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Salle Merril Redfield

A Alegria da Meditação

2002 por Salle Merrill Redfield


Título da edição original em inglês: The joy of meditating
Publicado originalmente nos Estados Unidos por Warner Books, Inc.,
tradução
Maria Teresa Machado
preparo de originais
Regina da Veiga Pereira
revisão
Sérgio Bellinello Soares
locução do CD
Juraciara Diácovo
produção do CD
Carlos Irineu da Costa
fotolitos
A alegria da meditação
/ Salle Merrill Redfield ; tradução de Maria Teresa Machado.
Tradução de: The joy of meditating
AGRADECIMENTOS

Agradeço de coração a Gail Nelson, pelo amor e estímulo incondicionais, a


Albert Clayton Gaulden, que intuiu este livro muito antes que eu o visse como uma
realidade, e sobretudo a James, pelo apoio constante e inestimável.

Medita essas coisas e a elas entrega-te para que teu progresso se manifeste a
todos.
(I Timóteo 4, 15)

APRESENTAÇÃO

Vivemos em tempos de mudança cada vez mais acelerada. A vida normal, no


trabalho, na comunidade, em casa, vem ganhando um ritmo que mal podemos
acompanhar. Viver, para muitos de nós, passou a ser uma sucessão de readaptações
velozes, desenfreadas mesmo, procurando manter o passo e conseguir fazer frente a
todas as opções e demandas que o mundo moderno impõe a nós e aos nossos filhos.
Vivemos também em tempos de expectativas elevadas e opressoras. Sentimos no fundo
que a vida não devia ser assim, que é
necessário haver um estado de espírito que torne mais fácil lidar com as
responsabilidades e os desafios súbitos e imprevistos que nos atropelam.
Queremos estar na linha de frente, navegar na crista do nosso cotidiano, e não
sentir que vamos ficando para trás, sem fôlego, sempre às voltas com incêndios que
precisam ser apagados, sujeitos a um nível de expectativa a que nunca conseguimos
corresponder.
São cada vez mais numerosas as pessoas que vêm encontrando na meditação um
instrumento valioso para aperfeiçoar sua maneira e capacidade de lidar com o estresse e
manter o pique. Eu não sei se é possível transmitir plenamente o que alguns minutos por
dia de tranqüilidade e recolhimento são capazes de fazer por uma pessoa. Já se
comprovou através da pesquisa que a meditação produz mudanças corporais, porque
aprofunda o relaxamento e elimina a tensão. Há, porém, alterações na percepção que são
ainda mais extraordinárias.
Quando livramos a mente do que é inútil, temos mais tempo e lucidez para cuidar
daquilo que é de fato fundamental e premente. Como desaceleramos nosso ritmo, o
tempo parece render mais, o que nos permite planejar nossos passos e até parar
simbolicamente para contemplar as flores e sentir o seu perfume.
Podemos refletir, e ser.
Todas essas mudanças são construídas através da experiência concreta e regular
da meditação. Não há ninguém que seja capaz de passar por esse tipo de transformação
sem viver a experiência da meditação e sentir os seus efeitos. Este livro é para aqueles
que querem tentar.
James Redfield
Introdução

