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Ficha de ampliação
Nome: N.º Turma:

Salvar o que resta


Embora a falta de crias pudesse causar o envelhecimento

VT8DP © Porto Editora


na classe adulta, a origem do problema parece ser outra.
Investigando o número de nascimentos por ano e o
número de anos que cada cria sobreviveu, encontrou-se a
reposta. Em quase todos os anos ocorreram nascimentos
na população; houve até anos em que se registou o nasci-
mento de três crias. Uma boa parte das crias que comple-
taram o primeiro ano de vida sobreviveu até ao terceiro
ano, mas muitas desapareceram poucos anos depois. O
desaparecimento dos animais novos poderá explicar-se
pela sua morte e emigração para outros grupos. Mas o
que poderá estar na origem do problema: as característi-
cas do ciclo de vida e da organização social da espécie ou
as condições de vida no estuário?
Salvar ou evitar a morte de um único animal é uma medida A degradação do meio natural afeta, sobretudo, a sobrevi-
de conservação prioritária praticada em populações muito vência dos animais jovens, que são inexperientes, depen-
pequenas, como a dos golfinhos do Sado. Nestas popula- dem das progenitoras e estão em crescimento rápido.
ções, a vida de cada animal tem um peso proporcional- Estes poderiam partir à aventura em busca de melhores
mente grande no salvamento da população. O grupo do condições, emigrando para outros grupos, muito embora
Sado é uma das populações residentes mais pequenas este comportamento não seja observado noutras popula-
desta espécie conhecidas no Mundo. Atualmente, conta ções residentes de roazes. Ao largo do estuário, passam
com menos de três dezenas de animais. Simultaneamente, outros grupos de roazes com os quais os do Sado se
é uma das populações mais bem estudadas. encontram ocasionalmente. A população residente não
Ao longo dos últimos 18 anos, o tamanho da população está, por isso, isolada geograficamente, mas se houver
residente tem vindo a decrescer (30%), prevendo-se que a manifestação dos efeitos da consanguinidade, a sobrevi-
tendência se mantenha nas próximas décadas. A razão vência dos mais novos será afetada. Seja qual for o fator,
visível para este decréscimo a curto prazo reside no facto nós ainda não aprendemos a eliminar o desaparecimento
de a população atual estar envelhecida. Cerca de 90% dos dos animais novos da população residente. Por isso, o
adultos atuais (que constituem 70% da população) estão desafio imediato das medidas de conservação consistirá
próximos do limite de longevidade da espécie (40 a 50 em identificar a causa do problema, ao mesmo tempo que
anos). Assim, tendo em conta a idade estimada para estes se evitam mais mortes. O salvamento desta população,
adultos, prevê-se que morrerão nas próximas duas déca- aliás, só será possível se a mão humana proteger as áreas
das. Por outro lado, as fêmeas reproduzem-se menos à mais importantes para os golfinhos, limpando e desenco-
medida que envelhecem. Isto contribui duplamente para rajando ameaças.
o declínio, uma vez que serão também menos os nasci-
National Geographic Portugal (adaptado)
mentos na população.

1 Aponta dois fatores, próprios da espécie, que estão a contribuir para o desaparecimento dos golfinhos no
Sado.
2 Prevê as causas que estão na origem do declínio da população de golfinhos no Sado e que não são
determinadas por características da própria espécie.
3 “Compreender a importância da conservação de uma espécie é também compreender a importância da
conservação do seu habitat.” Explica de que forma a conservação de um habitat pode ser um fator tão ou
mais importante que a conservação da própria espécie.
4 Transcreve uma frase que justifique a afirmação: “a conservação dos golfinhos do Sado só poderá ser
conseguida com a intervenção do ser humano, que, desta vez, terá de ser parte da solução e não parte do
problema”.

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