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Investigación original / Original research

Barreiras às intervenções relacionadas


à saúde do trabalhador do
setor saúde no Brasil
Érica Lui Reinhardt 1 e Frida Marina Fischer 2

Como citar Reinhardt EL, Fischer FM. Barreiras às intervenções relacionadas à saúde do trabalhador do setor
saúde no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2009;25(5):411–7.

RESUMO Objetivo. Identificar na literatura situações que possam impedir ou prejudicar as ações de
prevenção de acidentes e doenças ou de promoção da saúde de trabalhadores do setor saúde.
Método. Foi realizada uma revisão da literatura utilizando a base SciELO para o período de
1967 a 2008, complementada por busca na base PubMed para o período de 1950 a 2008. Os se-
guintes termos foram utilizados para identificar artigos em português, inglês e espanhol: tra-
balho, trabalhador, ocupacional, riscos, doenças, ergonomia, capacidade para o trabalho, quali-
dade de vida, organização, acidentes, condições de trabalho, intervenção e administração.
Foram selecionados artigos sobre prevenção de doenças e acidentes e sobre promoção da saúde
no trabalho em serviços de saúde latino-americanos. Também foram selecionados artigos sobre
intervenções em ambientes de trabalho no setor saúde.
Resultados. Foram identificadas as seguintes situações desfavoráveis: programas de inter-
venção sem boa base teórica e não integrados à gestão do serviço como um todo; falhas em ava-
liar a eficácia das intervenções; vigilância da saúde restrita a doenças e agravos específicos;
falta de compromisso da gestão com as intervenções; falhas na comunicação; falta de partici-
pação e controle por parte dos trabalhadores sobre o ambiente de trabalho; e programas e in-
tervenções baseados exclusivamente na mudança comportamental dos trabalhadores.
Conclusões. A literatura mostra que todas as barreiras citadas afetam tanto a melhoria do
estado de saúde dos trabalhadores em saúde quanto a sua capacidade para o trabalho.

Palavras chave Revisão, setor de assistência à saúde, saúde do trabalhador, pessoal de saúde, Brasil.

Uma análise do conjunto das pesquisas que, embora a primeira tese localizada sintomas e doenças osteomusculares, he-
sobre a relação entre saúde e trabalho sobre saúde do trabalhador seja de 1951, patite B e, sobretudo, estresse e saúde
mostra que a preocupação com a saúde foi somente na década de 1980 que sur- mental (1).
dos trabalhadores no setor saúde foi mais giu a primeira tese abordando trabalha- Esse crescimento na produção acadê-
tardia do que em outras categorias pro- dores da saúde. A partir de então, esse mica acompanhou o surgimento da
fissionais. No Brasil, Santana (1) relata atraso foi compensado: na década de AIDS e a sua consolidação como epide-
1980 e na seguinte, nenhuma categoria mia. Até então, nenhuma outra doença
profissional recebeu tanta atenção, com havia suscitado tanto debate quanto à se-
1 Fundacentro, Coordenação de Higiene do Tra- pouco mais de 15% de todas as teses e gurança dos profissionais de saúde, ape-
balho, São Paulo (SP), Brasil. Correspondência: Rua
Capote Valente 710, CEP 05409-002, São Paulo, dissertações entre 2000 e 2004 dedicadas sar de já se conhecerem os riscos de
SP, Brasil. E-mail: erica.reinhardt@fundacentro. a esse grupo. Vários aspectos foram estu- transmissão de muitos outros agentes
gov.br dados: rotatividade, riscos químicos e causadores de doenças graves (2). Os
2 Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde
Pública, Departamento de Saúde Ambiental, São biológicos, acidentes de trabalho, aciden- primeiros 2 anos da epidemia de AIDS
Paulo (SP), Brasil. E-mail: fmfische@usp.br tes com perfurocortantes, ergonomia, ensejaram a formulação de precauções