Eu comecei a tomar consciência da real importância da meditação quando a


minha vida deu uma guinada de cento e oitenta graus em 1989. Naquele ano, eu terminei
um casamento de sete anos, vendi a minha casa e mudei-me para um outro estado, longe
dos meus amigos. Tudo foi tão repentino e traumatizante, que eu me vi convivendo com
um nível elevado de estresse e ansiedade. No passado, a meditação era algo que eu fazia
de vez em quando, mas, nesse período, comecei a meditar todos os dias.
Fiquei sabendo que havia na cidade para onde me mudei um grupo de pessoas
que se reunia uma vez por semana para meditar e orar. A líder do grupo era uma mulher
altamente intuitiva que nos ajudava a relaxar, a sentir-nos amados, a buscar uma sintonia
com os aspectos mais elevados de nós mesmos.
Os exercícios de visualização me proporcionaram uma progressiva sensação de
bem-estar e conforto. Eu vivia na expectativa das sessões semanais de meditação e fui
estreitando o vínculo com os colegas do grupo.
Ao nos reunirmos a cada semana, nossa meditação tinha por objetivo tentar nos
ajudar reciprocamente a achar soluções para os problemas do cotidiano. Havia vezes em
que encontrávamos prontamente as respostas. Em outras, os efeitos daquele convívio
pacífico só se faziam sentir mais tarde, quando conseguíamos entender as coisas com
mais clareza. O fato é que, independentemente de como nos sentíamos no início da
meditação, terminávamos o encontro com uma enorme sensação de bem-estar.
Mais tarde, graças à sincronia de uma série de fatos, convidaram-me a assumir a
liderança do nosso grupo de meditação. Isto, como se veria depois, preparou-me para
conduzir as sessões de meditação para milhares de pessoas durante a viagem que eu e
meu marido, James Redfield, fizemos pelo exterior divulgando o livro dele, A Profecia
Celestina. Esta tornou-se também a base das meditações que gravei numa fita de áudio,
Meditações Celestinas. Foi nessa turnê de divulgação do livro de James que eu percebi o
quanto a prática da meditação se havia popularizado.
Inicialmente a meditação era associada às religiões orientais ou às escolas
esotéricas do pensamento ocidental. Mas hoje a meditação é entendida como um estado
mental extraordinariamente relaxante e benéfico, ao alcance de praticamente qualquer
pessoa, além de começar a ganhar crédito científico.
Em Healing and The Mind (A cura e a mente), um livro agora clássico que
também deu origem a um especial de televisão exibido nos Estados Unidos, o autor Bill
Moyers fala do trabalho de pesquisa dos Drs. Jon Kabat-Zinn e Dean Ornish, conhecidos
em todo o país como os papas da florescente medicina da mente e do corpo.
O Dr. Jon Kabat-Zinn, fundador e diretor da Clínica de Redução do Estresse do
Centro Médico da Universidade de Massachusetts, ganhou fama internacional pela
utilização da ioga e da meditação no tratamento de pacientes com dor crônica e doenças
relacionadas ao estresse.
A pesquisa do Dr. Jon Kabat-Zinn na Clínica de Redução do Estresse demonstrou
a eficácia da meditação no tratamento da hipertensão e da ansiedade, e sobretudo na
prevenção dessas doenças. Entre os efeitos positivos da meditação contam-se a
sensibilidade mais aguçada, o maior controle das emoções e a expansão da criatividade.
O Dr. Dean Ornish é professor-assistente de clínica médica e diretor do Instituto
de Pesquisa em Medicina Preventiva da Escola de Medicina da Universidade da
Califórnia, em San Francisco. A pesquisa do Dr. Ornish foi pioneira na demonstração de
que se pode reverter a doença coronariana sem o uso de remédios ou cirurgia, mediante
um rigoroso programa que inclui dieta, caminhadas e meditação.
O tempo que eu uso no meu cotidiano para meditar é vital. Ao desacelerar,
mentalizar e respirar profundamente, encontro lá no fundo de mim uma esplêndida
sensação de paz. Prefiro meditar caminhando junto à natureza, pois tenho a sensação de
que, no meio de um bosque ou à beira-mar, estou em comunhão profunda com a fonte
divina. Sinto-me também mais lúcida e criativa.
A medida que nossa sociedade toma consciência dos benefícios da meditação,
tem crescido o número de pessoas que manifestam interesse em meditar por conta
própria. Este livro tem por objetivo facilitar essa prática, introduzindo a meditação numa
perspectiva bastante geral que privilegia o relaxamento e a arte da imaginação e da
visualização.
As quatro meditações apresentadas a seguir podem ser praticadas isoladamente e
em qualquer situação de vida. Estão organizadas em seqüência e é importante seguir a
ordem, completando cada uma das meditações antes de passar à seguinte. Cada
meditação levará de quinze a vinte minutos. Vá com calma, usando todo o tempo que for
necessário para conseguir visualizar plenamente cada pensamento.
Sugiro que você mantenha este livro à sua cabeceira. Leia-o quando quiser
relaxar e complemente-o ouvindo o CD. Mas, lembre-se, para surtirem efeito, as
meditações devem ser lidas e ouvidas com o máximo de atenção possível e com o
espírito receptivo.
Abra seu coração... você vai encontrar aqui a alegria de meditar.

