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CAMINHO PARA O EU REAL Capitulo 19 A DEFESA O objetivo deste caminho é libertar a pessoa de incrustagdes que impedem a manifestacio do eu real. Essas incrustagdes consistem em conceitos irrealistas com o medo que dai resulta. O medo gera tensao ¢ desconfianca. Tensio e desconfianga produzem uma parede endurecida que fica entre a consciéncia do homem e seu eu real, e também entre ele € os outros. Ele nao consegue se relacionar com outros, nio consegue perceber e responder adequadamente quando todo o seu eu interior esta contraido = 0 que ocorre no estado de medo. Todos os seus misculos — os fisicos, os mentais € os emocionais — precisam estar em estado de relaxamento para que as faculdades fiquem prontas para lidar adequadamente com os desdobramentos da vida. Nesse caso, ele pode ficar alerta e “se sintonizar” com os acontecimentos 4 sua volta. Esse estado alerta e relaxado permite que ele pense com clareza, que julgue ¢ avalie com racionalidade, que sinta to profundamente que sua individualidade se enriquece com tudo que a vida oferece. Ele é capaz de descobrir automaticamente 0 equilibrio certo entre dar e tomar; entre agao ¢ reag4o; entre ceder e buscar a autoafirmacio. Esse processo é tao automatico na pessoa saudavel, integrada e equilibrada, como o batimento cardiaco ou o funcionamento do sistema respitatério, que funcionam sem esforco e perfeitamente no organismo saudavel. Seu funcionamento nao depende de um ato de vontade. Quando 0 homem se vé em perigo, todas as suas faculdades se afastam de outras questdes que nada tém a ver com a area de perigo. Todos os seus misculos — os emocionais e mentais, bem como os fisicos — se flexionam e se endurecem na intensa absorsdo com o perigo. Todo o organismo passa por uma mudanga, com a finalidade especifica de lidar com a situagao de emergéncia. Isso acontece automaticamente porque, quando 0 petigo é percebido, o sistema glandular libera uma substincia que percorre 0 sistema nervoso, aumentando a pressio sanguinea e acelerando o batimento cardiaco. Essa substancia contém um veneno que tem um forte efeito de estimulo para elevar a percepgao e concentrar a atenc’o no perigo, A exclusio de qualquer outra preocupacao e atencao. Os reflexos normais do homem nao respondem com a rapidez suficiente para lidar com uma situagao ameacadora. Para tomar uma decisao rapida, ele precisa de um estimulante especial, que esta incorporado ao seu organismo e é liberado 243 CAMINHO PARA O EU REAL automaticamente quando necessario. Desta forma, ele pode se proteger € defender com maior forga, mais aten¢4o nao dividida, engenhosidade maior mais répida, melhor juizo — tudo em um Atimo de segundo. Em circunstancias normais, nao é somente possivel, mas também aconselhavel, nio se precipitar ao tomar decisdes, ponderar e pesar, esperat pata ver. Em situagdes de perigo, tais atitudes podem ser fatais. A substancia venenosa incorporada — a adrenalina — funciona como uma droga que é temporariamente benéfica para determinadas finalidades, porém prejudicial quando usada habitualmente. Existem duas maneiras fundamentais de defender-se do perigo: contra-atacar ou fugir. Sem a ajuda do estimulante especial liberado na cortente sanguinea, nem sempre setia facil decidir qual das duas maneiras € mais adequada em uma dada situacio. Com o estimulante, a decisao € tomada de forma instintiva e automatica — e infalivelmente, quanto mais saudavel for o organismo fisico, mental, emocional ¢ espiritual. Depois que a emergéncia passa, 0 organismo volta ao funcionamento normal, o veneno é absorvido e dissolvido. Assim, a tensio interior volta a desaparecer ¢ a pessoa fica pronta para recomecar a prestar atencao, responder, petceber, reagit, sentir as muitas situacdes da vida que nao sejam de perigo e que requerem uma forma diferente de tratamento, sentimento ¢ reacio. Os momentos de verdadeiro perigo em uma vida séo em nimero relativamente pequeno. Como ‘isso se aplica ao perigo imagindrio das falsas marcas, das ocorréncias mal entendidas e dolorosas da infancia que criaram as imagens? Quando a personalidade esta assustada, ela