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com sangue e fluidos com sangue visí- gislação, por exemplo aqueles relaciona- obtidos após busca na base de dados
vel. Em 1984, 1 ano após a descoberta do dos à valorização do trabalho e das car- PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov) englo-
HIV, ocorreu o primeiro relato de trans- reiras, à modificação das relações de tra- bando o período de 1950 a 2008, que cor-
missão em ambiente de trabalho. Em balho e da forma de gestão desses serviços respondia ao total de anos cobertos por
1987, os Centers for Disease Control and e à ampliação do espaço para participação esta base de dados no momento do es-
Prevention (CDC), nos Estados Unidos, ativa de todos os trabalhadores. tudo. Como complementação adicional,
tomaram conhecimento de outros três Além disso, muitas vezes os avanços os mesmos termos foram usados para
casos, recomendando, no mesmo ano, a no conhecimento e na legislação perma- pesquisar outros artigos relacionados à
adoção das “precauções universais” com neceram como meras declarações de in- saúde do trabalhador em ambas as ba-
sangue ou outros líquidos corpóreos por tenções, e o estabelecimento, na prática, ses e abrangendo os mesmos períodos
parte de todos os profissionais de saúde de ações de prevenção ou de promoção já citados, porém não restritos ao setor
(2). da saúde continua sendo uma realidade saúde.
Esse período, incluindo a década de distante. Assim, o objetivo deste trabalho
1990, coincidiu ainda com modificações foi examinar a literatura a fim de identi- RESULTADOS
no sistema de saúde no Brasil e com a ficar elementos, situações ou contextos
criação do Sistema Único de Saúde que poderiam impedir ou prejudicar a Na base de dados SciELO foram loca-
(SUS). Essa década também foi marcada implantação de ações e intervenções diri- lizados 88 artigos sobre a saúde e as con-
pelo debate em torno da reforma do gidas à saúde do trabalhador do setor dições de trabalho dos trabalhadores no
Estado na América Latina, dentro do saúde. setor saúde. Setenta e cinco desses estu-
contexto da globalização e da internacio- dos apresentavam um diagnóstico da se-
nalização da economia (3, 4), que propi- MÉTODO gurança e das condições de trabalho e de
ciaram transformações na dinâmica dos saúde desses trabalhadores, fornecendo
mercados de trabalho em geral e, parti- Foram feitas buscas em português, es- subsídios para a elaboração e o desen-
cularmente, nas profissões da área da panhol e inglês na base de dados SciELO volvimento de ações e intervenções. Em
saúde. Nesse setor, aumentaram as (www.scielo.org) usando os seguintes somente 13 trabalhos foi feita uma ava-
exigências quanto ao ingresso de pes- termos, isoladamente ou em combina- liação dos resultados desse tipo de in-
soal, principalmente o de apoio; intensi- ção: trabalho (trabajo/work), trabalha- tervenção, o que pode estar refletindo
ficou-se ainda a participação de profis- dor (trabajador ou personal de salud/ a dificuldade de implantação e execução
sionais com maior formação gerencial e worker ou health personnel), ocupacio- dessas ações.
de trabalhadores terceirizados, inclusive nal (ocupacional/occupational), riscos Além disso, nos 88 trabalhos localiza-
de profissionais de nível superior, na (riesgos/risks), doenças (enfermedades dos na SciELO, foi possível perceber
forma de cooperativas médicas e organi- ou molestias/diseases), ergonomia (er- duas maneiras de abordar a saúde dos
zações de enfermagem para atenção do- gonomía/ergonomics), capacidade para trabalhadores. Uma delas enfocava a
miciliar ou reabilitação (4). o trabalho (capacidad para el trabajo/ prevenção, especialmente de acidentes e
No Brasil, tanto a epidemia de AIDS work ability), qualidade de vida (calidad doenças relacionados diretamente com
quanto as transformações no trabalho de vida/quality of life), organização as condições ou fatores de risco do am-
reforçaram o debate sobre os trabalha- (organización/organization), acidentes biente de trabalho. Na outra abordagem
dores da saúde, levando entidades (accidentes/accidents), condições de houve maior ênfase em conceitos da pro-
representativas de várias categorias a trabalho (condiciones de trabajo/work moção da saúde dos trabalhadores. Essa
reivindicar legislação específica para o conditions), intervenção (intervención/ abordagem buscava correlacionar a or-
setor. Uma das mudanças na legislação intervention) e administração (adminis- ganização e os processos de trabalho,
foi o surgimento da Norma Regulamen- tración/administration). A busca abran- assim como situações presentes fora do
tadora 32 (NR-32) (5), do Ministério do geu todo o período coberto pela base de ambiente laboral, com a ocorrência de
Trabalho e Emprego, especificamente dados, de 1967 a 2008. desvios no estado de saúde, com possí-
sobre o trabalho em saúde. Também ocor- Também foram pesquisadas as publi- veis impactos sobre a qualidade de vida
reram alterações na legislação dos Minis- cações relativas ao setor saúde disponí- e a satisfação desses trabalhadores com o
térios da Saúde e da Previdência e As- veis na Biblioteca Virtual em Saúde seu trabalho ou sua capacidade para de-
sistência Social, com o reconhecimento (www.bvs.br/php/index.php) e livros sempenhá-lo.
explícito de doenças como tuberculose, texto sobre saúde ocupacional, políticas Enquanto a promoção da saúde pro-
hepatites virais e AIDS como doenças do de saúde e correlatos. Foi feita uma se- põe uma participação do trabalhador na
trabalho, e também o estabelecimento do leção dos artigos sobre prevenção de busca pela saúde, a prevenção de aciden-
nexo entre o trabalho em hospitais e doenças e acidentes e sobre promoção da tes e doenças orienta-se por um enfoque
agravos como transtornos mentais, doen- saúde no trabalho em serviços de saúde unidirecional, onde a tomada de decisão
ças do sistema nervoso, doenças osteo- latino-americanos, resultando em uma é feita quase que somente por especialis-
musculares e outros (6, 7). Porém, apesar quantidade pequena de artigos com foco tas. Entretanto, as duas abordagens são
de essas mudanças subsidiarem a for- no diagnóstico das condições de trabalho necessárias e complementares para um
mulação de programas de prevenção de e saúde dos trabalhadores ou na ava- bom programa de saúde do trabalhador,
acidentes e doenças em serviços de liação dos resultados das intervenções pois cada uma possui especificidades e
saúde, certos aspectos relativos à promo- realizadas. Por essa razão, utilizaram-se resultados diferentes. Um programa vol-
ção da saúde desses trabalhadores não também artigos sobre intervenções em tado para a prevenção de acidentes e
foram adequadamente abordados pela le- ambientes de trabalho no setor saúde doenças seria mais específico e particu-

