhante as fotos de família, muitas fezes
passamos muito tempo sem ver pessoas com quem fazemos parte do grupo familiar...
Fala do Professor Douglas: Uma segunda forma de Justo Gonzalez trabalhar com este
tema é que história não é interesse de antiquário, não é um baú de coisas antigas, mas
sim retrata nossas origens que são fonte de paradigmas. A história pode nos ajudar pela
experiência acumulada a ser como um retrovisor quando estamos dirigindo, pois, os
retrovisores nos ajudam a indicar o que está atrás, o que já passou... A história tem este
mesmo benefício, ou seja, ela nos aponta tudo o que passou, para que as nossas
decisões, as nossas escolhas, a nossa compreensão, o nosso entendimento do que está
acontecendo possa ser mais completo, ou seja, não é alguma coisa só por curiosidade de
algum antiquário, de alguma coisa que já esteja em desuso ou antiga... É muito mais do
que isso, é uma coisa que nos dá origem. Quando a gente fala de origem, estamos
falando de identidade, pois vivemos em um tempo que nos falta muita identidade. A
história nossa nos ajuda a compreender melhor isso...
Fala do Professor Douglas: Seguindo mais um pouco, Justo Gonzalez nos apresenta
dois aspectos importantes: Quando nós falamos de história do cristianismo, estamos
falando de uma história realizada entre homens e mulheres semelhantes a nós. O
cristianismo, desde a sua base, desde a sua origem, desde o movimento de Jesus,
trabalham diretamente com homens e mulheres comuns...
Fala do Professor Douglas: Outro historiador que trago para vocês é o Jean Comby.
Jean Comby é um frade francês da cidade de Lyon. Ele escreveu um livro bem
interessante em que ele afirma que a história da igreja é a história dos homens e o
importante é que é impossível dissociar os diversos contextos – político, econômico,
social, cultural e religioso.
Fala do Professor Douglas: É importante dizer que a igreja está inserida dentro da
sociedade, pois a igreja é parte da sociedade. As pressões que a sociedade sofre no
campo político, no campo econômico, no campo social, no campo cultural, são pressões
que são passadas para a igreja. Então, Jean Comby nos lembra disso. Toda vez que você
for trabalhar com uma história da igreja, faça essa análise... Aquele tempo e o espaço
que você está analisando, como está a situação política, como está a situação
econômica, como está a situação social, como está a situação cultural...
Fala do Professor Douglas: Ainda com Jean Comby: A história resgata fragmentos
culturais do passado para reviver o imaginário de um povo. A maior fonte histórica é a
escrita, seguida pelas artes e pela arqueologia.
Fala do Professor Douglas: Um terceiro historiador que nós trouxemos para conversar
com a gente é Earle Cairns e ele divide a história colocando quatro significados. O
primeiro significado é o Acontecimento, ou seja, o que acontece no tempo e no espaço
como resultante da ação humana. O interessante nesta definição é que situa o homem e a
mulher como agente de transformação da história, quando ele coloca que o que acontece
no tempo e espaço resultante da ação do homem ou da mulher...
Fala do Professor Douglas: O segundo significado para Earle Cairns é o significado da
Informação, informação a respeito dos acontecimentos do passado (textos, desenhos,
construções, vestes). Na realidade, eu e você, por onde passamos deixamos marcas,
deixamos vestígios que não são só documentos oficiais. Muitas vezes, cerâmicas são
recolhidas e retratam o tipo de material que usava-se nas civilizações mais antigas...
Fala do Professor Douglas: Um terceiro ponto é a Investigação ou Pesquisa, que é o
processo para descobrir e verificar dados acerca do passado...
Fala do Professor Douglas: O quarto e último ponto é talvez um dos mais importantes,
que é o da Interpretação ou reconstrução subjetiva do passado, à luz dos dados colhidos,
dos pressupostos do historiador.
Fala do Professor Douglas: Algumas definições não são somente definições de
historiadores. Pela própria construção da palavra “História”, nós podemos ter definições
etimológicas partindo do que a palavra significa, a reconstrução da palavra, verificando
a formação do texto, da semântica da palavra e o que ela significa... Podemos colocar
duas definições de História: História como Historeo, ou seja, aprender por meio da
pesquisa ou investigação; E a outra definição de história como Historicos, ou seja,
produto da investigação, da interpretação.
