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EMENTA
RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - RESOLUÇÃO CONTRATUAL
- COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO -
INADIMPLÊNCIA POR PARTE DO PROMITENTE COMPRADOR -
DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS - INCIDÊNCIA DE JUROS
MORATÓRIOS - IMPOSSIBILIDADE - CORREÇÃO PELO INCC -
INADMISSIBILIDADE - ABATIMENTO DA COMISSÃO DE CORRETAGEM
- CLÁUSULA PENAL ENGLOBA TAL DISPÊNDIO - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.
Tendo o comprador inadimplente dado causa à resolução do contrato,
não há que se falar em incidência de juros moratórios na devolução das parcelas
pagas.
Impõe-se a substituição do INCC pelo INPC para correção de parcelas
a serem devolvidas para manutenção do poder aquisitivo da moeda que investiu na
compra prometida.
Havendo cláusula penal estipulada na avença que engloba o dispêndio
com corretagem, não há justificativa para sua cobrança duplamente.
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RELATÓRIO
EXMA. SRA. DRA. CLARICE CLAUDINO DA SILVA
Egrégia Câmara:
Cuida-se de Recurso de Apelação Cível interposto por Imobiliária e
Construtora São José Ltda. contra a sentença proferida nos autos da Ação Ordinária que move
em desfavor do Espólio de Edson Wagner Soares dos Santos, representado pela Inventariante
Leila Maria da Silva Xavier.
O juízo singular julgou parcialmente procedente o pedido formulado
pelo Apelante “declarando rescindido o contrato de compra e venda firmado entre as partes,
declarando, via de conseqüência, a obrigação da autora na restituição dos valores pagos pelo
réu, descontando-se a multa contratual de 10%, sendo o montante do débito atualizado com
juros moratórios de 1% ao mês e correção pelo INCC, contados a partir de cada pagamento.”
(fls. 113)
Determinou, ainda, a imediata liberação da venda do imóvel, bem como
a condenação do réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios arbitrados em
R$2.000,00(dois mil reais).
Irresignada, a Imobiliária e Construtora São José Ltda. aviou Recurso
de Apelação, insurgindo-se contra a parte sentencial que determinou a incidência de juros de
mora na devolução dos valores pagos pelo Réu/Apelado, bem como quanto ao índice de
correção, o INCC, pugnando por sua substituição pelo INPC, índice que melhor reflete a
realidade inflacionária.
Pugnou, também, pelo abatimento dos valores referentes à comissão do
corretor imobiliário, conforme pactuado na cláusula 12ª do contrato celebrado entre as partes.
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VOTO
EXMA. SRA. DRA. CLARICE CLAUDINO DA SILVA
(RELATORA)
Egrégia Câmara:
Como relatado alhures, trata-se de Recurso de Apelação Cível
interposto por Imobiliária e Construtora São José Ltda. contra a sentença que julgou
parcialmente procedentes os pedidos formulados na Ação Ordinária de Resolução Contratual
que move em desfavor do Espólio de Edson Wagner Soares dos Santos, representado pela
inventariante Leila Maria da Silva Xavier.
A Apelante aponta a existência de equívoco no ato sentencial quando
determinou a incidência de juros de mora sobre o montante a ser devolvido ao Apelado,
asseverando que não deu causa à rescisão contratual, de modo que não pode ser compelida a tal
ônus.
Segue pugnando pela substituição do índice fixado para correção
monetária, aduzindo que o INCC é adequado para corrigir o valor das parcelas apenas enquanto
o imóvel está em construção, o que não é o caso, devendo ser substituído pelo INPC, índice que
melhor reflete a desvalorização da moeda.
Ao final, rechaça o capítulo decisório que não concedeu o abatimento
dos valores referentes à comissão da corretagem imobiliária, afirmando que há previsão
expressa na cláusula 12ª do contrato firmado entre as partes, o que, por si só, autoriza o
desconto e retenção do numerário por ocasião da resilição da avença e devolução das parcelas
pagas.
Feita breve resenha da insatisfação da recorrente, passo à análise
meritória.
De início, vale dizer que a contenda origina-se do contrato de
compromisso de compra e venda firmado entre as partes, em que a Apelante comprometeu-se a
entregar ao Apelado a unidade autônoma n.º 704, do Edifício Park Residence, quando ainda
estava em construção, mediante o pagamento da seguinte forma: R$50.000,00(cinqüenta mil
reais) de entrada R$35.000,00(trinta e cinco mil reais) no ato da assinatura do contrato e
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R$15.000,00(quinze mil reais) representado por um veículo Fiat Uno, descrito às fls. 29, 47
parcelas mensais de R$1.285,41(mil e duzentos e oitenta e cinco reais e quarenta e um
centavos)(a primeira em 20-07-2003 e a última em 20-05-2007), R$1.285,73(mil e duzentos e
oitenta e cinco reais e setenta e quatro centavos) em 20-06-2007 e, por fim,
R$50.000,00(cinqüenta mil reais) mediante a expedição do “habite-se”. De acordo com o
referido contrato, todos os valores seriam corrigidos pelo INCC e, após a expedição do habite,
a correção dar-se-ia pelo INPC + juros de 1% a.m.(um por cento ao mês)
Entretanto, o Apelado deixou de efetuar o pagamento das parcelas 38 a
42, o que deu ensejo à interposição da medida judicial com vistas à resilição do contrato e
liberação do imóvel para venda, culminando com a sentença ora invectivada.
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Dispositivo
Com essas considerações, conheço do recurso e DOU-LHE PARCIAL
PROVIMENTO a fim de reformar a sentença singular apenas para excluir a cobrança dos juros
moratórios na restituição das parcelas pagas e substituir o índice de correção monetária,
adotando-se o INPC.
Custas e honorários na forma decidida pelo juízo a quo.
É como voto.
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ACÓRDÃO
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DESEMBARGADOR SEBASTIÃO DE MORAES FILHO - PRESIDENTE DA
QUINTA CÂMARA CÍVEL EM SUBSTITUIÇÃO LEGAL
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DOUTORA CLARICE CLAUDINO DA SILVA - RELATORA
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GEACOR