PRIMEIRA MEDITAÇÃO

Esta meditação foi pensada para relaxar a musculatura do corpo e reduzir a tensão
e a ansiedade. É importante que, quando você meditar, seu corpo esteja bem relaxado
antes de limpar a mente e abrir-se para um nível de consciência mais elevado. Eu sugiro
que você se sente numa cadeira macia ou que se deite de costas, numa cama de colchão
firme ou no chão. E muito comum, por causa do estresse a que estamos sujeitos no
nosso dia-a-dia, sentirmos dores ou tensão muscular em vários pontos do corpo.
Os pontos mais sensíveis costumam ser as costas, o pescoço e os ombros.
Se você costuma sentir dores na coluna lombar, talvez seja melhor deitar-se com
um travesseiro debaixo dos joelhos, aliviando a pressão. Durante a meditação, você
receberá instruções para contrair levemente os músculos e depois soltar.
Esse movimento de entrega intensifica o processo de relaxamento. É possível
que, à medida que for trabalhando o seu relaxamento corporal, você sinta necessidade de
corrigir a sua posição. Faça isso, é normal.
Preste atenção na sua respiração. Deixe-a fluir solta durante toda a meditação.
Acho que um suave fundo de música instrumental ajuda a atingir melhores
resultados. A música ajuda você a relaxar e a concentrar a mente. Durante a meditação, é
possível que você se dê conta de que a sua mente "viajou" ou ficou ligada em alguma
preocupação decorrente dos problemas do dia. Isso acontece com todo mundo. Cada vez
que a mente se dispersar, tome consciência e volte a se concentrar. Não se censure nem
perca o estímulo por causa da dispersão. Não se preocupe também com os problemas,
pois mais tarde você vai ter tempo para resolvê-los com muito mais equilíbrio e
serenidade, por causa dos efeitos da meditação.
Lembre-se que você está apenas começando. Não há maneira certa ou errada de
meditar. Tente apenas relaxar e seguir as instruções o melhor que puder. Quanto mais
você praticar, mais fácil irá se tornando. Aos poucos, os benefícios trazidos pela
meditação farão dela uma feliz necessidade.
Meditação

Comece a meditação fazendo suaves movimentos com o corpo até sentir que está
numa posição confortável.
Deixe o seu corpo acomodar-se, como se estivesse afundando na cadeira, na cama
ou no chão.
Comece a examinar cuidadosamente todo o seu corpo. Quais são as partes do seu
corpo que estão relaxadas? Quais são as partes que estão tensas?
Agora, preste atenção na sua maneira de respirar.
Sinta os seus pulmões se expandindo e o seu abdome subindo quando você
inspira e descendo quando você solta o ar.
Respire profundamente. Inspire pelo nariz e expire pela boca. Solte o ar
lentamente.
Agora, preste atenção nos seus pés. Como é que eles se sentem? Contraia
levemente os músculos dos pés, apenas por alguns segundos... e depois solte-os.
Em seguida, preste atenção na sua barriga da perna.
Contraia levemente por alguns segundos e depois solte-a.
Agora, as coxas. Contraia e solte a musculatura das coxas.
Se você continuar a sentir alguma tensão nas pernas, volte a contraí-las, soltando-
as em seguida.
Se for necessário, acomode-se melhor na sua posição.
Agora, veja como estão seus quadris, glúteos e coluna lombar.
Procure se liberar de qualquer tensão que possa estar armazenada aí.
Contraia os glúteos por alguns segundos e solte-os.
Agora, concentre-se na região do estômago e do abdome.
Muitas vezes, a ansiedade se acumula nessa parte do corpo porque o estresse faz
essa musculatura se contrair.
Conscientemente, relaxe o estômago e o abdome respirando fundo.
Agora, suba para o seu tórax.
Sinta de novo os pulmões se expandindo e o tórax se abrindo quando você inspira
e descendo quando você expira.
Concentre-se, em seguida, na musculatura das suas costas.
Faça com as suas costas movimentos leves e suaves para ajudar a desmanchar
eventuais tensões musculares nessa região.
Para relaxar os músculos entre as omoplatas, curve de leve a coluna dorsal,
aproximando as duas omoplatas uma da outra. Fique assim uns dois segundos e depois
solte.
O estresse também pode provocar a contração dos ombros na altura do pescoço.
Verifique se os seus ombros estão soltos e relaxados.
Veja como o seu pescoço se sente depois de ter soltado os ombros.
Se você costuma sentir o seu pescoço tenso, vamos ver se conseguimos diminuir
esse desconforto.

