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Câmara dos
Deputados
LEI DE
MIGRAÇÃO
INCLUI
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (Genebra, 1951)
Convenção sobre Asilo Diplomático (Caracas, 1954)
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas (Nova York, 1954)
Convenção para a Redução dos Casos de Apatridia (Nova York, 1961)
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (San José, 1969)
Declaração de Cartagena (Cartagena, 1984)
edições
câmara
Câmara dos
Deputados
LEI DE
MIGRAÇÃO
Câmara dos Deputados
56ª Legislatura | 2019-2023
1º Vice-Presidente Diretoria-Geral
Marcos Pereira Sergio Sampaio Contreiras de Almeida
1º Suplente
Rafael Motta
2ª Suplente
Geovania de Sá
3º Suplente
Isnaldo Bulhões Jr.
4º Suplente
Assis Carvalho
Câmara dos
Deputados
LEI DE
MIGRAÇÃO
Carlos David Carneiro Bichara (organizador)
Fabrício Toledo de Souza e
Gabriel Gualano de Godoy (colaboradores)
edições
câmara
Editora responsável: Luzimar Gomes de Paiva
Preparação de originais e revisão: Seção de Revisão
Projeto gráfico: Leandro Sacramento e Luiz Eduardo Maklouf
Diagramação: Leandro Sacramento
Nota do editor: as normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis-
lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados, à exceção da Declaração de Cartagena.
SÉRIE
Legislação
n. 282 e-book
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Bibliotecária: Mariangela Barbosa Lopes – CRB1- 1731
Lei de migração [recurso eletrônico] / Carlos David Carneiro Bichara (organizador) ; Fabrício Toledo
de Souza, Gabriel Gualano de Godoy (colaboradores). – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições
Câmara,
2019. – (Série legislação ; n. 282)
“Linha Legislativo.” –Capa.
Versão e-book.
Modo de acesso: livraria.camara.leg.br
Disponível, também, em formato impresso.
“Atualizada até 27/5/2019”.
1. Migração, legislação, Brasil. I. Bichara, Carlos David Carneiro, org. II. Souza, Fabrício Toledo de. III.
Godoy, Gabriel Gualano de. IV. Série.
CDU 314.7(81)(094)
LEGISLAÇÃO SOBRE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA: O DIREITO A TER DIREITOS ����7
Já faz algum tempo desde que o filósofo canadense Charles Taylor cunhou
a expressão “imaginário social” para designar o modo pelo qual indivíduos e
grupos compreendem a vida social. Para Taylor (2010, p. 31), esse imaginário
estaria ligado sobretudo ao modo como concebemos a nossa existência em con-
junto, como nos acomodamos uns aos outros e que expectativas criamos sobre
a vida em sociedade. Longe de poder ser reduzido a construtos teóricos, o ima-
ginário social se apoiaria muitas vezes em imagens, narrativas e mitos, jamais
apropriados por completo.
Ainda que nunca esgotados em suas possibilidades de síntese e signi-
ficação, os imaginários permitiram às sociedades a possibilidade de práticas
comuns e a criação de um senso de legitimidade partilhado. Isso incluiria, muitas
vezes, a compreensão de quem somos “nós”, os membros de determinado povo,
em oposição a “eles”, aqueles que não pertencem ao “nosso grupo”. Muitas vezes,
esse senso de pertencimento seria também associado a princípios difusos de
justiça (ainda que disputados) sobre o que é devido a cada um em determinada
sociedade.
Esses princípios, por sua vez, não raro estabeleceriam diferenças entre
aquilo que é devido a cada um de “nós” e o que nós, como grupo, devemos a eles,
os estrangeiros que, por um ou outro motivo, habitam em nossa comunidade.
Um exemplo interessante pode ser encontrado em Levítico – livro sagrado dos
hebreus que continha instruções rituais, morais e “legais”, tradicionalmente atri-
buídas a Moisés, e que, posteriormente, foi incorporado à bíblia cristã (GRABBE,
1998). Nesse livro, Deus ditaria desta maneira, por intermédio de seu mensageiro,
a obrigação do povo de Israel perante o estrangeiro: “Se o estrangeiro peregrinar
na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural, será entre vós o estrangeiro que
peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na
terra do Egito” (Levítico 19, v. 33-34).
Apesar de extremamente demandante, o próprio fato de um manda-
mento como esse precisar ser externado mostra que não é óbvio, apesar de
intuitivo, que o estrangeiro não deva ser oprimido ou odiado. Da mesma forma,
só é possível amar como a si mesmo aquilo ou aquele que está fora do mesmo,
isto é, um outro. Dessa maneira, por mais demandante que seja o “direito” nesse
caso, implicando inclusive a obrigação de amar, ainda assim resta claro que o
1 Doutor em teoria e filosofia do direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Consultor le-
gislativo da Câmara dos Deputados com atuação na área XIX (ciência política, sociologia política, história
e relações internacionais) e professor da pós-graduação lato sensu no Centro de Formação, Treinamento e
Aperfeiçoamento (Cefor), da Câmara dos Deputados.
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estrangeiro não é o mesmo que o nativo e necessita de uma regra diferenciada
que imponha seu acolhimento.
Diversos foram, ao longo da história, as designações e os “direitos”
atribuídos aos estrangeiros – ciente, aqui, de que o próprio uso da expressão
“direitos” guarda uma série de impropriedades que só uma análise conceitual ou
uma história dos conceitos poderiam resolver. Desde os metecos da Atenas dos
séculos IV e V a.C. e suas proibições, prima facie, de participar da Assembleia de
Cidadãos (BASLEZ, 1984) até os peregrini romanos e sua exclusão da cidadania
propriamente dita (JOLOWICZ et al., 2018), diversas foram as formas, a partir
da própria autocompreensão do que é ser membro de uma comunidade, de se
relacionar com aqueles que, de alguma maneira, se colocam para além do “nós”.
Se os antigos hebreus, atenienses ou romanos tinham seus próprios ima-
ginários sociais e suas respectivas formas de lidar com o “outro”, podemos dizer
que o imaginário dominante nos tempos que correm está, de alguma forma,
profundamente ligado ao ideário do Estado-Nação. Para utilizar mais uma vez
uma expressão imprópria, pode-se dizer que a própria experiência “moderna”
do que é pertencer a uma sociedade ou comunidade está fortemente ligada,
ao menos desde os últimos séculos, à contingência histórica de ser brasileiro,
americano, argentino, inglês.
Afirmações como essa, que podem soar como uma banalidade, assim
soam justamente pelo fato de a própria ideia de nacionalidade conformar algo
como uma “segunda natureza”, que molda não só nossas formas de pensar e
ser no mundo, como também a forma de nos relacionarmos uns com os outros.
A grande novidade, que talvez não seja tão grande nem tão nova assim, dada
a dimensão de alguns dos impérios do passado, é justamente a capacidade do
Estado-Nação, como comunidade imaginada (ANDERSON, 2008), de unir, muitas
vezes, de modo figadal, pessoas sem vínculo orgânico algum e que, no entanto,
são capazes de não apenas morrer pelos seus respectivos países como também,
em nome deles, clamar por direitos exclusivos aos membros desse grande grupo
imaginado.
Seguindo Hannah Arendt (2012, p. 396-397), é possível dizer que, durante
muito tempo, a luta por direitos nos imaginários sociais da modernidade esteve
ligada à luta pela soberania popular contra os tiranos internos, que trouxe com
ela direitos então considerados universais e inalienáveis. Esses direitos, no
entanto, eram conquistados como direitos do povo, dos membros do Estado-
-Nação. Só quando surgiu um número “inesperado” e crescente de pessoas e de
povos, cujos direitos elementares eram tão pouco salvaguardados pelo funcio-
namento desses Estados, é que se percebeu que a gramática jurídica desse ima-
ginário padecia de um autoengano que deixava uma série de vidas totalmente
nuas em relação a qualquer tipo de proteção jurídica.
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LEGISLAÇÃO SOBRE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA:
O DIREITO A TER DIREITOS
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considerou-se importante elencar aqui ao menos um documento de referência
para que se marcasse a diferenciação entre asilo, em sentido estrito, e refúgio,
relacionada a aspectos como o caráter discricionário da concessão do primeiro
e o caráter reconhecitivo do segundo (GODOY, 2017), bem como a limitação do
asilo a questões relacionadas à perseguição política, comparada ao caráter mais
abrangente do refúgio.
Não se poderia deixar de elencar também documentos relacionados à
questão da apatridia, uma vez que, segundo dados do Alto Comissariado das
Nações Unidas, em 2011, cerca de 12 milhões de pessoas eram apátridas em
todo o mundo (NAÇÕES UNIDAS, 2011). Documentos como a Convenção sobre
o Estatuto dos Apátridas, de 1954, e a Convenção para a Redução dos Casos de
Apatridia, de 1961, conformam expressões da luta pelo direito de se ter direitos
e não poderiam ficar de fora deste volume.
Por fim, destaca-se aqui, além da Lei nº 9.474/1997, destinada a imple-
mentar no Brasil as disposições do Estatuto dos Refugiados, a Lei nº 13.445/2017,
diploma geral de migração vigente no país, elogiado pelas Nações Unidas como
norma legal garantidora de direitos, que dá título a este volume. A referida legis-
lação traz novidades como a positivação do instituto da “acolhida humanitária” e
estabelece ainda uma série de diretrizes para o balizamento da condição jurídica
do imigrante no Brasil, tendo como pano de fundo uma proteção humanista
dessa condição (VARELLA et al., 2017).
Espera-se que este volume possa auxiliar em estudos, pesquisas, práticas
profissionais e políticas relacionadas aos temas aqui coligidos, cada vez mais
candentes na condição atual de nossas sociedades. Agradeço especialmente
aos senhores Gabriel Gualano de Godoy e Fabrício Toledo de Souza pelas con-
tribuições inestimáveis para a edição desta coletânea.
Referências
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão
do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
ANDRADE, José H. Fischel. Direito internacional dos refugiados: evolução histórica
(1921-1952). Rio de Janeiro: Renovar, 1996.
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
BASLEZ, Marie-Françoise. L’étranger dans la Grèce Antique. Paris: Les Belles Lettres,
1984.
GODOY, Gabriel Gualano de. O que significa reconhecimento da condição de refugiado?
In: JUBILUT, Liliana Lyra; GODOY, Gabriel Gualano de. Refúgio no Brasil: comentários à
Lei 9.474/97. São Paulo: Ed. Quartier Latin do Brasil; ACNUR, 2017.
GRABBE, Lester. Leviticus. In: BARTON, John (Org.). Oxford Bible commentary. Oxford:
Oxford University Press, 1998.
JOLOWICZ, Herbert Felix et al. Roman law. Encyclopaedia Britannica online. Disponível
em: <https://www.britannica.com/topic/Roman-law>. Acesso em: 26 jun. 2018.
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LEGISLAÇÃO SOBRE PROTEÇÃO INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA:
O DIREITO A TER DIREITOS
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LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017 II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo
(LEI DE MIGRAÇÃO) e a quaisquer formas de discriminação;
(Publicada no DOU de 25/5/2017) III – não criminalização da migração;
IV – não discriminação em razão dos critérios ou
Institui a Lei de Migração.
dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admi-
O presidente da República
tida em território nacional;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
V – promoção de entrada regular e de regulari-
sanciono a seguinte Lei:
zação documental;
CAPÍTULO I VI – acolhida humanitária;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VII – desenvolvimento econômico, turístico, so-
Seção I cial, cultural, esportivo, científico e tecnológico
Disposições Gerais do Brasil;
VIII – garantia do direito à reunião familiar;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deve-
IX – igualdade de tratamento e de oportunidade
res do migrante e do visitante, regula a sua entra-
ao migrante e a seus familiares;
da e estada no País e estabelece princípios e dire-
X – inclusão social, laboral e produtiva do mi-
trizes para as políticas públicas para o emigrante.
grante por meio de políticas públicas;
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se:
XI – acesso igualitário e livre do migrante a servi-
I – (Vetado)
ços, programas e benefícios sociais, bens públicos,
II – imigrante: pessoa nacional de outro país ou educação, assistência jurídica integral pública,
apátrida que trabalha ou reside e se estabelece trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade
temporária ou definitivamente no Brasil; social;
III – emigrante: brasileiro que se estabelece tem- XII – promoção e difusão de direitos, liberdades,
porária ou definitivamente no exterior; garantias e obrigações do migrante;
IV – residente fronteiriço: pessoa nacional de XIII – diálogo social na formulação, na execução
país limítrofe ou apátrida que conserva a sua re- e na avaliação de políticas migratórias e promo-
sidência habitual em município fronteiriço de país ção da participação cidadã do migrante;
vizinho; XIV – fortalecimento da integração econômica,
V – visitante: pessoa nacional de outro país ou política, social e cultural dos povos da América La-
apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta tina, mediante constituição de espaços de cidada-
duração, sem pretensão de se estabelecer tem- nia e de livre circulação de pessoas;
porária ou definitivamente no território nacional; XV – cooperação internacional com Estados de
VI – apátrida: pessoa que não seja considerada origem, de trânsito e de destino de movimentos
como nacional por nenhum Estado, segundo a sua migratórios, a fim de garantir efetiva proteção aos
legislação, nos termos da Convenção sobre o Es- direitos humanos do migrante;
tatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo XVI – integração e desenvolvimento das regiões
Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim de fronteira e articulação de políticas públicas re-
reconhecida pelo Estado brasileiro. gionais capazes de garantir efetividade aos direi-
§ 2º (Vetado) tos do residente fronteiriço;
Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de nor- XVII – proteção integral e atenção ao superior
mas internas e internacionais específicas sobre re- interesse da criança e do adolescente migrante;
fugiados, asilados, agentes e pessoal diplomático XVIII – observância ao disposto em tratado;
ou consular, funcionários de organização interna- XIX – proteção ao brasileiro no exterior;
cional e seus familiares. XX – migração e desenvolvimento humano no
local de origem, como direitos inalienáveis de
Seção II todas as pessoas;
Dos Princípios e das Garantias
XXI – promoção do reconhecimento acadêmico
Art. 3º A política migratória brasileira rege-se e do exercício profissional no Brasil, nos termos
pelos seguintes princípios e diretrizes: da lei; e
I – universalidade, indivisibilidade e interdepen- XXII – repúdio a práticas de expulsão ou de depor-
dência dos direitos humanos; tação coletivas.
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LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacio- § 1º Os direitos e as garantias previstos nesta
nal, em condição de igualdade com os nacionais, Lei serão exercidos em observância ao disposto
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, na Constituição Federal, independentemente da
à igualdade, à segurança e à propriedade, bem situação migratória, observado o disposto no § 4º
como são assegurados: deste artigo, e não excluem outros decorrentes de
I – direitos e liberdades civis, sociais, culturais tratado de que o Brasil seja parte.
e econômicos; § 2º (Vetado)
II – direito à liberdade de circulação em territó- § 3º (Vetado)
rio nacional; § 4º (Vetado)
III – direito à reunião familiar do migrante com
seu cônjuge ou companheiro e seus filhos, fami- CAPÍTULO II
liares e dependentes; DA SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO
MIGRANTE E DO VISITANTE
IV – medidas de proteção a vítimas e testemu-
nhas de crimes e de violações de direitos; Seção I
V – direito de transferir recursos decorrentes de Dos Documentos de Viagem
sua renda e economias pessoais a outro país, ob- Art. 5º São documentos de viagem:
servada a legislação aplicável;
I – passaporte;
VI – direito de reunião para fins pacíficos;
II – laissez-passer;
VII – direito de associação, inclusive sindical,
III – autorização de retorno;
para fins lícitos;
IV – salvo-conduto;
VIII – acesso a serviços públicos de saúde e de
V – carteira de identidade de marítimo;
assistência social e à previdência social, nos ter-
VI – carteira de matrícula consular;
mos da lei, sem discriminação em razão da nacio-
VII – documento de identidade civil ou do-
nalidade e da condição migratória;
IX – amplo acesso à justiça e à assistência jurí- cumento estrangeiro equivalente, quando admi-
dica integral gratuita aos que comprovarem insu- tidos em tratado;
ficiência de recursos; VIII – certificado de membro de tripulação de
X – direito à educação pública, vedada a discri- transporte aéreo; e
minação em razão da nacionalidade e da condição IX – outros que vierem a ser reconhecidos pelo
migratória; Estado brasileiro em regulamento.
XI – garantia de cumprimento de obrigações le- § 1º Os documentos previstos nos incisos I, II,
gais e contratuais trabalhistas e de aplicação das III, IV, V, VI e IX, quando emitidos pelo Estado bra-
normas de proteção ao trabalhador, sem discrimi- sileiro, são de propriedade da União, cabendo a
nação em razão da nacionalidade e da condição seu titular a posse direta e o uso regular.
migratória; § 2º As condições para a concessão dos do-
XII – isenção das taxas de que trata esta Lei, me- cumentos de que trata o § 1º serão previstas em
diante declaração de hipossuficiência econômica, regulamento.
na forma de regulamento;
Seção II
XIII – direito de acesso à informação e garantia
Dos Vistos
de confidencialidade quanto aos dados pessoais
do migrante, nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de Subseção I
novembro de 2011; Disposições Gerais
XIV – direito a abertura de conta bancária; Art. 6º O visto é o documento que dá a seu titular
XV – direito de sair, de permanecer e de rein-
expectativa de ingresso em território nacional.
gressar em território nacional, mesmo enquan-
Parágrafo único. (Vetado)
to pendente pedido de autorização de residência,
de prorrogação de estada ou de transformação de Art. 7º O visto será concedido por embaixadas,
visto em autorização de residência; e consulados gerais, consulados, vice-consulados
XVI – direito do imigrante de ser informado e, quando habilitados pelo órgão competente do
sobre as garantias que lhe são asseguradas para Poder Executivo, por escritórios comerciais e de
fins de regularização migratória. representação do Brasil no exterior.
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Parágrafo único. Excepcionalmente, os vistos di- Subseção III
plomático, oficial e de cortesia poderão ser conce- Do Visto de Visita
didos no Brasil. Art. 13. O visto de visita poderá ser concedido ao
Art. 8º Poderão ser cobrados taxas e emolumen- visitante que venha ao Brasil para estada de curta
tos consulares pelo processamento do visto. duração, sem intenção de estabelecer residência,
nos seguintes casos:
Art. 9º Regulamento disporá sobre:
I – turismo;
I – requisitos de concessão de visto, bem como
II – negócios;
de sua simplificação, inclusive por reciprocidade;
III – trânsito;
II – prazo de validade do visto e sua forma de
IV – atividades artísticas ou desportivas; e
contagem;
V – outras hipóteses definidas em regulamento.
III – prazo máximo para a primeira entrada e
§ 1º É vedado ao beneficiário de visto de visita
para a estada do imigrante e do visitante no País;
exercer atividade remunerada no Brasil.
IV – hipóteses e condições de dispensa recí-
§ 2º O beneficiário de visto de visita poderá
proca ou unilateral de visto e de taxas e emolu-
receber pagamento do governo, de empregador
mentos consulares por seu processamento; e brasileiro ou de entidade privada a título de diária,
V – solicitação e emissão de visto por meio ele- ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despe-
trônico. sas com a viagem, bem como concorrer a prêmios,
Parágrafo único. A simplificação e a dispensa re- inclusive em dinheiro, em competições desporti-
cíproca de visto ou de cobrança de taxas e emo- vas ou em concursos artísticos ou culturais.
lumentos consulares por seu processamento po- § 3º O visto de visita não será exigido em caso de
derão ser definidas por comunicação diplomática. escala ou conexão em território nacional, desde
Art. 10. Não se concederá visto: que o visitante não deixe a área de trânsito inter-
I – a quem não preencher os requisitos para o nacional.
tipo de visto pleiteado; Subseção IV
II – a quem comprovadamente ocultar condição Do Visto Temporário
impeditiva de concessão de visto ou de ingresso
Art. 14. O visto temporário poderá ser concedido
no País; ou
ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de
III – a menor de 18 (dezoito) anos desacompanha- estabelecer residência por tempo determinado e
do ou sem autorização de viagem por escrito dos que se enquadre em pelo menos uma das seguin-
responsáveis legais ou de autoridade competente. tes hipóteses:
Art. 11. Poderá ser denegado visto a quem se en- I – o visto temporário tenha como finalidade:
quadrar em pelo menos um dos casos de impedi- a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica;
mento definidos nos incisos I, II, III, IV e IX do art. 45. b) tratamento de saúde;
Parágrafo único. A pessoa que tiver visto brasi- c) acolhida humanitária;
leiro denegado será impedida de ingressar no País d) estudo;
enquanto permanecerem as condições que ense- e) trabalho;
jaram a denegação. f) férias-trabalho;
g) prática de atividade religiosa ou serviço vo-
Subseção II
luntário;
Dos Tipos de Visto
h) realização de investimento ou de atividade
Art. 12. Ao solicitante que pretenda ingressar ou com relevância econômica, social, científica, tec-
permanecer em território nacional poderá ser nológica ou cultural;
concedido visto: i) reunião familiar;
I – de visita; j) atividades artísticas ou desportivas com con-
II – temporário; trato por prazo determinado;
III – diplomático; II – o imigrante seja beneficiário de tratado em
IV – oficial; matéria de vistos;
V – de cortesia. III – outras hipóteses definidas em regulamento.
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LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017
Parágrafo único. Regulamento poderá dispor VII – cuja razão da viagem não seja condizente
sobre outras hipóteses excepcionais de admissão, com o visto ou com o motivo alegado para a isen-
observados os princípios e as diretrizes desta Lei. ção de visto;
Art. 41. A entrada condicional, em território na- VIII – que tenha, comprovadamente, fraudado
cional, de pessoa que não preencha os requisitos documentação ou prestado informação falsa por
de admissão poderá ser autorizada mediante a ocasião da solicitação de visto; ou
assinatura, pelo transportador ou por seu agente, IX – que tenha praticado ato contrário aos princí-
de termo de compromisso de custear as despesas pios e objetivos dispostos na Constituição Federal.
com a permanência e com as providências para a Parágrafo único. Ninguém será impedido de in-
repatriação do viajante. gressar no País por motivo de raça, religião, na-
Art. 42. O tripulante ou o passageiro que, por cionalidade, pertinência a grupo social ou opinião
motivo de força maior, for obrigado a interrom- política.
per a viagem em território nacional poderá ter CAPÍTULO V
seu desembarque permitido mediante termo de DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA
responsabilidade pelas despesas decorrentes do
Seção I
transbordo.
Disposições Gerais
Art. 43. A autoridade responsável pela fiscali-
Art. 46. A aplicação deste Capítulo observará o dis-
zação contribuirá para a aplicação de medidas
posto na Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, e nas
sanitárias em consonância com o Regulamento
disposições legais, tratados, instrumentos e meca-
Sanitário Internacional e com outras disposições
nismos que tratem da proteção aos apátridas ou
pertinentes.
de outras situações humanitárias.
Seção II
Do Impedimento de Ingresso Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão
serão feitas para o país de nacionalidade ou de
Art. 44. (Vetado)
procedência do migrante ou do visitante, ou para
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, outro que o aceite, em observância aos tratados
após entrevista individual e mediante ato funda- dos quais o Brasil seja parte.
mentado, a pessoa:
Art. 48. Nos casos de deportação ou expulsão, o
I – anteriormente expulsa do País, enquanto os
efeitos da expulsão vigorarem; chefe da unidade da Polícia Federal poderá repre-
II – condenada ou respondendo a processo por sentar perante o juízo federal, respeitados, nos
ato de terrorismo ou por crime de genocídio, cri- procedimentos judiciais, os direitos à ampla de-
me contra a humanidade, crime de guerra ou crime fesa e ao devido processo legal.
de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto Seção II
de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, Da Repatriação
promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de se-
Art. 49. A repatriação consiste em medida admi-
tembro de 2002;
nistrativa de devolução de pessoa em situação de
III – condenada ou respondendo a processo em
impedimento ao país de procedência ou de na-
outro país por crime doloso passível de extradição
cionalidade.
segundo a lei brasileira;
IV – que tenha o nome incluído em lista de restri- § 1º Será feita imediata comunicação do ato
ções por ordem judicial ou por compromisso assu- fundamentado de repatriação à empresa trans-
mido pelo Brasil perante organismo internacional; portadora e à autoridade consular do país de pro-
V – que apresente documento de viagem que: cedência ou de nacionalidade do migrante ou do
a) não seja válido para o Brasil; visitante, ou a quem o representa.
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou § 2º A Defensoria Pública da União será noti-
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; ficada, preferencialmente por via eletrônica, no
VI – que não apresente documento de viagem caso do § 4º deste artigo ou quando a repatriação
ou documento de identidade, quando admitido; imediata não seja possível.
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§ 3º Condições específicas de repatriação podem todos os procedimentos administrativos de de-
ser definidas por regulamento ou tratado, observa- portação.
dos os princípios e as garantias previstos nesta Lei. § 2º A ausência de manifestação da Defenso-
§ 4º Não será aplicada medida de repatriação à ria Pública da União, desde que prévia e devida-
pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de mente notificada, não impedirá a efetivação da
fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos medida de deportação.
desacompanhado ou separado de sua família, ex-
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedi-
ceto nos casos em que se demonstrar favorável
mento de deportação dependerá de prévia auto-
para a garantia de seus direitos ou para a reinte-
rização da autoridade competente.
gração a sua família de origem, ou a quem necessi-
te de acolhimento humanitário, nem, em qualquer Art. 53. Não se procederá à deportação se a me-
caso, medida de devolução para país ou região dida configurar extradição não admitida pela le-
que possa apresentar risco à vida, à integridade gislação brasileira.
pessoal ou à liberdade da pessoa. Seção IV
§ 5º (Vetado) Da Expulsão
Seção III Art. 54. A expulsão consiste em medida adminis-
Da Deportação trativa de retirada compulsória de migrante ou vi-
Art. 50. A deportação é medida decorrente de pro- sitante do território nacional, conjugada com o im-
cedimento administrativo que consiste na retirada pedimento de reingresso por prazo determinado.
compulsória de pessoa que se encontre em situa- § 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação
ção migratória irregular em território nacional. com sentença transitada em julgado relativa à
§ 1º A deportação será precedida de notificação prática de:
pessoal ao deportando, da qual constem, expres- I – crime de genocídio, crime contra a humani-
samente, as irregularidades verificadas e prazo dade, crime de guerra ou crime de agressão, nos
para a regularização não inferior a 60 (sessenta) termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribu-
dias, podendo ser prorrogado, por igual período, nal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo
por despacho fundamentado e mediante compro- Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou
misso de a pessoa manter atualizadas suas infor- II – crime comum doloso passível de pena pri-
mações domiciliares. vativa de liberdade, consideradas a gravidade e
§ 2º A notificação prevista no § 1º não impede as possibilidades de ressocialização em território
a livre circulação em território nacional, devendo nacional.
o deportando informar seu domicílio e suas ati- § 2º Caberá à autoridade competente resolver
vidades. sobre a expulsão, a duração do impedimento de
§ 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regu- reingresso e a suspensão ou a revogação dos efei-
larize a situação migratória, a deportação poderá tos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.
ser executada. § 3º O processamento da expulsão em caso de
§ 4º A deportação não exclui eventuais direitos crime comum não prejudicará a progressão de re-
adquiridos em relações contratuais ou decorren- gime, o cumprimento da pena, a suspensão con-
tes da lei brasileira. dicional do processo, a comutação da pena ou a
§ 5º A saída voluntária de pessoa notificada para concessão de pena alternativa, de indulto coletivo
deixar o País equivale ao cumprimento da notifi- ou individual, de anistia ou de quaisquer benefí-
cação de deportação para todos os fins. cios concedidos em igualdade de condições ao
§ 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nacional brasileiro.
nos casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45. § 4º O prazo de vigência da medida de impedi-
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deporta- mento vinculada aos efeitos da expulsão será pro-
ção devem respeitar o contraditório e a ampla de- porcional ao prazo total da pena aplicada e nunca
fesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo. será superior ao dobro de seu tempo.
