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INTRODUÇÃO AOS

ESTUDOS
LINGÜÍSTICOS

1
SOMESB
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.

Introdução aos
Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira
Estudos Vice-Presidente ♦ William Oliveira
Lingüísticos Superintendente Administrativo e Samuel Soares
Financeiro ♦ Germano Tabacof
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Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância

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Sumário

VISÃO GERAL DA LINGÜÍSTICA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

HISTÓRIA E OBJETO DA LINGÜÍSTICA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

Ramificações da Lingüística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
Caráter Científico da Lingüística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 10
Breve Histórico da Lingüística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 11
Objeto da Lingüística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13
A linguagem, a língua e a fala ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13
Além do que está escrito... ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 17
Aquisição da Linguagem ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 18
Fases do Desenvolvimento da Linguagem ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 20
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 22

PRINCÍPIOS GERAIS DA LINGUAGEM ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24

Natureza do Signo Lingüístico ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24


Significante e Significado ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24
Perspectivas de enfoque: Sincronia, Diacronia, Anacronia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 26
Variação Lingüística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28
Variação Diatópica ou Regional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28
Variação Diastrática ou Socioculturais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29
Variação Diafásica ou Estilística ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29
Variantes, Gírias e Tabus ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 30
Gíria e Jargão ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 32
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 33

PERSPECTIVA DO ENFOQUE LINGÜÍSTICO ○ ○ ○ 35

GRAMÁTICA: CONSIDERAÇÃOES GERAIS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 35

História; divisões: Gramática Tradicional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 35


Período Pré-Socrático ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36
Período dos Estóicos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36
Período dos Alexandrinos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36
Escolas e Movimentos Modernos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 37
Os Vários Conceitos de Gramática ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 38
Fonética e Fonologia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39
Fonética ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39

3
Classificação dos Sons ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39
Vogais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 42
Consoantes ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 43
Semi-vogais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44
Introdução aos Alfabeto Fonético Internacional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Estudos A Fonologia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Lingüísticos Domínios da Fonologia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Conceitos básicos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 45
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 48

NÍVEIS DE ESTRUTURAÇÃO DA LÍNGUA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50

Morfologia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50
Morfema zero ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 51
Processos morfológicos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 52
Sintaxe ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 54
Agora é Hora de Trabalhar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 59
A Semântica e o Léxico. A Lexicologia e o Dicionário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 60
Semântica ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 60
Lexicologia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 63
Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 65
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 67
Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 69
Referências ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 71

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Apresentação da disciplina
Querido (a) Aluno (a)

Um curso de Letras possibilita a aprendizagem e a reflexão sobre


os fatos lingüísticos e literários. Iniciaremos a partir desta disciplina –
Introdução aos Estudos Lingüísticos – os estudos específicos do Curso.
Estudar Lingüística possibilita ao professor da língua materna um
conhecimento mais estruturado, científico e profundo sobre como a língua
pátria é constituída e como ela funciona enquanto instrumento de
comunicação com uma dimensão social e histórica. O professor que
domina esse conhecimento tem melhores condições de decidir o que é
pertinente trabalhar com os seus alunos e como estruturar as atividades
que os ajudem a atingir um maior domínio da língua e a ter uma maior e
melhor competência comunicativa. Este será o conteúdo e o propósito da
nossa disciplina.
Entretanto, engana-se aquele que pensa que esta disciplina é uma
nova versão da Gramática Normativa. Trataremos do conceito de
Lingüística, linguagem, os teóricos que se destacaram – a exemplo de
Edward Sapir, Ferdinand de Saussure, Leonard Bloomfield, Mikhail
Mikhailovich Bakhtin, Roman Osipovich Jakobson, Noam Chomsky e
Joaquim Mattoso CÂMARA JR. – ou seja, temos muita gente nova a
conhecer, assim como seus pressupostos teóricos.
Essa disciplina, a exemplo das anteriores, possui uma carga horária
de 72 horas. Está dividida em dois blocos temáticos, sendo que cada bloco
será trabalhado em duas semanas.
Temos mais um desafio pela frente. Mas, como nos diz Madre Teresa
de Calcutá...
“A Vida é uma oportunidade, aproveita-a. A Vida é
beleza, admira-a. A Vida é felicidade, saboreia-a. A Vida
é um sonho, torna-o realidade. A Vida é um desafio,
enfrenta- o. [...]A Vida é uma aventura, encara-a. A Vida é
Vida, defende-a.”
Sucesso nas descobertas!
Profª. Joalêde Bandeira

5
Introdução aos
Estudos
Lingüísticos

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VISÃO GERAL DA LINGÜÍSTICA

HISTÓRIA E OBJETO DA LINGÜÍSTICA

“A lingüística é a parte do conhecimento mais fortemente


debatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o
sangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos,
biólogos e neurologistas além de também ter um pouco de
sangue proveniente de gramáticos.” (RYMER, p. 48)

Para começar, vamos fazer algumas considerações...

A maior parte dos livros nos diz que a Lingüística é o estudo científico da linguagem
humana e das línguas naturais – línguas faladas por toda a comunidade humana para a
interação social. Aquele que se dedica a este estudo é chamado de lingüista. Parece
simples este conceito, entretanto há uma diversidade de definições para o termo linguagem,
gerando muita controvérsia. John Lyons (1997, p.15) diz que a pergunta “o que é linguagem?”
é comparável a “o que é a vida?”. Para estudarmos Lingüística, é fundamental conhecermos
as respostas para esta pergunta. ou seja, muito temos a conhecer...
Retomaremos esta questão no tema 2, no qual trataremos, especificamente, dos
conceitos de língua, linguagem e também Lingüística.

Para o momento vamos pensar sobre o campo de atuação da Lingüística.

Ramificações da Lingüística

A fim de cumprir o seu objetivo básico, que é determinar a natureza da linguagem e a


estrutura e funcionamento das línguas, a Lingüística segue duas direções:

1 Busca desenvolver uma metodologia de trabalho que vai desde a delimitação de


conceitos operatórios até a discussão e montagem de modelos descritivos e/ou
explicativos dos fenômenos lingüísticos. Assume assim um caráter teórico e geral,
pois não se ocupa de nenhuma língua em particular, mas dos fatos em geral e a maneira
de abordá-los. Suscita diversas correntes metodológicas e vários níveis de discussão.

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2
Busca observar e descrever línguas testando métodos e técnicas visando
descobrir como é a estrutura da língua e como funcionam as línguas. Por estudar
um número maior de línguas, fornece material para, em âmbito mais abstrato,
Introdução aos determinar a natureza e os traços que compõem a linguagem.
Estudos
Lingüísticos
Vamos dar nomes a cada um dessas “direções” que a
Lingüística segue. Trata-se da Lingüística Geral e da Lingüística
Descritiva, respectivamente. E aí, você já ouviu estes nomes?

É preciso ainda clarear um pouco mais estes


no
novv os conceitos?? V amos lá...
Vamos

Convém ressaltar que a despeito de suas diferenças, elas se complementam, visto


que a Lingüística Geral fornece conceitos e categorias em termos dos quais as línguas
serão analisadas; enquanto a Lingüística Descritiva fornecerá os dados que confirmam ou
refutam as proposições e teorias colocadas pela Lingüística Geral. Quem nos diz isso é
John Lyons. Para ilustrar, vamos ao exemplo:

LINGÜÍSTICA GERAL LINGÜÍSTICA DESCRITIVA

formula a hipótese de que em refuta a hipótese demonstrando,


todas as línguas há nomes e mesmo empiricamente, que em uma
verbos determinada língua os verbos não
existem

Aparentemente, somos levados a pensar que há apenas uma divergência entre


Lingüística Geral e Descritiva, mas se observarmos atentamente veremos que há um ponto
comum entre elas. Qual? O NOME e o VERBO. Para confirmar ou refutar a hipótese os
lingüísticas precisam operar com estes conceitos que foram fornecidos pela Lingüística
Geral.
Desse modo, a maior parte das pesquisas que estão sendo feitas atualmente sob o
nome de Lingüística é puramente descritiva, visto que é bastante direta em si mesma.
Correspondendo a estudar a linguagem e descrever determinadas línguas,os seus autores
estão procurando clarificar a natureza da linguagem sem usar juízos de valor ou tentar
influenciar o seu desenvolvimento futuro.
Naturalmente há uma diversidade de razões para se descrever uma língua, que não
somente fornecer dados para a Lingüística Geral, ou testar teorias e hipóteses que geram
conflito, mas porque querem apresentar uma gramática de referência ou um dicionário para
fins práticos.
Como a linguagem interessa a diversas categorias, convém delimitar com muita
clareza o campo de atuação do lingüista, para que não se confunda ou penetre em outras
disciplinas. Para isso, analisaremos agora três dicotomias através das quais os autores
dividem o campo da Lingüística:

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1. sincrônica versus diacrônica
2. teórica versus aplicada
3. microlingüística versus macrolingüística

Assustado (a) com os termos? Calma! Vamos às definições...

1. Uma descrição sincrônica de uma língua descreve esta língua tal qual ela se
encontra em determinada época.
Já a descrição diacrônica, preocupa-se com o desenvolvimento histórico da língua,
assim como as mudanças estruturais que nela ocorreram. Entretanto, atualmente,
essas duas abordagens tendem a uma convergência, por vezes, tornando-se
impossível separá-las.

2. A lingüística teórica objetiva a construção de uma teoria geral da estrutura da


língua ou a criação de um arcabouço teórico geral para descrição das línguas. Como
o próprio nome diz, a lingüística aplicada é a aplicação das descobertas e técnicas
do estudo científico da língua para fins práticos, principalmente na elaboração de
métodos de aperfeiçoamento do ensino da língua.

A título de esclarecimento, a distinção entre lingüística teórica e aplicada independe


das outras duas. Na prática, há pouca ou nenhuma diferença entre os termos lingüística
teórica e lingüística geral, visto que ambas partem do pressuposto de que o objetivo da
teórica é formular uma teoria satisfatória da estrutura da linguagem em geral. Quanto à
lingüística aplicada, observa-se que ela se vale tanto do aspecto geral quanto do descritivo.

Viu como não é tão complicado?

A terceira dicotomia refere-se a uma visão mais estreita ou mais ampla dos
propósitos da lingüística. Vale lembrar que estes termos ainda não estão estabelecidos
definitivamente na teoria lingüística.

3. A microlingüística se refere a uma visão mais restrita, e a macrolingüística, a


uma mais ampliada. Na concepção microlingüística, as línguas devem ser analisadas
em si mesmas e sem referência a sua função social, à maneira como são adquiridas
pelas crianças e aos mecanismos psicológicos que subjazem à produção e recepção
da fala. Como diria Saussure, “ em si e por si”. De forma mais ampla, a macrolingüística
trata de tudo o que é pertinente, de alguma forma seja qual for á linguagem e ás
línguas.

Assim temos como campo de atuação:

MICROLINGÜÍSTICA
Fonética: o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
Fonologia: o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
Morfologia: o estudo da estrutura interna das palavras;
Sintaxe: o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais;
Semântica: ou semântica lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram;
Lexicologia: o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a
lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras
que descrevem o uso ou o sentido do léxico.

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MACROLINGUÍSTICA
Psicolingüística;
Sociolingüística;
Introdução aos
Lingüística antropológica;
Estudos
Dialetologia;
Lingüísticos
Lingüística matemática e computacional;
Estilística, etc.

Não há uma “lista” definitiva deste campo de atuação. Há, inclusive, divergência quanto
a isso na fala de diversos estudiosos.
Trataremos um pouco mais da microlingüística no próximo bloco! Cabe, também,
uma pesquisa para maior aprofundamento do campo de atuação da macrolingüística. Fica
aí a sugestão...

Caráter Científico da Lingüística

Como vimos no início deste capitulo, a Lingüística é definida como a ciência da


linguagem ou, alternativamente, como estudo científico da linguagem. Para Lyons (2004,
p.45) Lingüística é uma disciplina cujo status científico é inquestionável, visto que sofre das
implicações muito especificas das palavras inglesas “science” e “scientific” que se referem,
antes de qualquer coisa, às ciências naturais e aos métodos de investigação que lhes são
característicos.
Quando se fala em ciência, as pessoas pensam logo nas ciências naturais como
física, astronomia, biologia, e esquecem que as disciplinas de humanidades também são
ciências. Atualmente, porém, a maioria das ciências humanas tem rigor metodológico
comparável ao das ciências naturais, visto que usa ferramentas como a lógica e a
matemática para descrever seus objetos de estudo e construir teorias complexas.
A Lingüística foi decisiva para que as ciências humanas adquirissem esse rigor. Ela
foi a primeira dessas disciplinas a se constituir como ciência, no final do século XVIII, com
método e objeto próprios e bem definidos, emprestando depois às demais o seu método
de pesquisa.
Antigamente, a Lingüística não era autônoma, visto que se submetia às exigências
de outras disciplinas, a exemplo – lógica, filosofia, história. O século XX mudou
completamente esta atitude, que se expressa através do caráter científico dos novos estudos
lingüísticos, que estão centrados na observação dos fatos de linguagem.
O método científico admite que a observação dos fatos seja anterior ao
estabelecimento de uma hipótese e que os fatos observados sejam examinados de forma
sistemática mediante experimentação e à luz de uma teoria. Ora, partindo desse princípio,
não há o que duvidar do caráter científico da Lingüística.
Para entender como isso ocorreu, podemos fazer uma viagem no tempo, desde a
Antigüidade, quando a curiosidade sobre a linguagem humana começou a inquietar os
filósofos e sábios, até os dias atuais.

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Breve Histórico da Lingüística

Tendemos a pensar que a Lingüística é uma disciplina muito nova, visto que se
estabeleceu em sua forma atual há algumas décadas. Mas tem-se estudado a linguagem
desde a invenção da escrita ou, quem sabe, até mesmo antes disso.

Na verdade, a linguagem é tão importante que, sem ela, não


seríamos capazes de pensar, pois todo pensamento estrutura-se na
forma de alguma linguagem, seja ela verbal, visual, gestual, etc. O
filósofo grego Parmênides (535-450 a.C.) já dizia que “ser e pensar
são uma só e a mesma coisa”, idéia reafirmada pelo filósofo francês
René Descartes (1596-650) na famosa frase “penso, logo existo”.

De início, temos a “Gramática”. Estudo inaugurado pelos gregos, ainda de forma


filosófica, baseado na lógica e desprovida de qualquer visão científica e desinteressada da
própria língua. Neste momento, visa unicamente formular regras para distinguir as formas
corretas das incorretas. As primeiras discussões dos filósofos gregos centravam-se no
problema da relação entre o pensamento e a palavra, isto é, entre o conceito e o seu nome.
Isto levou Platão a estabelecer a primeira classificação das palavras de que se tem
conhecimento. Para ele, as palavras podem ser nomes e verbos. Depois dele Aristóteles
considerou uma outra classificação das palavras: nomes, verbos e partículas. Se aqui
temos a primeira divisão da cadeia de sinais lingüísticos pelo reconhecimento de uma
diferença de categoria entre palavras, estamos diante de uma posição que toma como
interesse a relação da linguagem com o conhecimento. Esta divisão entre nomes e verbos
visa descrever a estrutura do juízo, que deve falar de como é o mundo. De acordo com S.
Auroux (1992), citado por Guimarães (2001), “a Gramática pode ser considerada como
elemento de uma das primeiras revoluções tecnológicas da história do Homem”.
Ainda na antiguidade, é fundamental mencionar a Índia, onde o interesse religioso
levou a estudos bastante rigorosos dos aspectos fonológicos do sânscrito. Estes estudos
objetivavam estabelecer de modo perfeito que som deveria ser produzido nos cânticos
sagrados, para que eles tivessem validade sagrada. Neste caso, o que importa é a correção
da descrição de uma qualidade fônica, ou seja, a descrição da forma da língua, nela mesma.
Teremos oportunidade de fazer um estudo mais detido da história da gramática, por
hora vamos dar um salto no tempo e sair direto da Antiguidade para o século XIX, tempo em
que ocorreram muitas mudanças no campo da Lingüística.
No início do século XIX, considera-se o trabalho de Franz Bopp, Sobre o Sistema de
Conjugações do Sânscrito, Grego, Latim, Persa e Línguas Germânicas, publicado em 1816,
como um marco para a constituição da lingüística comparativa. Outra obra fundamental é a
Gramática Germânica de Grimm, de 1819. Antes deles pode-se considerar o trabalho de
Rasmus Rask de 1811, publicado em 1818. Neste momento, a lingüística se apresenta
tomando como objeto a mudança lingüística, motivada pela possibilidade de reconstituir o
passado lingüístico das línguas européias e asiáticas. A questão principal aqui são as
relações genealógicas entre as línguas, e o objeto do lingüista são as formas no seu processo
de mudança. Assume uma forma para saber como ela era antes, a fim de reconstruir por
comparação entre as línguas aparentadas (consideradas da mesma família), o passado da
forma em questão. Este procedimento, que se dá no interior de uma posição naturalista,
biológica, visto que, nesta época, a Lingüística é considerada uma disciplina da Biologia.