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lar, mais ágil e com resultados mais ime- Osterman (16), isso ocorre porque, na dações de prevenção e controle desses
diatos. Já um programa com foco na pro- maioria dos ambientes de trabalho, as determinantes antes que ocasionem pre-
moção da saúde seria mais abrangente e abordagens de segurança e prevenção juízos à saúde dos trabalhadores (21).
geral, mais demorado e com resultados têm sua ênfase na adesão ativa de cada Frente aos acidentes, muitas vezes são
em prazos maiores. trabalhador. As falhas podem ocorrer por oferecidos cursos ou treinamentos para
Dos estudos identificados, 53 adota- razões técnicas, como quando os equi- os trabalhadores, no intuito de obter
vam a abordagem da prevenção de aci- pamentos de proteção interferem com o maior adesão às medidas de prevenção.
dentes e doenças, enfocando, entre ou- procedimento. Também podem ser admi- Paradoxalmente, porém, essas ações
tros, riscos químicos (8), acidentes com nistrativas, como na situação em que o podem não aumentar a adesão de forma
perfurocortantes (9, 10) e doenças do sis- descarte correto de agulhas é impedido expressiva (22–25). Não que tais infor-
tema osteomuscular (11). Exemplos dos porque os recipientes estão cheios. Algu- mações ou treinamentos sejam desneces-
35 estudos que abordavam a promoção mas falhas seriam devidas à capacitação sários, ao contrário, são determinantes
da saúde são os artigos sobre o trabalho inadequada, embora a literatura demons- para a adesão dos trabalhadores às medi-
da enfermagem em um hospital univer- tre que a execução de tarefas repetitivas e das de prevenção (26). Porém, se observa
sitário (12), sobre as condições de tra- rotineiras que requerem muita vigilância que o mero conhecimento das medidas
balho e saúde de médicos (13) e sobre a ou concentração torna os erros inevitá- de prevenção e a formação centrada em
terceirização de trabalhadores de lim- veis, mesmo entre os trabalhadores mais aspectos técnicos pode não corresponder
peza hospitalar (14). bem capacitados. Entretanto, a razão mais a uma maior adesão, na prática, a essas
importante é a dificuldade de modificar o medidas (22–24, 27), sendo que o geren-
Limitações dos programas conhecimento, o comportamento e as ati- ciamento dos riscos ligados a perfurocor-
de prevenção de acidentes tudes individuais (16). Uma ênfase exage- tantes requer a combinação de diferentes
e doenças rada no envolvimento individual ativo estratégias de intervenção, incluindo o
com as medidas de prevenção descon- uso de perfurocortantes com dispositivos
Quando mal conduzida, a prevenção sidera as limitações humanas (16). E, de segurança (22).
de acidentes e doenças pode se tornar ex- quando as precauções-padrão falham, Para aumentar a adesão, há sugestões
cessivamente reducionista e centralizada pode haver a responsabilização da vítima, na literatura de que esses cursos e treina-
nos desvios da situação normal, expres- ou pior, emergir a noção de que tais even- mentos deveriam ser periódicos, dirigi-
sos como doenças relacionadas ao tra- tos são inevitáveis — como demonstra dos às necessidades específicas de um
balho, incidentes e acidentes. Nesse caso, um estudo realizado no Brasil, onde os grupo ou departamento e elaborados de
o contexto dos desvios é ignorado e se fo- trabalhadores expostos acidentalmente a modo a obter uma mudança permanente
caliza apenas o instante de sua ocorrência materiais corporais humanos relataram na prática cotidiana de trabalho, que in-
