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Relembrando...

Entre 1500-1530 o Brasil passou por um período chamado pré-colonial, pois não houve uma efetiva colonização
portuguesa no Brasil. Da chegada dos portugueses em 1500 até a vinda da primeira expedição colonizadora de
Martim Afonso de Souza em 1531, o Brasil recebia apenas expedições voltadas para a exploração do pau-brasil,
defesa do território e reconhecimento do mesmo. Construíram feitorias ao longo do litoral para armazenar a madeira
e utilizada mão de obra indígena por meio do escambo.

Esse desinteresse se deu devido os altos índices de lucro do


comércio com o Oriente e as rotas das especiarias e o novo
território, pelo menos naquele momento, não proporcionou
lucro, pois não se achou metais preciosos, gerando um certo
desencantamento. Não houve uma ocupação efetiva do
território, mas não houve um abandono, pois os portugueses
enviam as chamadas expedições que eram realizadas de
duas maneiras, uma exploradora, fazendo um levantamento
de possíveis riquezas, fazendo o mapeamentodo litoral
brasileiro e responsáveis pelo embarque do pau brasil, e as
chamadas expedições guarda costas, com o objetivo de
promover a vigilância da região costeira do território, pois
algumas nações não reconheciam o tratado firmado entre
Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas.

Contudo na época de Dom João III, houve a queda do


lucro do comércio de especiarias do Oriente pois estava
tendo concorrência, a distancia e a manutenção dos custos
dos territórios conquistas estava fazendo com que o lucro
não cobrisse mais os custos. Além disso, a ameaça de
invasores era constante principalmente dos franceses e
ingleses que não aceitavam o Tratado de Tordesilhas. Por
fim a reação da igreja católica usava da sua influência e
receio diante da movimentação protestante, com isso a
Igreja precisava suprir essa ameaça conquistando novos
fieis em outros territórios, queriam legitimar a
colonização, por meio dos jesuítas. Ou seja, esses fatores
influenciaram com que Portugal se interessassem de fato

pelo Brasil.

A expedição de Martim Afonso de Souza trouxe os


primeiros colonos, mudas de cana de açúcar, instrumentos
agrícolas, mudas de plantas e animais domesticados. Martim
Afonso tinha como objetivo proteger o litoral, aplicar a
justiça, estabelecer núcleos de povoamento, nomear
funcionários, buscar novas riquezas e administrar o
território.

Porém, como de fato realizar a efetiva colonização?


Portugal precisou organizar essa colonização tendo como
método a sua experiência em ilhas africanas.
Desenvolveu-se então as capitanias hereditárias que eram doação de lotes de terras para a iniciativa
privada. O Brasil foi dividido em 15 lotes de terra.

Quem tomava conta dessas terras eram os chamados donatários, recebiam terras ou capitanias hereditárias,
devendo povoá-las e cultivá-las, assumindo os riscos e os gatos da colonização. Se ele quisesse essa terra ele
teria que vir para Brasil, iniciando o processo de ocupação, exploração, dominação e defesa da terra. Porém
assumir os riscos e os gastos dessa colonização não era um processo fácil e nem barato. Por isso muitas
capitanias não foram ocupadas e consequentemente não tiveram futuro.

OBSERVAÇÃO: Com esse sistema era entregue aos donatários apenas o direito de exploração, sendo
hereditário. Mas a terra continuaria a pertencer ao Estado português.

O donatário poderia ser um burguês ou um nobre tivesse vontade de encarar a viagem e o desafio, além de
ter capitais próprios que financiassem o processo. Quando chegavam, eles recebiam dois documentos
administrativos. O primeiro se chamava foral onde estabelecia aos donatários os seus direitos e deveres, que
beneficiavam também a Coroa portuguesa.

DIREITOS DEVERES
Distribuir Sesmarias¹ Colonizar
Cobrar impostos aos sesmeiros Defender o litoral
Escravizar indígenas (Guerra Justa)² Explorar
Promover a fé católica (catequizar)
Pagar impostos para a Coroa

1) Sesmarias é o processo onde há a distribuição de lotes de terra. Na capitania hereditária ocorreu com o intuito
de baratear o custo de exploração.
2) Caso algum índio me atacasse ou atacasse a capitania poderia ser escravizado.

O outro documento que esse donatário recebia era a Carta de Doação garantia a o direito da exploração da terra.