libera o veneno, a despeito de o medo ter ou nfo por base a tealidade. Isso significa que 0 organismo é inundado de veneno, criado pela ansiedade constante e¢ irrealista — e, portanto, desnecessiria. Esse veneno afeta primeiramente os niveis mental ¢ emocional, mas depois de viver continuamente com ansiedade, ele acaba por afetar também o sistema fisico. Sabemos agora que as emogées das quais a pessoa nao tem consciéncia, seus efeitos nao sao menos poderosos do que aquelas que sio reconhecidas. Depois de anos, muitas vezes décadas, as reagGes emocionais sistematicas passam a ser uma segunda natureza, a pessoa nao conhece outro estado ¢ portanto nao tem ciéncia de sua existéncia ou significado. Se por um momento clas vém 4 consciéncia, isso parece “normal”, O trabalho do caminho proporciona consciéncia de sentimentos ¢ reagdes até entio reprimidos. Ao ficar frente a frente com a ansiedade em toda a sua intensidade, é importante entender a) que ela existia antes dessa consciéncia, mas se manifestava de outras formas que nao eram percebidas; b) quais cram ou ainda sao essas manifestagdes. Essa ansiedade constante, por exemplo, pode estar oculta por tras de entorpecimento, apatia, fadiga, falta de energia, incapacidade de se concentrar, desequilibrio de humor, sentimentos fortes de hostilidade e raiva; e c) qual o grau de dano que essa 244 CAMINHO PARA O EU REAL ansiedade constante causa no sistema. Quando passa despercebida ou aparece sob os disfarces mencionados acima, nem por isso ela é menos prejudicial j4 que, por baixo, o veneno é constantemente liberado no organismo ¢ provoca essas manifestacdes. O organismo fica exausto, pois nao pode ficar em constante estado de alerta. Ou entio, o sistema fica voltado para o ataque, mas nao sabe onde nem como, nem contra quem — e, assim, fica impregnado de uma vaga hostilidade. O entorpecimento pode ser uma tentativa de se esconder, fugir do perigo que a pessoa nao é capaz de definir conscientemente. Além do prejuizo 4 satde fisica, advém outras consequéncias. Como a personalidade pode adequadamente enfrentar, concentrar-se, responder, vivenciar, sintonizar-se, ficar sensivel e alerta pata as multifacetadas situagSes que requerem atencio em uma vida toda? Todas as faculdades sio voltadas. para um perigo nao existente ¢ todo o organismo vive em estado de emergéncia. Gradualmente, outras faculdades comegam a se atrofiar. Por mais inteligente que seja a pessoa, sua inteligéncia fica inevitavelmente prejudicada depois de um periodo prolongado de énfase unilateral do organismo como um todo. As faculdades criativas nio podem se manifestar em um ambiente de medo. Como pode florescer 0 amor, com todos os seus aspectos, quando tudo esta voltado para a protecao ea defesa? O mesmo vale para a intuicio. E como se a esfera de percep¢ao da pessoa ficasse reduzida a duas alternativas — perigo ou nao perigo. Ela dificilmente percebe qualquer outra coisa. Isso pode parecer exagerado, mas é verdadeiro, por baixo da superficie, com muito mais frequéncia do que se acredita. O instinto de autopreservagio € convocado desnecessariamente para a ago. Forgas significativas dentro da psique humana, sio usadas de maneira inadequada. Isso gera um desequilibrio interior, com todas as suas consequéncias. Quando o sistema de defesa é usado constantemente para finalidades irrealistas, aos poucos ele vai perdendo a eficacia contra questes realistas que exigem a autoprotecio. E como se todo o sistema interior ficasse confuso e ja nao soubesse qual questao requer defesa e qual nao requet. E por isso que se pode observar, muitas e muitas vezes, que pessoas que sofrem de ansiedades irrealistas sio mal dotadas para defender a si mesmas ¢_para lidar com perigos reais. Acredita-se atualmente que essa manifestacao € predominantemente autodestrutividade, no sentido de que a personalidade inconsciente deseja causar mal a si mesma. Isso também é verdadeiro, as vezes, mas mio com a frequéncia que se supde. O que ocorre com muito mais frequéncia € que a confusdo interior é responsavel por defesa inadequada, quando esta ¢ necesséria. Essa confusiio provoca impoténcia € patalisia, de