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EM SÍNTESE... é de concordância geral que o fato mais extraordinário
dos estudos lingüísticos do séc. XIX foi o desenvolvimento do método
comparativo, que resultou num conjunto de princípios pelos quais as línguas
Introdução aos poderiam se comparadas sistematicamente no tocante a seus sistemas
fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, demonstrando, assim, que eram
Estudos “genealogicamente aparentadas” Do mesmo modo que o francês, o italiano,
Lingüísticos o português, o romeno, o espanhol e outras línguas românicas tinham sido
originadas do latim; o latim, o grego e o sânscrito tiveram uma origem. Qual?
De alguma língua ainda mais antiga à qual se costuma denominar de indo-europeu ou proto-
indo-europeu.

Saiba Mais...
Mais...
No fim do século XIX e comecinho do século XX,
acontece o que se chama da grande revolução lingüística.
Ferdinand de Saussure, (1857 -1913), um estudioso suíço de
indo-europeu, cujas aulas de lingüística geral, publicadas
postumamente por seus alunos (Charles Bally e Albert
Sechehaye), determinaram direção da análise lingüística
européia de 1920 em diante. *(p.306)

Esse enfoque foi amplamente adotado em outros campos sob o termo


“estruturalismo” ou análise estruturalista. Saussure também é considerado o fundador
da semiologia.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Leonard Bloomfield e
colaboradores desenvolveram material de ensino para uma variedade de línguas cujo
conhecimento era necessário para o esforço de guerra. Este trabalho possibilitou o aumento
da proeminência do campo da lingüística, tornando-se uma disciplina reconhecida na maioria
das universidades americanas somente após a guerra.
Noam Chomsky desenvolveu seu modelo formal de linguagem, conhecida como
gramática transformacional, sob a influência de seu professor Zellig Harris, que por sua vez
foi fortemente influenciado por Bloomfield. O modelo de Chomsky foi reconhecidamente
dominante desde a década de 1960 até a de 1980 e desfruta ainda de elevada consideração
em alguns círculos de lingüistas. Steven Pinker tem se ocupado em clarificar e simplificar as
idéias de Chomsky com muito mais significância para o estudo da linguagem em geral.
(WIKPÉDIA, 2005)
Edward Sapir (1884-1939) antropólogo e lingüista, nascido na Alemanha, mas foi
nos Estados Unidos que liderou o estudo da lingüística estrutural. Foi um dos primeiros a
explorar as relações entre os estudos lingüísticos e a Antropologia. Sapir propôs uma
perspectiva alternativa sobre a linguagem em 1921, ao sugerir que a linguagem influencia a
forma de pensar dos indivíduos. A idéia de Sapir foi adaptada e desenvolvida durante a
Década de 1940 por Whorf, dando origem à Hipótese de Sapir-Whorf. Nesta teoria, os
homens vivem segundo suas culturas em universos mentais muito distintos que estão
expressos (e talvez determinados) pelas línguas diferentes que falam. Deste modo, também
o estudo das estruturas de uma língua pode levar à elucidação de uma concepção de um
mundo que a acompanhe. Esta proposição suscitou o entusiasmo de uma geração inteira
de antropólogos, de psicólogos e de lingüistas americanos e, em menor escala, europeus,

12
nos anos 40 e 50, antes de ser enfraquecida pela corrente cognitivista. Ela influenciou o
estruturalismo francês e, apesar das refutações formuladas, principalmente por etnólogos e
sociolingüistas neste meio-tempo, sua existência persiste até hoje.
Roman Osipovich Jakobson (1896 - 1982) foi um pensador russo que se tornou um
dos maiores lingüístas do século XX e pioneiro da análise estrutural da linguagem, poesia e
arte. Sua pesquisa foi decisiva para a constituição de um pensamento semiótico vinculado
à arte do construtivismo e da Fonologia como campo de estudo dos sons da linguagem.
Destacou-se, também, pelos estudos sobre afasia, pelo conceito de fonema como feixe de
traços distintivos e da concepção de linguagem como processo de seleção e de combinação
de signos. De mentalidade interdisciplinar, vincula a poética e a lingüística de tal maneira
que Haroldo de Campos chegou a chamá-lo de “o poeta da lingüística”.

Estes são alguns dos nomes que, enquanto “profissional das letras”, precisamos
conhecer. Foi apresentado um brevíssimo histórico, cabe à sua curiosidade e interesse
em descobrir um pouco mais.

Objeto da Lingüística

A linguagem, a língua e a fala

Acostumamo-nos a considerar a comunicação como muito importante, já dizia o


“Velho Guerreiro” – Chacrinha – “quem não comunica se estrumbica”. Todos os animais se
comunicam de alguma forma e, em algum período em sua vida, seja para garantir a sua
sobrevivência seja por interativos biológicos – a fim de garantir a continuidade da espécie
– só possível através de um mínimo de interação. A freqüência e a extensão da atividade
comunicativa estão ligadas aos meios que a espécie dispõe para tal fim. Embora seja
muito interessante estudar a comunicação dos animais, o nosso foco será a comunicação
humana, pois é nesta espécie que a comunicação atinge o seu mais alto grau de
complexidade.
Os homens se servem dos mais diversos expedientes para entrarem em contato uns
com os outros. Costuma-se dar o nome de linguagem a qualquer dessas formas de
comunicação. Desde os tempos mais remotos, este termo é utilizado para associar uma
cadeia sonora (voz) produzida pelo aparelho fonador a um conteúdo significativo e utilizar
o resultado dessa associação para interação social, tendo em vista que tal aptidão consiste
não somente em produzir e enviar, mas também em receber e reagir , efetivando o processo
de comunicação. Através dessa compreensão, a linguagem aparece como o mais eficaz
instrumento natural de comunicação à disposição do homem.
O desenvolvimento dos estudos lingüísticos fez com que muitos estudiosos
propusessem definições de linguagem, semelhantes em alguns pontos e divergentes em
tantos outros. Estudaremos aqui as apresentadas por Saussure e Chomsky, visto que
pressupõem uma teoria geral da linguagem e da análise lingüística.
Saussure considerou a linguagem “heteróclita e multifacetada”, visto que abrange
vários domínios - é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica - pertence ao domínio
individual e social; desse modo “ não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos
humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade” (1969, p.17). A linguagem, em sua
diversidade e complexidade, também é estuda por outras ciências, a exemplo da Psicologia
e a Antropologia, além da Lingüística. A fim de melhor especificar o objeto da Lingüística,

13
Saussure distingue a linguagem da língua – um objeto unificado e suscetível
de classificação. Define que a língua é uma parte essencial da linguagem.

Introdução aos
Estudos Mas o que é mesmo a língua?
Lingüísticos
Muitos de nós confunde língua e linguagem. – Mas não é a mesma
coisa? – nos perguntamos. Vocês conhecem este poema de Gregório de Matos


O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,


Não se diga que é parte, sendo o todo.

Este poema nos possibilita fazer uma analogia entre os conceitos de língua e
linguagem, observe:

a linguagem é ao mesmo tempo um produto social da faculdade de linguagem e


um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir esse
exercício nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é “ uma cavaleiro de diferentes
domínios”- física, fisiológica e psíquica, visto que pertence ao domínio social e individual,
não se deixando classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe
como inferir a sua unidade;
a língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação – daí a
analogia feita com o poema – desde que lhe demos o primeiro lugar entre os fatos da
linguagem.

Voltando ao mestre Saussure, a língua, para ele, é “um sistema de signos” – ou seja,
um conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de um todo. É a “parte
social da linguagem”, exterior ao indivíduo e obedece às leis do contrato social estabelecido
pelos membros da comunidade.
O conjunto linguagem-língua comporta, ainda, um outro elemento, conforme Saussure,
a fala. A fala é um ato individual, resulta das combinações feitas pelo sujeito falante utilizando
o código da língua; expressada pelos mecanismos psicofísicos (atos de fonação) necessários
à produção dessas combinações.
A distinção linguagem/língua/fala situa, segundo Saussure, o objeto da Lingüística.
Decorre daí a divisão do estudo da linguagem em duas partes: uma que investiga a língua
(langue) e outra que analisa a fala (parole). As duas partes são interdependentes, visto
que a língua é a condição para produzir a fala, assim como não há língua sem o exercício da
fala. Desse modo, ele destaca a necessidade de duas lingüísticas – a lingüística da língua e
a lingüística da fala. Saussure focou seu trabalho na lingüística da língua “produto social
depositado no cérebro de cada um”, um sistema supra-individual que a sociedade impõe
ao falante.

14
Esquematicamente, poderíamos apresentar os seguintes traços básicos:

LÍNGUA FALA

sistemática regularidade assistemático variedade

subjacente concreto

potencial real

supra-individual, coletivo individual

Os seguidores dos princípios saussureanos se empenham em explicar a língua por


ela própria, examinando as relações que unem os elementos no discurso, procurando
determinar o valor funcional desses diferentes tipos de relações. A teoria de análise lingüística
desenvolvida por eles, em herança a Saussure, foi denominada de estruturalismo – tema
que será mais detidamente estudado.

Pausa para respirar, antes de passarmos às idéias de Chomsky...

Aula de Português
Carlos Drummond de Andrade

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender

A linguagem
na superfície estrelada de estrelas,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,


e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,


em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada

15
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade, Obra Poética, 7º Volume


Introdução aos
Estudos Você já conhecia este poema de Drummond? Observe que ele faz, de
Lingüísticos forma poética, algumas considerações sobre a linguagem e a língua. E você o
que pensa sobre a dupla existência do português?

Agora vamos a Chomsky!

Em meados do século XX, Noam Chomsky trouxe para os estudos lingüísticos uma
nova “onda de transformação”. Em seu livro Syntactic Structures (1957, p.13), ele afirma
“doravante considerarei uma linguagem como um conjunto (finito ou infinito) de sentenças,
cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos”.
Ao refletirmos sobre esta definição, percebemos que ela vai além das línguas naturais,
mas, de acordo com o próprio Chomsky, todas as línguas naturais são, seja na forma falada
ou escrita, linguagens, no sentido de sua definição, uma vez que:

toda língua natural possui um número finito de sons (e um número finito de sinais
* gráficos que os representam, se for escrito);

mesmo que as sentenças distintas da língua sejam em número infinito, cada sentença
* só pode ser representada como uma seqüência finita desses sons (ou letras).

Ao lingüista, que descreve qualquer uma das línguas naturais, cabe determinar quais
dessas seqüências finitas de elementos são sentenças e quais não são - isto significa
reconhecer o que se diz e o que não se diz naquela língua.
Chomsky acredita que tais propriedades são tão abstratas, complexas e específicas
que não poderiam ser aprendidas a partir do nada por uma criança em fase de aquisição
da linguagem. Para ele, essas propriedades são “conhecidas” da criança antes do seu
contato com qualquer língua natural e devem ser acionadas durante o processo de aquisição
da linguagem. Portanto, para Chomsky, a linguagem é uma capacidade inata e específica
da espécie humana – ou seja, é transmitida geneticamente e própria da espécie humana.
Desse modo, existem propriedades universais da linguagem, de acordo com
Chomsky e aqueles que partilham destas idéias. A teoria desenvolvida por eles, denominada
de gerativismo – tema que estudaremos mais detidamente nas próximas aulas - baseia-se
na rapidez espantosa com a qual as crianças aprendem línguas, pelos passos semelhantes
dados por todas as crianças quando estão a aprender línguas e pelo fato que as crianças
realizarem certos erros característicos quando aprendem sua língua-mãe, enquanto que
outros tipos de erros aparentemente lógicos nunca ocorrem. Isto sucede precisamente,
segundo Chomsky, porque as crianças estão a empregar um mecanismo puramente geral
(isto é, baseado em sua mente) e não específico (isto é, não baseado na língua que está
sendo aprendida).
Do mesmo modo Saussure – que separa língua (langue) da fala (parole), ou que é
lingüístico do que não é – enquanto Chomsky distingue competência de desempenho. A
competência lingüística é a porção do conhecimento do sistema lingüístico do falante que
lhe permite produzir o conjunto de sentenças de sua língua: é um conjunto de regras que o
falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata para a aquisição

16
da linguagem aos dados lingüísticos que ouviu durante a sua infância. Já o desempenho
corresponde ao comportamento lingüístico, resultando não apenas da competência lingüística
do falante, mas também de fatores não lingüísticos, a exemplo de convenções sociais,
crenças, atitudes emocionais do falante em relação ao que diz, pressupostos sobre as
atitudes do interlocutor, etc., de um lado; e por outro, o funcionamento dos mecanismos
psicológicos e fisiológicos envolvidos na produção dos enunciados. Assim o desempenho
pressupõe a competência ao passo que a competência não pressupõe desempenho.
Observe que:
língua – sistema lingüístico socializado – de Saussure - aproxima a Lingüística
da Sociologia ou da Psicologia Social;

competência – conhecimento lingüístico internalizado – de Chomsky – aproxima


a Lingüística da Psicologia Cognitiva ou da Biologia.

Além do que está escrito...

Querido aluno, detivemo-nos em estudar as teorias lingüísticas que norteiam a


linguagem. Entretanto, é importante ressaltar que A linguagem verbal é a forma de
comunicação mais presente em nosso cotidiano, uma vez que mediante a palavra falada
ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos, comunicando-nos por
meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas.
Entretanto, para que a comunicação humana se processe, há outras formas de
linguagens. A linguagem não-verbal é constituída pelos outros elementos envolvidos na
comunicação, a saber: gestos, tom de voz, postura corporal, o desenho, a dança, os sons,
os gestos, as cores, etc.
As mensagens em linguagem corporal, por exemplo, são enviadas e recebidas
inconscientes e involuntariamente. Seu uso varia de um país para o outro, e até dentro de
um mesmo país, mas os princípios básicos são universais.
Na verdade, a linguagem não-verbal é como se conversássemos nas entrelinhas,
assim como precisamos fazer para compreender os textos, ou seja, precisamos ir além do
que está escrito.

Para ilustrar, pense na seguinte situação:

Uma história estava sendo contada... No final, as pessoas do grupo ficaram assim:

17
Quem de fato gostou da história? Quais as reações despertadas?

Para responder a estas perguntas, você não leu palavras, mas


Introdução aos expressões. Ou seja, observou a linguagem corporal - o modo como estamos
Estudos de pé ou sentados e os gestos que fazemos reflete sutilmente nossos
sentimentos em relação às pessoas com quem estamos interagindo e á
Lingüísticos situação em que nos encontramos. Em nossas salas de aula, precisamos ser
“craques” na leitura corporal, pois os nossos alunos nos transmitem
silenciosamente seus sentimentos, se a aula está boa ou não, aquela carinha de interrogação
ou até mesmo se está dando um passeio nas nuvens...

Aquisição da Linguagem

Desde o nosso nascimento, mergulhamos no mundo da linguagem, da fala, da língua


do meio em que vivemos. Crescemos ouvindo nossos pais e familiares falarem conosco,
fazendo uso de gestos e sinais, através da fala, das palavras. Assim começamos a
compreender o mundo, aprendemos as nossas primeiras palavras, a linguagem gestual, o
nome das coisas que existem ao nosso redor...
Recapitulando o conceito de linguagem humana, através de Gerber (1996, p.52) que
é bastante elucidativo, observe: “linguagem é um sistema finito de princípios e regras que
permitem que um falante codifique significado em sons e o ouvinte decodifique sons em
significado”. Este sistema da linguagem norteado por regras é finito, pois precisa ser
armazenado no cérebro. Paradoxalmente, possui a propriedade de ser infinitamente criativo,
uma vez que possibilita ao falante/ouvinte criar e entender um conjunto infinito de sentenças
gramaticais novas.
Conversamos anteriormente sobre as concepções de linguagem sob o ponto de
vista de Chomsky e Saussure. Agora, trataremos sobre a aquisição da linguagem, ou
seja, como a linguagem é adquirida pelos seres humanos.
Convém iniciar fazendo uma distinção entre desempenho e competência de
linguagem, porquanto não sejam sinônimos, pois o desempenho inclui e é afetada por outras
competências, como o conhecimento conceitual, social e pragmático. Já a competência é
afetada por fatores como memória atenção e fadiga.
Há uma infinidade de teorias e teóricos que tratam deste tema, dentre estes, Gerber,
já mencionada anteriormente, nos apresenta cinco abordagens sobre a aquisição da
linguagem:

1 abordagem da teoria social: foca os efeitos do input de linguagem


provido pela pessoa que cuida do bebê sobre a produção de linguagem da
criança, e os contextos sociais do início da infância;

2 abordagem de modelo de competição: surge do paradigma de


processamento de informações e tentativas de responder pelas variações individuais
na aprendizagem da linguagem;

18
3
abordagem de teoria cognitivista: que percebe a linguagem como
dependente e surgindo de princípios gerais e conceitos da cognição;

4 abordagem da teoria comportamental: vê a linguagem como semelhante


a todos os outros comportamentos aprendidos e como aprendizagem estímulo-
resposta;

5 abordagem da teoria lingüística: que vê a linguagem como surgindo de


uma estrutura cognitiva inata e específica, resultando do estabelecimento de
parâmetros para os princípios de uma gramática universal (UG).

