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União Europeia ocultou estudo que mostra que a


pirataria não reduz vendas legais
Por Emerson Alecrim
22/09/2017 às 14:22

Encomende um estudo. Pague caro por ele. Receba o resultado. A conclusão é diferente do esperado. Melhor
jogar tudo para debaixo do tapete, então. Nenhum órgão sério faria isso, certo? Mas a Comissão Europeia fez: a
entidade pagou € 360 mil por um estudo que concluiu que a pirataria não prejudica as vendas de músicas,
filmes, livros, entre outros materiais protegidos por direitos autorais, e resolveu esconder tudo.

O estudo foi encomendado no início de 2014 e realizado pela Ecorys, empresa de consultoria e pesquisa
baseada na Holanda. O objetivo era justamente o de mensurar o impacto da pirataria online sobre as vendas de
materiais com copyright. Mais de 30 mil pessoas em países como Alemanha, França e Reino Unido foram
entrevistadas para o estudo.

Em um documento com 307 páginas (PDF) entregue pouco mais de um ano depois, a Ecorys detalhou com
riqueza de detalhes todas as nuances da pesquisa e concluiu: "os resultados não mostram evidências
estatísticas sobre queda nas vendas por conta das infrações online de copyright".

Tem mais: o estudo ainda sugere que a pirataria pode, na verdade, estimular as vendas de jogos por meio de
downloads e o streaming legal de vídeos. A pesquisa constatou que apenas a indústria do cinema é impactada
negativamente: de cada dez filmes obtidos ilegalmente, apenas quatro resultam na compra de cópias legais.

Essa exceção tem explicação: a Ecorys constatou que os preços de filmes são cerca de 80% mais caros do que
os valores que os consumidores estão dispostos a pagar. Com relação a músicas, livros e jogos, os preços (na
Europa) correspondem aos valores que os cidadãos consideram adequado.
Chama atenção a constatação de que a indústria de games é bastante beneficiada pela pirataria: muitas
pessoas começam pirateando um jogo, gostam dele e, depois, compram versões originais ou conteúdo adicional
para aproveitá-lo melhor.

Um estudo amplo como esse é interessante porque pode ajudar toda a indústria do entretenimento a moldar as
suas estratégias para não só coibir a pirataria, como também vender mais. De modo geral, a pirataria é efeito da
falta de disponibilidade, seja por dificuldade de acesso a determinado conteúdo (um filme que não está
disponível em nenhuma plataforma, por exemplo), seja por conta dos preços elevados.

“What the @EU_Commission found out about #copyright infringement but ‘forgot’ to tell us
https://t.co/Sxshdxy3KZ pic.twitter.com/Vk4Q74k1Hv”

“— Julia Reda (@Senficon) 20 de setembro de 2017 ”

Se é assim, por que o estudo ficou tanto tempo escondido? É uma pergunta que segue sem resposta oficial. O
assunto só veio à tona porque Julia Reda, representante do Partido Pirata no Parlamento Europeu, usou o
princípio do acesso à informação para analisar o documento e publicá-lo integralmente.

De acordo com a European Digital Rights, grupo que defende os direitos dos usuários na internet, o documento
foi ocultado deliberadamente pela Comissão Europeia. Como se não bastasse, a entidade divulgou, no ano
passado, um relatório que descreve apenas os efeitos negativos sobre a indústria cinematográfica apontados
pelo estudo da Ecorys.

Como não há, pelo menos até o momento, posicionamento oficial sobre o assunto, é de se presumir que a União
Europeia não quis confrontar os líderes da indústria do entretenimento ou temeu que a divulgação do estudo
sugerisse um enfraquecimento da entidade no combate à pirataria digital.

Com informações: TorrentFreak

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Guilherme Borges Cunha


Eu mesmo comecei jogando Skyrim pirata, aí veio a promoção da Steam e comprei.

Odmir
Mais ou menos. O Cinema e a literatura são prejudicados, a própria pesquisa ai mostra isso. Então tecnicamente só
outras mídias que não sofrem com isso.

Odmir
Na pesquisa fala tb que houve queda nos livros.
"All in all, total book sales declined in all countries except Sweden, and the ebook market is marginal except perhaps
in the United Kingdom." (p.78)

Fabio Nakagawa
Isso é a UE, meia dúzia de burocratas tomando conta de um continente. E as pessoas ainda ficam surpresas pela
democracia mais antiga em atividade ter caído fora dessa aberração.

Marcus
Araújo
O Netflix sempre foi popular, e 80% dos que conheço e assinam nunca ouviram falar em Popcorn Time. O ponto de
se pagar pelo conteúdo não é só simplesmente o preço, obviamente, mas também disponibilidade e facilidade de
consumo. Aliás, é por isso que o Netflix é um serviço e não uma mera revendedora de produtos (lojas online de filmes e
músicas, como o iTunes, sempre existiram há bastante tempo e nunca fizeram o mesmo sucesso que o Spotify e o
Netflix, embora o iTunes tenha se saído relativamente bem em vender músicas, mas não era algo popular).

Nicolas Gleiser
Meu ponto é que que o motivo principal da contratação do serviço, não é ele ser legal. Tanto que o popcorntime
chamou muita a atenção dessas empresas por ser tão simples quanto o netflix, eu só contratei o netflix quando
começou a ficar ruim o popcorntime

Marcus
Araújo
Isso vale para todos os assinantes. Ninguém pagaria por um serviço legal se não houvesse a contrapartida de ser
um excelente serviço. Esse é o ponto.

Nicolas Gleiser
*HBO GO é de qualidade . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . duvidável .

Nicolas Gleiser
O motivo da galera(pelo menos que eu conheço) em contratar netflix, spotify ... e serviços semelhantes não é nem
essa história de poder consumir um conteúdo "legal" pagando o preço justo, a maioria só contrata pois é mais
pratico .

Caleb Enyawbruce
Achei que era baseado na comparacao da variacao dos numeros de vendas com a variacao dos numeros de
pirataria. Mas não, é na opiniao de pessoas (que podem falar qualquer porcaria fora da realidade)... NEXT!

Yumeko
Criar mais plataformas etc, significa mais competição, e na competição normalmente existe algo chamado
concorrencia, o que faz com que baixem os preços dos produtos, ou tentem criar um melhor que o outro... criando
assim um monopolio natural, em que a que fizer o melhor serviço fica na frente
Gvoz
rsss, esse estudo ficou escondido, mas apareceu e agora muitos vão amar, rsss

Marcos
rsss, esse estudo ficou escondido, mas apareceu e agora muitos vão amar, rsss

Marcos Silva
Falou muito bem, Henrique! Pirataria é um caso bastante complicado, imagine um garoto que quer bastante ter
acesso a diversos livros, porém seus pais não tem condições de pagar. A única maneira pra ele será realmente
baixando na net, PRINCIPALMENTE alguns livros mais antigos que é mais dificil de serem encontrados. O mesmo vale
para documentários, biografias, etc. A "pirataria" é vista por muitos como nada mais que um acesso livre a cultura e ao
conhecimento e pra outros é vista como algo terrível e que deve ser duramente combatido. Pirataria é algo complicado e
deve ser bastante discutido. Felizmente já existem licenças como a Creative Commons que dão um pouco mais de
liberdade pras pessoas.

Uriel Dos Santos Souza


Os caras já tiveram lucros no cinema. Tem lucros vendendo as TVs, e canais de streaming e querem comer o nosso
figado cobrando preços altos.

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