modo que outras pessoas tiram proveito ou prejudicam a pessoa envolvida, que nao é capaz de impedir essa agio, apesar de ter perfeita consciéncia dela. Tudo porque a energia toda é consumida 245 CAMINHO PARA O EU REAL para afastar um perigo imagindrio decorrente das imagens especificas daquela pessoa. Essa m4 administracdo interior nao pode ser sanada por meio de uma fortificagio forgada e propositada contra o perigo real. Isso nao funciona, pois o instinto de autopreservacio é automatico e espontinco, nascido de uma sabedoria interior que o cérebto exterior no pode comandat a seu bel prazer. Assim, até uma crianca, a quem nunca disseram como se defender no tocante a uma determinada questéo, em momentos de perigo real muitas vezes pratica automaticamente 0 ato certo — desde que sua psique seja saudavel e que mecanismos de defesa irrealistas ainda nio tenham criado rafzes firmes. A unica maneira de corrigir o desequilfbrio é tornar-se ciente da defesa contra um perigo imaginario. Depois que isto estiver profundamente compreendido as falsas defesas serio abandonadas. Isso automaticamente restabelece 0 equilibrio correto a esse respeito, de modo que a pessoa se torna capaz de proteger seus interesses, afastar o perigo real, defender-se contra 0 ataque no tocante a questées reais. Defender-se de perigos irrealistas significa, muitas vezes, defender- se da verdade. Ao observar essa defesa interior, quando ¢ como ela atua, vocés vio perceber que intimeras vezes ela esti presente quando a pessoa teme uma ctitica justificada. Portanto, o suposto perigo que a pessoa nao quer aceitar é a verdade. Se no houvesse medo de ser confrontado com a verdade, se a critica fosse injustificada, que prejuizo a acusacao poderia provocar? A opiniao do acusador realmente tem tanta importancia que, por dentro, a pessoa reage como se estivesse em perigo mortal? Ao tomar consciéncia da existéncia e da intensidade da atitude defensiva , ficara comprovado que nao se trata de exagero. Embora a razio possa ter plena consciéncia do fato de que nao existe perigo real, emocionalmente as teagGes ocorrem como se a pessoa estivesse em uma situagio muito dificil. O problema verdadeiro pode ser uma questo de agradar ou nao um contato relativamente pouco importante, ou algo desse tipo. A reacio interior é desproporcional. Muitas vezes, a defesa visa nao permitir que se invalide a falsidade da autoimagem idealizada. 20k Exemplo de caso real: Bill era um professor universitério que nda confiava em suas excelentes habilidades de ensino ¢, assim, achava que precisava recorrer d antoimagem idealizada de que era “um grande sabio, superior, invencivel ¢ invulnerdvel, e um portento intelectual.” Sew medo de que essas caracteristicas nao fossem verdadeiras e de vir a ser desmascarado como uma frande o tornow uma pessoa rigida, arrogante, insociavel. Com isso, sua capacidade de ensino diminnin ¢ acabou prejudicando sua relardo com os superiores, os colegas ¢ 0s alunos ¢ no fim Ibe custon a perda de um bona emprego. Em suma, foi menos a antoimagem idealizada em si — embora sem divida fosse prejudicial — ¢ mais a defesa 246 CAMINHO PARA O EU REAL para protegé-la que acabou sendo sua perdigdo e redundou exatamente no oposto do objetivo da autoimagem idealizada. ee Na realidade, é facil observar que o fingimento jamais gera aceitagio ¢ respeito. As pessoas tém uma aguda intuigdo sobre o que é auténtico ¢ o que nao é, ¢ invariavelmente reagem de acordo com essa percepgio, estejam ou no cientes do motivo dessa reagdo. A verdadeira rejeigdo é sempre devida defesa contra o eu real. Quem acha desnecessdrio defender-se do que realmente é, quem pode ser auténtico, admitindo com naturalidade e sem drama suas limitagdes humanas, sem adotar uma atitude defensiva, nunca é rejeitado. Isso prova o fato de que raramente as pessoas sao rejeitadas por suas falhas, e sim por sua atitude em relacio a essas falhas. A atitude destrutiva é adotar a defesa a respeito das limitagdes humanas. Ao defender-se de perigos reais, o perigo especifico é a verdade do momento. Ao defender-se de perigos nao reais, a questao é a aparéncia, nao o que é. O peso