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Direito Penal | Material de Apoio

Professor Antonio Pequeno.

TEORIA GERAL DO CRIME

1- CONCEITOS DE CRIMES

A) CONCEITO FORMAL – O CRIME É A CONDUTA PROIBIDA PELA LEI PENAL.

B) CONCEITO MATERIAL – CRIME É TODA CONDUTA LESIVA AOS BENS JURÍDICOS MAIS RELEVANTES.

C) CONCEITO ANALÍTICO – VAI DIVIDIR O CRIME EM ELEMENTOS. CRIME É O FATO TÍPICO, ILÍCITO E CULPÁVEL.

1-MODELO CLÁSSICO DE DELITO

ERNST VON BELING (1906)

TIPO
CRIME

ANTIJURIDICIDADE

CULPABILIDADE

TEORIA CAUSAL- NATURALISTA DA AÇÃO

2- MODELO NEOCLÁSSICO OU NEOKANTISTA DE DELITO (EDMUND MEZGER - 1930)

3- MODELO FINALISTA DE DELITO

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FATO TÍPICO
CRIME
ILICITUDE

CULPABILIDADE

3- Fato Típico e seus elementos

Fato típico – conceito: é a conduta (positiva ou negativa) que provoca um resultado (em regra) que se amolda
perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal

O fato típico é composto dos seguintes elementos: conduta, resultado naturalístico, nexo de causalidade e tipicidade

FATO TÍPICO

CONDUTA

RESULTADO
NATURALÍSTICO

NEXO DE
CAUSALIDADE

TIPICIDADE

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3.1-CONDUTA

Conduta é o agir humano consciente e voluntário, dirigido a uma finalidade

O tipo penal não descreve qualquer fato, mas somente condutas.

*obs.: 1 São características da conduta:

A) comportamento humano, consistente num movimento ou abstenção de movimento corporal;

B) voluntariedade

*Obs .: 2 Toda conduta humana deve ser consciente e voluntária.

B.1) CRIME DOLOSO

B.2) CRIME CULPOSO

B.3) CRIME PRETERDOLOSO

3.1.1-FORMAS DE CONDUTA

A conduta compreende duas formas: o agir e o omitir-se (desde que voluntários).

A) Ação: O termo ação, em sentido amplo, as abarca, embora seja mais interessante seguir os exemplos do Código,
e usar a palavra ação como sinônimo de ação positiva.

O crime comissivo — praticado por ação — é o mais fácil de conceituar. Corresponde a um movimento corpóreo do
indivíduo. Uma alteração da posição dos músculos, determinada pelo cérebro de acordo com a vontade do
indivíduo. Faz-se o que não se poderia fazer.

B) omissão: termo omissão para designar a ação negativa. Conduta seria a palavra mais apropriada como
denominador comum.

Crimes omissivo próprios e crimes omissivos impróprios

Há duas espécies de crimes omissivos. Os omissivos próprios e os omissivos impróprios.

Os omissivos próprios contém, na definição do tipo penal, um verbo que indica a falta de ação, normalmente o
verbo deixar. A descrição típica alude a um não-fazer (omissão de socorro, abandono intelectual, omissão de
notificação de doença etc.).

Já os omissivos impróprios são crimes comissivos praticados mediante uma omissão. Um exemplo: quem deixa
de alimentar uma criança, e causa-lhe a morte, pratica um homicídio por omissão. O tipo penal descreve uma ação,
mas o resultado é obtido por uma inação.

3.1.2-Ausência de conduta

A) coação física irresistível

B) Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose,etc...)

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C) Atos reflexos

3.2- RESULTADO

Resultado é uma modificação no mundo exterior que se segue, como conseqüência, à primeira modificação, que é a
conduta.

O resultado é, dentre os efeitos da prática da conduta, o que a lei penal entende como suficiente à configuração do
crime. Há, no entanto, delitos sem resultado, nos quais o legislador procurou antecipar a punição, recaindo esta,
unicamente, sobre a prática da conduta.

