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REFORÇO À FLEXÃO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO POR

ENCAMISAMENTO PARCIAL

Maria Luisa de Faria Simões

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇAO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

____________________________________________
Prof. Ibrahim Abd El Malik Shehata, Ph.D.

____________________________________________
Profª. Lídia da Conceição Domingues Shehata, Ph.D.

____________________________________________
Prof. Giuseppe Barbosa Guimarães, Ph.D.

____________________________________________
Profª.Michèle Schubert Pfeil , D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


MARÇO DE 2007
SIMÕES, MARIA LUISA DE FARIA
Reforço à Flexão de Vigas de Concreto
Armado por Encamisamento Parcial [Rio de
Janeiro] 2007
XX,162p.29,7cm(COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2007)
Dissertação - Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE.
1. Reforço à Flexão
2. Vigas
3. Encamisamento Parcial
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

ii
Dedico esta conquista a meus
pais, Luiz Carlos e Dalila, exemplos
de vida, pelo apoio e carinho
sempre dedicados.

iii
“Vencer não é nada, se não se teve muito trabalho;
Fracassar não é nada se se fez o melhor possível.”
(Nadia Boulanger)

iv
AGRADECIMENTOS

Com enorme satisfação, gostaria de prestar meus mais sinceros agradecimentos a


todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a concretização deste
trabalho.
Primeiro que tudo agradeço a Deus pela minha vida, minha saúde e por estar
sempre ao meu lado.
À minha intercessora e protetora de todas as horas, Nossa Senhora das Graças.
Aos meus pais, Luiz Carlos e Dalila, que se doaram inteiros e renunciaram aos
seus próprios sonhos para que, muitas vezes, pudesse realizar os meus. Recebam minha
gratidão, reconhecimento e lembrança de que nos méritos dessa conquista há muito de
vocês.
Ao meu namorado, Ederson, principal incentivador pelo meu ingresso no curso
de mestrado, por suas palavras de carinho e companheirismo. Este momento não estaria
completo sem sua presença.
Ao Professor Ibrahim, pela excelente orientação, disponibilidade, paciência,
incentivo e principalmente pelo seu exemplo profissional.
À Professora Lídia, pelos importantes ensinamentos dados durante a realização
do curso, pelo auxílio na realização da pesquisa bibliográfica e pelas sugestões feitas no
trabalho.
Aos amigos que fiz na COPPE, Aline, Carlos, Euler, Thiago, Valéria e em
especial, Maurício, sempre presente em todos os momentos do desenvolvimento desta
tese. Entre todos nós ficará, como elo, a lembrança de nossos encontros, erros e acertos
e a certeza de que cada um de nós contribuiu para o crescimento do outro.
Às meninas do CMRJ, pelos quase 15 anos de amizade. Vocês fazem parte da
minha história. Que o tempo nunca apague e a distância nunca separe nossas vidas.
À minha querida amiga Kátia, aos meus familiares e amigos da UERJ que
demonstraram tanto carinho e torcida.
Aos funcionários e secretárias do Laboratório de Estruturas, pela dedicação
dispensada durante todas as fases do programa experimental.
À Holcim Ltd., pelo fornecimento do cimento para a fabricação do concreto.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq,
pelo suporte financeiro durante a elaboração deste trabalho.

v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

REFORÇO À FLEXÃO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO POR


ENCAMISAMENTO PARCIAL

Maria Luisa de Faria Simões


Março/2007
Orientador: Ibrahim Abd El Malik Shehata
Programa: Engenharia Civil

A demanda pelo reforço de estruturas surgiu como resposta aos problemas de


deterioração, projetos inadequados, problemas de construção ou aumento de cargas nas
estruturas. O reforço por encamisamento é um sistema muito utilizado tendo em vista os
materiais empregados e o baixo custo.
A investigação da eficiência de uma alternativa de reforço à flexão de vigas
(encamisamento parcial) com dimensões menores que as do encamisamento convencional
tendo-se, portanto, menor consumo de concreto para o reforço e menor peso próprio e a
proposição de modelo teórico para o cálculo de flechas são apresentadas neste trabalho.
O programa experimental consistiu no ensaio de quatro vigas, bi-apoiadas, de seção
transversal retangular de 150mm x 400mm, comprimento de 4500mm e taxa de armadura
longitudinal igual a 0,49%. Uma viga foi tomada como referência, não recebendo nenhum tipo
de reforço, enquanto as demais foram reforçadas à flexão por encamisamento parcial, com a
adição de concreto e aço apenas na zona mais tracionada, variando-se a taxa de armadura do
reforço entre 0,53% e 1,28%.O comportamento estrutural das vigas foi avaliado em termos de
deslocamentos, deformações do concreto e da armadura original e do reforço, e carga de
ruptura.
Os resultados experimentais mostraram o aumento da resistência e da rigidez das vigas
reforçadas, que tiveram comportamento dúctil, inclusive aquelas que não romperam por flexão e
sim por cisalhamento do talão de reforço. A teoria da flexão simples pode ser utilizada para
avaliar a capacidade resistente das vigas reforçadas, desde que a ligação entre a viga e o reforço
seja garantida.

vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)

FLEXURAL STRENGTHENING OF REINFORCED CONCRETE BEAMS BY PARTIAL


JACKETING

Maria Luisa de Faria Simões


March/2007
Advisor: Ibrahim Abd El Malik Shehata
Department: Civil Engineering

The demand for the reinforcement of structures appeared as answer to the deterioration
problems, inadequate projects, construction problems or additional loads on the structures. The
strengthening by jacketing is a system very used due to the employed materials and low cost.
The investigation of the efficiency of an alternative flexural strengthening of reinforced
concrete beams (partial jacketing) that presents smaller dimensions, that means lesser
consumption of concrete for the strengthening and reduction of its dead weight compared to
conventional jacketing, and the proposition of a theoretical model to calculate deflections are
presented in this work.
The experimental program comprised tests of four beams simply supported, with
150mm x 400mm rectangular cross section, 4500mm length and flexural reinforcement ratio
equal to 0,49%. One of these beams was taken as reference, not receiving any strengthening
type, while the others were strengthened in bending by partial jacketing, by addition of concrete
and steel reinforcement only in the zone of the beam under tensile stress. The strengthening
flexural reinforcement ratio varied between 0,53% and 1,28%. The structural behavior of those
beams was evaluated in terms of displacements, concrete and initial and strengthening
reinforcement strain, and ultimate load.
The experimental results showed the increase of the resistance and the stiffness of the
reinforced beams, that had ductile behavior, including those that did not have a bending failure,
but a longitudinal shear failure. The bending theory can be used to evaluate flexural resistance
of the strengthened beams, as long as the connection between the beam and the jacket is
assured.

vii
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................. 01

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


2.1 Introdução .......................................................................................................................... 04
2.2 Técnicas de reforço ............................................................................................................ 05
2.2.1 Reforço com chapa de aço ........................................................................................ 06
2.2.2 Reforço com compósito de fibras e resinas .............................................................. 09
2.2.3 Reforço com protensão externa ............................................................................... 14
2.2.4 Reforço com adição de aço e concreto .................................................................... 16
2.3 Trabalhos realizados sobre técnica de encamisamento ...................................................... 21
2.3.1 Ensaios realizados por ALEXANDRE (1988) ......................................................... 21
2.3.2 Ensaios realizados por SOUZA (1990) .................................................................... 24
2.3.3 Ensaios realizados por LIEW e CHEONG (1991) ................................................... 29
2.3.4 Ensaios realizados por CHEONG e MacALEVEY (2000) ...................................... 31
2.3.5 Ensaios realizados por BORJA (2001) ..................................................................... 38
2.3.6 Ensaios realizados por PIANCASTELLI e CALIXTO (2002) ................................ 42
2.3.7 Ensaios realizados por ALTUN (2004) .................................................................... 47
2.3.8 Ensaios realizados por SANTOS (2006) .................................................................. 49
2.4 Considerações sobre o projeto de reforço .......................................................................... 54
2.4.1 Hipóteses de cálculo ................................................................................................ 54
2.4.2 Transferência de esforços ........................................................................................ 55
2.5 Considerações finais .......................................................................................................... 58

CAPÍTULO 3: PROGRAMA EXPERIMENTAL


3.1 Introdução ......................................................................................................................... 60
3.2 Materiais ........................................................................................................................... 61
3.2.1 Concreto .................................................................................................................... 61
3.2.2 Aço ............................................................................................................................ 65
3.3 Esquema de ensaio ............................................................................................................ 70
3.4 Características das vigas .................................................................................................... 72
3.5 Características do reforço .................................................................................................. 73
3.5.1 Área interface viga original-reforço ........................................................................ 76
3.5.2 Chumbadores ........................................................................................................... 79
3.6 Execução das vigas ........................................................................................................... 81
3.6.1 Fôrmas ..................................................................................................................... 81
3.6.2 Execução das vigas originais ................................................................................... 82
3.7 Execução do reforço ......................................................................................................... 82
3.7.1 Fôrmas ..................................................................................................................... 82
3.7.2 Preparação das superfícies ....................................................................................... 83

viii
3.7.3 Fixação dos chumbadores ........................................................................................ 84
3.7.4 Colocação das armaduras do reforço ....................................................................... 85
3.7.5 Concretagem ........................................................................................................... 86
3.8 Instrumentação .................................................................................................................. 87
3.8.1 Medição das deformações específicas das armaduras .............................................. 87
3.8.2 Medição das deformações específicas do concreto .................................................. 89
3.8.3 Medição dos deslocamentos verticais ....................................................................... 91
3.8.4 Medição dos deslocamentos horizontais entre reforço e viga original ..................... 92
3.9 Procedimento de ensaio ..................................................................................................... 93
3.10 Resultados dos ensaios ..................................................................................................... 94
3.10.1 VREF ..................................................................................................................... 94
3.10.2 VR1 ........................................................................................................................ 97
3.10.3 VR2 ........................................................................................................................ 102
3.10.4 VR3 ........................................................................................................................ 107
3.10.5 Resumo dos resultados ........................................................................................... 111

CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS


4.1 Introdução .......................................................................................................................... 114
4.2 Resistência à flexão teórica das vigas sem reforço ............................................................ 115
4.3 Resistência à flexão teórica das vigas com reforço ........................................................... 116
4.4 Comparações entre as vigas ensaiadas ............................................................................... 118
4.4.1 Cargas de fissuração e ruína ..................................................................................... 118
4.4.2 Tensão cisalhante na ligação viga-reforço ................................................................ 119
4.4.3 Deslocamentos horizontais ....................................................................................... 121
4.4.4 Deslocamentos verticais ........................................................................................... 122
4.4.5 Deformações específicas das armaduras ................................................................... 138
4.4.6 Deformações específicas do concreto ....................................................................... 141
4.5 Comparações das vigas reforçadas deste trabalho com as vigas reforçadas por
Santos(2006) ............................................................................................................................ 141

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E SUGESTÕES


Conclusões e Sugestões .......................................................................................................... 145
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 147
APÊNDICE A - Resultados dos ensaios ............................................................ ................... 149
APÊNDICE B – Resultados obtidos no cálculo teórico de flechas ........................................ 154

ix
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


Figura 2.1 - Modos de ruptura prematuras em vigas reforçadas com chapas de aço ........... 07

Figura 2.2 - Tipos de ancoragens estudadas por CAMPAGNOLO (1993).......................... 08

Figura 2.3 - Diagrama tensão-deformação dos principais tipos de fibras e para os aços de
concreto armado e protendido.[BEBER,2003] ................................................. 10
Figura 2.4 - Modos de ruptura para reforço à flexão segundo TRIANTAFILLOU (1998).. 12

Figura 2.5 - Geometria dos cabos de protensão.[ALMEIDA e HANAI, 2001] .................. 14

Figura 2.6 - Desviador e conector típico utilizado em protensão externa.[CÂNOVAS,


1988] ................................................................................................................ 15
Figura 2.7 - Efeito de segunda ordem – redução da excentricidade do cabo. [ALMEIDA,
2001].................................................................................................................. 16
Figura 2.8 - Reforço de viga com nova armadura atada à mesma [CÁNOVAS, 1988] ...... 19

Figura 2.9 - Reforço com aumento da base com danos à laje [CÁNOVAS, 1988] .............
20
Figura 2.10 - Reforço de viga mediante “denteamento” [CÁNOVAS, 1988] ....................... 20

Figura 2.11 - Seção transversal das vigas e esquema do ensaio de ALEXANDRE et al.
(1988) ................................................................................................................ 21
Figura 2.12 - Fôrmas das vigas a serem ensaiadas antes do reforço FC1, FC2, FP1, FP2 e
DF) e da viga de referência após o reforço (RF) – SOUZA(1990) .................. 25
Figura 2.13 - Armadura das vigas ensaiadas antes do reforço (FC1, FC2, FP1, FP2 e DF)... 26

Figura 2.14 - Armadura da viga de referência de SOUZA(1990) após o reforço (RF).......... 26

Figura 2.15 - Armadura de reforço das vigas FC1R, FC2R, FP1R e FP2R.- SOUZA
(1990) ............................................................................................................... 27
Figura 2.16 - Seção transversal das vigas ensaiadas por LEIW e CHEON (1991) ................ 30

Figura 2.17 - Detalhamento das vigas simplesmente apoiadas (a) e contínuas (b)
CHEONG e MacAlevey (2000). (Continua) .................................................... 33
Figura 2.18 - Esquema de ensaio das vigas simplesmente apoiadas e contínuas.CHEONG
e MacAlevey (2000).......................................................................................... 32
Figura 2.19 - Esquema de ensaio e detalhe da geometria e armação das vigas de BORJA
(2001), antes do reforço.................................................................................... 38
Figura 2.20 - Detalhe da geometria e armação das vigas de BORJA (2001), após o reforço. 40

Figura 2.21 - Curvas carga-flecha das vigas ensaiadas por BORJA(2001)............................ 42

Figura 2.22 Características das vigas originais de PIANCASTELLI (2002) ...................... 43

Figura 2.23 - Características das vigas reforçadas por PIANCASTELLI (2002) ..................
44
Figura 2.24 - Esquema do ensaio das vigas de Fatih Altun (2004) ........................................ 47

Figura 2.25 - Barras de ligação em forma de Z das vigas de. ALTUN (2004)....................... 48

Figura 2.26 - Esquema de ensaio das vigas ensaiadas por SANTOS(2006) .......................... 50

x
Figura 2.27 - Características geométricas do reforço utilizado por SANTOS(2006) ............ 50

Figura 2.28 - Detalhamento das armaduras originais das vigas. SANTOS(2006) ................. 51

Figura 2.29 - Detalhamento das armaduras do reforço. SANTOS (2006) ............................. 52

Figura 2.30 - Operação de fixação dos chumbadores nas vigas de SANTOS (2006)............. 53

Figura 2.31 - Transferência integral de tensões de cisalhamento horizontais em vigas


compostas.......................................................................................................... 55
Figura 2.32 - Transferência de tensão na interface concreto novo x concreto antigo
[CEB,1983]............................................................................................. 56

CAPÍTULO 3: PROGRAMA EXPERIMENTAL


Figura 3.1 - Agregados utilizados nas concretagens ............................................................ 62

Figura 3.2 - (a) Betoneira utilizada nos ensaios; (b) Ensaio de abatimento de tronco de
cone .................................................................................................................. 62
Figura 3.3 - Ensaios de resistência à compressão (a) e à tração indireta (b) dos corpos-de-
prova ................................................................................................................. 63
Figura 3.4 - (a) Adensamento, (b) desmoldagem e (c) cura dos corpos-de-prova .............. 63

Figura 3.5 - Execução do capeamento dos corpos-de-prova ............................................... 64

Figura 3.6 - Ensaio de tração do aço..................................................................................... 66

Figura 3.7 - Barras de aço ensaiadas, após ruptura .............................................................. 66

Figura 3.8 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 8mm das vigas 67
originais ...........................................................................................................
Figura 3.9 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 10mm das vigas 67
originais ............................................................................................................
Figura 3.10 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 12,5mm das vigas 68
originais ............................................................................................................
Figura 3.11 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 5mm do reforço ......... 68

Figura 3.12 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 8mm do reforço ......... 69

Figura 3.13 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 16mm do reforço ....... 69

Figura 3.14 - (a) Pórtico de reação utilizado nos ensaios; (b) Esquema de ensaio.
(Continua) ......................................................................................................... 71
Figura 3.15 - Armação das vigas VREF e V1, V2 e V3 ........................................................ 73

Figura 3.16 - Características geométricas das vigas reforçadas ............................................. 74

Figura 3.17 - Detalhe da armação do reforço das vigas VR1, VR2 e VR3 ............................ 75

Figura 3.18 - Área de interface entre a viga e o reforço.......................................................... 77

Figura 3.19 - Componentes dos chumbadores utilizados no reforço...................................... 79

Figura 3.20 - Expansão da jaqueta do chumbador ................................................................. 80

xi
Figura 3.21 - Distância mínima para a execução dos furos, segundo fabricante ................... 80

Figura 3.22 - Posicionamento dos chumbadores .................................................................... 81

Figura 3.23 - Formas utilizadas na confecção das vigas ........................................................ 81

Figura 3.24 - Fôrmas utilizadas no reforço............................................................................. 82

Figura 3.25 - Apicoamento da superfície lateral da viga original........................................... 83

Figura 3.26 - Apicoamento da superfície inferior da viga original......................................... 83

Figura 3.27 - Execução dos furos no concreto para fixação dos chumbadores....................... 84

Figura 3.28 - Fixação dos chumbadores. Continua................................................................. 84

Figura 3.29 - Armaduras do reforço........................................................................................ 85

Figura 3.30 - Posicionamento e fixação das armaduras do reforço..................................... 85

Figura 3.31 - Umedecimento da superfície de ligação entre os concretos da viga original e


do reforço........................................................................................................... 86
Figura 3.32 - Concretagem do reforço.................................................................................... 86

Figura 3.33 - Processo de colagem dos extensômetros elétricos de resistência...................... 87

Figura 3.34 - Posição dos extensômetros elétricos na armadura longitudinal das vigas
88
VREF, V1, V2 e V3...........................................................................................
Figura 3.35 - Posição dos extensômetros elétricos na armadura longitudinal do reforço
(continua)........................................................................................................... 88
Figura 3.36 - Posicionamento das bases de medição para o extensômetro mecânico............. 90

Figura 3.37 - Processo de colagem de chapas de cobre para medição com extensômetro
mecânico........................................................................................................... 90
Figura 3.38 - Posicionamento dos trandutores de deslocamento............................................ 91

Figura 3.39 - Posicionamento dos transdutores de deslocamento no talão de reforço............ 92

Figura 3.40 Fixação dos transdutores para medição de deslocamento entre reforço e viga
original. ............................................................................................................. 93
Figura 3.41 - Aspecto da fissuração na região central da viga de referência, após os
primeiros carregamentos e após a ruptura......................................................... 95
Figura 3.42 - Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VREF, na seção
do meio do vão e a 960 mm do meio do vão ................................................... 96
Figura 3.43 - Curva carga-flecha da VREF, na seção a 150 mm do meio do vão ................. 96

Figura 3.44 - Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VREF ................... 97

Figura 3.45 - Aspecto da fissuração da região central após os carregamentos da viga


98
original e após ruptura da viga VR1.Continua .................................................
Figura 3.46 - Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR1, na seção do
meio do vão ...................................................................................................... 99
Figura 3.47 - Curvas carga-deformação da armaduras longitudinais da VR1, na seção a
960 mm do meio do vão ................................................................................... 100

xii
Figura 3.48 - Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para VR1 .... 100

Figura 3.49 - Curva carga-flecha da VR1, na seção a 150 mm do meio do vão .................... 101

Figura 3.50 - Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VR1 ...................... 101

Figura 3.51 - Aspecto da viga VR2, após os carregamentos realizados antes do reforço....... 102

Figura 3.52 - Aspecto da viga VR2, após colapso.................................................................. 103

Figura 3.53 - Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR2, na seção do 104
meio do vão ......................................................................................................
Figura 3.54 - Curvas carga-deformação da armaduras longitudinais da VR2, na seção a 105
960 mm do meio do vão ..................................................................................
Figura 3.55 - Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para VR2 ....
105
Figura 3.56 - Curva carga-flecha da VR2, na seção a 150 mm do meio do vão .................... 106

Figura 3.57 - Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VR2 ...................... 106

Figura 3.58 - Fissuração da região central da V3, após os carregamentos iniciais................. 107

Figura 3.59 - Aspecto da viga VR3, após colapso.................................................................. 108

Figura 3.60 - Curvas carga-deformação da armaduras longitudinais da VR3, na seção do


meio do vão ...................................................................................................... 109
Figura 3.61 - Curvas carga-deformação da armaduras longitudinais da VR3, na seção a
960 mm do meio do vão ................................................................................... 110
Figura 3.62 - Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para VR3 .... 110

Figura 3.63 - Curva carga-flecha da VR3, na seção a 150 mm do meio do vão .................... 111

Figura 3.64 - Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VR3 ...................... 111

Figura 3.65 - Mapeamento das fissuras das vigas ensaiadas .................................................. 113

CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS


Figura 4.1 - Diagrama simplificado retangular de tensões de compressão no concreto e
diagrama de deformações da seção da viga...................................................... 115
Figura 4.2 - Diagrama retangular simplificado de tensões e diagrama de deformações da
seção da viga reforçada..................................................................................... 117
Figura 4.3 - Tensão cisalhante atuante na ligação viga reforço ao longo do carregamento. 120

Figura 4.4 - Critério de Mohr-Coulomb para análise da tensão cisalhante da interface na


ruptura................................................................................................................ 120
Figura 4.5 - Curvas carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para as
vigas reforçadas, VR1, VR2 e VR3, na seção extrema do talão....................... 121
Figura 4.6 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR1 e REF2 (SANTOS)...................... 122

Figura 4.7 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR2 e REF2 (SANTOS)...................... 123

Figura 4.8 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR3 e REF2 (SANTOS)...................... 123

xiii
Figura 4.9 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR1, VR2, VR3 e REF2 (SANTOS)... 124

Figura 4.10 - Expressão utilizada para o cálculo teórico de flechas para vigas biapoiadas
com carregamento concentrado no meio do vão............................................... 126
Figura 4.11 - Curva carga-flecha da viga VREF, experimental e teórica segundo a
NBR6118:2003.................................................................................................. 127
Figura 4.12 Curva carga-flecha da viga VR1, experimental e teórica segundo a
NBR6118:2003.................................................................................................. 128
Figura 4.13 Curva carga-flecha da viga VR2, experimental e teórica segundo a
NBR6118:2003.................................................................................................. 128
Figura 4.14 - Curva carga-flecha da viga VR3, experimental e teórica segundo a
NBR6118:2003..................................................................................................
129
Figura 4.15 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas
segundo procedimentos deste trabalho, para a viga VREF............................... 132
Figura 4.16 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas
segundo procedimentos deste trabalho, para a viga VR1.................................. 132
Figura 4.17 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas
segundo procedimentos deste trabalho, para a viga VR2.................................. 133
Figura 4.18 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas
segundo procedimentos deste trabalho, para a viga VR3.................................. 133
Figura 4.19 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VREF e a do
modelo teórico proposto.................................................................................... 134
Figura 4.20 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VREF e a do
modelo teórico proposto.................................................................................... 134
Figura 4.21 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR2 e do
modelo teórico proposto.................................................................................... 135
Figura 4.22 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR3 e do
modelo teórico proposto.................................................................................... 135
Figura 4.23 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga REF1, ensaiada
por SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto....................................... 136
Figura 4.24 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga REF2, ensaiada
por SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto....................................... 136
Figura 4.25 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR1, ensaiada
por SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto....................................... 137
Figura 4.26 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR2, ensaiada
por SANTOS(2006), e a do modelo teórico deste trabalho............................... 137
Figura 4.27 - Curva carga-deformação das barras de aço do reforço das vigas VREF,VR1,
VR2, VR3 e REF2(SANTOS), na seção do meio do vão................................. 138
Figura 4.28 - Curva carga-deformação do aço do reforço das vigas VREF,VR1, VR2 ,VR3
e REF2(SANTOS), na seção referente a 960 mm do meio do vão .................. 139
Figura 4.29 - Curvas carga-deformação da armadura longitudinal interna das vigas
originais VREF, V1, V2 e V3, na seção referente ao meio do vão................... 140
Figura 4.30 - Curvas carga-deformação da armadura longitudinal interna das vigas
originais VREF, V1, V2 e V3, na seção referente a 960 mm do meio do vão. 140
Figura 4.31 - Curvas carga-deformação específica do concreto, referentes à camada mais
comprimida do concreto, das vigas ensaiadas neste trabalho............................ 141
Figura 4.32 Evolução da tensão cisalhante no talão com o aumento do carregamento
aplicado: (a) para as vigas VR1 e V1R(SANTOS) e (b) para as vigas VR2 e
V2R(SANTOS)................................................................................................. 144

xiv
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2 : REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


Tabela 2.1 - Propriedades das Fibras [ACI 440.2R, 2002] ......................................................... 11

Tabela 2.2 - Propriedades de Diferentes Resinas[MATTHYS, 2000] ........................................ 12

Tabela 2.3 - Cargas de ruptura por ALEXANDRE et al ,1988 .................................................. 23

Tabela 2.4 - Características das vigas ensaiadas por SOUZA (1990) ......................................... 24

Tabela 2.5 - Momentos de fissuração e de ruína das vigas ensaiadas por SOUZA (1990) ........ 28

Tabela 2.6 - Propriedades dos concretos utilizados por LIEW e CHEONG (1991) ................... 31

Tabela 2.7 - Características das amaduras das vigas. [CHEONG e MacALEVEY, 2000] ......... 34

Tabela 2.8 - Ensaio com carregamento estático.[CHEONG e MacALEVEY, 2000] ................ 35

Tabela 2.9 - Vigas de CHEONG E MACALEVEY (2000) ensaiadas sob carregamento


cíclico ...................................................................................................................... 37
Tabela 2.10 - Características das vigas antes e após o reforço.BORJA (2001) ............................ 39

Tabela 2.11 - Concretos – Propriedades mecânicas – PIANCASTELLE (2002) ......................... 45

Tabela 2.12 - Resultados experimentais médios, teóricos e da NBR-6118. PIANCASTELLE


(2002) ..................................................................................................................... 46
Tabela 2.13 - Resultados dos ensaios e ganhos obtidos com reforço. PIANCASTELLE (2002) . 46

Tabela 2.14 - Características das vigas de Altun (2004) ............................................................... 48

Tabela 2.15 - Resultados das vigas de Altun (2004) ..................................................................... 49

Tabela 2.16 - Resultados teóricos e experimentais das vigas ensaiadas por SANTOS (2006)...... 53

Tabela 2.17 - Expressões propostas por pesquisadores e norma para o cálculo da resistência ao
cisalhamento [JÚDICE et al.,2004] ........................................................................ 57

CAPÍTULO 3 : PROGRAMA EXPERIMENTAL


Tabela 3.1 - Consumo dos materiais para 1 m3 de concreto ....................................................... 61

Tabela 3.2 - Resistência à compressão dos corpos-de-prova do concreto .................................. 64

Tabela 3.3 - Resistência à tração dos corpos de prova do concreto ............................................ 65

Tabela 3.4 - Características das barras de aço utilizadas nas armaduras das vigas e do
reforço...................................................................................................................... 70
Tabela 3.5 - Características das vigas originais ......................................................................... 72

xv
Tabela 3.6 - Características das vigas reforçadas ........................................................................ 76

Tabela 3.7 - Valores de Ai calculados a partir de diferentes expressões propostas para o


cálculo da resistência ao cisalhamento ................................................................... 78
Tabela 3.8 Dados referentes aos chumbadores AF, segundo o fabricante................................. 79
-

Tabela 3.9 - Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VREF ............................ 97

Tabela 3.10 - Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR1 .............................. 101

Tabela 3.11 - Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR2 .............................. 106

Tabela 3.12 - Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR3 .............................. 111

Tabela 3.13 - Resumo dos resultados experimentais das vigas ensaiadas .................................... 112

CAPÍTULO 4 : ANÁLISE DOS RESULTADOS

Tabela 4.1 - Características e resistências teóricas e experimentais à flexão das vigas sem
reforço...................................................................................................................... 116
Tabela 4.2 - Características e resistências teóricas e experimentais à flexão das vigas
reforçadas................................................................................................................. 117
Tabela 4.3 - Cargas de ruptura teóricas e experimentais das vigas ensaiadas.............................. 118

Tabela 4.4 - Tensão cisalhante na ligação viga-reforço das vigas reforçadas VR1, VR2 e
VR3.......................................................................................................................... 119
Tabela 4.5 - Cargas limites de serviço e de ruptura das vigas ensaiadas.....................................
124
Tabela 4.6 - Valores de cargas de escoamento e de ruptura, deslocamentos verticais relativos
a essas cargas e índice de ductilidade das vigas ensaiadas...................................... 125
Tabela 4.7 Características das vigas V1R e V2R ensaiada por SANTOS(2006) e VR1 e VR2
ensaiadas neste trabalho........................................................................................... 142
Tabela 4.8 Comparações entre as vigas V1R e V2R ensaiadas por SANTOS(2006) e VR1
e VR2 ensaiadas neste trabalho............................................................................... 143

APÊNDICE

Tabela A.1 - Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga de referência
150
VREF.......................................................................................................................
Tabela A.2 - Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR1 .............. 151

Tabela A.3 - Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR2 .............. 152

Tabela A.4 - Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR3 .............. 153

Tabela B.1 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003


para a viga VREF......................................................................................... 155

xvi
Tabela B.2 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003
156
para a viga VR1.............................................................................................
Tabela B.3 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003
157
para a viga VR2 ............................................................................................
Tabela B.4 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003
158
para a viga VR3 ............................................................................................
Tabela B.5 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
159
para a viga VREF..........................................................................................
Tabela B.6 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
160
para a viga VR1.............................................................................................
Tabela B.7 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
161
para a viga VR2.............................................................................................
Tabela B.8 Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
162
para a viga VR3.............................................................................................

xvii
LISTA DE SIMBOLOS

LETRAS ROMANAS:

A Área da seção transversal da viga.

As Área da seção transversal da armadura longitudinal de tração da viga sem serviço.

As’ Área da seção transversal da armadura longitudinal de compressão da viga sem e


com reforço.
Asr Área da seção transversal da armadura longitudinal do reforço.

Asw Área da seção transversal da armadura de transversal, no comprimento s.

Ai Área da interface viga-reforço.

b Largura da viga.

Cc Força resultante de compressão no concreto.

Cs Força resultante de compressão na armadura longitudinal de compressão.

d Altura efetiva da viga original.

d’ Distância do centróide da seção da armadura longitudinal de compressão à face


superior da viga.
dr Altura efetiva da viga reforçada

Ec Módulo de elasticidade tangente na origem do concreto.

Ecs Módulo de elasticidade secante do concreto.

Es Módulo de elasticidade do aço.

fc Resistência do concreto à compressão.

fck Resistência característica à compressão do concreto.

fcm Resistência à compressão média do concreto.

fct Resistência à tração direta do concreto.

fctm Resistência à tração direta do concreto média.

fct,sp Resistência à tração indireta do concreto.