recai sempre em “estou certo?” ou “os outros estio errados?”, € nao “isto esta certo? Até que ponto, como e¢ sob que aspecto? Onde esta a verdade sobre a questio?” Fi essa limitada postura “eu contra 0 outro” que obscurece o problema e parece exigir defesa. Com muita frequéncia, a pessoa desloca o verdadeito problema para um nivel em que ela pode provar que esta “certa”. A liberacio sentida ao descobrir a ilusio do perigo e das agruras da defesa contra essa iluso nio pode ser transmitida em palavras. Qualquer pessoa que siga este caminho vai inevitavelmente sentir a grande maravilha propiciada pela nog&o de que a realidade nao exige uma armadura perene que deixa de fora a ptépria vida. Essa liberacao gera alegria e segutanca. Nao existe dificuldade maior do que o perigo ilusério e a postura de defesa contra ele. Nada gera mais desarmonia, separacao, medo 6dio, inverdade, culpa, atrito, ansiedade, hostilidade e solidao. Inversamente, libertar-se das falsas defesas produz harmonia, uniao, seguranga, amor, verdade, comunicagao, compreensio, tranquilidade emocional. sek Exemplo de caso real: Rita, de dezenove anos, muito bonita e de uma familia destacada e abastada, era inibida e insegura. Depois que reconhecen sua imagem bdsica, tomou consciéncia de que nao gostava de si mesma e fex varias outras importantes descobertas a seu respeito, ela percebeu 0 quanto era defensiva ¢ de que maneita essa defesa se manifestava. Ela estava injustificadamente convencida de que nao era digna de amor e nao tinha valor, porgue 0 pai nao a amava o suficiente. Como ele poderia estar errado, ele, a quem ela via como um deus sobre-humano? Ela nao permitia que os outros se aproximassem muito, jd que 247 CAMINHO PARA O EU REAL poderiam descobrir o quanto ela era sem valor. Eles a rejeétariam totalmente. Assim, ela precisava afastd-los. Para tanto, ela tinha wma postura altiva, superficial, desembaracada, falsamente alegre. Todas essas atitudes constituiam uma barritada que nao deixava que os outros passassem. Desta forma, ela era muito solitdria, 0 que parecia confirmar sua convicgéto original de que nao tinha valor. Quando ela vin isso claramente, por meio do autoexame e depots de transformar reagies emocionais vagas e indefiniveis em percepgao concisa, ela entenden que a defesa, e nao sua falta de valor imaginada, gerava a rejeitao. Aos poucos, ela comeou a ver que tinha valor e que tinha muito a dar. Foi uma revelagao saber que ela tinha a possibilidade de proporcionar felicidade on mdgoa, que era suficientemente importante aos olbos dos outros. Era a sua defesa que provocava mdgoa, sem que ela jamais soubesse, pois acreditava ser insignificante demais para ter esse pader. Ela comecon a ver mais claramente que os outros nao deixavam de gostar dela devido a suas imperfeigoes — era ela mesma que nao gostava dessas falbas. Era a atitude distanciada, falante, que ela havia escolbido como defesa, que era rejeitada ¢ criticada, porque magoava os outros ¢ fazia com que eles se sentissem dintinuédos e antipatizados. O reconhecimento de que o en real nunca tinha sido rejeitado, mas apenas a fachada que ela wsava como defesa, contribain muito para Rita recuperar a nogao de sex proprio valor. eek Para tomar conhecimento da defesa, é preciso que vocés percebam uma rigidez no plexo solar, que investiguem sentimentos de ansiedade e desconforto emocional, que sintam claramente uma tensao interior. Essas reagdes podem existir, de maneira difusa, com mais ou menos permanéncia, mas se tornam mais perceptiveis em algumas ocasides. O primeiro caso é dificil de determinar porque vocés nio tém consciéncia do que é viver sem ele, Vocés ignoram a liberdade, a animagio, a alegria de viver, 0 estado de alerta em paz, 0 conforto interior, que sao naturais. Para vocés, provavelmente o oposto € natural, e somente poderao perceber, no comeco, as manifestagées mais flagrantes. Depois que vocés concentrarem a atengio nessa direcio, nao sera dificil, por fim, tomar consciéncia concisa do funcionamento da sua defesa interior. Nesse momento, sera possivel questionar sua existéncia. O que vocés temem? Contra 0 que acreditam que precisam