Devagar e muito suavemente, alongue os músculos do seu pescoço, virando a


cabeça para a esquerda e para a direita como se você quisesse olhar para um lado e para
o outro.
E importante que os seus movimentos sejam lentos e conscientes.
Tenha cuidado com o seu pescoço, evite qualquer movimento brusco ou que não
seja confortável.
Agora, gire lentamente a cabeça, primeiro no sentido dos ponteiros do relógio,
depois no sentido inverso.
Sinta como os músculos do pescoço vão ficando mais relaxados.
Faça leves movimentos circulares com o maxilar e veja como ele se sente.
Se você sentir o maxilar preso ou rígido, cerre os dentes uma ou duas vezes e
solte-os em seguida.
Mova o maxilar inferior para um lado e para o outro e veja se ele está mais solto.
Mais uma vez, respire profundamente e vá soltando o ar aos poucos.
Descontraia e relaxe o seu rosto, contraindo e soltando os músculos do rosto.
Em seguida, relaxe a testa, aproximando e depois erguendo as sobrancelhas.
Procure relaxar completamente a cabeça.
Agora, concentre-se nos seus braços e nas suas mãos.
Feche as mãos, apertando com força durante um momento, e solte.
Contraia e solte os músculos dos seus braços.
Movimente um pouco os seus braços e mãos e depois deixe-os cair naturalmente.
Conte devagar até dez.
Sinta o seu corpo relaxando completamente e se entregando como se você fosse
um boneco de pano.
Observe mais uma vez o seu corpo.
Se você perceber que é preciso relaxar melhor alguma parte do seu corpo, volte a
contrair e soltar essa parte.
Agora, respire profundamente, três vezes.
Lembre-se de inspirar profundamente pelo nariz e soltar o ar pela boca.
Inspire de novo, prendendo o ar e contando devagar até quatro, antes de soltar.
De novo, a última vez: inspire lentamente, prenda o ar contando até quatro e
solte.
Sinta como a sua respiração ajuda a relaxar profundamente o seu corpo.
Agora, imagine-se no meio de um círculo de luz com poderes curativos.
Sinta o seu corpo ir absorvendo essa luz.
Aproveite essa luz entrando pelo seu corpo para soltar cada parte que ainda não
está bem relaxada.
Inspire, levando a luz para os seus pulmões.
Pare um instante para sentir a paz que inunda o seu corpo e vivencie a sua
conexão com essa luz amorosa e curativa.
Antes de encerrar a meditação, respire mais uma vez profundamente. Solte a
imagem da luz, sabendo que ela permanecerá com você.
Quando tiver vontade, comece a mexer-se e espreguiçar-se suavemente, abrindo
lentamente os olhos.
Ao retomar as atividades do dia, lembre-se de manter os ombros abaixados e
soltos. Pare de tempos em tempos, feche os olhos, relaxe o corpo e respire
profundamente três ou quatro vezes. Toda vez que você sentir algum estresse ou
desequilíbrio, visualize a luz curativa inundando seu corpo e formando em torno de você
uma bolha de luz protetora.
SEGUNDA MEDITAÇÃO

Esta segunda meditação tem a finalidade de ampliar a sua capacidade de relaxar e


acalmar a mente. Quando tiver se acostumado a relaxar profundamente, você estará no
ponto certo para expandir sua consciência através da visualização.
A meditação começa com um breve período de relaxamento. Em seguida, você
fará uma viagem mental seguindo uma trilha no meio das árvores até um riacho
cristalino. Nesse lugar, você irá sentar-se e mergulhar na beleza do ambiente,
visualizando as cores e formas. Imagine o melhor que puder tudo o que está à sua
volta. Confie nas imagens que lhe vêm espontaneamente à cabeça. Se você não
conseguir ver logo todas as imagens plenamente, tenha paciência.
Quanto mais você praticar esta meditação, mais fácil será visualizar as cenas.

Meditação

Vamos começar a meditação respirando profundamente.