§ 1º A Defensoria Pública da União deverá ser Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:
notificada, preferencialmente por meio eletrônico, I – a medida configurar extradição inadmitida
para prestação de assistência ao deportando em pela legislação brasileira;
20
LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017
IV, visando a assistir as comunidades brasileiras § 2º A extradição e sua rotina de comunicação
no exterior; e serão realizadas pelo órgão competente do Poder
VI – esforço permanente de desburocratização, Executivo em coordenação com as autoridades ju-
atualização e modernização do sistema de atendi- diciárias e policiais competentes.
mento, com o objetivo de aprimorar a assistência Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
ao emigrante. I – o indivíduo cuja extradição é solicitada ao
Seção II Brasil for brasileiro nato;
Dos Direitos do Emigrante II – o fato que motivar o pedido não for consi-
derado crime no Brasil ou no Estado requerente;
Art. 78. Todo emigrante que decida retornar ao
III – o Brasil for competente, segundo suas leis,
Brasil com ânimo de residência poderá introduzir
para julgar o crime imputado ao extraditando;
no País, com isenção de direitos de importação e
IV – a lei brasileira impuser ao crime pena de
de taxas aduaneiras, os bens novos ou usados que
prisão inferior a 2 (dois) anos;
um viajante, em compatibilidade com as circuns-
V – o extraditando estiver respondendo a proces-
tâncias de sua viagem, puder destinar para seu
so ou já houver sido condenado ou absolvido no
uso ou consumo pessoal e profissional, sempre
Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
que, por sua quantidade, natureza ou variedade,
VI – a punibilidade estiver extinta pela prescrição,
não permitam presumir importação ou exporta-
segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
ção com fins comerciais ou industriais.
VII – o fato constituir crime político ou de opinião;
Art. 79. Em caso de ameaça à paz social e à ordem VIII – o extraditando tiver de responder, no Es-
pública por grave ou iminente instabilidade insti- tado requerente, perante tribunal ou juízo de ex-
tucional ou de calamidade de grande proporção ceção; ou
na natureza, deverá ser prestada especial assis- IX – o extraditando for beneficiário de refúgio,
tência ao emigrante pelas representações brasi- nos termos da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997,
leiras no exterior. ou de asilo territorial.
Art. 80. O tripulante brasileiro contratado por § 1º A previsão constante do inciso VII do caput
embarcação ou armadora estrangeira, de cabota- não impedirá a extradição quando o fato consti-
gem ou a longo curso e com sede ou filial no Brasil, tuir, principalmente, infração à lei penal comum
que explore economicamente o mar territorial e ou quando o crime comum, conexo ao delito po-
a costa brasileira terá direito a seguro a cargo do lítico, constituir o fato principal.
contratante, válido para todo o período da con- § 2º Caberá à autoridade judiciária competente
tratação, conforme o disposto no Registro de Em- a apreciação do caráter da infração.
barcações Brasileiras (REB), contra acidente de § 3º Para determinação da incidência do dis-
trabalho, invalidez total ou parcial e morte, sem posto no inciso I, será observada, nos casos de
prejuízo de benefícios de apólice mais favorável aquisição de outra nacionalidade por naturali-
vigente no exterior. zação, a anterioridade do fato gerador da extra-
dição.
CAPÍTULO VIII § 4º O Supremo Tribunal Federal poderá dei-
DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO
xar de considerar crime político o atentado con-
Seção I tra chefe de Estado ou quaisquer autoridades,
Da Extradição bem como crime contra a humanidade, crime de
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação guerra, crime de genocídio e terrorismo.
internacional entre o Estado brasileiro e outro Es- § 5º Admite-se a extradição de brasileiro natu-
tado pela qual se concede ou solicita a entrega de ralizado, nas hipóteses previstas na Constituição
pessoa sobre quem recaia condenação criminal Federal.
definitiva ou para fins de instrução de processo Art. 83. São condições para concessão da extra-
penal em curso. dição:
§ 1º A extradição será requerida por via diplo- I – ter sido o crime cometido no território do
mática ou pelas autoridades centrais designadas Estado requerente ou serem aplicáveis ao extra-
para esse fim. ditando as leis penais desse Estado; e
23
II – estar o extraditando respondendo a pro- preferência o pedido daquele em cujo território a
cesso investigatório ou a processo penal ou ter infração foi cometida.
sido condenado pelas autoridades judiciárias do § 1º Em caso de crimes diversos, terá preferên-
Estado requerente a pena privativa de liberdade. cia, sucessivamente:
I – o Estado requerente em cujo território tenha
Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interes-
sido cometido o crime mais grave, segundo a lei
sado na extradição poderá, previamente ou con-
brasileira;
juntamente com a formalização do pedido extradi-
II – o Estado que em primeiro lugar tenha pe-
cional, requerer, por via diplomática ou por meio
dido a entrega do extraditando, se a gravidade dos
de autoridade central do Poder Executivo, prisão
crimes for idêntica;
cautelar com o objetivo de assegurar a executorie-
III – o Estado de origem, ou, em sua falta, o do-
dade da medida de extradição que, após exame
miciliar do extraditando, se os pedidos forem si-
da presença dos pressupostos formais de admis-
multâneos.
sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá
§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão
representar à autoridade judicial competente, ou-
competente do Poder Executivo decidirá sobre
vido previamente o Ministério Público Federal.
a preferência do pedido, priorizando o Estado
§ 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter
requerente que mantiver tratado de extradição
informação sobre o crime cometido e deverá ser
com o Brasil.
fundamentado, podendo ser apresentado por cor-
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados
reio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro
requerentes, prevalecerão suas normas no que
meio que assegure a comunicação por escrito.
diz respeito à preferência de que trata este artigo.
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser
transmitido à autoridade competente para extra- Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Mi-
dição no Brasil por meio de canal estabelecido nistério Público, poderá autorizar prisão albergue
com o ponto focal da Organização Internacional ou domiciliar ou determinar que o extraditando
de Polícia Criminal (Interpol) no País, devida- responda ao processo de extradição em liberdade,
mente instruído com a documentação comproba- com retenção do documento de viagem ou outras
tória da existência de ordem de prisão proferida medidas cautelares necessárias, até o julgamento
por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de da extradição ou a entrega do extraditando, se
tratado, com a promessa de reciprocidade rece- pertinente, considerando a situação administra-
bida por via diplomática. tiva migratória, os antecedentes do extraditando
§ 3º Efetivada a prisão do extraditando, o pe- e as circunstâncias do caso.
dido de extradição será encaminhado à autori- Art. 87. O extraditando poderá entregar-se vo-
dade judiciária competente. luntariamente ao Estado requerente, desde que
§ 4º Na ausência de disposição específica em o declare expressamente, esteja assistido por
tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar advogado e seja advertido de que tem direito ao
o pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) processo judicial de extradição e à proteção que
dias, contado da data em que tiver sido cientifi- tal direito encerra, caso em que o pedido será de-
cado da prisão do extraditando. cidido pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 5º Caso o pedido de extradição não seja apre-
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo
sentado no prazo previsto no § 4º, o extraditando
de extradição em face de Estado estrangeiro de-
deverá ser posto em liberdade, não se admitindo
verá ser encaminhado ao órgão competente do
novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato
Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder
sem que a extradição tenha sido devidamente re-
Judiciário responsável pela decisão ou pelo pro-
querida.
cesso penal que a fundamenta.
§ 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até
§ 1º Compete a órgão do Poder Executivo o
o julgamento final da autoridade judiciária compe- papel de orientação, de informação e de avaliação
tente quanto à legalidade do pedido de extradição. dos elementos formais de admissibilidade dos
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a ex- processos preparatórios para encaminhamento
tradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá ao Estado requerido.
24
LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017
§ 2º Compete aos órgãos do sistema de Justiça 60 (sessenta) dias, após o qual o pedido será jul-
vinculados ao processo penal gerador de pedido gado independentemente da diligência.
de extradição a apresentação de todos os do- § 4º O prazo referido no § 3º será contado da
cumentos, manifestações e demais elementos data de notificação à missão diplomática do Es-
necessários para o processamento do pedido, in- tado requerente.
clusive suas traduções oficiais.
Art. 92. Julgada procedente a extradição e auto-
§ 3º O pedido deverá ser instruído com cópia
rizada a entrega pelo órgão competente do Poder
autêntica ou com o original da sentença condena-
Executivo, será o ato comunicado por via diplo-
tória ou da decisão penal proferida, conterá indi-
mática ao Estado requerente, que, no prazo de
cações precisas sobre o local, a data, a natureza e
60 (sessenta) dias da comunicação, deverá retirar
as circunstâncias do fato criminoso e a identidade
o extraditando do território nacional.
do extraditando e será acompanhado de cópia dos
textos legais sobre o crime, a competência, a pena Art. 93. Se o Estado requerente não retirar o extra-
e a prescrição. ditando do território nacional no prazo previsto no
§ 4º O encaminhamento do pedido de extradi- art. 92, será ele posto em liberdade, sem prejuízo
ção ao órgão competente do Poder Executivo con- de outras medidas aplicáveis.
fere autenticidade aos documentos.
Art. 94. Negada a extradição em fase judicial, não
Art. 89. O pedido de extradição originado de Es- se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.
tado estrangeiro será recebido pelo órgão com-
Art. 95. Quando o extraditando estiver sendo pro-
petente do Poder Executivo e, após exame da
cessado ou tiver sido condenado, no Brasil, por
presença dos pressupostos formais de admissibi-
crime punível com pena privativa de liberdade, a
lidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encami-
extradição será executada somente depois da con-
nhado à autoridade judiciária competente.
clusão do processo ou do cumprimento da pena,
Parágrafo único. Não preenchidos os pressu-
ressalvadas as hipóteses de liberação antecipada
postos referidos no caput, o pedido será arqui-
vado mediante decisão fundamentada, sem pre- pelo Poder Judiciário e de determinação da trans-
juízo da possibilidade de renovação do pedido, ferência da pessoa condenada.
devidamente instruído, uma vez superado o óbice § 1º A entrega do extraditando será igualmente
apontado. adiada se a efetivação da medida puser em risco
sua vida em virtude de enfermidade grave com-
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem
provada por laudo médico oficial.
prévio pronunciamento do Supremo Tribunal Fe-
§ 2º Quando o extraditando estiver sendo pro-
deral sobre sua legalidade e procedência, não ca-
cessado ou tiver sido condenado, no Brasil, por
bendo recurso da decisão.
infração de menor potencial ofensivo, a entrega
Art. 91. Ao receber o pedido, o relator designará poderá ser imediatamente efetivada.
dia e hora para o interrogatório do extraditando e,
Art. 96. Não será efetivada a entrega do extra-
conforme o caso, nomear-lhe-á curador ou advo-
gado, se não o tiver. ditando sem que o Estado requerente assuma o
§ 1º A defesa, a ser apresentada no prazo de compromisso de:
10 (dez) dias contado da data do interrogatório, I – não submeter o extraditando a prisão ou pro-
versará sobre a identidade da pessoa reclamada, cesso por fato anterior ao pedido de extradição;
defeito de forma de documento apresentado ou II – computar o tempo da prisão que, no Brasil,
ilegalidade da extradição. foi imposta por força da extradição;
§ 2º Não estando o processo devidamente ins- III – comutar a pena corporal, perpétua ou de
truído, o Tribunal, a requerimento do órgão do Mi- morte em pena privativa de liberdade, respeitado o
nistério Público Federal correspondente, poderá limite máximo de cumprimento de 30 (trinta) anos;
converter o julgamento em diligência para suprir IV – não entregar o extraditando, sem consen-
a falta. timento do Brasil, a outro Estado que o reclame;
§ 3º Para suprir a falta referida no § 2º, o Minis- V – não considerar qualquer motivo político
tério Público Federal terá prazo improrrogável de para agravar a pena; e
25
VI – não submeter o extraditando a tortura ou a Art. 101. O pedido de transferência de execução
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos da pena de Estado estrangeiro será requerido por
ou degradantes. via diplomática ou por via de autoridades centrais.
§ 1º O pedido será recebido pelo órgão com-
Art. 97. A entrega do extraditando, de acordo com
petente do Poder Executivo e, após exame da
as leis brasileiras e respeitado o direito de terceiro,
presença dos pressupostos formais de admissibi-
será feita com os objetos e instrumentos do crime
lidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encami-
encontrados em seu poder.
nhado ao Superior Tribunal de Justiça para deci-
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos refe-
são quanto à homologação.
ridos neste artigo poderão ser entregues indepen-
§ 2º Não preenchidos os pressupostos referidos
dentemente da entrega do extraditando.
no § 1º, o pedido será arquivado mediante deci-
Art. 98. O extraditando que, depois de entregue são fundamentada, sem prejuízo da possibilidade
ao Estado requerente, escapar à ação da Justiça de renovação do pedido, devidamente instruído,
e homiziar-se no Brasil, ou por ele transitar, será uma vez superado o óbice apontado.
detido mediante pedido feito diretamente por via
Art. 102. A forma do pedido de transferência de
diplomática ou pela Interpol e novamente entre-
execução da pena e seu processamento serão de-
gue, sem outras formalidades.
finidos em regulamento.
Art. 99. Salvo motivo de ordem pública, poderá Parágrafo único. Nos casos previstos nesta
ser permitido, pelo órgão competente do Poder Seção, a execução penal será de competência da
Executivo, o trânsito no território nacional de pes- Justiça Federal.
soa extraditada por Estado estrangeiro, bem como
Seção III
o da respectiva guarda, mediante apresentação Da Transferência de Pessoa Condenada
de documento comprobatório de concessão da
Art. 103. A transferência de pessoa condenada
medida.
poderá ser concedida quando o pedido se funda-
Seção II mentar em tratado ou houver promessa de reci-
Da Transferência de Execução da Pena procidade.
Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicita- § 1º O condenado no território nacional poderá
ção de extradição executória, a autoridade com- ser transferido para seu país de nacionalidade ou
petente poderá solicitar ou autorizar a transferên- país em que tiver residência habitual ou vínculo
cia de execução da pena, desde que observado o pessoal, desde que expresse interesse nesse senti-
princípio do non bis in idem. do, a fim de cumprir pena a ele imposta pelo Esta-
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no do brasileiro por sentença transitada em julgado.
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 § 2º A transferência de pessoa condenada no
(Código Penal), a transferência de execução da Brasil pode ser concedida juntamente com a apli-
pena será possível quando preenchidos os se- cação de medida de impedimento de reingresso
guintes requisitos: em território nacional, na forma de regulamento.
I – o condenado em território estrangeiro for Art. 104. A transferência de pessoa condenada
nacional ou tiver residência habitual ou vínculo será possível quando preenchidos os seguintes
pessoal no Brasil; requisitos:
II – a sentença tiver transitado em julgado; I – o condenado no território de uma das par-
III – a duração da condenação a cumprir ou que tes for nacional ou tiver residência habitual ou
restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, vínculo pessoal no território da outra parte que
na data de apresentação do pedido ao Estado da justifique a transferência;
condenação; II – a sentença tiver transitado em julgado;
IV – o fato que originou a condenação constituir III – a duração da condenação a cumprir ou que
infração penal perante a lei de ambas as partes; e restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano,
V – houver tratado ou promessa de reciproci- na data de apresentação do pedido ao Estado da
dade. condenação;
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LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017
IV – o fato que originou a condenação constituir para infrações cometidas por pessoa jurídica, por
infração penal perante a lei de ambos os Estados; ato infracional.
V – houver manifestação de vontade do condena-
Art. 109. Constitui infração, sujeitando o infrator
do ou, quando for o caso, de seu representante; e
às seguintes sanções:
VI – houver concordância de ambos os Estados.
I – entrar em território nacional sem estar au-
Art. 105. A forma do pedido de transferência de torizado:
pessoa condenada e seu processamento serão de- Sanção: deportação, caso não saia do País ou não
finidos em regulamento. regularize a situação migratória no prazo fixado;
§ 1º Nos casos previstos nesta Seção, a execu- II – permanecer em território nacional depois
ção penal será de competência da Justiça Federal. de esgotado o prazo legal da documentação mi-
§ 2º Não se procederá à transferência quando gratória:
inadmitida a extradição. Sanção: multa por dia de excesso e deportação,
§ 3º (Vetado) caso não saia do País ou não regularize a situação
CAPÍTULO IX migratória no prazo fixado;
DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES III – deixar de se registrar, dentro do prazo de
ADMINISTRATIVAS 90 (noventa) dias do ingresso no País, quando for
Art. 106. Regulamento disporá sobre o procedi- obrigatória a identificação civil:
mento de apuração das infrações administrativas Sanção: multa;
e seu processamento e sobre a fixação e a atua- IV – deixar o imigrante de se registrar, para efeito
lização das multas, em observância ao disposto de autorização de residência, dentro do prazo de
nesta Lei. 30 (trinta) dias, quando orientado a fazê-lo pelo
Art. 107. As infrações administrativas previstas órgão competente:
neste Capítulo serão apuradas em processo ad- Sanção: multa por dia de atraso;
ministrativo próprio, assegurados o contraditó- V – transportar para o Brasil pessoa que esteja
rio e a ampla defesa e observadas as disposições sem documentação migratória regular:
desta Lei. Sanção: multa por pessoa transportada;
§ 1º O cometimento simultâneo de duas ou VI – deixar a empresa transportadora de atender
mais infrações importará cumulação das sanções a compromisso de manutenção da estada ou de
cabíveis, respeitados os limites estabelecidos nos promoção da saída do território nacional de quem
incisos V e VI do art. 108. tenha sido autorizado a ingresso condicional no
§ 2º A multa atribuída por dia de atraso ou por Brasil por não possuir a devida documentação
excesso de permanência poderá ser convertida migratória:
em redução equivalente do período de autoriza- Sanção: multa;
ção de estada para o visto de visita, em caso de VII – furtar-se ao controle migratório, na entrada
nova entrada no País. ou saída do território nacional:
Art. 108. O valor das multas tratadas neste Capí- Sanção: multa.
tulo considerará: Art. 110. As penalidades aplicadas serão objeto
I – as hipóteses individualizadas nesta Lei; de pedido de reconsideração e de recurso, nos
II – a condição econômica do infrator, a reinci- termos de regulamento.
dência e a gravidade da infração; Parágrafo único. Serão respeitados o contra-
III – a atualização periódica conforme estabele- ditório, a ampla defesa e a garantia de recurso,
cido em regulamento; assim como a situação de hipossuficiência do mi-
IV – o valor mínimo individualizável de R$ 100,00 grante ou do visitante.
(cem reais);
V – o valor mínimo de R$ 100,00 (cem reais) e o CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
máximo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para infra-
ções cometidas por pessoa física; Art. 111. Esta Lei não prejudica direitos e obri-
VI – o valor mínimo de R$ 1.000,00 (mil reais) e gações estabelecidos por tratados vigentes no
o máximo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) Brasil e que sejam mais benéficos ao migrante e
27
ao visitante, em particular os tratados firmados no Art. 116. (Vetado)
âmbito do Mercosul.
Art. 117. O documento conhecido por Registro
Art. 112. As autoridades brasileiras serão toleran- Nacional de Estrangeiro passa a ser denominado
tes quanto ao uso do idioma do residente fron- Registro Nacional Migratório.
teiriço e do imigrante quando eles se dirigirem a
Art. 118. (Vetado)
órgãos ou repartições públicas para reclamar ou
reivindicar os direitos decorrentes desta Lei. Art. 119. O visto emitido até a data de entrada
Art. 113. As taxas e emolumentos consulares são em vigor desta Lei poderá ser utilizado até a data
fixados em conformidade com a tabela anexa a prevista de expiração de sua validade, podendo
esta Lei. ser transformado ou ter seu prazo de estada pror-
§ 1º Os valores das taxas e emolumentos con- rogado, nos termos de regulamento.
sulares poderão ser ajustados pelo órgão compe-
Art. 120. A Política Nacional de Migrações, Refúgio
tente da administração pública federal, de forma
e Apatridia terá a finalidade de coordenar e articu-
a preservar o interesse nacional ou a assegurar a
lar ações setoriais implementadas pelo Poder Exe-
reciprocidade de tratamento.
§ 2º Não serão cobrados emolumentos consula- cutivo federal em regime de cooperação com os
res pela concessão de: Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com
I – vistos diplomáticos, oficiais e de cortesia; e participação de organizações da sociedade civil,
II – vistos em passaportes diplomáticos, oficiais organismos internacionais e entidades privadas,
ou de serviço, ou equivalentes, mediante recipro- conforme regulamento.
cidade de tratamento a titulares de documento de § 1º Ato normativo do Poder Executivo federal
viagem similar brasileiro. poderá definir os objetivos, a organização e a es-
§ 3º Não serão cobrados taxas e emolumentos tratégia de coordenação da Política Nacional de
consulares pela concessão de vistos ou para a ob- Migrações, Refúgio e Apatridia.
tenção de documentos para regularização migrató- § 2º Ato normativo do Poder Executivo federal
ria aos integrantes de grupos vulneráveis e indiví-
poderá estabelecer planos nacionais e outros ins-
duos em condição de hipossuficiência econômica.
trumentos para a efetivação dos objetivos desta
§ 4º (Vetado)
Lei e a coordenação entre órgãos e colegiados
Art. 114. Regulamento poderá estabelecer com- setoriais.
petência para órgãos do Poder Executivo discipli- § 3º Com vistas à formulação de políticas públi-
narem aspectos específicos desta Lei.
cas, deverá ser produzida informação quantitativa
Art. 115. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezem- e qualitativa, de forma sistemática, sobre os mi-
bro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acres- grantes, com a criação de banco de dados.
cido do seguinte art. 232-A:
Promoção de migração ilegal Art. 121. Na aplicação desta Lei, devem ser obser-
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o vadas as disposições da Lei nº 9.474, de 22 de julho
fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de 1997, nas situações que envolvam refugiados e
de estrangeiro em território nacional ou de brasi- solicitantes de refúgio.
leiro em país estrangeiro:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 122. A aplicação desta Lei não impede o tra-
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por tamento mais favorável assegurado por tratado
qualquer meio, com o fim de obter vantagem eco- em que a República Federativa do Brasil seja parte.
nômica, a saída de estrangeiro do território nacio-
nal para ingressar ilegalmente em país estrangeiro.
Art. 123. Ninguém será privado de sua liberdade
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a por razões migratórias, exceto nos casos previstos
1/3 (um terço) se: nesta Lei.
I – o crime é cometido com violência; ou
Art. 124. Revogam-se:
II – a vítima é submetida a condição desumana
ou degradante. I – a Lei nº 818, de 18 de setembro de 1949; e
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem II – a Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Esta-
prejuízo das correspondentes às infrações conexas. tuto do Estrangeiro).
28
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Art. 125. Esta Lei entra em vigor após decorridos IV – promover o bem de todos, sem preconcei-
180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. tos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
Brasília, 24 de maio de 2017; 196º da
outras formas de discriminação.
Independência e 129º da República. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
MICHEL TEMER
nas suas relações internacionais pelos seguintes
Osmar Serraglio princípios:
Aloysio Nunes Ferreira Filho I – independência nacional;
Henrique Meirelles II – prevalência dos direitos humanos;
Eliseu Padilha
III – autodeterminação dos povos;
Sergio Westphalen Etchegoyen
Grace Maria Fernandes Mendonça
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
ANEXO VI – defesa da paz;
(Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/ VII – solução pacífica dos conflitos;
lei/2017/lei-13445-24-maio-2017-784925-anexo-pl.pdf) VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso
da humanidade;
LEGISLAÇÃO CORRELATA X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
cultural dos povos da América Latina, visando à
FEDERATIVA DO BRASIL
formação de uma comunidade latino-americana
(Publicada no DOU de 5/10/1988)
de nações.
[Dispositivos referentes à migração].
TÍTULO II
PREÂMBULO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Nós, representantes do povo brasileiro, reuni- CAPÍTULO I
dos em Assembleia Nacional Constituinte para ins- DOS DIREITOS E DEVERES
tituir um Estado democrático, destinado a assegu- INDIVIDUAIS E COLETIVOS
rar o exercício dos direitos sociais e individuais, a Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvi- de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
mento, a igualdade e a justiça como valores supre- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
preconceitos, fundada na harmonia social e com- à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
prometida, na ordem interna e internacional, com [...]
a solução pacífica das controvérsias, promulga- XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros si-
mos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constitui- tuados no País será regulada pela lei brasileira
ção da República Federativa do Brasil. em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pes-
TÍTULO I soal do de cujus;
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
[...]
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada LII – não será concedida extradição de estran-
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e geiro por crime político ou de opinião;
do Distrito Federal, constitui-se em Estado demo- [...]
crático de direito e tem como fundamentos:
CAPÍTULO III
[...] DA NACIONALIDADE
III – a dignidade da pessoa humana;
Art. 12. São brasileiros:
[...]