Você deve estar se perguntando: tantas abordagens tornam claro o que deve ou
como se processa a aquisição da linguagem? Bom a resposta é: não e sim. Como pode
ser??? NÃO, porque há muita discordância quanto a como considerar os fatos da aquisição,
uma vez que os próprios teóricos, pela suas diferentes orientações e também formação,
sentem dificuldade em concordar uns com os outros. Contudo, podemos dizer que SIM,
porque diferentes abordagens nos farão refletir sobre diversos enfoques possíveis para o
tema, com isso, aprenderemos um pouco mais.
Dentre estas abordagens, trataremos especificamente da teoria lingüística, visto
ser este o foco de nossa disciplina.
Chomsky’ chamou atenção para dois fatos fundamentais sobre a linguagem. Em
primeiro lugar, cada frase dita ou ouvida é uma nova combinação de palavras, que aparece
pela primeira vez na história do universo. Por isso, uma língua não pode ser um repertório
de respostas. Sugere, em sua teoria, que no cérebro uma “gramática prévia” que possibilita
ao falante construir um número infinito de frases a partir de uma lista finita de palavras. O
que é denominado de Gramática Universal.
A gramática universal consiste em subsistemas interagentes de princípios e regras
que são comuns à linguagem em gral. As linguagens particulares se caracterizam como
variáveis ao longo de determinados parâmetros, em termos dos modos nos quais os
princípios são acionados. (GERBER, p.57)
Em Stenberg (2000), Chomsky nos apresenta o seguinte exemplo: se um cientista
marciano observasse crianças numa comunidade de linguagem única, ele concluiria que a
linguagem é quase completamente inata. Esse exemplo nos leva transporta ao segundo
fato observado por Chomsky - o ritmo que as crianças adquirem palavras e o conhecimento
da gramática sem que tenham sido ensinadas -. Para ele, o desenvolvimento desta aquisição
é tão rápida que não pode ser explicado apenas pelos princípios da aprendizagem, pois
considera que há uma “pobreza de estímulo”. As crianças criam frases, que nunca ouviram
antes, e por isso mesmo não podem estar imitando. Além disso, muitos dos erros cometidos
por crianças pequenas resultam do excesso de generalização das regras gramaticais lógicas.
Naturalmente, esta teoria de Chomsky e seus seguidores, não é aceita por todos os
teóricos. A principal crítica a essa abordagem é a de que não considera as diferenças
individuais na aquisição da linguagem, porquanto não distinga raça, classe social,
inteligência ou conhecimento cultural.

19
Fases do Desenvolvimento da Linguagem

Por que os bebês não nascem falando? Segundo Pinker (2002) citado
Introdução aos por Raposo e Vaz (2005), os bebês humanos nascem antes de seus cérebros
Estudos estarem completamente formados. Caso os seres humanos permanecessem
Lingüísticos na barriga da mãe por um período semelhante ao de outros primatas,
nasceriam aos dezoito meses, exatamente a idade na qual os bebês começam
a falar, portanto, nasceriam falando. Não é curioso??
O cérebro do bebê muda consideravelmente depois do nascimento. Nesse momento,
os neurônios já estão formados e já migraram para as suas posições no cérebro, mas o
tamanho da cabeça, o peso do cérebro e a espessura do córtex cerebral, onde se localizam
as sinapses, continuam a aumentar no primeiro ano de vida. Conexões a longa distância
não se completam antes do nono mês e a bainha de mielina continua se adensando durante
toda a infância. As sinapses aumentam significativamente entre o nono e o vigésimo quarto
mês, a ponto de terem 50% a mais de sinapses que os adultos. A atividade metabólica
atinge níveis adultos entre o nono e o décimo mês, mas continuam aumentando até os
quatro anos. O cérebro também perde material neural nessa fase. Um enorme número de
neurônios morre ainda na barriga da mãe, essa perda continua nos dois primeiros anos e
só se estabiliza aos sete anos. As sinapses também diminuem a partir dos dois anos até a
adolescência quando a atividade metabólica se equilibra com a do adulto. Dessa forma,
pode ser que a aquisição da linguagem dependa da maturação cerebral e que as fases de
balbucio, primeiras palavras e aquisição de gramática exijam níveis mínimos de tamanho
cerebral, de conexões a longa distância e de sinapses, particularmente nas regiões
responsáveis pela linguagem. (PINKER, 2002; apud RAPOSO E VAZ, 2005)

E tudo começa com um balbucio ...

Os teóricos costumam dividir o estágio inicial da aquisição de linguagem em duas


fases: pré-lingüística e lingüística. No estágio pré-lingüístico, a capacidade lingüística da
criança desenvolve-se sem qualquer produção lingüística identificável. Este período se
estende, aproximadamente, até o 10º mês de idade. É caracterizado, basicamente, por
vocalizações incompreensíveis e, a partir dos nove meses de idade, por algumas palavras
tão mal formuladas que dificilmente são compreendidas. Nesta fase, as vocalizações não
possuem ainda função representativa, ou seja, uma relação objetiva entre os sons, conceitos
e objetos. Com o aparecimento das primeiras palavras esta função começa a se estabelecer.
Na fase lingüística, quando a criança começa a falar palavras isoladas com certa
compreensão. Posteriormente, a criança progride na escalada de complexidade da
expressão.

* Este processo é contínuo e ocorre de forma ordenada e seqüencial, com


sobreposição considerável entre as diferentes etapas deste
desenvolvimento.

*
Veja, na página seguinte, a síntese do desenvolvimento da linguagem apresentada
por Schirmer, Fontoura e Nunes (2004).

20
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RECEPTIVO IDADE EXPRESSIVO
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Assusta-se Choros diferenciados e sons primitivos


0-6 semanas
Aquieta-se ao som de voz Aparecem os sons vogais (V)

Vira-se para a fonte de voz Primeiras consoantes (C) ouvidas são


Observa com atenção objetos 3 meses p/b e k/g. Inicia balbucio
e fatos do ambiente

Balbucio (seqüências de CVCV sem


Responde com tons
6 meses mudar a consoante)
emotivos à voz materna Ex.: dudadá..
Imita sons.
Entende pedidos simples com Entende não e tchau.. Jargão.
9 meses
dicas através de gestos Balbucio não-reduplicativo(seqüência
CVC ou VCV)
Entende muitas palavras familiares
Começa a dizer as primeiras palavras,
e ordens simples associadas a 12 meses como: mamá, papá ou dadá..
gestos Ex. vem com o papai..
Conhece algumas partes do Poderá ter de 30 a 40 palavras (mamá,
corpo. Acha objetos a pedido bebê, miau, pé, ão-ão,upa).Começa a
18 meses
Brincadeira simbólica com combinar duas palavras (dá papá).
miniaturas
Segue instruções envolvendo dois
Tem um vocabulário de cerca de 150
conceitos verbais (os quais são
24 meses palavras.
substantivos). Ex:coloque o copo
Usa combinação de duas ou três.
na caixa..
Entende primeiros verbos.
Usa habitualmente linguagem
Entende instruções envolvendo
30 meses telegráfica (bebê, papá, pão, mamã vai
até três conceitos. Ex:coloque a
papá).
boneca grande na cadeira
Inicia o uso de artigos, plurais,
Conhece diversas cores.
36 meses preposições, pronomes que diferenciam
Reconhece plurais
os sexos, adjetivos, e verbos auxiliares.
Começa a aprender conceitos
abstratos (duro, mole, Formula frases corretas, faz perguntas,
liso).Linguagem usada para usa a negação, fala de acontecimentos
48 meses
raciocínio.Entende “se, por que, no passado ou antecipa outros no
quanto.”Compreende 1.500 a futuro.
2.000 palavras.

21
As mesmas autoras nos dizem que o processo de aquisição da
linguagem envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes:
o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto
social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para
Introdução aos
formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o
Estudos gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar
Lingüísticos palavras em frases compreensíveis.

Os sistemas fonológico e gramatical conferem à linguagem a sua forma. O sistema


pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais
específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados. A intenção de comunicar-se
pode ser demonstrada de forma não-verbal através da expressão facial, sinais, e também
quando a criança começa a responder, esperar pela vez, questionar e argumentar. Essa
competência comunicativa reflete a noção de que o conhecimento da adequação da
linguagem a determinada situação e a aprendizagem das regras sociais de comunicação
é tão importante quanto o conhecimento semântico e gramatical.
Diversos estudos são efetuados para melhor compreensão deste processo e também
das anomalias que interferem neste desenvolvimento. O processo de aquisição da linguagem
é bastante complexo, mas também muitíssimo interessante. Dá vontade de só ficar falando
nisso, mas temos um “oceano a atravessar..”

Atividades
Complementares

1. Nesta semana começamos a ter contato com uma nova disciplina – a Lingüística –
ainda estamos dando os primeiros passos, mas já foi possível perceber qual a importância
deste estudo para os profissionais das Letras – ou seja – Nós! Então, a partir deste
conteúdo, elabore um texto analisando o papel da Lingüística na formação do professor da
área de Letras.

22
2. Leia atentamente o texto abaixo, trata-se de uma cantiga de cordel:

A Linguagem e a Língua
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

A língua muscular
O órgão alongado
Que fica bem situado
A língua pra degustar
....................................
E para deglutinar
A língua que se fala
A língua que se cala
Com ela se escreve
Com ela ninguém se atreve
Chupar somente uma bala
....................................
A língua que é falada
A língua que é escrita
A língua que é prescrita
A língua que é molhada
A língua que é colada
No selo daquela carta
A língua de quem se farta
Lá vai levando a mensagem
Por toda aquela passagem
A língua que se descarta
...........................................
Linguagem é expressão
Cultura de um povo
O velho e o novo
O verbo e a razão
Palavra e palavrão
A língua articular
O modo de se falar
A língua do que é dito
E pra guardar eu repito
Para se comunicar

(Fonte: Usina de Letras)

Observe que o poeta faz algumas considerações sobre a língua, a linguagem e a fala.
Identifique os conceitos presentes e, à luz dos nossos estudos, explique-os!

3. Destacamos em nosso estudo a aquisição da linguagem humana. Elabore um texto


relatando uma experiência vivida quanto à aquisição da linguagem - filho, neto, sobrinho,
vizinho – não importa de quem, mas a sua percepção sobre esta aquisição.

23
PRINCÍPIOS GERAIS DA LINGUAGEM
Introdução aos
Estudos A partir de agora, iniciaremos nossos estudos sobre alguns conceitos
Lingüísticos mais específicos da Lingüística.

Natureza do Signo Lingüístico

Conversamos anteriormente sobre a fala. Vimos que ela é a realização das


possibilidades oferecidas pela língua. Deste modo, é um ato individual e momentâneo no
qual interferem fatores extralingüísticos. Vimos também que há uma interdependência entre
língua e fala. Por seu caráter homogêneo, Saussure considera a língua – sistema de signos
- como o objeto específico da Lingüística.
Este mesmo autor nos diz que um signo é combinação de um conceito com uma
imagem sonora. Observe que quando alguém lhe diz: “ganhei rosas” o que acontece
imediatamente? Você mentalmente cria uma imagem mental e “visualiza” a escrita da palavra.
Este é o conceito de signo lingüístico. Ou seja, um conjunto formado de duas partes: uma
perceptível, ou imagem acústica - o significante - e uma inteligível, ou a idéia que o complexo
sonoro desperta no ouvinte, o conceito – o significado. Observe a ilustração:

IMAGEM ACÚSTICA CONCEITO

R–O–S–A

Significante Significado

É importante destacar que o signo não é uma “coisa e uma palavra”, mas um conceito
e uma imagem acústica. Esta imagem sonora é algo mental, visto que é possível a uma
pessoa falar consigo própria sem mover os lábios. Mas, em geral, as imagens sonoras são
usadas para produzir uma elocução.
Para ilustrar o conceito de signo:

significante sons face material (R-O-S-A)

SIGNO

significado conceito face imaterial ( )

24
Para definir a relação de que a língua e pensamento são indissociáveis, Saussure
criou uma analogia com a folha de papel: se rasgarmos o papel, afetamos ambos os lados
da folha – verso e anverso. Podemos ampliar este exemplo também para os componentes
do signo, o significado e o significante. A língua, para Saussure, é a expressão do pensamento
que, sem ela, é uma “massa amorfa e indistinta”. A expressão não se dá diretamente do
pensamento aos sons: ela é mediada pela língua, que é um sistema de signos.
É nesta relação que se estabelece no sistema que os signos adquirem seu valor,
que significam. A língua não é um sistema de signos justapostos, mas uma rede de signos
que se relacionam e, assim, significam.
Para melhor compreender esta relação, Saussure estabeleceu dois princípios: o da
arbitrariedade dos signos e o caráter linear dos significantes.
Vamos a eles:

1 Por que os signos são arbitrários? Será que ao pensar em rosa poderíamos
criar outra seqüência de sons que não a /r/-/o/-/s/-/a/ que lhe serve de significante?
A resposta será não, se considerarmos que a língua é um conjunto de convenções
– e realmente precisa ser assim – adotada por uma comunidade lingüística para
se comunicar. Entretanto, em outras línguas tal idéia pode ser representada por
outros significantes, rose (inglês) por exemplo.

2 O segundo princípio se refere ao caráter linear do significante. Sendo o


significante de natureza auditiva, desenvolve-se na cadeia do tempo de modo
que os signos se apresentam obrigatoriamente uns após os outros, formando
assim uma cadeia – a da fala, cuja estrutura linear em virtude disto, é analisável
e quantificável.

O signo lingüístico traz ainda como características, segundo Saussure, a mutabilidade


e imutabilidade do signo. Paradoxalmente, o signo lingüístico é simultaneamente mutável e
imutável. Parece ser uma contradição, mas a contradição desaparece atendendo às
diferentes perspectivas em que o signo é mutável e imutável. O signo é imutável pela simples
razão de que “relativamente à comunidade lingüística que o emprega, o signo não é livre,
mas imposto”. O povo não é consultado, e o significante escolhido pela língua não poderia
ser substituído por qualquer outro.

* A língua aparece, pois, como um corpo imutável,


independente não só do sujeito como da própria
comunidade lingüística que a utiliza. “Em qualquer
época, e por muito que recuemos, a língua aparece
como uma herança dura geração precedente”.

Em contrapartida, o signo lingüístico também aparece como mutável, pois a língua,


enquanto instituição social está sujeita à ação do tempo. “O tempo que assegura a
continuidade da língua, tem um outro efeito, à primeira vista contraditório em relação ao
primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos lingüísticos, e, num certo sentido,
podemos falar ao mesmo tempo de imutabilidade e da mutabilidade do signo.” A mutação

25
provocada pelo tempo sobre a língua consiste fundamentalmente num desvio
na relação entre significante e significado.
O próprio Saussure, através de uma analogia com o jogo de xadrez se
encarrega de ilustrar, o que, a princípio pode parecer uma contradição. Ele
Introdução aos
nos diz que se substituirmos as peças de madeira por peças de marfim, a
Estudos troca não fará nenhuma diferença. Entretanto, se diminuirmos ou aumentarmos
Lingüísticos o número de peças, essa mudança, com certeza, afetará a “gramática do
xadrez”...

Perspectivas de enfoque: Sincronia, Diacronia, Anacromia

“A língua altera-se no tempo, mas não por causa dele”


(BORBA, 2003, p.70)

Vimos que a língua não é estática, muito pelo contrário, é um mecanismo dinâmico
em constante transformação. Como elemento essencial para os estudos lingüísticos, ela
pode ser estudada sob três pontos de vista:

quanto ao seu modo de ser;


ao seu funcionamento;
quanto às suas transformações ou evolução.

Você percebeu que estes três pontos de vista têm relação com o tempo?
Vamos dar os nomes a cada um destes enfoques.

* O primeiro deles considera os fatos lingüísticos independente do seu real


funcionamento porque o seu campo de interesse está centrado no exame de suas
possibilidades de funcionamento, ou seja, descrevem ou explicam quanto à sua
natureza e função – este é o enfoque anacrônico.

* O segundo enfoque, o que será observado são os fatos ou dados concretos em


funcionamento, ou seja, a sua maior preocupação será descrever o funcionamento
concreto da língua em um dado momento e lugar, procura conhecer o estado de
língua - este é o enfoque sincrônico.

* O terceiro enfoque, naturalmente será o diacrônico. Neste, observa-se as mudanças


que a língua sofre com o decorrer do tempo, ou seja, detectam-se as alterações
sofridas pela língua no decorrer do tempo.