se defender? Em que consiste exatamente essa defesa? Como ela afeta os outros? Provavelmente, vocés vao ficar surpresos em ver que pequena parte dos medos e da prote¢ao contra eles faz sentido. Quanto menos sentido fizer, mais absurdo sera tudo isso, ¢ mais vocés vao estar no caminho certo, pois essas defesas sao irracionais, sem sentido, irrealistas — ¢, portanto, prejudiciais. Na revisio didria ¢ em outros momentos de auto- observacio, vai acontecer de vocés tomarem consciéncia instanténea quando o velho reflexo automiatico de defesa estiver atuando. Essa consciéncia vai enfraquecer a defesa e, cada vez que vocés verificarem sua eficiéncia, terio uma oportunidade de investigar mais fundo e entender melhor o equivoco que esta por tras dela, que a fez mascer. No fim, vocés se livrarao dela, de 248 CAMINHO PARA O EU REAL modo que vio sentir realmente a libertacio de algemas iniiteis, Vocés vaio conhecer 0 contentamento da liberdade interior, de faculdades adequadas com bom funcionamento, de profunda serenidade, de estado de alerta sem ansiedade. ae PERGUNTA: Quer dizer que devemos ficar quictos ¢ sd ouvir quando alguém nos critica? RESPOSTA: Ouga calmamente ¢ avalie: poderia haver algum gro de verdade nessa critica? Apesar da possivel injustiga, de um erro evidente por parte da outra pessoa, em alguns casos. Que mal isso pode fazer? Por que vocé tem tanto medo? Nao é um erro temer danos por uma critica feita na sua frente? Pense nisso. Observe suas reagdes mais profundas, que sao completamente desproporcionais a0 que a sua razio lhe diz. Entenda que o erro de uma pessoa nfo torna a outra pessoa cem por cento certa. Procure ver o certo e o errado nas duas partes envolvidas. A porcentagem nao importa, mas veja os dois — vocé e 0 outro — com a mesma objetividade distanciada, independentemente da tempestade das suas emogoes, que vocé nao deve absolutamente suprimir, reprimir ou negar, mas simplesmente observar o exagero insensato das suas rea¢des emocionais, a unilateralidade, © estado de defesa. Quando vocé estiver plenamente consciente disso, vera que 0 veneno vai sair do seu organismo. Nao culpe o outro pela sensacio desagradavel desse veneno, registrada como ansiedade. F. a sua defesa que criou a sensagao. Depois de enxergar isso com clareza, vocé vai descontrair € aceitar 0 que aparecer no seu caminho de mancira construtiva, crescendo com as experiéncias. Vocé também tem uma compreensio equivocada, achando que renunciar a defesa significa permitir que os outros o acusem injustamente ou tirem proveito de vocé. Veja, quanto mais essa defesa destrutiva e irracional for superada, melhor equipado vocé estari para defender-se adequadamente da injustica e da exploracio, das falsas acusaces ¢ dos insultos graves. Nao passa de imaginacio achar que vocé se protege de tudo isso com a atitude de defesa. Ao afastar qualquer tipo de critica, vocé nfo se defende de danos reais. E uma conelusio errada da sua parte. Vocé s6 vé duas alternativas: uma é a defesa total e rigida contra qualquer critica, mesmo construtiva (muitas vezes, vocé nem discerne 0 que ¢ sugestiio ¢ conselho ou ataque). A outta alternativa € que wocé acredita que, ao se abrit a sugestées, pode ficar vulneravel 4 vigorosa forca de vontade dos outros, cuja intencio é lhe fazer mal. Vocé vive nessa atmosfera de medo constante, esperando 0 pior dos outros seres humanos. Consequentemente, vocé fica desconfiado, fechado, distante, hostil. Esse é 0 motivo de surgirem experiéncias na sua vida que comprovam a desconfianga, nao que isso precise ser assim ou que justamente vocé, entre todas as pessoas, foi contemplado com um destino 249 CAMINHO PARA O EU REAL amargo. Quando vocé entender totalmente 0 que estou dizendo (com a ajuda de profunda meditagdo e auto-observasio), conseguir sair dessa armadilha em que esta agora. Vocé vai ser capaz de encontrar pessoas em que podera confiar; sera capaz de ouvir o que os outros tém a lhe sugerir; sera capaz de defender-se contra qualquer violacao dos seus direitos, sem vestir uma armadura constante que deixa de fora a propria vida. 250

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