3.2.1 – Resultado Naturalístico

De acordo com o resultado naturalístico, as infrações penais classificam-se em:

A) Crime material: também chamados “crimes de ação e resultado”, pois o tipo penal descreve tanto a conduta
quanto seu efeito. Se este não ocorrer, por circunstâncias alheias à vontade do agente, haverá tentativa. Ex.:
homicídio (o resultado é a morte); furto (subtração); peculato (apropriação); estupro (conjunção carnal).

B) Crime Formal: existe um resultado possível e desejado pelo agente, mas o tipo penal não exige sua ocorrência,
punindo a simples prática da conduta. Ex.: corrupção ativa (basta prometer a vantagem, ainda que esta não seja
aceita); extorsão (consuma-se somente com a prática da violência ou grave ameaça); calúnia (não é necessário
comprovar que a honra foi lesionada, bastando o ato de ofender).

C) Crime de mera conduta: o tipo descreve apenas a conduta, sem se referir a qualquer resultado. Ex.: violação de
domicílio, desobediência, porte de arma etc

3.2.2- Resultado normativo ou jurídico

Refere-se à própria lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado (ex.: a incolumidade e a saúde
públicas, nos crimes contra a saúde pública; a fé pública, nos crimes de falsidade documental; a vida, no crime de
homicídio; o patrimônio, no crime de furto). Pode-se dizer, portanto, que nem todo crime acarreta resultado
naturalístico, mas todo crime exige resultado jurídico ou normativo, como afirma SANTIAGO MIR PUIG, não
responde à questão do porque ser este ou aquele fato contrário ao direito, surgindo, como resposta a essa
indagação, o conceito de antijuridicidade ou ilicitude material, ou seja, o próprio conteúdo do injusto.

3.2.3 – Resultado previsto no art.13 do CÓDIGO PENAL

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).

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3.3-NEXO DE CAUSALIDADE (entre a conduta e o resultado, salvo nos crimes de mera conduta e formais)

3.3.1-Conceito: É a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. Adotou o CP a teoria da equivalência dos
antecedentes, que considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

3.3.2- Teoria da equivalência dos antecedentes causais: É a adotada pelo art.13 do Código Penal

*procedimento hipotético de eliminação de Thyrén - Para saber se determinado fato é ou não causa do
resultado, utiliza-se o método hipotético de Thyrén: se não houvesse o fato, o resultado teria ocorrido? Se se concluir
que não, é porque o fato foi causador do resultado.

3.3.3-Limites ao regresso ad infinitum ou complemento à teoria conditio sine qua non

*Análise de dolo ou culpa - Depois de se estabelecer o nexo de causalidade, atenta-se para a culpa (lato sensu) do
agente. Assim, a responsabilidade penal só se dará com a presença do aspecto objetivo (nexo causal) e do aspecto
subjetivo (culpa). Não há lugar, no Direito Penal, para a responsabilidade objetiva

3.3.4- ESPÉCIES DE CAUSAS

3.4.1 – CAUSAS ABSOLOTUMANTE INDEPENDENTES

Quando a causa é absolutamente independente, não há nexo

NAS TRÊS HIPÓTESES ABAIXO, A CONDUTA DO AGENTE NÃO POSSUI RELAÇÃO COM O RESULTADO.

3.4.1.1-CAUSA PREEXISTENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE (ART.13


CAPUT).

III.4.1.2- CAUSA CONCOMITANTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE

3.4.1.3-CAUSA SUPERVINIENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE

3.4.2-CAUSAS RELATIVAMENTES INDEPENDENTES

3.4.2.1-CAUSA PREEXISTENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE

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3.4.2.2. CAUSA CONCOMITANTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO AGENTE

3.4.2.3- CAUSA SUPERVINIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE QUE NÃO CAUSA,POR SI SÓ, O RESULTADO.

3.4.2.4- CAUSA SUPERVINIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE QUE CAUSA, POR SI SÓ, O RESULTADO (ART.13,
§1º DO CP).

4-TIPICIDADE (enquadramento do fato material a uma norma penal).