Convém destacar que o estudo anacrônico, por se deter no modo de ser dos fatos, é
atemporal, pois tanto pode referir-se ao passado, ao presente ou mesmo predizer o que
acontecerá no futuro. Diz-se, assim, que este ponto de vista examina o mecanismo lingüístico
como potencial, enquanto conjunto de possibilidades ou como uma máquina lógica.
Os enfoques sincrônicos e diacrônicos, apesar das características distintas, não
devem ser considerados como estanques. Na verdade, completam-se, visto que a língua

26
não é estática e, desse modo, não é uma realidade sincrônica. A sincronia é, então, uma
operação abstrativa e, de certa forma, redutora. Nesse sentido, precisa ser completada
pela visão diacrônica. Por outro lado, a sincronia vê a língua como um jogo de relações num
conjunto coerente e regular.
Veja um exemplo, apresentado por Borba (2003, p.72), que esclarece estes conceitos:
Sincronicamente o plural dos nomes (substantivos e adjetivos) funciona assim:

1º) nomes terminados em vogais recebem o (s): menino-s, bode-s


2º) nomes terminados em (r, -s, -z) recebem o (es): mar- es, mes-es, feroz-es;
3º) nomes terminados em (l) mudam o (i) em (is): anima -is, crué -is, azu- is

Para as regras acima, temos que observar o seguinte:

se a vogal pertence ao ditongo (ao), há três possibilidades:

mão, irmão mãos, irmãos


pão, cão pães, cães
dragão, leão dragões, leões

se o (s) está em sílaba átona, a palavra não varia:

um dois lápis
o os alferes
este estes ourives

a terminação em ( il) comporta-se assim:


perde o (e) recebe o (s):
(il) tônico
funil/funis, anil/anis
(il) átono perde o (il) e acrescenta-se
o (eis): fóssil/fósseis, dócil/eis

Considerações de ordem diacrônica mostram a regularidade desses fenômenos.


Inicialmente sabemos que o morfema de plural é o –s porque assim terminava o acusativo
plural latino, caso que gerou as formas do português. Esse –s acrescenta-se a diferentes
tipos de radicais.
Exemplo: Rosa/rosas, lobo/lobos, etc...
Ufa! Parafraseando Machado de Assis: “Você ainda está aí, caro leitor?” Se estiver,
fique tranqüilo, pararemos as regras gramaticais por aqui, e vamos à leitura de um poema
de Mário de Andrade, que nos faz refletir sobre o nosso próximo tópico:
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem si o quinhentos réis meridional
Vira tostões do Rio pro Norte?
Juntos formamos este assombro de miséria e grandezas,
Brasil, nome de vegetal...

27
Variação Lingüística

Segundo Dubois (1973, p.609), variação é o fenômeno no qual, na


Introdução aos prática corrente, uma língua determinada não é jamais, numa época, num lugar
Estudos e num grupo social dados, idêntica ao que ela é noutra época, em outro lugar
Lingüísticos e em outro grupo social. Ou seja, é perceber que a “língua é um organismo
vivo”, conforme já nos disse Saussure. Assim, uma variável lingüística é
caracterizada como forma alternante de se transmitir um mesmo conteúdo.
Ilude-se quem pensa que o português, língua majoritária no Brasil, constitui uma
realidade única e homogênea. Sujeito ao fenômeno da variação, próprio a todas as línguas,
a língua portuguesa do Brasil apresenta diversidade interna correlacionada com o espaço
geográfico, o estrato sociocultural, a faixa etária e o sexo próprios do falante. Desse modo,
falantes de diferentes regiões do país mostram diferenças no uso da língua, assim como
falantes que ocupam diferentes lugares na estrutura social ou que pertencem a gerações
diferentes, ou mesmo falantes que são de sexo diferente. É essa diversidade que passaremos
a estudar a partir de agora.

Variação Diatópica ou Regional

Você compreendeu o que eles disseram?

O estudo da variação diatópica considera a língua em suas ocorrências regionais –


comunidades lingüísticas -. Suas manifestações consideram que, hipoteticamente, há uma
linguagem comum sob o ponto de vista geográfico, sendo, geralmente, compreendida e
aceita, visto que contribui para o nivelamento das diferenças regionais.
Destaca-se que determinados traços distinguem a linguagem urbana da rural.
Considerando-se a linguagem urbana mais próxima da linguagem comum, pela ação
decisiva que recebe dos fatores culturais (escola, meios de comunicação, literatura,...);
enquanto que a rural conserva traços mais conservadores e isolados, tendendo à extinção,
visto as influências da vida urbana.
Sobre isso nos diz Labov (1972), que “os dialetos rurais podem transformar-se em
dialetos de classe nas zonas metropolitanas, com decorrência da migração dos falantes
rurais para as ocupações urbanas de menor prestígio.”

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Variação Diastrática ou Socioculturais

O estudo da variação diastrática leva em conta a classe social a que o indivíduo


pertence, influenciando no seu modo de falar. Tem influência, ainda, a sua escolaridade.
Infelizmente, é comum em nosso país que as classes de baixa renda apresentem maior
índice de analfabetismo. É o que está demonstrado na charge acima.
Além do grau de escolaridade, outros fatores, segundo Dino Preti (1997, p.38) podem
influenciar na fala, a exemplo de:

a) idade: as variações devidas às várias faixas etárias se restringem muito mais ao


vocabulário, às palavras utilizadas, visto que a “linguagem jovem” é considerado um
vocabulário gírio, e, de certo modo, vago.
Aí, a Tati , cara, é assim, fala sério, uma gata muito maneira, supercabeça, a gente
conversa sobre tudo numa boa.” (Maurinho, amigo de Tati – personagem de Heloísa Périssé
ao se referir ao lançamento do livro “o Diário da Tati”)

b) sexo: a oposição da linguagem do homem/linguagem da mulher pode determinar


diferenças sensíveis no tocante ao vocabulário. Entretanto, essa oposição vem
gradativamente perdendo sua significação, visto que, especialmente, nos grandes centros,
a mulher tem cada vez mais igualado seus hábitos e modo de viver ao dos homens.

c) raça ou cultura: variações ligadas a fatores etnológicos, ou seja, o estudo histórico


dos povos e suas culturas. No Brasil, destaca-se a influência nos falantes que residem em
zonas de maior imigração negra.

Variação Diafásica ou Estilística

Conforme vimos nas demais variações, a língua varia em várias dimensões em função
das circunstâncias específicas em que se realiza o ato de fala, conforme o canal utilizado na
comunicação, conforme o grau de intimidade existente entre os interlocutores, conforme o
assunto tratado, o local em que ocorre a interação. Assim é que diferentes recursos da
língua são mobilizados segundo as circunstâncias em que o falante esteja se comunicando,
oralmente ou por escrito, conforme a situação de fala permita um estilo mais informal ou
exija uma linguagem mais formal. É disso que trata a variação estilística ou diafásica.
Considerando, ainda, que a variação estilística é uma realidade da qual os falantes
não podem escapar, o desempenho dos falantes em situações de diferentes graus de
formalidade, permite a observação de diferenças na norma culta, em correspondência a
diferentes graus de formalidade na elocução. Deve-se observar, ainda, que, considerando-
se que os falantes não escrevem como falam, a norma culta se desdobra em uma modalidade
oral e uma modalidade escrita.

29
Na variação diafásica, pode-se estabelecer a hipótese de que o mesmo
falante use as formas “andar” ou “andá”, “fazer” ou “fazê”, apagando parte de
palavras quando está numa situação de bastante informalidade (por exemplo,
numa conversa familiar), diferentemente do que muito provavelmente faria
Introdução aos
numa situação de maior formalidade - como em uma apresentação. (FIORIN,
Estudos 2002).
Lingüísticos
Em síntese...
síntese...
Variação ou variantes lingüísticos são as variações que
uma língua apresenta de acordo com as condições sociais,
culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

Variantes, Gírias e Tabus


Em nossa sociedade, desfruta de prestígio aquele que utiliza a chamada língua
padrão. Entende-se como padrão, o português usado pelo segmento da população que
tem bastante escolaridade – o chamado português culto ou “norma culta”. É a variedade
que é ensinada na escola, que é usada nos documentos oficiais e em livros, jornais, revistas,
televisão e rádio. Entretanto, considerando-se a extensa área do país, e a existência de
vários centros urbanos importantes, dos quais origina a norma culta, faz-se necessário
reconhecer que essa norma apresenta algumas diferenças de região para região. Portanto,
não há como existir uma única norma culta vigente em todo o país.
Com o estudo das variações lingüísticas, reforçamos a nossa percepção de a
linguagem que utilizamos não transmite apenas nossas idéias, mas também um conjunto
de informações sobre quem somos socialmente, em que região vivemos, até mesmo os
nossos valores – ou seja – parafraseando uma frase bastante conhecida: - “diga-me o que
dizes e dir-te-ei quem és!”.
Assim, a língua é um poderoso instrumento de ação social. Por isso e para isso,
convém salientar que, enquanto futuros professores de Língua Portuguesa, devemos ensinar
a norma culta, mas respeitando sempre as diferenças, pois não é nosso papel condenar ou
eliminar a língua falada pelos nossos alunos em seu ambiente familiar. Saber usar bem uma
língua equivale a empregá-la de modo adequado nas mais distintas situações sociais.

Para entender um pouco mais este tema, vamos falar agora sobre os dialetos.

Você sabe o que é isso?

Segundo Halliday (1974) apud Preti (1997), “um dialeto é uma variedade de uma
língua diferenciada de acordo com o usuário: grupos diferentes de pessoas no interior da
comunidade lingüística falam diferentes dialetos.”
Desse modo, é possível que ocorram em qualquer área geográfica (embora sejam
mais freqüentes na linguagem urbana), identificar e descrever um sistema de variedades
sócio-culturais da linguagem a qual se denomina – dialetos sociais.
Não se pode esperar que os dialetos sociais sejam tão claramente distintos, como
os regionais, por exemplo, mas duas variáveis podem ser apresentadas, pois convivem
numa mesma comunidade, cada uma desempenhando especificamente o seu papel –
fenômeno conhecido por diglosia.

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Estamos nos referindo ao uso da linguagem culta ou padrão e uma linguagem popular
ou subpadrão. A primeira traz maior prestígio para os seus falantes e , normalmente, é
utilizada em situações de maior formalidade; a segunda, por sua vez, de menor prestígio, é
utilizada nas situações coloquiais, de menor formalidade.

Genericamente, poderíamos apresentar utilizar o exemplo utilizado por Ferguson:

Função Dialeto
culto popular
aula universitária, conferências, sermões X -
conversa entre amigos ou em família - X
discursos políticos X -
programas culturais e noticiários de TV ou rádio X -
programas de auditório da TV - X
novelas de rádio e TV - X
comunicações científicas X -
entrevistas com intelectuais a propósito de temas científicos / artísticos X -
irradiação de futebol e outros esportes - X
expressão de estados emocionais, confissões, anedotas, narrativas - X

Naturalmente, há controvérsias quanto a alguns destes elementos, se considerarmos,


por exemplo, os discursos políticos que temos assistido...
Poderíamos ainda fazer a seguinte síntese quantos aos níveis de linguagem:

{
padrão lingüístico;
maior prestígio;
situações mais formais;
falantes cultos;

CULTO
CULT literatura e linguagem escrita;
DIALETOS SOCIAS

sintaxe mais complexa;


vocabulário técnico;
maior ligação com a gramática e
com a língua dos escritores, etc.
comum

{
subpadrão lingüístico;
menor prestígio;
situações menos formais;
falantes do povo menos culto;

POPULAR linguagem escrita popular;


simplificação sintática;
vocabulário mais restrito;
gíria, linguagem obscena;
fora dos padrões da gramática tradicional.

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Sendo que o nível intermediário ou comum seria um meio-termo entre
o nível culto e popular, cabe observar que essas subdivisões não são perfeitas
quando didaticamente estudadas, pois não é tão simples traçar um limite entre
os níveis. Ficam alguns questionamentos para reflexão: Em sua fala, onde
Introdução aos
começa ou termina o nível popular? Até onde vai o nível culto? Viu como não é
Estudos tão simples?
Lingüísticos

Gíria e Jargão

Você já devia estar se perguntando, “e a gíria”?


A gíria é um dos muitos dialetos de uma língua. Normalmente é criada por um grupo
social como o dos fãs de rap, de havy metal, o dos que praticam uma determinada luta
como a capoeira, dos internautas, etc. Observe alguns termos utilizados pelos grafiteiros:

As gírias, quando ligadas às profissões, passam a ser chamada de jargão. É o caso


do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e de tantos outros profissionais.
Dino Preti nos diz: “Antigamente, jargão era a gíria dos marginais, mas, até hoje, há
estudos nos quais a palavra é usada como sinônimo de gíria.” Mas isso gera uma confusão
grande”, afirma.
Ainda de acordo com o mesmo autor, jargão é a “linguagem científica ou técnica
banalizada”. Por definição, é uma forma de falar inadequada à situação. “A pessoa quer se
promover, mostrar que fala uma linguagem que o outro desconhece, o que disfarça uma
ignorância.” , conforme nos diz Luis Fernando Veríssimo em “As Mentiras que os homens
contam”.
É fácil apontar o jargão dos outros, difícil é viver sem um. Do telemarketing ao
ministério, da mecânica ao magistério, toda atividade tem vocabulário próprio. Cada
especialista recorre à sua “rebimboca da parafuseta” ou à sua “política fiscal contracíclica”.
Então, por que a censura? “O jargão tem um sentido mais pejorativo nos meios acadêmicos,
mas, na verdade, a própria academia o usa muito”, diz Preti.

32
Atividades
Complementares

1. Leia atentamente o texto abaixo. Trata-se de uma música cantada por Zeca Baleiro,
um poeta/compositor maranhense, que, de forma divertida e bem humorada, nos apresenta
a oposição de duas forças: Deus e o diabo.

Heavy Metal Do Senhor

O cara mais underground que eu conheço é o diabo


que no inferno toca cover das canções celestiais
com sua banda formada só por anjos decaídos
a platéia pega fogo quando rolam os festivais

enquanto isso Deus brinca de gangorra no playground


do céu com santos que já foram homens de pecado
de repente os santos falam “toca Deus um som maneiro”
e Deus fala “aguenta vou rolar um som pesado”

a banda cover do diabo acho que já tá por fora


o mercado tá de olho é no som que Deus criou
com trombetas distorcidas e harpas envenenadas
mundo inteiro vai pirar com o heavy metal do Senhor

a) Identifique os elementos que denotam uma variação cultural.

b) Identifique os dialetos sociais utilizados. Para isso, identifique a qual grupo social pode
ser associado as palavras ou expressões como:

-underground, som, som pesado, heavy metal;


-inferno, canções celestiais, anjos, Deus, santos, homens decaídos;
-cara, cover, pega fogo, maneiro, rolar, tá de olho, envenenadas, pirar.

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2.
Suponha que você seja um criador de campanhas publicitárias e que
tenha sido contratado por uma indústria de perfumes para produzir os textos
de propaganda de uma nova linha masculina. Levando em conta as
Introdução aos características próprias da linguagem de cada grupo social, escreva um
Estudos pequeno texto dirigido a cada um dos seguintes tipos de público consumidor
Lingüísticos do produto:

a) jovens adolescentes urbanos

b) homens de elevado padrão socioeconômico

3. Leia atentamente as frases abaixo:

I. O professor chamou ele no quadro.


O professor o chamou no quadro.

II. Os meninos tudo saiu.


Todos os meninos saíram.

I II.

As frases acima e a charge, exemplificam o fenômeno da variação lingüística. Redija


um texto, de uma página, explicando a ocorrência desse fenômeno em nossa língua.

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PERSPECTIVA DO ENFOQUE LINGÜÍSTICO
“O ensino de língua na escola é a única disciplina em que existe
disputa entre duas perspectivas distintas, dois modos diferentes de
encarar o fenômeno da linguagem: a doutrina gramatical tradicional,
surgida no mundo helenístico no século III a.C. e a lingüística moderna,
que se firmou como ciência autônoma no final do século XIX e início
do século XX.” Marcos Bagno

GRAMÁTICA: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Para início de conversa...

Ouvimos o tempo inteiro o termo ‘gramática tradicional’ ou ‘gramática normativa’,


você sabe por que ela é assim denominada? É sobre isso que conversaremos a partir de
agora...

História; divisões: Gramática Tradicional

Saussure define a gramática como o estudo de uma língua examinada como um


“sistema de meios de expressão” (1992, p.185)
Mattoso Câmara Jr., no Dicionário de Lingüística e Gramática, nos diz que mais
estritamente é o estudo dos morfemas, ou morfologia, e dos processos de estruturação do
sintagma. Pode-se acrescentar o estudo dos traços fônicos e da grafia correspondente,
que permitem a apreensão lingüística pela distinção acústica dos elementos enunciados,
na língua oral – fonologia e fonêmica -, e, na escrita, a leitura do texto. Trata, assim, a
gramática:

a) dos fonemas e sua combinação;


b) dos morfemas e sua estruturação no vocábulo (sintagma lexical);
c) dos sintagma de vocábulos.