F Força resultante máxima na armadura longitudinal do reforço.

fst Resistência à tração do aço.

fy Resistência de escoamento do aço experimental.

h Altura da viga.

Ig Inércia da seção bruta da viga.

xviii
Ifiss Inércia da seção fissurada da viga.

L Vão centro a centro dos apoios.

Lv Comprimento total da viga.

Lr Comprimento total do reforço.

Lcis Comprimento de cisalhamento.

Mu Momento fletor último da viga.

Mu,exp Momento fletor último da viga experimental.

Py Carga correspondente ao escoamento da armadura longitudinal de tração.

Pu Carga última teórica.

Pu,exp Carga última experimental.

Pfiss Carga de fissuração.

Pδlim Carga correspondente à flecha limite.

Pδlim,exp Carga correspondente à flecha limite experimental.

s Espaçamento da armadura transversal.

T Força resultante na armadura longitudinal de tração.

x Altura da linha neutra da viga.

xr Altura da linha neutra da viga reforçada.

z Distância entre o centróide da zona de compressão e o centróide da


seção da armadura longitudinal de tração (braço da alavanca).

zr Distância entre o centróide da zona de compressão e o centróide da


seção da armadura longitudinal de tração da viga reforçada.

LETRAS GREGAS:

δ Deslocamento vertical.

δlim Deslocamento vertical relativo à flecha limite (item 13.3 da NBR 6118/2003)

δy Deslocamento vertical relativo à carga de escoamento da armadura.

δu Deslocamento vertical relativo à carga última.

εc Deformação específica da fibra mais comprimida de concreto.

εy Deformação específica de escoamento do aço.

xix
εyr Deformação específica de escoamento do aço do reforço.

εs Deformação específica do aço da armadura longitudinal de tração.

εs’ Deformação específica do aço da armadura longitudinal de compressão.

εsu Deformação da armadura longitudinal de tração correspondente à carga


última da viga.
ρ Taxa geométrica de armadura longitudinal de tração.

ρb Taxa geométrica de armadura longitudinal correspondente à condição balanceada.

ρv Taxa geométrica da armadura longitudinal de tração da viga original.

ρr Taxa geométrica da armadura longitudinal de tração do reforço.

ρsw Taxa geométrica de armadura transversal.

σs’ Tensão da armadura de compressão.

σsr Tensão da armadura longitudinal de tração do reforço.

τ Tensão cisalhante na interface de ligação.

τR Tensão cisalhante resistente na interface de ligação.

γ Coeficiente de minoração da resistência ao cisalhamento na interface.

γc Coeficiente de minoração da resistência do concreto à compressão.

γs Coeficiente de minoração da tensão de escoamento do aço.

γf Coeficiente de majoração das cargas.

xx
Capítulo 1 – Introdução

As’

CAPÍTULO 1
As INTRODUÇÃO

O concreto armado é o material mais largamente usado na construção civil


devido à facilidade com que elementos estruturais de concreto podem ser executados,
numa variedade de formas e tamanhos, e suas características.

Entretanto, como todos os materiais, o concreto sofre deteriorações ao longo do


tempo das mais diversas origens, que podem vir a comprometer a capacidade resistente
da estrutura de elementos estruturais. Segundo CEB-FIP (2001), a necessidade de
reabilitar, reparar e reforçar estruturas de concreto armado aumentou consideravelmente
nos últimos anos.

Os fatores que contribuem para essa situação são vários: necessidade de


mudança do tipo de utilização (ações além das previstas em projeto); erros de projeto
e/ou construção; falta de controle de qualidade dos materiais utilizados; falta de
manutenção periódica; variações térmicas intrínsecas e extrínsecas ao concreto;
ocorrência de acidentes (sismos, incêndios, explosões, cheias ou atos de vandalismo),
etc.

As conseqüências podem ser, por exemplo, um nível inadequado da segurança


das estruturas e das condições de utilização da construção que afetam as condições de
higiene, estética e funcionalidade da estrutura.

1
Capítulo 1 – Introdução

Existem diferentes tipos de intervenção para fazer face aos problemas


provocados pelos fatores anteriormente enunciados, destacando-se a demolição total ou
parcial da estrutura, a imposição de medidas restritivas no seu uso, a modificação do seu
sistema estrutural, a substituição ou introdução de novos elementos ou o reforço de
elementos estruturais.

A escolha por um dos referidos tipos de intervenção passa, necessariamente, por


fatores técnicos e econômicos como, eficiência da intervenção, condições e custos de
realização da obra e disponibilidade local de mão-de-obra adequada, materiais e
equipamentos. Outros aspectos importantes são a continuidade ou não da utilização da
estrutura durante a obra e a agressividade do meio ambiente durante e após a
intervenção.

O reforço estrutural por aumento da seção transversal ou encamisamento


consiste na colocação de uma camada adicional de concreto armado ou argamassa
armada em um elemento estrutural existente. Pilares, vigas, lajes, tabuleiros de pontes e
vigas-parede podem ter suas seções resistentes aumentadas para elevar sua capacidade
resistente, rigidez, ductilidade, etc. A nova camada deve ser aplicada à superfície de
concreto existente com o objetivo de produzir um elemento monolítico.

Como vantagens, frente aos outros tipos de reforços, destacam-se a economia,


principalmente devido à não exigência de mão-de-obra especializada para a execução e
o emprego de materiais tradicionalmente usados na construção civil e a proteção das
armaduras do reforço ao ataque de agentes agressivos externos.

Entre as principais desvantagens desse método destacam-se o aumento da seção


transversal e do peso próprio, a necessidade de fôrmas para a concretagem e a retração
diferenciada dos concretos velho e novo que acarreta problemas de fissuração e
aderência entre a camada nova e o elemento antigo.

Visando contribuir para uma melhor compreensão do comportamento estrutural


das estruturas reforçadas, no presente trabalho é feito estudo de vigas de concreto
armado reforçadas por meio de encamisamento parcial em concreto armado, nas quais
variou-se a taxa de armadura de reforço.

2
Capítulo 1 – Introdução

O trabalho engloba cinco capítulos, referências bibliográficas e dois apêndices.

O Capítulo 2 aborda sucintamente sobre as técnicas de reforço mais utilizadas e


em mais detalhes o reforço por encamisamento, sendo resumidos alguns estudos
experimentais encontrados na literatura sobre vigas de concreto armado reforçadas à
flexão por essa técnica.

No Capítulo 3 descreve-se o programa experimental desenvolvido para avaliar a


técnica de reforço à flexão de vigas de concreto armado de seção retangular, por
encamisamento parcial, que consiste em reforçar a viga aumentando o número de barras
tracionadas, envolvendo-as com concreto. Foram ensaiadas quatro vigas de concreto
armado, biapoiadas, carregadas com uma carga concentrada no meio do vão, das quais
apenas uma não foi reforçada (viga de referência). O carregamento das vigas reforçadas
foi realizado em duas etapas: antes do reforço (até a carga correspondente a 80% da
carga de ruptura teórica) e após o reforço (até a ruína).

No Capítulo 4 estão as análises dos resultados do programa experimental


desenvolvido, feitas por meio de comparações entre os valores de flechas, deformações
das armaduras e do concreto e cargas de rupturas das vigas reforçadas e de referência.
Um modelo teórico para previsão de flechas das vigas ensaiadas também é apresentado.

As conclusões e temas propostos para trabalhos de pesquisas futuros estão no


Capítulo 5.

No apêndice A encontram-se os resultados dos ensaios nas diferentes etapas de


carregamento. No apêndice B encontram-se os resultados obtidos no cálculo teórico de
flechas.

3
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

As’

CAPÍTULO 2
As REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- INTRODUÇÃO

Quando uma estrutura não tem mais capacidade de resistir aos esforços a que
está sendo submetida ou quando há aumento do seu carregamento, é necessário
reabilitá-la ou reforçá-la.

O reforço pode ser realizado pela associação de materiais ou elementos à


estrutura original, como barras de aço, concreto, chapas metálicas ou compósitos de
fibras e resinas. Além disso, pode-se diminuir o nível de tensões imposto à estrutura,
aplicando-se forças que se contraponham ao acréscimo de tensões gerado. Isto pode ser
conseguido por meio de protensão com cabos externos.

Neste capítulo são comentadas algumas características importantes das técnicas


de reforço citadas acima, apontando-se algumas vantagens e desvantagens de cada uma.
Em mais detalhes, é abordado o reforço por meio de encamisamento de concreto
armado, resumindo-se alguns estudos realizados sobre o comportamento de vigas de
concreto armado, submetidas à flexão, reforçadas por meio do aumento das seções de
concreto e armadura.

4
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.2 – TÉCNICAS DE REFORÇO

Antes de se definir a técnica que será utilizada para o reforço, é fundamental


levantar as causas que levaram à necessidade de reforço, de forma a garantir a vida útil
da estrutura após a intervenção. Além disso, é importante avaliar a resistência residual
da estrutura para que o reforço possa ser dimensionado adequadamente. Deve-se
analisar também a influência do reforço que se está executando em um elemento nos
demais componentes da estrutura. Ao se enrijecer uma viga, por exemplo, pode-se
mudar significativamente suas reações, vindo a comprometer os pilares nos quais se
apóia.

Devem ser utilizados materiais com boa durabilidade, baixa permeabilidade, boa
resistência, boa aderência ao concreto e ao aço, baixa retração, boa trabalhabilidade e
propriedades compatíveis com o concreto e o aço, visando garantir a eficiência do
processo de reforço.

Outro aspecto que deve ser estudado é a forma de execução do reforço. A


técnica não será eficiente se o que foi planejado não for executado adequadamente. É de
suma importância assegurar-se o comportamento monolítico dos novos elementos
resistentes, devendo-se, para isso, garantir a união do substrato ao reforço. Além disso,
muitas vezes é necessário descarregar parcialmente a estrutura antes da execução do
reforço para que se diminua o nível de solicitações na estrutura original.

Todas as recomendações acima são gerais, ou seja, independem da técnica de


reforço escolhida. Cada técnica possui suas vantagens e desvantagens, devendo-se
avaliá-las de forma a escolher aquela que represente a melhor relação custo-benefício e
possa ser executada dentro do prazo requerido. A seguir são comentados alguns
aspectos importantes das técnicas mais utilizadas na prática.

5
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.2.1 – REFORÇO COM CHAPA DE AÇO

Desde meados dos anos 60, o reforço com chapas de aço coladas em vigas de
concreto armado tem sido utilizado na África do Sul, Japão e em vários países da
Europa (BEBER, 2003). A técnica é adequada nos casos onde há deficiência nas
armaduras existentes, sem haver deficiência nas dimensões dos elementos estruturais e
na qualidade do concreto.

Trata-se de uma técnica simples de executar e que recorre a materiais de uso


corrente. Devido à pequena interferência que causam nas dimensões arquitetônicas, ao
baixo peso próprio introduzido na estrutura, à facilidade de execução e limpeza na
aplicação, além da possibilidade de rápida reutilização da estrutura, a técnica de reforço
de vigas por intermédio de chapas de aço coladas ao concreto tem sido a solução
adotada com maior freqüência.

No entanto, ela apresenta alguns inconvenientes, nomeadamente: corrosão do


aço; a impossibilidade de visualizar fissuras na região sob a chapa; tendência de
destacamento dos bordos da chapa devido à concentração de tensões; baixa resistência
ao fogo, o que compromete a segurança estrutural em alguns casos específicos;
dificuldade de manipulação de pesadas chapas de aço no local da obra; alto custo do
adesivo; necessidade de suportes durante o tempo de cura do mesmo e limitação do
comprimento das chapas que pode dar origem à necessidade de execução de emendas.

A colagem das chapas metálicas pode ser feita com resinas de epóxi, de
poliéster, acrílicas, de poliuretanos e sintéticas. As resinas epóxi são as mais
empregadas, devido às suas excelentes propriedades adesivas com o concreto e o aço e
ausência quase que total de retração durante o processo de cura, garantindo a
integridade da superfície de ligação.

A qualidade da adesão entre o concreto e o aço é propriedade fundamental nessa


técnica de reforço. Segundo Bauer (2000), a adesividade está relacionada à qualidade do
adesivo, às condições das superfícies dos materiais ligados e às propriedades destes
materiais.

6
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

A preparação da superfície de concreto onde será colado o reforço consiste na


remoção da camada superficial de concreto da viga e limpeza do substrato. A superfície
da chapa de aço deve ser lixada, para retirar escaras e oxidação, e limpa, para que sejam
removidos óleos e gordura. Em seguida, pode ser feita a aplicação homogênea do
adesivo na chapa de aço e no concreto.

O principal problema que pode ocorrer em vigas de concreto armado reforçadas


com esta técnica é que, além dos modos de ruptura convencionais que podem existir em
qualquer viga de concreto armado, pode ocorrer ainda a ruptura por descolamento ou
destacamento da chapa (ver figura 2.1).

A ruptura por descolamento da chapa de aço ocorre devido a uma má execução


da colagem ou quando o carregamento for muito rápido ou em situações de impacto. A
ruptura por destacamento caracteriza-se por uma fissura, surgida na seção transversal
coincidente com a extremidade da chapa, que se horizontaliza mais ou menos no nível
das armaduras internas. Estas fissuras, ao ligarem-se com as fissuras de cisalhamento,
levam a viga a um colapso brusco [SILVEIRA, 1997, apud REIS, 1998].

Fissura horizontal no nível da


Fissura crítica de cisalhamento armadura interna

chapa chapa

Região de descolamento Região de ruptura do cobrimento


(a) ruptura por descolamento da chapa (b) ruptura por destacamento da chapa

Figura 2.1 – Modos de ruptura em vigas reforçadas com chapas de aço.

Para evitar esses tipos de ruptura da viga reforçada com chapas de aço, o CEB
(1983) estabelece limites para o valor da tensão tangencial na interface reforço/substrato
(τ). Como a resistência de aderência depende mais da resistência do concreto à tração

7
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

do que da resistência do adesivo ao cisalhamento, recomenda-se que, para chapas


coladas continuamente, τ seja menor que a resistência média do concreto à tração.

Outros métodos têm sido usados para tentar prevenir esses tipos de ruptura:
aumento na relação largura/espessura da chapa; término das chapas nas proximidades
dos apoios; utilização de chumbadores e outros dispositivos para ancoragem das chapas
(ver figura 2.2).

(b) Ancoragem por meio de chapa envolvente

(c) Ancoragem por meio de parafusos tipo “parabolt"

Figura 2.2 – Tipos de ancoragens estudadas por CAMPAGNOLO (1993) apud Reis,1998.

Morais (1997) verificou que os estribos formados por chapas em tiras coladas
foram efetivos como dispositivos de ancoragem para evitar o arrancamento da chapa de
aço do reforço à flexão.

Segundo Ripper e Souza (1998), para garantir uma melhor qualidade na ligação
entre concreto, resina e chapa é necessário que durante a cura da resina seja aplicada
uma leve e constante pressão na chapa contra o concreto por no mínimo 24 horas. O
tempo necessário vai depender do tipo da resina e da temperatura ambiente.

Pesquisadores, como Jones e Swamy (1995), verificaram que a espessura da


chapa de aço tem vital importância na eficácia do reforço. O CEB (1983) recomenda a
utilização de chapas com espessura máxima de 3,0mm, espessura máxima da camada de
resina epóxica de 1,5mm e proteção da região reforçada contra as mudanças de
temperatura e fogo.

8
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.2.2 - REFORÇO COM COMPÓSITO DE FIBRAS E RESINAS

A evolução na tecnologia de materiais tornou possível substituir as chapas de


aço por materiais mais leves, resistentes, duráveis e de fácil aplicação: FRP (Fiber
Reinforced Polymer), ou, em português, polímero (plástico) reforçado com fibras
(PRF).

Os compósitos, inicialmente desenvolvidos para aplicações nas indústrias


aeroespacial, automotiva, naval, de equipamentos esportivos e armamentos, passam
agora a ocupar um lugar de destaque como alternativa viável no reforço de estruturas de
concreto armado.

Em muitos casos, a aplicação de compósitos pode significar um meio de


estender a vida útil de uma estrutura que possivelmente não poderia ser reforçada
utilizando materiais convencionais. Ainda, a habilidade de se conduzir a completa
operação de reforço em períodos muito curtos de tempo, sem que seja necessário
interromper completamente a utilização da estrutura, é, sem dúvida, uma das maiores
vantagens dos compósitos.

Compósitos são materiais cuja estrutura é constituída por uma combinação de


dois ou mais produtos diferentes, claramente identificáveis, cujas propriedades em
conjunto são superiores às que possuem em separado, para um dado propósito [Ripper,
1998].

Os polímeros reforçados com fibras (PRF) são compósitos que têm sido usados
no reforço de estruturas. A resistência e a rigidez dos compósitos de PRF depende,
basicamente, do tipo de fibra, da matriz polimérica e da interface entre estas duas. Cada
um destes componentes deve apresentar um conjunto de características que permita um
desempenho satisfatório do compósito [Hollaway, 1993, apud Beber, 2003 ].

Nos PRF, as fibras representam as componentes de resistência e rigidez do


compósito, justificando a existência de um critério de seleção, função de parâmetros
como o tipo de fibra, o seu grau de concentração, o seu comprimento (curtas ou longas)
e a forma como se dispõem na matriz.

9
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

De acordo com Hollaway & Leeming, 1999, apud Beber, 2003, em função da
orientação das fibras, os compósitos podem ser divididos em três grandes grupos:
unidirecionais (fibras alinhadas em uma única direção); bidirecionais (fibras alinhadas
perpendicularmente em duas direções) e multidirecionais (fibras distribuídas
aleatoriamente nas várias direções em um mesmo plano).

Vários tipos de fibra, com grande variedade de propriedades, estão disponíveis


comercialmente. As fibras longas (contínuas) e de pequeno diâmetro são as mais
adequadas para o reforço de estruturas de concreto, pela ótima capacidade de
transferência de tensão e de aproveitamento de suas propriedades.

Segundo o ACI 440R.2R (2002), os produtos de plásticos reforçados com fibras


(PRF) utilizados para o reforço de estruturas de concreto são constituídos por fibras
contínuas de vidro (PRFV), aramida (PRFA) ou carbono (PRFC). A tabela 2.1 mostra a
variação das propriedades físicas e mecânicas de diversas fibras e a figura 2.3 faz uma
comparação do diagrama tensão x deformação das mesmas com o do aço.

De acordo com Ripper (1998), as fibras de carbono apresentam boa resistência a


maioria dos tipos de ataques químicos, bom comportamento à fadiga, leveza (peso
específico da ordem de 18 kN/m3), boa rigidez e estabilidade térmica e reológica.

Figura 2.3 - Diagrama tensão-deformação dos principais tipos de fibras e para os aços de
concreto armado e protendido [BEBER, 2003].

10
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.1 – Propriedades das Fibras [ACI 440.2R, 2002]

Resistência à Módulo de Elasticidade Deformação Última


Tipo de Fibras
Tração ff (MPa) Ef (GPa) εfu (°/oo)
Carbono (mínimo)
Alta ff 3790 a 4820 220 a 240 14,0
Ultra-Alta ff 4820 a 6200 220 a 240 15,0
Alto Ef 1720 a 3100 340 a 520 5,0
Ultra -Alto Ef 1380 a 2400 520 a 690 2,0
Vidro
Tipo E 1860 a 2680 69 a 72 45,0
Tipo S 3440 a 4140 86 a 90 54,0
Aramida
Baixo Ef 3440 a 4140 69 a 83 25,0
Alto Ef 3441 a 4140 110 a 124 16,0

A matriz dos compósitos reforçados com fibras apresenta variadas funções: é


responsável pela união das fibras que compõem o compósito, atuando como o meio
através do qual as solicitações externas são transmitidas e distribuídas para as fibras;
atua na proteção das fibras, formando uma camada entre as fibras e o ambiente,
protegendo-as contra a abrasão, umidade e agentes agressivos de natureza química e
biológica. Além disso, a matriz polimérica é responsável por manter as fibras
posicionadas corretamente.

Atualmente, existe uma grande variedade de matrizes disponíveis para a


fabricação de compósitos de FRP. No âmbito dos reforços estruturais, as resinas
termorrígidas representam a matriz ideal para a confecção dos compósitos de FRP,
porque proporcionam, dentre outras propriedades, boa estabilidade térmica, boa
resistência química e baixa fluência [ACI, 1996].

As mais utilizadas em compósitos para o reforço estrutural, são as poliéster,


viniléster e epóxi. As resinas epóxi são bastante usadas nos compósitos de alta
performance pela extensa gama de propriedades físicas e mecânicas, apesar do alto
custo [CEB-FIP, 2001]. Na Tabela 2.2 podem ser vistas algumas das propriedades
físicas e mecânicas de diferentes tipos de resina, segundo MATTHYS ,2000 apud
ARAÚJO, 2002).

11
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.2 – Propriedades de Diferentes Resinas[MATTHYS, 2000 apud ARAÚJO, 2002]

Resistência à Módulo de Elasticidade Peso específico Retração na


Tipos de Resina
Tração ff (MPa) Ef (GPa) (kN/m3) cura (%)

Poliéster 35 a 104 2,1 a 3,5 11 a 14 5,0 a 12,0


Viniléster 73 a 81 3,0 a 3,5 11 a 13 5,0 a 10,0
Epoxi 55 a 130 2,4 a 4,1 12 a 13 1,0 a 5,0

A resina pouco influi na resistência à tração do polímero, mas influi bastante no


comportamento do mesmo ao corte e à compressão. A grande influência da resina é nas
condições de fabricação do plástico, tais como viscosidade, ponto de fusão, temperatura
de cura. É fundamental que a quantidade de resina seja a estritamente necessária à
impregnação e/ou colagem, para que não haja alteração das características do plástico
(quanto mais resina, maior o peso e menor a resistência) [RIPPER, 1998].

O adesivo é o material responsável pela colagem do PRF na superfície do


concreto e pela transferência de tensões, possibilitando a ação conjunta dos dois
materiais. A escolha do adesivo depende do tipo de performance desejada, do substrato
e das condições do ambiente e de aplicação do compósito na execução. Seu sucesso irá
depender da correta preparação e aplicação da mistura, baseada nas especificações do
fornecedor. Os adesivos estruturais mais usados são as resinas epóxicas.

Os modos de ruína que podem ocorrer em vigas reforçadas pela colagem de


compósito estão representados na figura 2.4. Alguns desses modos de ruptura são
semelhantes aos que ocorrem quando a viga tem reforço com chapas de aço.

Figura 2.4 – Modos de ruptura para reforço à flexão segundo TRIANTAFILLOU (1998).

12
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Onde:

(a) Escoamento da armadura interna seguido de ruptura do reforço.


(b) Escoamento da armadura interna seguido de esmagamento do concreto.
(c) Esmagamento do concreto.
(d) Destacamento do compósito nas extremidades da zona de ancoragem.
(e) Descolamento do compósito próximo às fissuras inclinadas.
(f) Descolamento do compósito provocado por fissuras de flexão.
(g) Descolamento do compósito provocado por irregularidades na superfície do concreto.

O escoamento da armadura seguido de ruptura do reforço (a) pode acontecer


quando as taxas de aço e de reforço forem baixas, assim como a deformação de ruptura
do compósito, ou ainda devido a uma elevada resistência à compressão do concreto. O
modo (b) seria o alvo do dimensionamento ótimo do reforço, onde a ruína é governada
pelo escoamento do aço seguida de esmagamento do concreto. O esmagamento do
concreto (c) ocorre quando as taxas de reforço e de aço são elevadas. A fissuração da
peça se desenvolve diminuindo a zona comprimida, até o momento no qual a tensão de
compressão no concreto atinja seu valor máximo, o que leva à ruptura brusca. Os
demais modos, (d), (e), (f) e (g), ocorrem de maneira frágil e brusca e devem ser
evitados.

Shehata et al. (2000) resumem estudo feito sobre reforço de vigas de concreto
armado utilizando lâminas de fibras de carbono. Segundo eles, a ruptura por
descolamento ocorre quando a deformação do compósito alcança valor em torno de 5‰,
devendo-se, portanto, considerar essa deformação limite da lâmina de carbono no
dimensionamento do reforço. Para evitar o destacamento do compósito, é sugerido que a
tensão de cisalhamento na ligação do compósito com o concreto não ultrapasse valor
igual à resistência à tração do concreto minorada por fator que leva em consideração a
menor qualidade do concreto do cobrimento e a possível existência de fissuras nesse
concreto.

13
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.2.3- REFORÇO COM PROTENSÃO EXTERNA

Desde 1950 a protensão externa vem sendo largamente utilizada para o reforço
de vigas. Este tipo de reforço é extremamente eficiente, possuindo uma flexibilidade de
adaptação às particularidades de cada estrutura existente, mantendo a geometria da viga.
A aplicação da protensão melhora o comportamento em serviço e aumenta a capacidade
portante das vigas. O aumento de rigidez proporcionado pela protensão, decorrente do
melhor controle da fissuração do concreto, pode reduzir as flechas e a vibração das
pontes, bem como reduzir a variação de tensões, aumentando a resistência à fadiga
[Almeida, 2001].

A depender da situação que se tenha e do tipo de esforço que se queira introduzir


na estrutura, podem ser utilizados cabos retos ou poligonais, ancorados nos pilares, em
vigas de apoio ou nas lajes, e com ou sem desviadores, como mostra a figura 2.5.

(a) Cabo reto, sem desviador, ancorado (c) Cabo poligonal, ancorado nos pilares,
nos pilares. com um desviador na face inferior da
viga.

(b) Cabo reto, sem desviador, ancorado (d) Cabo poligonal, ancorado na laje, com
na face inferior da viga. dois desviadores nas laterais da viga.

Figura 2.5 – Geometria dos cabos de protensão [ALMEIDA, 2001].

No detalhamento, cuidados específicos devem ser tomados com relação aos


desviadores e conectores (figura 2.6). Os dispositivos de desvio devem ser aptos a
transmitir à estrutura as tensões radiais e tangenciais gerados pelos cabos e ser lisos para
diminuir o atrito entre os desviadores e os cabos. Os conectores, elementos cilíndricos
pelos quais passam dois cabos a serem ancorados, são muito utilizados nos casos em
que não é possível ancorar os cabos isoladamente [RIPPER, 1998].

14
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

(conector)
(desviador)

Figura 2.6 – Desviador e conector típico utilizado em protensão externa. [CÂNOVAS,1988]

Dentre as vantagens da aplicação da protensão externa para reforço tem-se:

• Pode-se aumentar a resistência à flexão e ao esforço cortante sem aumentar


significativamente o peso próprio das vigas;
• Fissuras de flexão existentes antes da execução do reforço podem se fechar
completamente com a protensão;
• A excentricidade dos cabos pode ser aumentada, fixando-os por meio de
desviadores na face inferior da viga;
• As perdas por atrito dos cabos externos são menores do que as dos cabos
internos;
• Os cabos podem ser facilmente inspecionados, re-protendidos e até substituídos,
sem implicar em acréscimos significativos de custo; e
• O reforço, em muitos casos, pode ser feito sem interrupção do uso da
construção.

Entretanto alguns aspectos devem ser observados segundo Almeida (2001) e


Reis (2003):

• Necessidade de avaliar o estado de tensões a que está submetido o concreto para


que o acréscimo de força axial não cause sua ruptura. Isto pode ser importante,
principalmente, se o concreto for de baixa resistência ou estiver deteriorado;
• Execução de um sistema de proteção eficiente dos cabos externos contra o fogo
e corrosão pois os mesmos encontram-se mais expostos às influências
ambientais;
• O detalhamento dos desviadores e das ancoragens deve levar em conta a
concentração de tensões nas regiões de sua localização; e

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

• Nas vigas com cabos externos, os cabos não acompanham a deformação da viga
em todos os pontos, havendo uma variação da excentricidade do cabo (efeito de
segunda ordem). Se a viga for protendida com cabos retos e sem desviadores ao
longo do vão, esta variação é teoricamente igual à flecha da viga (figura 2.7).

Profundidade do cabo antes da aplicação do carregamento

Profundidade do cabo reduzida (efeito de 2ª ordem)

Figura 2.7 – Efeito de segunda ordem – redução da excentricidade do cabo


[ALMEIDA, 2001].

2.2.4 – REFORÇO COM ADIÇÃO DE AÇO E CONCRETO

Esta técnica consiste em acrescentar concreto ou argamassa armada às peças a


serem reforçadas ou reparadas, e sua eficiência depende da ligação entre as partes antiga
e nova. No caso da reparação, o material danificado é substituído, mantendo-se a
configuração inicial, enquanto no de reforço há aumento da seção transversal.

As principais vantagens desse método são:


• Mão-de-obra e materiais de fácil disponibilidade;
• Custo em geral mais baixo, se comparado com outros métodos de reforço;
• Proteção das armaduras de reforço ao fogo e atos de vandalismo.

Por outro lado, tem-se como desvantagens: a necessidade de fôrmas para


concretagem, o aumento de seção transversal das peças na maioria dos casos, o fato de
a peça reforçada só poder ser solicitada após o concreto ter atingido a sua resistência de
projeto e a retração do concreto novo que pode prejudicar a aderência entre os dois
concretos.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Para melhorar a aderência e controlar a retração, o CEB (1983) recomenda que


sejam tomadas as seguintes precauções:

• remover o concreto deteriorado ou desintegrado com ponteiro ou talhadeira.


Por razões práticas, a espessura mínima da camada a ser adicionada deve
ficar em torno de 75 mm a 100 mm, possibilitando que a compactação do
novo concreto e o posicionamento da nova armadura possam ser feitos de
forma adequada;
• promover uma superfície rugosa deixando os agregados expostos, e remover,
quando necessário, o concreto que envolve as armaduras, eliminando
somente o concreto deteriorado;
• remover a ferrugem das armaduras e óleos do concreto;
• eliminar o pó utilizando água sob pressão;
• saturar o concreto antigo por pelo menos seis horas antes de aplicar o
concreto novo;
• evitar bolhas de ar aplicando concreto ou argamassa com uma maior fluidez
e a partir de um mesmo lado da fôrma. Muitas vezes, é necessário abrir
janelas temporárias na fôrma para lançar o concreto e permitir a passagem do
vibrador de imersão;
• promover a cura com umedecimento da superfície ou cobrindo-a com
materiais úmidos, tais como areia, espuma, estopa e outros. Este
umedecimento deve persistir por dez dias, no mínimo;
• usar concreto de melhor qualidade, com resistência característica de, no
mínimo, 5 MPa a mais do que a do concreto existente.

Recomenda-se ainda que o concreto ou a argamassa de reforço tenham


resistência mecânica, módulo de elasticidade e coeficiente de dilatação compatíveis com
os do concreto existente.

No reforço de elementos em locais de difícil acesso, tem-se a alternativa da


utilização do concreto projetado, o qual pode ser lançado em qualquer superfície e
direção e necessita de uma menor quantidade de fôrmas. A desvantagem desse método é

17
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

o custo mais elevado devido à necessidade de mão-de-obra e equipamentos


especializados.

