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ASSOCIADA À OBESIDADE
bidades. Dentre estas, o enfoque nesse capítulo crescente incidência não for revertida, estima-se
será a HA associada à obesidade, que, com o que 100% da população americana será obesa no
diabetes mellitus, a dislipidemia e a doença vascular ano de 2230(9).
aterosclerótica, integram a denominada síndrome Aumentos nas taxas de prevalência de
metabólica, tendo como ela a “resistência à obesidade são observados tanto em países
insulina”(2). Essa condição tem sido definida como desenvolvidos, como naqueles em desenvolvi-
o estado no qual existe uma menor captação mento, excetuando-se as populações extrema-
tecidual de glicose em resposta ao estímulo mente pobres. A epidemia de obesidade também
insulínico, freqüentemente é acompanhado de uma atinge o Brasil, segundo apontam os inquéritos
elevação compensatória dos níveis circulantes da nacionais realizados nos anos de 1975 e 1989(10),
insulina. Particularmente, a distribuição abdominal
que registraram elevações na freqüência de
da gordura tem sido implicada na deterioração da
obesidade nesse período, para ambos os sexos e
sensibilidade tecidual à insulina e da tolerância à
para todos os estratos socioeconômicos. Em 1989,
glicose e na elevação da pressão arterial(3). A
níveis modestos de riqueza mostraram-se
associação de HA, a intolerância à glicose e a
dislipidemia à obesidade são conhecidas de longa compatíveis com altas taxas de obesidade,
data, assim como seu impacto sobre a morbidade sobretudo entre as mulheres (13,3%). Análises da
e mortalidade cardiovascular(4-6). A mortalidade tendência secular da obesidade não deixam dúvida
associada à obesidade decorre de lesões sobre o sobre seu enorme potencial de expansão, inclusive
sistema vascular, em particular no território entre as crianças e adolescentes. Dados do
coronariano. Os possíveis mecanismos envolvidos inquérito Pesquisa Nacional sobre Demografia e
na causalidade dessas doenças não serão Saúde – PNDS comprovam que da década de 80
profundamente discutidos, mas sim aspectos para os anos 90 houve elevação acentuada na
epidemiológicos da HA associada à obesidade. prevalência de obesidade em todas as faixas
etárias, destacando-se o aumento relativo da
EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE doença em adolescentes do sexo masculino
(137%) e em mulheres adultas (67%)(10). Conside-
Estudos de grandes amostras populacionais rando ser a obesidade um fator de risco cardio-
revelam forte correlação entre o índice de massa vascular independente e ainda suas freqüentes
corporal (IMC) e a gordura corporal e, ainda, associações com outros como a HA, o diabetes e
aumento do risco de mortalidade à medida que a dislipidemia, pode-se vislumbrar as implicações
cresce tal índice. Com base na constatação de dessa constatação sobre a saúde da nossa
que a partir de 25 kg/m2 de IMC já se verifica população. De fato, a importância da relação entre
incrementos nesse risco, a Organização Mundial o grau de adiposidade corporal e a incidência de
da Saúde recomenda identificar não apenas doenças cardiovasculares já fora consistente-
pacientes obesos (IMC superior a 30 kg/m2), mas mente demonstrada desde o Estudo de Framin-
também um grupo de indivíduos adultos pré- gham, no qual 5.209 indivíduos de ambos os sexos
obesos ou com sobrepeso (25 kg/m2 e 29,9 kg/ foram acompanhados por 26 anos(11). Análises
m2). Considerando esses critérios, os dados multivariadas revelaram que o percentual de
mundiais disponíveis sobre prevalência de excesso de peso dos homens, ajustado para
obesidade são alarmantes. Estima-se que existam, idade, tabagismo, pressão arterial, níveis séricos
atualmente, 100 milhões de indivíduos obesos no colesterol, presença de intolerância à glicose e
mundo(7). Um inquérito nacional americano sobre hipertrofia de ventrículo esquerdo, era preditivo de
saúde (National Health and Nutrition Examination doença coronariana, insuficiência cardíaca e morte
Survey – Nhanes III), realizado entre 1988-94, nos por coronariopatia. Mais significantes ainda foram
EUA, revelou que 40% a 50% dos adultos as associações independentes do peso das
apresentavam IMC superior a 25 kg/m² e 20% a mulheres com doença coronariana, cerebrovas-
25% eram obesos. A situação é ainda mais cular, insuficiência cardíaca e morte de natureza
preocupante na infância, considerando que o cardiovascular. Observaram, também, que para
mesmo inquérito apontou 20% de crianças e ado- ambos os sexos, o ganho de peso durante a vida
lescentes obesos(8). Se a tendência atual de adulta aumenta o risco de ocorrência de eventos
abdominal e níveis pressóricos elevados. Em fator de risco capaz de provocar aumento nos
mulheres japonesas obesas(61) e em nipo-ameri- níveis pressóricos. Apesar de diversos meca-
canos(62) já fora detectada correlação entre acúmulo nismos terem sido propostos para explicar
intra-abdominal de gordura e HA. O mesmo achado elevação da pressão arterial nos indivíduos
foi confirmado entre os norte-americanos cau- obesos, a fisiopatogênese da HA associada à
casóides, de origem mexicana e não-mexicana(3). obesidade não está completamente esclarecida.
Há evidências sobre a participação da resistência
Estimou-se que o risco de HA na população ame-
à insulina e hiperinsulinemia, embora ainda não
ricana poderia ser potencialmente diminuído, se a
estejam disponíveis estudos prospectivos de longa
circunferência da cintura dos homens fosse duração que possam assegurá-la. A resistência à
reduzida para valores inferiores a 102 cm e das insulina se associa particularmente à distribuição
mulheres inferiores a 88 cm. abdominal da gordura corporal. Acredita-se que o
Em resumo, com base em dados levantados, elevado risco cardiovascular atribuído à adipo-
não há dúvidas quanto à existência da associação sidade intra-abdominal esteja relacionado ao
de obesidade à HA. Estudos experimentais e em desenvolvimento da síndrome metabólica, da qual
humanos também comprovam ser a obesidade um participam a obesidade e a HA entre outras.
EPIDEMIOLOGY OF OBESITY-ASSOCIATED
ARTERIAL HYPERTENSION
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