Desse modo, a gramática está dividida em três partes gerais, respectivamente:


fonologia, morfologia e sintaxe.

Desde a sua origem –Séculos V – IV a.C. - a gramática estabeleceu as regras,


consideradas as melhores, para a língua escrita, baseada no uso que dela faziam seus
usuários – escritores, poetas e prosadores. Etimologicamente é a “arte de escrever”,
esclarecendo, assim, o seu objetivo.

O estudo da gramática, na Grécia Antiga, apresenta três diferentes períodos:, pré-


socráticos, estóicos e alexandrinos.

35
Sócrates, Aristóteles e Platão
Nesta época, a língua não era uma preocupação independente,
Introdução aos encontrando-se esparsa na obra de cada pensador do período. As
Estudos reflexões sobre a língua eram feitas a partir de um cunho filosófico. Platão
discute a origem das línguas escrevendo um diálogo (Crátilo) dedicado à
Lingüísticos
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origem da língua: “todo enunciado tem dois elementos principais: um tema
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12345678901234567 e uma rema” (rema – aquilo que se fala sobre o tema) – ou seja, cria-se aí
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Pré-socrático

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12345678901234567 a divisão da oração em um elemento nominal e um elemento verbal,
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Período

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12345678901234567 estabelecendo-se, conseqüentemente, as classes do nome e do verbo.
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12345678901234567 Platão lança três classes gramaticais: substantivo, verbo e o adjetivo.
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1
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12345678901234567 Aristóteles acrescentou a estas duas classes as conjunções – que as
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12345678901234567 considerava como um elemento de ligação, não as distinguia, assim, das
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12345678901234567 preposições, artigos e pronomes.
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12345678901234567 Os estóicos consideravam que o homem tinha uma mente em
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12345678901234567 branco que ia sendo escrita com as experiências durante a vida – estas
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12345678901234567 experiências eram traduzidas a partir da língua. Trataram da pronúncia, da
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12345678901234567 etimologia e das classes de palavras e paradigmas flexionais
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12345678901234567 (separadamente) privilegiando o estudo gramatical, mas, ainda, sem estar
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12345678901234567 interessado na língua em si mesma, pois, como filósofos, estudavam a
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12345678901234567 língua como expressão do pensamento e dos sentimentos.
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12345678901234567 Os estóicos foram os que mais se ocuparam com os estudos da
dos Estóicos

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dos estóicos

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12345678901234567 gramática. Embora os escritos dos primeiros estóicos sobre gramática
Período
Período

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12345678901234567 se tenham perdido, ficaram, todavia,alguns dos seus resultados conhecidos
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12345678901234567 por informações de terceiros. A gramática dos estóicos oferece quatro
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12345678901234567 classes das palavras: nome, verbo, conjunção, artigo. Nesta classificação
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12345678901234567 os adjetivos são citados entre os nomes. Dividindo posteriormente entre
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12345678901234567 nomes próprios e comuns, passaram os estóicos a referir-se a cinco
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12345678901234567 classes de palavras. Introduziram também a distinção entre caso reto, - o
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12345678901234567 nominativo, - e os casos oblíquos, - acusativo, genitivo, dativo. O nominativo
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12345678901234567 seria a forma primeira; os demais, dele derivados. Classificaram os verbos
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12345678901234567 em passivos e ativos, e assim também em transitivos e neutros

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12345678901234567 (intransitivos). Distinguiram entre aspectos concluso e inconcluso do verbo.
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12345678901234567 Deixaram os estóicos de inserir nos casos (como fizera Aristóteles) a
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12345678901234567 distinção do verbo em presente, passado e futuro.
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12345678901234567 Assim denominados por se referirem aos sábios da Alexandria.
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12345678901234567 Destacaram-se nestes período:
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12345678901234567 Dionísio da Trácia (séc. II a.C.) produziu a mais antiga das gramáticas
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dos Alexandrinos

12345678901234567 gregas que se tem notícia. Nela, descreveu duas unidades básicas: a
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12345678901234567 sentença (logos) e o vocábulo (lexis). Cuidou principalmente dos vocábulos,
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Período

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12345678901234567 que são “partes do discurso” (meros lógou), arrolando ao todo oito classes:
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12345678901234567 artigo, nome, verbo , princípio, pronome, advérbio e conjugação.Três séculos
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12345678901234567 mais tarde, Apolônio Díscolo completará os estudos de Dionísio com o
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12345678901234567 desenvolvimento da sintaxe, mostrando na oração a binaridade - nome –
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verbo - , e ainda apontando as relações de concordância destas duas classes

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12345678901234567 entre si e com as demais. Ainda que não alcançando uma gramática plena,
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os trabalhos de Dionísio daTrácia e Apolônio Díscolo integram ainda hoje o
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12345678901234567 sistema que se apresenta como sendo o da língua padrão.
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Você percebeu por que a gramática é chamada de Tradicional?

Alguns gramáticos e datas que devem ser destacadas:


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1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234
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- Varrão (séc. I a.C.): o primeiro romano a escrever sobre a língua latina;
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- Donato (séc. IV d.C; Prisciliano (séc VI d.C): gramáticas com fins pedagógicos e
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descreviam o latim clássico;
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- João de Barros (1540): primeira reflexão da língua portuguesa. Tentativa de
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normatizar a escrita de algumas palavras;
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- Século XVII - Jerônimo Sares Barbosa: Gramática Filosófica da Língua Portuguesa;
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- Século XVII (1660): Gramática de Port-Royal;
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- Final do século XVIII: descoberta dos Sânscritos, levando à descoberta da “família
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das línguas” ;
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- Século XIX – Verdadeira revolução: início dos estudos lingüísticos.
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Conhecemos um pouco da história de nossa Gramática.... Vamos avançar na linha


do tempo e conhecer alguns dos movimentos do século XX.

Escolas e Movimentos Modernos

O Estruturalismo, inspirado no Curso de Lingüística Geral, de Saussure, nunca


considerou o falante como elemento importante na produção lingüística. O objeto de estudo
dos estruturalistas é a língua por ela mesma. A sua intenção era simplesmente a de descrever
os diversos sistemas lingüísticos, independentemente das condições de produção ou até
mesmo dos falantes que deles faziam uso. Se por um lado essa postura proporcionou à
Lingüística o status de ciência formalmente constituída, por outro acabou gerando uma série
de equívocos, não só no que se refere ao estudo das línguas, mas também em relação aos
métodos de ensino que passaram a ser “siga o modelo” (prática ainda comum nos dias
atuais, quando se dá maior importância à criatividade individual). Estuda a língua como um
objeto sincrônico.
Outro movimento moderno é o Gerativismo, baseado nos estudos de Noam
Chomsky. Esta teoria passou a ser conhecida a partir da publicação de Syntatic Structures
e desde então se transformou numa referência obrigatória para os estudos referentes à
linguagem humana impondo perspectivas com alto poder de convencimento. O gerativismo
se propõe a explicar os fatos lingüísticos e usa as intuições para julgar a sentença. De
acordo com a teoria de Chomsky, a mente deve ser estudada assim como se estuda o
corpo humano; cada parte do cérebro tem sua função, portanto, existe uma parte que é
responsável pela linguagem.
A gramática gerativista retrata o conhecimento mental que os falantes possuem da
língua que é a competência lingüística. Esse conhecimento mesmo que não seja usado
está guardado no cérebro. O uso que cada indivíduo faz desse conhecimento no dia-a-dia é
chamado de desempenho, mas não recebe muita importância do gerativismo.
Chomsky estabeleceu dois tipos de gramáticas dentro do gerativismo. Uma delas é
a Gramática Universal (GU), já mencionada anteriormente. A outra é a Gramática Particular
(GP) que se utiliza da gramática universal e também das características próprias de cada

37
língua. Os elementos da língua fazem parte da GU, já a forma e ordem de
como esses elementos são organizados na linguagem fazem parte da GP.
O Estruturalismo e o Gerativismo integram a tradição formalista. Ambas
Introdução aos as perspectivas não fazem indagações sobre a criação das estruturas numa
dada situação social. Os dois modelos se distinguem na medida em que o
Estudos Estruturalismo postula a língua como uma estrutura composta de diferentes
Lingüísticos construções, enquanto que o Gerativismo se prende à forma como a linguagem
é adquirida.O Funcionalismo surge após a II Guerra Mundial através dos
membros da Escola de Praga, com destaque para Roman Jakobson e Nikolaj
Trubetzkoy. Caracteriza-se pela crença de que a estrutura
fonológica, gramatical e semântica das línguas é determinada
pelas funções que têm que exercer nas sociedades em que
operam. Não têm uma gramática, pois entendem que a função
principal da língua é a comunicação. Desse modo, a língua é
utilizada como interação social, cujo correlato psicológico é a
competência comunicativa. A partir do funcionalismo surgem os
estudos sobre a gramaticalização.

Os Vários Conceitos de Gramática

Vimos que a gramática originalmente traz em si o conceito de “arte de escrever” ;


logo, privilegia a língua escrita, correta, dos grandes escritores. Mas, aprendemos também
que o termo correto, que é um juízo de valor, precisa levar em conta a funcionalidade da
língua através das variações diatópica, diastrática ou diafásica. O modo exemplar pertence
à língua histórica, enquanto que o correto (ou incorreto) situa-se no plano da estrutura da
língua funcional. Partindo desta reflexão, vamos aos conceitos de gramática:
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Mattoso Câmara Jr., (2004, p.11) define como o estudo do mecanismo pelo
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qual uma dada língua funciona num dado momento (syn- [reunião], chrónos
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Gramática [tempo]), como meio de comunicação entre os seus falantes, e na análise da
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Descritiva ou estrutura, ou configuração formal que nesse momento a caracteriza.
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Sincrônica Quando Mattoso Câmara utiliza o termo “gramática descritiva”, ou sincrônica,
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sem outro qualificativo, entende-se tal estudo e análise como referente ao
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momento atual, ou presente.
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12345678901234567890123 Recomenda como se deve falar e escrever, segundo o uso e a autoridade
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12345678901234567890123 dos escritores corretos – gramáticos e dicionaristas esclarecidos. (BECHARA,
Gramática
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12345678901234567890123 2001). É sinônimo de Gramática Tradicional, visto que normatiza e prescreve
Normativa
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12345678901234567890123 as regras do “bem escrever”.
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12345678901234567890123 Estuda a língua como um sistema; propões definições precisas, visto que se
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12345678901234567890123 fundamenta em critérios formais e distribucionais; apresenta unidades lingüísticas
Gramática
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Estrutural em construções diversas. Como falha, apresenta um tratamento insuficiente
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12345678901234567890123 para a análise sintática.
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12345678901234567890123 Representa uma concepção mais precisa e completa que outros modelos de
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Gramática
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12345678901234567890123 gramática; dá regras explícitas e ordenadas; geram um número infinito de
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Trans-
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construções gramaticais. Como falhas aponta-se o não fornecimento de
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formacional
12345678901234567890123 elementos para exercícios estruturais e a preocupação com a competência e
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12345678901234567890123 não com o desempenho.
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123456789012345678901234 Estuda a língua em uso, o desempenho lingüístico; levando em consideração
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Gramática
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123456789012345678901234 as necessidades do falante no momento da comunicação. Aponta-se como falha
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Funcional
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123456789012345678901234 o estudo preferencial pela língua falada em diferentes contextos.
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Parte da teoria lingüística elaborada por Chomsky e pelos lingüistas do
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Gramática Massachusssets Institute of Technolonogy entre 1960 e 1965. Chomsky define
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123456789012345678901234 uma teoria capaz de dar conta da criatividade do falante e sua capacidade de
Gerativa
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123456789012345678901234 emitir e de compreender frases inéditas. Nessa perspectiva, a gramática é um
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123456789012345678901234 mecanismo finito que permite gerar um conjunto infinito de frases de uma língua.
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Você observou que as gramáticas mudam de conceito, conforme a teoria utilizada


para explicar a língua?

Pausa para respirar!

Como são tratadas as palavras? Quatro abordagens...

Fonética e Fonologia
A Fonética é a ciência que apresenta os métodos para descrição, classificação e
transcrição dos sons da fala, principalmente aqueles sons utilizados na linguagem humana.
(SILVA, 1999, p. 23).

As principais áreas de interesse da Fonética, são:

fonética articulatória: compreende o estudo da produção da fala do ponto de vista


fisiológico e articulatório;
fonética auditiva: compreende o estudo da percepção da fala;
fonética acústica: compreende o estudo das propriedades físicas dos sons da fala
a partir de sua transmissão do falante ao ouvinte;
fonética instrumental: compreende o estudo das propriedades físicas da fala,
levando em consideração o apoio de instrumentos laboratoriais.

Classificação dos Sons (Os sons da fala)


Para produzir os sons que caracterizam a fala humana são necessárias três condições:

corrente de ar;
obstáculo à corrente de ar;
caixa de ressonância.

39
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
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Você sabia ?
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
Introdução aos 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
Que para produzir a fala utilizamos órgãos que não têm como
Estudos 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
função primária a articulação dos sons? Este fato é bastante curioso,
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
Lingüísticos 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
pois em nosso corpo nenhum dos nossos órgãos são específicos para a
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
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fala: respiramos, mastigamos, protegemos o nosso pulmão...
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789

A produção da fala ocorre através do aparelho fonador humano. Ele é composto


pelos seguintes sistemas e órgãos:

sistema respiratório: composto pelos pulmões, brônquios e traquéia,são os


órgãos respiratórios que permitem a entrada da corrente de ar, sem a qual não existiriam
sons;
sistema fonatório - laringe: onde ficam as cordas vocais que determinam a
sonoridade, através da vibração das cordas vocais;

sistema articulatório: composto pela faringe, boca (língua e dentes) e as fossas


nasais formam a caixa de ressonância responsável por grande parte da variedade de sons.

Olhe com atenção para a figura abaixo:

1. Traquéia
2. Laringe
3. Glote (cordas vocais)
4. Faringe
5. Cavidade bucal
6. Cavidade nasal
7. Véu palatino ou Palato mole
8. Maxilares (dentes)
9. Língua
10. Lábios
11. Palato duro (céu da boca)
Fonte: Silva, 1999.

40
Para produzir a fala, é preciso inicialmente expirar, os pulmões libertam o ar que
passa pelos brônquios para entrar na traquéia(1) e chegar à laringe(2). Na laringe, o ar
encontra o seu primeiro obstáculo: a glote
(3) (ou pomo-de-adão), mais conhecida
como cordas vocais.
As cordas vocais se assemelham
a duas pregas musculares. Podem estar
fechadas ou abertas: se estiverem
abertas, o ar passa sem real obstáculo,
dando origem a um som surdo; se
estiverem fechadas, o ar força a
passagem fazendo as pregas musculares
vibrar, o que dá origem a um som sonoro.
Depois de sair da laringe (2), o ar
entra na faringe (4) onde encontra uma
encruzilhada: primeiro a entrada para a
boca (5) e depois para as fossas nasais
(6). No meio está o véu palatino (7) que
permite que o ar passe livremente pelas
duas cavidades, originando um som nasal;
ou que impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar apenas pela
cavidade bucal - resultando num som oral.

EXPERIMENTE

Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer “k” e “g”


(não “kê” ou “kapa”, nem “gê” ou “jê”; só os sons “k” e “g”) mantendo
os dedos no pomo-de-adão. No primeiro caso não se sentirá
vibração, mas com o “g” sentirá uma ligeira vibração - cuidado
apenas para não se dizerem vogais, pois são todas sonoras.

Em seguida, o ar está na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de
ressonância onde, usando os maxilares (8), as bochechas e, especialmente, a língua (9) e
os lábios(10), podem modular-se uma infinidade de sons.

EXPERIMENTE

Para perceber a diferença, compare o primeiro “a” em “Ana” com o


de “manta”. A primeira vogal é oral e a segunda é nasal.

Os sons classificam-se segundo três categorias: vogais, consoantes e semi-vogais:

41
1.
Vogais: são sons da fala humana produzidos por um fluxo de ar
contínuo, acompanhado de vibração das cordas vocais. Na língua portuguesa
brasileira usamos 13 vogais, representadas nos quadros abaixo :
Introdução aos
Estudos
Lingüísticos
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Vogais Orais
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Representação TOP (Transcrição Orientada para o Português) entre barras e representação TIPA (Transcrição
da International Phonetic Association) entre colchetes.

