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Escola de Música
Belo Horizonte
Dezembro de 2011
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DEBORAH MUSSULINI DE SOUZA
Belo Horizonte
Dezembro de 2011
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Deborah Mussulini de Souza
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Belo Horizonte
Dezembro de 2011
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RESUMO
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LISTA DE FIGURAS
Figura 4 - Banca montada pelo Coletivo #Nada Frágil. Foto: Pri Campelo.
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SUMÁRIO
3. CONCLUSÃO ................................................................................................... 25
4. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 27
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CAPITULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO
Se gosto musical fosse algo que se passasse de pai pra filho eu jamais teria
idade com o grupo Led Zeppelin, música Stairway to Heaven, porque esta fazia
parte do vinil, que pertencia a minha mãe, com a trilha sonora da novela Top
Model. Recordo-me também da aversão que minha mãe tinha dessa música,
Redescobri o rock com o grupo Legião Urbana quando tinha 8 para 9 anos,
mas não me lembro como foi. Naquela época computador era para poucos e a
internet ainda não era difundida popularmente no Brasil, então é provável que
Enquanto criança misturava o gosto musical entre rock dos anos 80, MPB que
na rádio ou fazendo muito sucesso, mas o rock sempre era a fuga e o gosto já
firmado. E foi nesse período da vida que agreguei suas outras vertentes, que
sobressai o Heavy Metal, e o Rock 70’s e 80’s internacional, como o estilo que
Nesta caminhada aprendi a tocar violão com 11 anos e conforme fui crescendo
foi ficando forte a vontade de ter uma banda. Tive um grupo musical ainda
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músicas e nos apresentávamos somente para a família tamanha a vontade de
ter um grupo.
no meio do rock n’ roll enquanto musicistas, veio uma vontade imensa de ter
um grupo formado só por meninas, pra mostrar que a gente também podia
fazer e tocar neste estilo musical, mas parecia um tanto improvável. Somente
com 20 anos,em 2007, fui integrar minha primeira banda de rock formada só
por mulheres. Fui convidada a ser vocalista, juntamente com minha irmã Thais,
que seria a tecladista. Este convite partiu de uma amiga nossa que
A banda foi fundada por Gabriela e Deborah, ambas estudavam juntas com a
Carol no ensino médio, mas não cheguei a conhecê-las nesta época escolar.
Thais, minha irmã, a banda estava completa e já tinha nome: Pandora’s Box.
Após dois ensaios decidimos mudar o nome do grupo porque já existiam outros
grupos com esse nome pelo Brasil, foi quando eu dei a idéia de ser Hard Dolls,
uma brincadeira com o nome do estilo proposto pela banda, Hard Rock, e Dolls
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hora apenas pra começar. Aquele momento de ensaio, na verdade, era
bandas formada por mulheres que nos inspiravam. Ali fazíamos planos para o
como era fácil conseguir shows quando o produtor de um evento via que era
uma banda só com meninas, mas na verdade esperavam tão pouco de nós em
meu namorado, Ricardo, comprar uma guitarra, estava com grande desejo de
guitarras, o vendedor vai direto abordar o Ricardo e não a mim, o que fica
que não era para ele, estava apenas de acompanhante, e era eu que
compraria naquele dia. Até então tudo bem, eu escolhi quais queria tocar para
especificações de cada guitarra para Ricardo e não para mim. Então, quando
gostei de uma, o vendedor para incentivar a comprar diz: “a leva mesmo, ela é
muito boa, a Pitty usa esta sabia?” Claro que ele citou uma mulher, da qual não
gosto aliás, porque mulheres não gostam de rock, a não ser a feita por
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mulheres, rock de “mulherzinha”, digamos assim. E Ricardo se adiantou de
mim, soltou um riso e disse: “A meu caro, então ela não vai levar essa não,
porque ela odeia Pitty, ela gosta é de rock n’ roll como eu havia te dito. Que
freqüentam a cena rock de Belo Horizonte vi que não sou a única a sofrer tal
tipo preconceito. Talvez fatos como este se repitam várias vezes e tornem um
foi como encarei o pré conceito que se tem das mulheres do rock: fui ao
A partir desta banda, Hard Dolls, fui ter acesso ao movimento do rock
intuito de divulgar e interar os fãs do estilo musical. Vi então que não éramos
ideologicamente que nós da Hard Dolls. Porém éramos a única banda, até
então, de Hard Rock formada só por meninas em Belo Horizonte. Uma dessas
cunho feminista, com ritmo acelerado do Hardcore, era e ainda é a Bertha Lutz.
E são elas que produzem o evento Riot Grrrls e criaram o Coletivo ‘#Nada
Frágil’.
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1.2 Metodologia
Nesta monografia trato da estética punk rock e hard core. Acredito que a
patriarcal. O objetivo é mostrar através do movimento Riot Grrrls Not Dead que
para embasar o que é dito por estes atores sociais atuantes e participantes da
cena.
evento. Por lá entrei em contato com a produtora Bah, da banda Bertha Lutz,
Após a aceitação busquei informações do Riot Grrrls original, feito nos Estados
Unidos no início da década de 90. Encontrei vários artigos e livros que tratam
do tema. O livro A little Too Ironic: The appropriation and packaging of riot grrrl
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manifestação punk feminista das Riot Grrrls nos Estados Unidos desde o inicio
como sua conexão com Estados Unidos, âmbito internacional, e São Paulo,
âmbito nacional.
nos zines.