O jateamento do concreto pode ser feito por via seca, quando a água, sob
pressão, é adicionada no instante em que o cimento e os agregados secos passam pela
pistola, ou por via úmida, quando o cimento, os agregados e a água são previamente
misturados e transportados sob pressão até a pistola, onde mais ar é injetado para o
lançamento.

O processo por via úmida tem a desvantagem de não permitir a suspensão e


retomada do serviço após o início dos trabalhos, porém oferece maior segurança de que
a água se misture totalmente com os outros componentes do concreto; a adição da água
é controlada na máquina, podendo ser adequadamente medida e misturada, levando a
um concreto mais homogêneo, além de possibilitar menores perdas e produzir menos pó
durante as operações.

O processo por via seca tem a vantagem de se adequar ao lançamento de


misturas que contenham agregados leves e porosos; permite a utilização de
comprimentos de mangueira mais extensos facilitando o deslocamento do operador para
áreas distantes do equipamento de mistura; Sua maior desvantagem estaria na
dificuldade do operador em controlar a quantidade da água utilizada na mistura,
podendo haver uma variação desta quantidade nos concretos de diferentes regiões.

O reforço por encamisamento ou aumento da seção transversal pode ser utilizado


quando a viga apresenta insuficiência de armadura na zona tracionada. O reforço
realizado com concreto adequadamente preparado apresenta boa eficiência, mas tem o
inconveniente de levar a seções maiores que as iniciais, o que, em alguns casos, pode
ser indesejável.

Caso a concretagem seja dificultada pela existência de lajes que não podem ser
danificadas, faz-se o apicoamento da peça para retirar a camada superficial de concreto
nas faces laterais e inferior da viga, até encontrar os estribos. As novas armaduras
transversais podem ser fixadas ou não aos estribos existentes e devem ser
dimensionadas para suportar as tensões tangenciais entre o substrato e o material de

18
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

reforço. Em seguida, são posicionadas as armaduras longitudinais de reforço e as fôrmas


para, então, realizar a concretagem.

Cânovas (1988) recomenda fazer furos para a passagem dos estribos com brocas
de 20 mm e dispor as armaduras do reforço o mais próximo possível das barras
existentes (ver figura 2.8). Para realizar a ancoragem das barras longitudinais que
chegam até os apoios, Petrucci, apud Cânovas (1988), recomenda furar o concreto e,
após a introdução das barras, preencher os vazios com argamassa epóxi ou com adesivo.

Uma técnica bastante empregada no encamisamento é a utilização do concreto


pré-colocado que se baseia no enchimento das formas primeiramente com agregado
graúdo devidamente compactado. Esse agregado deve ser molhado antes da argamassa
flúida de cimento e areia (podendo ser utilizados aditivos) ser injetada sob pressão até o
total preenchimento dos vazios. O concreto assim feito praticamente não exibe retração,
uma vez que as partículas de agregado graúdo estão em contato entre si, sem o
espaçamento que é necessário à pasta de cimento para retrair, como nos concretos
comuns. Faz-se necessário o uso de formas estanques para que se evite a fuga de
argamassa, deixando–se abertura somente na parte superior para que a água e o ar saiam
e, conseqüentemente, haja um preenchimento completo, sem deixar vazios [MORAES,
1985].

Furos de φ = 20mm

Apicoamento do
concreto

Concreto
Local de injeção
de furo

Forma
Armadura de reforço
fixada por estribos

Figura 2.8 - Reforço de viga com nova armadura adicionada [CÁNOVAS, 1988].

19
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Para os casos em que a laje pode ser danificada, o procedimento é o ilustrado na


figura 2.9.

Abertura onde será injetado


o concreto

Forma

Figura 2.9 - Reforço com aumento da base com danos à laje [CÁNOVAS, 1988]

No dimensionamento da peça, deve-se considerar que as armaduras iniciais e de


reforço estão em níveis diferentes e que mesmo que a viga seja parcialmente
descarregada quando da execução do reforço, a armadura antiga pode estar submetida a
uma tensão maior do que a do reforço.

Quando não são necessários estribos adicionais, pode-se usar chaves de


cisalhamento na face inferior da viga para resistir ao cortante que agem na interface
entre o substrato e o concreto novo (ver figura 2.10).

Laje

Armadura existente
Chaves de Armadura de reforço
cisalhamento

Figura 2.10 - Reforço de viga mediante “denteamento” [CÁNOVAS, 1988]

O CEB (1983) recomenda limitar a tensão tangencial na superfície de ligação


entre os concretos velho e novo e que o acréscimo de área na seção transversal da viga
seja menor que um terço da área da seção original.

20
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.3 – TRABALHOS REALIZADOS SOBRE TÉCNICA DE ENCAMISAMENTO

2.3.1 - Ensaios realizados por ALEXANDRE et al. (1988)

A fim de comparar o desempenho de vigas de concreto armado de seção


retangular reforçadas à flexão por meio de encamisamento utilizando concreto projetado
e argamassa de cimento e areia com ponte de aderência de resina epóxi, foram ensaiadas
12 vigas, divididas em 4 séries com 3 vigas cada uma, da seguinte forma:

Série 1 – vigas originais de referência;


Série 2 – vigas reforçadas com o uso de concreto projetado;
Série 3 – vigas reforçadas com o uso de argamassa; e
Série 4 – vigas monolíticas de referência.

A figura 2.11 mostra as seções transversais das vigas das quatro séries e o
esquema do ensaio. O concreto das vigas originais e monolíticas possuía uma
resistência média em torno de 25 MPa quando da realização dos ensaios (idade de 77 a
100 dias). A argamassa de cimento e areia utilizada no reforço possuía resistência média
de 31 MPa e o concreto projetado tinha resistência de cerca de 20 MPa aos 28 dias. Na
data dos ensaios a argamassa e o concreto projetado tinham idades que variavam de 67 a
97 dias.

3cm

Figura 2.11 – Seção transversal das vigas e esquema do ensaio de ALEXANDRE et al. (1988).
Continua.

21
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.11 – Seção transversal das vigas e esquema do ensaio de ALEXANDRE et al. (1988).
Continuação.

Antes da execução do reforço, uma das três vigas originais das séries 2 e 3 foi
submetida a ensaio preliminar, atingindo uma carga correspondente à de serviço
(26 kN). As outras duas vigas originais de cada uma dessas séries estavam íntegras
quando foram reforçadas. O concreto das vigas originais que entraria em contato com o
concreto projetado ou argamassa de reforço foi apicoado (superfície inferior e 15 cm
nas laterais, a partir da face inferior da viga).

Em todas as vigas reforçadas, foram feitos furos de 3 cm de profundidade, nas


faces laterais, para a colocação dos estribos do reforço (17φ5,0mm c.100mm) que
serviriam como suporte para a armadura de reforço à flexão (ver figura 2.11). A
remoção dos resíduos nesses furos foi feita com aplicação de jato de ar.

A superfície a ser reforçada por concreto projetado, antes da fixação dos


referidos estribos com resina epóxi, foi preparada com aplicação de jato de areia de alta
intensidade. Após a fixação dos estribos e colocação da armadura de reforço à flexão
(2φ10mm com comprimento de 1650 mm), o concreto projetado foi lançado, depois
do jateamento com água das superfícies de contato.

Já nas vigas reforçadas com argamassa, com a mesma armadura de reforço que
as outras, as superfícies laterais e inferior apicoadas foram limpas com escova de aço e,
posteriormente, umedecidas com estopa, visando melhorar a aderência da resina epóxi
aplicada antes da fixação e colocação das armaduras de reforço.

22
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

A tabela 2.3 mostra, para cada série, a média dos resultados obtidos para a carga
de ruptura teórica (obtida considerando os valores de resistência dos materiais
experimentais) e carga de ruptura experimental, assim como a relação entre elas.

Tabela 2.3 – Cargas de ruptura das vigas ensaiadas por ALEXANDRE et al. (1988).

Série Pu Pu,exp Pu,exp/Pu

1 44,5 51,5 1,16


2 112,7 113,5 1,01
3 112,5 91,3 0,81
4 94,3 106,3 1,13
Pu = carga de ruptura teórica
Pu,exp = carga de ruptura experimental

As vigas reforçadas com colagem epóxica e argamassa (série 3) romperam por


escoamento da armadura de flexão, com uma carga cerca de 20% inferior à carga
teórica, devido à perda de aderência entre argamassa e o concreto antigo. Já as vigas
originais (série 1) e as monolíticas de referência (série 4) romperam com uma carga, em
média, 15% superior à carga teórica.

As vigas em que foi usado reforço de concreto projetado (série 2) apresentaram


na ruptura, por flexão, com esmagamento do concreto, cargas maiores que a teórica,
exceto uma das vigas, onde a falta de apicoamento da superfície do concreto antigo
prejudicou a aderência do concreto projetado (notaram-se fissuras na interface). Após a
perda desta aderência, a armadura de reforço deixou de trabalhar, havendo então a
ruptura por escoamento da armadura de flexão da viga original a uma carga 10%
inferior à teórica prevista para a viga reforçada.

Quanto às flechas, as vigas reforçadas com concreto projetado e colagem


epóxica com argamassa tiveram resultados semelhantes aos das vigas monolíticas até a
carga de 40 kN. A partir daí, passaram a mostrar comportamento diferenciado,
possivelmente em função das diferentes características dos métodos empregados.

Com base nos resultados obtidos, os autores concluíram que o método de reforço
em concreto projetado foi o que apresentou resultados mais satisfatórios tecnicamente,

23
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

isto é, a carga de ruptura é elevada e atende à carga de ruptura teórica. O reforço com
colagem epóxi e argamassa mostrou-se eficiente, pois apesar de não ter atendido a carga
de ruptura teórica, atendeu perfeitamente a carga de projeto. Vale ressaltar que no
cálculo da carga de ruptura teórica foram considerados os valores de fc e fy obtidos
experimentalmente, enquanto que no cálculo da carga de projeto foram utilizados
valores nominais de resistência dos materiais além dos coeficientes de segurança
(γc=1,4 e γs=1,15).

2.3.2 - Ensaios realizados por SOUZA (1990)

SOUZA (1990) realizou ensaios de 6 vigas de concreto armado biapoiadas, em


escala reduzida, sendo 4 reforçadas por encamisamento, utilizando como material de
reforço concreto projetado e argamassa industrializada (com polímero, fibras e adições).
Os agregados graúdos do concreto das vigas originais tinham dimensão máxima de
9,5 mm.

Duas vigas foram tomadas como de referência, uma igual às reforçadas antes de
realização do reforço e outra com as características das com reforço mas monolítica.
Dados das vigas ensaiadas estão na tabela 2.4 e nas figuras 2.12 a 2.15.

Tabela 2.4 - Características das vigas ensaiadas por SOUZA (1990).


Substrato Reforço
Tipo de
Viga Tipo de ensaio fcm ftm Ecm fcm ftm Ecm
reforço
MPa MPa GPa MPa MPa GPa
FC1 ensaiadas antes do argamassa 40 3,8 35 - - -
FC2 reforço
FP1 ensaiadas antes do concreto
40 3,8 35 - - -
FP2 reforço projetado
FC1R ensaiadas após o
argamassa 42 4,1 37 60 6,7 27
FC2R reforço
FP1R ensaiadas após o concreto
42 4,1 37 39 3,7 27
FP2R reforço projetado
referência antes do
DF - 42 4,1 37 - - -
reforço
referência após o
RF - 42 4,1 37 - - -
reforço

24
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

As vigas que receberiam reforço foram inicialmente ensaiadas até atingir uma
carga correspondente à carga de serviço. Depois, foi feito o reforço com adição de
armaduras envolvidas por concreto projetado ou argamassa especial à base de resinas
acrílicas, com as vigas descarregadas. Feito isso, as vigas foram reensaiadas até
atingirem a ruptura.

O reforço consistiu na adição de uma armadura longitudinal constituída por duas


barras de 8 mm de diâmetro, representando um acréscimo de 100% na área de
armadura. Não foi necessário reforçar a armadura transversal, mas apenas introduzir
alguns estribos construtivos, com a finalidade única de fixar as novas armaduras
longitudinais.

Para realizar os serviços de reforço, retirou-se o concreto superficial numa


espessura de 0,5 cm a 1,0 cm ao longo das faces inferiores, sendo executados pequenos
furos para fixar os estribos construtivos com resina epóxi. Após essa etapa, limpou-se
toda a superfície com escova de aço e, antes de aplicar o material de reforço, umedeceu-
se toda a superfície.

Figura 2.12 - Fôrmas das vigas de SOUZA(1990) antes do reforço FC1, FC2, FP1, FP2 e DF) e
da viga de referência após o reforço (RF).

25
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.13 - Armadura das vigas de SOUZA(1990) antes do reforço (FC1, FC2, FP1, FP2 e
DF).

Figura 2.14 - Armadura da viga de referência de SOUZA(1990) após o reforço (RF).

26
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.15 - Armadura de reforço das vigas FC1R, FC2R, FP1R e FP2R.de SOUZA (1990).

Os resultados dos ensaios de SOUZA (1990) devem ser analisados tendo em


mente as dimensões pequenas das vigas e, portanto, o efeito escala. Outro fator que
pode interferir nos resultados é a dimensão máxima dos agregados do concreto das
vigas originais (9,5 mm).

A ruptura das vigas reforçadas se deu por flexão, com grandes flechas e
esmagamento do banzo comprimido. Independentemente do material de reforço, as
vigas reforçadas apresentaram um comportamento monolítico, com deformações na
armadura longitudinal do reforço praticamente coincidentes com os valores teóricos
previstos.

Após descarregar as peças, depois de produzir um determinado nível de dano


antes de reforçá-las, constatou-se a existência de deformações residuais nas armaduras
longitudinais que correspondiam a 30% da deformação de escoamento das barras na
seção de meio do vão. Observando ainda o desenvolvimento das deformações das
armaduras longitudinais originais e do reforço, foi possível verificar que ambas
funcionaram como a primeira e a segunda camada de uma viga de concreto armado, já
que as tensões existentes nas armaduras foram proporcionais aos respectivos braços de
alavanca.

Comparando os valores teóricos com os experimentais (tabela 2.5) notou-se,


para a viga monolítica, que o momento de fissuração experimental foi ligeiramente

27
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

maior que o teórico. Entretanto, para as vigas reforçadas, ao contrário do que se


esperava, o momento de fissuração teórico, calculado de forma aproximada levando-se
em consideração os danos causados durante a pré-fissuração, foi bem superior ao
experimental. Além disso, esperava-se obter uma resistência à fissuração mais elevada
nas vigas encamisadas com argamassa, por possuírem maior resistência à tração.
Todavia, essas foram as primeiras a fissurar.

Diante desse comportamento, percebe-se que, para vigas reforçadas, o valor da


resistência à tração do material de reparo deixa de ser o parâmetro mais relevante,
passando a qualidade da aderência da ligação a comandar o processo de fissuração. Nos
ensaios, apenas as vigas encamisadas com argamassa apresentaram fissuração na junta,
confirmando a melhor aderência apresentada pelo concreto projetado. Foi por isso que o
concreto projetado, apesar de possuir uma menor resistência à tração em relação à
argamassa, forneceu maior resistência à fissuração. Sendo assim, ao escolher o material
de reforço, deve-se buscar aquele que promova uma boa aderência, garantindo o
monolitismo da peça.

Tabela 2.5 - Momentos de fissuração e de ruína das vigas ensaiadas por SOUZA (1990).

Viga Mfiss,exp Mfiss Mu,exp Mu


FC1 3,2 3,2 - -
FC2 3,3 3,2 - -
FP1 3 3,2 - -
FP2 3,3 3,2 - -
FC1R 3,6 9,4 24,2 27
FC2R 3,7 9,4 25,9 27
FP1R 4,6 5,4 24,5 27
FP2R 4,6 5,4 25,8 27
RF 6,9 6,7 25 27
Mfiss, exp= Momento de fissuração experimental em kNm
Mfiss= Momento de fissuração teórico em kNm
Mu,exp = Momento de ruptura experimental em kNm
Mu= Momento de ruptura teórico em kNm

Apesar das diferenças verificadas no início da fissuração, os reforços realizados


com argamassa não reduziram a capacidade resistente das vigas, ou seja, a qualidade da
aderência afetou mais o início da fissuração e o comportamento em serviço do que a
resistência das peças.

28
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Comparando as vigas reforçadas entre si, as encamisadas com argamassa


apresentaram fissuras de flexão mais abertas e mais afastadas do que aquelas reforçadas
com concreto projetado. Isso confirma que o concreto projetado ofereceu melhor
aderência na ligação entre os materiais envolvidos, apesar do comportamento no estado
limite último ter sido o mesmo para as vigas com os dois tipos de reforço.

A qualidade da aderência entre o concreto da viga original e o material de


reforço mostrou ser o fator de maior importância na garantia da eficiência do reforço.

2.3.3 - Ensaios realizados por LIEW e CHEONG (1991)

Com o objetivo de analisar a performance de vigas T de concreto armado


reforçadas à flexão e ao cisalhamento por encamisamento, Liew e Cheong ensaiaram 6
vigas divididas em 2 séries. A técnica consistiu na concretagem do reforço por injeção,
sob pressão, de calda de cimento nos vazios existentes entre os agregados graúdos que
foram pré-colocados manualmente, dentro de uma gaiola de arame que envolvia a viga
original e as armaduras de reforço.

Foram usados dois tipos de estribos de reforço: ancorados na alma e ancorados


na mesa das vigas. A verificação da eficácia do método de reforço e dos métodos de
ancoragem dos estribos do reforço foi feita por meio da comparação do comportamento
das vigas reforçadas com o de vigas monolíticas que tinham mesma seção transversal.

As séries 1 e 2 eram compostas de três vigas: A, B e C. As vigas A e B eram


reforçadas enquanto que a viga C era monolítica de referência. Dentro de uma mesma
série, todas as vigas tinham as mesmas armaduras de flexão e cisalhamento. As seções
transversais das vigas das duas séries estão mostradas na figura 2.16.

Na data dos ensaios o concreto do reforço tinha a idade mínima de 14 dias. A


tabela 2.6 apresenta as propriedades dos concretos utilizados para a confecção das vigas
originais e dos reforços.

29
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Antes da concretagem do reforço, que ocorria 7 dias após a moldagem da viga


original, a superfície do concreto onde haveria reforço foi apicoada até a exposição do
agregado graúdo.Todas as vigas encamisadas apresentaram fissuras de retração antes
dos ensaios. Segundo os autores, isso provavelmente pode estar associado ao teor de
cimento da calda usada no concreto do reforço (relação água-cimento=0,42). Não foi
observada propagação significativa dessas fissuras durante os ensaios.

Figura 2.16 – Seção transversal das vigas ensaiadas por LEIW e CHEON (1991).

30
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.6 – Propriedades dos concretos utilizados por LIEW e CHEONG (1991).

Resistência do concreto*(MPa)
Viga concreto com agregado
concreto simples
pré-colocado
A1 25,92 25,52
B1 29,92 29,6
C1 29,68 -

A2 27,6 28,88
B2 26,24 30,16
C2 23,68 -
* os valores de resistência cúbica do concreto apresentada no trabalho
foram convertidas para resistência cilíndrica segundo a relação:
fccilíndrica = 0,8 fccúbica

A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que:

• A resistência à flexão atingida pelas vigas reforçadas foi menor do que as das
vigas monolíticas, conforme esperado, com seção transversal semelhante.
Para as vigas testadas, a faixa de redução foi de 3 a 12%;
• Sob carga de serviço, as vigas reforçadas apresentaram menores flechas e
fissuras menos espaçadas e de menor abertura em comparação com as vigas
monolíticas de referência;
• Em estágios avançados de carregamento, todas as vigas reforçadas fletiram
de forma dúctil e comportaram-se adequadamente quanto ao cisalhamento,
confirmando a eficiência dos métodos de ancoragem dos estribos; e
• O concreto do reforço apresentou uma substancial quantidade de fissuras de
retração, as quais podem dar origem a problemas de durabilidade e estética.

2.3.4 - Ensaios realizados por CHEONG e MACALEVEY (2000)

Foram realizados ensaios com carregamento monotonicamente crescente e


cíclico em 17 vigas–T, simplesmente apoiadas e contínuas, sendo 13 reforçadas à flexão
e ao cortante, com concreto produzido com agregado pré-colocado e 4 monolíticas de
referência. Objetivou-se verificar a influência do tipo de apicoamento, da quantidade e
da forma de ancoragem dos estribos (fixados no topo da mesa por meio de porca e

31
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

arruela ou fixados na região da mesa com colagem de resina epóxi) no desempenho de


vigas T reforçadas por encamisamento. A figura 2.17 e a tabela 2.7 apresentam o
detalhamento e características das vigas ensaiadas.

A preparação do reforço começou após 28 dias da confecção das vigas originais.


As superfícies que entrariam em contato com o material do reforço foram totalmente
apicoadas (remoção completa do cobrimento ao longo da interface, com agregados
expostos até no máximo 6 mm) ou parcialmente apicoadas (com cerca de 70% da
superfície de concreto da interface permanecendo intacta e retirada de em torno de 6
mm do cobrimento) e limpas com água. Nas duas situações, o apicoamento da
superfície foi feito com a utilização de ferramentas de impacto. As vigas originais
possuíam concreto com resistência média de 34 MPa enquanto que o concreto do
reforço tinha resistência média de 47 MPa.

Deve-se ressaltar que os esquemas de ensaios utilizados apresentam um aspecto


atípico, pois a extensão de reforço em concreto armado ultrapassa a região dos apoios
(ver figura 2.18).

Reforço
ultrapassando
região de apoio.

(a) Reforço
ultrapassando
região do apoio.

(b)

Figura 2.18 – Esquema de ensaio das vigas simplesmente apoiadas e contínuas de


CHEONG e MACALEVEY (2000).

As vigas simplesmente apoiadas foram ensaiadas sob carregamento


monotonicamente crescente até a ruptura ou sob ciclos com carga variando entre 0,2 Pult
e 0,6 Pult, sendo Pult a carga última de cálculo da viga monolítica de referência, antes de
serem levadas à ruptura. As vigas contínuas não foram submetidas ao carregamento
cíclico.

32
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2, 8 e 9

Figura 2.17 – Detalhamento das vigas simplesmente apoiadas (a) e contínuas (b) de CHEONG
E MACALEVEY (2000) (Continua).

33
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

* ** ***

* vigas com estribos de reforço fixados, no topo da viga, por meio de porca e arruela.
** viga com estribos de reforço fixados, na região da mesa, com colagem de resina epóxi.
*** viga sem estribos de reforço.
Figura 2.17 – Detalhamento das vigas simplesmente apoiadas (a) e contínuas (b) de CHEONG
E MACALEVEY (2000) (Continuação).

Tabela 2.7 – Características das amaduras das vigas de CHEONG E MACALEVEY (2000).

Viga A1(a) A2(b) A3(c) (mm) A4(c) (mm) A5(c) A6(d) (mm) A7(c) A8(b)

2-1 à 2-6; 2-10 2φ16 2φ25 φ 6 c.115 φ 6 c.150 2φ 6 φ 8 c.250 - −


2-9 2φ16 2φ25 φ 6 c.115 φ 6 c.75 2φ 6 φ 8 c.250 - −
2-8 2φ16 2φ25 φ 6 c.115 4φ6 2φ 6 φ 8 c.250 - −
4-1 2φ10 (e)
2φ16 (a)
φ 6 c.190 - 2φ 6 φ 8 c.250 - −
6-1; 6-2 2φ16 2φ25 φ 6 c.115 φ 6 c.115 2φ10 (e)
φ 8 c.250 16φ6 2φ25
Tensão de escoamento:
(a)
583 MPa; (b) 567 MPa; (c) 290 MPa; (d) 407 MPa; (e) 321 MPa.

A tabela 2.8 apresenta os resultados obtidos nos ensaios apenas com


carregamento crescente. No geral, as vigas reforçadas tiveram comportamento similar

34
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

ao das correspondentes monolíticas no que diz respeito à flecha, à ductilidade e à


deformação das armaduras.

Tabela 2.8 – Características das vigas de CHEONG E MACALEVEY (2000) ensaiadas.

Resist. do concreto
Preparação da interfacec
(MPa)b Carga de
Viga Tipo ruptura Modo de ruptura
Parcialm. Totalm. (kN)
Pintada Original Reforço
Apicoada Apicoada
2-1 Monolítica - - - 36 - 404 Flexão
2-2 1, 2, 3 36 44 393 Flexão
2-3 1, 2, 3 36 44 433 Flexão
2-4 1, 2 3 24 56 430 Flexão
2-5 2, 3 1 40 56 422 Flexão
2-6 2 1,3 24 56 410 Cisalhamento
Escoamento na
2-8 Reforçada 1, 2, 3 zona de
40 44 351 ancoragem
2-9 1, 2, 3 40 44 418 Flexão
Escoamento na
2-10 1, 2, 3 zona de
40 44 376 ancoragem
4-1 1, 2, 3 40 48 135 Interface
6-1 a Monolítica - - - 24 - 309 Esmagamento
a do concreto
6-2 Reforçada 1, 2, 3 24 48 374 sobre o apoio

(a)
Vigas contínuas
(b)
Valores alterados de resistência cúbica para cilíndrica.
(c)
Ver Figura 2.17

Comparando-se as vigas 2-2, 2-3 (idênticas, porém com interfaces de contato


parcialmente e totalmente apicoadas, respectivamente) e 2-9 (viga com o dobro de
estribos de reforço e interfaces parcialmente apicoadas), foi verificado que todas
chegaram a atingir a resistência à flexão prevista nos cálculos, apresentando modo de
ruptura dúctil.

Nos ensaios das vigas 2-4, 2-5 e 2-6, nas quais algumas interfaces entre os
concretos original e de reforço foram pintadas com tinta à prova d’água a fim de
investigar o efeito da perda de aderência da ligação entre os dois concretos, a eficiência
dessa pintura foi comprovada pelo fato de, após o rompimento das vigas reforçadas, a
interface pintada permanecer íntegra e poder-se separar facilmente os dois
concretos.Todas as 3 vigas atingiram a carga de ruptura prevista.

35
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Na viga onde foi executado reforço apenas com armadura longitudinal, 4-1,
surgiram fissuras na ligação entre os concretos, ao longo do vão de cisalhamento, ao se
atingir 2/3 de sua capacidade resistente à flexão.

As viga 2-8 e 2-10 romperam antes de atingirem sua resistência à flexão. Elas
diferiam apenas pela quantidade e detalhamento da ancoragem dos estribos de reforço,
conforme tabela 2.7 e figura 2.21. Na viga 2-8, a escassa quantidade de estribos
contribuiu para a propagação de fissuras na região entre a armadura longitudinal de
reforço e o concreto envolvente, fazendo com que a força na zona ancoragem dos
estribos crescesse rapidamente conduzindo à ruptura entre os dois concretos. Na viga 2-
10 a ruptura se deu por escoamento na zona de ancoragem dos estribos do reforço
colados com epóxi na região da mesa, mas não foi identificada nenhuma evidência de
ruptura entre os dois concretos. Medições mostraram que a força desenvolvida nos
estribos do reforço alcançou apenas 60% da de escoamento.

As duas vigas contínuas, 6-1 e 6-2, foram ensaiadas para verificar se o modelo
simplesmente apoiado é representativo do trecho entre as duas seções de momento nulo
das vigas contínuas, além de examinar o efeito de placas estreitas no apoio interno das
vigas. Nas duas vigas, a ruptura ocorreu de forma frágil, provavelmente resultado das
pequenas dimensões do apoio interno. As deformações medidas nas armaduras
longitudinais de reforço e a distribuição de fissuras mostraram a similaridade do
comportamento das vigas simplesmente apoiadas e do trecho entre seções de momento
nulo.

Nos ensaios dinâmicos, primeiramente as vigas foram carregadas estaticamente


até que se atingisse uma carga correspondente à carga de utilização (240kN).
Posteriormente, o carregamento foi variado, de forma senoidal, de 80kN a 240kN. A
série 8 foi submetida a 100.000 ciclos deste carregamento e posteriormente ensaiadas
estaticamente até sua ruptura. Já a série 9 foi submetida a carga cíclica até sua ruptura.
A tabela 2.9 apresenta os resultados obtidos.

36
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.9 – Vigas de CHEONG E MACALEVEY (2000) ensaiadas sob carregamento cíclico.

Resist. do concreto
Preparação da interface
(MPa)a Carga de ruptura Modo de
Viga Tipo
Parcialm. Totalm. (kN)b ruptura
Original Reforço
Apicoada Apicoada
8-1 Monolítica - - 40 - 411 Cisalhamento
8-2 1, 2, 3 36 44 407 Flexão
Reforçada
8-3 1, 2, 3 36 44 393 Flexão
nº de ciclos até a
ruptura
9-1 Monolítica - - 40 - 608.738 ciclos Fadiga
9-2 Reforçada 1, 2, 3 24 48 436.139 ciclos Fadiga

(a)
Valores alterados de resistência cúbica para cilíndrica.
(b)
Carga obtida através do carregamento estático após execução do carregamento dinâmico

É interessante observar que a viga monolítica da série 8 teve modo de ruptura


frágil, enquanto que as reforçadas apresentaram comportamento dúctil. Uma das razões
para este fato, segundo os autores, seria a diferença da resistência do concreto que
envolve as armaduras longitudinais: 40 MPa para a monolítica e 44 MPa para as
reforçadas fazendo com que a ligação aço-concreto da viga monolítica rompesse mais
cedo.

Nas vigas 9-1 e 9-2, a grande quantidade de ciclos de carga dinâmica não causou
ruptura na interface entre a viga e o reforço.

Com base nos resultados obtidos experimentalmente, os autores concluíram que:

• Foram registradas tensões de escoamento nos estribos do reforço, próximo à face


inferior da mesa, indicando ser necessária uma ancoragem adequada dessa
armadura;
• O carregamento dinâmico moderado de uma viga reforçada por encamisamento,
conforme o desse trabalho, parece não reduzir de forma significativa a
capacidade de carga da viga;
• A largura dos apoios, se não dimensionada de maneira adequada, pode acarretar
uma ruína frágil (observe-se que não foram informadas pelo autor as dimensões
do apoio);

37
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

• Não houve uma diferença significativa entre os dois tipos de interface de contato
adotados nesse trabalho (totalmente ou parcialmente apicoadas), pois as vigas 2-
2 e 2-3 apresentaram comportamentos semelhantes.

2.3.5 - Ensaios realizados por Borja (2001)

Foram ensaiadas cinco vigas de concreto armado submetidas à flexão simples,


de seção transversal retangular original 15cm x 40cm e 390cm de vão, com armaduras
(longitudinal e transversal) idênticas, sendo uma de referência (V-1) e quatro
posteriormente reforçadas (V-2 a V-5) à flexão e ao cisalhamento simultaneamente. O
esquema de ensaio, juntamente com o detalhe das armaduras longitudinais e transversais
das vigas antes da execução do reforço, pode ser observado na figura 2.19.