São classificadas, a partir de quatro aspectos: zona de articulação, altura da língua,


postura dos lábios e o papel das cavidades oral e nasal.
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ASPECTOS PROCESSO CLASSIFICAÇÃO
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123 12 Anteriores ou Palatais: igreja
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123 12
123
123 Visualiza a língua
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12 Médias/Centrais: átomo, ânsia
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Zona de articulação 123 12
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123 no eixo horizontal
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123 12
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123 12 Posteriores ou velares: lomba,
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12 avô, dominó
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123 12 Alto: chita, chuta
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Visualiza a língua
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12
Altura da língua Médio: pêra, posso
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123 no eixo vertical 12
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123 12 Baixo: casa, cama
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123 12
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123 12
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123 12
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123 12
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123 12
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123 12
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123 12 Arredondados:ovo, urso,mostro
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123 Posição dos lábios 12
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123
Postura dos lábios 12
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123 12
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123 12
123 na pronúncia
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123 12
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
12
123 12 Não-arredondados: Ivete, Eva
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
12
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123 12
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123 12
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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567
123 12
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123 12
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123
123 12
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12
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123 12
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123 12
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123 12
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123 12
123 A livre passagem do ar
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12 Orais: pá, pelo, vivo, mó, sul
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123 12
Papel das cavidades
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123 12
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123 12
ocorre pela boca ou nariz
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123 12
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123 12
bucal e nasal
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
123
123 12
12 Nasais: rã, tem, fim, som, fundo
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123 (véu palatino abaixado)
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890
12
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123 12
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123 12
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123 12
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123 12
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42
2.
Consoantes: sons modificados por qualquer um dos órgãos da cavidade bucal e
que se pronunciam numa só emissão de voz. Na língua portuguesa brasileira usamos 19
consoantes, representadas na tabela abaixo. Observe que estão classificadas pelas suas
características de produção no aparelho fonador.

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Papel da cavidade
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Oral Nasal
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345
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nasal
Constritiva
Modo de
Oclusiva Lateral Oclusiva
articulação Fricativa Vibrante
aproximante

Papel das cordas Surda Sonora Surda Sonora Sonora Sonora Sonora
vocais

43
Você observou que a classificação das consoantes ocorre mediante a
análise de quatro critérios: intervenção das cavidades nasal e bucal, o
lugar de articulação, o modo de articulação e a intervenção das cordas
Introdução aos
vocais? Observe a síntese abaixo:
Estudos
Lingüísticos
* modo de articulação:
a) oclusivas - corrente de ar encontra na boca obstáculo total - p, b, t, d,
c(=k) e q, g (=guê);
b) constritivas - corrente de ar encontra obstáculo parcial na boca - f, v, s, z, x,
j, l, lh, r, rr. Elas subdividem-se em: fricativas - f, v, s, z, x, j / laterais - l, lh /
vibrantes - r, rr.

ponto de articulação:
* a) bilabiais - p, b, m;
b) labiodentais - f, v;
c) linguodentais - t, d, n;
d) alveolares - s, z, l, r;
e) palatais - x, j, lh, nh;
f) velares - c(=k), qu, g (=guê), rr.

* papel das cordas vocais:


a) surdas - sem vibração - p, t, c(=k), qu, f, s, x;
b) sonoras - com vibração - b, d, g, v, z, j, l, lh, m, n, nh, r (fraca), rr (forte).

* papel das cavidades bucal e nasal:


a) nasais - m, n, nh;
b) orais - todas as outras.

Pode ser feito em forma de esquema (usando chaves)


3.
Semivogais: dois sons, [ j ] e [ w ], que formam uma sílaba com uma vogal - ditongos
e tritongos. Pode-se dizer que são quase “formas fracas” de [i] e [u], estando a meio-caminho
entre vogais e consoantes. O termo semivogal está, paulatinamente, caindo em desuso. Os
lingüistas, atualmente, usam o termo Glides.

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1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
[ j ] Como em “praia”
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
[ w ] Como em “pau”
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012

44
Alfabeto Fonético Internacional

O Alfabeto Fonético Internacional (em inglês International Phonetic Alphabet) foi


originalmente desenvolvido pelos fonéticos britânicos e franceses sob a orientação da
Associação Fonética Internacional, estabelecida em Paris, em 1886.
Você deve estar se perguntando para quê um alfabeto internacional se as línguas
não são escritas da mesma forma. A intenção é exatamente esta - ser um sistema padrão
para a representação fonética de todas as línguas, visto que estas são escritas de forma
diferente, mas os sons são similares em diversas línguas.

A Fonologia

Segundo Dubois (1978, p.284), Fonologia é a ciência que estuda os sons da língua
do ponto de vista de sua função no sistema de comunicação lingüística. Ela estuda os
elementos fônicos que distinguem, numa mesma língua, duas mensagens de sentidos
diferentes – pares mínimos (bala/mala), diferença de posição do acento (sábio, sábia, sabiá).-
e aqueles que permitem reconhecer uma mensagem igual através de realizações individuais
diferentes – voz diferente, pronúncia diferente,... ) Daí a grande confusão que durante muito
tempo se fez com o estudo da Fonética , que estuda o som em sua materialidade,
independente de sua função na comunicação.

Domínios da Fonologia

A fonemática estuda as unidades distintivas mínimas ou fonemas em número


limitado em cada língua, os traços distintivos ou traços pertinentes que opõem os
fonemas diferentes de uma língua diferente entre si, as regras que presidem a combinação
dos fonemas na cadeia da fala.
A prosódia estuda os traços supra-segmentais, isto é, os elementos fônicos que
acompanham a realização de dois ou mais fonemas e que têm, igualmente, uma função
distintiva: o acento, o tom, a entonação.

Conceitos básicos

Para estudarmos Fonologia, é fundamental não confundir FONEMA E LETRA.

1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
FONEMA:
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
1234567890123456789012345678901212345
é a menor unidade sonora e
distintiva de uma língua. Os fonemas
dividem-se em vogais, semivogais e
consoantes. Convém reforçar que o
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123 fonema é uma realidade acústica.
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
LETRA:
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
12345678901234567890123456789012123
é o sinal gráfico que, na escrita,
representa o fonema. A letra é uma
realidade gráfico-visual do fonema.

45
Observe que:
12345
12345
12345
12345
A
12345 uma mesma letra pode representar fonemas diferentes. É o que
12345
ocorre com a letra “x” em palavras como sexo (x = ks), feixe (x =
Introdução aos
ch), exato (x = z) e próximo (x = ss).
Estudos 123456
123456
123456
Lingüísticos 123456
B
123456
123456 um mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes.
É o que ocorre em flecha (ch = x) e lixo (x = ch).
12345
12345
12345
12345
C uma única letra pode representar dois fonemas. A esse fenômeno, chama-se
12345
dífono. Exemplo: táxi (lê-se “táksi” – x = ks).
123456
123456
123456
123456
D
123456
123456 duas letras podem representar um único fonema. A esse fenômeno, chama-se
dígrafo. Exemplo: chave (lê-se “xávi” – ch = x).

12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
PARES MÍNIMOS:
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
Qual a diferença em faca e vaca?
12345678901234567890123456789012123456789012345

É claro que você já conhece o


significado. Ao ouvir estes nomes você
automaticamente já os associa à sua
imagem. Mas e uma criança que não
consegue fazer esta associação?

Quando estudamos a fonologia de uma língua, precisamos fazer o levantamento dos


sons que são foneticamente semelhantes na língua em estudo. Em nossa língua, por exemplo,
o que distingue bala de pala? Apenas as consoantes iniciais [p] e [b], Você observou que
foram escrito entre colchetes? Isso foi feito para indicar que estamos analisando o som e
não a letra, ou seja, indica a representação fonética. Neste caso, o que difere [p] de [b] são
os seus traços distintivos.

12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
TRAÇOS DISTINTIVOS:
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
12345678901234567890123456789012123456789012345
Um único som pode ser
percebido como um elemento composto
de elementos menores, que serão
efetivamente os menores elementos da
cadeia falada. Esses traços são os
chamados traços distintivos, os quais
podem ser tanto articulatórios quanto
acústicos. A denominação traço distintivo
ressalta o fato de que nem todas as
características que diferenciam os sons
são utilizadas nessa classificação, mas
apenas aquelas que podem ter um papel
distintivo no interior dos sistemas
fonológicos das línguas naturais.

46
[ ] [ ]
+ consoante + consoante

b p
+ oral + oral
+oclusiva +oclusiva
+ bilabial + bilabial
+ sonora + surda

Você observou qual é o traço que distingue [ p ] de [ b ]?

Observe um outro exemplo:


1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456

[ ] [ ]
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
U va + vogal
+ fechada
U
m ito + vogal
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
+ fechada
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
+ posterior + posterior
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456

[u ] + oral ~]
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
[u
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
+ nasal
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
+ arredondada + arredondada
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456

Esta distinção pode ser feita com todos os fonemas em qualquer língua.

Atenção:
Maneiras de inserir os caracteres do alfabeto fonético em textos:

a) para representar os fonemas, usamos a transcrição fonológica, com os


caracteres entre barras: /sapu/;

b) para representar os sons dos fonemas, usamos a transcrição fonética, com os


caracteres entre colchetes [ã];

c) o uso dos sinais de (+) e ( –) indicam a maior ou menor característica. Exemplo:


/ã/ - aberta /á/ + aberta.

A fim de exercitar o uso destes traços, observe sempre o Alfabeto Fonético


Internacional.

 Para não confundir!

A Fonética é a disciplina que toma a fala como seu domínio central e que estuda as
particularidades dos fonemas, ou seja, os sons propriamente ditos; enquanto a Fonologia
estuda o comportamento dos fonemas de uma língua, tomando-os como unidades sonoras
capazes de criar diferença de significados.

47
Atividades
Complementares
Introdução aos
Estudos
Lingüísticos

1. A fim de exercitar a transcrição fonética, preencha a tabela abaixo:

Símbolo
Descrição Exemplos
Fonético

[a]

[ ]

[ ]

[e ]

[ ]

[ ]

[o]

[ i ]

[u]

2. Assim como fizemos com as vogais, vamos exercitar a escrita das consoantes.
Preencha o quadro na página seguinte: (exercício para ser feito em aula).

48
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1234567890123456 Exemplo
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 Transcrição
12345678901234567890123456789012123456789012
Símbolo
1234567890123456 Classificação
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12345678901234561234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012123456789012
1234567890123456 ortográfico 12345678901234567890123456789012123456789012
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 fonética
[b ] ambos

[ ] boi

[d ] andar

[ ] espada

[g ] frango

[ ] agrado

[p] pata

[t] atado

[t ] chave, tchau

[K] porco

[m ] arma

[n ] cano

[ ] vinha

[ l ] calo

[ ] mel

[ ] alho

[r ] caro

[R ] carro

[f ] faca

[v] vaca

[s ] posso
[z ] casa

acho

[ ] genro

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3. Descreva os traços fonéticos dos sons abaixo:

Introdução aos
Estudos
a) / t /
[ ]
Lingüísticos b) / /
[ ]
c) / [s /
[ ]
d) / z /
[ ]
NÍVEIS DE ESTRUTURAÇÃO DA LÍNGUA
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, a verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Manuel Bandeira

Morfologia

A Morfologia é a parte da Gramática que se ocupa da forma e transformação das


palavras.
Parece uma definição bastante simples, mas a conceituação de palavra atormenta
os lingüistas, o que pode parecer estranho. Afinal, os falantes têm uma intuição clara do
que sejam palavras e conseguem identificá-las facilmente nas situações em que se exige a
segmentação do discurso palavra a palavra, como ocorre na escrita. Mas, quando nos
debruçamos sobre o estudo da palavra, encontramos sérias dificuldades para estabelecer
uma definição universal, válida para todas as ocorrências.
Observe a frase: João cantou no shopping. Quantas palavras você identifica? Você
deve estar dizendo... “Que bobagem, essa é muito fácil”... Quatro palavras.
Mas e se a pergunta fosse essa: quantas palavras há na seqüência cantei, cantaste,
cantou,cantamos, cantastes, cantaram? Será que você responderia com tanta facilidade?
Com certeza uma das respostas possíveis é que a mesma palavra foi escrita de forma
diferente. Desse modo, teríamos um segundo sentido de palavra, decorrente de uma
interpretação especial do conceito. Essa segunda acepção levaria em conta: i) a forma
vocabular ou a forma de palavra; ii)o lexema, a palavra como uma unidade abstrata, com
significado lexical, CANTAR, neste caso. É essa segunda forma registrada pelos dicionários
que corresponde a parte do conteúdo estudado pela Morfologia.
Observe que podemos ainda segmentar a palavra CANTAR em CANT-AR. Dessa
segmentação podemos formar outras tantas palavras, a exemplo de cantor, cantora,

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cantores, cantoria, cantante. Embora estas novas palavras sejam formas diversas do mesmo
lexema, visto que têm outros significados, ou seja, passaram a ser um novo lexema. Observe
que dois distintos processos foram usados para o nosso exemplo: a flexão e a derivação.
Assim, a flexão é estudada pela Morfologia Flexional e a derivação pela Morfologia
Lexical, campos da Morfologia.

Então vamos à distinção:

morfema é o segmento significativo mínimo


do discurso, enquanto a palavra unidade
mínima com som e significado que pode,
sozinha, constituir enunciado.

Você pôde observar que a definição de morfema é semelhante à de palavra. A


diferença está no fato de que a palavra é uma forma livre. Já o morfema pode ser livre ou
preso.
 Morfemas livres são aqueles que não se ligam obrigatoriamente a outros morfemas.
Exemplos: um, de, mas, eu, sim. Atente que estes exemplos dados podem ocorrer em
várias posições nos enunciados de nossa língua sem que seja necessária a presença
simultânea de outros morfemas para apoiá-los. Desse modo, os morfemas livres formam
palavras de um só morfema. Mas, atenção ,não confunda palavra e morfema.
 O morfema preso só ocorre quando obrigatoriamente está associado a pelo menos
um morfema adicional com o qual forma um conjunto indissociável. Exemplos: cant-ar, menin-
inh-a-s. Observe que na palavra cantar, temos dois morfemas indissociáveis: cant e ar. Não
encontramos casos em língua portuguesa em que o segmento cant ocorre com
independência do segmento ar ou outro da mesma classe que ar. Cant e ar são morfemas
presos um ao outro. Os morfemas presos formam agrupamentos, que por sua vez são formas
significativas livres mínimas, ou seja, palavras.

Morfema zero

Em nossa língua, em muitos casos, a função semântica é cumprida pela ausência do


morfema. A formação do número é bem característica desse caso. O plural costuma ser
indicado pelo morfema s no final da palavra. Já o singular é reconhecido pela ausência de
morfema de plural, ou seja, na formação do número, a ausência é significativa. Quando a
ausência do morfema é tratada pelo sistema da língua como significativa dizemos que a
função é cumprida pelo morfema zero. Observe: meninos - menino Ø
Para melhor compreendermos estes conceitos, vamos observar como as palavras
são formadas.

As palavras são formadas por:

radical: que é o elemento comum de palavras, e responsável pelo significado básico


da palavra.

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ENO
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EIRO
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TERR -
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INHA
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Introdução aos 1234567890123456789012345678901212345
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ESTRE
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Estudos 1234567890123456789012345678901212345

Lingüísticos
Quantos outras palavras podemos formar?

afixos: são partículas que se anexam ao radical para formar outras palavras. Este
processo é denominado afixação:
- prefixos: afixo colocados antes do radical. Ex.: desleal, ilegal
- sufixos: afixo depois do radical. Ex.: folhagem, legalmente
- infixos: afixos representados por vogais ou consoantes de ligação que entram na
formação das palavras para facilitar a pronúncia. Existem em algumas palavras por
necessidade fonética.Os infixos não são significativos, não sendo considerados morfemas.
Ex.: café-cafeteira, capim-capinzal, gás-gasômetro.

vogal temática (VT): se junta ao radical para receber outros elementos. Fica entre
dois morfemas. Existe vogal temática em verbos e nomes. Ex.: beber, rosa, sala
- nos verbos, a VT indica a conjugação a que pertencem ( 1ª , 2ª ou 3ª ).
Ex.: amAr, bebEr, e partIr

tema: = radical + vogal temática


Ex.: cantar = cant + a, mala = mal + a, rosa = ros + a

desinências: são morfemas colocados no final das palavras para indicar flexões
verbais ou nominais.
- nominais: indicam gênero e número de nomes ( substantivos, adjetivos,
pronomes, numerais ). Ex.: casa - casas, gato - gata
- verbais: indicam número, pessoa, tempo e modo dos verbos. Existem dois tipos
de desinências verbais: desinências modo-temporal (DMT) e desinências número-[
pessoal (DNP). Ex.: Nós corremos, se eles corressem (DNP); se nós corrêssemos,
tu correras (DMT)

Processos Morfológicos

Ao associarmos dois elementos mórficos produzindo um novo signo lingüístico,


precisamos obedecer a certos princípios ou mecanismos que variam em suas possibilidades
de combinação nas diferentes línguas. Esses diferentes modos de combinação são
processos morfológicos que se manifestam sob a forma de:

DERIVAÇÃO é o processo de formar palavras no qual a nova palavra é derivada de


outra chamada de primitiva. Os processos de derivação são:

a) derivação prefixal: forma palavras no qual um ou mais prefixos são acrescentados


à palavra primitiva. Ex.: re/com/por (dois prefixos), desfazer, impaciente.