Inspire lentamente pela boca e solte o ar pelo nariz.
Veja se você está numa posição confortável, com as costas bem apoiadas e a
coluna reta.
Pare um instante e examine o seu corpo todo para ver como ele se sente.
Quais são as partes do corpo que estão relaxadas? Onde ainda existem pontos de
tensão?
Assim como você fez na primeira meditação, comece pelos pés, verificando como
eles se sentem.
Se existe algum ponto de tensão nos seus pés, contraia os pés levemente e solte-
os em seguida.
Agora, as suas pernas. Se você sente que elas estão tensas, aperte e contraia
suavemente os músculos das pernas. Solte-os.
Lembre-se de respirar enquanto relaxa o seu corpo.
Vá subindo pelo seu tronco, por suas costas.
Como está a parte superior das costas?
O espaço entre as omoplatas está tenso ou relaxado?
Faça pequenos movimentos circulares com as omoplatas e veja se isso ajuda a
soltar a musculatura.
Se você sente alguma parte rígida ou contraída, respire profundamente e use a
respiração para relaxar os músculos.
Inspire, visualizando esses músculos se soltando e se entregando.
Agora, verifique se os seus ombros estão abaixados e relaxados.
Como é que o seu pescoço está se sentindo hoje?
Vire a cabeça lenta e suavemente para um lado e para outro, ajudando a relaxar e
soltar os músculos do pescoço.
Continue a levar o relaxamento para todas as partes do seu corpo.
Lembre-se de apertar e contrair qualquer músculo que esteja tenso, soltando
depois.
Agora, conte devagar até dez.
Respire fundo três vezes.
Inspire lentamente pelo nariz e expire pela boca.
Inspire de novo, prendendo o ar, e conte devagar até quatro, antes de expirar.
Respire uma última vez: inspire, segure o ar e expire.
Mais uma vez, examine o seu corpo todo e acomode-se melhor se for preciso.
Agora, prepare-se para fazer uma viagem mental por uma trilha no meio das
árvores que levará você até um riacho tranqüilo.
Comece a viagem visualizando-se de pé diante de um portão.
Como é esse portão? É uma porteira simples e rústica ou é um portão rico e
enfeitado?
Imagine o portão que lhe parecer mais bonito e convidativo.
Saiba que o portão está aí para proteger os lugares sagrados que ficam do outro
lado. Você é a única pessoa que pode atravessar o portão. A não ser que queira convidar
alguém para ir junto.
Abra o portão, passe e feche o portão atrás de você.
Comece a caminhar pela trilha que se estende à sua frente.
Repare em volta as árvores altas, as samambaias, a vegetação verde e exuberante.
Como é a trilha?
E uma trilha de terra ou é uma trilha pavimentada?
O dia está lindo e o sol brilha no céu.
Ao longo da trilha há muitas flores do campo. Pare e aspire o seu perfume.
Comece a andar, sentindo como se tivesse deixado para trás por algum tempo o
seu dia-a-dia.
Comece a ouvir ao longe o som de água corrente.
Afaste-se da trilha pisando com os pés descalços na relva fresca e macia.
Siga na direção do riacho.
Pare um pouco e olhe em volta até achar um lugar tranqüilo e seguro para sentar-
se.
Você pode sentar sobre a relva, sobre uma manta ou numa pedra. Talvez até uma
pedra no meio do riacho.
Escolha o lugar que você achar mais atraente. Se ficar no meio ou na beira do
riacho, pode colocar os pés na água e sentir seu movimento e frescor.
Agora, permaneça em sossego durante alguns momentos observando o ambiente.
Em volta de você há lindas árvores frondosas e verdes. Talvez você esteja vendo
flores do campo ou uma vegetação variada.
Olhe riacho acima e repare a água correndo sobre as pedras cinzentas e roliças.
Repare que algumas pedras estão cobertas de musgo.
Sinta o frescor da sombra das árvores frondosas.
Veja o reflexo do sol brilhando na água.
Talvez haja peixinhos no riacho. Observe sua cor e sua forma.
Agora, ouça ao fundo os sons dos passarinhos e dos grilos.
Sinta o efeito calmante do murmúrio da água brincando nas pedras.
Experimente mergulhar as mãos e sentir se a água está fria. Se quiser, ponha os
pés dentro d'água.
Olhe para o fundo do rio e procure ver se há alguma pedra ou seixo especialmente
bonito.
Enfie a mão até o fundo e pegue a pedra.
É um seixo macio e roliço, ou é uma pedra pontuda e cheia de arestas?
Examine durante algum tempo e sinta o contato da pedra em suas mãos.
Quando você achar que chega, devolva a pedra ao leito do rio.
Agora, deite-se de costas olhando o céu azul e as nuvens brancas que flutuam lá
no alto.
Sinta o frescor da brisa no seu corpo.
Você está se alimentando da energia da natureza.
Tome consciência de que você se encontra exatamente onde devia estar.
Sinta como se uma presença amorosa estivesse protegendo você, cuidando de
você.
Durante alguns instantes, sinta a sua conexão com a beleza à sua volta.
Desfrute a sensação de amor e paz que inunda seu corpo, enchendo-o de luz.
Sinta a luz penetrando em cada célula, alimentando o seu corpo.
Inspire profundamente e sinta-se em comunhão com a natureza e com o Universo.
Inspire de novo, conectando-se com a beleza uma última vez.
Quando você achar que é hora, prepare-se para deixar esse lugar sagrado.
Toda vez que, no seu cotidiano, você sentir tensão ou alguma angústia, feche os
olhos, respire profundamente uma ou duas vezes e visualize-se nele.
Olhe uma última vez ao redor.
Afaste-se do riacho, voltando à trilha por onde você veio.
Saiba que uma parte sua transformou-se por causa dessa experiência.
Na volta, observe de novo as árvores e as flores.
Veja o portão ao longe.
Chegando ao portão, abra-o lentamente e passe por ele.
Feche o portão atrás de você e aos poucos vá se preparando para encerrar a sua
meditação.
Comece a mover-se e a se espreguiçar.
Respire profundamente antes de retomar o seu dia.

TERCEIRA MEDITAÇÃO

Assim como na segunda meditação, esta meditação amplia o que foi vivido nas
meditações anteriores.
Ela começa relaxando o seu corpo e depois novamente leva você numa viagem
pela trilha no meio das árvores até o riacho, revendo as imagens e a sensação de beleza
experimentada antes.
Depois de um breve período, você continua pela trilha até chegar a um lago
majestoso de água cristalina. Aqui, você irá desenvolver a experiência do amor. A
finalidade desta meditação é explorar uma experiência mais profunda do Divino.
Pelos próximos quinze ou vinte minutos, relaxe o seu corpo e usufrua o que vai
viver.