O reforço de flexão foi executado com adição de novas armaduras e um aumento


de 5 cm na altura, simulando situações que tenham espaço disponível reduzido,
impossibilitando maiores alturas. O reforço ao cortante foi feito com tiras de chapas de
aço coladas lateralmente com resina epóxi, na região de cisalhamento.

Figura 2.19 – Esquema de ensaio e detalhe da geometria e armação das vigas de BORJA
(2001), antes do reforço. Continua.

38
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.19 – Esquema de ensaio e detalhe da geometria e armação das vigas de BORJA
(2001), antes do reforço. Continuação.

Quanto ao reforço de flexão, a viga V-4 se diferenciava das demais apenas pela
profundidade aproximada da camada retirada do concreto existente, 2,5 cm contra 5,0
cm das demais. O reforço ao cisalhamento das vigas V-2 e V-4 se diferenciava do das
vigas V-3 e V-5 somente pelo posicionamento das chapas de aço, conforme mostrado na
figura 2.20. A tabela 2.10 apresenta as características das vigas antes e após o reforço.

O concreto das vigas originais e do reforço tinha resistência média à


compressão, na data dos ensaios, de 31MPa e 34MPa, respectivamente. Antes da
execução do reforço, as vigas V-2 a V-5 foram carregadas até carga igual a cerca de
80% da carga de ruptura verificada na viga V-1 e, então, descarregadas e reforçadas.
Vale ressaltar que a viga V-3 atingiu, ainda na etapa de pré-fissuração, ruptura
configurada pelo escoamento da armadura longitudinal de tração e esmagamento do
concreto no bordo superior, simultaneamente. Apesar desse fato, procedeu-se o seu
reforço idêntico ao das outras vigas e foi executado um reparo na região danificada do
concreto (que sofreu ruptura) por argamassa tipo grout com adição de pedriscos, na
proporção de 1:1.

Tabela 2.10 - Características das vigas de BORJA (2001) antes e após o reforço.

Vigas As b d ρ
(mm2) (mm) (mm) (%)
Sem reforço 369 150 373 0,66
Com reforço 971 150 398 1,63

39
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

REFORÇO À FLEXÃO

REFORÇO AO CISALHAMENTO

V-2 e V-4

V-3 e V-5

Figura 2.20 - Detalhe da geometria e armação das vigas de BORJA (2001), após o reforço.

40
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

O processo de reforço consistiu primeiro no apicoamento manual das faces


inferiores das vigas, retirando-se cerca de 5 cm de camada de concreto, deixando as
armaduras longitudinais inferiores totalmente expostas, com exceção da viga V-4, que
teve a camada de concreto retirada só até meia altura da armadura longitudinal inferior,
seguido da limpeza do substrato (escovamento manual e jateamento com água
pressurizada). O posicionamento das armaduras longitudinais do reforço foi feito com a
introdução de pequenos estribos em forma U, com a mesma bitola dos estribos
originais, amarrados aos estribos existentes, após o que foi adicionado o novo concreto.
Não foi utilizado adesivo na superfície de ligação entre os dois concretos de idades
diferentes e nenhum processo de reparo das fissuras foi adotado.

Após 7 dias, dando prosseguimento ao processo de reforço, iniciou-se a colagem


das tiras de chapas de aço galvanizado em forma de U, com 5cm de largura e 35 cm de
altura (figura 2.26). O preparo das superfícies do concreto e da chapa deu-se por meio
de escovamento, lixamento e limpeza, objetivando alcançar o efeito de aderência
desejado.

Verificou-se que as quatro vigas ensaiadas após a execução do reforço, tiveram


incrementos consideráveis na rigidez à flexão (ver figura 2.21), ocorrendo aumento
semelhante inclusive na viga V-3 que apresentou comportamento adverso do esperado
na fase de pré-fissuração, conforme já mencionado.

Todas as vigas reforçadas romperam por força cortante. O mecanismo de ruptura


iniciou-se com uma fissura de cortante na extremidade da camada de reforço, que
induziu uma fissura horizontal ao nível da união entre as camadas, propagando-se
rapidamente em direção ao ponto de aplicação de carga. Possivelmente, segundo o
autor, o reforço ao esforço cortante não atingiu sua capacidade máxima pela falta de um
comprimento de ancoragem adequado.

Não foram observadas diferenças significativas com relação ao tipo de


“escarificação” efetuada, até o nível de carga atingida. Todas as vigas tiveram as cargas
de serviço aumentadas com a execução do reforço.

41
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Pu,V-4=94,6kN

Pu,V-2=90,3kN

Pu,V-5=82,8kN

Pu,V-3=87,2kN

Pu,V-1=57,3kN

Figura 2.21 - Curvas carga-flecha das vigas ensaiadas por BORJA(2001).

As armaduras longitudinais de tração (originais e reforço) das vigas reforçadas


apresentaram deformações próximas entre si, evidenciando a perfeita aderência entre as
duas camadas de concretos com idades diferentes.

Embora, com relação à viga sem reforço, as vigas reforçadas tenham


apresentado ganho de resistência, devido à ruptura das vigas reforçadas ter ocorrido por
cisalhamento, não foi possível verificar todo o potencial de ganho de resistência relativo
ao reforço de flexão.

2.3.6 - Ensaios realizados por PIANCASTELLI (2002)

Com o objetivo de verificar o desempenho de vigas reforçadas à flexão sob


carga e solicitadas poucos dias depois da intervenção, Piancastelli ensaiou 8 vigas de

42
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

concreto armado, divididas em 4 séries de 2 peças cada uma. As peças foram reforçadas
aumentando as seções de concreto e de aço.

As 6 vigas das séries 1 a 3 (duas vigas iguais por série) foram concretadas
originalmente com as mesmas características (vigas originais). Na série 1 as vigas não
foram reforçadas e tinham as mesmas seções e características, conforme figura 2.22,
sendo chamadas de vigas originais de referência. Na série 4 as vigas apresentaram as
mesmas características das séries 2 e 3 depois de reforçadas, conforme figura 2.23,
sendo denominadas de vigas monolíticas de referência. As séries 2 e 3 se diferenciavam
entre si apenas pela ação atuante no instante do reforço. As vigas da série 2 foram
reforçadas sob a ação apenas do peso próprio, enquanto as da série 3 estavam
submetidas a um carregamento correspondente a 91% da carga de serviço, além do peso
próprio.

Figura 2.22 - Características das vigas originais de PIANCASTELLI (2002). Continua.

43
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.22 - Características das vigas originais de PIANCASTELLI (2002). Continuação.

Figura 2.23 - Características das vigas reforçadas por PIANCASTELLI (2002).

Nas peças a serem reforçadas, colocaram-se três estribos em cada extremidade


da viga, para trabalhar como armadura de suspensão, e quatro estribos distribuídos ao
longo do eixo longitudinal, para possibilitar a fixação da armadura adicionada. Os
estribos utilizados nas vigas originais (posição N3) tinham altura maior que a da seção
transversal da peça para evitar operações de prolongamento destas armaduras durante a
execução do reforço. Nas posições onde não se desejava tal armadura, estes estribos
foram simplesmente cortados. Para permitir deslocamento relativo entre o reforço e o

44
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

substrato foram utilizadas chapas de isopor entre estes materiais, nas extremidades do
reforço (ver Figura 2.22).

Na data dos ensaios das vigas, o concreto das vigas originais tinha idade mínima
de 10 meses. O traço do concreto do reforço e a idade de sua solicitação (4 dias) foram
selecionados com o intuito de se obter, na data dos ensaios, características mecânicas
próximas das apresentadas pelo concreto das vigas originais. A tabela 2.11 mostra as
propriedades dos concretos.

Tabela 2.11 – Propriedades mecânicas dos concretos das vigas de PIANCASTELLE (2002).

Propriedade Vigas Originais Concreto do reforço


Resistência média à compressão (MPa) 40,4 47,8
Resistência média à tração (MPa) 2,8 3,8
Mód. de elasticidade secante (GPa) 35,1 30,1

O reforço consistiu no acréscimo de seções de concreto e aço na zona tracionada


e tentou-se tornar sua execução o mais simples possível. Por isso, optou-se por não
utilizar adesivo na ligação substrato-concreto novo e não umedecer o substrato antes da
execução do reforço. As peças reforçadas foram ensaiadas para baixa idade do concreto
do reforço, porque em situações reais é freqüente a necessidade de se colocar as
estruturas reforçadas rapidamente em uso.

As vigas das séries 1 e 4 foram submetidas a um único carregamento. As vigas


das séries 2 e 3 foram ensaiadas em duas etapas. Na primeira etapa (antes da execução
do reforço), as vigas originais foram carregadas até atingir 67% da carga de ruptura
experimental das vigas de referência (série 1), visando simular os danos estruturais
existentes em um elemento que necessita ser reforçado. Após esses ensaios
preliminares, as faces inferiores das vigas originais foram apicoadas e lavadas,
posicionando-se, então, as armaduras de reforço nas fôrmas que se apoiavam na própria
viga a ser recuperada por meio de gravatas que as deixavam suspensas. Quatro dias após
a execução do reforço, as vigas foram novamente carregadas, sendo levadas à ruptura.

Os resultados teóricos de carga última que constam na tabela 2.12 foram obtidos
com as premissas básicas do cálculo de seções de concreto armado, e considerando-se

45
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

que os materiais apresentavam as resistências médias determinadas nos ensaios de


caracterização. Observa-se que o cálculo teórico levou a uma boa avaliação das cargas
de fissuração e de ruptura, com exceção das vigas da série 2, para aqual a carga de
ruptura teórica é maior que a experimental.

Tabela 2.12 - Resultados experimentais médios e teóricos de PIANCASTELLE (2002).

Série Grandeza Experimental Teórico


Carga de fissuração (kN) 43,9 39,3
2
Carga última (kN) 100,2 108,4
Carga de fissuração (kN) 59,6 58,5
3
Carga última (kN) 109,2 108,4

Na tabela 2.13 são dados os valores médios das cargas de ruptura e de serviço
das vigas de cada série. Nela constam também os ganhos obtidos com o reforço, isto é,
as relações entre as cargas de ruptura das vigas reforçadas e as da viga da série 1. Para o
cálculo do ganho em serviço consideraram-se, nas vigas da série 2, as cargas
correspondentes à flecha de 9,7mm (vão/300). No caso da série 3, as cargas se referem à
flecha de 14,7mm (vão/200), pois no instante do reforço as vigas dessa série
apresentaram uma flecha, em média, igual a 11,2 mm ( vão/259).

Tabela 2.13 – Resultados dos ensaios e ganhos obtidos com reforço por PIANCASTELLE
(2002).

Carga Média (kN) Ganho médio


Série
Flecha = vão/300 Flecha = vão/200 Ruptura Serviço Ruptura
1 24,8 31,9 43 - -
2 62,3 - 100,2 2,51 2,33
3 - 70,9 109,2 2,22 2,54

Nota–se que os ganhos em serviço e na ruptura foram da mesma ordem de


grandeza e bastante significativos (aproximadamente 2,4).

A carga média de ruptura das vigas da série 2 (100,2 kN) foi 7,5% menor do que
aquela das vigas da série 4 (108,3 kN). A carga média de ruptura das vigas da série 3
(109,2 kN) foi praticamente igual à das vigas da série 4 (108,3 kN). Apesar das

46
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

diferentes condições de solicitação inicial, as vigas correspondentes às séries 3 e 4


apresentaram o mesmo comportamento.

Segundo o autor, é possível solicitar, nas idades iniciais, vigas reforçadas à


flexão, desde que o concreto do reforço apresente, na data de sua solicitação,
características físicas compatíveis com as do concreto da peça a ser reforçada e com os
níveis de solicitação a que será submetido.

2.3.7 - Ensaios realizados por Altun (2004)

Foram ensaiadas 18 vigas, sendo 9 reforçadas por encamisamento, divididas em


3 séries, de acordo com o esquema mostrado na figura 2.24.

P P
Encamisamento

Viga original

10 60 60 60 10 Medidas em centímetro.

Figura 2.24 – Esquema do ensaio das vigas de Fatih Altun (2004).

As vigas tinham seção retangular e foram executadas com concreto de


resistência média à compressão de 22MPa. As séries se diferenciavam pelas dimensões
da seção transversal das vigas e pela armadura longitudinal de tração existente,conforme
tabela 2.14.

Primeiramente, as vigas originais foram carregadas até que se atingisse o


escoamento da armadura longitudinal de tração. Em seguida, todas as facetas foram
apicoadas, de maneira a ter-se rugosidade de aproximadamente 4 a 6 mm a uma
profundidade próxima de 20 mm, e limpas com jato d’água. Algumas armaduras
longitudinais de reforço foram conectadas às existentes por meio de barras em forma de
Z (figura 2.25), para melhor posicionar a viga original dentro da armadura do reforço. A
camada de concreto do reforço tinha 10 cm de espessura.

47
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.14 – Características das vigas de ALTUN (2004).

Série numeração Seção transversal As Asw Asr Aswr

Sem 1 1-3 15x15 cm 2Ø8 Ø8c.10 - -


2 4-6 20x15 cm 2Ø9 Ø8c.10 - -
Reforço
3 7-9 20x20 cm 2Ø10 Ø8c.10 - -
Com 4 10-12 35x35 cm 2Ø8 Ø8c.10 4Ø20 Ø8c.10
5 13-15 40x35 cm 2Ø9 Ø8c.10 5Ø20 Ø8c.10
reforço
6 16-18 40x40 cm 2Ø10 Ø8c.10 5Ø20 Ø8c.10
As- armadura longitudinal de tração original
Asw - armadura transversal original
Asr - armadura longitudinal de tração de reforço
Aswr- armadura transversal do reforço

Figura 2.25 - Barras de ligação em forma de Z das vigas de. ALTUN (2004).

Tanto as vigas originais quanto as reforçadas foram ensaiadas após 28 dias de


concretadas. Os resultados obtidos encontram-se na tabela 2.15. Nela observa-se que as
vigas reforçadas apresentaram consideráveis ganhos de resistência em relação às vigas
de referência correspondentes. Todas as vigas apresentaram comportamento dúctil,
evidenciado pela relação entre os deslocamentos no meio do vão nos instantes de
ruptura, δu, e de início de escoamento da armadura longitudinal, δy.

Vale ressaltar que o encamisamento de toda a seção não configura uma situação
usual na prática.

48
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.15 – Resultados das vigas de ALTUN (2004).


Pu,exp δy δu Índice de Ductilidade
Vigas
(kN) (mm) (mm) (δu/δy)
1 19,85 8,90 18,50 2,08
2 23,50 8,00 13,65 1,71
3 23,00 9,90 15,80 1,60
Antes do 4 31,50 9,30 13,10 1,41
reforço 5 28,05 12,80 19,00 1,48
6 28,45 13,00 23,50 1,81
7 39,95 19,00 28,50 1,50
8 40,25 18,00 30,00 1,67
9 40,80 15,00 24,50 1,63
10 262,00 7,10 15,00 2,11
11 247,00 7,65 16,50 2,16
12 246,00 8,54 17,20 2,01
Após 13 283,00 8,70 21,50 2,47
reforço 14 296,00 7,30 20,75 2,84
15 295,00 7,80 20,20 2,59
16 337,00 6,70 12,50 1,87
17 343,00 6,07 12,00 1,98
18 339,00 6,00 11,80 1,97
Pu,e - carga de ruptura experimental
δy – deslocamento vertical no meio do vão no instante de escoamento da armadura
δu - deslocamento vertical no meio do vão no instante de ruptura

2.3.8 - Ensaios realizados por Santos (2006)

Com intuito de investigar o comportamento estrutural de vigas de concreto


armado reforçadas à flexão pela adição de concreto e aço apenas na zona tracionada de
concreto, foram confeccionadas quatro vigas que tinham inicialmente seção transversal
retangular de 150 mm x 400 mm e 4500 mm de comprimento.

Todas as vigas foram bi-apoiadas e carregadas com uma carga no meio do vão
de acordo com o esquema de ensaio da figura 2.26.

Duas dessas vigas foram reforçadas à flexão tendo diferentes taxas de armadura
de reforço, por encamisamento parcial (V1R e V2R), enquanto que as outras duas
serviram como referência (REF1 e REF2). A REF2 tinha armadura de flexão próxima à
armadura balanceada, já a REF1 tinha armadura de flexão aproximadamente igual à
metade da REF2. Todas as vigas foram dimensionadas para romperem à flexão. Na

49
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

figura 2.27 são apresentadas as características geométricas do reforço utilizado,


enquanto que nas figuras 2.28 e 2.29 encontram-se os detalhamentos das armaduras
originais e de reforço.

Figura 2.26 - Esquema de ensaio das vigas de SANTOS(2006).

Corte A-A’

Figura 2.27 - Características geométricas do reforço utilizado por SANTOS(2006).

50
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

VIGA REF1, V1R e V2R VIGA REF2


2Ø8 - N1 2Ø8 - N1

4470mm 4470mm

30Ø8 c.150 - N4 30Ø8 c.150 - N4

2Ø20 - N5
300mm
250

250

r=40mm 2Ø16 - N3 4470mm


4360

300mm
250

250
4470mm
r=40mm 2Ø16 - N3
1Ø16 - N2 4360

4470mm 4470mm

1Ø16 - N2

4470mm

2Ø8 -N1 80 2Ø8 -N1 80

80 80

1Ø16 -N2 2Ø20 -N5


370

370

1Ø16 -N2
2Ø16 -N3 Ø8 c.150 - N4 Ø8 c.150 - N4
C=1140mm C=1140mm
2Ø16 -N3
120 120
Viga REF1, V1R e V2R Viga REF2

Figura 2.28 - Detalhamento das armaduras originais das vigas, SANTOS(2006).

51
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

26Ø5 c.150 - N8
CHUMBADORES
3/8" x 110mm

N6 2N6 2N6

3810mm

N7 2N7

3810mm

70 70
80 80
Viga N6 N7 Chumbadores

120
V1R 4ø8 2ø8 Ø9,5c.150mm
120
V2R 4ø8 2ø16 Ø9,5c.150mm
Ø5 c.150 - N8
C=715mm
Figura 2.29 - Detalhamento das armaduras do reforço, SANTOS (2006).

As vigas REF1 e REF2 foram ensaiadas em um único ciclo de carregamento,


enquanto que as V1R e V2R foram submetidas a dois ensaios. No primeiro (pré-
fissuração), houve dois ciclos de carregamento até uma carga de aproximadamente 80%
da de ruptura teórica. No segundo, realizado com as vigas já reforçadas, as vigas foram
carregadas até a ruína em um único ciclo. Na data dos ensaios, a resistência média à
compressão do concreto da viga e do reforço correspondia a 40MPa e 32MPa,
respectivamente.

Após a pré-fissuração, as vigas V1R e V2R, foram apicoadas na região onde


haveria a ligação com o reforço com auxílio de uma talhadeira elétrica. A profundidade
do apicoamento foi de aproximadamente 15 mm, possibilitando a visualização das
armaduras internas da viga (longitudinal de tração e transversal). Pouco antes da
concretagem do reforço, a superfície das vigas onde ficaria o reforço foi umedecida com
esponja.

As dimensões e a forma trapezoidal do talão de reforço visaram menor consumo


de concreto e área de contato com a viga que possibilitasse a ligação adequada entre
esses dois elementos. Chumbadores de expansão na zona lateral da área de contato viga-

52
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

reforço também colaboraram para melhorar a ligação viga-reforço e serviram para


posicionar a armadura do reforço (ver figura 2.30).

Figura 2.30 – Operação de fixação dos chumbadores nas vigas de SANTOS (2006).

Todas as vigas romperam por escoamento da armadura longitudinal de tração


(tanto da viga como do reforço), seguido do esmagamento do concreto na seção de
momento máximo, ou seja, todas tiveram comportamento dúctil. A tabela 2.16
apresenta os resultados teóricos e experimentais das vigas ensaiadas. Observa-se que as
cargas teóricas de ruptura obtidas segundo a NBR6118/2003, a partir dos valores
experimentais da resistência dos materiais são, em média, 14% inferiores às cargas de
ruptura obtidas experimentalmente. A capacidade resistente das vigas foi aumentada em
até 81% com a adição do reforço à flexão.

Tabela 2.16 – Resultados teóricos e experimentais das vigas ensaiadas por SANTOS (2006).
ρ d Pu Pu,exp R
Viga Pu,exp/Pu
(%) (mm) (kN) (kN) REF1 REF2
REF1 1,08 369 112 129.5 1.16
V1R 1,66 360 156 186.4 1.19 1.44 -
V2R 2,12 377 212 234.9 1.11 1.81 1.07
REF2 2,33 351 197 219.3 1.11

Pu= carga de ruptura teórica


Pu,exp = carga de ruptura experimental
R = razão entre a carga de ruptura experimental da viga reforçada e a carga de
ruptura experimental das vigas de referência

53
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Houve redução nas deformações das barras longitudinais originais das vigas
reforçadas em relação à de referência indicando que houve ação conjunta entre as
armaduras da viga e do reforço.

O fato de terem sido observadas poucas fissuras na interface entre os concretos


da viga e do reforço e o comportamento dos elementos reforçados em termos de flechas,
deformações nas armaduras e no concreto, carga de ruptura e modos de ruína são
indicadores do comportamento monolítico dos elementos reforçados.

Alguns fatores foram fundamentais na integração eficaz da viga com o reforço,


dentre os quais o preparo das superfícies, a área de contato viga-reforço e a contribuição
dos chumbadores de expansão na resistência da seção de ligação às tensões cisalhantes.

Foi constatado que uma eficiente aderência pode ser obtida na ligação entre os
concretos da viga e do reforço sem o uso de adesivo, estando a superfície do concreto da
viga devidamente apicoada e apenas umedecida.

2.4 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE REFORÇO

2.4.1 - HIPÓTESES DE CÁLCULO

O dimensionamento do reforço é feito conforme o estado da peça a ser


reforçada. Se os danos por ventura existentes não comprometem ou comprometem
pouco a capacidade resistente, a peça deve ser reparada e o reforço dimensionado para
suportar apenas o acréscimo de carga previsto. Caso a peça estrutural esteja bastante
danificada, pode-se dimensionar o reforço para absorver todo o carregamento. Em todos
os casos, deve-se atentar para os seguintes aspectos:

• Garantia das condições de segurança;


• Garantia das condições de utilização;
• Garantia das condições de durabilidade;
• Proteção contra fogo;

54
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

• Limitação da redistribuição dos esforços, por meio da limitação das tensões do


aço e do concreto adicionados;

Segundo SOUZA (1990), o alargamento das seções transversais dos elementos


promove um aumento significativo da rigidez que deve ser considerado durante a
redistribuição dos esforços decorrentes do carregamento aplicado. Além disso, a
fluência diferencial entre os materiais novos e velhos também deve ser considerada
nessa redistribuição.

2.4.2 - TRANSFERÊNCIA DE TENSÕES

Quando tensões de cisalhamento são transferidas ao longo de uma ligação de


concretos com idades diferentes (figura 2.31), há tendência de deslizamento entre as
partes ligadas e ocorrem dois mecanismos de transferência: transferência de tensões
pela interface do concreto e por elementos transversais a essa interface (armadura ,
conectores).

Figura 2.31 - Transferência de tensões de cisalhamento horizontais em vigas compostas.

Além das tensões de cisalhamento ao longo da junta decorrentes do


carregamento, na viga reforçada existe ainda uma parcela devida às mudanças de
volume diferenciadas dos materiais novos e antigos (retração e fluência) e a efeitos
térmicos.

Os pré-requisitos básicos para se obter uma ligação satisfatória entre dois


materiais são o tratamento da superfície de ligação e a forma de aplicação do material
de reforço. A superfície de contato deve ser rugosa, isenta de poeira, graxa ou óleo.

55
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

O mecanismo de transferência na ligação pode ser dividido em três parcelas:


adesão, atrito e ação mecânica. A figura 2.32 ilustra a evolução da tensão de aderência
em função do deslocamento entre os concretos com idades diferentes.

Para baixas solicitações, os esforços são resistidos pela adesão entre as partículas
internas do aglomerante. Esse fenômeno, isoladamente, não é suficiente para uma boa
transferência pois é destruído no caso de pequenos deslocamentos.

Figura 2.32 - Transferência de tensão na interface concreto novo x concreto antigo


[CEB,1983].

Uma vez rompida a adesão, ao menor deslizamento relativo, aparece uma


resistência por atrito entre as superfícies em contato, desde que existam tensões normais
à interface. Essas tensões podem surgir pela aplicação de forças externas ou pela reação
da armadura transversal à interface quando é solicitada à tração. Esta parcela de
resistência possui um importante papel na transferência dos esforços de cisalhamento
após rompida a adesão entre as partes em contato, sendo diretamente influenciada pela
rugosidade da superfície.

A transferência mecânica ocorre por meio do engrenamento proporcionado pelo


contato entre as duas superfícies de concreto. Em superfícies rugosas, a ação mecânica é
garantida pelo agregado graúdo, podendo também haver “dentes de concreto” na
ligação.

56
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Apesar da rugosidade da superfície melhorar a transferência de esforços por ação


mecânica, vários autores recomendam evitar superfícies excessivamente rugosas quando
for usado adesivo, pois elas dificultam a aplicação da camada de adesivo podendo
provocar descontinuidades nessa camada.

As fórmulas já propostas para o cálculo da tensão cisalhante resistente (τR) de


uma ligação tem a forma geral

τR= c + K (σn + ρw fy) ≤ τlim

onde σn é a tensão normal ao plano da ligação, ρw é a taxa geométrica de armadura


perpendicular ao plano da ligação e fy é a tensão de escoamento dessa armadura.

Na tabela 2.17, onde são dados exemplos desse tipo de expressão para cálculo de
τR, constata-se que diferentes valores têm sido propostos para c, K e τlim. Segundo
Judice, Shehata e Shehata (2004), dentre várias, as expressões dessa tabela são as que
levam a resultados de resistência mais próximos dos verificados em ensaios de prismas
e vigas.

Tabela 2.17 – Expressões propostas por pesquisadores e norma para o cálculo da resistência ao
cisalhamento [JÚDICE et al.,2004] (Continua).
(*)
Expressões propostas para o cálculo da Resistência ao
Pesquisador ou norma
Cisalhamento

MATTOCK (a)
(1974)
MATTOCK (a)
(1976)
MENDONÇA (b)
(2002)
PATNAIK (c)
(1994)

NS 3473 (d)
(1992)

57
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Tabela 2.17 – Expressões propostas por pesquisadores e norma para o cálculo da resistência ao
cisalhamento [JÚDICE et al.,2004] (Continuação).

(*) Em todas as expressões a unidade relativa as tensões é o MPa.


(a) - Equações propostas a partir dos resultados de ensaios de cisalhamento direto em corpos-de-prova
prismáticos.
(b) - Equação proposta a partir dos resultados de ensaios de cisalhamento direto em corpos-de-prova
constituídos por um pilarete central e duas bases laterais, nas quais foram concretados dois nichos que
solidarizavam as peças.
(c) - λ é igual a 1,0 para concreto de massa específica convencional e 0,75 para concreto leve; k é igual a 0,5
para vigas compostas e 0,6 para vigas monolíticas. Equações propostas a partir dos resultados de ensaios à
flexão de 16 vigas compostas com seção transversal T.

(d) -

com γs = 1,25 e γc = 1,4.

2.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foram abordadas algumas das diversas técnicas de reforço que
podem ser usadas. O projeto de reforço depende da peculiaridade de cada situação e a
escolha de uma determinada técnica depende de vários fatores: custo, desempenho e
durabilidade do reforço, além da facilidade e rapidez de execução.

O reforço com colagem de materiais (compósitos e chapas de aço), em algumas


situações, torna-se economicamente inviável pelo fato do adesivo ser um material caro
em relação aos que compõe o concreto armado. Deve-se ter cuidado na escolha do
sistema de ancoragem, assim como na análise de tensões na ligação entre o material de
reforço e o substrato de concreto, procurando evitar ruínas não desejáveis.

O grande diferencial da protensão quando comparada a outras técnicas de


reforço é seu caráter ativo. Não é necessário que a viga se deforme para que o reforço
comece a atuar sobre ela. É a solução mais recomendada quando não é possível fazer o
descarregamento da estrutura, apesar do seu custo elevado.

O emprego de materiais convencionais, como o aço e concreto, no reforço de


estruturas, apresenta inúmeras vantagens, entre as quais o custo relativamente baixo, e a
não necessidade de mão-de-obra altamente qualificada. A alteração nas dimensões dos

58
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

elementos reforçados é uma de suas desvantagens; entretanto, ela já provê proteção das
armaduras do reforço à ação do fogo e atos de vandalismo.

A eficiente aderência entre a viga original e o reforço é fundamental para a


garantia da eficácia do reforço. O uso de agentes adesivos aumenta o custo e nem
sempre melhora a ligação entre o elemento original e o reforço. Assim como o uso ou
não de adesivo para melhorar o desempenho da ligação, a necessidade ou não do
umedecimento do concreto antigo antes da concretagem do reforço é ainda assunto
controverso.

O presente trabalho visa contribuir com o aumento do conhecimento disponível


sobre a eficiência do reforço à flexão de vigas por encamisamento parcial, optando pelo
uso de chumbadores de expansão na ligação viga original-reforço.

59
Capítulo 3 – Programa Experimental

As’

CAPÍTULO 3
As PROGRAMA EXPERIMENTAL

3.1- INTRODUÇÃO

O programa experimental da presente tese teve por finalidade avaliar o


comportamento de vigas de concreto armado, de seção retangular, reforçadas à flexão
por encamisamento parcial, ou seja, adição de barras de aço, envolvidas por concreto,
no banzo tracionado.

Foram ensaiadas 4 vigas de concreto armado, bi-apoiadas, sendo três reforçadas


com aumento das seções de concreto e de aço e uma de referência sem reforço.

Optou-se por confeccionar vigas com geometria semelhante às ensaiadas por


SANTOS (2006), de forma que se pudesse fazer uma comparação entre o
comportamento de vigas semelhantes mas com diferentes taxas de armadura
longitudinal.

O dimensionamento das armaduras longitudinal e transversal foi feito de tal


maneira que as vigas sem e com reforço viessem a ter ruptura por flexão, com
escoamento da armadura longitudinal.

Todas as vigas foram submetidas a dois ciclos de carregamento antes de serem


carregadas até a ruptura. Primeiramente, a viga de referência e as demais, ainda sem
reforço, tiveram a carga aumentada até que ela fosse igual a cerca de 80% da sua carga
de ruptura. A seguir foi feito o descarregamento, outro carregamento até a mesma carga

60
Capítulo 3 – Programa Experimental

e novo descarregamento. Prosseguindo, a viga de referência foi carregada até a ruptura.


Nas outras vigas, o carregamento até a ruptura só ocorreu alguns dias após a execução
do reforço. O carregamento consistiu na aplicação de uma carga concentrada no meio
do vão.