e as circunstâncias imediatas, levando à que o acidente simplesmente aconteceu, clua a valorização e a integração efetivas
concepção de que ele é um evento sim- como se fosse inevitável ou inerente à ati- das medidas de prevenção (26, 28). Além
ples, com uma ou poucas causas encade- vidade (18). Outras causas apontadas in- da conscientização e da educação per-
adas de modo linear e determinístico. cluíram falta de atenção (18–20), descuido manente dos trabalhadores, também é
Prevalece a ideia de que os desvios decor- ou uso incorreto dos equipamentos de necessário proporcionar oportunidades
rem de falhas dos trabalhadores ou de proteção individual, indicando que os para reflexão, discussões críticas e atuali-
desrespeito à norma ou prescrição de se- próprios trabalhadores se assumem como zações e condições materiais e ambien-
gurança, com a consequente responsabi- responsáveis e culpados pelo acidente (18, tais para um trabalho seguro, contro-
lização desses mesmos trabalhadores por 20). lando as situações que interferem com a
seu agravo ou doença (15). Atribuir a causa do acidente a uma adesão, como a carga de trabalho, a per-
Infelizmente, programas mal conduzi- ação do trabalhador ou à natureza intrín- cepção do risco envolvido e a disponibi-
dos de prevenção de acidentes e doenças seca do trabalho pode impedir ou difi- lidade de equipamentos e vestimentas
ocupacionais também podem ocorrer em cultar uma investigação mais aprofun- de proteção e tempo para a execução das
serviços de saúde, como no caso de pro- dada dos fatores, das situações e do atividades (28, 29).
gramas implementados para prevenir a contexto que levam ao acidente e, conse- Por fim, para que os programas de
transmissão de patógenos sanguíneos quentemente, o desenvolvimento de es- prevenção de acidentes e doenças sejam
(16). Muitas vezes, tais programas são tratégias para impedir ou minimizar mais efetivos, as evidências sugerem
centrados nas recomendações conheci- essas ocorrências. Uma forma de evitar que a organização deve estar realmente
das como precauções-padrão, que até re- essa situação é não restringir as ações de comprometida com a segurança e a
centemente baseavam-se quase que ex- vigilância somente à vigilância médica, saúde de seus trabalhadores e que esse
clusivamente no comportamento dos voltada para o monitoramento de doen- compromisso deve ser visível e permear
trabalhadores e em sua adesão a elas. ças, o atendimento clínico e o acompa- as tomadas de decisão gerenciais e as
Anteriormente denominadas precauções nhamento de trabalhadores expostos, isto normas, expectativas, práticas, políticas
universais, essas medidas incluem o uso é, baseada em eventos já ocorridos. Essa e os procedimentos de segurança exis-
de uma grande variedade de equipa- vigilância deve, pelo contrário, continua- tentes (30). Em outras palavras, os pro-
mentos de proteção individual, higieni- mente identificar e detectar as mudanças gramas de prevenção de acidentes e
zação frequente das mãos e manipulação nos vários determinantes da saúde dos doenças devem ser considerados como
prudente de perfurocortantes (17). trabalhadores, sejam eles individuais, integrantes da gestão dos serviços de
No entanto, as precauções-padrão fa- ambientais, psicossociais ou organiza- saúde, e não como programas à parte,
lham, e cabe perguntar o porquê. Segundo cionais, de maneira a propor recomen- isolados dessa gestão.