Meditação

Vamos começar a meditação respirando profundamente.


Inspire lentamente pelo nariz e solte o ar pela boca, sentindo o seu tórax e o
abdome subirem e descerem.
Agora, comece a tomar consciência do seu corpo.
Quais são as partes do seu corpo que estão relaxadas e quais são as que estão
tensas?
Comece pelos pés e examine o seu corpo todo.
Lembre-se de contrair e soltar cada músculo que esteja tenso.
Relaxe a região do estômago e o abdome.
Verifique se os seus ombros estão soltos e relaxados.
Deixe os seus braços e mãos naturalmente caídos.
Se for necessário, aproveite o relaxamento para encontrar a melhor posição para o
seu corpo.
Agora, comece lentamente a contar até dez.
Em seguida, respire profundamente três vezes, inspirando pelo nariz e soltando o
ar pela boca.
A cada inspiração, prenda o ar e conte devagar até quatro antes de soltar.
Libere toda a tensão que você puder, confiando que o seu corpo vai continuar
relaxando naturalmente durante toda a meditação.
Agora, visualize-se diante do portão pelo qual você passou na última meditação.
Lembre-se, você é a única pessoa capaz de abrir o portão e ir para os lugares que
estão do outro lado.
Passe pelo portão e feche-o atrás de você.
Sinta como se você estivesse deixando para trás, do lado de fora, todas as suas
preocupações.
Comece a caminhar pela trilha que você já conhece no meio das árvores.
Observe o arvoredo alto e frondoso e a vegetação exuberante.
Sinta o chão onde você está pisando e o cheiro da terra.
Aproveite o dia lindo e o sol radioso.
Vá andando até começar a ouvir o som do riacho à distância.
Caminhe em direção ao riacho.
Quando chegar perto, saia de novo da trilha para a relva fresca.
Sente-se e fique um tempo ouvindo o murmúrio tranqüilizante da água rolando
nas pedras e dos pássaros cantando em volta.
Observe o colorido das flores e o verde das samambaias.
Respire profundamente e sinta a paz desse lugar.
Entregue-se completamente ao momento, absorvendo a energia da natureza.
Dê uma última olhada em volta antes de se preparar para deixar o riacho e seguir
caminho.
Quando você quiser, volte à trilha e retome a caminhada. Vá seguindo a trilha no
seu percurso sinuoso à beira do riacho.
Olhe em frente e veja lá adiante um campo florido. Repare que depois desse
campo há um lago tranqüilo.
Aproxime-se do lago e repare como é calma a superfície da água.
Observe a cor e a transparência da água. Levante os olhos para as diferentes
árvores que se erguem às margens do lago.
Procure ver se há peixes, patos, cisnes ou outros animais.
Agora, abaixe-se e coloque a mão na água. Qual é a sua temperatura? Mire-se na
água cristalina, tentando ver o seu reflexo.
Em seguida, procure um lugar agradável para se sentar.
Quando achar esse lugar, crie um ambiente seguro e confortável para onde você
tenha sempre vontade de voltar.
Inspire profundamente até sentir uma forte conexão com a beleza do lago.
Agora, comece a perceber bem perto de você a presença de uma luz amorosa.
Essa luz curativa envolve você.
Essa luz divina inunda o seu corpo, transmitindo força e energia.
Sinta plenamente a presença dessa luz dentro de todo o seu corpo, ocupando-o
inteiro.
Comece a pensar em algum momento de sua vida em que você sentiu que recebia
muito amor.
Recorde profundamente essa experiência. Sinta-se recebendo amor e
aceitação.
Observe como o seu corpo se sente quando você pensa no amor que recebeu.
Agora, lembre de algum momento da sua vida em que você deu muito amor a
alguém.
Como o seu corpo se sente quando você está dando amor?
Em seguida, imagine o seu amor saindo de você como se fosse uma luz.
Visualize a cor e a forma dessa luz.
Agora, pense em alguém com quem você gostaria de compartilhar essa luz.
Escolha a primeira pessoa que lhe vem à mente, não importa quem seja.
Talvez você esteja vendo mais de uma pessoa.
Veja essa pessoa ou essas pessoas sendo envolvidas por sua luz amorosa.
Continue a envolver essa pessoa ou essas pessoas até você achar que elas
absorveram toda a luz possível.
Solte a imagem delas, confiando que a luz lhes trará um grande bem.
Pare um instante e concentre-se de novo em você.
Volte a olhar o lago e respire profundamente.
Dê uma última olhada no lugar onde você se sentou e prepare-se para partir.
Dirija-se à trilha por onde você veio.
Faça a caminhada de volta passando pelo riacho e pelo arvoredo alto.
Chegando ao portão, saia e feche-o.
Dentro de você estão todos esses sentimentos maravilhosos de amor.
Respire mais uma vez profundamente e comece a concentrar-se no local onde
você está meditando.
Repare como os seus músculos relaxaram durante a meditação.
Retome o seu dia sabendo que você recebeu o dom do amor divino e
compartilhou-o com mais alguém. Quando no seu cotidiano você quiser mandar essa luz
amorosa para alguma pessoa, pare um instante, visualize-se na beira do lago, seu corpo
inundado de luz divina e dirija a luz para essa pessoa.