I – natos:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Re- a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
pública Federativa do Brasil: ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
[...] não estejam a serviço de seu país;
29
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro b) de imposição de naturalização, pela norma
ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles estrangeira, ao brasileiro residente em Estado es-
esteja a serviço da República Federativa do Brasil; trangeiro, como condição para permanência em
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro seu território ou para o exercício de direitos civis;
ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados (Alínea acrescida pela EC de Revisão nº 3, de 1994)
em repartição brasileira competente ou venham a [...]
residir na República Federativa do Brasil e optem,
em qualquer tempo, depois de atingida a maio- CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO
ridade, pela nacionalidade brasileira; (Alínea com DOS REFUGIADOS (GENEBRA, 1951)
redação dada pela EC nº 54, de 2007) (Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 11 de 1960 e
II – naturalizados: promulgada pelo Decreto nº 50.215, de 28/1/1961)
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- Adotada em 28 de julho de 1951 pela Conferên-
dade brasileira, exigidas aos originários de países cia das Nações Unidas de Plenipotenciários sobre
de língua portuguesa apenas residência por um o Estatuto dos Refugiados e Apátridas, convocada
ano ininterrupto e idoneidade moral; pela Resolução 429 (V) da Assembleia Geral das
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade Nações Unidas, de 14 de dezembro de 1950.
residentes na República Federativa do Brasil há As Altas Partes Contratantes,
mais de quinze anos ininterruptos e sem condena- Considerando que a Carta das Nações Unidas
ção penal, desde que requeiram a nacionalidade e a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
brasileira. (Alínea com redação dada pela EC de Revisão aprovada em 10 de dezembro de 1948 pela As-
nº 3, de 1994) sembleia Geral, afirmaram o princípio de que os
§ 1º Aos portugueses com residência perma- seres humanos, sem distinção, devem gozar dos
nente no País, se houver reciprocidade em favor direitos do homem e das liberdades fundamentais,
dos brasileiros, serão atribuídos os direitos ine- Considerando que a Organização das Nações
rentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Unidas tem repetidamente manifestado sua pro-
Constituição. (Parágrafo com redação dada pela EC de funda preocupação pelos refugiados e que tem
Revisão nº 3, de 1994) se esforçado por assegurar-lhes o exercício mais
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre amplo possível dos direitos do homem e das liber-
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos dades fundamentais,
previstos nesta Constituição. Considerando que é desejável rever e codificar
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: os acordos internacionais anteriores relativos ao
I – de Presidente e Vice-Presidente da República; estatuto dos refugiados e estender a aplicação
II – de Presidente da Câmara dos Deputados; desses instrumentos e a proteção que eles ofere-
III – de Presidente do Senado Federal; cem por meio de um novo acordo,
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Considerando que da concessão do direito de
V – da carreira diplomática; asilo podem resultar encargos indevidamente pe-
VI – de oficial das Forças Armadas; sados para certos países e que a solução satisfa-
VII – de Ministro de Estado da Defesa. (Inciso tória para os problemas cujo alcance e natureza
acrescido pela EC nº 23, de 1999) internacionais a Organização das Nações Unidas
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade reconheceu, não pode, portanto, ser obtida sem
do brasileiro que: cooperação internacional,
I – tiver cancelada sua naturalização, por sen- Exprimindo o desejo de que todos os Estados,
tença judicial, em virtude de atividade nociva ao reconhecendo o caráter social e humanitário do
interesse nacional; problema dos refugiados, façam tudo o que esteja
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos ao seu alcance para evitar que esse problema se
casos: (Inciso com redação dada pela EC de Revisão nº 3, torne causa de tensão entre os Estados,
de 1994) Notando que o Alto Comissariado das Nações
a) de reconhecimento de nacionalidade origi- Unidas para os Refugiados tem a incumbência de
nária pela lei estrangeira; (Alínea acrescida pela EC de zelar para a aplicação das convenções internacio-
Revisão nº 3, de 1994) nais que assegurem a proteção dos refugiados,
30
CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS (GENEBRA, 1951)
e reconhecendo que a coordenação efetiva das e cada Estado Contratante fará, no momento
medidas tomadas para resolver este problema da assinatura, da ratificação ou da adesão, uma
dependerá da cooperação dos Estados com o Alto declaração precisando o alcance que pretende
Comissário, dar a essa expressão do ponto de vista das obri-
Convieram nas seguintes disposições: gações assumidas por ele em virtude da presente
Convenção.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS 2. Qualquer Estado Contratante que adotou a
fórmula a poderá em qualquer momento esten-
Artigo 1º – Definição do termo “refugiado” der as suas obrigações adotando a fórmula b por
A) Para fins da presente Convenção, o termo “re- meio de uma notificação dirigida ao Secretário-
fugiado” se aplicará a qualquer pessoa: Geral das Nações Unidas.
1. Que foi considerada refugiada nos termos dos C) Esta Convenção cessará, nos casos infra, de
Ajustes de 12 de maio de 1926 e de 30 de junho ser aplicável a qualquer pessoa compreendida
de 1928, ou das Convenções de 28 de outubro de nos termos da seção A, retro:
1933 e de 10 de fevereiro de 1938 e do Protocolo 1. se ela voltou a valer-se da proteção do país de
de 14 de setembro de 1939, ou ainda da Constitui- que é nacional; ou
ção da Organização Internacional dos Refugiados; 2. se havendo perdido a nacionalidade, ela a
As decisões de inabilitação tomadas pela Or- recuperou voluntariamente; ou
ganização Internacional dos Refugiados durante 3. se adquiriu nova nacionalidade e goza da
o período do seu mandato não constituem obs- proteção do país cuja nacionalidade adquiriu; ou
táculo a que a qualidade de refugiado seja reco- 4. se voltou a estabelecer-se, voluntariamente,
nhecida a pessoas que preencham as condições no país que abandonou ou fora do qual permane-
previstas no parágrafo 2º da presente seção; ceu com medo de ser perseguido; ou
2. Que, em consequência dos acontecimentos 5. se por terem deixado de existir as circunstân-
ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e te- cias em consequência das quais foi reconhecida
mendo ser perseguida por motivos de raça, re- como refugiada, ela não pode mais continuar re-
ligião, nacionalidade, grupo social ou opiniões cusando a proteção do país de que é nacional;
políticas, encontra-se fora do país de sua naciona- Contanto, porém, que as disposições do pre-
lidade e que não pode ou, em virtude desse temor, sente parágrafo não se apliquem a um refugiado
não quer valer-se da proteção desse país, ou que, incluído nos termos do parágrafo 1 da seção A do
se não tem nacionalidade encontra-se fora do país presente artigo, que pode invocar, para recusar a
no qual tinha sua residência habitual em conse- proteção do país de que é nacional, razões impe-
quência de tais acontecimentos, não pode ou, de- riosas resultantes de perseguições anteriores;
vido ao referido temor, não quer voltar a ele. 6. tratando-se de pessoa que não tem nacionali-
No caso de uma pessoa que tem mais de uma dade, se por terem deixado de existir as circunstân-
nacionalidade, a expressão “do país de sua na- cias em consequência das quais foi reconhecida
cionalidade” se refere a cada um dos países dos como refugiada, ela está em condições de voltar ao
quais ela é nacional. Uma pessoa que, sem razão país no qual tinha sua residência habitual;
válida fundada sobre um temor justificado, não Contanto, porém, que as disposições do pre-
se houver valido da proteção de um dos países de sente parágrafo não se apliquem a um refugiado
que é nacional, não será considerada privada da incluído nos termos do parágrafo 1 da seção A do
proteção do país de sua nacionalidade. presente artigo, que pode invocar, para recusar
B) 1. Para os fins da presente Convenção, as pa- voltar ao país no qual tinha sua residência habi-
lavras “acontecimentos ocorridos antes de 1º de tual, razões imperiosas resultantes de persegui-
janeiro de 1951”, do art. 1º, seção A, poderão ser ções anteriores.
compreendidos no sentido de: D) Esta Convenção não será aplicável às pessoas
a) “acontecimentos ocorridos antes de 1º de ja- que atualmente se beneficiam de uma proteção ou
neiro de 1951 na Europa”; ou assistência de parte de um organismo ou de uma
b) “acontecimentos ocorridos antes de 1º de ja- instituição das Nações Unidas, que não o Alto Co-
neiro de 1951 na Europa ou alhures”; missariado das Nações Unidas para os Refugiados.
31
Quando esta proteção ou assistência houver Artigo 6º – A expressão “nas mesmas
cessado, por qualquer razão, sem que a sorte des- circunstâncias”
sas pessoas tenha sido definitivamente resolvida Para os fins desta Convenção, a expressão “nas
de acordo com as resoluções a ela relativas, ado- mesmas circunstâncias” significa que todas as
tadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, condições – em especial as que se referem à du-
essas pessoas se beneficiarão de pleno direito do ração e às condições de permanência ou de re-
regime desta Convenção. sidência – que o interessado teria de preencher
E) Esta Convenção não será aplicável a uma pes- para poder exercer o direito em causa, se ele não
soa considerada pelas autoridades competentes fosse refugiado, devem ser preenchidas por ele,
do país no qual ela instalou sua residência como com exceção das condições que, em razão da sua
tendo os direitos e as obrigações relacionadas natureza, não podem ser preenchidas por um re-
com a posse da nacionalidade desse país. fugiado.
F) As disposições desta Convenção não serão Artigo 7º – Dispensa de reciprocidade
aplicáveis às pessoas a respeito das quais houver 1. Ressalvadas as disposições mais favoráveis
razões sérias para se pensar que: previstas por esta Convenção, um Estado Con-
a) cometeram um crime contra a paz, um crime tratante concederá aos refugiados o regime que
de guerra ou um crime contra a humanidade, no concede aos estrangeiros em geral.
sentido dado pelos instrumentos internacionais 2. Após um prazo de residência de três anos,
elaborados para prever tais crimes; todos os refugiados se beneficiarão, no território
b) cometeram um crime grave de direito comum dos Estados Contratantes, da dispensa de recipro-
fora do país de refúgio antes de serem nele admiti- cidade legislativa.
das como refugiados; 3. Cada Estado Contratante continuará a con-
c) tornaram-se culpadas de atos contrários aos ceder aos refugiados os direitos e vantagens de
fins e princípios das Nações Unidas. que já gozavam, na ausência de reciprocidade, na
data da entrada em vigor desta Convenção para o
Artigo 2º – Obrigações gerais
referido Estado.
Todo refugiado tem deveres para com o país
4. Os Estados Contratantes considerarão com
em que se encontra, os quais compreendem no-
benevolência a possibilidade de conceder aos re-
tadamente a obrigação de respeitar as leis e re-
fugiados, na ausência de reciprocidade, direitos
gulamentos, assim como as medidas que visam a e vantagens outros além dos que eles gozam em
manutenção da ordem pública. virtude dos parágrafos 2 e 3, assim como a possi-
Artigo 3º – Não discriminação bilidade de conceder o benefício da dispensa de
Os Estados Contratantes aplicarão as disposi- reciprocidade a refugiados que não preencham as
ções desta Convenção aos refugiados sem discri- condições previstas nos parágrafos 2 e 3.
minação quanto à raça, à religião ou ao país de 5. As disposições dos parágrafos 2 e 3, supra,
origem. aplicam-se assim às vantagens mencionadas nos
artigos 13, 18, 19, 21 e 22 desta Convenção, como
Artigo 4º – Religião aos direitos e vantagens que não são previstos
Os Estados Contratantes proporcionarão aos re- pela mesma.
fugiados, em seu território, um tratamento pelo
menos tão favorável como o que é proporcionado Artigo 8º – Dispensa de medidas excepcionais
No que concerne às medidas excepcionais que
aos nacionais no que concerne à liberdade de pra-
podem ser tomadas contra a pessoa, bens ou in-
ticar sua religião e no que concerne à liberdade de
teresses dos nacionais de um Estado, os Estados
instrução religiosa dos seus filhos.
Contratantes não aplicarão tais medidas a um re-
Artigo 5º fugiado que seja formalmente nacional do referido
Direitos conferidos independentemente desta Estado unicamente em razão da sua nacionalidade.
Convenção nenhuma disposição desta Conven- Os Estados Contratantes que, pela sua legislação,
ção prejudicará os outros direitos e vantagens não podem aplicar o dispositivo geral consagrado
concedidos aos outros refugiados, independen- neste artigo concederão, nos casos apropriados,
temente desta Convenção. dispensas em favor de tais refugiados.
32
CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS (GENEBRA, 1951)
e) a data na qual esta Convenção entrará em para servir de asilo, deverão ser convidadas a
vigor, de acordo com o artigo 43; retira-se, ou conforme o caso, ser entregues ao
f) as denúncias e as notificações mencionadas governo local, o qual não poderá julgá-las por de-
no artigo 44; litos políticos anteriores ao momento da entrega.
g) os pedidos de revisão mencionados no ar-
Artigo IV
tigo 45.
Compete ao Estado asilante a classificação da
Em fé do que, os abaixo-assinados, devidamen-
te autorizados, assinaram, em nome de seus res- natureza do delito ou dos motivos da perseguição.
pectivos Governos, a presente Convenção. Artigo V
O asilo só poderá ser concedido em casos de
CONVENÇÃO SOBRE ASILO urgência e pelo tempo estritamente indispensável
DIPLOMÁTICO (CARACAS, 1954) para que o asilado deixe o país com as garantias
(Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 13 de 1957 e
concedidas pelo governo do Estado territorial, a
promulgada pelo Decreto nº 42.628, de 13/11/1957)
fim de não correrem perigo de vida, sua liberdade
Os Governos dos Estados Membros da Organi- ou sua integridade pessoal, ou para que de outra
zação dos Estados Americanos, desejos de esta- maneira o asilado seja posto em segurança.
belecer uma Convenção sobre Asilo Diplomático,
Artigo VI
convieram nos seguintes artigos:
Entendem-se por casos de urgência, entre ou-
Artigo I tros, aqueles em que o indivíduo é perseguido por
O asilo outorgado em legações, navios de guerra pessoas ou multidões que não possam ser conti-
e acampamentos ou aeronaves militares, a pessoas das pelas autoridades, ou pelas próprias autori-
perseguidas por motivos ou delitos políticos, será dades, bem como quando se encontre em perigo
respeitado pelo Estado territorial, de acordo com de ser privado de sua vida ou de sua liberdade por
as disposições desta Convenção. motivos de perseguição política e não possa, sem
Para os fins desta Convenção, legação é a sede
risco, pôr-se de outro modo em segurança.
de toda missão diplomática ordinária, a residên-
cia dos chefes de missão, e os locais por eles des- Artigo VII
tinados para esse efeito, quando o número de asi- Compete ao Estado asilante julgar se se trata de
lados exceder a capacidade normal dos edifícios. caso de urgência.
Os navios de guerra ou aeronaves militares, que
Artigo VIII
se encontrarem provisoriamente em estaleiros,
O agente diplomático, comandante de navio de
arsenais ou oficinas para serem reparados, não
guerra acampamento ou aeronave militar, depois
podem constituir recinto de asilo.
de concedido o asilo, comunicá-lo-á com a maior
Artigo II brevidade possível ao Ministro das Relações Exte-
Todo Estado tem o direito de conceder asilo, riores do Estado territorial ou à autoridade admi-
mas não se acha obrigado a concedê-lo, nem a nistrativa do lugar, se o fato houver ocorrido fora
declarar por que o nega. da Capital.
Artigo III Artigo IX
Não é lícito conceder asilo a pessoas que, na A autoridade asilante tomará em conta as infor-
ocasião em que o solicitem, tenham sido acusa- mações que o governo territorial lhe oferecer para
das de delitos comuns, processadas ou conde- formar seu critério sobre a natureza do delito ou a
nadas por esse motivo pelos tribunais ordinários existência de delitos comuns conexos; porém será
competentes, sem haverem cumprido as penas
respeitada sua determinação de continuar a conce-
respectivas; nem a desertores das forças de terra,
der asilo ou exigir salvo-conduto para a perseguido.
mar e ar, salvo quando os fatos que motivarem o
pedido de asilo, seja qual for o caso, apresentem Artigo X
claramente caráter político. O fato de não estar o governo do Estado terri-
As pessoas mencionadas no parágrafo prece- torial reconhecido pelo Estado asilante não im-
dente, que se refugiarem em lugar apropriado pedirá a observância desta Convenção e nenhum
39
ato executado em virtude da mesma implicará a Artigo XVI
reconhecimento. Os asilados não poderão ser desembarcados
em ponto algum do Estado territorial, nem em
Artigo XI
lugar que dele esteja próximo, salvo por necessi-
O governo do Estado territorial pode em qual-
dade de transporte.
quer momento, exigir que o asilado seja retirado
do país, para o que deverá conceder salvo-conduto Artigo XVII
e as garantias estipuladas no Artigo V. Efetuada a saída do asilado, o Estado asilante
não e obrigado a conceder-lhe permanência no
Artigo XII
seu território; mas não o poderá mandar de volta
Concedido o asilo, o Estado asilante pode pedir
o seu país de origem, salvo por vontade expressa
a saída do asilado para território estrangeiro,
do asilado.
sendo o Estado territorial obrigado a conceder
O fato de o Estado territorial comunicar à auto-
imediatamente, salvo caso de força maior, as ga-
ridade asilante a intenção de solicitar a extradi-
rantias, necessárias a que se refere o Artigo V e o
ção posterior do asilado não prejudicará aplicação
correspondente salvo-conduto.
de qualquer dispositivo desta Convenção. Nesse
Artigo XIII caso, o asilado permanecerá residindo no territó-
Nos casos referidos nos artigos anteriores, o Es- rio do Estado asilante até que se receba o pedido
tado asilante pode exigir que as garantias sejam formal de extradição, segundo as normas jurídi-
dadas por escrito e tomar em consideração, para cas que regem essa instituição no Estado asilante.
a rapidez da viagem, as condições reais de pedido A vigilância sobre o asilado não poderá exceder
apresentadas para a saída do asilado. de trinta dias.
Ao Estado asilante cabe o direito de conduzir o As despesas desse transporte e as da perma-
asilado para fora do país. O Estado territorial pode nência preventiva cabem ao Estado do suplicante.
escolher o itinerário preferido para a saída do asi- Artigo XVIII
lado, sem que isso implique determinar o país de A autoridade asilante não permitirá aos asila-
destino. dos praticar atos contrários à tranquilidade pú-
Se o asilo se verificar a bordo de navio de guerra blica, nem intervier na política interna do Estado
ou aeronave militar, a saída pode se efetuar nos territorial.
mesmos, devendo, porém ser previamente preen-
Artigo XIX
chido o requisito da obtenção do salvo-conduto.
Se, por motivo de ruptura de relações, o repre-
Artigo XIV sentante diplomático que concedeu o asilo tiver
Não se pode culpar o Estado asilante do pro- de abandonar o Estado territorial, sairá com os
longamento do asilo, decorrente da necessidade asilados.
de coligir informações indispensáveis para julgar Se o estabelecido no parágrafo anterior não for
da procedência do mesmo, ou de fatos circuns- possível por causas independentes da vontade
tancias que ponham em perigo a segurança do dos mesmos ou do agente diplomático, deverá
asilado durante o trajeto para um país estrangeiro. entregá-los à representação diplomática de um
Artigo XV terceiro Estado, com as garantias estabelecidas
Quando para a transferência de um asilado para nesta Convenção.
outro país for necessário atravessar o território de Se isto também não for possível, poderá entre-
gá-los a um Estado que não faça parte desta Con-
um Estado Parte nesta Convenção, o trânsito será
venção e concorde em manter o asilo. O Estado
autorizado por este sem outro por via diplomática,
territorial deverá respeitar esse asilo.
do respectivo salvo-conduto visado e com a decla-
ração, por parte da missão diplomática asilante, Artigo XX
da qualidade do asilado. O asilo diplomático não estará sujeito à recipro-
Durante o mencionado trânsito o asilado ficará cidade. Toda pessoa, seja qual for sua nacionali-
sob a proteção do Estado que concede o asilo. dade, pode estar sob proteção.
40
CONVENÇÃO SOBRE O ESTATUTO DOS APÁTRIDAS (NOVA YORK, 1954)
Convenção como aos direitos e vantagens que ritório e de expedir-lhes documentos de viagem
não são por ela previstos. ou de admiti-los a título temporário no seu terri-
tório, principalmente com o fim de facilitar-lhes a
Artigo 8 – Dispensa de Medidas Excepcionais
No que concerne às medidas excepcionais que fixação em outro país.
podem ser tomadas contra a pessoa, os bens ou CAPÍTULO II
os interesses dos nacionais ou dos ex-nacionais CONDIÇÃO JURÍDICA
de um Estado determinado, os Estados Contratan-
Artigo 12 – Estatuto Pessoal
tes não as aplicarão a um apátrida apenas porque
1. O estatuto pessoal de todo apátrida será re-
tenha ele tido a nacionalidade de tal Estado. Os
gido pela lei do país de seu domicílio ou, na falta
Estados Contratantes que, de acordo com a sua
de domicílio, pela lei do país de sua residência.
legislação, não possam vir a aplicar o princípio
2. Os direitos anteriormente adquiridos pelo
geral consagrado neste artigo, deverão conceder
em casos apropriados dispensas que favoreçam apátrida e que decorrem do estatuto pessoal, no-
tais apátridas. tadamente os que resultem do casamento, serão
respeitados por todo Estado Contratante, ressal-
Artigo 9 – Medidas Provisórias vado, se for o caso, o cumprimento das formali-
Nenhuma das disposições da presente Conven-
dades previstas pela legislação do referido Estado,
ção impedirá um Estado Contratante, em tempo
desde que, todavia, o direito em causa seja daque-
de guerra ou em outras circunstâncias graves e
les que seriam reconhecidos pela legislação do re-
excepcionais, de tomar provisoriamente, a propó-
ferido Estado, se o interessado não se houvesse
sito de determinada pessoa, as medidas que este
tornado apátrida.
Estado considere indispensáveis à segurança na-
cional, enquanto não for estabelecido pelo men- Artigo 13 – Propriedade Móvel e Imóvel
cionado Estado Contratante que essa pessoa é Os Estados Contratantes outorgarão a todo apá-
efetivamente um apátrida e que a manutenção trida um tratamento tão favorável quanto possível
das referidas medidas a seu respeito se afigura e, em todo caso, não menos favorável que aquele
necessária no interesse da segurança nacional. concedido, nas mesmas circunstâncias, aos es-
Artigo 10 – Continuidade de Residência trangeiros em geral, no que diz respeito à aquisi-
1. Quando um apátrida houver sido deportado ção da propriedade móvel ou imóvel e aos direitos
durante a Segunda Guerra Mundial e transportado a elas relativos, ao aluguel e a outros contratos
para o território de um dos Estados Contratantes relativos à propriedade móvel e imóvel.
e ali residir, a duração dessa permanência forçada Artigo 14 – Propriedade Intelectual e Industrial
será contada como residência regular nesse ter-
Em matéria de proteção da propriedade indus-
ritório.
trial, notadamente de invenções, desenhos, mo-
2. Quando um apátrida houver sido deportado
delos, marcas de fábrica, nome comercial e em
do território de um Estado Contratante durante a
matéria de proteção da propriedade literária, ar-
Segunda Guerra Mundial e para lá houver voltado
tística e científica, todo apátrida gozará, no país
antes da entrada em vigor desta Convenção, com
em que tem sua residência habitual, da proteção
o objetivo de residir, o período que precede e o
que é garantida aos nacionais do referido país. No
que segue a essa deportação serão considerados,
para todos os fins para os quais uma residência território de qualquer dos outros Estados Contra-
ininterrupta é necessária, como constituindo um tantes, gozará da mesma proteção dada naquele
só período ininterrupto. território aos nacionais do país no qual tenha re-
sidência habitual.
Artigo 11 – Marítimos Apátridas
Nos casos de apátridas que estejam regular- Artigo 15 – Direito de Associação
mente empregados como membros da equipa- Os Estados Contratantes concederão aos apátri-
gem a bordo de um navio que hasteie pavilhão das que residem regularmente no seu território, no
de um Estado Contratante, este Estado examinará tocante às associações sem fim político ou lucra-
com benevolência a possibilidade de autorizar os tivo e aos sindicatos profissionais, um tratamento
referidos apátridas a se estabelecerem no seu ter- tão favorável quanto possível e, em todo caso, não
43
menos favorável que aquele conferido, nas mes- tadores de diplomas reconhecidos pelas autorida-
mas circunstâncias, aos estrangeiros em geral. des competentes do referido Estado e que desejem
Artigo 16 – Direito de Demandar em Juízo exercer uma profissão liberal, um tratamento tão
1. Todo apátrida gozará, no território dos Estados favorável quanto possível e, em todo caso, não
Contratantes, de livre e fácil acesso aos tribunais. menos favorável que aquele concedido, nas mes-
2. No Estado Contratante em que tem sua resi- mas circunstâncias, aos estrangeiros em geral.
dência habitual, todo apátrida fruirá do mesmo
CAPÍTULO IV
tratamento que um nacional no que concerne ao BENEFÍCIOS SOCIAIS
acesso aos tribunais, inclusive a assistência judi-
ciária e a isenção da caução judicatum solvi. Artigo 20 – Racionamento
3. Nos Estados Contratantes que não aquele em Na hipótese de existir um sistema de raciona-
que tem residência habitual, no que se refere às mento ao qual esteja sujeita a população como
questões tratadas no parágrafo 2, todo apátrida um todo, e que regulamente a partilha geral de
gozará do mesmo tratamento dispensado ao na- produtos de que há escassez, os apátridas serão
cional do país no qual reside habitualmente. tratados como os nacionais.
CAPÍTULO III Artigo 21 – Habitação
EMPREGOS LUCRATIVOS
No que se refere a habitação, os Estados Contra-
Artigo 17 – Profissões Assalariadas tantes, na medida em que esse tema seja regrado
1. Os Estados Contratantes concederão a todo pelas leis e regulamentos ou esteja submetido ao
apátrida que resida regularmente no seu territó- controle das autoridades públicas, concederão
rio um tratamento tão favorável quanto possível aos apátridas que residam regularmente no seu
e, em todo caso, um tratamento não menos favo-
território um tratamento tão favorável quanto
rável que aquele proporcionado, nas mesmas cir-
possível, e, em todo caso, não menos favorável
cunstâncias, aos estrangeiros em geral no que se
que aquele concedido, nas mesmas circunstân-
refere ao exercício de uma atividade profissional
cias, aos estrangeiros em geral.
assalariada.
2. Os Estados Contratantes considerarão, com Artigo 22 – Instrução Pública
benevolência, a adoção de medidas tendentes a 1. Os Estados Contratantes concederão aos apá-
assimilar os direitos de todos os apátridas, no que tridas o mesmo tratamento dispensado aos seus
concerne ao exercício das profissões assalariadas, nacionais, no tocante ao ensino primário.
aos dos seus nacionais, notadamente para os apá- 2. Os Estados Contratantes assegurarão aos apá-
tridas que entraram em seu território em virtude
tridas um tratamento tão favorável quanto pos-
de um programa de recrutamento de mão de obra
sível e, em todo caso, não menos favorável que
ou de um plano de imigração.
aquele concedido aos estrangeiros em geral, nas
Artigo 18 – Profissões Não Assalariadas mesmas circunstâncias, no que se refere às cate-
Os Estados Contratantes concederão aos apá- gorias de ensino que não o ensino primário e, no-
tridas que se encontrem regularmente em seu ter- tadamente, no que concerne o acesso aos estudos,
ritório tratamento tão favorável quanto possível
ao reconhecimento de certificados de estudos, de
e, em todo caso, tratamento que não seja menos
diplomas e de títulos universitários expedidos no
favorável que aquele garantido, nas mesmas cir-
estrangeiro, a isenção de direitos e taxas e a con-
cunstâncias, aos estrangeiros em geral, no que se
cessão de bolsas de estudos.
reporta ao exercício de uma profissão não assala-
riada na agricultura, na indústria, no artesanato Artigo 23 – Assistência Pública
e no comércio, bem como quanto ao estabeleci- Os Estados Contratantes outorgarão aos apátri-
mento de firmas comerciais e industriais. das que residam regularmente no seu território o
Artigo 19 – Profissões Liberais mesmo tratamento que aquele concedido aos
Todo Estado Contratante garantirá aos apátridas seus nacionais em matéria de assistência e de so-
que residam regularmente no seu território, por- corros públicos.