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Dificuldades em criar um ambiente tração clássica e do modelo burocrático biente de trabalho e danos à saúde dos
de trabalho seguro e saudável (35). Assim, os serviços são pautados trabalhadores. Isso ocorre principal-
pela lógica da autoridade legal, por hie- mente quando a etiologia é multifatorial
O ambiente de trabalho, abrangendo rarquias verticais, com responsabilida- e há longos períodos de latência entre a
aspectos físicos, psicossociais e organiza- des e linhas de mando fragmentadas, exposição e o dano. Nessas circunstân-
cionais, age tanto direta quanto indireta- pela formalização das relações, pela cen- cias, pode parecer que os problemas de
mente sobre a saúde do trabalhador: di- tralização de programas e de normas de saúde decorrem unicamente de caracte-
retamente ao provocar ou impedir danos atendimento e pela quase ausência de rísticas individuais e que só podem ser
ao trabalhador, isto é, interferir sobre o comunicação tanto entre os serviços em abordados por meio de iniciativas tam-
seu estado de saúde; indiretamente ao relação horizontal de poder quanto entre bém individuais (38), não dirigidas à mo-
influenciar a capacidade do trabalhador os distintos níveis hierárquicos (35, 36). dificação do ambiente.
de lidar efetivamente com as demandas Esse modelo acarreta uma intensa di- Os programas inconsistentes de vi-
e desafios das atividades laborais, cuidar visão técnica do trabalho, com separação gilância da saúde do trabalhador prejudi-
de sua saúde e manter os seus recursos entre concepção e execução, e um grande cam o estabelecimento dessa correlação
pessoais. Um ambiente de trabalho se- contingente de trabalhadores semiquali- entre os riscos e as condições ambientais
guro e saudável protege os trabalhado- ficados, desmotivados e alienados, com e os danos à saúde, pois dificultam a
res de ameaças à sua saúde e ao mesmo baixa possibilidade de ampliar sua capa- identificação dos determinantes negati-
tempo amplia a capacidade para o tra- cidade de se comprometer com outros e vos sobre a saúde dos trabalhadores e
balho e a produtividade (31). de intervir de forma autônoma no pro- das ações necessárias para alterar o am-
Além do ambiente físico, diversos fato- cesso de trabalho (3, 35, 36). Como a troca biente de trabalho. No Brasil, o dimensio-
res organizacionais e psicossociais inter- de informações e a participação significa- namento real dos danos à saúde dos tra-
ferem negativamente sobre o ambiente tiva dos trabalhadores são necessárias balhadores é bastante prejudicado pela
de trabalho. Lundstrom et al. (30) relacio- durante o processo de formação de um grande subnotificação dos agravos e pelo
naram vários deles com impacto negativo ambiente de trabalho saudável (27, 37), viés dado ao fluxo oficial de informações,
sobre a segurança e a saúde dos trabalha- então o modelo organizacional normal- cujo objetivo é o pagamento de benefícios
dores dos serviços de saúde. Esses fatores mente adotado em serviços de saúde previdenciários e não a investigação dos
incluem ambiguidade e conflitos relati- pode se constituir em uma barreira signi- fatores que contribuem para os agravos
vos a atribuições, sobrecarga, trabalho ficativa para as intervenções que tenham (39). Um outro aspecto é que essa vi-
monótono, pressão no trabalho, medo de esse objetivo. gilância deveria abranger também as
perder o emprego, desconforto físico e O compromisso dos gestores seria uma doenças e os problemas de saúde não re-
falta de suporte social, de controle sobre o das condições necessárias à criação de lacionados diretamente com o trabalho,