Durante os ensaios, foram feitas medições de flechas, deformações nas


armaduras longitudinais original e do reforço, deformações do concreto e deslocamento
relativo entre a viga original e o reforço. Os resultados obtidos permitiram a avaliação
do comportamento das vigas.

3.2- MATERIAIS

3.2.1- CONCRETO

Para a confecção das vigas originais e do reforço foram utilizados concretos com
traço, em massa, de 1:2,71:3,58, relação água cimento a/c=0,6 e consumo de cimento de
300 kg/m3. Esses concretos foram definidos a partir de estudo feito por
EVANGELISTA(2002), de forma que, aos 14 dias, tivessem uma resistência média à
compressão em torno de 30MPa. O consumo dos materiais por m3 é apresentado na
tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Consumo dos materiais para m3 de concreto.

VIGA REFORÇO
Material Consumo Material Consumo
Cimento CPV - ARI 300 kg Cimento CPV - ARI 300 kg
Brita 1 (19 mm) 1074 kg Brita 0 (9,5 mm) 1074 kg
Areia 814 kg Areia 814 kg
Água 180 litros Água 180 litros

Como agregado graúdo foram utilizadas britas de gnaisse com dimensões


máximas de 19mm, para as vigas originais, e 9,5mm, para os reforços (britas conhecidas
comercialmente como 1 e 0, respectivamente). O emprego das britas de menor
dimensão facilitou tanto o lançamento quanto o adensamento da camada de concreto do
reforço. A areia, empregada como agregado miúdo, foi de origem natural. Todos os
agregados utilizados (figura 3.1) foram previamente lavados, secos ao ar e peneirados.

61
Capítulo 3 – Programa Experimental

O aglomerante utilizado foi o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V


ARI PLUS), doado pela Holcim, e a água usada foi a fornecida pela rede pública de
abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.

Brita 1 Brita 0 Areia

Figura 3.1 – Agregados utilizados nos concretos.

A mistura dos componentes dos concretos foi executada mecanicamente na


betoneira com capacidade de 300 litros do Laboratório de Estruturas da COPPE
mostrada na figura 3.2 (a).

Na concretagem, para atender o volume de concreto exigido, foram necessárias


duas betonadas por viga e uma betonada por reforço. A consistência do concreto, para
cada betonada, foi determinada por meio do ensaio de abatimento de tronco de cone
(figura 3.2(b)), seguindo as recomendações da NBR 7223 (1998), ficando em torno de 5
cm.

(a) (b)

Figura 3.2 – (a) Betoneira utilizada; (b) Ensaio de abatimento de tronco de cone.

62
Capítulo 3 – Programa Experimental

Para a determinação da resistência à compressão foram moldados 39 corpos-de-


prova (CP) cilíndricos com diâmetro de 150mm e altura de 300mm, sendo 6 por viga e
5 por reforço, segundo as recomendações da NBR 5738 (2003). Além desses, foram
moldados 25 corpos-de-prova cilíndricos, 4 por viga e 3 por reforço, para determinação
da resistência à tração indireta. Os ensaios foram realizados em uma prensa AMSLER
com capacidade de 1000kN, conforme mostrado na figura 3.3.

(a) (b)
Figura 3.3 – Ensaios de resistências à compressão (a) e à tração indireta (b) dos concretos.

Todos os corpos-de-prova foram adensados com vibrador de imersão (Figura


3.4(a)) e, 24 horas após a concretagem, foram desmoldados (Figura 3.4(b)) e levados à
câmera úmida (Figura 3.4(c)), onde permaneceram durante sete dias, ficando
posteriormente sob as condições ambientais do Laboratório de Estruturas até a data dos
ensaios.

(a) (b) (c)


Figura 3.4 – (a) Adensamento, (b) desmoldagem e (c) cura dos corpos-de-prova.

63
Capítulo 3 – Programa Experimental

O capeamento foi feito com uma mistura de enxofre e cinza de casca de arroz
(Figura 3.5).

Figura 3.5 – Execução do capeamento dos corpos-de-prova.

As tabelas 3.2 e 3.3 dão os valores médios de resistência à compressão (fcm) e


resistência à tração direta (fctm) dos concretos das vigas originais e dos reforços obtidos
experimentalmente. Para conversão da resistência à tração indireta (fct,sp) obtida nos
ensaios para a resistência à tração direta (fct), foi utilizada a relação fct = 0,9 fct,sp. Os
valores de resistência média à tração calculados substituindo-se fck por fcm na expressão
fornecida pela NBR6118/03 ( fctm = 0,3 fck2/3) foram muito próximos aos obtidos
experimentalmente, conforme mostrado na tabela 3.3.

Tabela 3.2 – Resistência à compressão dos concretos.

Idade do Desvio Coeficiente


Nº de CP Tipo de ensaio fcm
Viga concreto Padrão de variação
ensaiados da viga (MPa)
(dias) (MPa) (%)
2 Pré-fissuração 42 27,6
VREF
4 Ruptura 59 36,2 1,11 3,1
2 Pré-fissuração 16 37,3
V1
4 Ruptura 96 41,6 1,16 2,8
2 Pré-fissuração 23 34,9
V2
4 Ruptura 78 38,6 1,63 4,2
2 Pré-fissuração 24 35,3
V3
4 Ruptura 101 39,2 1,19 3,1
R1* 5 Ruptura 26 27,9 1,37 4,9
R2* 5 Ruptura 16 29,2 1,03 3,5
R3* 5 Ruptura 24 28,0 0,84 3,0

* Concreto do reforço
fcm – resistência média do concreto à compressão

64
Capítulo 3 – Programa Experimental

Tabela 3.3 – Resistência à tração dos concretos.

Idade do *fctm
Nº de CP Tipo de ensaio fctm
Viga concreto NBR6118:2003
ensaiados da viga (MPa)
(dias) (MPa)
2 Pré-fissuração 42 3,21
VREF 3,28
2 Ruptura 59 3,02
2 Pré-fissuração 16 3,64
V1 3,60
2 Ruptura 96 3,10
2 Pré-fissuração 23 3,23
V2 3,43
2 Ruptura 78 3,14
2 Pré-fissuração 24 3,39
V3 3,46
2 Ruptura 101 2,93
R1* 2 Ruptura 26 2,20 2,75
R2* 2 Ruptura 16 2,64 2,84
R3* 2 Ruptura 24 2,71 2,76

* Concreto do reforço
fctm – resistência média do concreto à tração direta obtida experimentalmente.
*fctm - resistência média do concreto à tração direta segundo a NBR6118:2003

3.2.2- AÇO

Duas amostras de cada tipo das barras de aço CA-50 e CA-60 empregadas nas
vigas originais e nos reforços foram ensaiadas à tração para a determinação das tensões
de escoamento e de ruptura. Os ensaios foram feitos, conforme a NBR ISO 6892
(2002), em prensa universal AMSLER com capacidade de 1000kN (Figura 3.6). A
figura 3.7 mostra o aspecto das barras de aço ensaiadas, após a ruptura, na região de
estricção.

Os diagramas tensão-deformação obtidos nos ensaios de tração das barras de aço


utilizadas nas vigas originais encontram-se nas figuras 3.8 a 3.10, enquanto que nas
figuras 3.11 a 3.13 estão os obtidos nos ensaios das barras de aço utilizadas nos
reforços. Os resultados dos ensaios encontram-se reunidos na tabela 3.4.

65
Capítulo 3 – Programa Experimental

Figura 3.6 – Ensaio de tração do aço.

φ16mm φ12,5m φ10mm φ8mm

(VIGA ORIGINAL)

φ5mm φ8mm φ16mm

(REFORÇO)

Figura 3.7 – Barras de aço ensaiadas, após ruptura.

66
Capítulo 3 – Programa Experimental

φ 8 mm (viga)

700

fy
600
Tensão(MPa)

500

400 fy =585 MPa


fst =727MPa
300
εy =3,07‰
200 Es =189GPa

100

0
0 2 εy 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Deformação (‰ )

Figura 3.8 – Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 8mm das vigas originais.

φ 10 mm (viga)

900
800
700
fy
Tensão(MPa)

600
500 fy =630MPa
fst =850MPa
400
εy = 2.98‰
300 Es =210GPa
200
100
0
0 2 εy 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Deformação (‰ )

Figura 3.9 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 10mm das vigas originais.

67
Capítulo 3 – Programa Experimental

φ 12,5 mm (viga)

700

fy
600
Tensão(MPa)

500
fy =593 MPa
400 fst =733MPa
300 εy =3,21‰
Es =184GPa
200

100

0
0 2 εy 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Deformação (‰ )

Figura 3.10 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 12,5mm das vigas
originais.

φ 5 mm (reforço)

800
700
fy
600
Tensão(MPa)

500
fy=710 MPa
400 fst=754MPa
300 εy = 3,41‰
Es=208GPa
200
100
0
0.00 2.00 εy 4.00 6.00 8.00 10.00

Deformação (‰)

Figura 3.11 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 5mm dos reforços.

68
Capítulo 3 – Programa Experimental

φ 8 mm (reforço)

800
700
fy
600
Tensão(MPa)

500
fy =644MPa
400 fst =857MPa
300 εy = 3,25‰
Es =198GPa
200
100
0
0 2 εy 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Deformação (‰ )

Figura 3.12 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 8mm dos reforços.

φ 16 mm (reforço)

700
fy
600
Tensão(MPa)

500
fy =598MPa
400 fst =716MPa
300 εy = 3,04‰
Es =197GPa
200

100

0
0 2 εy 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Deformação (‰ )

Figura 3.13 - Diagrama tensão-deformação das barras de aço de φ = 16mm dos reforços.

69
Capítulo 3 – Programa Experimental

Tabela 3.4 – Características das barras de aço utilizadas nas armaduras das vigas originais e dos
reforços.

Diâmetro fy fst εy Es
fst/fy
(mm) (MPa) (MPa) (‰) (GPa)

8,0 585 727 1,24 3,07 189


Viga

10,0 630 850 1,35 2,98 210


12,5 593 733 1,24 3,21 184
Reforço

5,0 710 754 1,06 3,41 208


8,0 644 857 1,33 3,25 198
16,0 598 716 1,20 3,04 197

fy = tensão de escoamento do aço;


fst = resistência à tração do aço;
ε y = deformação específica de escoamento do aço;
Es = módulo de elasticidade do aço.

3.3- ESQUEMA DE ENSAIO

Para realizar os ensaios, utilizou-se um pórtico de reação onde foi fixado um


atuador hidráulico, com capacidade de 500kN, ligado a um sistema de ensaios MTS. As
vigas, simplesmente apoiadas, tiveram um apoio do primeiro e outro do segundo gênero
e o carregamento consistiu de uma força concentrada aplicada no meio do vão. Ao
posicionar a viga sobre os apoios, teve-se o cuidado de nivelá-la.

O pórtico e o esquema de ensaio usados são mostrados na figura 3.14.

70
Capítulo 3 – Programa Experimental

MACACO
HIDRÁULICO

VIGA
APOIO APOIO
FIXO MÓVEL

PLACA DE REAÇÃO

250 2000 2000 250

P
2000
150
400

4000
4500

Figura 3.14 - (a) – Pórtico de reação utilizado nos ensaios; (b) – Esquema de ensaio (dimensões
em mm).

71
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.4- CARACTERÍSTICAS DAS VIGAS

As vigas ensaiadas tinham 450 cm de comprimento, vão de 400 cm e, antes do


reforço, seção transversal retangular de 40 cm de altura por 15 cm de largura. Foram
confeccionadas 4 vigas idênticas, denominadas VREF, V1, V2 e V3, cuja armadura
longitudinal na região a ser tracionada era composta por três barras de aço CA-50, duas
com 10 mm de diâmetro e uma com 12,5 mm de diâmetro, correspondendo a uma taxa
de armadura ρ = 0,49% (cerca de 20% da taxa de armadura correspondente à condição
balanceada: 2,4%). A armadura transversal, dimensionada para que as vigas sem e com
reforço tivessem ruptura por flexão com escoamento da armadura tracionada, consistiu
de estribos com 8 mm de diâmetro a cada 150 mm (ρw=0,45%). A figura 3.15 e a tabela
3.5 apresentam o detalhamento e as características da viga de referência VREF, que não
foi reforçada, e das vigas originais V1, V2 e V3, que foram posteriormente reforçadas.

Tabela 3.5- Características das vigas originais.


Vigas Ensaiadas

Antes do b h d d' As As' Asw/s ρ


reforço (mm) (mm) (mm) (mm) (mm2) (mm2) (mm2/mm) (%)

VREF 150 400 386 27 285 100 0,67 0,49


V1 150 400 386 27 285 100 0,67 0,49
V2 150 400 386 27 285 100 0,67 0,49
V3 150 400 386 27 285 100 0,67 0,49

b – largura da seção transversal;


h – altura da seção transversal;
d – altura útil;
d’ – distância do centróide da armadura de compressão à borda mais comprimida;
As – área da seção da armadura longitudinal de tração;
As’ – área da seção da armadura longitudinal de compressão;
Asw - área da seção transversal da armadura de cisalhamento;
s - espaçamento da armadura de cisalhamento;
ρ − taxa de armadura longitudinal.

Ressalte-se que o cobrimento nominal das vigas de referência e originais era de


15 mm nas faces laterais e superior e zero na face inferior. Entretanto, embora não
tivesse sido colocada pastilha de concreto na face inferior, movimentação da armadura
durante a concretagem acabou fazendo com que na face inferior houvesse um
cobrimento da ordem de 5 mm.

72
Capítulo 3 – Programa Experimental

N1 - 2Ø8 - 4450mm

75 A 75

A N4 - 30Ø8 c.150mm

300
240

r = 60 N2 - 2Ø10 -5140mm r = 60
4470
N3 - 1Ø12,5 - 4470mm

4000mm
250mm 250mm

Seção A-A
150
80

2Ø8 mm
80
400

380

Ø12.5mm

120
2Ø10mm
Ø8 c.150mm
L= 1160mm

Figura 3.15 – Armação das vigas VREF e V1, V2 e V3.

3.5- CARACTERÍSTICAS DO REFORÇO

O reforço consistiu na adição de um talão de concreto armado de seção


trapezoidal na zona tracionada das vigas originais, conforme mostra a figura 3.16.

Alguns fatores foram considerados para a definição das dimensões do reforço:


área de interface da ligação concreto velho - concreto novo, consumo de concreto,
espaço necessário para a acomodação das novas armaduras longitudinais e dos
chumbadores de expansão (ver item 3.5.2) e facilidade de execução da concretagem do
reforço.

73
Capítulo 3 – Programa Experimental

TALÃO DE CONCRETO
A

80 80

A
3840
4500

SEÇÃO A-A

VIGA ORIGINAL

TALÃO DE CONCRETO

100 100
470

70
OBS: TODAS AS MEDIDAS
150

ESTÃO EM MILÍMETROS.

150

Figura 3.16 – Características geométricas das vigas reforçadas.

Foram utilizadas para o reforço armaduras longitudinais de aço CA-50, com


diâmetros de 8 mm e 16 mm, e armaduras transversais de aço CA-60, com diâmetro de
5,0mm e espaçamento de 150mm. Na zona lateral da área de contato viga-reforço foram
utilizados chumbadores de expansão que serviram tanto para posicionar a armadura do
reforço quanto para melhorar a ligação viga-reforço. A figura 3.17 apresenta o
detalhamento dos reforços.

Após a execução do reforço, as vigas V1, V2 e V3 foram renomeadas VR1, VR2


e VR3. A diferença entre essas vigas era a taxa de armadura de reforço: ρr = 0,53%,
0,98% e 1,28%, respectivamente. As taxas de armadura longitudinal total (original +
reforço) dessas vigas eram ρ = 1,02%, 1,47% e 1,77%, menores que a correspondente à
condição balanceada. A tabela 3.6 apresenta as características das vigas reforçadas.

74
Capítulo 3 – Programa Experimental

SEÇÃO A-A
REFORÇO DA VIGA - VR1

N1 - 4Ø8 - 3810mm
A

344
386
4Ø8

446
A CHUMBADOR
Ø9,5 c.150mm
N3-26Ø5 c.150mm (ver detalhe) 2Ø8
N2 - 2Ø8 - 3810mm

SEÇÃO B-B
REFORÇO DA VIGA - VR2

N1 - 4Ø8 - 3810mm
B

344
386
4Ø8

442
B

N3-26Ø5 c.150mm (ver detalhe)


2Ø16
N4 - 2Ø16 - 3810mm
SEÇÃO C-C
REFORÇO DA VIGA - VR3

N1 - 4Ø8 - 3810mm
C

344
386
4Ø8

442
C
N3-26Ø5 c.150mm (ver detalhe)
3Ø16
N4 - 3Ø16 - 3810mm

DETALHE - N3

70 70
OBS: TODAS AS MEDIDAS
180 ESTÃO EM MILÍMETROS.
80
120

120

N3 - 78Ø5.0 - 715

Figura 3.17 – Armação do reforço das vigas VR1, VR2 e VR3.

75
Capítulo 3 – Programa Experimental

Tabela 3.6– Características das vigas reforçadas.


Vigas Ensaiadas

Após b h d d' As Asr As' Asw/s ρ


reforço (mm) (mm) (mm) (mm) (mm2) (mm2) (mm2) (mm2/mm) (%)

VR1 150 470 382 27 285 300 100 0,67 1,02


VR2 150 470 402 27 285 600 100 0,67 1,47
VR3 150 470 409 27 285 800 100 0,67 1,77

As – área da seção de armadura longitudinal de tração original;


Asr - área da seção de armadura longitudinal de tração do reforço;
d – altura útil.

3.5.1 – ÁREA DA INTERFACE VIGA ORIGINAL-REFORÇO

A figura 3.18 mostra a área de interface entre a viga original e o reforço, que foi
a mesma adotada nas vigas de SANTOS (2006), de mesma geometria que as deste
trabalho.

Essa área de interface deveria atender à condição.

τ R Ai
A sr f y ≤ (3.1)
γ 2
onde:

Asr - área da seção da armadura longitudinal de reforço;


fy - tensão de escoamento do aço da armadura longitudinal de reforço;
τR - tensão de cisalhamento resistente entre a viga original e o reforço;
γ - coeficiente de minoração que visa levar em conta a condição fissurada do
concreto quando da realização do reforço;
Ai - Área total da interface;
Ai - área de interface entre a viga e o reforço no vão de cisalhamento (Lcis).
2

76
Capítulo 3 – Programa Experimental

VIGA
A

REFORÇO

A
Lr = 3840mm
Lv = 4500 mm

SEÇÃO A-A

dr
F = Asr . fy

Lcis = Lr/2
Lv/2

TENSÕES DE CISALHAMENTO VISTA TRANSVERSAL


ATUANTES NA INTERFACE

m
92 0m F
s =1
L ci Região Perímetro transversal da
apicoada interface = 280 mm

τ 80 80

120

F = Força resultante da armadura longitudinal de reforço.


Lv = Comprimento total da viga
Lr = Comprimento total do reforço
Lcis = Vão de cisalhamento do reforço.

Figura 3.18 – Área de interface entre a viga e o reforço.

77
Capítulo 3 – Programa Experimental

Fazendo γ=2 na expressão 3.1, tem-se:

4A sr f y
Ai ≥ (3.2)
τR

Adotando-se para o cálculo de τR as expressões que, segundo Judice, Shehata e


Shehata (2004), fornecem valores que se aproximam mais de resultados de tensão de
cisalhamento resistente experimentais tirados de ensaios de cisalhamento direto e de
vigas (ver item 2.4.2), ter-se-ia para valores de Ai necessários os dados na tabela 3.7,
onde consta também o valor de Ai das vigas deste trabalho. No cálculo de Ai,
consideraram-se fc=30 MPa, fy= 500 MPa e Asr= 800 mm2 (maior valor de armadura
longitudinal de reforço). A contribuição dos chumbadores na tensão de cisalhamento
resistente na ligação viga original-reforço será objeto de investigação em estudo que
está sendo iniciado na COPPE, tendo sido aqui desconsiderada no cálculo de Ai.

Tabela 3.7 – Valores de Ai calculados a partir de diferentes expressões propostas para o cálculo
da resistência ao cisalhamento (continua).
Ai Ai
Expressões propostas para o cálculo da
Autor necessário adotado
Resistência ao Cisalhamento τR (MPa)
Eq. (3.2)
τR (MPa)
(mm2) (mm2)
MATTOCK
2,8 541.400
(1974)

MATTOCK
2,98 536.900
(1976)

MENDONÇA
1,93 829.000
(2002)

PATNAIK 1.075.000
0,86 1.860.000
(1994)

NS 3473
1,13 1.416.000
(1992)

78
Capítulo 3 – Programa Experimental

Na tabela 3.7, verifica-se que, dependendo da expressão adotada, o valor de Ai


calculado pode variar consideravelmente e que o das vigas fica entre o máximo e o
mínimo dado pelas expressões dessa tabela.

3.5.2 – CHUMBADORES

Foram utilizados chumbadores do tipo AF da Âncora Sistemas de Fixação. Cada


chumbador é formado por parafuso cônico com rosca, jaqueta, prolongador, porca e
arruela. A figura 3.19 mostra essas partes e a na tabela 3.8 constam os dados técnicos
dos chumbadores e as dimensões dos furos onde eles devem ser fixados, informações
fornecidas pelo fabricante.

(d) (c) (b)

(e)
(a) parafuso cônico;
(b) jaqueta;
(a)
(c) prolongador;
(d) porca e
(e) arruela.

Figura 3.19 – Componentes dos chumbadores utilizados no reforço.

Tabela 3.8 – Dados referentes aos chumbadores AF, segundo o fabricante.

Diâmetro Diâmetro Comprimento Profundidade Espessura C.A.M* C.R.C**


Código da do do mínima máxima a no no
rosca furo pino do furo ser fixada concreto parafuso
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (kN) (kN)
A38110 9,5 12,7 110 38 67 27,20 12,37
* C.A.M – Carga média de arrancamento
** C.R.C – Carga de resistência ao cisalhamento

O chumbador utilizado é um sistema de fixação por expansão de fácil instalação


onde, após a execução e limpeza do furo, o chumbador é introduzido e, em seguida,
conforme o aperto da porca, o cone do parafuso provoca a expansão da jaqueta (ver
figura 3.20). Esta expansão aumenta a aderência entre o chumbador e o concreto.

79
Capítulo 3 – Programa Experimental

Figura 3.20 – Expansão da jaqueta do chumbador.

Segundo o fabricante, a execução e a posição dos furos têm uma importância


grande na qualidade, funcionamento e garantia dos elementos de fixação, fazendo as
seguintes recomendações:

• usar equipamento de furação adequado;


• os furos devem ser perpendiculares à superfície do concreto, com distância
mínima entre eles de no mínimo 10 vezes o diâmetro do chumbador e distância
até a borda do concreto de no mínimo 5 vezes o diâmetro do chumbador (figura
3.21);
• as dimensões do furo devem seguir rigorosamente as orientações do fabricante ,
tanto em diâmetro como em profundidade e
• deve-se eliminar o pó resultante do furo, pois o mesmo pode diminuir a
capacidade de carga e dificultar a instalação do chumbador.

x- Distância mínima entre o centro de dois furos = 10 φ do chumbador.


X
Y y-Distância mínima de um furo à borda do concreto = 5 φ do chumbador

Figura 3.21- Distâncias mínimas para a execução dos furos, segundo o fabricante.

Seguindo as recomendações do fabricante, os chumbadores foram fixados nas


superfícies laterais de contato viga-reforço, conforme ilustrado na figura 3.22. Antes do
apicoamento das superfícies (profundidade média de 15mm), foram feitos furos com
profundidade de 65mm, que correspondiam à espessura do cobrimento (15mm) mais a
metade do comprimento do chumbador (50mm).

80
Capítulo 3 – Programa Experimental

A 25 chumbadores c.150mm por face

SEÇÃO A-A

estribos do reforço CHUMBADORES


AF 3/8" x 110 mm

50mm

65 65

120
40mm

70
Figura 3.22 – Posicionamento dos chumbadores.

3.6- EXECUÇÃO DAS VIGAS

3.6.1 – FÔRMAS

Foram utilizadas duas fôrmas de compensado plastificado de 20 mm de


espessura, reforçadas com caibros, ligados entre si com parafusos, fabricadas
especialmente para a confecção das vigas (figura 3.23). Antes de cada concretagem, as
fôrmas foram vedadas, para evitar a fuga da nata de cimento, e receberem uma
aplicação de óleo mineral, para facilitar o processo de desmoldagem.

Figura 3.23 – Formas utilizadas na confecção das vigas.

81
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.6.2 – EXECUÇÃO DAS VIGAS ORIGINAIS

Para o preparo do concreto das vigas, utilizou-se uma betoneira de 300 litros de
capacidade, sendo necessárias duas betonadas por viga. Em cada dia de concretagem
foram confeccionadas duas vigas.

O adensamento do concreto foi feito com vibrador de imersão (agulha com


diâmetro de 25 mm). Quatro horas após o fim da concretagem, as vigas foram cobertas
com mantas umedecidas, ficando nessa condição por 7 dias. Após este período, as vigas
foram desformadas e mantidas sob as condições do ambiente do laboratório até a data
de ensaio.

3.7 – EXECUÇÃO DO REFORÇO

Após as vigas originais terem sido submetidas aos primeiros carregamentos e


feito o descarregamento, foi feito o seu reforço. Quando da execução do reforço, as
vigas originais tinham idade em torno de 70 dias.

3.7.1 – FÔRMAS

Foram utilizadas duas fôrmas feitas com compensado plastificado de 20 mm de


espessura, de seção transversal trapezoidal, reforçadas lateralmente por placas do
mesmo compensado, conforme mostra a figura 3.24. Antes de cada concretagem, as
fôrmas foram vedadas e receberam uma camada de óleo mineral.

Figura 3.24 – Fôrmas utilizadas no reforço.

82
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.7.2 – PREPARAÇÃO DAS SUPERFÍCIES

Antes da concretagem do reforço, para melhorar a aderência entre o reforço e a


viga original, a superfície da viga original que ficaria em contato com o reforço foi
apicoada.

O apicoamento nas faces laterais das vigas foi realizado com o auxílio de
ponteira num comprimento central de 3840 mm e altura de 80 mm a partir do fundo da
viga. A profundidade do apicoamento foi de aproximadamente 15mm, possibilitando
tanto a visualização das armaduras internas, longitudinais e transversais, quanto dos
agregados graúdos (figura 3.25). Na face inferior das vigas, o apicoamento foi feito com
auxílio de um martelete apenas para tornar a superfície rugosa (figura 3.26). Isto foi
feito para evitar que as armaduras longitudinais originais ficassem totalmente expostas e
que, se o concreto novo não as envolvesse adequadamente, a aderência ficasse
prejudicada.

Figura 3.25 – Apicoamento da superfície lateral da viga original.

Figura 3.26 – Apicoamento da superfície inferior da viga original.

83
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.7.3 - FIXAÇÃO DOS CHUMBADORES

Para a fixação dos chumbadores foram realizados furos nas posições mostradas
na figura 3.27. Em cada viga foram utilizados 25 chumbadores por face.

150 mm 150 mm

50 mm

Figura 3.27– Execução dos furos no concreto para fixação dos chumbadores.

O método de fixação dos chumbadores é ilustrado na figura 3.28.

1- Com o auxílio de ferramentas, 2- Pelo menos metade do 3- Aperto da porca até haver uma
introdução do chumbador no furo. comprimento do chumbador fica pequena resistência, evitando a
dentro do furo. penetração do prolongador na jaqueta.

4- Remoção do prolongador. 5- Recolocação da porca e da 6- Aperto da porca até a completa


arruela no parafuso. imobilização da mesma, finalizando o
processo.

Figura 3.28 – Fixação dos chumbadores. Continua.

84
Capítulo 3 – Programa Experimental

Expansão
da
Jaqueta

Conforme o aperto da porca, a jaqueta Aspecto final do posicionamento dos


se expande, melhorando a fixação do
chumbadores.
chumbador no concreto.

Figura 3.28 – Fixação dos chumbadores. Continuação.

3.7.4 - COLOCAÇÃO DAS ARMADURAS DO REFORÇO

As armaduras longitudinais e transversais do reforço foram montadas,


posicionadas sobre os chumbadores de expansão ao longo da viga e fixadas com auxílio
de arame, conforme mostrado nas figuras 3.29 e 3.30.

Figura 3.29 –Armaduras do reforço.

Figura 3.30 – Posicionamento e fixação das armaduras do reforço.

85
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.7.5 – CONCRETAGEM

Os concretos dos reforços foram preparados da mesma maneira que os das vigas
originais, fazendo-se uma betonada por reforço. Foram executados dois reforços por dia
de concretagem.

Antes do lançamento do novo concreto, a superfície de ligação entre a viga


original e o reforço foi umedecida com um borrifador (figura 3.31).

Figura 3.31 – Umedecimento da superfície de ligação entre os concretos da viga original e do


reforço.

Assim como nas vigas originais, o concreto foi adensado com vibrador de
imersão (figura 3.32). O processo de cura e armazenamento das vigas originais foi
repetido para o reforço (ver item 3.6.2).

Figura 3.32 – Concretagem do reforço.

86
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.8 – INSTRUMENTAÇÃO

O comportamento estrutural das vigas sem e com reforço foi monitorado durante
os ensaios, por meio de medições de deformações específicas das armaduras
longitudinais de tração, deformações específicas do concreto na região comprimida e
deslocamentos verticais em seções a 150 mm do meio do vão. Nas vigas reforçadas,
foram também medidos deslocamentos horizontais do talão de reforço em relação à viga
original.

3.8.1– MEDIÇÃO DAS DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DAS ARMADURAS

As deformações específicas das armaduras longitudinais de tração foram


medidas por meio de extensômetros elétricos de resistência KYOWA, modelo KFG-5-
120-C1-11, com base de medição de 5 mm.
O processo de preparação das barras e colagem dos extensômetros elétricos de
resistência é ilustrado na figura 3.33: obtenção de superfícies regulares onde seriam
colados os dois extensômetros, limpeza dessas superfícies com tricloretileno, fixação
dos fios a serem ligados aos extensômetros, colagem dos extensômetros e proteção dos
extensômetros com resina.

Figura 3.33 – Processo de colagem dos extensômetros elétricos de resistência.

87
Capítulo 3 – Programa Experimental

A barra central da armadura longitudinal de tração de cada viga original foi


instrumentada com dois extensômetros colados em posições diametralmente opostas na
seção do meio do vão e na seção a 960 mm do meio do vão, ficando esta no meio da
metade do talão do reforço (figura 3.34). Nessas mesmas seções das vigas reforçadas,
foram colados extensômetros numa das barras da camada inferior da armadura
longitudinal da extremidade do reforço das vigas VR1 e VR2 e na central da do reforço
da viga VR3 (figura 3.35).

960 mm 2250 mm

A
EXTENSÔMETROS
ELÉTRICOS

Seção A-A

2Ø8.0mm

Ø12.5mm (BARRA INSTRUMENTADA)

2Ø10mm

Figura 3.34 – Posição dos extensômetros elétricos na armadura longitudinal das vigas
VREF, V1, V2 e V3.