44
CONVENÇÃO SOBRE O ESTATUTO DOS APÁTRIDAS (NOVA YORK, 1954)
Artigo 2 Artigo 5
Salvo prova em contrário, presume-se que um 1. Caso a legislação de um Estado Contratante
menor abandonado que tenha sido encontrado imponha a perda de nacionalidade em decorrên-
no território de um Estado Contratante tenha cia da mudança do estado civil de uma pessoa, tal
como casamento, dissolução da sociedade conju-
nascido nesse território, de pais que possuem a
gal, legitimação, reconhecimento ou adoção, tal
nacionalidade daquele Estado.
perda será condicionada à titularidade ou aquisi-
Artigo 3 ção de outra nacionalidade.
Para o fim de se determinarem as obrigações 2. Se, de acordo com a legislação de um Estado
dos Estados Contratantes nos termos da presente Contratante, um filho natural perder a nacionali-
Convenção, o nascimento a bordo de um navio ou dade daquele Estado como consequência de um
uma aeronave será considerado como ocorrido no reconhecimento de filiação, ser-lhe-á oferecida a
território do Estado de cuja bandeira for o navio oportunidade de recuperá-la mediante requeri-
ou no território do Estado em que a aeronave es- mento apresentado perante a autoridade compe-
tiver matriculada, conforme o caso. tente, requerimento este que não poderá ser ob-
jeto de condições mais rigorosas do que aquelas
Artigo 4
determinadas no parágrafo 2 do Artigo 1 da pre-
1. Todo Estado Contratante concederá sua na-
sente Convenção.
cionalidade a qualquer pessoa que não tenha nas-
cido no território de um Estado Contratante e que Artigo 6
do contrário seria apátrida se no momento de seu A mudança ou a perda da nacionalidade de um
nascimento um de seus pais possuía a nacionali- dos cônjuges, do pai ou da mãe não acarretará
dade do primeiro destes Estados. Se seus pais não perda da nacionalidade do outro cônjuge nem a
49
dos filhos, a menos que já possuam ou tenha ad- 2. Não obstante o disposto no parágrafo 1 deste
quirido outra nacionalidade. Artigo, uma pessoa poderá ser privada da nacio-
nalidade de um Estado Contratante:
Artigo 7
a) nos casos em que, de acordo com os parágra-
1. a) Se a legislação de um Estado Contratante
fos 4 e 5 do Artigo 7, uma pessoa seja passível de
permitir a renúncia à nacionalidade, tal renúncia
perder sua nacionalidade;
só será válida se o interessado tiver ou adquirir
b) nos casos em que a nacionalidade tenha sido
outra nacionalidade.
obtida por declaração falsa ou fraude.
b) A disposição da alínea a deste parágrafo não
3. Não obstante o disposto no parágrafo 1 deste
prevalecerá quando sua aplicação for incompatí-
Artigo, os Estados Contratantes poderão conser-
vel com os princípios enunciados nos Artigos 13 e
var o direito de privar uma pessoa de sua naciona-
14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
lidade se, no momento da assinatura, ratificação
aprovada em 10 de dezembro de 1948 pela Assem-
ou adesão, especificarem que se reservam tal di-
bleia Geral das Nações Unidas.
reito por um ou mais dos seguintes motivos, sem-
2. A pessoa que solicitar a naturalização em um
pre que estes estejam previstos em sua legislação
país estrangeiro, ou tenha obtido uma permissão
nacional naquele momento:
de expatriação com esse fim, só perderá sua na-
a) quando, em condições incompatíveis com o
cionalidade se adquirir a nacionalidade desse país
dever de lealdade ao Estado Contratante, a pessoa:
estrangeiro.
i) apesar de proibição expressa do Estado Con-
3. Salvo o disposto nos parágrafos 4 e 5 deste Arti-
tratante, tiver prestado ou continuar prestando
go, o nacional de um Estado Contratante não pode-
serviços a outro Estado, tiver recebido ou conti-
rá perder sua nacionalidade pelo fato de abandonar
nuar recebendo dinheiro de outro Estado; ou
o país, residir no exterior ou deixar de inscrever-
ii) tiver se conduzido de maneira gravemente
-se no registro correspondente, ou por qualquer
prejudicial aos interesses vitais do Estado;
outra razão semelhante, se tal perda implicar sua
b) quando a pessoa tiver prestado juramento de
apatridia.
lealdade ou tiver feito uma declaração formal de
4. Os naturalizados podem perder sua naciona-
lealdade a outro Estado, ou dado provas decisivas
lidade pelo fato de residirem em seu país de ori-
de sua determinação de repudiar a lealdade que
gem por um período que exceda o autorizado pela
deve ao Estado Contratante.
legislação do Estado Contratante, que não poderá
4. Os Estados Contratantes só exercerão o di-
ser inferior a sete anos consecutivos, se não de-
reito de privar uma pessoa de sua nacionalidade,
clararem perante as autoridades competentes sua
nas condições definidas nos parágrafos 2 ou 3 do
intenção de conservar sua nacionalidade.
presente Artigo, de acordo com a lei, que assegu-
5. Em caso de nacionais de um Estado Contra-
rará ao interessado o direto à ampla defesa pe-
tante nascidos fora de seu território, a legislação
rante um tribunal ou outro órgão independente.
desse Estado poderá subordinar a conservação
da nacionalidade, a partir do ano seguinte à data Artigo 9
em que o interessado alcançar a maioridade, ao Os Estados Contratantes não poderão privar
cumprimento do requisito de residência, naquele qualquer pessoa ou grupo de pessoas de sua na-
momento, no território do Estado ou de inscrição cionalidade por motivos raciais, étnicos, religiosos
no registro correspondente. ou políticos.
6. Salvo nos casos aos quais se refere esse Ar-
Artigo 10
tigo, uma pessoa não perderá a nacionalidade de
1. Todo tratado entre os Estados Contratantes
um Estado Contratante se tal perda puder conver-
que dispuser sobre a transferência de território
tê-la em apátrida, ainda que tal perda não esteja
deverá incluir disposições para assegurar que os
expressamente proibida por nenhuma das outras
habitantes do referido território não se converte-
disposições da presente Convenção.
rão em apátridas como resultado de tal transfe-
Artigo 8 rência. Os Estados Contratantes se empenharão
1. Os Estados Contratantes não privarão uma em assegurar que tais disposições figurem em
pessoa de sua nacionalidade se essa privação vier todo tratado desse gênero realizado com um Es-
a convertê-la em apátrida. tado que não seja Parte na presente Convenção.
50
CONVENÇÃO PARA A REDUÇÃO DOS CASOS DE APATRIDIA (NOVA YORK, 1961)
e que, por isso, os citados refugiados não podem Artigo III – Informações Relativas às Leis e
beneficiar-se da Convenção, Regulamentos Nacionais
Considerando a conveniência de que o mesmo Os Estados partes no presente Protocolo comu-
Estatuto se aplique a todos os refúgios compreen- nicarão ao Secretário Geral da Organização das
didos na definição dada na Convenção, indepen- Nações Unidas o texto das leis e dos regulamen-
dentemente da data limite de 1º de janeiro de 1951, tos que promulgarem para assegurar a aplicação
Convieram no seguinte: do presente Protocolo.
I II
Recordando as conclusões e recomendações Tendo tomado conhecimento, com apreço, dos
adotadas pelo Colóquio realizado no México sobre compromissos em matéria de refugiados incluí-
Asilo e Proteção Internacional de Refugiados na dos na Ata de Contadora para a Paz e Cooperação
América Latina, que estabeleceu importantes cri- na América Central, cujos critérios partilha plena-
térios para a análise e consideração desta matéria; mente e que a seguir se transcrevem:
2 Adotada pelo “Colóquio sobre Proteção Internacional dos Refugiados na América Central, México e Panamá: Problemas Jurídicos
e Humanitários”, realizado em Cartagena, Colômbia, entre 19 e 22 de novembro de 1984.
3 Disponível em: <https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BD_Legal/Instrumentos_Internacionais/Declaracao_
de_Cartagena.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2019.
56
DECLARAÇÃO DE CARTAGENA (CARTAGENA, 1984)
a) Realizar, se ainda o não fizeram, as altera- plenas para os refugiados, os países receptores
ções constitucionais, para a adesão à Convenção permitam que delegações oficiais do país de ori-
de 1951 e ao Protocolo de 1967 sobre o Estatuto gem, acompanhadas por representantes do Acnur
dos Refugiados; e do país receptor, possam visitar os acampamen-
b) Adotar a terminologia estabelecida na Con- tos de refugiados;
venção e no Protocolo, citados no parágrafo ante- o) Que os países receptores facilitem o processo
rior, com o objetivo de diferenciar os refugiados de de saída dos refugiados por motivo de repatria-
outras categorias de migrantes; ção voluntária e individual, em coordenação com
c) Estabelecer os mecanismos internos necessá- o Acnur;
rios para aplicar as disposições da Convenção e do p) Estabelecer as medidas conducentes nos
Protocolo citados, quando se verifique a adesão; países receptores para evitar a participação dos
d) Que se estabeleçam mecanismos de consulta refugiados em atividades que atentem contra o
entre os Países da América Central com represen- país de origem, respeitando sempre os direitos
tantes dos gabinetes governamentais responsá- humanos dos refugiados.
veis pelo tratamento do problema dos refugiados
III
em cada Estado;
O Colóquio adotou, deste modo, as seguintes
e) Apoiar o trabalho que realiza o Alto Comis-
conclusões:
sariado das Nações Unidas para os Refugiados
Primeira – Promover dentro dos países da re-
(Acnur) na América Central e estabelecer meca-
gião a adoção de normas internas que facilitem
nismos diretos de coordenação para facilitar o
a aplicação da Convenção e do Protocolo e, em
cumprimento do seu mandato;
f) Que todo a repatriação de refugiados seja de caso de necessidade, que estabeleçam os proce-
caráter voluntário, manifestado individualmente dimentos e afetem recursos internos para a pro-
e com a colaboração do Acnur; teção dos refugiados. Propiciar, igualmente, que
g) Que, com o objetivo de facilitar a repatriação a adoção de normas de direito interno sigam os
dos refugiados, se estabeleçam comissões tripar- princípios e critérios da Convenção e do Protocolo,
tites integradas por representantes do Estado de colaborando assim no processo necessário à har-
origem, do Estado receptor e do Acnur; monização sistemática das legislações nacionais
h) Fortalecer os programas de proteção e assis- em matéria de refugiados.
tência aos refugiados, sobretudo nos aspectos de Segunda – Propiciar que a ratificação ou ade-
saúde, educação, trabalho e segurança; são à Convenção de 1951 e ao Protocolo de 1967
i) Que se estabeleçam programas e projetos no caso dos Estados que ainda o não tenham efe-
com vista à autossuficiência dos refugiados; tuado, não seja acompanhada de reservas que li-
j) Capacitar os funcionários responsáveis em mitem o alcance de tais instrumentos e convidar
cada Estado pela proteção e assistência aos re- os países que as tenham formulado a que consi-
fugiados, com a colaboração do Acnur ou outros derem o seu levantamento no mais curto prazo.
organismos internacionais; Terceira – Reiterar que, face à experiência ad-
k) Solicitar à comunidade internacional ajuda quirida pela afluência em massa de refugiados na
imediata para os refugiados da América Central, América Central, se torna necessário encarar a ex-
tanto de forma direta, mediante convênios bila- tensão do conceito de refugiado tendo em conta,
terais ou multilaterais, como através do Acnur e no que é pertinente, e de acordo com as caracte-
outros organismos e agências; rísticas da situação existente na região, o previsto
l) Procurar, com a colaboração do Acnur, outros na Convenção da OUA (artigo 1, parágrafo 2) e a
possíveis países receptores de refugiados da Amé- doutrina utilizada nos relatórios da Comissão In-
rica Central. Em caso algum se enviará o refugiado teramericana dos Direitos Humanos. Deste modo,
contra a sua vontade para um país terceiro; a definição ou o conceito de refugiado recomen-
m) Que os Governos da região empreguem os dável para sua utilização na região é o que, além
esforços necessários para erradicar as causas que de conter os elementos da Convenção de 1951 e
provocam o problema dos refugiados; do Protocolo de 1967, considere também como re-
n) Que, uma vez acordadas as bases para a re- fugiados as pessoas que tenham fugido dos seus
patriação voluntária e individual, com garantias países porque a sua vida, segurança ou liberdade
57
tenham sido ameaçadas pela violência generaliza- teção e assistência a estas pessoas e contribuam
da, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a para aliviar a angustiosa situação em que muitas
violação maciça dos direitos humanos ou outras delas se encontram.
circunstâncias que tenham perturbado gravemen- Décima – Formular um apelo aos Estados Sig-
te a ordem pública. natários da Convenção Americana sobre Direitos
Quarta – Ratificar a natureza pacífica, apolítica Humanos de 1969 para que apliquem este instru-
e exclusivamente humanitária da concessão de mento na sua conduta com os asilados e refugia-
asilo ou do reconhecimento da condição de re- dos que se encontram no seu território.
fugiado e sublinhar a importância do princípio Décima primeira – Estudar com os países da
internacionalmente aceite segundo o qual nada região que contam com uma presença maciça de
poderá ser interpretado como um ato inamistoso refugiados, as possibilidades de integração dos re-
contra o país de origem dos refugiados. fugiados na vida produtiva do país, destinando os
Quinta – Reiterar a importância e a significa- recursos da comunidade internacional que o Acnur
ção do princípio de non-refoulement (incluindo a canaliza para a criação ou geração de empregos,
proibição da rejeição nas fronteiras), como pedra possibilitando assim o desfrutar dos direitos econô-
angular da proteção internacional dos refugiados. micos, sociais e culturais pelos refugiados.
Este princípio imperativo respeitante aos refugia- Décima segunda – Reiterar o caráter voluntá-
dos, deve reconhecer-se e respeitar-se no estado rio e individual da repatriação dos refugiados e a
atual do direito internacional, como um princípio
necessidade de que este se efetue em condições
de jus cogens.
de completa segurança, preferencialmente para
Sexta – Reiterar aos países de asilo a conveniên-
o lugar de residência do refugiado no seu país de
cia de que os acampamentos e instalações de re-
origem.
fugiados localizados em zonas fronteiriças sejam
Décima terceira – Reconhecer que o reagrupa-
instalados no interior dos países de asilo a uma
mento das famílias constitui um princípio funda-
distância razoável das fronteiras com vista a me-
mental em matéria de refugiados que deve inspi-
lhorar as condições de proteção destes, a preser-
rar o regime de tratamento humanitário no país
var os seus direitos humanos e a pôr em prática
de asilo e, da mesma maneira, as facilidades que
projetos destinados à autossuficiência e integra-
se concedam nos casos de repatriação voluntária.
rão na sociedade que os acolhe.
Décima quarta – Instar as organizações não
Sétima – Expressar a sua preocupação pelo pro-
governamentais, internacionais e nacionais a
blema dos ataques militares aos acampamentos
prosseguirem o seu incomensurável trabalho,
e instalações de refugiados que têm ocorrido em
coordenando a sua ação com o Acnur e com as
diversas partes do mundo e propor aos governos
dos países da América Central, México e Panamá autoridades nacionais do país de asilo, de acordo
que apoiem as medidas propostas pelo Alto Co- com as diretrizes dadas por estas autoridades.
missariado ao Comitê Executivo do Acnur. Décima quinta – Promover a utilização, com
Oitava – Propiciar que os países da região es- maior intensidade, dos organismos competentes
tabeleçam um regime de garantias mínimas de do sistema interamericano e, em especial, a Co-
proteção dos refugiados, com base nos precei- missão Interamericana de Direitos Humanos com
tos da Convenção de 1951 e do Protocolo de 1967 o propósito de complementar a proteção interna-
e na Convenção Americana dos Direitos Huma- cional dos asilados e refugiados. Desde já, para
nos, tomando-se ainda em consideração as con- o cumprimento dessas funções, o Colóquio con-
clusões emanadas do Comitê Executivo do Acnur, sidera que seria aconselhável acentuar a estreita
em particular a n. 22 sobre a Proteção dos Can- coordenação e cooperação existente entre a Co-
didatos ao Asilo em Situações de Afluência em missão e o Acnur.
Grande Escala. Décima sexta – Deixar testemunho da importân-
Nona – Expressar a sua preocupação pela situa- cia que reveste o Programa de Cooperação OEA/Ac-
ção das pessoas deslocados dentro do seu próprio nur e as atividades que se têm desenvolvido e pro-
país. A este respeito, o Colóquio chama a atenção por que a próxima etapa concentre a sua atenção
das autoridades nacionais e dos organismos in- na problemática que gera a afluência maciça de
ternacionais competentes para que ofereçam pro- refugiados na América Central, México e Panamá.
58
LEI Nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997
Décima sétima – Propiciar nos países da Amé- De um modo especial, o Colóquio expressou o
rica Central e do Grupo Contadora uma difusão a seu reconhecimento ao apoio e hospitalidade ofe-
todos os níveis possíveis das normas internacio- recidos pelas autoridades do Departamento de Bolí-
nais e internas referentes à proteção dos refugia- var e da Cidade de Cartagena. Agradeceu, igualmen-
dos e, em geral, dos direitos humanos. Em particu- te, o caloroso acolhimento do povo desta cidade,
lar, o Colóquio considera de especial importância justamente conhecida como Cidade Heroica.
que essa divulgação se efetue contando com a Finalmente, o Colóquio, deixou testemunhado
valiosa cooperação das correspondentes univer- o seu reconhecimento à generosa tradição de
sidades e centros superiores de ensino. asilo e refúgio praticada pelo povo e autoridades
IV da Colômbia.
Em consequência, o Colóquio de Cartagena, Cartagena das Índias, 22 de novembro
Recomenda: de 1984.
• Que os compromissos em matéria de refugia-
dos contidos na Ata da Paz de Contadora cons- LEI Nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997
tituam, para os dez Estados participantes no (Publicada no DOU de 23/7/1997)
Colóquio, normas que devem ser necessária e es-
Define mecanismos para a implementação do
crupulosamente respeitadas para determinar a
Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina
conduta a seguir em relação aos refugiados na outras providências.
América Central;
O presidente da República
• Que as conclusões a que se chegou no Coló-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
quio (III) sejam tidas adequadamente em conta
sanciono a seguinte Lei:
para encarar a solução dos gravíssimos problemas
criados pela atual afluência maciça de refugiados TÍTULO I
na América Central, México e Panamá; DOS ASPECTOS CARACTERIZADORES
• Que se publique um volume que contenha o CAPÍTULO I
documento de trabalho, as exposições e relató- DO CONCEITO, DA EXTENSÃO E DA EXCLUSÃO
rios, bem como as conclusões e recomendações
Seção I
do Colóquio e restantes documentos pertinentes,
Do Conceito
solicitando ao Governo da Colômbia, ao Acnur e
aos organismos competentes da OEA que adotem Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo in-
as medidas necessárias a fim de conseguir a maior divíduo que:
divulgação dessa publicação; I – devido a fundados temores de persegui-
• Que se publique o presente documento como ção por motivos de raça, religião, nacionalidade,
Declaração de Cartagena sobre os Refugiados; grupo social ou opiniões políticas encontre-se
• Que se solicite ao Alto Comissariado das Nações fora de seu país de nacionalidade e não possa ou
Unidas para os Refugiados que transmita oficial- não queira acolher-se à proteção de tal país;
mente o conteúdo da presente Declaração aos Che- II – não tendo nacionalidade e estando fora do
fes de Estado dos países da América Central, de Be- país onde antes teve sua residência habitual, não
lize e dos países integrantes do Grupo Contadora. possa ou não queira regressar a ele, em função
Finalmente, o Colóquio expressou o seu pro- das circunstâncias descritas no inciso anterior;
fundo agradecimento às autoridades colombia- III – devido a grave e generalizada violação de
nas, e em particular ao Senhor Presidente da direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de
República, Dr. Belisário Betancur, e ao Ministro nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
dos Negócios Estrangeiros, Dr. Augusto Ramirez
Ocampo, ao Alto Comissário das Nações Unidas
Seção II
Da Extensão
para os Refugiados, Dr. Poul Hartling, que honra-
ram com a sua presença o Colóquio, bem como à Art. 2º Os efeitos da condição dos refugiados
Universidade de Cartagena de Índias e ao Centro serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e
Regional de Estudos do Terceiro Mundo, pela ini- descendentes, assim como aos demais membros
ciativa e realização deste importante evento. do grupo familiar que do refugiado dependerem
59
economicamente, desde que se encontrem em § 1º Em hipótese alguma será efetuada sua de-
território nacional. portação para fronteira de território em que sua
Seção III vida ou liberdade esteja ameaçada, em virtude
Da Exclusão de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opinião política.
Art. 3º Não se beneficiarão da condição de refu-
§ 2º O benefício previsto neste artigo não po-
giado os indivíduos que:
derá ser invocado por refugiado considerado pe-
I – já desfrutem de proteção ou assistência por
rigoso para a segurança do Brasil.
parte de organismo ou instituição das Nações
Unidas que não o Alto Comissariado das Nações Art. 8º O ingresso irregular no território nacional
Unidas para os Refugiados (Acnur); não constitui impedimento para o estrangeiro so-
II – sejam residentes no território nacional e licitar refúgio às autoridades competentes.
tenham direitos e obrigações relacionados com a Art. 9º A autoridade a quem for apresentada a
condição de nacional brasileiro; solicitação deverá ouvir o interessado e preparar
III – tenham cometido crime contra a paz, crime
termo de declaração, que deverá conter as cir-
de guerra, crime contra a humanidade, crime he-
cunstâncias relativas à entrada no Brasil e às ra-
diondo, participado de atos terroristas ou tráfico
zões que o fizeram deixar o país de origem.
de drogas;
IV – sejam considerados culpados de atos con- Art. 10. A solicitação, apresentada nas condi-
trários aos fins e princípios das Nações Unidas. ções previstas nos artigos anteriores, suspenderá
qualquer procedimento administrativo ou crimi-
CAPÍTULO II
nal pela entrada irregular, instaurado contra o pe-
DA CONDIÇÃO JURÍDICA DE REFUGIADO
ticionário e pessoas de seu grupo familiar que o
Art. 4º O reconhecimento da condição de refu- acompanhem.
giado, nos termos das definições anteriores, su- § 1º Se a condição de refugiado for reconhe-
jeitará seu beneficiário ao preceituado nesta Lei,
cida, o procedimento será arquivado, desde que
sem prejuízo do disposto em instrumentos inter-
demonstrado que a infração correspondente foi
nacionais de que o Governo brasileiro seja parte,
determinada pelos mesmos fatos que justificaram
ratifique ou venha a aderir.
o dito reconhecimento.
Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará su- § 2º Para efeito do disposto no parágrafo ante-
jeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, ao dis- rior, a solicitação de refúgio e a decisão sobre a
posto nesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dos mesma deverão ser comunicadas à Polícia Fede-
Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Esta- ral, que as transmitirá ao órgão onde tramitar o
tuto dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obri- procedimento administrativo ou criminal.
gação de acatar as leis, regulamentos e providên-
cias destinados à manutenção da ordem pública. TÍTULO III
DO CONARE
Art. 6º O refugiado terá direito, nos termos da Con-
Art. 11. Fica criado o Comitê Nacional para os Re-
venção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, a
fugiados (Conare), órgão de deliberação coletiva,
cédula de identidade comprobatória de sua con-
no âmbito do Ministério da Justiça.
dição jurídica, carteira de trabalho e documento
de viagem. CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
TÍTULO II
DO INGRESSO NO TERRITÓRIO Art. 12. Compete ao Conare, em consonância
NACIONAL E DO PEDIDO DE REFÚGIO com a Convenção sobre o Estatuto dos Refugia-
Art. 7º O estrangeiro que chegar ao território na- dos de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos
cional poderá expressar sua vontade de solicitar Refugiados de 1967 e com as demais fontes de di-
reconhecimento como refugiado a qualquer au- reito internacional dos refugiados:
toridade migratória que se encontre na fronteira, I – analisar o pedido e declarar o reconheci-
a qual lhe proporcionará as informações necessá- mento, em primeira instância, da condição de
rias quanto ao procedimento cabível. refugiado;
60
LEI Nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997
III – adquirir nova nacionalidade e gozar da pro- Art. 41. A decisão do Ministro de Estado da Jus-
teção do país cuja nacionalidade adquiriu; tiça é irrecorrível e deverá ser notificada ao Conare,
IV – estabelecer-se novamente, de maneira vo- que a informará ao estrangeiro e ao Departamento
luntária, no país que abandonou ou fora do qual de Polícia Federal, para as providências cabíveis.
permaneceu por medo de ser perseguido;
TÍTULO VII
V – não puder mais continuar a recusar a prote- DAS SOLUÇÕES DURÁVEIS
ção do país de que é nacional por terem deixado
CAPÍTULO I
de existir as circunstâncias em consequência das
DA REPATRIAÇÃO
quais foi reconhecido como refugiado;
VI – sendo apátrida, estiver em condições de Art. 42. A repatriação de refugiados aos seus paí-
voltar ao país no qual tinha sua residência habi- ses de origem deve ser caracterizada pelo caráter
tual, uma vez que tenham deixado de existir as voluntário do retorno, salvo nos casos em que não
circunstâncias em consequência das quais foi re- possam recusar a proteção do país de que são na-
conhecido como refugiado. cionais, por não mais subsistirem as circunstân-
cias que determinaram o refúgio.
CAPÍTULO II
DA PERDA DA CONDIÇÃO DE REFUGIADO CAPÍTULO II
DA INTEGRAÇÃO LOCAL
Art. 39. Implicará perda da condição de refugiado:
I – a renúncia; Art. 43. No exercício de seus direitos e deveres, a
II – a prova da falsidade dos fundamentos in- condição atípica dos refugiados deverá ser consi-
vocados para o reconhecimento da condição de derada quando da necessidade da apresentação
de documentos emitidos por seus países de ori-
refugiado ou a existência de fatos que, se fossem
gem ou por suas representações diplomáticas e
conhecidos quando do reconhecimento, teriam
consulares.
ensejado uma decisão negativa;
III – o exercício de atividades contrárias à segu- Art. 44. O reconhecimento de certificados e diplo-
rança nacional ou à ordem pública; mas, os requisitos para a obtenção da condição de
IV – a saída do território nacional sem prévia residente e o ingresso em instituições acadêmicas
autorização do Governo brasileiro. de todos os níveis deverão ser facilitados, levan-
Parágrafo único. Os refugiados que perderem do-se em consideração a situação desfavorável
essa condição com fundamento nos incisos I e IV vivenciada pelos refugiados.
deste artigo serão enquadrados no regime geral de CAPÍTULO III
permanência de estrangeiros no território nacio- DO REASSENTAMENTO
nal, e os que a perderem com fundamento nos inci-
Art. 45. O reassentamento de refugiados em ou-
sos II e III estarão sujeitos às medidas compulsórias
tros países deve ser caracterizado, sempre que
previstas na Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980.
possível, pelo caráter voluntário.