QUARTA MEDITAÇÃO

Esta última meditação, você irá novamente fazer a caminhada pela trilha,
revivendo o relaxamento, a percepção da beleza e a sensação do amor divino que você
experimentou nas três meditações anteriores.
Nesta meditação você seguirá a trilha indo ainda mais longe, até alcançar a
grandiosidade e beleza de um vasto oceano. Enquanto ouve as ondas quebrando, você
vai visualizar certos fatos da sua vida, o seu destino e a sua missão.
A finalidade desta meditação é usar a sua capacidade de visualização para
descobrir a direção que sua vida deve tomar para que você ame e sirva melhor aos
outros.

Meditação

Comece a meditação respirando profundamente.


Inspire e solte o ar lentamente, expandindo o seu peito e o seu abdome.
Agora, observe como o seu corpo está se sentindo hoje.
Comece pelos pés e examine o seu corpo todo.
Lembre-se de contrair e soltar todos os músculos que estão tensos.
Verifique se os seus ombros estão soltos e relaxados.
Sinta o seu rosto se suavizando.
Agora, conte devagar até dez.
Respire profundamente três vezes, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela
boca.
A cada inspiração, segure o ar e conte devagar até quatro antes de soltar.
Sinta o seu corpo ficando mais leve a cada respiração.
Agora, volte a examinar o seu corpo. Procure a posição mais confortável.
Quando tiver vontade, veja-se diante do portão que você visualizou nas
meditações anteriores.
Abra o portão e passe.
Ao fechar o portão, sinta-se mais uma vez como se você estivesse deixando para
trás todos os seus aborrecimentos e preocupações.
Comece a caminhar pela trilha.
Não se esqueça de observar as árvores e as flores à sua volta.
Vá seguindo a trilha no seu percurso sinuoso às margens do riacho.
Pare um pouco para contemplar a água correndo por entre as pedras, enquanto
ouve o canto dos pássaros. Aspire o perfume das flores silvestres.
Agora, siga andando pela trilha até avistar o lago à distância. Em vez de andar até
o lago, olhe à sua direita uma outra trilha que leva a uma pequena colina.
Lá longe, além da colina, você consegue avistar a linha do horizonte de um vasto
oceano azul e esmeralda.
Caminhando na direção da colina, você começa a ouvir o barulho das ondas
quebrando suavemente na praia.
Suba até o alto da colina e contemple a vista magnífica.
Desça pelo lado oposto e vá até a praia.
Sinta a areia morna e macia debaixo dos seus pés. Repare no contraste da cor da
areia com a cor do mar.
Inspire profundamente o cheiro da maresia.
Caminhe um pouco, conhecendo o lugar.
Quando tiver vontade, sente-se onde você se sentir mais confortável. Pode ser
diretamente na areia ou sobre uma toalha ou debaixo de uma barraca.
Olhe para o mar e deixe seus olhos seguirem por alguns momentos o vaivém das
ondas na areia.
Sinta a brisa fresca e suave arrepiando sua pele.

Comece a visualizar a mesma luz das meditações anteriores.