960mm 2250mm

A
EXTENSÔMETROS
ELÉTRICOS

Seção A-A

Figura 3.35– Posição dos extensômetros elétricos na armadura longitudinal do reforço


(continua).

88
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR1 VR2 VR3

2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0

2Ø8.0 2Ø16 3Ø16


BARRA INSTRUMENTADA BARRA INSTRUMENTADA BARRA INSTRUMENTADA

Instrumentação Instrumentação
na barra extrema na barra central

Figura 3.35 – Posição dos extensômetros elétricos na armadura longitudinal do reforço


(continuação).

3.8.2 – MEDIÇÃO DAS DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO CONCRETO

As deformações específicas do concreto foram medidas, em quatro diferentes


níveis, com um extensômetro mecânico do tipo Tensotast, com base de medição de
100mm e menor divisão de 0,001mm, numa seção a 130 mm do meio do vão, como
pode ser observado na figura 3.36. A escolha dessa seção visou evitar a região do
concreto influenciada pelo confinamento devido à chapa metálica usada para
transmissão da carga à viga.

Para a realização das medições com esse extensômetro, foram coladas chapas de
cobre numa das faces laterais da viga, segundo procedimento ilustrado na figura 3.37.

89
Capítulo 3 – Programa Experimental

CHAPA METÁLICA
(150mm x 200mm x 20mm)

20mm
150mm CHAPAS DE COBRE
(15mm x 15mm)

20mm
Nivel 1
20mm
Nivel 2
20mm
Nivel 3
20mm
Nivel 4

100mm

130mm

2000 mm

Figura 3.36 – Posicionamento das bases de medição para o extensômetro mecânico.

Figura 3.37– Processo de colagem de chapas de cobre para medição com extensômetro
mecânico.

90
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.8.3 – MEDIÇÃO DOS DESLOCAMENTOS VERTICAIS

Para a medição dos deslocamentos verticais (flechas) das vigas, foram utilizados
dois transdutores de deslocamento à base de extensômetros elétricos de resistência
(constantes de calibração de 0,0324 mm/10-6 e 0,0319 mm/10-6) e com curso de 100
mm. Eles foram fixados em suportes de aço e posicionados em seções a 150 mm do
meio do vão, sendo conectados a um sistema automático de aquisição de dados (figura
3.38).

TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTO
DEFLECTÔMETROS

Ligado
Sistema de aquisição Ligado de aquisição
Sistema
ao Dataloger ao Dataloger
automática de dados automática de dados

150 150

1850 mm

2000 mm

Figura 3.38 – Posicionamento dos trandutores de deslocamento.

91
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.8.4– MEDIÇÃO DOS DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS ENTRE


REFORÇO E VIGA ORIGINAL

Para a medição dos deslocamentos horizontais relativos entre o reforço e a viga


original, foram utilizados quatro transdutores de deslocamento (constantes de calibração
de 0,0199 mm/10-6 ou 0,020 mm/10-6) com curso de 25 mm. Eles foram posicionados
nas seções a 960 mm e a 1920 mm do meio do vão mostradas na figura 3.39.

S1 S2 S3 S4

960 mm

1920 mm

S1 S2

Figura 3.39 – Posicionamento dos transdutores de deslocamento no talão de reforço.

Para a fixação dos transdutores, foram usadas cantoneiras na viga original e no


talão de reforço, conforme indicado na figura 3.40.

92
Capítulo 3 – Programa Experimental

Figura 3.40– Fixação dos transdutores para medição de deslocamento entre reforço e viga
original.

3.9 – PROCEDIMENTO DE ENSAIO

A viga de referência, VREF, foi submetida a dois ciclos de carregamento antes


de ser carregada até a ruptura. Primeiramente, a carga foi variada de zero a 45 kN
(aproximadamente 80% de sua carga de ruptura teórica), com incrementos de 5 kN, a
seguir foi levada a zero numa única etapa, aumentada novamente até 45 kN e zerada
novamente, também numa única etapa. No último carregamento, com incrementos de 5
kN, a viga foi carregada até que ocorresse a ruptura.

As demais vigas tiveram também os mesmos carregamentos, havendo,


entretanto, mudança de procedimento depois do segundo descarregamento, quando, sob
ação apenas do peso próprio, essas vigas foram reforçadas. Cerca de vinte dias depois
da realização do reforço, as vigas foram novamente carregadas, agora com incrementos
de 10 kN, até ser atingida a ruptura.

93
Capítulo 3 – Programa Experimental

A cada etapa de carregamento, foram medidos os deslocamentos (verticais e


horizontais relativos) e das deformações específicas das armaduras, utilizando-se
sistema de aquisição de dados HP3497A, computador e impressora, medidas as
deformações específicas do concreto manualmente e marcadas fissuras. A duração dos
ensaios foi de aproximadamente 60 minutos.

3.10 – RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os resultados das medições feitas durante os ensaios encontram-se listados nas


tabelas do apêndice A e são aqui apresentados sob a forma de gráficos.

Nos gráficos, para deformações específicas nas barras das armaduras


longitudinais de tração numa determinada seção, foram consideradas as médias dos
valores medidos pelos dois extensômetros colados nessa seção. Para deslocamento
vertical das vigas em seção a 150mm do meio do vão, adotou-se o valor médio dos
medidos nas seções à esquerda e à direita do meio do vão.

Para traçar os diagramas de deformação específica na direção longitudinal na


seção do meio do vão das vigas, foi feita a aproximação de considerar as deformações
no concreto na seção do meio do vão iguais às da seção a 130 mm do meio do vão.

3.10.1 – VREF

A viga de referência, VREF, teve as primeiras fissuras visíveis sob a carga de 25


kN e a carga máxima foi de 72 kN, apresentando ruptura por flexão, com escoamento da
armadura longitudinal de tração seguido de esmagamento do concreto na região de
maior momento fletor. A figura 3.41 mostra o aspecto fissuração na região central da
viga, após os primeiros carregamentos e após a ruptura.

A armadura longitudinal de tração, no final dos primeiros carregamentos, teve


deformação específica de aproximadamente 2,4 ‰ na seção do meio do vão e 1,2 ‰ na
seção a 960 mm do meio do vão. Próximo à ruptura, essas deformações aumentaram
para cerca de 8,2‰ e 2,3‰, respectivamente. Os gráficos das deformações das
armaduras nessas seções em função da carga podem ser vistas na figura 3.42.

94
Capítulo 3 – Programa Experimental

Marcação
das 1as
fissuras

Fissura com
maior abertura

Figura 3.41 – Aspecto da fissuração na região central da viga de referência, após os primeiros
carregamentos e após a ruptura.

A curva de evolução da flecha com o carregamento é mostrada na figura 3.43. A


flecha relativa à carga máxima foi de 47 mm.

O diagrama da distribuição da deformação longitudinal da seção no meio do vão


para algumas etapas de carregamento encontra-se na figura 3.44. Na tabela 3.9 é
possível notar a diminuição da altura da linha neutra conforme o aumento da carga.
Deve-se ressaltar que a profundidade da linha neutra foi determinada a partir do topo da
viga (seção mais comprimida).

95
Capítulo 3 – Programa Experimental

VREF
Pu,exp=72kN
80

60
CARGA (kN)

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
DEFORMAÇÃO (‰)

meio do vão 960 mm do meio do vão

Figura 3.42 – Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VREF, nas seções do
meio do vão e a 960 mm do meio do vão.

VREF
Pu,exp=72kN
80

60
C A R G A (kN )

40
150mm 150mm

20

0
0 10 20 30 40 50 60 70
FLECHA (mm)

Figura 3.43 – Curva carga-flecha da VREF, na seção a 150 mm do meio do vão.

96
Capítulo 3 – Programa Experimental

VREF

0
Nivel 1
50 Nivel 2
Nivel 3
Nivel 4
100
Altura da viga (mm)

150

200 As,viga

250

300

350

400
-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2
Deform ação da seção (‰)

45kN 60kN 65kN

Figura 3.44 – Deformação longitudinal na seção transversal do meio do vão da VREF.

Tabela 3.9 – Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VREF.

Carga (kN) Altura da linha neutra (mm)

45 93,2
60 91,5
65* 71,7
* (90% da de ruptura)

3.10.2 – VR1

A viga reforçada VR1 rompeu à flexão, por escoamento da armadura


longitudinal de tração da viga original e do reforço seguido do esmagamento do
concreto na seção de momento máximo, sob a carga de 150 kN.

Na viga sem reforço, a primeira fissura foi constatada visualmente quando a


carga era aproximadamente de 20 kN. Na com reforço, não foram observadas fissuras
horizontais ao longo da ligação viga original-talão de reforço, havendo apenas fissuras
do tipo das mostradas na figura 3.45.

97
Capítulo 3 – Programa Experimental

Após os carregamentos realizados antes da execução do reforço, a deformação


específica da armadura longitudinal de tração da viga original, no meio do vão, ficou
próxima de 2,4 ‰ enquanto que na seção a 960 mm do meio do vão a deformação ficou
em torno de 0,94 ‰. Após o reforço, próximo da ruptura, nessa armadura mediram-se
deformações em torno de 18‰ e 2,6‰, enquanto na armadura do reforço as
deformações ficaram em torno de 16‰ e 2,8‰, respectivamente.

Pode-se observar nas figuras 3.46 e 3.47 que a presença do reforço conduziu a
uma redução nas deformações específicas da armadura da viga original e que a
deformação da armadura do reforço, inicialmente menor que a da armadura da viga
original, passa, depois, a ser igual ou maior.

Na figura 3.48, percebe-se que praticamente não houve deslizamento relativo


entre a viga original e o reforço, sendo o maior deles igual a 0,16 mm. A figura 3.49
mostra o efeito positivo do reforço quanto às flechas da viga e que, para a carga
máxima, a flecha foi de 56 mm.

A figura 3.50 e a tabela 3.10 mostram o diagrama de deformação longitudinal na


seção do meio do vão e a posição da linha neutra para algumas etapas de carregamento
da viga VR1.

Marcação da
1ª fissura

Figura 3.45 – Aspecto da fissuração da região central após os carregamentos da viga original e
após ruptura da viga VR1.Continua.

98
Capítulo 3 – Programa Experimental

Esmagamento
do concreto

Figura 3.45 – Aspecto da fissuração da região central após os carregamentos da viga original e
após ruptura da viga VR1.Continuação.

VR1
Pu,exp=150kN

150
CARGA (kN)

100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
DEFORMAÇÃO (‰)

Armadura da Viga - meio do vão


Armadura do Reforço - meio do vão

Figura 3.46 – Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR1, na seção do meio
do vão.

99
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR1
Pu,exp=150kN

150
CARGA (kN)

100

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
DEFORMAÇÃO (‰)

Armadura da Viga - 960 mm do meio do vão


Armadura do Reforço - 960 mm do meio do vão

Figura 3.47 – Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR1, na seção


a 960 mm do meio do vão.

DESLOCAMENTO RELATIVO ENTRE


O REFORÇO E O SUBSTRATO

200
Pu,exp=150kN

150
CARGA (kN)

100
D4 D3 D1 D2

50

0
-0,01 0,02 0,05 0,08 0,11 0,14 0,17 0,2
DESLOCAMENTO RELATIVO (m m )

D1 - 1/4 do talão D2 - Extremidade do talão


D3 - 1/4 do talão D4 - Extremidade do talão

Figura 3.48 – Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato da viga VR1.

100
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR1 Pu,exp=150kN

160
140
120
C A R G A (kN )

100
80
60
150mm 150mm

40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70
FLECHA (mm)

Figura 3.49– Curva carga-flecha da VR1, na seção a 150 mm do meio do vão.

VR1

0 Nivel 1
Nivel 2
50 Nivel 3
Altura da viga (mm)

Nivel 4
100
150
200
250 As,viga
300 As,reforço
350
400
450

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3
Deformação da seção (‰)

40kN 80kN 120kN

Figura 3.50– Deformação longitudinal na seção transversal do meio vão da VR1.

Tabela 3.10 – Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR1.

Carga (kN) Altura da linha neutra (mm)

40 178
80 160
120* 120
* 80% da de ruptura

101
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.10.3 – VR2

A viga reforçada VR2 rompeu por escoamento das armaduras longitudinais da


viga original e do reforço, seguido do cisalhamento do talão de reforço, com carga de
205 kN.

Na viga original, as primeiras fissuras foram observadas para a carga de 25 kN


(figura 3.51). Na reforçada, além das fissuras típicas da ação combinada de flexão e
cortante vertical, apareceram fissuras horizontais ao longo da ligação entre a viga
original e o reforço (figura 3.52).

Marcação das
1as fissuras

Figura 3.51 - Aspecto da viga VR2, após os carregamentos realizados antes do reforço.

As figuras 3.53 e 3.54 mostram as deformações nas armaduras longitudinais de


tração ao longo do ensaio da VR2. Na 3.53, nota-se que, a partir da carga de cerca 180
kN, os extensômetros da barra do reforço situadas na seção do meio do vão
apresentaram algum problema que não os permitiu acompanhar a deformação da barra.
A deformação máxima observada na barra da armadura da viga original, nessa seção,
foi em torno de 11‰ e, na seção a 960 mm do meio do vão, 2,5‰. Como na VR1, as
deformações da armadura do reforço foram inicialmente menores, mas, depois,
passaram a ser maiores que as da armadura da viga original.

102
Capítulo 3 – Programa Experimental

Figura 3.52 - Aspecto da viga VR2, após colapso.

103
Capítulo 3 – Programa Experimental

De acordo com a figura 3.55, o deslizamento relativo entre a viga original e o


talão de reforço foi praticamente nulo até carga próxima de 150 kN, a partir da qual ele
teve aumento acentuado, chegando ao valor de cerca de 1 mm quando da ruptura.

Na figura 3.56, nota-se que o tipo de ruptura dessa viga levou-a a apresentar
flecha de aproximadamente 32 mm para a carga de ruptura, menor que as das vigas
VREF e VR1 para as cargas de ruptura, que foram maiores que a carga de ruptura de
VR2.

O diagrama da deformação longitudinal ao longo da seção do meio do vão e a


altura da linha neutra nessa seção, para diferentes níveis de carga encontram-se na
figura 3.57 e na tabela 3.11.

VR2
Pu,exp=205kN
Problemas com o
250
extensômetro

200
CARGA (kN)

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
DEFORMAÇÃO (‰)
Armadura da Viga - meio do vão
Armadura do Reforço - meio do vão

Figura 3.53 - Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR2, na seção do meio
do vão.

104
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR2
Pu,exp=205kN
250

200
CARGA (kN)

150

100

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
DEFORMAÇÃO (‰)
Armadura da Viga - 960 mm do meio do vão
Armadura do Reforço - 960 mm do meio do vão

Figura 3.54 – Curvas carga-deformação da armaduras longitudinais da VR2, na seção a 960


mm do meio do vão.

DESLOCAMENTO RELATIVO ENTRE


O REFORÇO E O SUBSTRATO
Pu,exp=205kN
250

200
CARGA (kN)

150
D4 D3 D1 D2
100

50

0
-0,01 0,09 0,19 0,29 0,39 0,49 0,59 0,69 0,79 0,89 0,99
DESLOCAMENTO RELATIVO (mm)

D1 - 1/4 do talão D2 - Extremidade do talão

D3 - 1/4 do talão D4 - Extremidade do talão

Figura 3.55 – Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para VR2.

105
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR2 Pu,exp=205kN
220
200
180
160
CARGA (kN)

140
120
100
150mm 150mm
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50
FLECHA (mm)

Figura 3.56 – Curva carga-flecha da VR2, na seção a 150 mm do meio do vão.

VR2

0
Nivel 1
50 Nivel 2
Nivel 3
100 Nivel 4
Altura da viga (mm)

150
200 As,viga
As,reforço
250
300
350
400
450

-4 -3 -2 -1 0 1 2
Deformação da seção (‰)

40kN 130kN 170kN

Figura 3.57 – Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VR2.

Tabela 3.11 – Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR2.

Carga (kN) Altura da linha neutra (mm)

40 163
130 146
170* 146
* 83% da de ruptura

106
Capítulo 3 – Programa Experimental

3.10.4 – VR3

A viga reforçada VR3 rompeu por escoamento da armadura longitudinal do


reforço seguido do cisalhamento do talão de reforço, sob a carga de 229 kN.

As primeiras fissuras na viga sem reforço, de flexão, foram observadas para a


carga de aproximadamente 20kN (figura 3.58). Na reforçada, algumas das fissuras do
talão, depois de se prolongaram verticalmente ao longo da altura do reforço,
estenderam-se horizontalmente ao longo da interface do talão com a viga original
(figura 3.59).

Marcação das
1as fissuras

Figura 3.58 – Fissuração da região central da V3, após os carregamentos iniciais.

Nas figuras 3.60 e 3.61 apresentam-se as deformações das armaduras


longitudinais de tração da viga original e do reforço nas seções no meio do vão e a 960
mm do meio do vão, para os diferentes estágios de carregamento. As deformações
máximas registradas na armadura da viga original e na do reforço, no meio do vão,
foram 2,52 ‰ e 8,62 ‰, respectivamente.

A partir de carga em torno de 150 kN, o deslizamento relativo entre a viga e o


talão (figura 3.62) começou a apresentar valores significativos. Próximo à ruptura,
registrou-se valor de cerca de 1 mm e, na ruptura, 17 mm.

107
Capítulo 3 – Programa Experimental

Figura 3.59 - Aspecto da viga VR3, após colapso.

108
Capítulo 3 – Programa Experimental

A curva da flecha na seção a 150 mm do meio do vão em função do


carregamento aplicado é mostrada na figura 3.63. O deslocamento referente à carga
máxima foi de 31,3 mm.

O diagrama de deformação específica na direção longitudinal na seção do meio


do vão da viga, para algumas etapas de carga, obtido a partir das deformações medidas
no concreto e na armadura longitudinal de tração da viga e do reforço, pode ser visto na
figura 3.64. O aumento, em vez de diminuição, da altura da linha indicado na tabela
3.12, para as cargas de 160 kN e 200 kN, é resultado dos deslizamentos já existentes
entre a viga original e o reforço.

VR3
Pu,exp=229kN
250

200
CARGA (kN)

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
DEFORMAÇÃO (‰)

Armadura da Viga - meio do vão


Armadura do Reforço - meio do vão

Figura 3.60 – Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR3, na seção do meio
do vão.

109
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR3
Pu,exp=229kN

250

200
CARGA (kN)

150

100

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
DEFORMAÇÃO (‰)

Armadura da Viga - 960 mm do meio do vão


Armadura do Reforço - 960 mm do meio do vão

Figura 3.61 – Curvas carga-deformação das armaduras longitudinais da VR3, na seção a 960
mm do meio do vão.

DESLOCAMENTO RELATIVO ENTRE


O REFORÇO E O SUBSTRATO Pu,exp=229kN
250

200
CARGA (kN)

150

D4 D3 D1 D2
100

50

0
-0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1
DESLOCAMENTO RELATIVO (m m )

D1 - 1/4 D2 - EXTREMIDADE
D3 - 1/4 D4 - EXTREMIDADE

Figura 3.62 – Curva carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato da VR3.

110
Capítulo 3 – Programa Experimental

VR3
Pu,exp=229kN
240
220
200
180
CARGA (kN) 160
140
120
100
80
60 150mm 150mm
40
20
0
0 10 20 30 40 50
FLECHA (mm)

Figura 3.63 – Curva carga-flecha da VR3, na seção a 150 mm do meio do vão.

Nivel 1
VR3
Nivel 2
Nivel 3
Nivel 4
0
Altura da viga (mm)

100
As,viga
200 As,reforço

300

400

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3
Deform ação da seção (‰)

60kN 160kN 200kN

Figura 3.64 – Deformação longitudinal na seção transversal do meio da VR3.

Tabela 3.12 – Altura da linha neutra para diferentes etapas de carga da VR3.

Carga (kN) Altura da linha neutra (mm)

60 165
160 197
200* 203
* 87% da de ruptura

3.10.5 – RESUMO DOS RESULTADOS


Na tabela 3.13 é feito resumo dos resultados experimentais de cada viga
ensaiada e na figura 3.65 pode-se observar os esquemas das fissuras visualizadas nos
ensaios realizados antes e após a execução do reforço.

111
PRÉ-FISSURAÇÃO RUPTURA

Pfiss Mfiss fmáx εmáx (‰) Pu,exp Mu,exp f máx δmáx εmáx (‰) - 1/2 do vão εmáx (‰) - 1/4 do talão
Viga Modo de Ruptura
(kN) (kN.m) (mm) 1/2 do vão 1/4 do talão (kN) (kN.m) (mm) (mm) viga reforço viga reforço

8.22 2.27 escoamento da armadura longitudinal de tração


VREF 25 25 9,6 2,43 1,22 72 72 47,4 - - -
(0.9Pu,exp) (Pu,exp) seguido do esmagamento de concreto.

escoamento da armadura longitudinal de tração


18.96 16.3 2.57 2.85
VR1 20 20 9,6 2,36 0,94 150 150 55,6 0,16 (da viga e do reforço) seguido do esmagamento
(0.96Pu,exp) (0.86Pu,exp) (Pu,exp) (Pu,exp)
de concreto.
escoamento da armadura longitudinal de tração
11.3 4.26 2.46 2.48
VR2 25 25 9,4 2,4 1,2 205 205 31,7 0,95 (da viga e do reforço) seguido do descolamento
(Pu,exp) (Pu,exp) (Pu,exp) (Pu,exp)
do talão de reforço.
escoamento da armadura longitudinal de tração
2.53 8.62 18.3 2.1
VR3 20 20 10,3 2,3 0,6 229 229 31,3 17,5 (do reforço) seguido do descolamento do talão de
(Pu,exp) (0.96Pu,exp) (Pu,exp) (0.96Pu,exp)
reforço.

Pfiss - carga de fissuração;


Mfiss - momento de fissuração;
Pu,exp - carga de ruptura;
Mu,exp - momento de ruptura;
fmáx - flecha máxima na seção a 150mm do meio do vão na ruptura;
δmáx - deslizamento relativo máximo entre a viga e o talão na ruptura;
ε máx - deformação específica da armadura longitudinal de tração máxima registradas (ver apêndice A).
Tabela 3.13 – Resumo dos resultados experimentais das vigas ensaiadas.

112
Capítulo 3 – Programa Experimental
Capítulo 3 – Programa Experimental

VREF ( PRÉ- FISSURAÇÃO)

esmagamento
do concreto VREF (RUPTURA)

V1 ( PRÉ- FISSURAÇÃO)

esmagamento
do concreto
VR1 (RUPTURA)

V2 ( PRÉ- FISSURAÇÃO)

fissuras fissuras
horizontais horizontais
VR2 (RUPTURA)

V3 ( PRÉ- FISSURAÇÃO)

fissuras fissuras
horizontais horizontais
VR3 (RUPTURA)

Figura 3.65 – Mapeamento das fissuras das vigas ensaiadas.

113
Capítulo 4 – Análise dos resultados

As’

CAPÍTULO 4
As ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1- INTRODUÇÃO

Neste capítulo são analisados os resultados dos ensaios do programa


experimental desenvolvido.

É feito o cálculo das resistências à flexão teóricas das vigas sem e com o reforço,
de acordo com a NBR-6118:20003, usando o diagrama retangular de tensões de
compressão no concreto e também o parábola-retângulo, que são comparadas com as
experimentais.

É realizada comparação do comportamento das vigas reforçadas, VR1, VR2 e


VR3 com o da viga de referência, VREF, e com o das vigas ensaiadas por Santos
(2006).

As flechas experimentais das vigas deste trabalho e de Santos (2006) são


comparadas com as calculadas segundo procedimento da NBR-6118:2003 e segundo
procedimento proposto neste trabalho.

114
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.2 – RESISTÊNCIA À FLEXÃO TEÓRICA DAS VIGAS SEM REFORÇO

O cálculo da resistência à flexão teórica das vigas originais foi feito adotando
diagrama retangular de tensões de compressão no concreto (figura 4.1) e também o
diagrama parábola retângulo da NBR-6118 (2003), considerando-se as resistências dos
materiais experimentais e coeficientes de minoração de resistência dos materiais (γc e γs)
iguais a 1. Para os cálculos referentes à adoção do diagrama de tensões de compressão
no concreto parábola-retângulo, usou-se o programa CONSEC95, desenvolvido na
COPPE pelo professor Ibrahim Shehata.

A carga de ruptura (Pu) foi calculada a partir do momento resistente (Mu), ou


seja, para o esquema de carregamento adotado e desconsiderando-se o peso próprio,

4M u
Pu = (4.1)
L

sendo:
L = vão entre os centros dos apoios (4000 mm).

b 0.85fc
εc
d' Cs ε's
As' Cc
0.8x
x

d
h
Z

As
T εs
Figura 4.1 – Diagrama simplificado retangular de tensões de compressão no concreto e
diagrama de deformações da seção da viga.

Os dados principais das vigas e os resultados teóricos podem ser vistos na


tabela 4.1.

115
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Tabela 4.1 – Características e resistências teóricas e experimentais à flexão das vigas sem
reforço.

Camada Área da
fy d b h fcm
Viga de seção
armadura (mm2) (MPa) (mm) (mm) (mm) (MPa)
As’ 100 585 27
VREF 125 593 386 36,2
As
160 630 387
As’ 100 585 27
V1 125 593 386 41,6
As
160 630 387
As’ 100 585 27 150 400
V2 125 593 386 38,6
As
160 630 387
As’ 100 585 27
V3 125 593 386 39,2
As
160 630 387

NBR 6118/2003
R* PR** R* PR** R* PR** Pu,exp
Viga
Mu Mu
x (mm) x (mm) Pu (kN) Pu (kN) (kN)
(N.mm) (N.mm)

VREF 39,7 42,5 6,42E+07 6,34E+07 64,18 63,40

V1 35,8 38,6 6,48E+07 6,36E+07 64,81 63,60


72,0
V2 37,8 42,5 6,46E+07 6,35E+07 64,65 63,50

V3 37,4 42,5 6,47E+07 6,35E+07 64,68 63,50

* utilizando diagrama retangular de tensões de compressão no concreto


** utilizando diagrama parábola-retângulo de tensões de compressão no concreto
Pu,exp = carga de ruptura experimental

4.3 – RESISTÊNCIA À FLEXÃO TEÓRICA DAS VIGAS COM REFORÇO

Os valores teóricos de resistência à flexão das vigas reforçadas estão na tabela


4.2. Eles foram calculados considerando as camadas de armadura nas suas respectivas
posições (Figura 4.2).

116
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Tabela 4.2 – Características e resistências teóricas e experimentais à flexão das vigas


reforçadas.

Área da
Camada de fy di b h fcm
Viga seção
armadura
(mm2) (MPa) (mm) (mm) (mm) (MPa)
As’ 100 585 27
125 593 386
As
VR1 160 630 387 150 470 41,6
Asr,1 200 644 344
Asr,2 100 644 446
As’ 100 585 27
125 593 386
As
VR2 160 630 387 150 470 38,6
Asr,1 200 644 344
Asr,2 400 598 442
As’ 100 585 27
125 593 386
As
VR3 160 630 387 150 470 39,2
Asr,1 200 644 344
Asr,2 600 598 442

NBR6118:2003
R* PR** R* PR** R* PR** Pu,exp
Viga
Mu Mu
x (mm) x (mm) Pu (kN) Pu (kN) (kN)
(N.mm) (N.mm)
VR1 76,0 91,6 1,30E+08 1,27E+08 129,63 127,00 150,0
VR2 124,4 124,6 1,92E+08 1,91E+08 192,43 191,00 205,0
VR3 165,6 147,3 2,30E+08 2,31E+08 229,53 231,00 229,0

* utilizando diagrama retangular de tensões de compressão no concreto


** utilizando diagrama parábola-retângulo de tensões de compressão no concreto
Pu,exp = carga de ruptura experimental

b 0.85fc

εc
d' Cs ε's
As' 0.8x Cc
x,r

d1
d2
h d3

As
Asr,1
T1 ε s1
T2 ε s2
Asr,2
T3 ε s3

Figura 4.2 - Diagrama retangular simplificado de tensões e diagrama de deformações da seção


da viga reforçada.

117
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.4 – COMPARAÇÕES ENTRE AS VIGAS ENSAIADAS

4.4.1 – CARGAS DE FISSURAÇÃO E DE RUPTURA

Em todas as vigas sem reforço ensaiadas, a evolução do quadro de fissuração foi


semelhante. No primeiro carregamento, as primeiras fissuras visíveis de flexão surgiram
para cargas entre 20kN e 25kN. Com os incrementos de carga, novas fissuras foram
surgindo, propagando-se verticalmente ou de maneira inclinada na direção da zona de
compressão.

As vigas reforçadas, por terem sido pré-fissuradas e levadas até a ruptura,


apresentaram um quadro de fissuração mais intenso. A viga VR1 teve um modelo de
fissuração semelhante ao de uma viga monolítica. Já nas vigas VR2 e VR3, isso ocorreu
até aparecerem problemas de aderência, que geraram fissuras horizontais na interface
viga original-reforço e levaram as vigas a ter comportamento diferente do de uma viga
monolítica.

Ao comparar os valores das cargas de ruptura experimentais com as calculadas


apresentados na tabela 4.3, percebe-se que a diferença máxima encontrada foi de 18% e
que, até para as vigas em que ocorreu ruptura na ligação viga original-reforço, VR2 e
VR3, a relação Pu,exp/Pu é maior ou igual a 1. Isto decorre do fato de, mesmo nessas
vigas, as maiores tensões nas armaduras longitudinais terem alcançado valor maior que
o da tensão de escoamento ou igual a ele.

Tabela 4.3 – Cargas de ruptura teóricas e experimentais das vigas ensaiadas.

Pu (kN) Pu, exp. Pu, exp./ Pu (kN)


Viga
R* PR** (kN) R* PR**
VREF 64 63 72 1,12 1,14
VR1 130 127 150 1,16 1,18
VR2 192 191 205 1,07 1,07
VR3 230 231 229 1,00 0,99

* utilizando diagrama retangular de tensões de compressão no concreto


** utilizando diagrama parábola-retângulo de tensões de compressão no concreto
Pu,= carga de ruína calculada utilizando os valores reais obtidos experimentalmente para a
resistências dos materiais
Pu, exp = carga de ruína experimental.

118
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.4.2 – TENSÃO CISALHANTE NA LIGAÇÃO VIGA-REFORÇO

A tensão cisalhante na ligação viga-reforço das vigas reforçadas, VR1, VR2 e


VR3, foi calculada a partir da deformação específica medida na armadura de reforço na
seção do meio do vão, como mostrado na tabela 4.4. Os valores dessa tensão, para
diferentes níveis de carga, estão na tabela 4.4 e na figura 4.3.
Verifica-se que, para cargas até aproximadamente 80kN, os valores da tensão
cisalhante de todas as vigas diferem no máximo de 17%. Para cargas maiores, a
diferença passou a ser maior que cerca de 30%, tendo-se maior tensão cisalhante nas
vigas com maior taxa de armadura de reforço.