CAPÍTULO III Art. 46. O reassentamento de refugiados no Brasil
DA AUTORIDADE COMPETENTE E DO RECURSO
se efetuará de forma planificada e com a partici-
Art. 40. Compete ao Conare decidir em primeira pação coordenada dos órgãos estatais e, quando
instância sobre cessação ou perda da condição possível, de organizações não governamentais,
de refugiado, cabendo, dessa decisão, recurso ao identificando áreas de cooperação e de determi-
Ministro de Estado da Justiça, no prazo de quinze nação de responsabilidades.
dias, contados do recebimento da notificação.
TÍTULO VIII
§ 1º A notificação conterá breve relato dos fatos
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
e fundamentos que ensejaram a decisão e cienti-
ficará o refugiado do prazo para interposição do Art. 47. Os processos de reconhecimento da con-
recurso. dição de refugiado serão gratuitos e terão caráter
§ 2º Não sendo localizado o estrangeiro para a urgente.
notificação prevista neste artigo, a decisão será Art. 48. Os preceitos desta Lei deverão ser inter-
publicada no Diário Oficial da União, para fins de pretados em harmonia com a Declaração Universal
contagem do prazo de interposição de recurso. dos Direitos do Homem de 1948, com a Convenção
63
sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, com o Pro- Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo
tocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967 e Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim
com todo dispositivo pertinente de instrumento in- reconhecida pelo Estado brasileiro;
ternacional de proteção de direitos humanos com VII – refugiado – pessoa que tenha recebido
o qual o Governo brasileiro estiver comprometido. proteção especial do Estado brasileiro, conforme
previsto na Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997; e
Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data de sua
VIII – ano migratório – período de doze meses,
publicação.
contado da data da primeira entrada do visitante
Brasília, 22 de julho de 1997; 176º da
no território nacional, conforme disciplinado em
Independência e 109º da República.
ato do dirigente máximo da Polícia Federal.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 2º Ao imigrante são garantidos os direitos
Iris Rezende
previstos em lei, vedada a exigência de prova
documental impossível ou descabida que difi-
DECRETO Nº 9.199, DE 20
culte ou impeça o exercício de seus direitos.
DE NOVEMBRO DE 2017
(Publicado no DOU de 21/11/2017)
Parágrafo único. Os órgãos da administração
pública federal revisarão procedimentos e nor-
Regulamenta a Lei nº 13.445, de 24 de maio de
mativos internos com vistas à observância ao dis-
2017, que institui a Lei de Migração.
posto no caput.
O presidente da República, no uso da atribui-
Art. 3º É vedado denegar visto ou residência ou
ção que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da
impedir o ingresso no País por motivo de etnia, re-
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei
ligião, nacionalidade, pertinência a grupo social
nº 13.445, de 24 de maio de 2017, decreta:
ou opinião política.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES CAPÍTULO II
DOS VISTOS
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei de Migração,
Seção I
instituída pela Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017.
Disposições Gerais
Parágrafo único. Para fins do disposto na Lei
nº 13.445, de 2017, consideram-se: Art. 4º O visto é o documento que dá a seu porta-
I – migrante – pessoa que se desloque de país dor expectativa de ingresso no território nacional.
ou região geográfica ao território de outro país ou § 1º O visto poderá ser aposto a qualquer do-
região geográfica, em que estão incluídos o imi- cumento de viagem válido emitido nos padrões
grante, o emigrante e o apátrida; estabelecidos pela Organização da Aviação Civil
II – imigrante – pessoa nacional de outro país Internacional, o que não implica o reconheci-
ou apátrida que trabalhe ou resida e se estabe- mento de Estado, Governo ou Regime.
leça temporária ou definitivamente na República § 2º Para fins de aposição de visto, considera-
Federativa do Brasil; -se documento de viagem válido, expedido por
III – emigrante – brasileiro que se estabeleça governo estrangeiro ou organismo internacional
temporária ou definitivamente no exterior; reconhecido pelo Governo brasileiro:
IV – residente fronteiriço – pessoa nacional de I – passaporte;
país limítrofe ou apátrida que conserve a sua re- II – laissez-passer; ou
sidência habitual em Município fronteiriço de país III – documento equivalente àqueles referidos
vizinho; nos incisos I e II.
V – visitante – pessoa nacional de outro país ou § 3º Excepcionalmente, quando o solicitante
apátrida que venha à República Federativa do Bra- não puder apresentar documento de viagem vá-
sil para estadas de curta duração, sem pretensão lido expedido nos termos previstos no § 2º o visto
de se estabelecer temporária ou definitivamente poderá ser aposto em laissez-passer brasileiro.
no território nacional; Art. 5º Ao solicitante que pretenda ingressar ou
VI – apátrida – pessoa que não seja considerada permanecer no território nacional poderá ser con-
como nacional por nenhum Estado, conforme a cedido visto:
sua legislação, nos termos da Convenção sobre o I – de visita;
64
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
das normas e dos procedimentos aplicáveis a na- II – produzir a Carteira de Registro Nacional Mi-
cionais brasileiros ou estrangeiros residentes; gratório; e
V – na hipótese de profissões regulamentadas, III – administrar a base de dados relativa ao Re-
serão atendidas as mesmas exigências aplicáveis a gistro Nacional Migratório.
nacionais brasileiros ou estrangeiros residentes; e Art. 59. Compete ao Ministério das Relações Ex-
VI – os dependentes estarão sujeitos à legisla- teriores:
ção trabalhista, previdenciária e tributária brasi- I – organizar, manter e gerir os processos de
leira em relação à atividade exercida e recolherão identificação civil dos detentores de vistos diplo-
os tributos e os encargos decorrentes do exercício mático, oficial e de cortesia;
dessa atividade. II – produzir o documento de identidade dos
Art. 57. O visto de cortesia poderá ser concedido: detentores de vistos diplomático, oficial e de cor-
I – às personalidades e às autoridades estran- tesia; e
geiras em viagem não oficial ao País; III – administrar a base cadastral dos detentores
II – aos companheiros, aos dependentes e aos de vistos diplomático, oficial e de cortesia.
familiares em linha direta que não sejam benefi- Art. 60. O Ministério das Relações Exteriores e a
ciários do visto de que trata o § 2º do art. 53; Polícia Federal integrarão, em meio eletrônico, as
III – aos empregados particulares de beneficiá- suas bases de dados relacionadas ao registro de
rio de visto diplomático, oficial ou de cortesia; estrangeiros.
IV – aos trabalhadores domésticos de missão Art. 61. O pedido de registro é individual.
estrangeira sediada no País; Parágrafo único. Na hipótese de pessoa inca-
V – aos artistas e aos desportistas estrangeiros paz, o pedido será feito por representante ou as-
que venham ao País para evento gratuito, de ca- sistente legal.
ráter eminentemente cultural, sem percepção de
Seção II
honorários no território brasileiro, sob requisição
Do Registro e da Identificação Civil do
formal de missão diplomática estrangeira ou de
Imigrante Detentor de Visto Temporário
organização internacional de que o País seja parte; ou de Autorização de Residência
VI – excepcionalmente, a critério do Ministério
Art. 62. O registro consiste na inserção de dados
das Relações Exteriores, a outras pessoas não elen-
em sistema próprio da Polícia Federal, mediante
cadas nas demais hipóteses previstas neste artigo.
a identificação civil por dados biográficos e bio-
§ 1º O empregado particular ou o trabalhador do-
métricos.
méstico titular de visto de cortesia somente poderá
§ 1º O registro de que trata o caput será obriga-
exercer atividade remunerada para o empregador
tório a todo imigrante detentor de visto temporá-
a que esteja vinculado, sob o amparo da legislação
rio ou de autorização de residência.
trabalhista brasileira, nos termos estabelecidos em
§ 2º A inserção de que trata o caput gerará nú-
ato do Ministro de Estado das Relações Exteriores.
mero único de Registro Nacional Migratório, que
§ 2º O empregador de portador de visto de corte-
garantirá ao imigrante o pleno exercício dos atos
sia será responsável pela saída de seu empregado
da vida civil.
particular ou de seu trabalhador doméstico do ter-
ritório nacional, no prazo de trinta dias, contado da Art. 63. A Carteira de Registro Nacional Migrató-
data em que o vínculo empregatício cessar. rio será fornecida ao imigrante registrado, da qual
constará o número único de Registro Nacional Mi-
CAPÍTULO III gratório.
DO REGISTRO E DA IDENTIFICAÇÃO CIVIL DO
§ 1º Não expedida a Carteira de Registro Nacio-
IMIGRANTE E DOS DETENTORES DE VISTOS
DIPLOMÁTICO, OFICIAL E DE CORTESIA nal Migratório, o imigrante registrado apresentará
o protocolo recebido, quando de sua solicitação,
Seção I acompanhado do documento de viagem ou de
Disposições Gerais outro documento de identificação estabelecido
Art. 58. Compete à Polícia Federal: em ato do Ministro de Estado do Ministério da
I – organizar, manter e gerir os processos de Justiça e Segurança Pública, e terá garantido os
identificação civil do imigrante; direitos previstos na Lei nº 13.445, de 2017, pelo
75
prazo de até cento e oitenta dias, prorrogável pela em outra hipótese que não a de trabalho como
Polícia Federal, sem ônus para o solicitante. marítimo; ou
§ 2º A Carteira de Registro Nacional Migratório III – na unidade da Polícia Federal em que haja
poderá ser expedida em meio eletrônico, nos ter- atendimento a imigrantes do Município onde o re-
mos estabelecidos em ato da Polícia Federal, sem sidente fronteiriço pretenda exercer os direitos a
prejuízo da emissão do documento em suporte ele atribuídos pela Lei nº 13.445, de 2017.
físico. § 1º Observado o disposto na Lei nº 10.048, de
Art. 64. O imigrante de visto temporário que tenha 8 de novembro de 2000, poderão solicitar registro
ingressado no País deverá proceder à solicitação na unidade da Polícia Federal mais próxima ao seu
de registro no prazo de noventa dias, contado da domicílio:
data de ingresso no País, sob pena de aplicação da I – as pessoas com deficiência;
sanção prevista no inciso III do caput do art. 307. II – os idosos com idade igual ou superior a ses-
§ 1º Na hipótese de empregado doméstico, o senta anos;
registro deverá ocorrer no prazo de trinta dias, III – as gestantes;
contado da data de ingresso no País, com a com- IV – as lactantes;
provação da anotação na Carteira de Trabalho e V – as pessoas com criança de colo; e
Previdência Social e do registro na Escrituração VI – os obesos.
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e § 2º A Polícia Federal poderá, por meio de reque-
Trabalhistas (e-Social). rimento e decisão fundamentada, em casos excep-
§ 2º Na hipótese de não comprovação da anota- cionais, permitir o registro do imigrante em uni-
ção na Carteira de Trabalho e Previdência Social e dades diferentes daquelas estabelecidas no caput.
do registro no e-Social no prazo de que trata o § 1º, Art. 68. O registro de dados biográficos do imi-
a Polícia Federal realizará o registro do imigrante grante ocorrerá por meio da apresentação do do-
e comunicará o Ministério do Trabalho. cumento de viagem ou de outro documento de
Art. 65. O documento de viagem do imigrante com identificação aceito nos termos estabelecidos em
visto temporário válido é apto para comprovar a ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança
sua identidade e demonstrar a regularidade de sua Pública.
estada no País enquanto não houver expirado o § 1º Na hipótese de a documentação apresentar
prazo para o registro, independentemente da expe- contradições ou não conter dados de filiação, o
dição da Carteira de Registro Nacional Migratório. imigrante deverá apresentar:
I – certidão de nascimento;
Art. 66. O imigrante a quem tenha sido deferido, II – certidão de casamento;
no País, o pedido de autorização de residência de- III – certidão consular do país de nacionalidade; ou
verá proceder à solicitação de registro no prazo de IV – justificação judicial.
trinta dias, contado da data da publicação do defe- § 2º O registro e a identificação civil das pessoas
rimento do referido pedido, sob pena de aplicação que tiveram a condição de refugiado ou de apá-
da sanção prevista no inciso IV do caput do art. 307. trida reconhecida, daquelas a quem foi concedido
Parágrafo único. A publicação a que se refere o asilo ou daquelas beneficiadas com acolhida hu-
caput será feita preferencialmente por meio ele- manitária poderão ser realizados com a apresenta-
trônico. ção dos documentos de que o imigrante dispuser.
Art. 67. O registro deverá ser solicitado: § 3º A apresentação da documentação mencio-
I – em qualquer unidade da Polícia Federal em nada nos § 1º e § 2º deverá respeitar as regras de
que haja atendimento a imigrantes, para detentor legalização e tradução, inclusive aquelas constan-
de visto temporário ou com autorização de resi- tes de tratados de que o País seja parte.
dência deferida na condição de marítimo; § 4º Ato do Ministro de Estado da Justiça e Segu-
II – na unidade da Polícia Federal em que haja rança Pública poderá estabelecer os requisitos ne-
atendimento a imigrantes da circunscrição onde cessários ao registro referido no § 2º e à dispensa
esteja domiciliado o requerente com autorização de legalização e tradução, nos termos da lei e dos
de residência deferida no País com fundamento tratados firmados pelo País.
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
Art. 69. Para fins de registro, o nome e a naciona- § 2º Caberá ao imigrante, durante a tramitação
lidade do imigrante serão aqueles constantes da do seu pedido de registro, acompanhar o envio de
documentação apresentada, preferencialmente, notificações ao seu endereço eletrônico.
o documento de viagem. § 3º A notificação realizada por meio eletrônico
§ 1º Se o documento de identificação apresen- será simultaneamente publicada pela Polícia Fe-
tado consignar o nome de forma abreviada, o imi- deral em seu sítio eletrônico.
grante deverá comprovar a sua grafia por extenso § 4º Na ausência de resposta do imigrante no
com outro documento hábil. prazo de trinta dias, contado da data da publica-
§ 2º Se a nacionalidade houver sido consignada ção de que trata o § 3º, o processo de avaliação
por organismo internacional ou por autoridade de de seu pedido será extinto, sem prejuízo da uti-
terceiro país, somente será anotada no registro lização, em novo processo, dos documentos que
se confirmada por meio da apresentação de do- foram apresentados e ainda permaneçam válidos.
cumento hábil ou por autoridade diplomática ou
Art. 73. Da Carteira de Registro Nacional Migra-
consular competente.
tório constará o prazo de residência do imigrante,
§ 3º Se a documentação apresentada omitir a na-
conforme estabelecido na autorização de residên-
cionalidade do titular, o imigrante será registrado:
I – como apátrida, em caso de ausência de na- cia obtida.
cionalidade; ou § 1º A data de início da contagem do prazo de
II – como de nacionalidade indefinida, caso ela residência do imigrante que tenha ingressado sob
não possa ser comprovada na forma estabelecida o amparo de visto temporário será a da primeira
no § 2º. entrada no País após a sua concessão.
§ 4º O imigrante poderá requerer, a qualquer § 2º A data de início da contagem do prazo de re-
tempo, a inclusão de seu nome social em seus do- sidência do imigrante que tenha obtido autoriza-
cumentos oficiais. (Parágrafo com redação dada pelo ção de residência no País será a de requerimento
Decreto nº 9.631, de 26/12/2018) do registro.
§ 5º Os bancos de dados da administração pú- § 3º Na hipótese de o imigrante que tenha ob-
blica conterão um campo destacado para “nome tido autorização de residência no Brasil não soli-
social”, que será acompanhado do nome civil do citar o registro no prazo previsto no inciso IV do
imigrante e este será utilizado apenas para fins caput do art. 307, a data de início da contagem
administrativos internos. (Parágrafo acrescido pelo do prazo de residência se dará após transcorrido
Decreto nº 9.631, de 26/12/2018) o prazo de trinta dias, contado da data da publi-
cação da decisão que deferiu o requerimento de
Art. 70. No ato de registro, o imigrante deverá
fornecer os seus dados relativos ao seu endereço autorização de residência.
físico e, se possuir, ao seu endereço de correio § 4º Na hipótese de residência temporária, o
eletrônico. prazo de vencimento da Carteira de Registro Na-
Parágrafo único. Caberá ao imigrante manter os cional Migratório coincidirá com o término do
dados a que se refere o caput atualizados. prazo da autorização de residência.
Art. 71. Ressalvados o nome, a nacionalidade, a Art. 74. A Carteira de Registro Nacional Migratório
filiação e a data de nascimento, os demais dados terá a validade de nove anos, contados a partir da
biográficos não constantes dos documentos apre- data do registro, quando se tratar de residência
sentados serão atestados por meio de declaração por prazo indeterminado.
do próprio imigrante, que, na hipótese de declara- Parágrafo único. Na hipótese de que trata o
ção falsa, ficará sujeito às sanções administrativas, caput, a validade da Carteira de Registro Nacional
civis e penais aplicáveis. Migratório será indeterminada quando o titular:
I – houver completado sessenta anos de idade
Art. 72. O imigrante terá o ônus de instruir ade-
até a data do vencimento do documento; ou
quadamente o pedido de registro e de prestar
II – for pessoa com deficiência.
eventuais informações complementares que lhe
forem solicitadas por meio de notificação. Art. 75. Caberá alteração do Registro Nacional
§ 1º A notificação de que trata o caput será feita, Migratório, por meio de requerimento do imi-
preferencialmente, por meio eletrônico. grante endereçado à Polícia Federal, devidamente
77
instruído com as provas documentais necessárias, Seção III
nas seguintes hipóteses: Do Registro e da Identificação
I – casamento; Civil dos Detentores de Vistos
II – união estável; Diplomático, Oficial e de Cortesia
III – anulação e nulidade de casamento, divórcio, Art. 82. O Ministério das Relações Exteriores rea-
separação judicial e dissolução de união estável; lizará o registro e expedirá o documento de iden-
IV – aquisição de nacionalidade diversa daquela tidade civil:
constante do registro; e I – aos detentores de vistos diplomático, oficial
V – perda da nacionalidade constante do registro. e de cortesia; e
§ 1º Se a hipótese houver ocorrido em território
II – aos portadores de passaporte diplomático,
estrangeiro, a documentação que a comprove de-
oficial ou de serviço que tenham ingressado no
verá respeitar as regras de legalização e tradução,
País sob o amparo de acordo de dispensa de visto.
em conformidade com os tratados de que o País
§ 1º O registro a que se refere o caput será obri-
seja parte.
gatório quando a estada do estrangeiro no País for
§ 2º Na hipótese de pessoa registrada como re-
superior ao prazo de noventa dias e deverá ser so-
fugiada ou beneficiário de proteção ao apátrida,
licitado nesse mesmo prazo, contado a partir da
as alterações referentes à nacionalidade serão
data de ingresso no País.
comunicadas, preferencialmente por meio ele-
§ 2º O Ministério das Relações Exteriores poderá
trônico, ao Comitê Nacional para Refugiados e ao
expedir documento de identidade civil aos estran-
Ministério das Relações Exteriores.
geiros que, por reunião familiar, sejam portadores
Art. 76. Ressalvadas as hipóteses previstas no de passaporte diplomático ou oficial brasileiro.
art. 75, as alterações no registro que comportem § 3º O documento emitido nos termos estabe-
modificações do nome do imigrante serão feitas
lecidos neste artigo terá validade no território na-
somente após decisão judicial.
cional e os seus portadores estarão dispensados
Art. 77. Os erros materiais identificados no pro- da realização de registro junto à Polícia Federal.
cessamento do registro e na emissão da Carteira § 4º Na hipótese de agentes ou funcionários de
de Registro Nacional Migratório serão retificados, Estado estrangeiro ou de organismo internacional,
de ofício, pela Polícia Federal. o documento emitido nos termos dos incisos I e II
Art. 78. Ato do dirigente máximo da Polícia Fe- do caput atestará a sua condição de representante
deral disporá sobre os procedimentos de registro estrangeiro ou funcionário internacional.
do detentor de visto temporário ou de autorização § 5º O documento emitido nos termos do caput
de residência e do residente fronteiriço e sobre a conterá informações acerca de eventuais privi-
sua alteração. légios e imunidades aos quais seus portadores
façam jus, nos termos de tratados de que o País
Art. 79. Ato do Ministro de Estado da Justiça e Se-
gurança Pública disporá sobre o processamento seja parte.
concomitante dos requerimentos de registro e de Art. 83. Excepcionalmente, o Ministério das Re-
autorização de residência, nos casos de sua com- lações Exteriores poderá conceder ao nacional
petência. brasileiro, ou ao imigrante residente no País, do-
Art. 80. Ato da Polícia Federal disporá sobre a cumento de identificação que ateste a sua condi-
expedição da Carteira de Registro Nacional Mi- ção de agente ou funcionário de Estado estran-
gratório. geiro ou organismo internacional e eventuais
Parágrafo único. O ato a que se refere o caput privilégios e imunidades dos quais seja detentor.
definirá o modelo a ser adotado para a Carteira Art. 84. Caberá ao Ministério das Relações Exterio-
de Registro Nacional Migratório. res manter registro das datas de início e término
Art. 81. Os Cartórios de Registro Civil remete- dos privilégios e das imunidades aos quais façam
rão mensalmente à Polícia Federal, preferencial- jus as pessoas referidas nos art. 82 e art. 83 e de
mente por meio eletrônico, informações acerca eventuais renúncias apresentadas pelas partes
dos registros e do óbito de imigrantes. autorizadas a fazê-lo.
78
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
Art. 85. Ato do Ministro de Estado das Relações IV – declaração, sob as penas da lei, de ausência
Exteriores disporá sobre os procedimentos de re- de antecedentes criminais em qualquer país nos
gistro dos portadores de vistos diplomático, ofi- últimos cinco anos; e
cial e de cortesia. V – recolhimento da taxa de expedição de car-
CAPÍTULO IV teira de estrangeiro fronteiriço, de que trata o in-
DO RESIDENTE FRONTEIRIÇO ciso V do caput do art. 2º da Lei Complementar
Art. 86. Ao residente fronteiriço poderá ser permi- nº 89, de 18 de fevereiro de 1997.
tida a entrada em Município fronteiriço brasileiro Art. 90. A autorização para a realização de atos da
por meio da apresentação do documento de via- vida civil ao residente fronteiriço poderá ser con-
gem válido ou da carteira de identidade expedida cedida pelo prazo de cinco anos, prorrogável por
por órgão oficial de identificação do país de sua igual período, por meio de requerimento, ao final
nacionalidade. do qual a autorização por tempo indeterminado
Art. 87. Para facilitar a sua livre circulação, a auto- poderá ser concedida.
rização para a realização de atos da vida civil po- Art. 91. A autorização para a realização de atos da
derá ser concedida ao residente fronteiriço, por
vida civil ao residente fronteiriço não será conce-
meio de requerimento dirigido à Polícia Federal.
dida nas hipóteses previstas no art. 132 ou quando
Parágrafo único. O residente fronteiriço poderá
se enquadrar em, no mínimo, uma das hipóteses
optar por regime mais benéfico previsto em tra-
de impedimento de ingresso definidos no art. 171.
tado de que o País seja parte.
Art. 92. O documento de residente fronteiriço
Art. 88. A autorização referida no caput do art. 87
será cancelado, a qualquer tempo, se o titular:
indicará o Município fronteiriço no qual o resi-
I – houver fraudado documento ou utilizado do-
dente estará autorizado a exercer os direitos a ele
atribuídos pela Lei nº 13.445, de 2017. cumento falso para obtê-lo;
§ 1º O residente fronteiriço detentor da autori- II – obtiver outra condição migratória;
zação de que trata o caput gozará das garantias III – sofrer condenação penal transitada em jul-
e dos direitos assegurados pelo regime geral de gado, no País ou no exterior, desde que a conduta
migração da Lei nº 13.445, de 2017, observado o esteja tipificada na legislação penal brasileira, ex-
disposto neste Decreto. cetuadas as infrações de menor potencial ofen-
§ 2º O espaço geográfico de abrangência e de sivo; ou
validade da autorização será especificado na Car- IV – exercer direito fora dos limites previstos na
teira de Registro Nacional Migratório. autorização a ele concedida.
Art. 89. O residente fronteiriço que pretenda rea- Art. 93. O residente fronteiriço poderá requerer a
lizar atos da vida civil em Município fronteiriço, expedição de Carteira de Trabalho e Previdência
inclusive atividade laboral e estudo, será regis- Social e a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas.
trado pela Polícia Federal e receberá a Carteira de Parágrafo único. O Ministério do Trabalho, ao
Registro Nacional Migratório, que o identificará e fornecer a Carteira de Trabalho e Previdência So-
caracterizará a sua condição. cial ao residente fronteiriço, registrará nela a res-
Parágrafo único. O registro será feito por meio trição de sua validade ao Município para o qual o
de requerimento instruído com: imigrante tenha sido autorizado pela Polícia Fe-
I – documento de viagem ou carteira de identi-
deral a exercer os direitos a ele atribuídos pela Lei
dade expedida por órgão oficial de identificação
nº 13.445, de 2017.
do país de nacionalidade do imigrante;
II – prova de residência habitual em Município Art. 94. A autorização de que trata o art. 87 e a
fronteiriço de país vizinho; Carteira de Registro Nacional Migratório não con-
III – certidões de antecedentes criminais ou do- ferem ao residente fronteiriço o direito de residên-
cumento equivalente emitido pela autoridade cia no País, observado o disposto no Capítulo VIII,
judicial competente de onde tenha residido nos nem autorizam o afastamento do limite territorial
últimos cinco anos; do Município objeto da autorização.
79
CAPÍTULO V reconhecimento da condição de apátrida, o Co-
DA PROTEÇÃO DO APÁTRIDA E DA mitê Nacional para Refugiados deverá se mani-
REDUÇÃO DA APATRIDIA festar.
Art. 95. A apatridia será reconhecida à pessoa que § 7º Após manifestação pelo Comitê Nacional
não seja considerada como nacional por nenhum para Refugiados, caberá ao Ministro de Estado da
Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Justiça e Segurança Pública, em decisão funda-
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de mentada, o reconhecimento ou não da condição
1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 2002. de apátrida, a qual será publicada no Diário Oficial
da União e comunicada ao solicitante, preferen-
Art. 96. O processo de reconhecimento da condi-
cialmente por meio eletrônico.
