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Direito Constitucional II

Módulo IV

Mandado de Injunção
Previsão Legal
 Art. 5º, LXXI, CF: Conceder-se-á mandado
de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania
 Lei 13.300/16
Conceito
 Segundo Alexandre de Moraes, “o
mandado de injunção consiste em uma
ação constitucional de caráter civil e de
procedimento especial, que visa suprir
uma omissão do Poder Público, no intuito
de viabilizar o exercício de um direito,
uma liberdade ou uma prerrogativa
prevista na Constituição Federal.” (2015)
 Tem como finalidade combater a falta de
efetividade das normas constitucionais
causada pela inércia do Poder Legislativo
infraconstitucional
 Nesse aspecto assemelha-se à ação direta de
inconstitucionalidade por omissão,
distinguindo-se desta no que tange aos
legitimados para sua propositura e também
com relação à matéria tratada que, no
mandado de injunção, é mais limitada
Constituição Federal
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade
e em todos os processos de competência do Supremo
Tribunal Federal.
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
medida para tornar efetiva norma constitucional, será
dada ciência ao Poder competente para a adoção das
providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
 Segundo Lenza, “tal como a ADO - ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, o mandado de
injunção surge para "curar" uma "doença"
denominada síndrome de inefetividade das
normas constitucionais, vale dizer, normas
constitucionais que, de imediato, no momento
que a Constituição entra em vigor (ou diante da
introdução de novos preceitos por emendas à
Constituição, ou na hipótese do art. 5º, § 3º), não
têm o condão de produzir todos os seus efeitos,
precisando de ato normativo integrativo e
infraconstitucional.” (2015)
Requisitos
I. Norma constitucional de eficácia limitada,
prescrevendo direitos, liberdades
constitucionais e prerrogativas inerentes
à (I) nacionalidade, à (II) soberania e à (III)
cidadania;
II. Falta de norma regulamentadora, tornando
inviável o exercício desse direitos, liberdades e
prerrogativas (omissão do Poder Público).
(Lenza, 2015)
- Essa omissão poderá ser total ou parcial
Objeto
 Segundo Lenza (2015), essas normas
constitucionais de eficácia limitada, que
permitem o ajuizamento do mandado de
injunção podem ser:
 I. Normas de eficácia limitada,
declaratórias de princípios
institutivos ou organizativos:
geralmente criadoras de órgãos
– Ex: arts. 91, 125, § 3º e 131, CF
Cont.
II. Normas declaratórias de princípios
programáticos: veiculam programas a
serem implementados pelo Estado
– Ex: arts. 196, 215, 218, caput, CF
 Segundo Dirley da Cunha Junior, “o mandado
de injunção foi concebido como instrumento
de controle concreto ou incidental de
constitucionalidade da omissão, voltado à
tutela de direitos subjetivos. Já a ação direta
de inconstitucionalidade por omissão foi
ideada como instrumento de controle
abstrato ou principal de constitucionalidade
da omissão, empenhado na defesa objetiva da
Constituição...
 ... Isso significa que o mandado de
injunção é uma ação constitucional de
garantia individual, enquanto a ação direta
de inconstitucionalidade por omissão é
uma ação constitucional de garantia da
Constituição.” (Lenza, 2015)
Legitimidade Ativa
 Qualquer pessoa poderá impetrar o
mandado de injunção, quando a falta de
norma regulamentadora estiver
inviabilizando o exercício dos direitos
previstos pelo instituto
 Mandado de Injunção coletivo: arts. 12 e
13, Lei 13.300/2016
Legitimidade Passiva
 Somente a pessoa estatal responsável pela
elaboração da norma e que não o fez
 Ex: omissão legislativa federal 
Mandado de Injunção deverá ser ajuizado
em face do Congresso Nacional
 Exceção: se a iniciativa de lei for
privativa do Presidente da República (art.
61, § 1º, CF), a ação será proposta em face
dele
Procedimento
 Lei 13.300/2016
 Pelo Regimento do STJ, o mandado de
injunção terá prioridade sobre os demais
atos, salvo o habeas corpus, mandado de
segurança e habeas data
Competência
 Competência do STF:
- originária: art. 102, I,“q”, CF
- recursal: art. 102, II, “a”, CF -