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forma de configuração dos fanzines na Internet, no movimento feminista e suas
conseqüências.
primórdios do fanzine (junção de fanatic mais magazine), pois este não veio do
movimento Riot Grrrls, mas sim bem antes. Eram fãs que criavam publicações
Pesquisei pela internet as bandas que participaram do III Riot Grrrl’s Not Dead
e possuíam home page para embasar informações que seriam passadas por
http://www.facebook.com/profile.php?id=100002638581420.
na pág. 8.
lutz/
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CAPITULO 2 – ORIGEM E MOTIVAÇÃO DO FESTIVAL RIOT GRRRLS
Grrrls onde o termo “Grrrls” surge a partir da junção das palavras “girl” de
que aconteceu em Belo Horizonte no ano de 2009 o I Riot Grrrls Not Dead,
adaptado a realidade brasileira e dos nossos dias, abrindo espaço para outras
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² Segundo Magalhães (1993), o termo fanzine, é uma forma contraída das palavras inglesas fanatic e magazine. Foi
cunhado por Russ Chauvenet em 1941, tendo suas primeiras aparições na década de 1930, nos Estados Unidos,
inicialmente como um tipo de publicação de histórias de ficção científica, feita por fãs do gêneros.
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Aqui em Belo Horizonte foi também o feminismo ponto de partida para a
empreitada. A produção do Riot Grrrls Not Dead foi feita pelas garotas que
compõem a banda de hard core feminista Bertha Lutz, que surgiu em 2008
bateria.Todas tinham o mesmo desejo de que a Bertha Lutz não fosse apenas
um grupo de rock mas sim uma forma de protesto feminista. De 2008 até 2010
Para acabar com essa frustração uma saída encontrada foi organizar os
mês da mulher, foi o primeiro Riot Grrrls’s Not Dead, onde foram convidadas
vocalista da Bertha Lutz e uma das fundadoras do Coletivo #Nada Frágil, foi
bem sucedida essa primeira experiência com o festival por dois aspectos
música.
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¹ Cena é uma categoria êmica e se refere ao universo que envolve práticas, como a produção e difusão
de músicas, bandas e outras manifestações culturais por meio de shows, trocas de fanzines e
sociabilidades.CAMARGO(2007)
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Com o lucro do evento as meninas do Bertha repetiram a dose mais duas
vezes em 2011.
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A edição três do Riot Grrrls is Not Dead feita no dia 28 de agosto de 2011, foco
Cultural Feminista #Nada Frágil, que já vinha sendo articulado por estas há
Participei desta 3° edição da Riot Grrrl is Not Dea d, onde fui convidada a me
apresentar com a banda de hard rock da qual faço parte desde 2007: Hard
Dolls. Até então não conhecia o festival, mas já fiquei bastante interessada ao
social.
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Fig.3 Logotipo do Coletivo #Nada Frágil
O III Riot Grrrls is Not Dead aconteceu em toda uma tarde na tradicional Casa
Bah. Eram na sua maioria jovem, entre 16 (idade mínima para participar do
mulheres do que homem, isso eu constatei apenas visualmente, pois não foi
dominado por homens, talvez essa seja a principal motivação das bandas que
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participaram ali, sendo que as produtoras do evento e algumas outras meninas
tinham em mente algo maior, mais politizado do que apenas se firmar no meio
instrumentista ter que sair mais cedo do festival ou chegar mais tarde, por
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meninas individualmente se elas não forem
COMPLETAMENTE apaixonadas por música, por tocar e
por passar mensagem. O próprio Dominatrix sofreu muito
com isso.(Entrevista Elisa Gargiulo 2011)
Elisa é uma das musicistas mais antigas da cena musical feminista no Brasil
ainda na ativa e tem grande influência nas bandas do mesmo estilo que
são elas: Hard Dolls (Hard Rock), Bertha Lutz (Punk Rock), Cáustica (Rock),
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2.2 A Canção identitária de cada banda
Foi interessante ver as diferenças entre cada banda, não apenas no viés
Tia Marei, Cat’s me ouch e Hard Dolls são bandas cover, mesclando músicas
apresentadas por cada uma. Neste caso apenas reproduzem, na maior parte
do set list, canções do universo masculino, compostas por estes. Porém estas
na atitude, pois são meninas que também querem seu espaço no rock e lutam
maioria em seus set list. Cáustica é composta por: Pâmilla Vilas Boas - vocal e
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Basura pretende conquistar espaço na música independente e em seu circuito
cultural. Os integrantes definem a própria produção como:
Fig.4 Banca montada pelo Coletivo #Nada Frágil. Foto: Pri Campelo
Havia uma banca montada pelo Coletivo #Nada Frágil no hall da Matriz Casa
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lado direito da entrada, servia como recepção do público participante do
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“Às meninas do Bertha Lutz nossos cumprimentos pelo
@III Riot Girrrl's Not Dead, evento onde a Basura tocou
no último domingo ao lado de muita gente/banda boa!
Parabéns pela mobilização e organização, galera, foi
foda” 1 de Setembro às 13:22
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CONCLUSÃO
que a grande motivação do evento Riot Grrrls Not Dead é o machismo presente
sociedade o homem consegue ter mais espaço no circuito cultural rock do que
projetos como este que pesquisei, o coletivo #Nada Frágil, tentam conscientizar
contrária muito forte” a empreitadas deste tipo que Elisa Gargiulo cita sempre
vai existir, e não só por parte dos homens, mas também de muitas mulheres
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que já absorveram essas diferenças de gênero e nem notam mais o machismo
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REFERÊNCIAS:
Páginas da internet
• http://pamillaribeiro.tnb.art.br/
acessado em 18 de novembro de 2011
• http://basura.tnb.art.br/
acessado em 21 de novembro de 2011
• http://letras.terra.com.br/bertha-lutz/
acessado em 24 de novembro de 2011
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