trabalho e de participação nas decisões, um ambiente de trabalho seguro e saudá- já que qualquer prejuízo à saúde dos tra-
resultando em insatisfação, esgotamento, vel (30, 38). Assim, as dificuldades em se balhadores pode diminuir a capacidade
alta rotatividade, doenças e acidentes obter um compromisso genuíno seriam para o trabalho e possivelmente também
ocupacionais, saúde mental reduzida, limitantes do processo, pois o foco primá- impactar a formação de ambientes segu-
depressão e até mesmo suicídio. Trabalho rio das organizações é a produção, não a ros e saudáveis. Fischer et al. (34) relatam
em turnos (utilizado para permitir a con- segurança e a saúde (38). Uma das su- que certas condições do ambiente de tra-
tinuidade do trabalho na empresa além gestões desses autores seria a intensifi- balho, como desconforto térmico, abuso
da carga diária de cada trabalhador), cação das ações do poder público, por verbal contra o trabalhador e organiza-
assim como trabalho noturno ou em ho- meio de fiscalização, intervenções e ou- ção do local de trabalho, além de aspec-
rários irregulares, também foram prejudi- tras ações punitivas e persuasivas, des- tos sociodemográficos e relacionados à
ciais à saúde dos trabalhadores (32). locando o foco um pouco mais para a saúde individual dos trabalhadores, cor-
No Brasil, estudos com profissionais criação e a manutenção desses ambientes. relacionaram-se a um índice de mais de
de enfermagem identificaram fatores ne- Outra forma de aumentar o compromisso 20% de profissionais da enfermagem
gativos semelhantes: sobrecarga de tra- dos gestores seria demonstrar, de forma com capacidade inadequada para o tra-
balho, dificuldade em delimitar os dife- clara e inequívoca, a correlação entre um balho em um hospital universitário em
rentes papéis, problemas nas relações ambiente de trabalho seguro e saudável e São Paulo, ilustrando a necessidade de os
interpessoais, carga emocional, recursos uma melhora dos resultados ou da satis- programas de vigilância em saúde do
inadequados e falta de poder de decisão fação dos clientes. Nos Estados Unidos, trabalhador irem além dos acidentes e
e de reconhecimento (33). Outros, como os magnet hospitals — instituições creden- doenças ocupacionais diagnosticados e
as condições precárias de trabalho e o ciadas pela Associação Americana de En- notificados.
achatamento salarial, associados a más fermeiros, nas quais a qualidade da as- A falta de correlação clara entre as
condições de vida, agravam ainda mais a sistência aos pacientes e a satisfação condições do ambiente de trabalho e os
situação (34), sujeitando os profissionais profissional dos enfermeiros são eleva- danos à saúde também prejudica a con-
a manter mais de um vínculo de trabalho das, entre outros critérios — oferecem cessão de poder de controle sobre o am-
e a uma carga mensal longa e desgas- mais segurança e saúde tanto para os tra- biente aos trabalhadores, principalmente
tante (33, 34). Tais situações negativas balhadores quanto para os pacientes, com os de níveis hierárquicos inferiores (38).
normalmente decorrem da estrutura e da menor mortalidade destes (30). Um estudo em hospital público na Bahia
organização do serviço, que no setor Um outro fator limitante é a dificul- constatou menor poder de controle entre
saúde ainda sofrem forte influência do dade de estabelecer e reconhecer uma auxiliares de enfermagem quando com-
modelo taylorista/fordista, da adminis- correlação clara entre situações no am- parados aos enfermeiros da mesma insti-