Competência recursal para apreciar MI
denegado em única instância pelos
Tribunais Superiores
 Competência originária do STJ: art.
105, I,“h”, CF
 Competência do Tribunal Superior
Eleitoral: art. 121, § 4º, V, CF –
Competência recursal para apreciar MI
denegado pelo TRE
 Competência dos Estados: art. 125, § 1º,
CF
 “No âmbito estadual, será permitido aos
Estados-membros, no exercício do poder
constituinte derivado decorrente,
estabelecerem em suas constituições
estaduais o órgão competente para processo
e julgamento de mandados de injunção
contra a omissão do Poder Público em
relação às normas constitucionais estaduais.”
(Moraes, 2015)
Efeitos da decisão proferida em
Mandado de Injunção
 A doutrina e a jurisprudência do STF
classificam os efeitos do mandado de
injunção em dois grandes grupos:
I. Concretistas
II. Não concretistas
I. Concretistas
“Pela posição concretista, presentes os
requisitos constitucionais exigidos para o
mandado de injunção, o Poder Judiciário
através de uma decisão constitutiva, declara
a existência da omissão administrativa ou
legislativa, e implementa o exercício do
direito, da liberdade ou da prerrogativa
constitucional até que sobrevenha
regulamentação do poder competente.”
(Moraes, 2015)
 Com relação a abrangência de seus
efeitos essa decisão se divide em:
I.a) Posição Concretista geral: segundo
Alexandre de Moraes, “pela concretista
geral, a decisão do Poder Judiciário terá
efeito erga omnes, implementando o
exercício da norma constitucional através
de uma normatividade geral, até que a
omissão seja suprida pelo poder
competente” (2015)
I.b) Posição Concretista individual
direta: o Poder Judiciário ao julgar
procedente o mandado de injunção,
implementa a eficácia da norma
constitucional ao autor (decisão com efeito
inter partes)
I.c) Posição Concretista individual
intermediária: ao julgar procedente o
mandado de injunção, o Poder Judiciário
fixa ao Poder Legislativo um prazo para
elaborar a norma regulamentadora. Findo o
prazo sem a elaboração da norma, o Poder
Judiciário fixa as condições necessárias ao
exercício do direito do autor (decisão com
efeito inter partes)
II. Posição não concretista
II. Posição não concretista: a decisão
proferida pelo Poder Judiciário limita-se a
decretar a mora do poder omisso,
reconhecendo por sentença sua inércia. A
decisão não tem efeito no sentido de
conceder ou negar o direito concreto do
autor, mas apenas de reconhecer a
inviabilidade de seu exercício pela falta da
norma regulamentadora
 Inicialmente a posição não concretista foi
dominante no STF
 No entanto, a decisão proferida nesse
caráter não viabilizava o exercício do
direito pleiteado, pois não era capaz de
sanar o problema da inércia legislativa,
tornando a providência jurisdicional
inócua
 Por essa razão, o STF passou a adotar, em
alguns casos, a posição concretista
individual intermediária, capaz de oferecer
prazo para a atuação do Poder Legislativo
e de garantir o direito, por efeito inter
partes, caso a inércia permanecesse
 Atualmente, diante da regra expressa no
art. 5º, § 1º, CF, que preceitua terem as
normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais aplicação imediata,
tem o STF adotado a posição concretista
geral, regulando provisoriamente o tema
até que o Congresso Nacional normatize
a matéria
 Essa posição sempre foi pouco aceita pela
doutrina, pois permite ao Poder Judiciário
exercer uma função típica do Poder
Legislativo, situação incompatível com o
sistema de separação dos poderes
 No entanto, devido à inércia excessiva do
legislador, o STF adotou um “ativismo
judicial”, a fim de que direitos
fundamentais possam ser concretizados
 Essa forma de atuação do Poder Judiciário
se tornou necessária e aceita diante do
que Pedro Lenza chama de “inércia
desarrazoada, negligente e desidiosa”
(2015), pois direitos como o de greve aos
servidores públicos permaneceram por
mais de 20 anos aguardando
regulamentação que não foi elaborada
Efeitos da sentença nos termos da
Lei 13.300/16

 Arts. 8º a 11, Lei 13.300/2016: efeitos e


extensão da sentença proferida em
Mandado de Injunção

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