Tabela 4.4 – Tensão cisalhante na ligação viga-reforço das vigas reforçadas VR1, VR2 e VR3.
VIGA εy,r E Asr
(‰) (GPa) (mm2)
VR1 3,25 198 300
VR2 600
3,04 197
VR3 800
εsr (‰) σsr (MPa)
Ai/2 τ (MPa)
CARGA
VR1 VR2 VR3 VR1 VR2 VR3 (mm2) VR1 VR2 VR3
20 0,68 0,11 0,16 169 20 25 0,08 0,02 0,05
40 1,33 0,49 0,53 277 100 110 0,15 0,11 0,16
60 2,05 0,89 0,84 416 190 180 0,23 0,20 0,25
80 2,83 1,30 1,16 537 250 240 0,31 0,29 0,34
100 3,95 1,73 1,47 605 340 300 0,33 0,38 0,43
110 4,88 1,92 1,63 631 380 320 0,35 0,42 0,48
120 7,37 2,11 1,77 666 420 360 0,37 0,46 0,52
a
130 16,30 2,30 1,94 732 460 390 0,41 0,51 0,57
537600
140 - 2,502 2,093 500 440 0,55 0,61
150 - 2,69 2,27 520 460 0,59 0,66
160 - 3,04 2,42 545 510 0,60 0,71
170 - 3,33 2,60 598 520 0,63 0,76
180 - 3,66 2,76 598 560 0,67 0,81
190 - 4,10 3,14 598 598 0,67 0,83
b
200 4,26 3,39 598 600 0,67 0,87
c
229 - - 8,62 600 0,87
Αi/2 = área de interface da ligação no vão de cisalhamento
εy,r = deformação específica de escoamento das armaduras do reforço
εsr = deformação específica das armaduras do reforço
a
(P = 0,86Pu,exp); b (P = 0,97Pu,exp); c (P = Pu,exp) = carga referente à deformação máxima registrada
τ = {Asr. σsr }/(Ai/2)
σsr = tensão obtida do gráfico tensão x deformação das armaduras do reforço (item 3.2.2)

119
Capítulo 4 – Análise dos resultados

1,00
0,90
0,80
0,70
τ (MPa) 0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Carga (kN)

VR1 VR2 VR3

Figura 4.3 – Tensão cisalhante atuante na ligação viga reforço ao longo do carregamento.

Na tabela 4.4 constata-se que as tensões de cisalhamento (τ), correspondentes às


máximas deformações registradas nas armaduras de reforço das vigas, foram em geral,
inferiores às tensões de cisalhamento resistentes calculadas segundo as expressões da tabela 3.7.
Apesar disso, as vigas VR2 e VR3 tiveram ruptura na ligação viga original-reforço. Isto pode
ser justificado a partir do critério de ruptura de Mohr-Coulomb apresentado na figura 4.4. Nela
observa-se que o valor da tensão de cisalhamento relativa à ruptura da ligação no estado
combinado de tração-cisalhamento, caso da ligação das vigas deste trabalho, é menor do que a
do estado combinado de compressão-cisalhamento, caso dos ensaios de cisalhamento direto e
de vigas que originaram as expressões de τR da tabela 3.7.

Critério de ruptura de
Mohr-Coulomb

τ
Linha de ruptura
da interface

τ1

σ1
τ2 c τ2
τ1
σ1
σ2 σ2 φ
σ2 σ1
σ
τ1 τ2
tração compressão
Estado combinado Estado combinado
(τ e σcompressão) (τ e σtração)

Figura 4.4 – Critério de Mohr-Coulomb para análise da tensão cisalhante de ligações


na ruptura.

120
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.4.3– DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

Com relação aos deslocamentos horizontais relativos que surgiram na ligação


viga-reforço, observou-se que, no estado limite de utilização (flecha igual a L/250), as
vigas reforçadas não apresentaram deslocamentos significativos. Na ruptura, este
mesmo fato foi observado na viga VR1, que rompeu por flexão, enquanto que nas vigas
VR2 e VR3 foram registrados deslocamentos da ordem de 1,0mm ou maiores após o
esoamento da armadura.

Os patamares, caracterizados por grandes deslocamentos relativos mediante


pequenos incrementos de carga, observados nas curvas carga-deslocamento das vigas
VR2 e VR3 apresentados na figura 4.5, indicam que a perda de aderência entre a viga e
o reforço ocorreu para cargas em torno de 150kN e 170kN, respectivamente. Esses
patamares sugerem alguma contribuição dos chumbadores utilizados para a resistência
da ligação viga original-reforço, pois, caso contrário, haveria uma queda brusca da
resistência das referidas vigas tão logo a tensão cisalhante superasse a tensão de
aderência. Ressalte-se que no início do patamar, as tensões cisalhantes nas ligações das
vigas VR2 e VR3 eram, respectivamente, 0,59 MPa e 0,76 MPa (ver tabela 4.4) .

250

200
Carga (kN)

150 D4 D2

100

50

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1
Deslocamento relativo( mm )
VR1 EXT. VR2 EXT. VR3 EXT.

Figura 4.5 - Curvas carga-deslocamento relativo entre o reforço e o substrato para as vigas
reforçadas, VR1, VR2 e VR3, na seção extrema do talão.

121
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.4.4 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS

O comportamento experimental das vigas reforçadas, VR1, VR2 e VR3, é


comparado com o da viga de referência, VREF (ρ=0,49%), e o da viga ensaiada por
Santos (2006), REF2 (ρ=2,35%, fc= 41,4 MPa, fy= 555 MPa), de mesmas características
geométricas da VREF, por meio das curvas carga-flecha mostradas nas figuras 4.6 a 4.8.

Observa-se que, antes da adição do reforço, a rigidez à flexão de todas as vigas


ensaiadas era semelhante. Com a introdução do reforço, nota-se uma modificação de
comportamento em função do aumento da rigidez à flexão.

Conforme esperado, as curvas das vigas VR1 (ρ=1,02%) e VR2 (ρ=1,47%)


estão situadas entre as das vigas de referência VREF e REF2 (SANTOS, 2006), com
taxas de armadura iguais a 0,49% e 2,35%, respectivamente. Isso, entretanto, não
aconteceu para a viga VR3 (ρ=1,77%) para cargas superiores a 100kN. Isto se deve às
diferentes posições das armaduras das vigas VR3 e REF2. A carga de ruptura teórica da
REF2 é 197 kN, menor que a de VR3, 230 kN. Em geral, as vigas VR2 e VR3 tiveram
comportamento semelhante ao da REF2. Das vigas reforçadas, a VR1 foi a que, para um
mesmo nível de carga, teve os maiores deslocamentos verticais (figura 4.9).

250 Viga ρ (%) Pu (kN)


REF2
2.35 219
(SANTOS)
200 VR1 1.02 150
VREF 0.49 72
Carga (kN)

150

100

50

0
L
0 10 20 30 40 50 60 70 80
250
Flecha ( mm )

VREF VR1 REF2(SANTOS)

Figura 4.6 – Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR1 e REF2 (SANTOS).

122
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250 Viga ρ (%) Pu (kN)


REF2
2.35 219
(SANTOS)
200 VR2 1.47 205
VREF 0.49 72
Carga (kN)

150

100

50

0
L
0 10 250 20 30 40 50 60 70 80
Flecha ( mm )

VREF VR2 REF2(SANTOS)

Figura 4.7 – Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR2 e REF2 (SANTOS).

250 Viga ρ (%) Pu (kN)


REF2
2.35 219
(SANTOS)
200 VR3 1.77 229
VREF 0.49 72
Carga (kN)

150

100

50

0
0 10 L 20 30 40 50 60 70 80
250
Flecha ( mm )

VREF VR3 REF2(SANTOS)

Figura 4.8 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR3 e REF2 (SANTOS).

123
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250
Viga Pu (kN)
VREF 72
VR1 150
200 VR2 205
VR3 229
REF2
219
(SANTOS)
150
Carga (kN)

100

50

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Flecha ( mm )

VREF VR1 VR2 VR3 REF2(SANTOS)

Figura 4.9 - Curvas carga-flecha das vigas VREF, VR1, VR2, VR3 e REF2 (SANTOS).

Na tabela 4.5 são apresentadas as cargas limites de serviço e as de ruptura das


vigas ensaiadas, além do ganho obtido com a execução dos reforços tanto em serviço
quanto na ruptura. Considerou-se como carga de serviço a carga correspondente à flecha
limite, 16 mm (vão/250, segundo a NBR 6118:2003), obtida como mostrado nas figuras
4.4 a 4.6.
Tabela 4.5 – Cargas limites de serviço e de ruptura das vigas ensaiadas.

ρ As d Pδlim,exp. Pu,exp Ganho*


Viga
(%) (mm2) (mm) (kN) (kN) serviço ruptura
VREF 0,49 285 386 62 72 - -

VR1 1,02 585 382 115 150 1,85 2,08

VR2 1,47 885 402 150 205 2,42 2,85

VR3 1,77 1085 409 165 229 2,66 3,18


REF2**
2,35 1230 350 159 219 2,56 3,04
(SANTOS)
P lim,exp.= carga experimental correspondente à fecha limite;
Py= carga experimental correspondente ao escoamento da armadura longitudinal;
Pu,exp= carga experimental de ruptura.
d- altura útil
* Ganho obtido com o reforço = razão entre os valores das cargas de serviço ou ruptura nas vigas reforçadas e
seus respectivos valores na viga original de referência.
** Viga de referência ensaiada por SANTOS (2006), sem adição de reforço.

124
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Observa-se que devido ao reforço, o ganho obtido com relação à carga de


serviço pelas vigas VR1, VR2 e VR3, foi de aproximadamente 85%, 140% e 170%,
respectivamente. Na ruptura, o ganho obtido pelas referidas vigas foi de
aproximadamente 108%, 185% e 218%, respectivamente.

Constata-se pelas relações entre a flecha para a carga de ruptura (δu) e a flecha
para a carga de escoamento (δy), δu/δy, mostradas na tabela 4.6, que as vigas VREF e
VR1, com menores taxas de armadura longitudinal, apresentaram maior ductilidade que
as demais.

Tabela 4.6 – Valores de cargas de escoamento e de ruptura, deslocamentos verticais relativos a


essas cargas e índice de ductilidade das vigas ensaiadas.
ρ fy fcm ρ fy Py Pu,exp δY δu δu
Viga fc δy
(%) (MPa) (MPa) (kN) (kN) (mm) (mm)

VREF 0,49 606 36,2 8,20 60 72 14,55 47,44 3,26


VR1 1,02 623 41,6 15,28 90 150 11,28 55,57 4,93

VR2 1,47 611 38,6 22,80 170 205 18,79 31,66 1,68

VR3 1,77 608 39,2 28,25 200 229 20,69 31,32 1,51

REF2
(SANTOS)
2,35 555 41,4 31,69 213 219 25,50 27,80 1,09

Py= carga experimental correspondente ao escoamento da armadura longitudinal;


Pu,exp= carga experimental de ruptura;
δY = flecha para a carga de escoamento da armadura longitudinal;
δu = flecha para a carga de ruptura
fy = tensão de escoamento do aço (média ponderada)
fcm = resistência média à compressão do concreto

Para a determinação das flechas teóricas das vigas ensaiadas, foi utilizada a
expressão obtida a partir da equação diferencial da linha elástica (figura 4.10), para uma
viga biapoiada com carga concentrada aplicada no meio do vão. O cálculo foi efetuado
para a seção onde foram efetuadas as medições das flechas, ou seja, aquela distante
150 mm do meio do vão.

125
Capítulo 4 – Análise dos resultados

x S P

L/2

v=
Px
48Ecs I
(
3.L2 − 4 x 2 ) 0≤ x≤
L
2
(4.2)

Figura 4.10 – Expressão utilizada para o cálculo teórico de flechas para vigas biapoiadas com
carregamento concentrado no meio do vão.

Segundo a NBR6118:2003, para uma avaliação aproximada da flecha imediata


em vigas no estado fissurado, pode-se utilizar a expressão de rigidez equivalente.

⎧⎪⎛ M ⎞3 ⎡ ⎛ M fiss ⎞3 ⎤ ⎫⎪
(EI )eq = Ecs ⎨⎜⎜ fiss
⎟⎟ I g + ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ I fiss ⎬ ≤ Ecs I g (4.3)
⎪⎩⎝ M ⎠ ⎢⎣ ⎝ M ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭

(
E cs = 0,85 5600 f ck
1/ 2
) (4.4)

⎛ bh 2 ⎞
M fiss = 1,5⎜⎜ ⎟⎟ f ctm (4.5)
⎝ 6 ⎠
2/3
f ctm = 0,3 f ck (4.6)

onde
Ig – momento de inércia da seção bruta de concreto;
Ifiss – momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II;
M – momento máximo no vão considerado;
Mfiss – momento de fissuração da viga;
Ecs – módulo de elasticidade secante do concreto.

No cálculo das flechas até a carga de serviço, além do módulo de elasticidade


dado pela expressão 4.4 da NBR6118:03, foi utilizado o módulo obtido a partir da
expressão (4.7) de NUNES(2005) originada de ensaios de concretos utilizados
comercialmente na cidade do Rio de Janeiro.

⎧ 1

Ecs = 0,85⎨4550( f cm )2 ⎬ em MPa (4.7)
⎩ ⎭

126
Capítulo 4 – Análise dos resultados

A comparação entre as flechas obtidas experimentalmente e as calculadas pelo


método da NBR6118:03, utilizando os dois valores do módulo, é apresentada nas
figuras 4.11 a 4.14. Nestas figuras, para cada valor do módulo, constam duas curvas
teóricas, uma começando com flecha zero (representando o primeiro ciclo de
carregamento) e outra começando com flecha igual à residual verificada nos ensaios
(representando o último ciclo de carregamento). Para o traçado desta última curva, aos
valores de flecha calculados foi adicionada a residual.

VREF

70
60
50
Carga (kN)

40
30 Pδlim,exp.=62kN

20
10
0
0 5 10 15 20
Flecha (mm)

exp Ec - NBR Ec - Nunes Série5

Figura 4.11 – Curvas carga-flecha da viga VREF, experimental e teóricas segundo a


NBR6118:2003.

127
Capítulo 4 – Análise dos resultados

VR1

140
120
100
Carga (kN)

80
60 Pδlim,exp.=115kN

40
20
0
0 5 10 15 20 25
Flecha (mm)

exp Ec - NBR Ec - Nunes

Figura 4.12- Curvas carga-flecha da viga VR1, experimental e teóricas segundo a


NBR6118:2003.

VR2

160
140
120
Carga (kN)

100
80 Pδlim,exp.=150kN
60
40
20
0
0 5 10 15 20
Flecha (mm)

exp Ec - NBR Ec - Nunes

Figura 4.13 – Curvas carga-flecha da viga VR2, experimental e teóricas segundo a


NBR6118:2003.

128
Capítulo 4 – Análise dos resultados

VR3

180
160
140
120
Carga (kN)

100
Pδlim,exp.=165kN
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20
Flecha (mm)

exp Ec - NBR Ec - Nunes

Figura 4.14 - Curvas carga-flecha da viga VR3, experimental e teóricas segundo a


NBR6118:2003.

Nessas figuras e nas tabelas B.1 a B.4, verifica-se que, para o primeiro ciclo de
carregamento, as flechas calculadas são menores que as experimentais, ficando as
determinadas adotando o módulo de elasticidade da expressão de Nunes (2005) mais
próximas das experimentais. Já no último ciclo de carregamento, os valores das teóricas
adicionados dos residuais são maiores que os das experimentais, sendo os obtidos
usando o módulo de elasticidade da expressão de Nunes (2005) mais conservadores.

Buscou-se propor um modelo teórico que representasse o comportamento


experimental das vigas ensaiadas neste trabalho ao longo de todo o carregamento. Para
tal, foi feita a variação do momento de inércia e do módulo de elasticidade da seguinte
forma:

A. Seção não fissurada do concreto (ESTÁDIO I) – módulo de elasticidade e


inércia da seção bruta considerados constantes.

B. Seção fissurada do concreto e tensão no aço menor ou igual a fy (ESTÁDIO II)


– valor da inércia variado no intervalo entre o início da fissuração do concreto e

129
Capítulo 4 – Análise dos resultados

o escoamento do aço (de Ig até Ifiss), enquanto que o do módulo de elasticidade


permanece constante.

C. Seção fissurada do concreto após escoamento do aço (ESTÁDIO III) – valor


do módulo de elasticidade variado e valor da inércia admitido constante (Ifiss).

Assim, no estádio I, o procedimento é o mesmo do da NBR6118:2003, o que não


ocorre no estádio II.

Após algumas tentativas, constatou-se que a curva que melhor representou a


variação do momento de inércia (a partir de dados experimentais) foi a polinomial de 3º
grau.

⎛ My −M ⎞
3
⎡ ⎛ M −M ⎞
3
⎤ (4.8)
I =⎜ ⎟ .I g + ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ I fiss
y
⎜M −M ⎟ ⎜
⎢ ⎝ M y − M fiss ⎟ ⎥
⎝ y fiss ⎠ ⎣ ⎠ ⎦

xe
d
I
n.As
Ig

xe
Ifiss
d1
d2
d3 n.As1
Mfiss My M n.As2
n.As3

3
bx e (4.9)
I fiss = + n. As.(d − x e ) 2 M fiss < M ≤ M y ⇒ viga de referência
3

3
bx
I fiss = e + n. As1 .(d 1 − x e ) 2 + n. As 2 .(d 2 − x e ) 2 + n. As 3 .(d 3 − x e ) 2 ⇒ vigas reforçada (4.10)
3
Es
n= (4.11)
E cs

130
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Inicialmente, a variação do módulo de elasticidade foi feita reduzindo-o


linearmente até valores correspondentes a 1/3, 2/5 e 1/2 do valor dado pela fórmula de
Nunes (2005). Como os melhores resultados para as vigas não foram obtidos adotando-
se sempre a mesma variação (ver figuras 4.15 a 4.18), decidiu-se estabelecer uma
variação para o módulo levando em conta a taxa de armadura da viga.

Ecs,fiss
⎧⎪ ⎛ M − M ⎞⎫⎪
Ecs , fiss = Ecs , min + ⎨ Ecs − Ecs , min ⎜ u ⎟
⎜ M − M ⎟⎬⎪ Ecs (4.12)
⎪⎩ ⎝ u y ⎠⎭

E
cs,min

My Mu M

onde
Ecs,min
1 ρ
Ecs , mim = Ecs para ≤ 0, 2
3 ρb 0,86Ecs

1 ⎛ ρ ⎞2 ρ 0,53 Ecs (4.13)


Ecs , mim = Ecs + ⎜⎜ − 0,2 ⎟⎟ E cs para 0,2 < ≤ 1,0 1
3 ⎝ ρb ⎠3 ρb 3 Ecs

0,20 1,0 ρ/ρb

Uma vez definida a variação tanto da inércia quanto do módulo de elasticidade, a


aplicação do modelo teórico proposto resume-se em aplicar a expressão 4.8 no
ESTÁDIO II e a expressão 4.12 no ESTÁDIO III.

131
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250 ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb

200 VREF 0,49 2,38 0,21

ESTÁDIO III
Carga (kN)

150

100

50 ESTÁDIO II
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)

Experimental E=1/3 E=0,4 E=1/2

Figura 4.15- Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas segundo


procedimentos deste trabalho, para a viga VREF.

250

ρ ρb ρ
Viga
200 (%) (%) ρb
VR1 1,02 2,38 0,43
ESTÁDIO III
150
Carga (kN)

100

50 ESTÁDIO II
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (m m )

Experimental E=1/3 E=0.4 E=1/2

Figura 4.16 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas segundo


procedimentos deste trabalho, para a viga VR1.

132
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

ESTÁDIO III
200

150
Carga (kN)

ρ ρb ρ
Viga
100 (%) (%) ρb
ESTÁDIO II
VR2 1,47 2,38 0,62

50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (m m )

Experimental E=1/3 E=0.4 E=1/2

Figura 4.17- Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas segundo


procedimentos deste trabalho, para a viga VR2.

250

ESTÁDIO III
200

150 ρ ρb ρ
Carga (kN)

Viga
(%) (%) ρb
VR3 1,77 2,38 0,74
100 ESTÁDIO II

50

ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60
Flecha (mm)

Experimental E=1/3 E=0,4 E=1/2

Figura 4.18 - Comparação entre as curvas carga-flecha experimental e as calculadas segundo


procedimentos deste trabalho, para a viga VR3.

133
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Nas figuras 4.19 a 4.26 pode ser observado que, em geral, há razoável
concordância entre os resultados experimentais deste trabalho e de Santos(2006) e os
obtidos pelo modelo teórico proposto.

250

200

ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb
150
Carga (kN)

VREF 0,49 2,38 0,21

100
ESTÁDIO III

50
ESTÁDIO I ESTÁDIO II

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.19 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VREF e a do


modelo teórico proposto.

134
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb
200
VR1 1,02 2,38 0,43

ESTÁDIO III
150
Carga (kN)

100

50
ESTÁDIO II
ESTÁDIO I
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (m m )

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.20 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR1 e do modelo
teórico proposto.

250

ESTÁDIO III
200

150
Carga (kN)

ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb
100 ESTÁDIO II
VR2 1,47 2,38 0,62

50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (m m )

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.21 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR2 e do modelo
teórico proposto.

135
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

ESTÁDIO III
200

ρ ρb ρ
150 Viga
Carga (kN)

(%) (%) ρb
VR3 1,77 2,38 0,74

100
ESTÁDIO II

50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (m m )

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.22 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR3 e do modelo
teórico proposto.

250

200 ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb

ESTÁDIO III REF1 1,08 2,38 0,45

150
Carga (kN)

100

ESTÁDIO II

50

ESTÁDIO I
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.23- Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga REF1, ensaiada por
SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto.

136
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

200
ESTÁDIO III
Carga (kN)

150
ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb
REF2 2,34 2,38 0,98
100
ESTÁDIO II

50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)
Experimental Modelo Proposto

Figura 4.24 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga REF2, ensaiada por
SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto.

250

ρ ρb ρ
Viga
(%) (%) ρb
200
VR1 1,49 2,38 0,63

ESTÁDIO III
150
Carga (kN)

100

ESTÁDIO II
50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)

Experimental Modelo Proposto

Figura 4.25 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR1, ensaiada por
SANTOS(2006), e a do modelo teórico proposto.

137
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250 ESTÁDIO III ρ ρb ρ


Viga
(%) (%) ρb
VR2 2,04 2,38 0,86
200
Carga (kN)

150
ESTÁDIO II
100

50
ESTÁDIO I

0
0 10 20 30 40 50 60 70
Flecha (mm)
Experimental Modelo Proposto
Figura 4.26 - Comparação entre a curva carga-flecha experimental da viga VR2, ensaiada por
SANTOS(2006), e a do modelo teórico deste trabalho.

Verificaram-se pequenas diferenças médias entre os valores experimentais e os


calculados pelo modelo teórico proposto (entre 6% e 20%), havendo tendência dos
calculados serem conservadores.

4.4.5– DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DAS ARMADURAS

As deformações específicas das barras de aço do reforço, na seção do meio do


vão e a 960 mm do meio do vão, das vigas VR1, VR2 e VR3 são comparadas com as
das vigas VREF e REF2 nas figuras 4.27 e 4.28.

Observa-se na figura 4.24 que as curvas das vigas VR1(ρ=1,02%) e VR2


(1,47%) ficaram situadas entre as curvas da viga VREF(ρ=0,49%) e REF2(ρ=2.35%).
Verifica-se que as deformações da viga VR3, a partir de 150 kN, foram inferiores às da
viga REF2(SANTOS) para um mesmo nível de carga devido às diferentes posições das
armaduras já mencionado anteriormente (item 4.4.3).

138
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

200
Carga (kN)

150 Viga Pu (kN)


VREF 72
VR1 150
100 VR2 205
VR3 229
REF2
219
(SANTOS)
50

0
0 5 10 15 20 25 30
Deformação (‰ )

VREF VR1 (reforço) VR2 (reforço) VR3 (reforço) REF2(SANTOS)

Figura 4.27 – Curva carga-deformação das barras de aço do reforço das vigas VREF,VR1,
VR2, VR3 e REF2(SANTOS), na seção do meio do vão.

250

200
Carga (kN)

150
Viga Pu (kN)
100 VREF 72
VR1 150
VR2 205
VR3 229
50 REF2
219
(SANTOS)

0
0 1 2 3 4
Deformação (‰ )

VREF VR1 (reforço) VR2 (reforço) VR3 (reforço) REF2(SANTOS)

Figura 4.28 - Curva carga-deformação do aço do reforço das vigas VREF,VR1, VR2 ,VR3 e
REF2(SANTOS), na seção referente a 960 mm do meio do vão.

139
Capítulo 4 – Análise dos resultados

Na seção referente a um quarto do talão das vigas reforçadas (figura 4.25), de


forma análoga ao que ocorreu na seção do meio do vão, nota-se que houve redução das
deformações em relação à VREF.

Quanto às deformações das armaduras das vigas originais (figuras 4.29 e 4.30),
constata-se a redução das deformações nas barras das vigas originais, V1, V2 e V3, para
um mesmo nível de carga, em relação às da viga VREF, indicando que houve uma ação
conjunta entre as armaduras da viga original e do reforço.

250

200
Carga (kN)

150

100 Viga Pu (kN)


VREF 72
VR1 150
50 VR2 205
VR3 229

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deformação (‰ )

VR1 VR2 VR3 VREF

Figura 4.29 – Curvas carga-deformação da armadura longitudinal interna das vigas originais
VREF, V1, V2 e V3, na seção referente ao meio do vão.

140
Capítulo 4 – Análise dos resultados

250

200
Carga (kN)

150
Viga Pu (kN)
VREF 72
100 VR1 150
VR2 205
VR3 229

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deformação (‰ )
VR1 VR2 VR3 VREF

Figura 4.30– Curvas carga-deformação da armadura longitudinal interna das vigas originais
VREF, V1, V2 e V3, na seção referente a 960 mm do meio do vão.

4.4.6 - DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO CONCRETO

A figura 4.31 mostra as curvas carga-deformação específica do concreto no nível


a 20mm da face superior da seção a 138 mm do meio do vão. Nela nota-se que, a menos
da VR1, tem-se tendência semelhante de variação da deformação.

250

200 Viga Pu (kN)


VREF 72
Carga (kN)

VR1 150
150 VR2 205
VR3 229
100

50

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Deformação específica do concreto (‰ )

VREFf VR1 VR2 VR3

Figura 4.31 – Curvas carga-deformação específica do concreto, referentes à camada mais


comprimida do concreto, das vigas ensaiadas neste trabalho.

141
Capítulo 4 – Análise dos resultados

4.5 – COMPARAÇÕES DAS VIGAS REFORÇADAS DESTE TRABALHO COM


AS VIGAS REFORÇADAS ENSAIADAS POR SANTOS (2006)

As vigas V1R e V2R ensaiadas por SANTOS(2006) e as VR1 e VR2 ensaiadas


neste trabalho tinham mesma geometria e armadura de reforço, diferenciando-se pela
armadura longitudinal da viga original, conforme tabela 4.7.

A comparação entre essas vigas foi feita em termos de flechas, deformações


específicas das armaduras longitudinais da viga e do reforço e tensões cisalhantes na
ligação viga-reforço, para uma mesma carga, cujos resultados encontram-se na tabela
4.8. Na figura 4.32 pode ser observada a evolução da tensão cisalhante no talão com o
aumento do carregamento aplicado.

Tabela 4.7– Características das vigas V1R e V2R ensaiada por SANTOS(2006) e VR1 e VR2
ensaiadas neste trabalho.

V1R V2R
VR1 (SANTOS) VR2 (SANTOS)
ρv = 0.49%

ρv = 1.08%

ρv = 0.49%

ρv = 1.08%
2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø8.0

2Ø8.0 2Ø8.0 2Ø16 2Ø16

b h As As,r ρv ρr εyr Es fcm A i/2


Viga
(mm) (mm) (mm2) (mm2) (%) (%) (‰) (GPa) (MPa) (mm2)

VR1 285 0,49 3,25 198 41,6


V1R 300 0,53
600 1,08 3,10 188 36,4
(SANTOS)
150 470 537600
VR2 285 0,49 3,04 197 38,6
600 0,98
V2R
600 1,08 2,90 188 41,4
(SANTOS)

ρv = taxa de armadura da viga original


ρ r = taxa de armadura de reforço
As = área de aço da armadura da viga original
As,r = área de aço da armadura do reforço
A i/2 = área de interface viga-reforço, no vão de cisalhamento
fcm = resistência média à compressão do concreto
εyr = deformação específica de escoamento das armaduras do reforço
Es = módulo de elasticidade do aço do reforço

142
Capítulo 4 – Análise dos resultados

As tensões cisalhantes na ligação das vigas VR1 e VR2 foram maiores (em torno
de 60% para a viga VR1 e 20% para a viga VR2) do que as das vigas ensaiadas por
SANTOS(2006), com exceção das da viga VR2 para valores de carga até 60kN. Devido
à menor taxa de armadura interna, as vigas VR1 e VR2, para um mesmo carregamento,
tiveram maiores deformações gerando uma maior fissuração na região de ligação entre
os dois concretos.

Tabela 4.8 – Comparações entre as vigas V1R e V2R ensaiadas por SANTOS(2006) e VR1
e VR2 ensaiadas neste trabalho.