Mais uma vez, sinta a luz amorosa inundando o seu corpo, enchendo-o de
energia.
Respire essa luz e sinta que ela alimenta cada célula do seu corpo.
Sinta como se esse amor divino conhecesse você, compreendesse você e amasse
você.
Sempre conservando a luz amorosa dentro de você, vamos fazer um exercício
mental parecido com o da terceira meditação.
Pense em alguma coisa que alguém fez por você nesses últimos tempos e que lhe
deu muita alegria.
Pode ter sido alguma coisa bem simples, como alguém que lhe sorriu no elevador
ou ajudou você a cumprir uma obrigação.
Veja como o seu corpo se sente quando você recorda esse fato.
Pense agora em alguma coisa especial, mesmo que seja muito simples, que você
pode fazer por alguém nas próximas vinte e quatro horas. Telefonar para alguém, dizer
uma palavra amável, ajudar uma pessoa.
Os seus atos de bondade se somam aos muitos atos de amor praticados pelos
outros, irradiando e ampliando o amor, fazendo desse mundo um lugar melhor e mais
bonito.
Agora, visualize um mundo onde esses atos são comuns e espontâneos.
Um mundo onde todos estão repletos de muito amor e dando amor ao próximo.
Como seria viver num mundo assim? Como seria o crescimento e o
desenvolvimento de cada pessoa?
Pense um momento na sua própria vida e procure lembrar as coisas mais
significativas que lhe aconteceram desde o seu nascimento. Pense nos gestos que lhe dão
mais alegria, nos seus principais talentos, naquilo que você realiza com mais
naturalidade.
O que é que essas coisas querem dizer? Que espécie de missão ou destino elas
apontam? Que tipo de contribuição especial você pode dar ao mundo?
Reflita sobre essas questões durante todo o tempo que você quiser. Depois,
respire profundamente, repare que o sol vai se pondo e que está na hora de voltar à
trilha.
Levante-se e faça o caminho de volta.
Suba de novo até o alto da colina para olhar uma última vez o oceano e
contemplar a beleza do horizonte ao pôr-do-sol.
Siga pela trilha, passe pelo lago e comece a ouvir ao longe o murmúrio do riacho.
Deixe o riacho para trás e dirija-se ao arvoredo e ao portão.
Chegando a ele, abra-o devagar e saia.
Vá agora tomando consciência do seu corpo, do lugar onde está e lentamente
comece a mexer-se e espreguiçar-se.
Antes de retomar as atividades do seu dia, lembre-se da viagem que você fez e
das percepções que teve. Confie em suas intuições e observe-as com a maior atenção.
As coincidências começarão a acontecer à medida que a visão mais profunda de
seu ser for se tornando real.

PALAVRAS FINAIS

Amigas e amigos, tenho certeza de que lhes trouxe uma contribuição preciosa
com essas quatro meditações. Minha convicção vem do fato de ter experimentado em
mim mesma as transformações que a meditação trouxe e de ter verificado o mesmo em
muitas outras pessoas.
Procurem praticá-las o mais regularmente possível, mesmo que para isso seja
necessário vencer uma resistência inicial. Como já foi dito, os benefícios conquistados
lhe darão tanta alegria, que a meditação deixará de ser um dever para tornar-se uma
agradável necessidade.
A meditação me trouxe a paz interior que eu procurava há tanto tempo e que, para
mim, é sinônimo de felicidade. Passei a relativizar os acontecimentos externos, não
deixando que me afetassem como acontecia antes. Agora sei que tudo em nossa vida tem
um sentido e uma razão. Pode ser que não percebamos na hora e até nos revoltemos com
algum problema ou perda. Mais tarde, porém, iremos descobrir e certamente será algo
que pode contribuir para o nosso crescimento. Aprendi que portas se fecham para que
outras se abram. Isso, é claro, não elimina a dor ou sofrimento causados sobretudo pelas
perdas, mas dá maior serenidade para enfrentar as situações difíceis. Dá mais esperança.
Tornei-me mais complacente comigo e com os outros, diminuí meu nível de
expectativa. Hoje sei que fazemos o que é possível em um determinado momento e que
erros são excelentes oportunidades de crescimento se, em vez de julgá-los e condená-los,
aprendermos com eles.
O que a meditação me trouxe de fundamental foi o contato com a dimensão
divina que está presente no mundo, em todos os seus seres, em mim mesma.
Somos tantas coisas — mãe, esposa, profissional, dona-de-casa, amiga dos
amigos, membro de uma família mais ampla —, passamos o dia tão envolvidos pelas
múltiplas solicitações, que, se não tivermos um espaço para nos concentrar e desligar do
tumulto, acabamos perdendo contato com o que há de mais íntimo e essencial em nós: a
nossa dimensão divina que se traduz concretamente em gestos de amor grandes e
pequenos, heróicos e anônimos.
Essa consciência da dimensão divina presente no Universo e em todos os seus
seres ajudou no meu relacionamento tanto com a natureza quanto com as pessoas. Hoje,
procuro descobrir em cada um o que tem de melhor e que muitas vezes se esconde
debaixo das aparências. Percebo que, quando entro em contato com o que há de melhor
nas pessoas, contribuo para que esse aspecto desabroche e floresça.
Por tudo isso, desejei compartilhar minha experiência e minha crença com vocês.
Para ajudá-los essencialmente a conquistar a serenidade, a compaixão, a capacidade de
dar e receber amor, a paz interior. Porque, para mim, esses são os principais elementos
que nos realizam profundamente e fazem a nossa felicidade.
É o que lhes desejo: que sejam felizes.

Fim

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