ção de apátrida tem como objetivo verificar se o
§ 8º O procedimento de reconhecimento de
solicitante é considerado nacional pela legislação
apatridia será estabelecido em ato do Ministro de
de algum Estado e poderá considerar informações,
Estado da Justiça e Segurança Pública, consul-
documentos e declarações prestadas pelo próprio
tado o Comitê Nacional para Refugiados.
solicitante e por órgãos e organismos nacionais e
internacionais. Art. 97. O ingresso irregular no território nacional
§ 1º Durante a tramitação do processo de reco- não constitui impedimento para a solicitação de
reconhecimento da condição de apátrida e para a
nhecimento da condição de apátrida, incidirão as
aplicação dos mecanismos de proteção da pessoa
garantias e os mecanismos protetivos e de facili-
apátrida e de redução da apatridia, hipótese em
tação da inclusão social relativos à:
que não incidirá o disposto no art. 307, desde que,
I – Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de
ao final do procedimento, a condição de apátrida
1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 2002;
seja reconhecida.
II – Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugia-
dos, promulgada pelo Decreto nº 50.215, de 28 de Art. 98. O solicitante poderá, no próprio pedido,
janeiro de 1961; e manifestar o seu interesse em obter a nacionali-
III – Lei nº 9.474, de 1997. dade brasileira, caso a sua condição de apátrida
§ 2º O processo de reconhecimento da condição seja reconhecida.
de apátrida será iniciado por meio da solicitação Parágrafo único. Se o solicitante não houver
do interessado apresentada ao Ministério da Jus- manifestado interesse conforme previsto no caput,
tiça e Segurança Pública ou às unidades da Polícia caso a sua condição de apátrida seja reconhecida,
Federal. o Ministério da Justiça e Segurança Pública fará
§ 3º A solicitação de reconhecimento da con- consulta sobre o seu desejo de adquirir a naciona-
dição de apátrida será instruída com cópias dos lidade brasileira por meio da naturalização.
documentos de que o solicitante dispuser, sem Art. 99. Reconhecida a condição de apátrida, na
prejuízo de diligências realizadas perante órgãos hipótese de o beneficiário optar pela naturali-
e instituições nacionais ou internacionais a fim de zação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública
comprovar as alegações. publicará, no prazo de trinta dias, ato de instau-
§ 4º O solicitante de reconhecimento da condi- ração de processo simplificado de naturalização
ção de apátrida fará jus à autorização provisória com os atos necessários à sua efetivação.
de residência, demonstrada por meio de proto- Parágrafo único. O solicitante de naturalização
colo, até a obtenção de resposta ao seu pedido. deverá comprovar residência no território nacio-
§ 5º O protocolo de que trata o § 4º permitirá o nal pelo prazo mínimo de dois anos, observadas
gozo de direitos no País, dentre os quais: as demais condições previstas no art. 65 da Lei
I – a expedição de carteira de trabalho provisória; nº 13.445, de 2017.
II – a inclusão no Cadastro de Pessoa Física; e Art. 100. O apátrida reconhecido que não opte
III – a abertura de conta bancária em instituição imediatamente pela naturalização terá a autori-
financeira supervisionada pelo Banco Central do zação de residência concedida por prazo indeter-
Brasil. minado.
§ 6º Na hipótese de verificação de incidência Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput,
de uma ou mais circunstâncias denegatórias do reconhecida a condição de apátrida, o solicitante
80
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
deverá comparecer a unidade da Polícia Federal tério da Justiça e Segurança Pública, após mani-
para fins de registro. festação do Comitê Nacional para Refugiados, e
Art. 101. Caberá recurso da decisão negativa publicada no Diário Oficial da União.
de reconhecimento da condição de apátrida, no Art. 107. A condição de apátrida será cessada com:
prazo de dez dias, contado da data da notificação I – a naturalização no País do beneficiário da
pessoal do solicitante, preferencialmente, por proteção;
meio eletrônico. II – o reconhecimento como nacional por outro
§ 1º Durante a tramitação do recurso, a estada Estado; ou
no território nacional será permitida ao solicitante. III – a aquisição de nacionalidade diversa da
§ 2º A pessoa cujo reconhecimento da condição brasileira.
de apátrida tenha sido denegado não será devol- § 1º A cessação da condição de apátrida implica-
vida a país onde sua vida, sua integridade pessoal rá perda da proteção conferida pela Lei nº 13.445,
ou sua liberdade estejam em risco. de 2017.
Art. 102. Os direitos atribuídos ao migrante rela- § 2º A autorização de residência concedida ante-
cionados no art. 4º da Lei nº 13.445, de 2017, apli- riormente ao solicitante ou ao beneficiário de pro-
cam-se ao apátrida residente. teção ao apátrida que se enquadre nas hipóteses
de cessação da condição de apátrida previstas nos
Art. 103. O reconhecimento da condição de apá-
incisos II e III do caput permanecerá válida pelo
trida assegurará os direitos e as garantias previs-
prazo de noventa dias.
tos na Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas,
§ 3º A cessação da condição de apátrida nas hi-
de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de
2002, além de outros direitos e garantias reco- póteses previstas nos incisos II e III do caput não
nhecidos pelo País. impedirá a solicitação de nova autorização de re-
sidência, observado o disposto no Capítulo VIII.
Art. 104. O direito de reunião familiar será reco-
nhecido a partir do reconhecimento da condição CAPÍTULO VI
de apátrida.
DO ASILO POLÍTICO
Parágrafo único. A autorização provisória de Art. 108. O asilo político, que constitui ato dis-
residência concedida ao solicitante de reconheci- cricionário do Estado, poderá ser diplomático ou
mento da condição de apátrida será estendida aos territorial e será concedido como instrumento de
familiares a que se refere o art. 153, desde que se proteção à pessoa que se encontre perseguida em
encontrem no território nacional. um Estado por suas crenças, opiniões e filiação
Art. 105. No exercício de seus direitos e deveres, política ou por atos que possam ser considerados
a condição atípica do apátrida será considerada delitos políticos.
pelos órgãos da administração pública federal Parágrafo único. Nos termos do Estatuto de
quando da necessidade de apresentação de do- Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998,
cumentos emitidos por seu país de origem ou por promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 2002, não
sua representação diplomática ou consular. será concedido asilo a quem tenha cometido:
I – crime de genocídio;
Art. 106. As seguintes hipóteses implicam perda
II – crime contra a humanidade;
da proteção do apátrida conferida pela Lei
III – crime de guerra; ou
nº 13.445, de 2017:
IV – crime de agressão.
I – a renúncia à proteção conferida pelo País;
II – a prova da falsidade dos fundamentos in- Art. 109. O asilo político poderá ser:
vocados para o reconhecimento da condição de I – diplomático, quando solicitado no exterior
apátrida; ou em legações, navios de guerra e acampamentos
III – a existência de fatos que, se fossem conhe- ou aeronaves militares brasileiros; ou
cidos por ocasião do reconhecimento, teriam en- II – territorial, quando solicitado em qualquer
sejado decisão negativa. ponto do território nacional, perante unidade da
Parágrafo único. A perda da proteção do apá- Polícia Federal ou representação regional do Mi-
trida prevista no caput será declarada pelo Minis- nistério das Relações Exteriores.
81
§ 1º Considera-se legação a sede de toda missão Art. 113. Em nenhuma hipótese, a retirada com-
diplomática ordinária e, quando o número de soli- pulsória decorrente de decisão denegatória de soli-
citantes de asilo exceder a capacidade normal dos citação de asilo político ou revogatória da sua con-
edifícios, a residência dos chefes de missão e os cessão será executada para território onde a vida e
locais por eles destinados para esse fim. a integridade do imigrante possam ser ameaçadas.
§ 2º O pedido de asilo territorial recebido pelas Art. 114. O ato de concessão do asilo político dis-
unidades da Polícia Federal será encaminhado ao porá sobre as condições e os deveres a serem ob-
Ministério das Relações Exteriores. servados pelo asilado.
§ 3º O ingresso irregular no território nacional
Art. 115. O asilado deverá se apresentar à Polícia
não constituirá impedimento para a solicitação de
Federal para fins de registro de sua condição mi-
asilo e para a aplicação dos mecanismos de pro-
gratória no prazo de trinta dias, contado da data da
teção, hipótese em que não incidirá o disposto no
publicação do ato de concessão do asilo político.
art. 307, desde que, ao final do procedimento, a
condição de asilado seja reconhecida. Art. 116. O solicitante de asilo político fará jus
à autorização provisória de residência, demons-
Art. 110. O asilo diplomático consiste na proteção trada por meio de protocolo, até a obtenção de
ofertada pelo Estado brasileiro e na condução do resposta do seu pedido.
asilado estritamente até o território nacional, em Parágrafo único. O protocolo previsto no caput
consonância com o disposto na Convenção Inter- permitirá o gozo de direitos no País, dentre os
nacional sobre Asilo Diplomático, promulgada quais:
pelo Decreto nº 42.628, de 13 de novembro de 1957. I – a expedição de carteira de trabalho provisória;
§ 1º Compete à autoridade máxima presente no II – a inclusão no Cadastro de Pessoa Física; e
local de solicitação de asilo diplomático zelar pela III – a abertura de conta bancária em instituição
integridade do solicitante de asilo e estabelecer, financeira supervisionada pelo Banco Central do
em conjunto com a Secretaria de Estado das Rela- Brasil.
ções Exteriores, as condições e as regras para a sua
Art. 117. O direito de reunião familiar será reco-
permanência no local de solicitação e os canais nhecido a partir da concessão do asilo político.
de comunicação com o Estado territorial, a fim de Parágrafo único. A autorização provisória de
solicitar salvo-conduto que permita ao solicitante residência concedida ao solicitante de asilo polí-
de asilo acessar o território nacional. tico será estendida aos familiares a que se refere
§ 2º Considera-se Estado territorial aquele em o art. 153, desde que se encontrem no território
cujo território esteja situado o local de solicitação nacional.
de asilo diplomático.
Art. 118. A saída do País sem prévia comunicação
§ 3º A saída não autorizada do local designado
ao Ministério das Relações Exteriores implicará re-
pela autoridade de que trata o caput implicará a
núncia ao asilo político.
renúncia ao asilo diplomático.
Parágrafo único. O solicitante de asilo político
§ 4º Após a chegada ao território nacional, o
deverá solicitar autorização prévia ao Ministro das
beneficiário de asilo diplomático será imediata-
Relações Exteriores para saída do País, sob pena
mente informado sobre a necessidade de registro
de arquivamento de sua solicitação.
da sua condição.
CAPÍTULO VII
Art. 111. O asilo territorial é ato discricionário e DO REFÚGIO
observará o disposto na Convenção Internacional
Art. 119. O reconhecimento da condição de re-
sobre Asilo Territorial promulgada pelo Decreto
fugiado seguirá os critérios estabelecidos na Lei
nº 55.929, de 19 de abril de 1965, e os elementos
nº 9.474, de 1997.
impeditivos constantes da legislação migratória.
§ 1º Durante a tramitação do processo de reco-
Art. 112. Compete ao Presidente da República nhecimento da condição de refugiado incidirão as
decidir sobre o pedido de asilo político e sobre a garantias e os mecanismos protetivos e de facili-
revogação de sua concessão, consultado o Minis- tação da inclusão social decorrentes da Conven-
tro de Estado das Relações Exteriores. ção relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951,
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
promulgada pelo Decreto nº 50.215, de 1961, e da ria, desde que cumpridos os requisitos da moda-
Lei nº 13.445, de 2017. lidade pretendida.
§ 2º O solicitante de reconhecimento da condi- § 2º A posse ou a propriedade de bem no País
ção de refugiado receberá o Documento Provisó- não conferirá o direito de obter autorização de
rio de Registro Nacional Migratório, nos termos do residência no território nacional, sem prejuízo do
disposto no Decreto nº 9.277, de 5 de fevereiro de disposto sobre a autorização de residência para
2018. (Parágrafo com redação dada pelo Decreto nº 9.277, realização de investimento.
de 5/2/2018) Art. 124. O visto de visita ou de cortesia poderá
§ 3º O protocolo de que trata § 2º permitirá o ser transformado em autorização de residência
gozo de direitos no País, dentre os quais: por meio de requerimento.
I – a expedição de carteira de trabalho provisória; § 1º O requerente comprovará a condição mi-
II – a inclusão no Cadastro de Pessoa Física; e gratória de visitante ou de titular de visto de cor-
III – a abertura de conta bancária em instituição tesia e o atendimento aos requisitos exigidos para
financeira supervisionada pelo Banco Central do a concessão de autorização de residência.
Brasil. § 2º A decisão de transformação caberá à au-
§ 4º O reconhecimento de certificados e diplo- toridade competente para avaliar a hipótese de
mas, os requisitos para a obtenção da condição autorização de residência pretendida.
de residente e o ingresso em instituições acadê-
Art. 125. O visto diplomático ou oficial poderá
micas de todos os níveis deverão ser facilitados,
ser transformado em autorização de residência
considerada a situação desfavorável vivenciada
por meio de requerimento.
pelos refugiados.
§ 1º O requerente comprovará que a sua con-
Art. 120. O ingresso irregular no território nacional dição migratória fundamenta-se na concessão de
não constituirá impedimento para a solicitação de visto diplomático ou oficial e o atendimento aos
reconhecimento da condição de refugiado e para a requisitos exigidos para a concessão de autoriza-
aplicação dos mecanismos de proteção da pessoa ção de residência.
refugiada, hipótese em que não incidirá o disposto § 2º A decisão de transformação caberá à au-
no art. 307, desde que, ao final do procedimento, toridade competente para avaliar a hipótese de
a condição de refugiado seja reconhecida. autorização de residência pretendida, consultado
Art. 121. No exercício de seus direitos e deveres, o Ministério das Relações Exteriores.
a condição atípica do refugiado será considerada § 3º A transformação de que trata este artigo
pelos órgãos da administração pública federal importará a cessação das prerrogativas, dos pri-
quando da necessidade de apresentação de do- vilégios e das imunidades decorrentes dos vistos
cumentos emitidos por seu país de origem ou por anteriores.
sua representação diplomática ou consular. § 4º Excepcionalmente, nas hipóteses de trans-
formação previstas neste artigo, o cumprimento
Art. 122. As solicitações de refúgio terão priori- dos requisitos para a obtenção da autorização de
dade de avaliação e decisão na hipótese de existir residência poderá ser dispensado, mediante reco-
contra o solicitante procedimento do qual possa mendação do Ministério das Relações Exteriores,
resultar a aplicação de medida de retirada com- observadas as hipóteses de denegação de autori-
pulsória. zação de residência com fundamento nos incisos I,
CAPÍTULO VIII II, III, IV e IX do caput do art. 171.
DA AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIA Art. 126. As hipóteses de negativa de concessão
Seção I e de denegação de autorização de residência apli-
Disposições Gerais cam-se ao procedimento de transformação de vis-
Art. 123. O imigrante, o residente fronteiriço e o vi- tos em autorização de residência.
sitante, por meio de requerimento, poderão solici- Art. 127. Os pedidos de autorização de residên-
tar autorização de residência no território nacional. cia serão endereçados ao Ministério da Justiça e
§ 1º A autorização de residência poderá ser con- Segurança Pública, ressalvadas as hipóteses pre-
cedida independentemente da situação migrató- vistas no § 1º.
83
§ 1º Observado o disposto no art. 142, os pedidos público brasileiro que comprove a identidade do
de autorização de residência serão endereçados ao imigrante, mesmo que este tenha data de vali-
Ministério do Trabalho quando fundamentados dade expirada.
nas seguintes hipóteses: § 2º A legalização e a tradução de que tratam
I – em pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; o inciso III do caput poderão ser dispensadas se
II – em trabalho ou oferta de trabalho; assim disposto em tratados de que o País seja parte.
III – na realização de investimento; § 3º A tramitação de pedido de autorização de
IV – na realização de atividade de relevância eco- residência ficará condicionada ao pagamento das
nômica, social, científica, tecnológica ou cultural; multas aplicadas com fundamento no disposto
V – na prática de atividade religiosa; e neste Decreto.
VI – no serviço voluntário.
Art. 130. Nova autorização de residência tempo-
§ 2º Os pedidos de autorização de residência
rária poderá ser concedida por meio de requeri-
serão apresentados, preferencialmente, por meio
mento.
eletrônico.
§ 1º O pedido de nova autorização de residência
Art. 128. O pedido de autorização de residência com amparo legal diverso da autorização de resi-
é individual. dência anterior implicará a renúncia à condição
Parágrafo único. Na hipótese de pessoa inca- migratória pretérita.
paz, o pedido será feito por representante ou as- § 2º O requerimento de nova autorização de
sistente legal. residência, após o vencimento do prazo da auto-
Art. 129. Para instruir o pedido de autorização de rização anterior, implicará a aplicação da sanção
residência, o imigrante deverá apresentar, sem prevista no inciso II do caput do art. 307.
prejuízo de outros documentos requeridos em Subseção I
ato do Ministro de Estado competente pelo rece- Das Taxas
bimento da solicitação:
Art. 131. As seguintes taxas serão cobradas, em
I – requerimento de que conste a identificação,
conformidade com a tabela que consta do Anexo:
a filiação, a data e o local de nascimento e a in-
dicação de endereço e demais meios de contato; I – pelo processamento e pela avaliação de pe-
II – documento de viagem válido ou outro do- didos de autorização de residência;
cumento que comprove a sua identidade e a sua II – pela emissão de cédula de identidade de
nacionalidade, nos termos dos tratados de que o imigrante de que constarão o prazo de autoriza-
País seja parte; ção de residência e o número do Registro Nacional
III – documento que comprove a sua filiação, Migratório; e
devidamente legalizado e traduzido por tradutor III – pela transformação de vistos de visita, di-
público juramentado, exceto se a informação já plomático, oficial e de cortesia em autorização de
constar do documento a que se refere o inciso II; residência.
IV – comprovante de recolhimento das taxas mi- § 1º A cobrança das taxas previstas neste artigo
gratórias, quando aplicável; observará o disposto nos acordos internacionais
V – certidões de antecedentes criminais ou do- de que o País seja parte.
cumento equivalente emitido pela autoridade § 2º A taxa prevista no inciso I do caput não será
judicial competente de onde tenha residido nos cobrada do imigrante portador de visto temporá-
últimos cinco anos; e rio, desde que a sua residência tenha a mesma fi-
VI – declaração, sob as penas da lei, de ausência nalidade do visto já concedido.
de antecedentes criminais em qualquer país, nos § 3º A renovação dos prazos de autorização de
cinco anos anteriores à data da solicitação de au- residência não ensejará a cobrança da taxa pre-
torização de residência. vista no inciso I do caput.
§ 1º Para fins de instrução de pedido de nova § 4º Os valores das taxas de que trata o caput
autorização de residência ou de renovação de poderão ser ajustados pelo órgão competente da
prazo de autorização de residência, poderá ser administração pública federal, de forma a preser-
apresentado o documento a que se refere o in- var o interesse nacional ou a assegurar a recipro-
ciso II do caput ou documento emitido por órgão cidade de tratamento.
84
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
lícia Federal no prazo de trinta dias, contado da b) a bordo de outras embarcações ou platafor-
data do desligamento. mas não mencionadas na alínea a e a permanên-
§ 6º O exercício de atividade remunerada será cia for por prazo superior a noventa dias a cada
ano migratório; (Alínea acrescida pelo Decreto nº 9.500,
permitido ao imigrante a quem se tenha sido con-
de 10/9/2018)
cedida a autorização de residência de que trata o
VIII – realização de estágio profissional ou inter-
caput, desde que compatível com a carga horária
câmbio profissional;
do estudo, nos termos da legislação vigente.
IX – exercício de cargo, função ou atribuição que
§ 7º O requerimento de autorização de residên-
exija, em razão da legislação brasileira, a residên-
cia para fins de estudo deverá respeitar os requi-
cia por prazo indeterminado;
sitos estabelecidos em ato conjunto dos Ministros
X – realização de atividade como correspon-
de Estado da Justiça e Segurança Pública e das
dente de jornal, revista, rádio, televisão ou agên-
Relações Exteriores.
cia noticiosa estrangeira; e
Art. 147. A autorização de residência para fins de XI – realização de auditoria ou consultoria com
trabalho poderá ser concedida ao imigrante que prazo de estada superior a noventa dias.
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 3º Para a aplicação do inciso VII do § 2º, con- sileiro, em termos definidos pelo Ministério das
sideram-se embarcações ou plataformas estran- Relações Exteriores por meio de comunicação
geiras, entre outras, aquelas utilizadas em na- diplomática.
vegação de apoio marítimo, de exploração ou Parágrafo único. A autorização de residência
prospecção, navegação de cabotagem, levanta- com fundamento no disposto neste artigo so-
mento geofísico, dragas e embarcações de pesca. mente poderá ser concedida ao portador de visto
§ 4º Será dispensada a oferta de trabalho de temporário de férias-trabalho.
que trata o caput e considerada a comprovação Art. 149. A autorização de residência para prática
de titulação em curso de ensino superior ou equi- de atividades religiosas poderá ser concedida a:
valente, na hipótese de capacidades profissionais I – ministro de confissão religiosa;
estratégicas para o País, conforme disposto em ato II – membro de instituto de vida consagrada ou
conjunto dos Ministros de Estado da Justiça e Se- confessional; ou
gurança Pública, Relações Exteriores e do Traba- III – membro de ordem religiosa.
lho, consultado o Conselho Nacional de Imigração. § 1º O requerimento de autorização de residên-
§ 5º Para fins de atração de mão de obra em cia para prática de atividades religiosas deverá
áreas estratégicas para o desenvolvimento nacio- respeitar os requisitos, as condições, os prazos e
nal ou com déficit de competências profissionais os procedimentos estabelecidos em resolução do
para o País, ato conjunto dos Ministros de Estado Conselho Nacional de Imigração.
da Justiça e Segurança Pública, Relações Exterio- § 2º O pedido de renovação do prazo de residên-
res e do Trabalho, consultado o Conselho Nacional cia ou a sua alteração para prazo indeterminado,
de Imigração, estabelecerá condições simplifica- observadas as condições estabelecidas neste ar-
das para a autorização de residência para fins de tigo, será instruído com a comprovação das prá-
trabalho. ticas de atividades religiosas por aqueles a que
§ 6º A possibilidade de modificação do local refere o caput.
de exercício de sua atividade laboral, na mesma Art. 150. A autorização de residência para pres-
empresa ou no mesmo grupo econômico, será tação de serviço voluntário junto a entidade de
reconhecida ao imigrante a quem tenha sido con- direito público ou privado sem fins lucrativos, ou
cedida a autorização de residência para fins de a organização vinculada a governo estrangeiro,
trabalho, por meio de comunicação ao Ministério poderá ser concedida desde que não haja vínculo
do Trabalho. empregatício e nem remuneração de qualquer
§ 7º O imigrante deverá requerer autorização ao espécie.
Ministério do Trabalho se pretender exercer ativi- § 1º O requerimento de autorização de residên-
dade junto a empregador diverso daquele que o cia para prestação de serviço voluntário deverá
contratou inicialmente, durante a residência por respeitar os requisitos, as condições, os prazos e
tempo determinado, por meio de pedido funda- os procedimentos estabelecidos em resolução do
mentado e instruído com o novo contrato de tra- Conselho Nacional de Imigração.
balho firmado. § 2º O pedido de renovação do prazo de residên-
§ 8º Após decisão quanto à mudança de empre- cia ou a sua alteração para prazo indeterminado
gador de que trata o § 7º, o Ministério do Trabalho com fundamento na hipótese prevista neste artigo
comunicará a Polícia Federal para fins de atuali- deverá ser instruído com a prova da continuidade
zação de registro. da prestação de serviço voluntário.
§ 9º O requerimento de autorização de residên-
Art. 151. A autorização de residência para fins de
cia com fundamento em trabalho deverá respeitar
realização de investimento poderá ser concedida
os requisitos, as condições, os prazos e os procedi-
ao imigrante pessoa física que pretenda realizar
mentos estabelecidos em resolução do Conselho
ou já realize, com recursos próprios de origem
Nacional de Imigração.
externa, investimento em pessoa jurídica no País,
Art. 148. A autorização de residência para fins de em projeto com potencial para geração de empre-
férias-trabalho poderá ser concedida ao imigrante gos ou de renda no País.
maior de dezesseis anos que seja nacional de país § 1º Entende-se por investimento em pessoa
que conceda benefício idêntico ao nacional bra- jurídica no País:
89
I – investimento de origem externa em empresa V – ascendente até o segundo grau de brasileiro
brasileira, conforme regulamentação do Banco ou de imigrante beneficiário de autorização de re-
Central do Brasil; sidência;
II – constituição de sociedade simples ou em- VI – descendente até o segundo grau de brasi-
presária; e leiro ou de imigrante beneficiário de autorização
III – outras hipóteses previstas nas políticas de de residência;
atração de investimentos externos. VII – irmão de brasileiro ou de imigrante benefi-
§ 2º A autorização prevista no caput poderá ser ciário de autorização de residência; ou
concedida ao imigrante administrador, gerente, VIII – que tenha brasileiro sob a sua tutela, cura-
diretor ou executivo com poderes de gestão, que tela ou guarda.
venha ou esteja no País para representar sociedade § 1º O requerimento de autorização de residên-
civil ou comercial, grupo ou conglomerado econô- cia para fins de reunião familiar deverá respeitar
mico que realize investimento externo em empresa os requisitos previstos em ato conjunto dos Minis-
estabelecida no território nacional, com potencial tros de Estado da Justiça e Segurança Pública e
para geração de empregos ou de renda no País. das Relações Exteriores.
§ 3º A concessão de que trata o § 2º ficará con- § 2º A autorização de residência por reunião
dicionada ao exercício da função que lhe for de- familiar não será concedida na hipótese de o
signada em contrato ou em ata devidamente re- chamante ser beneficiário de autorização de re-
gistrada no órgão competente. sidência por reunião familiar ou de autorização
§ 4º O requerimento de autorização de residên- provisória de residência.
cia para fins de realização de investimento deverá § 3º Na hipótese prevista no inciso VII do caput,
respeitar os requisitos previstos em resolução do a autorização de residência ao irmão maior de
Conselho Nacional de Imigração. dezoito anos ficará condicionada à comprovação
§ 5º A autorização de residência com funda- de sua dependência econômica em relação ao fa-
mento nas hipóteses elencadas neste artigo po- miliar chamante.
derá ser concedida por prazo indeterminado. § 4º Quando a autorização de residência do fa-
§ 6º Na hipótese prevista no caput, a perda da miliar chamante tiver sido concedida por prazo
autorização de residência poderá ser decretada
indeterminado, a autorização de residência do
em observância ao disposto no inciso I do caput
familiar chamado será também concedida por
do art. 135, caso o imigrante não tenha executado
prazo indeterminado.
o plano de investimento que fundamentou a sua
§ 5º Quando o requerimento for fundamentado
autorização.
em reunião com imigrante beneficiado com resi-
Art. 152. A autorização de residência para fins de dência por prazo determinado, a data de venci-
realização de atividade com relevância econômica, mento da autorização de residência do familiar
social, científica, tecnológica ou cultural deverá chamado coincidirá com a data de vencimento da
respeitar os requisitos, as condições, os prazos e autorização de residência do familiar chamante.
os procedimentos estabelecidos em ato conjunto § 6º Ato do Ministro de Estado da Justiça e Segu-
dos Ministros de Estado da Justiça e Segurança rança Pública poderá dispor sobre a necessidade
Pública, das Relações Exteriores e do Trabalho, de entrevista presencial e de apresentação de do-
consultado o Conselho Nacional de Imigração. cumentação adicional para comprovação, quando
Art. 153. A autorização de residência para fins de necessário, do vínculo familiar.
reunião familiar será concedida ao imigrante: § 7º Ato conjunto dos Ministros de Estado da
I – cônjuge ou companheiro, sem discrimina- Justiça e Segurança Pública e das Relações Exte-
ção alguma, nos termos do ordenamento jurídico riores poderá estabelecer outras hipóteses de pa-
brasileiro; rentesco para fins de concessão da autorização de
II – filho de brasileiro ou de imigrante beneficiá- residência de que trata o caput.
rio de autorização de residência; § 8º A solicitação de autorização de residência
III – que tenha filho brasileiro; para fins de reunião familiar poderá ocorrer con-
IV – que tenha filho imigrante beneficiário de comitantemente à solicitação de autorização de
autorização de residência; residência do familiar chamante.