Flecha (mm) εsv (‰) εsr (‰) τ (MPa)


Carga
(kN) V1R V1R V1R V1R
VR1 VR1 VR1 VR1
(SANTOS) (SANTOS) (SANTOS) (SANTOS)
20 3,08 2,03 0,76 0,46 0,68 0,09 0,08 0,01
40 5,61 3,55 1,36 0,85 1,33 0,89 0,15 0,09
60 7,55 5,92 1,92 1,22 2,05 1,30 0,23 0,14
80 8,80 8,34 2,53 1,59 2,83 1,71 0,31 0,18
100 12,84 10,70 3,24 1,95 3,95 2,04 0,34 0,21
120 17,37 13,30 5,36 2,34 7,37 2,45 0,37 0,26
140 28,35 16,10 12,47 2,75 12,81 2,96 0,40 0,29
150* 55,57 19,70 18,96 a 3,67 16,29 a 3,68 0,41 0,31
186* - 27,00 - 18,21 b - 11,80 a - 0,32

Flecha (mm) εsv (‰) εsr (‰) τ (Mpa)


Carga
(kN) V2R V2R V2R V2R
VR2 VR2 VR2 VR2
(SANTOS) (SANTOS) (SANTOS) (SANTOS)
20 2,55 1,53 0,66 0,47 0,11 0,24 0,02 0,05
40 4,28 3,92 0,98 0,74 0,49 0,69 0,11 0,14
60 6,30 6,12 1,34 1,03 0,89 1,02 0,20 0,21
80 8,38 8,09 1,67 1,32 1,30 1,31 0,29 0,27
100 10,65 10,10 1,99 1,60 1,73 1,59 0,38 0,33
120 12,79 12,00 2,30 1,87 2,11 1,88 0,46 0,39
140 15,18 13,90 2,62 2,50 2,50 2,18 0,55 0,46
160 17,54 16,10 2,99 2,43 3,04 2,49 0,67 0,52
180 20,29 18,40 3,54 2,72 3,66 2,81 0,67 0,59
200 27,40 21,00 8,56 3,08 4,20 4,22 0,67 0,61
d c
205* 31,66 22,80 11,29 3,93 4,26 5,09 0,67 0,62
235* - 24,80 - 15,2 d - 12,9 c - 0,63
* carga de ruptura das vigas reforçadas
εs,v = deformação da armadura da viga original, na seção do meio do vão
εs,r = deformação da armadura do reforço, na seção do meio do vão
a
(P=0,96Pu,exp); b (P=0,86Pu,exp); c (P=0,98Pu,exp); d (P=Pu,exp) = carga referente à deformação máxima registrada
τ = tensão cisalhante na ligação viga original-reforço = (Asr.Es.εsr)/(Ai/2)

143
Capítulo 4 – Análise dos resultados

1,00
0,80

τ (MPa)
0,60
0,40
0,20
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Carga (kN)
VR1 V1R(SANTOS)

(a)

1,00
0,80
τ (MPa)

0,60
0,40
0,20
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Carga (kN)
VR2 V2R(SANTOS)

(b)
Figura 4.32 – Evolução da tensão cisalhante no talão com o aumento do carregamento aplicado:
(a) para as vigas VR1 e V1R(SANTOS) e (b) para as vigas VR2 e V2R(SANTOS).

A comparação entre vigas com a mesma armadura de reforço e diferentes taxas


de armadura original mostrou haver influência desta na resistência de cisalhamento da
ligação viga-reforço. Foi constatado que as vigas ensaiadas por SANTOS(2006), com
maiores taxas de armadura, apresentaram menores deformações e, na ruptura, uma
menor deterioração do concreto do talão em relação às vigas ensaiadas neste trabalho. A
melhor qualidade da ligação viga-reforço observada nas vigas V1R(SANTOS) e
V2R(SANTOS) propiciou que as mesmas rompessem por flexão e não com
cisalhamento do talão.

144
As’

CAPÍTULO 5
As CONCLUSÕES E SUGESTÕES

As principais conclusões que podem ser tiradas, com base na análise dos
resultados obtidos, são:

9 A eficiência do reforço ficou comprovada pelo fato de sua armadura longitudinal


ter atingido o escoamento em todas as vigas ensaiadas. Nesse momento, a
integridade do talão do reforço não estava comprometida, pois o deslocamento
relativo entre ele e a viga original não foi significativo, atingindo no máximo
0,37mm;

9 A execução do reforço não apresentou grandes dificuldades, não sendo


necessário o emprego de mão-de-obra especializada tanto na preparação das
superfícies de contato quanto na montagem das armaduras e concretagem do
reforço. A armadura do reforço pode ser totalmente montada à parte e
imediatamente posicionada após a fixação dos chumbadores de expansão, sendo
que essas tarefas podem ser realizadas no mesmo dia;

9 Foi verificado um aumento considerável na capacidade portante das vigas


reforçadas, mesmo com acréscimos relativamente pequenos de suas dimensões.
Para carga referente à flecha de L/250, houve aumento de 85% a 170%,
enquanto que na carga de ruptura o aumento variou de 108% a 218%, com
relação à viga de referência;

9 Todas as vigas tiveram comportamento dúctil.

145
9 Os valores desprezíveis dos deslocamentos horizontais, no estado limite de
utilização, juntamente com a constatação de que não houve uma queda brusca da
resistência das vigas reforçadas no momento em que ocorreu o rompimento da
adesão, permitem comprovar, embora não quantitativamente, a eficiência dos
chumbadores de expansão utilizados na ligação viga original-reforço;

9 A teoria da flexão simples pode ser utilizada para avaliar a capacidade resistente
das vigas reforçadas por encamisamento parcial, desde que se tome os cuidados
necessários para garantir uma adequada ligação viga-reforço. Dentre eles
destacam-se: preparação adequada das superfícies de contato e corretos
posicionamento das armaduras do reforço e adensamento do concreto;

9 A comparação entre vigas reforçadas de mesma geometria e armadura de


reforço, porém com diferentes taxas de armadura original, comprovou a
influência destas na resistência de cisalhamento da ligação viga-reforço;

9 O modelo teórico proposto para o cálculo de flechas levou a resultados


satisfatórios.

Ainda é pequeno o número de trabalhos publicados sobre vigas reforçadas por


encamisamento, podendo-se fazer as seguintes sugestões para futuras pesquisas:

9 Avaliar quantitativamente a contribuição dos chumbadores de expansão na


ligação viga-reforço na resistência ao cortante dessa ligação;

9 Determinar a relação entre a resistência ao cisalhamento da ligação em


função da taxa de armadura interna da viga original e da dimensão máxima
do agregado graúdo.

9 Verificar o comportamento estrutural da viga reforçada sob a ação de


carregamento cíclico.

146
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148
APÊNDICE A
RESULTADOS DOS ENSAIOS

149
Tabela A.1 - Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga de referência
VREF.

Deformação do concreto ( ‰ ) Deformação da armadura


Carga Flecha
Ciclo longitudinal da viga ( ‰ )
(kN) (mm)
Nivel 1 Nivel 2 Nivel 3 Nivel 4 ½ Vão ¼ Vão
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02
5 0,00 -0,01 -0,04 -0,02 0,04 0,02 0,31
10 -0,07 -0,05 -0,05 -0,03 0,08 0,04 0,58
15 -0,07 -0,06 -0,09 -0,05 0,13 0,07 0,89
PRÉ-FISSURAÇÃO

20 -0,15 -0,13 -0,11 -0,07 0,26 0,10 1,58


1 25 -0,23 -0,23 -0,14 -0,07 1,12 0,14 3,32
30 -0,32 -0,26 -0,18 -0,07 1,43 0,22 4,73
35 -0,39 -0,32 -0,20 -0,12 1,76 0,64 6,36
40 -0,44 -0,35 -0,20 -0,09 2,08 0,94 7,85
45 -0,54 -0,44 -0,28 -0,12 2,40 1,17 9,30
0 -0,08 -0,05 -0,03 0,02 0,58 0,42 2,64
0 -0,08 -0,05 -0,03 0,02 0,58 0,42 2,64
2 45 -0,46 -0,39 -0,24 -0,13 2,43 1,22 9,59
0 0,50 0,44 0,27 0,16 0,57 0,41 2,60
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,57 0,41 2,60
45 -0,53 -0,45 -0,34 -0,22 2,67 1,41 10,86
RUPTURA

50 -0,60 -0,48 -0,36 -0,27 2,94 1,54 11,98


1 55 -0,67 -0,57 -0,37 -0,30 3,21 1,69 13,20
60 -0,74 -0,63 -0,45 -0,31 3,76 1,85 14,55
65 -0,92 -0,69 -0,49 -0,20 8,22 2,03 19,00
70 -1,50 -0,83 -0,12 0,48 - 2,20 30,31
72 - - - - - 2,27 47,44

150
Tabela A.2 – Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR1.

Deformação do concreto ( ‰ ) Deformação da armadura Deformação da armadura Deslocamento Horizontal (mm)


Carga Flecha
Ciclo longitudinal da viga ( ‰ ) longitudinal do reforço ( ‰ )
(kN) (mm)
Nivel 1 Nivel 2 Nivel 3 Nivel 4 ½ Vão ¼ Vão ½ Vão ¼ Vão D1 D2 D3 D4
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 - - 0,02 - - - -
5 -0,02 -0,03 -0,02 -0,02 0,04 0,02 - - 0,29 - - - -
10 -0,08 -0,04 -0,04 -0,05 0,09 0,04 - - 0,58 - - - -
15 -0,13 -0,10 -0,10 -0,09 0,16 0,07 - - 0,99 - - - -
PRÉ-FISSURAÇÃO

20 -0,25 -0,17 -0,15 -0,12 0,52 0,11 - - 1,98 - - - -


1 25 -0,37 -0,23 -0,20 -0,13 1,03 0,15 - - 3,32 - - - -
30 -0,46 -0,30 -0,20 -0,13 1,36 0,20 - - 4,77 - - - -
35 -0,56 -0,35 -0,25 -0,15 1,70 0,39 - - 6,38 - - - -
40 -0,64 -0,41 -0,28 -0,16 2,01 0,60 - - 7,94 - - - -
45 -0,71 -0,43 -0,34 -0,17 2,30 0,85 - - 9,31 - - - -
0 -0,16 -0,05 -0,03 -0,02 0,57 0,29 - - 2,55 - - - -
0 -0,16 -0,05 -0,03 -0,02 0,57 0,29 - - 2,55 - - - -
2 45 -0,73 -0,47 -0,31 -0,16 2,36 0,94 - - 9,60 - - - -
0 -0,17 -0,08 -0,04 -0,02 0,57 0,30 - - 2,49 - - - -
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,57 0,30 0,00 0,00 2,49 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
10 -0,43 -0,31 -0,17 -0,17 0,60 0,32 0,06 0,02 2,49 0,0000 0,0000 0,0000 -0,0020
20 -0,57 -0,41 -0,33 -0,28 0,76 0,34 0,68 0,05 3,08 -0,0003 -0,0003 -0,0003 -0,0024
30 -0,92 -0,64 -0,46 -0,37 1,09 0,37 0,97 0,07 4,27 -0,0020 -0,0020 0,0000 0,0020
40 -1,07 -0,83 -0,60 -0,53 1,36 0,54 1,33 0,50 5,61 -0,0023 -0,0023 0,0058 -0,0003
50 -1,14 -1,01 -0,69 -0,56 1,66 0,64 1,69 0,67 6,68 -0,0003 -0,0023 0,0078 0,0017
60 -1,40 -1,05 -0,73 -0,61 1,92 0,84 2,04 0,81 7,55 -0,0003 -0,0023 0,0098 0,0017
RUPTURA

70 -1,56 -1,19 -0,81 -0,74 2,22 1,00 2,43 0,95 8,21 -0,0003 -0,0043 0,0158 0,0037
1 80 -1,62 -1,30 -0,88 -0,80 2,53 1,14 2,83 1,10 8,80 -0,0003 -0,0023 0,0178 0,0037
90 -1,77 -1,38 -0,92 -0,81 2,86 1,31 3,33 1,30 11,28 0,0017 -0,0023 0,0238 0,0057
100 -1,95 -1,54 -1,03 -0,91 3,24 1,50 3,95 1,53 12,84 0,0017 -0,0023 0,0318 0,0077
110 -2,10 -1,58 -1,08 -0,95 3,82 1,71 4,88 1,78 14,87 0,0055 -0,0026 0,0476 0,0073
120 -2,25 -1,67 -1,10 -0,96 5,36 1,92 7,37 2,03 17,37 0,0138 -0,0023 0,0659 0,0097
130 - - - - 7,97 2,12 16,30 2,29 20,97 0,0238 -0,0023 0,0980 0,0077
140 - - - - 12,47 2,32 - 2,54 28,35 0,0378 -0,0023 0,1281 0,0097
145 - - - - 18,96 2,44 - 2,68 35,81 0,0499 -0,0023 0,1421 0,0077
148 - - - - - 2,54 - 2,80 49,57 0,0642 -0,0010 0,1574 0,0072
150 - - - - - 2,57 - 2,85 55,57 0,0662 -0,0030 0,1634 0,0072
151
Tabela A.3 – Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR2.

Deformação do concreto ( ‰ ) Deformação da armadura Deformação da armadura Deslocamento Horizontal (mm)


Carga Flecha
Ciclo longitudinal da viga ( ‰ ) longitudinal do reforço ( ‰ )
(kN) (mm)
Nivel 1 Nivel 2 Nivel 3 Nivel 4 ½ Vão ¼ Vão ½ Vão ¼ Vão D1 D2 D3 D4
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 - - 0,00 - - - -
5 -0,02 -0,02 -0,02 -0,02 0,03 0,02 - - 0,22 - - - -
10 -0,04 -0,04 -0,04 -0,04 0,09 0,04 - - 0,55 - - - -
15 -0,08 -0,10 -0,06 -0,07 0,16 0,07 - - 0,84 - - - -
PRÉ-FISSURAÇÃO

20 -0,14 -0,13 -0,11 -0,07 0,67 0,12 - - 1,65 - - - -


1 25 -0,21 -0,15 -0,11 -0,10 1,02 0,20 - - 3,19 - - - -
30 -0,31 -0,17 -0,14 -0,10 1,36 0,46 - - 4,60 - - - -
35 -0,36 -0,23 -0,14 -0,11 1,70 0,71 - - 6,14 - - - -
40 -0,40 -0,27 -0,16 -0,12 2,04 0,94 - - 7,60 - - - -
45 -0,46 -0,31 -0,18 -0,12 2,33 1,12 - - 8,94 - - - -
0 -0,05 -0,03 -0,01 -0,06 0,58 0,38 - - 2,30 - - - -
0 -0,05 -0,03 -0,01 -0,06 0,58 0,38 - - 2,30 - - - -
2 45 -0,41 -0,29 -0,18 -0,05 2,40 1,20 - - 9,37 - - - -
0 -0,05 -0,01 0,00 -0,01 0,58 0,39 - - 2,34 - - - -
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,58 0,39 0,00 0,00 2,30 0,0026 -0,0009 -0,0015 -0,0007
10 -0,15 -0,12 -0,17 -0,17 0,61 0,40 0,05 0,04 2,21 -0,0002 -0,0024 -0,0022 -0,0024
20 -0,21 -0,17 -0,19 -0,18 0,66 0,42 0,11 0,07 2,55 -0,0022 -0,0024 -0,0022 -0,0044
30 -0,36 -0,24 -0,25 -0,26 0,82 0,45 0,31 0,13 3,43 -0,0082 -0,0024 -0,0022 -0,0004
40 -0,44 -0,34 -0,31 -0,31 0,98 0,62 0,49 0,20 4,28 -0,0035 -0,0010 0,0044 0,0025
50 -0,51 -0,40 -0,32 -0,35 1,16 0,67 0,69 0,40 5,24 -0,0060 -0,0081 0,0079 -0,0014
60 -0,56 -0,44 -0,40 -0,36 1,34 0,76 0,89 0,53 6,30 -0,0082 -0,0024 0,0098 0,0002
70 -0,66 -0,54 -0,42 -0,36 1,50 0,83 1,09 0,67 7,35 -0,0086 -0,0031 0,0134 -0,0006
80 -0,78 -0,66 -0,56 -0,46 1,67 0,94 1,30 0,80 8,38 0,0035 -0,0031 0,0174 0,0014
RUPTURA

90 -0,81 -0,72 -0,56 -0,51 1,83 1,05 1,53 0,91 9,49 0,0219 -0,0024 0,0178 0,0042
1
100 -0,90 -0,74 -0,58 -0,53 1,99 1,16 1,72 1,02 10,65 0,0421 0,0000 0,0240 0,0046
110 -0,95 -0,78 -0,58 -0,53 2,15 1,27 1,92 1,13 11,73 0,0538 -0,0008 0,0337 0,0018
120 -1,05 -0,86 -0,70 -0,58 2,30 1,26 2,11 1,26 12,79 0,0665 0,0027 0,0424 0,0015
130 -1,14 -0,95 -0,74 -0,61 2,46 1,36 2,30 1,38 13,92 0,0886 -0,0033 0,0484 0,0055
140 -1,20 -1,00 -0,80 -0,64 2,62 1,47 2,50 1,56 15,18 0,1026 0,0026 0,0603 0,0141
150 -1,33 -1,12 -0,88 -0,70 2,77 1,59 2,69 1,69 16,20 0,1187 0,0067 0,0865 0,0155
160 -1,48 -1,27 -0,99 -0,77 2,99 1,56 3,04 1,84 17,54 0,1430 0,0974 0,1008 0,2402
170 -1,60 -1,36 -1,04 -0,84 3,24 1,67 3,33 1,97 18,79 0,1591 0,1234 0,1309 0,2883
180 - - - - 3,54 1,80 3,66 2,12 20,29 0,1747 0,1447 0,1625 0,3201
190 - - - - 4,07 1,94 4,10 2,29 22,37 0,1906 0,1605 0,2066 0,3313
200 - - - - 8,56 2,30 4,19 2,43 27,36 0,2629 0,3011 0,2606 0,6717
205 - - - - 11,30 2,47 4,26 2,48 31,66 0,3459 0,3127 0,3737 0,9557
152
Tabela A.4 – Resultados obtidos nos ensaios de pré-fissuração e ruptura da viga VR3.

Deformação do concreto ( ‰ ) Deformação da armadura Deformação da armadura Deslocamento Horizontal (mm)


Carga Flecha
Ciclo longitudinal da viga ( ‰ ) longitudinal do reforço ( ‰ )
(kN) (mm)
Nivel 1 Nivel 2 Nivel 3 Nivel 4 ½ Vão ¼ Vão ½ Vão ¼ Vão D1 D2 D3 D4
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 - - 0,02 - - - -
5 -0,01 -0,01 -0,01 -0,01 0,04 0,01 - - 0,36 - - - -
10 -0,14 -0,09 -0,07 -0,11 0,09 0,02 - - 0,71 - - - -
15 -0,25 -0,12 -0,11 -0,14 0,16 0,04 - - 1,18 - - - -
PRÉ-FISSURAÇÃO

20 -0,34 -0,30 -0,17 -0,20 0,60 0,06 - - 2,25 - - - -


1 25 -0,47 -0,40 -0,26 -0,25 0,98 0,08 - - 3,81 - - - -
30 -0,61 -0,47 -0,27 -0,25 1,33 0,13 - - 5,38 - - - -
35 -0,66 -0,52 -0,30 -0,25 1,64 0,25 - - 6,88 - - - -
40 -0,77 -0,59 -0,36 -0,07 1,94 0,44 - - 8,36 - - - -
45 -0,89 -0,70 -0,36 -0,27 2,24 0,54 - - 9,84 - - - -
0 -0,19 -0,13 -0,07 -0,07 0,56 0,19 - - 2,64 - - - -
0 -0,19 -0,13 -0,07 -0,07 0,56 0,19 - - 2,64 - - - -
2 45 -0,83 -0,68 -0,37 -0,28 2,30 0,58 - - 10,28 - - - -
0 -0,21 -0,15 -0,09 -0,12 0,56 0,19 - - 2,69 - - - -
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,56 0,19 0,00 0,00 2,69 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
20 -0,12 -0,11 -0,13 -0,21 0,61 0,23 0,16 0,05 3,87 0,0017 -0,0003 0,0037 0,0037
40 -0,36 -0,30 -0,28 -0,24 0,78 0,30 0,53 0,14 5,30 0,0034 0,0034 0,0235 0,0053
60 -0,49 -0,48 -0,40 -0,29 0,91 0,46 0,84 0,35 6,74 0,0134 0,0074 0,0475 0,0073
80 -0,67 -0,64 -0,54 -0,53 1,09 0,62 1,16 0,54 8,27 0,0194 0,0094 0,0615 0,0113
100 -0,93 -0,93 -0,76 -0,68 1,26 0,78 1,47 0,73 9,74 0,0472 0,0111 0,0793 0,0130
110 -1,01 -0,92 -0,75 -0,73 1,36 0,86 1,63 0,84 10,64 0,0730 0,0148 0,0910 0,0147
120 -1,09 -1,08 -0,85 -0,80 1,44 0,94 1,77 0,93 11,39 0,0971 0,0148 0,1231 0,0167
RUPTURA

130 -1,27 -1,20 -0,90 -0,83 1,54 1,02 1,94 1,03 12,20 0,1272 0,0148 0,1371 0,0187
1 140 -1,38 -1,31 -1,05 -0,93 1,63 1,10 2,09 1,13 13,04 0,1549 0,0164 0,1469 0,0224
150 -1,63 -1,44 -1,15 -1,06 1,73 1,18 2,26 1,24 14,32 0,1890 0,0205 0,1629 0,0264
160 -1,76 -1,64 -1,29 -1,16 1,84 1,26 2,42 1,33 15,35 0,2091 0,0245 0,1749 0,2190
170 -2,02 -1,83 -1,45 -1,30 1,95 1,35 2,60 1,46 16,66 0,2329 0,0402 0,1947 0,2508
180 -2,18 -2,00 -1,55 -1,41 2,05 1,42 2,76 1,56 17,94 0,2429 0,3309 0,2067 0,2648
190 -2,31 -2,10 -1,65 -1,52 2,11 1,49 3,14 1,67 18,94 0,2569 0,3790 0,2107 0,2849
200 -2,59 -2,30 -1,77 -1,64 2,22 1,58 3,39 1,80 20,69 0,2649 0,6034 0,2167 0,3170
210 - - - - 2,35 1,68 3,65 1,92 22,16 0,2830 0,6736 0,2268 0,3732
220 - - - - 2,47 2,04 4,21 2,09 25,76 0,4394 0,8739 0,2408 0,6079
229 - - - - 2,53 18,31 8,62 1,64 31,32 0,9867 17,4749 0,2488 0,6801
153
APÊNDICE B
RESULTADOS OBTIDOS NO CÁLCULO TEÓRICO DE FLECHAS

154
Tabela B.1 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003 para
a viga VREF.
Flechas (mm)
f,NBR6118:2003 f,exp/fNBR,Ec(NBR) fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp
Ec(NBR) Ec (NUNES) % %

0 0,02 0,00 0,00 0 0


5 0,31 0,27 0,33 13 8
PRÉ-FISSURAÇÃO

10 0,58 0,54 0,67 7 13


15 0,89 0,81 1,00 9 11
20 1,58 1,09 1,34 46 18
25 3,32 1,88 2,27 77 47
30 4,73 3,20 3,74 48 26
35 6,36 4,74 5,40 34 18
40 7,85 6,38 7,12 23 10
45 9,30 8,05 8,83 16 5
Diferença média= 27 16

0 3,28 2,60 2,04 26 61


45 10,86 10,65 10,87 2 0
50 11,98 12,30 12,54 3 4
RUPTURA

55 13,20 13,90 14,16 5 7


60 14,55 15,46 15,73 6 7
65 19,00 - -
70 27,90 - -
70 32,73 - -
72 47,44 - -
65 57,26 - -
Diferença média= 8 16

155
Tabela B.2 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003 para
a viga VR1.
Flechas (mm)
f,NBR6118:2003 f,exp/fNBR,Ec(NBR) fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp
Ec(NBR) Ec (NUNES) % %
0 0,017 0,000 0,000 0 0
5 0,293 0,271 0,334 8 12
PRÉ-FISSURAÇÃO

10 0,584 0,543 0,668 8 13


15 0,986 0,814 1,002 21 2
20 1,984 1,086 1,336 83 48
25 3,316 1,878 2,311 77 43
30 4,768 3,196 3,934 49 21
35 6,375 4,737 5,830 35 9
40 7,936 6,382 7,855 24 1
45 9,306 8,050 9,908 16 6
Diferença média= 32 16

0 2,490 2,490 2,490 0 0


10 2,490 2,524 2,534 1 2
20 3,078 2,956 3,068 4 0
30 4,274 4,181 4,483 2 5
40 5,613 5,936 6,376 5 12
50 6,677 7,795 8,304 14 20
60 7,553 9,581 10,133 21 25
70 8,210 11,273 11,862 27 31
RUPTURA

80 8,804 12,887 13,517 32 35


90 11,276 14,445 15,120 22 25
100 12,840 15,964 16,688 20 23
110 14,866 17,455 18,231 15 18
120 17,374 18,926 19,757 8 12
130 20,970 - -
140 28,346 - -
145 35,812 - -
148 49,574 - -
150 55,575 - -
130 66,820 - -
Diferença média= 13 16

156
Tabela B.3 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003 para
a viga VR2.
Flechas (mm)
f,NBR6118:2003 f,exp/fNBR,Ec(NBR) fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp
Ec(NBR) Ec (NUNES) % %
0 0,000 0,000 0,000 0 0
5 0,222 0,282 0,347 21 36
PRÉ-FISSURAÇÃO

10 0,549 0,564 0,694 3 21


15 0,838 0,845 1,040 1 19
20 1,646 1,127 1,387 46 19
25 3,189 2,160 2,658 48 20
30 4,601 3,606 4,439 28 4
35 6,141 5,254 6,466 17 5
40 7,596 6,978 8,588 9 12
45 8,944 8,703 10,711 3 17
Diferença média= 17 15

0 2,302 2,302 2,302 0 0


10 2,209 2,349 2,364 6 7
20 2,554 2,854 2,985 11 14
30 3,430 3,930 4,180 13 18
40 4,280 5,140 5,444 17 21
50 5,240 6,284 6,621 17 21
60 6,297 7,355 7,724 14 18
70 7,346 8,374 8,779 12 16
80 8,379 9,361 9,806 10 15
RUPTURA

90 9,488 10,327 10,814 8 12


100 10,652 11,278 11,811 6 10
110 11,733 12,221 12,799 4 8
120 12,793 13,157 13,782 3 7
130 13,918 14,088 14,761 1 6
140 15,182 15,015 15,737 1 4
150 16,200 15,941 16,711 2 3
160 17,540 - -
170 18,791 - -
180 20,289 - -
190 22,367 - -
200 27,363 - -
205 31,660 - -
Diferença média= 8 11

157
Tabela B.4 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pela NBR6118:2003 para
a viga VR3.
Flechas (mm)
f,NBR6118:2003 f,exp/fNBR,Ec(NBR) fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp
Ec(NBR) Ec (NUNES) % %
0 0,016 0,000 0,000 0 0
5 0,360 0,280 0,344 29 5
PRÉ-FISSURAÇÃO

10 0,715 0,559 0,688 28 4


15 1,182 0,839 1,032 41 14
20 2,250 1,118 1,377 101 63
25 3,814 2,099 2,584 82 48
30 5,377 3,519 4,332 53 24
35 6,876 5,145 6,332 34 9
40 8,363 6,854 8,435 22 1
45 9,845 8,567 10,544 15 7
Diferença média= 40 17

0 2,689 2,689 2,689 0 0


20 3,871 3,229 3,359 20 15
40 5,303 5,152 5,412 3 2
60 6,742 6,929 7,247 3 7
80 8,274 8,553 8,942 3 7
100 9,737 10,117 10,587 4 8
110 10,637 10,889 11,401 2 7
120 11,388 11,656 12,211 2 7
RUPTURA

130 12,201 12,420 13,019 2 6


140 13,039 13,182 13,824 1 6
150 14,321 13,943 14,629 3 2
160 15,353 14,702 15,432 4 1
170 16,659 15,460 16,235 8 3
180 17,941 - -
190 18,942 - -
200 20,692 - -
210 22,161 - -
220 25,755 - -
229 31,317 - -
150 42,964 - -
Diferença média= 4 5

158
Tabela B.5 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
para a viga VREF.
Fechas (mm)

fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp fNBR,Ec(NUNES)
%
0 0,03 0,00 0
5 0,29 0,36 18
10 0,59 0,71 18
Pré-fissuração

15 0,88 1,07 18
20 1,56 1,81 14
25 3,29 2,88 14
30 4,72 4,35 8
35 6,35 6,23 2
40 7,84 8,40 7
45 9,34 10,61 12
Diferença média= 11

0 2,60 0,00 0
45 10,72 10,61 1
0 3,28 0,00 0
45 10,86 10,61 2
Ruptura

50 11,98 12,58 5
55 13,20 14,19 7
60 14,55 15,53 6
65 19,00 25,68 26
70 27,90 58,31 52
70 32,73 58,31 44
72 47,44 59,98 21
Diferença média= 15

159
Tabela B.6 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
para a viga VR1.
Fechas (mm)

fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp fNBR,Ec(NUNES)
%
0 0,02 0,00 0
5 0,29 0,36 17
10 0,58 0,71 18
Pré-fissuração

15 0,99 1,07 8
20 1,98 1,81 10
25 3,32 2,88 15
30 4,77 4,35 9
35 6,38 6,23 2
40 7,94 8,40 6
45 9,31 10,61 12
Diferença média= 10

0 2,49 2,49 0
10 2,49 2,86 13
20 3,08 3,23 5
30 4,27 4,02 6
40 5,61 5,31 6
50 6,68 7,22 8
60 7,55 9,66 22
70 8,21 12,15 32
Ruptura

80 8,80 14,21 38
90 11,28 15,79 29
100 12,84 18,81 32
110 14,87 22,53 34
120 17,37 27,23 36
130 20,97 33,35 37
140 28,35 41,67 32
145 35,81 47,05 24
148 49,57 50,82 2
150 55,57 53,61 4
Diferença média= 20

160
Tabela B.7 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
para a viga VR2.
Fechas (mm)

fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp fNBR,Ec(NUNES)
%
0 0,00 0,00 0
5 0,22 0,34 35
10 0,55 0,69 20
Pré-fissuração

15 0,84 1,03 19
20 1,65 1,76 6
25 3,19 2,81 13
30 4,60 4,26 8
35 6,14 6,13 0
40 7,60 8,30 8
45 8,94 10,52 15
Diferença média= 13

0 2,30 2,30 0
10 2,21 2,66 17
20 2,55 3,02 15
30 3,43 3,51 2
40 4,28 4,13 4
50 5,24 4,87 8
60 6,30 5,75 9
70 7,35 6,77 8
80 8,38 7,92 6
90 9,49 9,16 4
Ruptura

100 10,65 10,47 2


110 11,73 11,80 1
120 12,79 13,11 2
130 13,92 14,36 3
140 15,18 15,52 2
150 16,20 16,60 2
160 17,54 17,60 0
170 18,79 18,57 1
180 20,29 22,29 9
190 22,37 27,43 18
200 27,36 35,00 22
205 31,66 40,30 21
Diferença média= 7

161
Tabela B.8 – Resultados obtidos no calculo teórico de flechas pelo modelo proposto
para a viga VR3.
Fechas (mm)

fexp/fNBR,Ec(NUNES)
Carga fexp fNBR,Ec(NUNES)
%
0 0,02 0,00 0
5 0,36 0,34 5
10 0,71 0,68 5
Pré-fissuração

15 1,18 1,02 15
20 2,25 1,75 29
25 3,81 2,79 37
30 5,38 4,24 27
35 6,88 6,10 13
40 8,36 8,28 1
45 9,84 10,50 6
Diferença média= 14

0 2,69 2,69 0
20 3,87 3,40 14
40 5,30 4,39 21
60 6,74 5,69 18
80 8,27 7,33 13
100 9,74 9,22 6
110 10,64 10,24 4
120 11,39 11,26 1
Ruptura

130 12,20 12,29 1


140 13,04 13,29 2
150 14,32 14,26 0
160 15,35 15,19 1
170 16,66 16,08 4
180 17,94 16,92 6
190 18,94 17,73 7
200 20,69 18,53 12
210 22,16 22,17 0
220 25,76 27,33 6
229 31,32 34,21 8
Diferença média= 6

162

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