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tuição (40). O menor poder de controle notificar o acidente (43), o que atrapalha essas barreiras seriam as seguintes: pro-
no trabalho também pode ser uma bar- o planejamento de ações para tornar os gramas de intervenção sem boa base teó-
reira à formação de um ambiente seguro ambientes mais seguros. rica e não integrados à gestão do serviço
e saudável, além de diretamente prejudi- Em serviços de saúde, há mais uma como um todo; falhas em avaliar a eficá-
car a saúde dos trabalhadores, aumen- particularidade relacionada à percepção cia das intervenções; restrição das ações
tando seus níveis de estresse (33, 41) ou dos trabalhadores, relativa às atividades de vigilância a doenças e agravos especí-
resultando em impactos negativos sobre de cuidados a outras pessoas. Em relatos ficos; falta de compromisso da gestão
sua saúde mental (40). de trabalhadores, por vezes a interferên- com as intervenções; falhas na comuni-
O engajamento das lideranças sindi- cia nos cuidados ao paciente é referida cação; falta de participação e controle
cais com a segurança e a saúde dos tra- como razão para não adotar as medidas dos trabalhadores sobre o ambiente de
balhadores é essencial para a criação de de precaução padrão (18, 28). Também trabalho; e programas e intervenções
um ambiente de trabalho mais seguro e há evidências de que o conflito entre o baseados exclusivamente na mudança
saudável (38). No Brasil, o envolvimento objetivo de tratar e a real possibilidade comportamental dos trabalhadores.
dos sindicatos foi fundamental para mu- de fazê-lo pode contribuir para o esgota- De todas essas barreiras, a mais impor-
dar a regulamentação de segurança e mento e prejudicar o engajamento nas tante é a falta de integração dos progra-
saúde no trabalho, reconhecer as doen- atividades laborais, afetando especial- mas dirigidos à saúde do trabalhador
ças profissionais, criar serviços e progra- mente os profissionais da enfermagem com as atividades de gestão. Se tais pro-
mas de saúde do trabalhador no serviço (44). Assim, essa característica também gramas não forem inseparáveis e indis-
público de saúde (SUS) e melhorar os deve ser considerada no planejamento tinguíveis da gestão dos serviços de
serviços de medicina ocupacional dentro de ações para a melhoria dos ambientes saúde, permanecerão fragmentados, com
das indústrias (42). Portanto, a inexistên- de trabalho em questão. pouco alcance e resultados inferiores aos
cia de representações sindicais fortes possíveis. Além disso, a integração dos
(27), o enfraquecimento das existentes, CONSIDERAÇÕES FINAIS programas à gestão induz a um maior
como o que vem ocorrendo em conse- compromisso dos gestores com sua exe-
quência das recentes mudanças econô- Ao planejar e realizar intervenções cução bem-sucedida, sendo ambos esses
micas (3), ou uma atuação sindical res- voltadas à prevenção de acidentes ou aspectos condições que ajudam a trans-
trita a outras questões, como as salariais doenças ou à promoção da saúde dos por os demais obstáculos.
(38, 42), podem representar uma barreira trabalhadores no setor saúde, é recomen- Finalizando, outro elemento nortea-
adicional às intervenções para melhorar dável observar se há participação dos dor para a formulação de programas e
os ambientes de trabalho. trabalhadores e dos sindicatos, um mo- intervenções apropriados é a existência
A percepção dos trabalhadores sobre delo teórico válido para guiar as ações, de uma legislação que atenda às necessi-
as ações e políticas relacionadas a uma métodos e instrumentos apropriados dades do setor. Já se observam as pri-
melhoria no ambiente de trabalho tam- para medir os resultados em curto, meiras iniciativas nesse sentido no Bra-
bém pode ser limitante do processo. Um médio e longo prazos, integração da in- sil. Neste país, à NR-32 e às alterações
exemplo é a crença de que certas ações tervenção com o contexto do desenvolvi- na legislação previdenciária e da saúde
trarão consequências negativas para a mento organizacional e com os projetos vem-se somar a Política Nacional de Se-
carreira ou o avanço no emprego, como de reorganização, canais para comuni- gurança e Saúde do Trabalhador, que
no caso das políticas de horários flexíveis cação facilitada entre os participantes, teve sua minuta publicada em maio de
e de redução de jornada para apoio à comunicação dos resultados obtidos e 2005 (45). Sua ênfase em ações integra-
família (38). O prejuízo pode de fato transferência do conhecimento obtido a das e interinstitucionais, abrangendo
ocorrer se os trabalhadores beneficiários partir da intervenção (37). Esses elemen- todos os trabalhadores, independente-
dessas políticas são preteridos pelo em- tos têm contribuído para o sucesso de mente da forma de vinculação ao tra-
pregador quando há oportunidades de tais intervenções. balho e privilegiando as ações de pro-
avanços no emprego ou na carreira, Por outro lado, a ausência dos itens moção, prevenção e proteção sobre as de
justificando assim a percepção dos tra- acima listados prejudica a obtenção de reparação, certamente poderá contribuir
balhadores. Também há relatos sobre resultados satisfatórios a partir das in- para a melhoria da saúde dos trabalha-
medo de demissão como causa para não tervenções realizadas. Resumidamente, dores da saúde.