90
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 9º A concessão da autorização de residência condições com o nacional brasileiro, nos termos
para fins de reunião familiar ficará condicionada da legislação vigente.
à concessão prévia de autorização de residência § 6º A autorização de residência concedida
ao familiar chamante. àquele cuja condição de refugiado, asilado ou
§ 10. O beneficiário da autorização de residên- apátrida tiver cessado permanecerá válida pelo
cia para fins de reunião familiar poderá exercer prazo de noventa dias.
qualquer atividade no País, inclusive remunerada, § 7º O disposto no § 6º não se aplica às seguintes
em igualdade de condições com o nacional brasi- hipóteses:
leiro, nos termos da legislação vigente. I – perda da proteção ao apátrida;
Art. 154. A autorização de residência poderá ser II – revogação do asilo político; e
concedida à pessoa beneficiada por tratado em III – perda da condição de refugiado.
matéria de residência e livre circulação. § 8º A cessação da proteção ao apátrida ou da
Parágrafo único. Na concessão de autorização condição de refugiado ou asilado político não im-
de residência mencionada no caput, será obser- pedirá a solicitação de nova autorização de resi-
vado o disposto no tratado bilateral ou multila- dência, observado o disposto no art. 142.
teral que regulamente o assunto e, subsidiaria- § 9º O requerimento de autorização de residên-
mente, o disposto neste Decreto, no que couber. cia com fundamento no disposto neste artigo de-
verá respeitar os requisitos previstos em ato do
Art. 155. A autorização de residência poderá ser
Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública,
concedida à pessoa que já tenha possuído a na-
consultados os demais Ministérios interessados.
cionalidade brasileira e não deseje ou não reúna
os requisitos para readquiri-la. Art. 157. A autorização de residência poderá ser
§ 1º O requerimento de autorização de residên- concedida à criança ou ao adolescente nacional
cia com fundamento no disposto neste artigo de- de outro país ou apátrida, desacompanhado ou
verá respeitar os requisitos previstos em ato do abandonado, que se encontre em ponto de con-
Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública. trole migratório nas fronteiras brasileiras ou no
§ 2º A autorização de residência com funda- território nacional.
mento no disposto neste artigo poderá ser conce- § 1º A avaliação da solicitação de autorização
dida por prazo indeterminado. de residência com fundamento no disposto no
Art. 156. A autorização de residência poderá ser caput e da possibilidade de retorno à convivência
concedida à pessoa beneficiária de: familiar deverá considerar o interesse superior da
I – proteção ao apátrida; criança ou do adolescente na tomada de decisão.
II – asilo político; ou § 2º O requerimento da autorização de residên-
III – refúgio. cia prevista neste artigo poderá ser feito pela De-
§ 1º A autorização de residência do refugiado ob- fensoria Pública da União.
servará o disposto no art. 28 da Lei nº 9.474, de 1997. § 3º O prazo da autorização de residência vigo-
§ 2º A autorização de residência do refugiado, rará até que o imigrante atinja a maioridade, al-
do asilado político e do apátrida será concedida cançada aos dezoito anos completos, em obser-
por prazo indeterminado. vância ao disposto no art. 5º da Lei nº 10.406, de
§ 3º O solicitante de refúgio, asilo político ou pro- 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
teção ao apátrida fará jus à autorização provisória § 4º Na hipótese de o imigrante atingir a maiori-
de residência até decisão final quanto ao seu pedido. dade e tiver interesse em permanecer no País, ele
§ 4º A autorização provisória de residência pre- deverá comparecer a unidade da Polícia Federal
vista no § 3º será demonstrada por meio de pro- no prazo de cento e oitenta dias para formalizar o
tocolo de solicitação de reconhecimento da con- pedido de alteração do prazo de residência para
dição de refugiado, asilado político ou apátrida. indeterminado.
§ 5º O beneficiário da autorização de residên- § 5º O requerimento de autorização de residên-
cia do refugiado, do asilado político e do apátrida cia com fundamento no disposto neste artigo de-
ou da autorização de residência provisória a que verá respeitar os requisitos previstos em ato do
se refere o § 3º poderá exercer qualquer atividade Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública,
no País, inclusive remunerada, em igualdade de consultados os demais Ministérios interessados.
91
Art. 158. A autorização de residência poderá ser § 4º Na ausência da apresentação do documento
concedida à vítima de: a que se refere o inciso II do caput do art. 129, de-
I – tráfico de pessoas; verá ser apresentado ofício emitido pelo juízo res-
II – trabalho escravo; ou ponsável do qual conste a qualificação completa
III – violação de direito agravada por sua condi- do imigrante.
ção migratória. Art. 160. A concessão de nova autorização de resi-
§ 1º A autorização de residência com funda- dência para imigrante poderá ser fornecida, aten-
mento no disposto neste artigo será concedida dido o disposto na alínea h do inciso II do caput
por prazo indeterminado. do art. 142 a imigrante que tenha sido anterior-
§ 2º O requerimento previsto neste artigo mente beneficiado com autorização de residência,
poderá ser encaminhado diretamente ao Ministé- fundamentado em reunião familiar, satisfeitos os
rio da Justiça e Segurança Pública pelo Ministério seguintes requisitos:
Público, pela Defensoria Pública ou pela Audito- I – ter residido no País por, no mínimo, quatro
ria Fiscal do Trabalho, na forma estabelecida em anos;
ato conjunto dos Ministros de Estado da Justiça II – comprovar meios de subsistência; e
e Segurança Pública e do Trabalho, consultados III – apresentar certidão negativa de anteceden-
os demais Ministérios interessados, o qual dispo- tes criminais.
rá sobre outras autoridades públicas que poderão § 1º A nova autorização de residência com fun-
reconhecer a situação do imigrante como vítima, damento no disposto neste artigo será concedida
nos termos estabelecidos no caput. por prazo indeterminado.
§ 3º A autoridade pública que representar pela § 2º O disposto neste artigo não se aplica às
hipóteses em que o requisito para o reconheci-
regularização migratória das vítimas a que se re-
mento da condição anterior tenha deixado de ser
fere o caput deverá instruir a representação com
atendido em razão de fraude.
documentação que permita identificar e localizar
o imigrante. Art. 161. A autorização de residência poderá ser
§ 4º O beneficiário da autorização de residência concedida para fins de atendimento ao interesse
concedida a vítima a que se refere o caput deverá da política migratória nacional.
apresentar anuência ao requerimento ofertado Parágrafo único. Ato conjunto do Ministros de
pela autoridade pública. Estado da Justiça e Segurança Pública, das Rela-
ções Exteriores e do Trabalho disporá sobre as hi-
Art. 159. A autorização de residência poderá ser póteses, os requisitos e os prazos da autorização
concedida à pessoa que esteja em liberdade provi- de residência para fins de atendimento ao inte-
sória ou em cumprimento de pena no País. resse da política migratória nacional.
§ 1º O prazo de residência para o imigrante em
Art. 162. O Conselho Nacional de Imigração dis-
liberdade provisória será de até um ano, renová-
ciplinará os casos especiais para a concessão de
vel por meio da apresentação de certidão expe-
autorização de residência associada às questões
dida pelo Poder Judiciário que disponha sobre o
laborais.
andamento do processo.
§ 2º Na hipótese de imigrante sentenciado, o Art. 163. O Ministério da Justiça e Segurança Pú-
prazo de residência estará vinculado ao período blica disciplinará os casos especiais para a con-
da pena a ser cumprido, informado pelo juízo res- cessão de autorização de residência não previstos
expressamente neste Decreto.
ponsável pela execução criminal.
§ 3º Na instrução do requerimento de autoriza- CAPÍTULO IX
ção de residência com fundamento no disposto DA ENTRADA E DA SAÍDA DO
TERRITÓRIO NACIONAL
neste artigo, deverá ser apresentada, além dos
documentos a que se refere o art. 129, decisão Seção I
judicial da concessão da liberdade provisória ou Da Fiscalização Marítima,
certidão emitida pelo juízo responsável pela exe- Aeroportuária e de Fronteira
cução criminal do qual conste o período de pena Art. 164. A entrada no País poderá ser permitida
a ser cumprida, conforme o caso. ao imigrante identificado por documento de via-
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
gem válido que não se enquadre em nenhuma das II – no porto de saída da embarcação do terri-
hipóteses de impedimento de ingresso previstas tório nacional.
neste Decreto e que seja: § 1º O controle migratório previsto no caput po-
I – titular de visto válido; derá ser realizado em terminal portuário sempre
II – titular de autorização de residência; ou que essa estrutura se mostrar mais adequada.
III – de nacionalidade beneficiária de tratado ou § 2º O controle migratório de navios de turismo
comunicação diplomática que enseje a dispensa poderá ser feito em águas territoriais nacionais,
de visto. conforme estabelecido pela Polícia Federal.
§ 1º Ato do Ministro de Estado da Saúde disporá Art. 169. O direito de passagem inocente no mar
sobre as medidas sanitárias necessárias para en- territorial brasileiro será reconhecido aos navios
trada no País, quando couber. de todas as nacionalidades, observado o disposto
§ 2º As autoridades responsáveis pela fiscali- no art. 3º da Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993.
zação contribuirão para a aplicação de medidas § 1º A passagem será considerada inocente
sanitárias em consonância com o Regulamento desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem
Sanitário Internacional e com outras disposições ou à segurança do País, e deverá ser contínua e
pertinentes.
rápida.
Art. 165. As funções de polícia marítima aeropor- § 2º A passagem inocente poderá compreender
tuária e de fronteira serão realizadas pela Polícia o parar e o fundear, desde que tais procedimen-
Federal nos pontos de entrada e saída do territó- tos constituam incidentes comuns de navegação,
rio nacional, sem prejuízo de outras fiscalizações, sejam impostos por motivos de força maior ou
nos limites de suas atribuições, realizadas pela Se- por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar
cretaria da Receita Federal do Brasil do Ministé- auxílio a pessoas ou a navios em perigo ou em di-
rio da Fazenda e, quando for o caso, pelo Minis- ficuldade grave.
tério da Saúde. § 3º A fiscalização de passageiros, tripulantes e
Parágrafo único. O imigrante deverá permanecer estafes de navios em passagem inocente não será
em área de fiscalização até que o seu documento realizada, exceto nas hipóteses previstas no § 2º,
de viagem tenha sido verificado, exceto nos casos quando houver necessidade de descida de pes-
previstos em lei. soas à terra ou subida a bordo do navio.
Art. 166. Quando a entrada no território nacional Art. 170. Na fiscalização de entrada, poderão ser
ocorrer por via aérea, a fiscalização será realizada exigidos:
no aeroporto do local de destino de passageiros I – comprovante de meio de transporte de saída
e tripulantes ou, caso ocorra a transformação do do território nacional;
voo internacional em doméstico, no lugar onde II – comprovante de meios de subsistência com-
ela ocorrer. patíveis com o prazo e com o objetivo da viagem
Parágrafo único. Quando a saída do território pretendida; e
nacional ocorrer por via aérea, a fiscalização será III – documentação que ateste a natureza das
realizada no aeroporto internacional do local de atividades que serão desenvolvidas no País, con-
embarque ou, caso ocorra a transformação do forme definido em atos específicos.
voo doméstico em internacional, no lugar onde Parágrafo único. Para confirmação do objetivo
ela ocorrer. da viagem, documentos adicionais poderão ser
Art. 167. Na hipótese de entrada ou saída por via requeridos.
terrestre, a fiscalização ocorrerá no local desig- Seção II
nado para esse fim. Do Impedimento de Ingresso
Art. 168. Nos pontos de fiscalização migratória Art. 171. Após entrevista individual e mediante
marítima, fluvial e lacustre, o controle migratório ato fundamentado, o ingresso no País poderá ser
será realizado a bordo: impedido à pessoa:
I – no porto de entrada da embarcação no ter- I – anteriormente expulsa do país, enquanto os
ritório nacional; e efeitos da expulsão vigorarem;
93
II – nos termos definidos pelo Estatuto de Roma § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV
do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promul- do caput, o fundamento para o impedimento de
gado pelo Decreto nº 4.388, de 2002, condenada ingresso será comunicado à Polícia Federal pelo
ou respondendo a processo por: Ministério da Saúde.
a) ato de terrorismo ou crime de genocídio;
Art. 172. A entrada condicional no território na-
b) crime contra a humanidade;
cional de pessoa que não preencha os requisitos
c) crime de guerra; ou
de admissão poderá, na impossibilidade de re-
d) crime de agressão;
torno imediato do imigrante impedido ou clandes-
III – condenada ou respondendo a processo em
tino, ser autorizada pela Polícia Federal, por meio
outro país por crime doloso passível de extradição
da assinatura de termo de compromisso, pelo
segundo a lei brasileira;
transportador ou por seu agente, que assegure o
IV – que tenha o nome incluído em lista de restri-
custeio das despesas com a permanência e com
ções por ordem judicial ou por compromisso assu-
as providências necessárias para a repatriação do
mido pelo País perante organismo internacional;
imigrante.
V – que apresente documento de viagem que:
Parágrafo único. Na hipótese de entrada condi-
a) não seja válido no território nacional;
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou cional prevista no caput, a Polícia Federal fixará o
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; prazo de estada, as condições a serem observadas
VI – que não apresente documento de viagem e o local em que o imigrante impedido ou clandes-
ou, quando admitido, documento de identidade; tino permanecerá.
VII – cuja razão da viagem não seja condizente Art. 173. O desembarque de marítimo embarcado
com o visto ou com o motivo alegado para a em navio em viagem de longo curso portador de
isenção de visto ou que não possua visto válido, carteira de marítimo expedida por país não signa-
quando exigível; tário de Convenção da Organização Internacional
VIII – que tenha comprovadamente fraudado do Trabalho sobre a matéria não será permitido,
documentação ou prestado informação falsa por hipótese em que ele deverá permanecer a bordo.
ocasião da solicitação de visto;
Art. 174. A admissão excepcional no País poderá
IX – que tenha praticado ato contrário aos prin-
ser autorizada à pessoa que se enquadre em uma
cípios e aos objetivos dispostos na Constituição;
das seguintes hipóteses, desde que esteja de
X – a quem tenha sido denegado visto, enquan-
posse de documento de viagem válido:
to permanecerem as condições que ensejaram a
I – não possua visto ou seja titular de visto cujo
denegação;
prazo de validade tenha expirado;
XI – que não tenha prazo de estada disponível no
ano migratório vigente, na qualidade de visitante; II – seja titular de visto emitido com erro ou
XII – que tenha sido beneficiada com medida de omissão;
transferência de pessoa condenada aplicada con- III – tenha perdido a condição de residente por
juntamente com impedimento de reingresso no ter permanecido ausente do País por período supe-
território nacional, observado o disposto no § 2º rior a dois anos e detenha condições objetivas para
do art. 103 da Lei nº 13.445, de 2017, desde que a concessão de nova autorização de residência;
ainda esteja no cumprimento de sua pena; IV – seja criança ou adolescente desacompa-
XIII – que não atenda às recomendações tempo- nhado do responsável legal e sem autorização
rárias ou permanentes de emergências em saúde expressa para viajar desacompanhado, indepen-
pública internacional definidas pelo Regulamento dentemente do documento de viagem que portar,
Sanitário Internacional; ou hipótese em que haverá encaminhamento ao Con-
XIV – que não atenda às recomendações tempo- selho Tutelar ou, se necessário, a instituição indi-
rárias ou permanentes de emergências em saúde cada pela autoridade competente;
pública de importância nacional definidas pelo V – outras situações emergenciais, caso fortuito
Ministério da Saúde. ou força maior.
§ 1º O procedimento de efetivação do impedi- § 1º Nas hipótese previstas no incisos I, II e V do
mento de ingresso será disciplinado em ato do caput, o prazo da admissão excepcional será de
dirigente máximo da Polícia Federal. até oito dias.
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos III e IV § 6º Na hipótese de o imigrante notificado nos
do caput, o prazo da admissão excepcional será termos estabelecidos neste artigo não regularizar
de até trinta dias. a sua situação migratória e comparecer a ponto
§ 3º A admissão excepcional poderá ser solici- de fiscalização para deixar o País após encerrado
tada pelo Ministério das Relações Exteriores, por re- o prazo estabelecido no caput, será lavrado termo
presentação diplomática do país de nacionalidade e registrada a saída do território nacional como
da pessoa ou por órgão da administração pública, deportação.
por meio de requerimento dirigido ao chefe da uni- § 7º A notificação será dispensada quando a ir-
dade da fiscalização migratória, conforme disposto regularidade for constatada no momento da saída
em ato do dirigente máximo da Polícia Federal. do imigrante do território nacional, e será lavrado
termo e registrada a saída do território nacional
Art. 175. O tripulante ou o passageiro que, por
como deportação, sem prejuízo da aplicação de
motivo de força maior, seja obrigado a interrom-
multa, nos termos estabelecidos no inciso II do
per a viagem no território nacional poderá ter o
caput do art. 307.
seu desembarque permitido por meio de termo
§ 8º O prazo para regularização migratória de
de responsabilidade pelas despesas decorrentes
que trata o caput será deduzido do prazo de es-
do transbordo.
tada do visto de visita estabelecido no art. 20.
CAPÍTULO X
Art. 177. O procedimento administrativo de re-
DA REGULARIZAÇÃO DA
SITUAÇÃO MIGRATÓRIA gularização da situação migratória será instruí-
do com:
Art. 176. O imigrante que estiver em situação mi-
I – a comprovação da notificação do imigrante
gratória irregular será pessoalmente notificado
para regularizar a sua condição migratória ou dei-
para que, no prazo de sessenta dias, contado da
xar voluntariamente o País; e
data da notificação, regularize a sua situação mi-
II – a manifestação do interessado, quando
gratória ou deixe o País voluntariamente.
apresentada.
§ 1º A irregularidade migratória poderá ocorrer
em razão de: CAPÍTULO XI
DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA
I – entrada irregular;
II – estada irregular; ou Seção I
III – cancelamento da autorização de residência. Disposições Gerais
§ 2º Ato do dirigente máximo da Polícia Fede- Art. 178. São medidas de retirada compulsória:
ral disporá sobre a notificação pessoal por meio I – a repatriação;
eletrônico, a publicação por edital em seu sítio II – a deportação; e
eletrônico e os demais procedimentos de que III – a expulsão.
trata este Capítulo.
Art. 179. A repatriação, a deportação e a expul-
§ 3º As irregularidades verificadas na situação
são serão feitas para o país de nacionalidade ou de
migratória constarão, expressamente, da notifica-
procedência do migrante ou do visitante, ou para
ção de que trata o caput.
outro país que o aceite, em observância aos trata-
§ 4º O prazo estabelecido no caput será prorro-
dos de que o País seja parte.
gável por até sessenta dias, desde que o imigrante
notificado compareça a unidade da Polícia Fe- Art. 180. Não se procederá à repatriação, à depor-
deral para justificar a necessidade da prorrogação tação ou à expulsão de nenhum indivíduo quando
e assinar termo de compromisso de que manterá subsistirem razões para acreditar que a medida
as suas informações pessoais e relativas ao seu poderá colocar em risco sua vida, sua integridade
endereço atualizadas. pessoal ou sua liberdade seja ameaçada por mo-
§ 5º A notificação a que se refere o caput não tivo de etnia, religião, nacionalidade, pertinência
impedirá a livre circulação no território nacional, a grupo social ou opinião política.
hipótese em que o imigrante deverá informar à Art. 181. O beneficiário de proteção ao apátrida,
Polícia Federal o seu local de domicílio e as ativi- refúgio ou asilo político não será repatriado, de-
dades por ele exercidas no País e no exterior. portado ou expulso enquanto houver processo
95
de reconhecimento de sua condição pendente prazo de estada, as condições e o local em que o
no País. imigrante.
Parágrafo único. Na hipótese de deportação de § 3º A Defensoria Pública da União será noti-
apátrida, a medida de retirada compulsória so- ficada, preferencialmente por meio eletrônico,
mente poderá ser aplicada após autorização do quando o imigrante que não tenha atingido a
Ministério da Justiça e Segurança Pública. maioridade civil estiver desacompanhado ou se-
Art. 182. O procedimento de deportação depen- parado de sua família e quando a sua repatriação
derá de autorização prévia do Poder Judiciário no imediata não for possível.
caso de migrante em cumprimento de pena ou § 4º A ausência de manifestação da Defenso-
que responda criminalmente em liberdade. ria Pública da União, desde que prévia e devida-
mente notificada, não impedirá a efetivação da
Art. 183. As medidas de retirada compulsória não
serão feitas de forma coletiva. medida de repatriação.
§ 1º Entende-se por repatriação, deportação ou Art. 186. Ato do dirigente máximo da Polícia Fe-
expulsão coletiva aquela que não individualiza a deral estabelecerá os procedimentos administra-
situação migratória irregular de cada migrante. tivos necessários para a repatriação, conforme os
§ 2º A individualização das medidas de repatria- tratados de que o País seja parte.
ção ocorrerá por meio de termo do qual constarão:
Seção III
I – os dados pessoais do repatriando;
Da Deportação
II – as razões do impedimento que deu causa
à medida; e Art. 187. A deportação consiste em medida de-
III – a participação de intérprete, quando neces- corrente de procedimento administrativo da qual
sária. resulta a retirada compulsória da pessoa que se
§ 3º A individualização das medidas de depor- encontre em situação migratória irregular no ter-
tação e expulsão ocorrerá por meio de procedi- ritório nacional.
mento administrativo instaurado nos termos es- Parágrafo único. Os procedimentos concernen-
tabelecidos nos art. 188 e art. 195. tes à deportação observarão os princípios do con-
Art. 184. O imigrante ou o visitante que não tenha traditório, da ampla defesa e da garantia de re-
atingido a maioridade civil, desacompanhado curso com efeito suspensivo.
ou separado de sua família, não será repatria- Art. 188. O procedimento que poderá levar à de-
do ou deportado, exceto se a medida de retirada portação será instaurado pela Polícia Federal.
compulsória for comprovadamente mais favorável § 1º O ato de que trata o caput conterá relato do
para a garantia de seus direitos ou para a reintegra- fato motivador da medida e a sua fundamentação
ção a sua família ou a sua comunidade de origem. legal, e determinará:
Seção II I – a juntada do comprovante da notificação
Da Repatriação pessoal do deportando prevista no art. 176;
Art. 185. A repatriação consiste em medida admi- II – notificação, preferencialmente por meio
nistrativa da devolução ao país de procedência ou eletrônico:
de nacionalidade da pessoa em situação de impe- a) da repartição consular do país de origem do
dimento de ingresso, identificada no momento da imigrante;
entrada no território nacional. b) do defensor constituído do deportando,
§ 1º Caso a repatriação imediata não seja possí- quando houver, para apresentação de defesa téc-
vel, a entrada do imigrante poderá ser permitida, nica no prazo de dez dias; e
desde que atenda ao disposto no § 2º. c) da Defensoria Pública da União, na ausên-
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º, o transporta- cia de defensor constituído, para apresentação de
dor ou o seu agente deverá assinar termo de com- defesa técnica no prazo de vinte dias.
promisso que assegure o custeio das despesas § 2º As irregularidades verificadas no procedi-
com a permanência e com as providências para a mento administrativo da deportação constarão,
repatriação do imigrante, do qual constarão o seu expressamente, das notificações de que trata o § 1º.
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 3º A assistência jurídica providenciará defesa a) tiver filho brasileiro que esteja sob a sua
técnica no prazo a que se refere o § 1º, e, se enten- guarda ou dependência econômica ou socioafe-
der necessário: tiva ou tiver pessoa brasileira sob a sua tutela;
I – tradutor ou intérprete; e b) tiver cônjuge ou companheiro residente no
II – exames ou estudos. País, sem discriminação alguma, reconhecido ju-
§ 4º A ausência de manifestação da Defenso- dicial ou legalmente;
ria Pública da União, desde que prévia e devida- c) tiver ingressado no País antes de completar
mente notificada, não impedirá a efetivação da os doze anos de idade, desde que resida, desde
medida de deportação. então, no País; ou
Art. 189. Caberá recurso com efeito suspensivo d) seja pessoa com mais de setenta anos que
da decisão sobre deportação no prazo de dez dias, resida no País há mais de dez anos, considerados
contado da data da notificação do deportando. a gravidade e o fundamento da expulsão.
Art. 190. Não se procederá à deportação se a me- Art. 194. Enquanto o procedimento de expul-
dida configurar extradição não admitida pela le- são estiver pendente, o expulsando permanecerá
gislação brasileira. aguardando a sua decisão, sem alteração de sua
condição migratória.
Art. 191. Ato do dirigente máximo da Polícia Fe-
deral disporá sobre os procedimentos administra- Art. 195. O procedimento de expulsão será ini-
tivos necessários para a deportação. ciado por meio de Inquérito Policial de Expulsão.
Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da § 1º O Inquérito Policial de Expulsão será instau-
Justiça e Segurança Pública definirá as hipóteses rado pela Polícia Federal, de ofício ou por deter-
de redução do prazo de que trata o § 6º do art. 50 minação do Ministro de Estado da Justiça e Segu-
da Lei nº 13.445, de 2017. rança Pública, de requisição ou de requerimento
fundamentado em sentença, e terá como objetivo
Seção IV
produzir relatório final sobre a pertinência ou não
Da Expulsão
da medida de expulsão, com o levantamento de
Art. 192. A expulsão consiste em medida adminis- subsídios para a decisão, realizada pelo Ministro
trativa da retirada compulsória do território nacio- de Estado da Justiça e Segurança Pública, acerca:
nal instaurada por meio de Inquérito Policial de I – da existência de condição de inexpulsabili-
Expulsão, conjugada com impedimento de rein- dade;
gresso por prazo determinado do imigrante ou do II – da existência de medidas de ressocialização,
visitante com sentença condenatória transitada se houver execução de pena; e
em julgado pela prática de: III – da gravidade do ilícito penal cometido.