De todas as 15 capitanias que o Brasil teve algumas não foram exploradas, outros tiveram sucesso e outras
nem tanto. Destacamos São Vicente, que teve como donatário Martim Afonso de Souza boa na produção
açucareira, e Pernambuco que teve como donatário Duarte Coelho bem sucedida devido a sua geografia,
pois ficava mais “perto” de Portugal diminuindo o tempo da viagem e barateando o preço do produto, além
de possuir terra, clima e solo favorável para a produção de cana de açúcar. Esse número de sucessos foi
insuficiente para a Coroa portuguesa, pois ela enfrentava uma crise causada pela derrocada do comércio
com as Índias Orientais, não atenderam os objetivos. Elas duraram de 1534-1548 e o alto custo para a
montagem do sistema administrativo, viagem distante e cara, ataques indígenas e a ausência de um poder
central foram as principais causas
1) Responsável pela justiça
2) Responsável pela cobrança de
impostos e Erário Público
3) Responsável pela defesa e
combate aos indígenas

desse insucesso.
1 2 3 Com esse resultado não desejado, teve
que se pensar em um novo mecanismo
para melhorar as capitanias. Cria-se
então um novo sistema administrativo,
não mais pautado na iniciativa privada mas, sim, no Estado, onde se foi nomeado para o Brasil um governador
geral, uma pessoa indicada pelo próprio rei de Portugal para vir e exercer o poder máximo na colônia. Esse
período foi chamado de Governo Geral, auxiliando na defesa do litoral e do território, auxiliar no investimento
da produção açucareira, auxiliar os donatários que passavam por dificuldades, e efetivar o povoamento dessas
terras que se deu por meio do trabalho compulsório, a escravidão africana. Apesar do governador geral ser o
poder máximo da colônia ele não conseguia cuidar de tudo sozinho e devido a isso foi preciso criar novos cargos
para o auxiliar na administração.

Os três primeiros governadores gerais que administraram o Brasil Colônia foram: Tomé de Souza (1549 a
1553), seguido de Duarte da Costa (1553 a 1558) e Mem de Sá (1558 e 1572). A administração de Tomé
de Sousa iniciou o processo de restabelecimento da Coroa Portuguesa nas terras brasileiras. No posto de
primeiro governador geral do Brasil, fundou a cidade de Salvador, a mando do Rei Dom João III. Na época,
a cidade foi fundada com o nome de “São Salvador da Bahia de Todos os Santos” (antiga capitania da Bahia
de Todos os Santos - hoje da Bahia), em homenagem a Jesus Cristo. Essa foi a primeira capital do Brasil e
sede da administração(capital) colonial portuguesa (governo geral e vice-reinado) durante o período de 1549
a 1763. Por conseguinte, Duarte da Costa entrou em diversos conflitos com os indígenas; por outro lado,
Mem de Sá, aproveitou para se aproximar dos índios e utilizá-los como força para combater os franceses
invasores.
Embora Portugal tenha dividido o país em dois polos, após a morte de Mem de Sá (em 1572), do qual a sede do
norte era em Salvador e a sede do Sul, no Rio de Janeiro, o governo geral foi extinto em 1808, com a chegada da
família real ao Brasil. Vale ressaltar que o sistema de Governo geral, auxiliou na consolidação da dominação
portuguesa no Brasil.
Algumas vezes o território brasileiro foi invadido algumas
vezes por outras nações europeias e uma delas foi aFrança
que estava passando por conflitos religiosos, de
protestantes contra católicos, pois a França era um país
católico enquanto Estado mas tinha presença de calvinistas
em aparelhos do Estado, que vem para cá estabelecendo
um povoamento, chamado de França Antártica, religioso, e
se aliam aos índios Tamoios que não gostavam dos
processos econômicos e políticos dos portugueses, além da
interiorização dos povos indígenas, sendo expulsos por
Estácio de Sá, sobrinho do então governador geral Mem de
Sá, que funda a região de São Sebastião do Rio de Janeiro.
No dia 1° de março de 1565, seu sobrinho, Estácio de Sá, veio a fundar a cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, em um terreno plano situado entre os  Morro Cara de Cão e Pão de Açúcar. Ali, então, Estácio de Sá
estabeleceu sua base de operações.O objetivo da fundação foi iniciar a luta pela expulsão dos franceses e
reconquista das terras da Baía de Guanabara, onde os franceses já se encontravam na área por dez anos.
Dom Sebastião, rei de Portugal, desapareceu numa batalha no norte da África. Sem ser casado ou deixar
herdeiros, por mais que o povo gostasse dele e demorasse para nomear alguém, em 1578, assumiu o trono
lusitano seu tio Cardeal Henrique, de Portugal, que tinha aproximadamente 70 anos e governou até 1580,
quando faleceu. Três nobres tinham o direito à coroa,  Catarina, infanta de Portugal, duquesa de
Bragança, António, Prior do Crato e Filipe II de
Espanha,Rei da Espanha.
Filipe com o intuito de unir os dois países e cm ganância no
comércio português contou com o apoio de muitos setores,
como a Igreja Católica (único setor que poderia coroá-lo
como rei) e do conselho de governadores de Portugal. Para
tirar sua concorrente da jogada ele ameaça e invade
Portugal. Então, em 1580, havia uma aceitação de seu nome e a estrutura portuguesa começa a mudar,
porém ele não poderia misturar as economias e começou a analisar maneiras de conseguir de fato governar e
enriquecer a Espanha. Nesse momento, começa a ideia de buscar seus principais inimigos como os Países
Baixos que, em 1579, declararam total independência econômica e política. Em 1580, se formou a União
Ibéria que durou até 1640. Foi coroado Filipe que busca ações que acabassem com o desenvolvimento
holandês, pois eles eram fortes em refinar o açúcar que na época era o “ouro branco”, não para os brasileiros
e, sim, para os portugueses, pois devido ao pacto colonial os produtos produzidos nessa nova terra
pertenciam à metrópole. Vale lembrar da questão econômica, pois se eu tenho um único produto e um
comprador, quem determina o preço do produto é o comprador, mas se eu tenho um produto e vários
compradores, quem determina o valor é o vendedor.