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416 Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 25(5), 2009


Reinhardt e Fischer • Saúde do trabalhador em saúde no Brasil Investigación original

ABSTRACT Objective. To search the literature for circumstances that impede injury and disease
prevention and other activities intended to improve the health of the health care
worker.
Barriers to interventions Methods. The SciELO database was searched for articles published in 1967–2008.
aimed at promoting the health This was supplemented by a PubMed search for the period 1950–2008. The following
of health care workers key words were used to identify articles in English, Portuguese, and Spanish: work,
health personnel, occupational, risks, diseases, ergonomics, work ability, quality of
in Brazil life, organization, accidents, work conditions, intervention, and administration. Arti-
cles on injury and disease prevention and occupational health in a health care setting
in Latin America were selected, along with articles focused on health promotion in the
health sector.
Results. The following shortcomings were identified: activities lacked a sound the-
oretical foundation and were not integrated with the health services management; a
failure to evaluate the effectiveness of the activity; health surveillance focused solely
on a specific disease or injury; management not committed to the proposed activity;
miscommunication; inability of workers to participate, or control the work environ-
ment; and, programs or efforts that were limited to changing the workers’ behaviors.
Conclusions. The literature shows that all the barriers identified by this study affect
both the health care workers’ health as well as their productivity.

Key words Review, health care sector, occupational health, health personnel, Brazil.

Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 25(5), 2009 417

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