Fala do Professor Douglas: Quando a gente fala de história, não estamos falando de
um local único e isso é bom termos em mente. Eu considero muito difícil que alguém
trabalhe em uma área em que não se utilize a história. Isto porque, seja qual for a área,
você irá trabalhar de uma forma ou outra com a história. Estamos colocando dentro do
nosso estudo, História do Cristianismo, mas vamos supor que você saísse da área do
Cristianismo e fosse para uma área de saúde, as ciências médicas, por exemplo...
Quando você vai fazer uma consulta, o médico ou a médica que te atendem, para
localizar o diagnóstico, eles fazem o que chamamos de anamnese... Anamnese no Grego
significa memória. O que está sendo feito naquele tempo da consulta é uma
retrospectiva que você fará para passar dados para aquele que cuida de você...
Fala do Professor Douglas: Trazendo então, estes três historiadores como se fossem
testemunhos, historiadores que nos passam o que significa história. Estes historiadores
apontam para nós que quando nós trabalhamos com história do Cristianismo, nós
estamos trabalhando com um tipo de história que liga desde o tempo de Jesus até hoje
todos aqueles que são chamados cristãos...
Fala do Professor Douglas: Essas histórias para serem bem construídas necessitam de
um processo de investigação, de pesquisa para que a interpretação seja mais positiva...
Nós vamos ter nosso intervalo agora, e daqui a pouco voltamos. Até já!

BLOCO 02
Fala do Professor Douglas: Estamos retornando para a segunda parte de nossa
teleaula... Agora, nesta segunda parte, a gente vai trabalhar com a pessoa do historiador
e a questão da interpretação...
Fala do Professor Douglas: De início, já podemos afirmar, que passa pelas pessoas
com todas as suas potencialidades, com todas as suas fragilidades, com todo o seu
acúmulo de experiência e também com pressupostos colocados por marcas vivenciais.
Então, essa perspectiva do historiador, quando ele faz a interpretação, ela terá
necessariamente que usar de uma fundamentação teórica para conseguir ter um bom
resultado na sua investigação e na sua pesquisa...
Fala do Professor Douglas: Cabe à pessoa do historiador o registro das diversas
atividades realizadas pelos seres humanos, efetuando sua interpretação por escrito...
Cabe ao historiador o registro destas atividades que o homem ou a mulher fizeram. Para
isso, ele tem que ter fontes e essas fontes devem ser confiáveis, caso contrário ele não
chegará a um resultado que dê segurança àquela história que está sendo retratada...
Fala do Professor Douglas: Toda pesquisa é desenvolvida levando-se em conta uma
série de escolhas do historiador referente ao caminho da investigação. Da mesma forma
cabe a quem faz a pesquisa a definição das interpretações. É importante saber que toda
pesquisa leva em conta uma série de escolhas que fazemos.
Fala do Professor Douglas: No campo da interpretação independente dos registros
históricos objetivos, a interpretação passa necessariamente sob o ponto de vista e análise
subjetiva de quem fez a narrativa.
Fala do Professor Douglas: A forma de apresentação de uma narrativa, desde a divisão
das partes ao destaque dado a personagens denunciam a ideologia do autor. Não existe
escrita sem intencionalidade, ou seja, dependendo dos nossos pressupostos, nós temos
mais facilidade de entrar em um campo e poderemos ter algum tipo de preconceito
quando entramos em outro campo que não conhecemos.
Fala do Professor Douglas: Existem elementos complementares na produção da
história (ilustrações, desenhos, fotos, imagens, símbolos, etc) que também indicam uma
posição do autor. É importante percebermos nestes detalhes, qual a posição do autor.
Fala do Professor Douglas: O tipo de história produzida (oficial ou independente)
implicará em diferentes conteúdos apresentados. A história oficial tende a ser “mais
controlada”. Na história independente, “mais livre”, pois nela o que importa é saber seus
objetivos. Toda vez que trabalhamos com história, devemos ter cuidado com as nossas
fontes e perceber qual é a intenção que temos.
Fala do Professor Douglas: Dependendo do tema abordado, aspectos do historiador
como o sexo, a nacionalidade, a religião, a pertença a um movimento específico
influenciará consciente ou inconscientemente a pesquisa realizada.
Fala do Professor Douglas: A história é construída a partir dos diversos escritos sobre
atividades realizadas. Considera-se Pré-História as narrativas anteriores à utilização da
escrita. No entanto, com o avanço da arqueologia, hoje nós temos descrições fantásticas
de um determinado período histórico feito através das memórias obtidas da arqueologia.