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b) derivação sufixal : formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados
à palavra primitiva. Ex.: realmente

c) derivação prefixal e sufixal: existe quando um prefixo e um sufixo são


acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, sem a presença de um
dos afixos a palavra continua tendo significado.
Ex.: ilegalmente ( i- prefixo e -mente sufixo ). Observe que os dois afixos são
independentes: existem as palavras ilegal e legalmente.

d) derivação parassintética: ocorre quando um prefixo e um sufixo são


acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem
se separar, devem ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se
reveste de nenhum significado.
Ex.: anoitecer ( a- prefixo e -ecer sufixo). Observe que neste caso, não existem as
palavras anoite e noitecer, então, os afixos não podem ser separados.

e) derivação imprópria: ocorre quando há mudança de classe ou quando uma


palavra comumente usada como pertencente a uma classe passa a fazer parte de outra.
Ex.: bandeira (substantivo comum) usado como substantivo próprio em Pedro
Bandeira; verde geralmente como adjetivo (Comprei uma blusa verde.) usado como
substantivo (O verde do parque comoveu a todos.)

f) derivação regressiva: existe quando morfemas da palavra primitiva desaparecem.


Ex.: mengo (flamengo), dança (dançar), portuga (português).

COMPOSIÇÃO é o processo através do qual novas palavras são formadas pela


junção de duas ou mais palavras já existentes. Existem duas formas de composição:

a) justaposição: ocorre quando duas ou mais palavras se unem sem que ocorra
alteração de suas formas ou acentuação primitivas.
Ex.: guarda-chuva, segunda-feira, passatempo.

b) a composição por aglutinação ocorre quando duas ou mais palavras se unem


para formar uma nova palavra ocorrendo alteração na forma ou na acentuação.
Ex.: fidalgo (filho + de +algo), aguardente (água + ardente)

HIBRIDISMO consiste na formação de palavras pela junção de radicais de línguas


diferentes. Ex.: auto/móvel (grego + latim); bio/dança (grego + português)

ONOMATOPÉIA consiste na formação de palavras pela imitação de sons e ruídos.


Ex.: triiim, chuá, bué, pingue-pongue, miau, tique-taque, zunzum
Este processo suscita muita polêmica entre os lingüistas.

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Queridos alunos, fizemos uma breve explanação
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quanto aos conteúdos de Morfologia, passaremos, agora,
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a estudar um conteúdo que nem sempre os alunos gostam,
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Introdução aos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234
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mas que é muito importante para os professores da área
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Estudos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234
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de Letras: sintaxe. Saliento que não se trata de um “bicho-
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Lingüísticos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234
papão” e, mais uma vez, é muito importante. Aliás, todos
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os conteúdos tratados aqui têm relevância para a nossa
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área e atuação profissional.
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Antes vamos ler este poema de Paulo Leminski:

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era


o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um
paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético
de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição de bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes
da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Sintaxe

Aprendemos que os discursos são seqüências lineares de morfemas e palavras.


Naturalmente, as palavras não estão ali por acaso. Existem regras para ordená-las de modo
que faça sentido. A sintaxe , portanto, ocupa-se de estudar as palavras agrupadas em
segmentos que cumprem funções específicas no discurso e as relações entre os segmentos.

Vamos (re) lembrar alguns conceitos:

54
• Frase: unidade de texto que numa situação de comunicação é capaz de transmitir
um pensamento completo.

• Oração: enunciado que se organiza em torno de um verbo.

• Período : é a unidade lingüística composta por uma ou mais orações.


- apresenta sentido ou significado completo;
- encerra-se por meio de certos símbolos de pontuação (, ? ! ...) .

Para estudar sintaxe, é preciso (re) conhecer estas unidades formais. o período, a
frase e a oração. O período é a unidade superior e se compõe por frases. Estas, por sua
vez, podem se constituir em orações. Para analisarmos as orações precisamos reconhecer
os sintagmas, que são as unidades inferiores do nível sintático. Convém relembrar aquela
frase célebre: “toda oração é uma frase, mas nem toda frase é uma oração.. .”

Observe o exemplo:

(Pedro projetou os edifícios) e (Marilena criou o projeto urbanístico.)

No exemplo, temos um período composto por duas orações:


-Pedro projetou os edifícios.
-Marilena criou o projeto urbanístico.

Cada frase do exemplo se decompõe em sintagmas.

Pedro projetou os edifícios.


Sujeito: Pedro.
Sintagma verbal: projetou.
Objeto direto: os edifícios.

Marilena criou o projeto urbanístico.


Sujeito: Marilena
Sintagma verbal: criou
Objeto direto: o projeto urbanístico.

Percebemos que o período é composto por frases e as frases são compostas por
sintagmas. Este princípio é o nosso ponto de partida, válido para todos os enunciados,
tirando de lado apenas os casos em que acontece encaixe.

Saiba Mais...
Mais...
Você sa be o que é um sinta
sabe gma?
sintagma?
É uma seqüência de palavras que constituem uma unidade; é
uma associação de elementos compostos num conjunto, organizado
num todo, funcionando conjuntamente; é a combinação ou a reunião
de vários elementos numa organização numa unidade.

55
Observe que todas as categorias gramaticais dos elementos
constituintes da sentença serão representados na estrutura –P (período)
através das projeções das propriedades do item, descritas no léxico. Os itens
lexicais classificam-se em diferentes categorias gramaticais, dependendo de
Introdução aos
sua distribuição na sentença. As categorias gramaticais ou lexicais são nome
Estudos (N), verbo (V), adjetivo(A), preposição(P) e advérbio(Adv), que por sua vez
Lingüísticos agrupam-se em categorias frasais ou sintagmáticas que determinam os
diferentes níveis da estruturação da sentença. Todas essas categorias
sintagmáticas têm como núcleo uma categoria lexical e são projeções do núcleo. Assim,
um sintagma nominal (SN) é a projeção de N, um sintagma verbal (SV) é projeção de V, um
sintagma adjetival (SA) é projeção de A, um sintagma preposicional (SP) é projeção de P e
um sintagma adverbial (S Adv) é projeção de Adv.

Vamos trocar tudo isso em miúdos?

O sintagma nominal (SN) constitui–se obrigatoriamente de um núcleo (N). O N


pode ser acompanhado de complementos e de modificadores. O complemento é parte
integrante do conteúdo sintático-semântico do item lexical. O complemento de um N é sem
um SP. Observe o exemplo Necessito de dinheiro. Observe os constituintes desse SN
representados no diagrama a seguir:
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SN
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N SP
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Necessidade de dinheiro
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Os modificadores, ao contrário dos complementos, não fazem parte da estrutura


lexical de núcleo do sintagama, pois eles acrescentam informações que especificam,
restringem ou explicam o N. São, portanto, elementos opcionais distinguindo-se, assim,
dos complementos. Os modificadores de N funcionam como determinantes (Det ou D):
artigos e demonstrativos e como adjuntos: adjetivos, sintagmas preposicionais e sentenças
relativas. Observe:

este vestido azul


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SN
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Det SA
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A
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vestido azul
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
Este
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456
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56
O sintagma verbal (SV) tem, obrigatoriamente, um V no núcleo. Os verbos podem ter
complementos e modificadores. Observe os exemplos abaixo:

comprou um carro gostou da maçã disse que iria


123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567
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SV SV SV
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V SN V SP V S
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comprou um carro gostou da maçã disse que iria
123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567
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Nestes exemplos os verbos têm o seu sentido completado por um SN, SP e S


respectivamente. Mas o SV também pode incluir modificadores que são opcionais e têm a
função de especificar ou de adjunto. Os especificadores são os verbos auxiliares ter e estar
que expressam os aspectos (ASP) perfectivo e progressivo, respectivamente (PASSOS,
2004, p.17). Vamos ao exemplo:

está estudando choveu muito


12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890
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SV SV
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890
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S Adv
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ASP V ASP V
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890
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Adv
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está estudando choveu muito
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Compare com o exemplo a seguir:

trabalhou intensamente na fazenda


1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567
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SV
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ASP S Adv SP
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Adv
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trabalhou intensamente na fazenda
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Observe que os SVs está estudando, choveu muito e trabalhou intensamente na


fazenda têm como núcleo os verbos: estudar, chover e trabalhar e como modificadores os
sintagmas está, muito, intensamente, na fazenda.
Os sintagmas adjetival (AS), preposicional (SP) e adverbial (S Adv), do mesmo
modo que SV e SN são constituídos de um núcleo obrigatório, ou seja, um A, um P, e um
Adv, respectivamente. Modificadores e complementos podem também ocorrer como
constituintes desses sintagmas. Os modificadores são constituintes opcionais e os
complementos obrigatórios, conforme vimos anteriormente. Vamos aos exemplos?

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muito orgulhoso do seu trabalho
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SA
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Introdução aos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234
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Estudos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234
Det A SP
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Lingüísticos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234
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muito orgulhoso do seu trabalho
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Observe que o AS tem como núcleo o A (orgulhoso), como modificador-determinante


o intensificador (muito) e como complemento o SP (do seu trabalho).
Por outro lado, atente para o exemplo seguinte: bem fora de propósito . Temos aí um
SP. Vamos à representação.

bem fora de propósito


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SP
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SN
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Det P
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bem de propósito
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fora
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Vamos analisar agora um exemplo de S Adv.

prejudicialmente à saúde
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S Adv
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Adv SP
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prejudicialmente saúde
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58
#
[ Agora é hora de

TRABALHAR ]
E então, já está craque na análise dos sintagmas? Posso deixar por sua conta a
análise dos próximos exemplos? (Para ser feito em sala)

1) O meu amigo estuda alemão.


2) O meu amigo que veio de Caetité estuda alemão.
3) O rapaz presenciou o acidente.
4) O rapaz que trabalha na secretaria presenciou o acidente.
5) Aquele rapaz estrangeiro presenciou o acidente.
6) O porteiro está doente.

a. Tente analisar estas frases, destacando os SNs e destacando os seus elementos


constituintes.

b. Organize em forma de diagrama.

59
A Semântica e o Léxico. A Lexicologia e o Dicionário

Introdução aos
Estudos
Lingüísticos
“ Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,


calúnia, fúria, derrota...

Cecília Meireles

SEMÂNTICA

A Semântica se ocupa do significado. Mas o que é significado? Este é um conceito


bastante amplo. Para Dubois (1978, p.527) “,é um meio de representação do sentido dos
enunciados. A teoria semântica deve explicar as regras gerais que condicionam a
interpretação semântica dos significados”
O homem sempre se preocupou com a origem das línguas e com a relação entre as
palavras e as coisas que elas significam, se há uma ligação natural entre os nomes e as
coisas nomeadas ou se essa associação é mero resultado de convenção. Nesse estudo
consideram-se também as mudanças de sentido, a escolha de novas expressões, o
nascimento e morte das locuções. Observe a charge abaixo: qual o significado da palavra
pacote? E econômico?

tira da charge dos juros

As formas lingüísticas são símbolos e valem pelo que significam. Como vimos
anteriormente, são ruídos bucais, mas ruídos significantes. É a constante referência mental
de uma forma a determinado significado que a eleva a “componente” de uma língua. Não há
nenhuma relação entre o semantema (ou lexema ou morfema lexical – unidade léxica,
que compõe o léxico), conforme vimos na definição de significante e significado.

60
O que estuda a Semântica?

Dentre as várias possibilidades de estudo do significado, uma delas se concentra


em estudar a relação que existe entre as expressões lingüísticas e o que existe no mundo.
Este será o foco de nosso estudo:

1 Ambigüidade é a propriedade de certas frases que apresentam vários sentidos.


Pode ser do léxico, quando certos morfemas lexicais têm vários sentidos.
Observe a frase:
Ele estava em minha companhia a palavra companhia indica a de uma
pessoa ou uma empresa?

A ambigüidade também pode se originar do fato da frase ter uma estrutura sintática
suscetível de várias interpretações. Assim, na frase a seguir há duas interpretações:

O diretor julga as crianças culpadas


a) O diretor julga que as crianças são culpadas
b) O diretor julga as crianças que são culpadas

Do mesmo modo, a frase a seguir é sintaticamente ambígua, podendo corresponder


a duas interpretações:
Eles se olham num espelho (um ao outro Ou cada um a si mesmo, num espelho ?)

2 A semântica também estuda a sinonímia, sob suas perspectivas:


123
123
123Família de palavras, ou seja, são palavras que mantêm relações de sinonímia e
que representam basicamente uma mesma idéia. A exemplo de:
-casa, moradia, lar, abrigo
-residência, sobrado, apartamento, cabana

Todas essas palavras representam a mesma idéia: lugar onde se mora. Logo, trata-
se de uma família de idéias.

Observe outros exemplos:


Revista, jornal, biblioteca, livro.
Casaco, paletó, roupa, blusa, camisa, jaqueta.
Serra, rio, montanha, lago, ilha, riacho, planalto.
Telefonista, motorista, costureira, escriturário, professor.
123
123
123 Outra possibilidade de sinonímia também pode ser estabelecida através da
relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais
ou semelhantes. A exemplo de cômico – engraçado; débil - fraco, frágil; distante - afastado,
remoto

3 Antonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que


apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS. Como exemplo:
- economizar - gastar
- bem - mal
- bom - mau

61
4 Homonímia é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar
de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica
– são os HOMÔNIMOS. Estas podem ser:
Introdução aos
123
Estudos 123
123Homógrafas heterofônicas (ou homógrafas): são as palavras
Lingüísticos iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
Ex.: gosto (substantivo) - gosto (1ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar)
Conserto (substantivo) - conserto (1ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar)
123
123
123
Homófonas heterográficas (ou homófonas): são as palavras iguais na pronúncia
e diferentes na escrita.
Ex.: cela (substantivo) - sela (verbo)
Cessão (substantivo) - sessão (substantivo)
Cerrar (verbo) - serrar (verbo)
123
123
123 Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos): são as palavras iguais
na pronúncia e na escrita.
Ex.: cura (verbo) - cura (substantivo)
Verão (verbo) - verão (substantivo)
Cedo (verbo ) - cedo (advérbio)

A quantidade de palavras com estas características em nossa Língua é infindável,


com certeza você deve conhecer diversas...

5 Paronímia é a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que


possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita -
PARÔNIMOS.
Observe alguns exemplos:
Cavaleiro - cavalheiro
Absolver - absorver
Comprimento - cumprimento

6
Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários
significados. Perini, em sua Gramática Descritiva do Português, descreve a polissemia
como uma propriedade essencial à sobrevivência de uma língua. Ele nos diz que “a
polissemia é uma propriedade fundamental das línguas humanas, que sem ela não poderiam
funcionar eficientemente. Seria impraticável dar um nome separado a cada “coisa”, incluindo
aquelas que nunca vimos. Ao nos depararmos com um objeto nunca visto antes - digamos
um novo modelo de bicicleta - ficaríamos sem recursos para denominá-lo. Mas não é assim
que a linguagem e a mente trabalham. Ao encontrar um objeto novo, tentamos imediatamente
“reconhecê-lo”, encaixando-o em alguma categoria já existente na memória (e na língua)..”
(p. 252).
Observe os exemplos abaixo:

Ele ocupa um alto posto na empresa.


Abasteci o carro no posto da esquina.

Os convites eram de graça.


Os fiéis agradecem a graça recebida.

62
Traçamos um panorama geral do estudo da semântica. Naturalmente, muito ainda
há por descobrir. Agora é com você... Pesquise, leia, descubra, passe o conhecimento
adiante...

LEXICOLOGIA

Depois de falarmos sobre Semântica, nada melhor do


que ampliarmos os nossos horizontes com o estudo da
Lexicologia. O termo pode lhe parecer novo, mas o seu
significado é bastante conhecido. Vamos a ele...

Lexicologia, segundo o Dicionário Universal da Língua Portuguesa é o estudo


da etimologia das palavras, dos elementos que as compõem e das suas diversas acepções.
A fim de ficar ainda mais claro, a etimologia estuda a origem e a formação das
palavras. O estudo da origem e desenvolvimento das palavras teve início com a especulação
de certos filósofos do quinto século antes de Cristo. Eles sabiam distinguir o estudo da
origem das palavras, etimologia propriamente dita e o estudo do que elas representam
mais ou menos o que é hoje a semântica.
O próprio nome “etimologia” refere-se a uma transcrição latina de uma das formas
do vocábulo grego “etmos”, significando “verdadeiro” ou “real”. Esse conceito nos leva a um
outro termo – o dicionário, ou seja, conjunto dos vocábulos de uma língua ou dos termos
próprios de uma ciência ou arte, dispostos por ordem alfabética e com a respectiva
significação ou a sua versão noutra língua..

Vamos conhecer um pouco mais sobre a origem do dicionário?

Os dicionários existem desde os tempos antigos. Os gregos e romanos já recorriam


a eles para solucionar dúvidas e esclarecer termos e conceitos. Esses primeiros dicionários
não eram organizados alfabeticamente. Apenas reuniam definições de conteúdos lingüísticos
ou literários. Só no final da Idade Média foi que começaram a aparecer dicionários e
glossários organizados alfabeticamente. Quando as glosas desses manuscritos latinos
ficaram muito numerosas, os monges passaram a ordená-las alfabeticamente para facilitar
sua localização. Nasceu aí uma primeira tentativa de dicionário bilíngüe latim-vernáculo. A
invenção da imprensa, no século XV, deu novo impulso à difusão e ao uso dos dicionários.