Como a Holanda se localiza nos Países Baixos, ou seja, abaixo da linha do mar, eles não têm terras de
cultivo e não trabalhavam com produção e, sim, com a exploração, com a manufatura desse produto, e eles
comparavam principalmente de Portugal, que trabalhava com o produto do Brasil.
A revenda era muito mais cara, e depois de refinar o tornava ainda mais caro. Assim, adquiriram uma
fortuna generosa. Quando, em 1579, eles declararam independência, os portugueses não gostaram muito
mas na hora não se importaram. Em 1580, a União Ibérica surge e Filipe II então toma algumas medidas
como o bloqueio econômico, os países baixos estavam proibidos de comercializar o açúcar com Portugal.
Os holandeses então tiveram uma ideia, pois não tinham como invadir a os países ibéricos, então criaram a
Companhia das Índias Ocidentais, criada para burlar a questão do bloqueio econômico e começaram a fazer
alterações, eles iam para Portugal e compravam o açúcar por meio da Companhia.
Em 1623, a Companhia foi descoberta e os espanhóis começaram a pensar no bloqueio também para a
Companhia. Os holandeses, por isso, pensam em invadir o
Brasil, que era o principal fornecedor de açúcar para os
portugueses, pois eles precisavam do produto e não do
território. Começavam, assim, as invasões holandesas.
Nesse contexto, surge a figura de Domingos
FernandesCalabar, filho de um senhor de engenho com
uma índia, proprietário de terra que se uniu para expulsar
os holandeses. Inicialmente, ele começa a lutar ao lado dos
portugueses, mas a guerra tem custos devido à perda de
território, mercadorias e de escravos, pois estava havendo
uma fuga para o interior formando os quilombos; os
senhores estavam perdendo a estrutura da escravidão.O primeiro lugar que eles invadiram foiSalvador,
capital do Brasil na época. Os espanhóis se armam e se juntam à população e expulsam os holandeses do
território. Como os holandeses não tinham muita opção,
eles decidiram ir atrás do maior fornecer do produto,
então eles invadem Pernambuco.
Calabar passa a apoiar os holandeses não apenas devido
ao preço de compra do açúcar, mas pela promessa de
reconstrução dos engenhos e a não imposição religiosa,
beneficiando assim a todos.
Os holandeses começaram a fazer um processo de
administração através de Maurício de Nassau. Ele
queria fazer com que Recife fosse uma “Veneza
brasileira” e ajudou os senhores a reconstruir os
engenhos.
ESTADO LAICO ? 1ªsinagoga do Brasil, no Recife.
Em 1640, há a restauração portuguesa, a dinastia Filipina não reinava mais e a separação da União Ibérica
ocorreu, havendo a ascensão da dinastia de Bragança. Portugal assinou um tratado de paz com a Holanda,
porém o açúcar começou a perder o seu valor e a Companhia das Índias não queria tomar um prejuízo e
determinou que Nassau fizesse a cobrança de todo o dinheiro emprestado aos senhores de engenho na
reconstrução dos engenhos. Nassau muitas vezes não cobrava, mas a Companhia não quis saber e começou
a cobrar. Vale lembrar das fortificações instaladas por eles no território, além de dominar o comércio do
tráfico de escravos, principal mão de obra. A população não gostou e índios, negros, colonos e portugueses
se uniram para expulsar os holandeses do território. Começou assim o primeiro movimento nativista da
História do Brasil, chamado deinsurreiçãopernambucana(1645-54) para expulsar os holandeses do Brasil.
PARA SABER MAIS:
Os escravos africanos podiam comprar ou ganhavam as suas alforrias.
Muitas vezes eles iam aos tribunais.
Havia dois tipos de escravidão. Antes do mercantilismo, escravidão de guerra, e
a pós mercantilista, voltada ao comércio, lucro e fenótipo.