Fala do Professor Douglas: Pessoal... Vamos para mais um breve intervalo e daqui a
pouco voltaremos para o nosso terceiro e último bloco, até já!

BLOCO 03
Fala do Professor Douglas: Estamos retornando para a terceira e última parte de nossa
teleaula. Agora, veremos a relação do tempo e do espaço no registro historiográfico.
Vamos trabalhar com a questão da periodização da história do cristianismo. Quando
falamos em Periodização da História do Cristianismo, nós pegamos os dois mil anos de
história e subdividimos em partes que vamos identificar a partir de agora... Não dá para
falar em história sem designar o tempo e o espaço...
Fala do Professor Douglas: O primeiro recorte historiográfico que fazemos, o
chamamos de “Cristianismo Antigo” que vai até o ano de 476 d.C. A datação do
nascimento de Jesus não foi feita na hora. É lá no quinto século que alguém irá
investigar, pesquisar e aí os próprios evangelistas através de documentos antigos da
igreja vão ajudar... Então, eles irão se aproximar do que seria o ano zero. Dentro do
Cristianismo Antigo nós veremos alguns temas, normalmente nós começamos com o
mundo Greco-Romano. A nossa ideia é mostrar como estava formado o império e como
se dava a sua infraestrutura. Depois de ter essa visão do império, nós procuramos fechar
para a Palestina. Palestina é um nome que os romanos deram para a Judeia. Então, na
Palestina, nós vemos como é o sistema político, econômico, social, cultural na
Palestina... A seguir, veremos o Cristianismo bem no início, o movimento do Jesus que
começa a sua missão, não há igreja nesse tempo...
Fala do Professor Douglas: O Cristianismo do primeiro século foi nitidamente judaico
e começa a se evangelizar a partir da evangelização dos gentílicos. No segundo século, a
igreja gentílica supera em número a igreja judaica e a expulsa dali da Palestina. Iremos
verificar as perseguições ao Cristianismo. O Cristianismo sofre primeiro a perseguição
judaica e ela se manifesta no tempo de Jesus e segue até o ano 64. O ano 64 é o ano do
incêndio de Roma. Nesse ano, do incêndio de Roma, os cristãos são perseguidos por
Roma desde o ano 64 até o ano 311. A perseguição romana, portanto, demora 247 anos
e durante todo este tempo, salvo um breve período, a sentença de morte pairava sobre os
cristãos. No quarto século, após o ano 311, o Cristianismo passa a ser permitido pelo
estado, por isso podemos dizer que a partir de 313 nós temos o império cristão. Então,
essa é a primeira parte que a gente estuda sobre a história do cristianismo...
Fala do Professor Douglas: A segunda parte é o Cristianismo Medieval que vai do ano
476 ao ano 1453 d.C. Em 1473 o que cai é o império oriental. Não dá para falarmos de
cristianismo sem associar os dois impérios, tanto o do ocidente quanto o do oriente...
Fala do Professor Douglas: O terceiro período é o período do Cristianismo Moderno
que vai do ano de 1453 ao ano de 1789 d.C. Esse período chamado de Cristianismo
Moderno é um período de uma grande mudança na sociedade, mudança que começa
com um movimento que parte das artes denominado “Renascença”. Da “renascença”
que busca na antiguidade clássica a sua inspiração, tanto das esculturas, quanto das
pinturas, como para a produção dos textos. A reboque da renascença surge um
movimento também com aspectos de renascença que é o humanismo. Entrando no
século 16 nós temos as reformas e no século 17 nós temos uma guerra importante e
quase que geral na Europa, chamada “Guerra dos 30 anos” que deixa graves marcas
dentro da sociedade. Depois dessa guerra há um descaso e uma tristeza em relação à
igreja e aí surge um movimento chamado “Religião do Coração” que renova o ambiente
luterano.
Fala do Professor Douglas: E por fim, temos o Cristianismo Contemporâneo que vai
do ano de 1789 até os dias de hoje. Talvez o que podemos destacar são os grandes
avivamentos, principalmente ocorridos no século 19 e início do século 20... Nós vamos
ter os movimentos das igrejas, da santidade e da cura divina, desembocando no século
20, em 1906, dentro do que chamamos “Pentecostalismo”.
Fala do Professor Douglas: Pessoal... Ficamos por aqui. Desejo a vocês uma boa
semana de trabalho e tendo alguma dúvida entre em contato conosco. Uma boa semana
de estudos a todos e todas!

Você também pode gostar