Tipos de dicionário

Há diferentes tipos de dicionário. Entre os mais comuns destacam-se:

 dicionários gerais da língua: em versão extensa ou adaptada a usos escolares.


Contêm um grande número de palavras, definidas em suas várias acepções ou
significados.
 dicionários etimológicos: trazem a origem de cada palavra, sua formação e
evolução.
 dicionários de sinônimos e antônimos: definem o significado das palavras,

63
apresentando as que são equivalentes ou afins –palavras sinônimas – e as de
significados opostos – palavras antônimas.
 dicionários analógicos: reúnem as palavras por campos semânticos,
ou por analogia a uma idéia. Não costumam ser organizados por ordem
Introdução aos
alfabética.
Estudos  dicionários temáticos:reúnem o vocabulário específico de determinada
Lingüísticos ciência, arte ou atividade técnica: Dicionário de Comunicação, de Astronomia
e Astronáutica, de Lingüística.
 dicionários de abreviaturas: muito úteis, facilitam a comunicação, principalmente
nesta época repleta de abreviaturas e siglas.
 dicionários bilíngües ou plurilíngües: explicam o significado dos vocábulos
estrangeiros e sua correspondência com os vocábulos nativos.
 há outros tipos de dicionário, que atendem às mais diversas finalidades: de dúvidas
e dificuldades de uma língua, de frases feitas, de provérbios.

Como os dicionários estão organizados?


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123456789012345678901234 em algumas palavras aparece ao final um V, abreviatura de Ver Também,
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012
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Remissões: que remete o leitor a outra palavra do dicionário.
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Etimologia: origem da palavra vem normalmente entre parênteses.
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Significados são aqueles relativos às linguagens específicas.
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especiais:
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123456789012345678901234
123456789012345678901234 conjunto de informações, acepções e exemplos que dizem respeito a
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012
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Verbete:
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123456789012345678901234 um vocábulo.
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123456789012345678901234 cada palavra tem vários ou diferentes significados, as chamadas
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123456789012345678901234 acepções. Elas especificam-se conforme a ordem escolhida em cada
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Acepções:
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123456789012345678901234 dicionário: a partir das acepções mais antigas ou por sua importância
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123456789012345678901234 e uso mais freqüente. Pequenos números separam os diversos
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significados.
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Categoria
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gramatical aparece sempre abreviada.
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ou morfologia:
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Desnecessário falar da importância do dicionário. Todos nós, em algum momento
de nossas vidas, fizemos uso de um dicionário ou indicamos a alguém que usasse um
dicionário. Suas principais funções são:

definir o significado das palavras e sua representação ortográfica;


informar a etimologia das palavras, explicando a sua origem;
informar a categoria gramatical da palavra (substantivo, verbo, pronome, etc.) e
outros aspectos gramaticais (gênero, número);
auxiliar, como instrumento de estudo de uma língua estrangeira;
ajudar a uniformizar e manter a unidade da língua.

Para finalizar, deixemos um trecho de Adriana Falcão autora do “ Pequeno Dicionário


de Palavras ao Vento....

As gramáticas classificam as palavras em substantivo,


adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo
e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma
porque gostam de brincar com elas e para brincar com elas é
preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que define,
explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o
significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas,
fazer sentido.

Atividades
Complementares

1. Escreva nos quadros o nome dos elementos estruturais destacados nas palavras
abaixo:

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IN UTIL MENTE
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INUTILMENTE

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GAROT INH A S
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GAROTINHAS

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123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456
VOLT A RE MOS
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VOLTAREMOS

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2. Leia atentamente o texto abaixo:

Introdução aos Desafinado


Estudos
Lingüísticos Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de antimusical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa nova
Isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolleyflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
(Tom Jobim/Newton Mendonça)

a) Identifique três sintagmas verbais (SV)

b) Identifique três sintagmas nominais (SN)

3. Explique a ambigüidade presente no texto abaixo. Como poderia ser reescrito a fim
de eliminá-la?

O casal que mora em frente...

À noite, enquanto o marido lê o jornal, a esposa comenta:


- Você já percebeu como vive o casal que mora aí em frente?
Parecem dois namorados! Todos os dias, quando chega em casa ele traz
flores para ela, abraça-a e os dois ficam se beijando apaixonadamente. Por que
você não faz o mesmo?
- Mas querida, eu mal conheço essa mulher!

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Atividade
Orientada
Queridos Alunos,

Estamos chegando ao fim de mais uma disciplina e como sempre, nessa etapa,
chega também a avaliação. Este é o melhor momento para pensarmos em um trecho da
música de Beto Guedes, na qual encontramos uma passagem de grande profundidade e
sabedoria: “A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.” Será que aprendemos?
Naturalmente, essa resposta será dada não agora, mas ao longo do nosso curso.
Espero que você tenha aproveitado as aulas, utilizado o Fórum para tirar as dúvidas
e conversar sobre os temas pertinentes ao curso, pois através destes momentos é que
construímos a verdadeira aprendizagem.
Sucesso em seus estudos!

Etapa 1
Leia atentamente o artigo de John Robert Schmitz, publicado na revista SUPER, em
março de 2005.

Vou estar defendendo o uso do gerúndio

“Querem colocar o idioma numa redoma e não


reconhecer que ele muda ao longo do tempo”

Por John Robert Schmitz*

“A gerência vai estar transferindo 3 mil reais de sua conta.” Quem falar ou escrever
uma frase assim atualmente corre o risco de ser ridicularizado. Culpa do gerúndio (e de sua
junção com os verbos ir e estar), tachado de “assassino” do idioma por alguns gramáticos
e formadores de opinião da mídia. Esse gerúndio é vítima da irritação dos usuários com
seus maiores divulgadores, os operadores de telemarketing, que nos obrigam a sofrer para
ter acesso telefônico a serviços de empresas. Mas será que o equívoco nesse processo é
justamente o uso do gerúndio? Seria o gerúndio um erro gramatical da mesma ordem de
falhas como “eu dispor” em vez de “se eu dispuser” ou “interviu” em vez de “interveio”. E
afinal de contas, o que é que o gerúndio está “assassinando”?
Para desprestigiá-lo, um observador afirmou que o gerúndio é uma firula
desnecessária, um drible a mais na comunicação. Dizem, por exemplo, que “estar cuidando”
tem o mesmo sentido que “cuidar”. Mas todos nós temos o direito de usar ou não usar certa
palavra, expressão ou locução. Qualquer idioma serve às intenções comunicativas dos seus
falantes. Um determinado usuário pode dizer “vamos estar cuidando do seu caso” quando
tem interesse em expressar continuidade, cordialidade ou polidez ao passo que outro falante

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pode desejar ir direto ao ponto, recorrendo à forma simples: “Vamos cuidar
do seu caso” - que caracteriza um tratamento mais descomprometido ou “seco”.
Outros falantes alegam que “vai estar transferindo” significa que
repetidas transferências de dinheiro serão feitas pela agência bancária. É
Introdução aos
uma interpretação pessoal, que nada tem a ver com as regras da gramática.
Estudos Além disso, qualquer cliente sabe que os bancos cuidam bem de suas contas
Lingüísticos e nunca vão esbanjar dinheiro fazendo transferências à toa. Ainda mais
levando-se em conta a voracidade da CPMF.
A campanha contra o gerúndio, creio, é fruto de preconceito lingüístico sem
embasamento numa pesquisa de campo entre os diferentes tipos de usuários de português
em diferentes contextos. Pergunto por que os desafetos do gerúndio condenam a frase “Ele
vai estar chegando na parte da tarde” quando os mesmos aceitam tranqüilamente a presença
dos verbos modais: “Ele pode estar chegando, ele deve estar chegando, ele tem de estar
chegando na parte da tarde”?
Subjacente à polêmica em torno da campanha de “cassação” do gerúndio, existe
uma vontade geral de colocar o idioma numa redoma e não reconhecer que ele muda ao
longo do tempo. O português da época de José de Alencar é diferente do português
contemporâneo. Todas as línguas vivas inovam graças à criatividade dos seus usuários.
Alguns críticos, com o intuito de proteger e manter o idioma estável, implicam com novos
verbos, como “disponibilizar”, novos substantivos como “descatracalização”, novos adjetivos
como “imexível” e “descuecado” ou até com estrangeirismos (sem equivalentes em
português) como “dumping” e “ombudsman”.
Para tentar banir o gerúndio do idioma, alguns observadores questionam as
credenciais do mesmo e sugerem que ir+estar+verbo no gerúndio é resultado da invasão
sintática do inglês. Essa crença não procede porque, em primeiro lugar, os falantes em
questão nem sempre dominam o inglês o suficiente para o idioma estrangeiro interferir no
português. Em segundo lugar, o português brasileiro apresenta uma variedade de gerúndios
— e o inglês não. Alguns exemplos: “Olha, está querendo chover!”, “Não estou podendo tirar
férias agora”. Cabe observar também que os idiomas francês e alemão não têm gerúndios.
É a presença no idioma de uma sentença como: “O plantonista está atendendo amanhã na
parte da tarde” que serve como “ponte” para a realização de: “O plantonista vai estar
atendendo amanhã na parte da tarde”. Na verdade, ao lado de formações como o infinitivo
conjugado (“para comprarmos”), a mesóclise (“dir-se-á”) e o futuro do subjuntivo (“se ele
der”), a presença de gerúndios contribui para diferenciar o português de todas as outras
línguas. É como Zeca Pagodinho e caipirinha: só o Brasil tem.

*Nasceu nos Estados Unidos e tem 69 anos - 35 deles vividos no Brasil. É integrante,
e ex-chefe, do Departamento de Lingüística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp)

Fonte: Superinteressante, publicado na edição 211 - 03/2005.

SCHMITZ, John Robert. Disponível em: http://www.forummotorhome.com.br/lofiversion/


index.php/t177.html. Acesso em:17 mar. 2006.

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Após ler o texto e refletir sobre o seu conteúdo, você deverá:

a) Organizar, juntamente com o grupo, um júri simulado para debater sobre o


gerundismo, apresentando os dois pontos de vista: um a favor e um contra. Lembre-se de
que, para um júri simulado, são necessários os seguintes membros:

· Juízes;
· Advogados de defesa;
· Advogados de acusação;
· Corpo de jurados;
· Testemunhas;
· Platéia interativa.

b) Elaborar um quadro comparativo no qual estejam registrados os posicionamentos


(a favor e contra) e o veredicto.

Etapa 2
Agora que você já conhece um pouco mais sobre a diversidade lingüística que pode
se manifestar através das variações diatópicas (ou geográficas), diastráticas (ou sociais),
diafásicas (ou estilísticas), chegou a hora de praticar...

a) Organize-se em grupos, realize o sorteio do tipo de variação a ser trabalhada


pelo grupo, de acordo com a orientação do tutor.

b) Construam uma situação de comunicação em forma de história em


quadrinhos na qual vocês possam ilustrar, através de diálogos, o tipo de variação
sorteada pelo grupo.

Obs.: E não se preocupem, pois, caso não tenham habilidades para desenhar, vocês
poderão utilizar personagens de histórias já existentes, recriando suas falas para
retratar o tipo de variação a ser trabalhada.

c) Em seguida, cada grupo deverá apresentar o material preparado em forma


de história em quadrinhos para ilustrar o tipo de variação sorteado por cada equipe.

d) Após as apresentações, toda a turma comentará sobre o material


apresentado, refletindo acerca dos aspectos observados a respeito da diversidade
lingüística, sempre tomando como referência os estudos feitos em relação a este
tema durante todo o curso.

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Introdução aos
Etapa 3
A partir de todas as experiências – aulas, leituras, debates – elabore
Estudos um texto dissertativo, discutindo a relevância da disciplina Lingüística para
Lingüísticos prática docente.
Atenção: não esqueça de seguir as normas da ABNT.

Nunca esqueça:

NÃO ESTUDE APENAS PELA NOTA, MAS PARA SER O MELHOR!

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Glossário
AFASIA – é um termo ligado à área neurológica. Indica a perda do poder de
expressão pela fala, pela escrita ou pela sinalização, ou da capacidade de compreensão
da palavra escrita ou falada, por lesão cerebral, e sem alteração dos órgãos vocais. Aquele
que sofre desse mal, sabe o que deseja expressar, mas não consegue pronunciar as palavras
pela incapacidade de coordenar os músculos, por lesão cerebral.

DIACRONIA – estudo de uma língua ao longo do tempo, ou seja, processo através


do qual se estuda a evolução da língua.

DIALETO - variedade de uma língua associada a grupos que não contam com
prestígio social; também conhecido por linguajar.

DICOTOMIA - modalidade de classificação em que cada uma das divisões e


subdivisões contém apenas dois termos (Houaiss -Uol)

DIGLOSIA - a existência de dois ou mais códigos distintos, em uma sociedade,


cada qual com funções claramente diversas, determinadas pela estratificação social, mas
em que apenas um deles goza de prestígio.

ESTRUTURALISMO - posição inovadora dos estudos lingüísticos da primeira


metade do século XX, que considerava a língua como um sistema estruturado por relações
formais e não evidentes para a consciência do falante e, que, metodologicamente,
preconizavam a observação do maior número de fatos, de modo a fundamentar proposições
que, pela generalização rigorosa, viabilizassem a descoberta da estrutura (AURÉLIO).

FUNCIONALISMO - corrente lingüística que busca a explicação dos fenômenos


gramaticais por intermédio de funções comunicativas e pragmáticas.

GERATIVISMO - Teoria lingüística que procura estabelecer, com base em princípios


universais, um modelo geral de gramática, do qual derivariam as gramáticas de cada língua
em particular; gramática gerativo-transformacional, gramática transformacional.

GRAMÁTICA - A arte de falar e de escrever bem em uma língua. Estudo ou tratado


que expõe as regras da língua-padrão. Obra em que se expõem essas regras. Exemplar
de uma dessas obras. (AURÈLIO) Mas também é o conhecimento internalizado dos princípios
e regras de uma língua particular.

GRAMÁTICA UNIVERSAL - conjunto de princípios que restringe a forma e o


funcionamento de qualquer gramática. De acordo com Chomsky, cada indivíduo já nasce
com este conhecimento.

IDIOLETO - fala de um indivíduo na qual é analisado o conjunto de elementos


lingüísticos que o identifica como participante de uma comunidade.

71
LEXEMA - unidade no léxico de uma língua; item lexical; palavra

LÍNGUA - Sistema de signos [ v. signo (4) ] que permite a


comunicação entre os indivíduos de uma comunidade lingüística.
Introdução aos
Estudos MORFEMA - Elemento lingüístico mínimo que tem significado.
Lingüísticos
PRAGMATISMO - Doutrina de Charles Sandres Peirce (1839-
1844), cuja tese fundamental é que a verdade de uma doutrina consiste no fato de que ela
seja útil e propicie alguma espécie de êxito ou satisfação. Desse modo, afirma que o conceito
que temos de um objeto nada mais é que a soma dos conceitos de todos os efeitos
concebíveis como decorrentes das implicações práticas que podemos conceber para o
referido objeto.

PROSÓDIA – estudo da variação na altura, intensidade, tom, duração e ritmo da


fala. Também se ocupa do estudo da pronúncia correta das palavras.

SIGNO - unidade lingüística que tem significante e significado - signo


lingüístico.Segundo Saussure “é a imagem acústica de um signo lingüístico; não é a palavra
falada (ou seja, o som material), mas a impressão psíquica desse som”. No uso corrente
este termo é utilizado para designar a palavra.

SINCRONIA – estudo da língua em um determinado momento do tempo, ou seja,


considera-se não toda a evolução, mas um determinado período. Exemplo: o
desenvolvimento da língua no século XX.

SINTAGMA – toda combinação na cadeia da fala (Saussure), ou seja, o resultado da


combinação de um determinante e de um determinado numa unidade lingüística
hierarquicamente mais alta, que pode ser uma palavra, um termo da oração ou uma oração.

SINTAXE – parte da gramática que descreve as regras pelas quais combinam as


unidades significativas em frases(Dubois) e também da relação lógica entre as frases. Muitas
vezes a sintaxe é confundida com a própria gramática.

SOCIOLINGÜÍSTICA - conjunto de estudos lingüísticos, antropológicos e sociológicos


que tratam dos aspectos sociais do uso da língua, especialmente das variações lingüísticas
que se dão no interior de um grupo, conforme as diferentes posições, funções ou
circunstâncias dos indivíduos ou dos subgrupos de que estes fazem parte.

72
Referências
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MEDEIROS, Domingos Oliveira. A Linguagem e a Língua. Disponível em:
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74
Anotações

75
Introdução aos
Estudos
Lingüísticos

FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead

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www.ftc.br/ead

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