EXCLUDENTES DE ILICITUDE

FATO TÍPICO ANTIJURIDICIDADE OU ILICITUDE CULPABILIDADE


CONDUTA (DOLO E CULPA) IMPUTABILIDADE
RESULTADO NATURALÍSTICO POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA
ILICITUDE
NEXO DE CAUSALIDADE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA
DIVERSA
TIPICIDADE

ILICITUDE

1-CONCEITO: A ilicitude, também denominada de antijuridicidade, é o segundo substrato do conceito analítico de


crime. Deve ser entendida como conduta típica não justificada, espelhando a relação de contrariedade entre o fato
típico e o ordenamento jurídicoco como um todo.

SLIDE EM BRANCO

2- RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE

*Teoria da indiciariedade ou da “ratio cognoscendi”: Isso significa que a tipicidade gera suspeita de ilicitude. É o
mesmo que dizer: presume relativamente a ilicitude. Gera indícios, suspeita. Sabe-se que crime é fato típico,
ilicitude e culpabilidade. O fato típico desperta indícios de ilicitude. Mas presta atenção: se eventualmente, os
indícios desaparecerem, o fato típico persiste. Será um fato típico não ilícito. Desaparecendo a ilicitude, o fato típico
permanece, só não gera mais ilícito.

3-CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE

Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

EXCLUDENTES DE ILICITUDE (PREVISTAS NA PARTE GERAL)

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA ESTRITO CUMPRIMENTO EXERCÍCIO REGULAR DE


DO DEVER LEGAL DIREITO

ATENÇÃO As causas supramencionadas são exemplos de causas de exclusão de ilicitude genéricas,


entretanto, temos também causas específicas que excluirão ilicitude, exemplo: Art. 128, I, do Código Penal:

Art.128 Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante

3.1- ESTADO DE NECESSIDADE

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se

3.1.1 – REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE

A) PERIGO ATUAL -

B) QUE A SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO TENHA SIDO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE

C) SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO-

D) INEXISTÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO –

ART.24,§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

E) INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO-

F) INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DE INTERESSE AMEAÇADO

I) TEORIA UNITÁRIA - Não importa se o bem protegido pelo agente é de valor superior ou igual àquela que está
sofrendo a ofensa. É a teoria adotada pelo CP.

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24, § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.

II) TEORIA DIFERENCIADORA

G) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE- O agente tem que saber que está sendo beneficiado
com a causa excludente de ilicitude.

O estado de necessidade pode ser

Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente sacrifica bem jurídico de um terceiro que não provocou
a situação de perigo;

Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico de quem ocasionou a situação de perigo.

Pode ser ainda:

Real –
Putativo –

1- LEGÍTIMA DEFESA

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

1.1- REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA

A) AGRESSÃO INJUSTA –

B) ATUAL OU IMINENTE -

C) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS

D) PROTEÇÃO DO DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO -

E) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE-

1.2-LEGÍTIMA DEFESA E ERRO NA EXECUÇÃO

Erro na execução

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CP- Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa
que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1.3- É POSSÍVEL LEGÍTIMA RECÍPROCA?

A legítima defesa pode ser:

Agressiva –

Defensiva –

Real –

Putativa –

1.4- O que se entende por legítima defesa preordenada?

2- ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato típico, mas o faz em cumprimento a um dever previsto
em lei.

3- EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Dessa forma, quem age no legítimo exercício de um direito seu, não poderá estar cometendo crime, pois a ordem
jurídica deve ser harmônica, de forma que uma conduta que é considerada um direito da pessoa, não pode ser
considerada crime, por questões lógicas. Trata-se de preservar a coerência do sistema.

Mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majoritária entende que os direitos derivados dos
costumes locais não podem ser invocados como causas de exclusão da ilicitude

Exemplos de exercício regular de um direito:

3.1 OFENDÍCULO

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Ofendículos (ou ofendículas, offendicula, offensacula, offendiculum) são obstáculos, colocados pelo
proprietário, que impedem a penetração de alguém numa propriedade. Dessa forma eles dificultam que uma pessoa
invada um domicílio, bem jurídico protegido pelo art. 150 do CP. Nas palavras de Fernando Capez:

4- CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE)

5-EXCESSO NAS JUSTIFICANTES

23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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