Os africanos conheciam técnicas de agricultura, metalurgia e questões sociais.
“Quanto à procedência étnica do negro, destacaram-se dois grupos
importantes: os bantos, capturados na África equatorial e tropical
provenientes do Congo, Guiné e Angola, e os sudaneses, vindos da África
ocidental, Sudão e norte da Guiné.Interessante observarmos que entre os
elementos deste segundo grupo, destacavam-se muitos negros islamizados, e
alfabetizados, responsáveis posteriormente por uma rebelião de escravos
ocorrida na Bahia em 1835, conhecida como a Revolta dos Malês.”
“Os castigos corporais são comuns, permitidos por lei e com a permissão da Igreja. As Ordenações Filipinas
sancionam a morte (em último caso) e mutilação dos negros como também o açoite. Segundo um regimento
de 1633 o castigo é realizado por etapas: depois de bem açoitado, o senhor mandará picar o escravo com
navalha ou faca que corte bem e dar-lhe com sal, sumo de limão e urina e o meterá alguns dias na corrente,
e sendo fêmea, será açoitada à guisa de baioneta dentro de casa com o mesmo açoite. Outros castigos
também são utilizados: retalhamento dos fundilhos com faca e cauterização das fendas com cera quente;
chicote em tripas de couro duro; a palmatória, uma argola de madeira parecida com uma mão para golpear
as mãos dos escravos; o pelourinho, onde se dá o açoite: o escravo fica com as mãos presas ao alto e recebe
lombadas de acordo com a infração cometida.”
“Desde fugas isoladas, passando pelo suicídio, assassinato dos senhores, pelo banzo (nostalgia que fazia o
negro cair em profunda depressão o levando à morte) e pelos quilombos, várias foram as formas de
resistência do negro à escravidão, sendo a formação dos quilombos a mais consequente. Os quilombos eram
aldeamentos de negros que fugiam dos latifúndios, passando a viver comunitariamente. O maior e mais
duradouro foi o quilombo dos Palmares, surgido em 1630 em Alagoas, estendendo-se numa área de 27 mil
quilômetros quadrados até Pernambuco. Desenvolveu-se através do artesanato e do cultivo do milho, feijão,
mandioca, banana e cana-de-açúcar, além do comércio com aldeias vizinhas. Seu primeiro líder foi Ganga
Zumba, substituído depois de morto por seu sobrinho Zumbi, que tornou-se a principal liderança da história
de Palmares. Zumbi foi covardemente assassinado em 20 de novembro de 1695 pelo bandeirante Domingos
Jorge Velho, contratado por latifundiários da região.” Por isso, a data é comemorada hoje como dia da
consciência negra. (http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=4)
“O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária  reconheceu  seis terras de comunidades
quilombolas em quatro estados: Bahia, Pará, Paraíba e Sergipe.(...)As comunidades quilombolas são grupos
étnicos, predominantemente constituídos de população negra rural ou urbana, descendentes de ex-
escravizados, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a
ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Segundo o Incra, estima-se que em todo o país
existam mais de 3 mil comunidades quilombolas.As terras ocupadas por remanescentes das comunidades
dos quilombos são utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural. Para o
Incra, como parte de uma reparação histórica, a política de regularização fundiária de territórios
quilombolas é de suma importância para a dignidade e garantia da continuidade desses grupos étnicos.”
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/ 2017-08/incra-reconhece-terras-de-comunidades-quilombolas-em-quatro-estados )

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