I – nos termos definidos pelo Estatuto de Roma § 2º A instauração do Inquérito Policial de Expul-
do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promul- são será motivada:
gado pelo Decreto nº 4.388, de 2002: I – na hipótese prevista no inciso I do caput do
a) crime de genocídio; art. 192, pelo recebimento, a qualquer tempo, por
b) crime contra a humanidade; via diplomática, de sentença definitiva expedida
c) crime de guerra; ou pelo Tribunal Penal Internacional; ou
d) crime de agressão; ou II – na hipótese prevista no inciso II do caput do
II – crime comum doloso passível de pena pri- art. 192, pela existência de sentença.
vativa de liberdade, consideradas a gravidade e § 3º Os procedimentos concernentes à expul-
as possibilidades de ressocialização no território são observarão os princípios do contraditório e
nacional. da ampla defesa.
Art. 193. O Ministério da Justiça e Segurança Pú- § 4º O ato de que trata o caput conterá relato
blica não procederá à expulsão daqueles a que se do fato motivador da expulsão e a sua fundamen-
refere o art. 192 quando: tação legal, e determinará que seja realizada, de
I – a medida configurar extradição não admitida imediato, a notificação, preferencialmente por
pela lei brasileira; meio eletrônico:
II – o expulsando: I – do expulsando;
97
II – da repartição consular do país de origem do III – o documento do juízo de execução penal
imigrante; que ateste se o expulsando é beneficiário de medi-
III – do defensor constituído do expulsando, das de ressocialização em cumprimento de penas
quando houver; e cominadas ou executadas no território nacional,
IV – da Defensoria Pública da União. se já houver execução;
§ 5º A assistência jurídica providenciará defesa IV – o termo de notificação pessoal do expul-
técnica no prazo a que se refere o art. 196, e, se sando ou a cópia da notificação publicada no sítio
entender necessário, tradutor ou intérprete. eletrônico da Polícia Federal;
§ 6º A expulsão somente ocorrerá após o trân- V – os termos de notificação:
sito em julgado da ação que julgar o processo de a) do representante consular do país de nacio-
expulsão. nalidade do expulsando; e
Art. 196. O defensor constituído terá o prazo de b) do defensor constituído do expulsando ou,
dez dias para apresentação de defesa técnica no em sua ausência, da Defensoria Pública da União
procedimento administrativo de expulsão e dez ou de defensor dativo;
dias para interposição de pedido de reconsidera- VI – o auto de qualificação e interrogatório;
ção, quando for o caso. VII – a defesa técnica apresentada:
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos no a) pelo defensor constituído do expulsando,
caput serão contados em dobro em relação à De- quando houver; ou
fensoria Pública da União. b) pela Defensoria Pública da União ou por de-
fensor dativo;
Art. 197. Iniciado o processo de expulsão, o expul- VIII – o termo das diligências realizadas; e
sando será notificado da sua instauração, além da IX – o relatório final.
data e do horário fixados para o seu interrogatório. § 1º O Inquérito Policial de Expulsão poderá ser
Parágrafo único. Se o expulsando não for encon- instruído com outros documentos, a critério da
trado, a Polícia Federal dará publicidade à instau- autoridade que o presidir.
ração do Inquérito Policial de Expulsão em seu § 2º O documento a que se refere o inciso VII
sítio eletrônico e tal publicação será considerada do caput será dispensado quando não for apre-
como notificação para todos os atos do referido sentado pela defesa do expulsando, desde que os
procedimento. termos de notificação tenham sido devidamente
Art. 198. Na hipótese de expulsando preso fora apresentados.
das dependências da Polícia Federal, a sua pre- § 3º O termo de compromisso assinado pelo ex-
sença na repartição policial será solicitada ao pulsando constará do auto de qualificação e in-
juízo de execuções penais, sem prejuízo da auto- terrogatório, no qual assegurará que manterá as
rização para realização de qualificação e interro- suas informações pessoais e relativas ao local de
gatório no estabelecimento penitenciário. domicílio atualizadas.
Art. 199. O expulsando que, regularmente noti- § 4º Durante o inquérito, suscitada a hipótese de
ficado, não se apresentar ao interrogatório será inexpulsabilidade, as diligências para a sua confir-
considerado revel e a sua defesa caberá à Defen- mação serão providenciadas.
soria Pública da União ou, em sua ausência, a de- § 5º Na hipótese de indeferimento das diligên-
fensor dativo. cias requeridas pela defesa do expulsando, a au-
Parágrafo único. Na hipótese de revelia e de o toridade que presidir o Inquérito Policial de Ex-
expulsando se encontrar em lugar incerto e não pulsão deverá elaborar despacho fundamentado.
sabido, a Polícia Federal providenciará a qualifi- Art. 201. O direito à palavra deverá ser dado ao
cação indireta do expulsando. expulsando e ao seu defensor na oitiva de teste-
Art. 200. O Inquérito Policial de Expulsão será ins- munhas e no interrogatório, anteriormente ao
truído com os seguintes documentos: encerramento do Inquérito Policial de Expulsão.
I – o ato a que se refere o art. 195, § 1º, e a do- Art. 202. O relatório final com a recomendação
cumentação que fundamentou a sua edição; técnica pela efetivação da expulsão ou pelo reco-
II – a cópia da sentença penal condenatória e nhecimento de causa de impedimento da medida
a certidão de trânsito em julgado, se disponíveis; de retirada compulsória será encaminhado para
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DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
apreciação e deliberação do Ministro de Estado da tica brasileira e será enviado ao Ministério da Jus-
Justiça e Segurança Pública. tiça e Segurança Pública para avaliação.
§ 2º O efeito da medida impeditiva de reingresso
Art. 203. Publicado o ato do Ministro de Estado da
não será automaticamente suspenso com a apre-
Justiça e Segurança Pública que disponha sobre a
sentação do requerimento a que se refere o caput,
expulsão e o prazo determinado de impedimento
hipótese em que a suspensão ficará sujeita à deci-
para reingresso no território nacional, o expul-
são do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
sando poderá interpor pedido de reconsideração
§ 3º O requerimento a que se refere o caput terá
no prazo de dez dias, contado da data da sua no-
prioridade em sua instrução e sua decisão.
tificação pessoal.
§ 4º Caberá ao Ministro de Estado da Justiça e
Parágrafo único. Ato do dirigente máximo da Po-
Segurança Pública decidir sobre a revogação da
lícia Federal disporá sobre a notificação pessoal medida de expulsão.
por meio eletrônico nas hipóteses de expulsão.
Seção V
Art. 204. O prazo de vigência da medida de im- Da Efetivação e do Custeio das
pedimento vinculada aos efeitos da expulsão será Medidas de Retirada Compulsória
proporcional ao prazo total da pena aplicada e
Art. 207. Ato do Ministro de Estado da Justiça e
não será superior ao dobro de seu tempo.
Segurança Pública disporá sobre o regramento
§ 1º O prazo de vigência da medida de impedi- específico para efetivação em caráter excepcio-
mento definido no ato a que se refere o art. 203 nal da repatriação e da deportação de pessoa que
será contado da data da saída do imigrante ex- tenha praticado ato contrário aos princípios e aos
pulso do País. objetivos dispostos na Constituição, nos termos
§ 2º O Ministério da Justiça e Segurança Pública estabelecidos no art. 45, caput, inciso IX, da Lei
registrará e informará à Polícia Federal sobre o de- nº 13.445, de 2017.
curso do período de impedimento de retorno do
Art. 208. A efetivação da medida de retirada com-
imigrante expulso ao País.
pulsória será feita por meio de termo da Polícia
§ 3º Encerrado o prazo para o pedido de recon-
Federal, que também comunicará, por meio da
sideração sem que haja formalização do pedido
Organização Internacional de Polícia Criminal
pelo expulsando ou no caso de seu indeferimento, (Interpol), as autoridades policiais e migratórias
a Polícia Federal ficará autorizada a efetivar o ato dos países de escala, conexões e destino.
expulsório.
Art. 209. As medidas de cooperação internacional
Art. 205. A existência de procedimento de expul- poderão ser aplicadas conjuntamente com qual-
são não impedirá a saída do expulsando do País. quer medida de retirada compulsória e, se for o
§ 1º A saída voluntária do expulsando do País caso, de impedimento de reingresso no território
não suspenderá o processo de expulsão. nacional.
§ 2º Quando verificado que o expulsando com Parágrafo único. A efetivação prévia de medida
expulsão já decretada tenha comparecido a ponto de cooperação internacional não prejudicará o pro-
de fiscalização para deixar voluntariamente o País, cessamento de medida de retirada compulsória.
será lavrado termo e registrada a saída do territó-
Art. 210. A pessoa em situação de impedimento
rio nacional como expulsão. de ingresso, identificada no momento da entrada
Art. 206. O requerimento de suspensão dos efei- no território nacional, que não possa ser repa-
tos e de revogação da medida de expulsão e de triada de imediato, será mantida em liberdade vi-
impedimento de ingresso e permanência no ter- giada até a sua devolução ao país de procedência
ritório nacional deverá ter por fundamento a ocor- ou de nacionalidade, quando essa necessidade for
rência de causa de inexpulsabilidade prevista no identificada pela Polícia Federal.
art. 193, caput, inciso II, alíneas a a d, quando não Art. 211. O delegado da Polícia Federal poderá
observada ou não existente no decorrer do pro- representar perante o juízo federal pela prisão ou
cesso administrativo. por outra medida cautelar, observado o disposto
§ 1º O requerimento a que se refere o caput po- no Título IX do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu-
derá ser apresentado em representação diplomá- bro de 1941 (Código de Processo Penal).
99
§ 1º A medida cautelar aplicada vinculada à mo- em repartição consular poderá, a qualquer tempo,
bilidade do imigrante ou do visitante deverá ser desde que esteja residindo no País, promover
comunicada ao juízo federal e à repartição consu- ação de opção de nacionalidade.
lar do país de nacionalidade do preso e registrada Art. 215. O filho de pai ou mãe brasileira nascido
em sistema próprio da Polícia Federal.
no exterior e cujo registro estrangeiro de nasci-
§ 2º Na hipótese de o imigrante sobre quem
mento tenha sido transcrito diretamente em car-
recai a medida estar preso por outro motivo, o fato
tório competente no País terá a confirmação da na-
deverá ser comunicado ao juízo de execuções pe-
cionalidade vinculada à opção pela nacionalidade
nais competente, para determinar a apresentação
brasileira e pela residência no território nacional.
do deportando ou do expulsando à Polícia Federal.
§ 1º Depois de atingida a maioridade e até que
§ 3º O deportando ou o expulsando preso será
se faça a opção pela nacionalidade brasileira, a
informado de seus direitos, observado o disposto
condição de brasileiro nato ficará suspensa para
no inciso LXIII do caput do art. 5º da Constituição
todos os efeitos.
e, caso ele não informe o nome de seu defensor, a
§ 2º Feita a opção pela nacionalidade brasileira,
Defensoria Pública da União será notificada.
os efeitos da condição de brasileiro nato retroa-
Art. 212. O custeio das despesas com a retirada gem à data de nascimento do interessado.
compulsória correrá com recursos da União so-
Art. 216. A comprovação da opção pela naciona-
mente depois de esgotados todos os esforços
lidade brasileira ocorrerá por meio do registro da
para a sua efetivação com recursos da pessoa
sentença no Cartório de Registro Civil das Pessoas
sobre quem recair a medida, do transportador ou
Naturais, observado o disposto no art. 29, caput, in-
de terceiros.
ciso VII, da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
Parágrafo único. A retirada compulsória às ex-
Parágrafo único. O órgão de registro deverá infor-
pensas da União conterá, para efeito de programa-
mar, periodicamente, os dados relativos à opção
ção financeira, o detalhamento prévio das despe-
pela nacionalidade brasileira à Polícia Federal.
sas com a efetivação da medida.
Art. 217. O registro consular de nascimento de-
CAPÍTULO XII
verá ser trasladado em Cartório de Registro Civil
DA NACIONALIDADE E DA NATURALIZAÇÃO
das Pessoas Naturais para gerar efeitos plenos
Seção I no território nacional, observado o disposto no
Da Opção pela Nacionalidade Brasileira art. 32 da Lei nº 6.015, de 1973.
Art. 213. A opção pela nacionalidade é o ato Seção II
pelo qual o brasileiro nascido no exterior e que Das Condições da Naturalização
não tenha sido registrado em repartição consular
Art. 218. A naturalização, cuja concessão é de
confirma, perante a autoridade judiciária compe-
competência exclusiva do Ministério da Justiça e
tente, a sua intenção de manter a nacionalidade
Segurança Pública, poderá ser:
brasileira.
I – ordinária;
§ 1º A opção de nacionalidade não importará a
II – extraordinária;
renúncia de outras nacionalidades.
III – especial; ou
§ 2º A opção de nacionalidade é ato personalís-
IV – provisória.
simo e deverá ocorrer por meio de procedimento
específico, de jurisdição voluntária, perante a Jus- Art. 219. Ato do Ministro de Estado da Justiça e
tiça Federal, a qualquer tempo, após atingida a Segurança Pública disporá sobre os documentos
maioridade civil. e as diligências necessários à comprovação dos
§ 3º A União sempre será ouvida no processo requisitos para a solicitação de cada tipo de natu-
de opção de nacionalidade por meio de citação ralização.
dirigida à Advocacia-Geral da União, observado Art. 220. Ato do Ministro de Estado da Justiça
o disposto no art. 721 da Lei nº 13.105, de 16 de e Segurança Pública concederá a naturalização,
março de 2015 (Código de Processo Civil). desde que satisfeitas as condições objetivas ne-
Art. 214. O filho de pai ou de mãe brasileira nas- cessárias à naturalização, consideradas requisito
cido no exterior e que não tenha sido registrado preliminar para o processamento do pedido.
100
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
Art. 221. Para fins de contagem dos prazos de IV – poderá apresentar outras informações que
residência mencionados nas exigências para ob- instruam a decisão quanto ao pedido de naturali-
tenção da naturalização ordinária e extraordiná- zação.
ria, serão considerados os períodos em que o imi- Parágrafo único. Na hipótese de naturalização
grante tenha passado a residir no País por prazo especial, a coleta dos dados biométricos prevista
indeterminado. no inciso I do caput será realizada pelo Ministério
Parágrafo único. A residência será considerada das Relações Exteriores.
fixa, para fins da naturalização provisória prevista
Art. 228. O procedimento de naturalização se en-
no art. 244, a partir do momento em que o imi-
cerrará no prazo de cento e oitenta dias, contado
grante passar a residir no País por prazo indeter-
da data do recebimento do pedido.
minado.
§ 1º Na hipótese de naturalização especial, a
Art. 222. A avaliação da capacidade do naturali- contagem do prazo se iniciará a partir do recebi-
zando de se comunicar em língua portuguesa será mento do pedido pelo Ministério da Justiça e Se-
regulamentada por ato do Ministro de Estado da gurança Pública.
Justiça e Segurança Pública. § 2º Caso sejam necessárias diligências para o
Parágrafo único. Para fins do disposto no inciso III procedimento de naturalização, o prazo previsto
do caput do art. 233 e no inciso II do caput do no caput poderá ser prorrogado por meio de ato
art. 241, as condições do naturalizando quanto à do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pú-
capacidade de comunicação em língua portugue- blica que fundamente a prorrogação.
sa considerarão aquelas decorrentes de deficiên-
Art. 229. O brasileiro que tenha optado pela na-
cia, nos termos da legislação vigente.
cionalidade brasileira ou aquele naturalizado que
Art. 223. O naturalizando poderá requerer a tra- tenha cumprido as suas obrigações militares no
dução ou a adaptação de seu nome à língua por- país de sua nacionalidade anterior fará jus ao Cer-
tuguesa. tificado de Dispensa de Incorporação.
Art. 224. O interessado que desejar ingressar com Art. 230. A naturalização produz efeitos após a
pedido de naturalização ordinária, extraordinária,
data da publicação no Diário Oficial da União do
provisória ou de transformação da naturalização
ato de naturalização.
provisória em definitiva deverá apresentar reque-
§ 1º Publicado o ato de naturalização no Diário
rimento em unidade da Polícia Federal, dirigido ao
Oficial da União, o Ministério da Justiça e Segu-
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
rança Pública comunicará as naturalizações con-
Parágrafo único. Na hipótese de naturalização
cedidas, preferencialmente por meio eletrônico:
especial, a petição poderá ser apresentada a au-
I – ao Ministério da Defesa;
toridade consular brasileira, que a remeterá ao
II – ao Ministério das Relações Exteriores; e
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
III – à Polícia Federal.
Art. 225. As notificações relacionadas com o pro- § 2º O registro do ato de concessão da naturali-
cesso de naturalização serão efetuadas preferen- zação será realizado, em sistema próprio do Minis-
cialmente por meio eletrônico. tério da Justiça e Segurança Pública, com o nome
Art. 226. Os Ministérios da Justiça e Segurança anterior e, caso exista, o traduzido ou o adaptado.
Pública e das Relações Exteriores tramitarão os Art. 231. No prazo de até um ano após a concessão
pedidos de naturalização por meio de sistema da naturalização, o naturalizado maior de dezoito
eletrônico integrado. anos e menor de setenta anos deverá comparecer
Art. 227. A Polícia Federal, ao processar o pedido perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastra-
de naturalização: mento.
I – coletará os dados biométricos do naturali- Parágrafo único. A informação quanto à neces-
zando; sidade de comparecimento ou não perante a Jus-
II – juntará as informações sobre os anteceden- tiça Eleitoral constará da decisão de naturalização
tes criminais do naturalizando; publicada pelo Ministério da Justiça e Segurança
III – relatará o requerimento de naturalização; e Pública no Diário Oficial da União.
101
Art. 232. O prazo para apresentação de recurso III – demonstração do naturalizando de que se
na hipótese de indeferimento do pedido de natu- comunica em língua portuguesa, consideradas as
ralização será de dez dias, contado da data do re- suas condições;
cebimento da notificação. IV – apresentação de certidões de antecedentes
§ 1º O recurso deverá ser julgado no prazo de criminais expedidas pelos Estados onde tenha re-
sessenta dias, contado da data da sua interposição. sidido nos últimos quatro anos e, se for o caso, de
§ 2º A manutenção da decisão não impedirá a certidão de reabilitação; e
apresentação de novo pedido de naturalização, V – apresentação de atestado de antecedentes
desde que satisfeitas as condições objetivas ne- criminais expedido pelo país de origem.
cessárias à naturalização.
Art. 235. O prazo de residência mínimo estabele-
§ 3º Na hipótese de naturalização especial, o
cido no inciso II do caput do art. 233 será reduzido
prazo estabelecido no caput será contado da data
da notificação do requerente pelo Ministério das para um ano se o naturalizando preencher um dos
Relações Exteriores. seguintes requisitos:
I – ter filho brasileiro nato ou naturalizado, res-
Seção III
salvada a naturalização provisória; ou
Da Naturalização Ordinária
II – ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não
Art. 233. No procedimento para a concessão de estar dele separado legalmente ou de fato no mo-
naturalização ordinária, deverão ser comprovados: mento de concessão da naturalização.
I – capacidade civil, segundo a lei brasileira;
Art. 236. O prazo de residência mínimo estabele-
II – residência no território nacional, pelo prazo
cido no inciso II do caput do art. 233 será reduzido
mínimo de quatro anos;
para dois anos se o naturalizando preencher um
III – capacidade de se comunicar em língua por-
tuguesa, consideradas as condições do naturali- dos seguintes requisitos:
zando; e I – ter prestado ou poder prestar serviço rele-
IV – inexistência de condenação penal ou com- vante ao País; ou
provação de reabilitação, nos termos da legisla- II – ser recomendo por sua capacidade profis-
ção vigente. sional, científica ou artística.
§ 1º O prazo de residência no território nacional Parágrafo único. A avaliação sobre a relevância
a que se refere o inciso II do caput deverá ser ime- do serviço prestado ou a ser prestado ao País e
diatamente anterior à apresentação do pedido. sobre a capacidade profissional, científica ou ar-
§ 2º Na contagem do prazo previsto no inciso II tística será realizada pelo Ministério da Justiça e
do caput, as viagens esporádicas do naturalizando Segurança Pública, que poderá consultar outros
ao exterior cuja soma dos períodos de duração órgãos da administração pública.
não ultrapassem o período de doze meses não im- Art. 237. Observado o disposto no art. 12, caput,
pedirão o deferimento da naturalização ordinária. inciso II, alínea a, da Constituição, para os imi-
§ 3º A posse ou a propriedade de bens no País
grantes originários de países de língua portuguesa
não será prova suficiente do requisito estabele-
serão exigidas:
cido no inciso II do caput, hipótese em que deverá
I – residência no País por um ano ininterrupto; e
ser comprovada a residência efetiva no País.
II – idoneidade moral.
§ 4º O Ministério da Justiça e Segurança Pública
consultará bancos de dados oficiais para compro- Seção IV
var o prazo de residência de que trata o inciso II Da Naturalização Extraordinária
do caput. Art. 238. A naturalização extraordinária será con-
Art. 234. O pedido de naturalização ordinária se cedida a pessoa de qualquer nacionalidade que
efetivará por meio da: tenha fixado residência no território nacional há
I – apresentação da Carteira de Registro Nacio- mais de quinze anos ininterruptos e sem conde-
nal Migratório do naturalizando; nação penal, ou já reabilitada na forma da legis-
II – comprovação de residência no território na- lação vigente, desde que requeira a nacionalidade
cional pelo prazo mínimo requerido; brasileira.
102
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 1º O prazo de residência no território nacional tica ou repartição consular, cujo prazo de duração
a que se refere o caput deverá ser imediatamente seja inferior a seis meses.
anterior à apresentação do pedido.
Art. 241. No procedimento para a concessão da
§ 2º Na contagem do prazo previsto no caput, as
naturalização especial deverão ser comprovados:
viagens esporádicas do naturalizando ao exterior
I – capacidade civil, segundo a lei brasileira;
não impedirão o deferimento da naturalização ex-
II – capacidade de se comunicar em língua por-
traordinária.
tuguesa, consideradas as condições do naturali-
§ 3º A posse ou a propriedade de bens no País
zando; e
não será prova suficiente do requisito estabele-
III – inexistência de condenação penal ou com-
cido no caput, hipótese em que deverá ser com-
provação de reabilitação, nos termos da legisla-
provada a residência efetiva no País.
ção vigente.
§ 4º O Ministério da Justiça e Segurança Pública
poderá consultar bancos de dados oficiais para Art. 242. O pedido de naturalização especial se
comprovar o prazo de residência no País previsto efetivará por meio da:
no caput. I – apresentação de documento de identidade
civil válido do naturalizando;
Art. 239. O pedido de naturalização extraordiná-
II – demonstração do naturalizando de que se
ria se efetivará por meio da apresentação:
comunica em língua portuguesa, consideradas as
I – da Carteira de Registro Nacional Migratório
suas condições;
do naturalizando;
III – apresentação de atestado de antecedentes
II – de certidões de antecedentes criminais ex-
criminais expedido pelo país de origem e, se residir
pedidas pelos Estados onde tenha residido nos
em país diferente, também pelo país de residência.
últimos quatro anos e, se for o caso, de certidão
de reabilitação; e Art. 243. Ato conjunto dos Ministros de Estado da
III – de atestado de antecedentes criminais ex- Justiça e Segurança Pública e das Relações Exterio-
pedido pelo país de origem. res disporá sobre os documentos necessários para
a comprovação dos requisitos estabelecidos para a
Seção V
Da Naturalização Especial solicitação de naturalização especial.
fato gerador da extradição será observada nos plomática ou pelas autoridades centrais ao Estado
casos de aquisição de outra nacionalidade por requerente, que, no prazo de sessenta dias, con-
naturalização. tado da data da ciência da comunicação, deverá
§ 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar retirar o extraditando do território nacional.
de considerar crime político: Art. 272. Se o extraditando estiver respondendo
I – atentado contra chefe de Estado ou outras a processo ou tiver sido condenado no País por
autoridades; crime punível com pena privativa de liberdade, a
II – crime contra a humanidade; extradição apenas será executada após a conclu-
III – crime de guerra; são do processo ou o cumprimento total da pena,
IV – crime de genocídio; e exceto nas seguintes hipóteses:
V – ato de terrorismo. I – liberação antecipada do extraditando pelo
§ 5º A extradição de brasileiro naturalizado pela Poder Judiciário; ou
prática de crime comum antes da naturalização II – solicitação do extraditando para ser transfe-
ou o envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- rido para cumprir o restante da pena em seu país
centes e drogas afins independerá da perda da de origem ou no país onde possuía residência ha-
nacionalidade. bitual ou possua vínculo pessoal.
Art. 268. O extraditando poderá entregar-se vo- Art. 273. Se o Estado requerente não retirar o
luntariamente ao Estado requerente, desde que extraditando do território nacional no prazo esta-
o declare expressamente, esteja assistido por belecido no art. 272, ele será posto em liberdade,
advogado e seja advertido de que tem direito ao sem prejuízo de outras medidas aplicáveis.
processo judicial de extradição e à proteção que
tal direito encerra, hipótese em que o pedido será Art. 274. A entrega do extraditando não será efe-
decidido pelo Supremo Tribunal Federal. tivada sem que o Estado requerente assuma o
compromisso de:
Art. 269. O pedido de extradição originário de I – não submeter o extraditando a prisão ou a
Estado estrangeiro será recebido pelo Ministé- processo por fato anterior ao pedido de extradição;
rio da Justiça e Segurança Pública e, após o exa- II – computar o tempo de prisão que, no País,
me da presença dos pressupostos formais de tenha sido imposta por força da extradição;
admissibilidade exigidos na Lei nº 13.445, de 2017, III – comutar a pena corporal, perpétua ou de
ou em tratado de que o País seja parte, será enca- morte em pena privativa de liberdade, respeitado
minhado ao Supremo Tribunal Federal. o limite máximo de cumprimento de trinta anos;
§ 1º Os compromissos de que trata o art. 274 de- IV – não entregar o extraditando, sem consenti-
verão ser apresentados no ato de formalização do mento do País, a outro Estado que o reclame;
pedido pelo Estado requerente. V – não considerar qualquer motivo político
§ 2º Não preenchidos os pressupostos de que para agravar a pena; e
trata este artigo, o pedido será arquivado mediante VI – não submeter o extraditando a tortura ou a
decisão fundamentada, sem prejuízo da possibili- outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
dade de renovação do pedido, devidamente ins- ou degradantes.
truído, uma vez superado o óbice apontado.
Art. 275. Em caso de urgência, o Estado interes-
Art. 270. Nenhuma extradição será concedida sado na extradição poderá, prévia ou conjunta-
sem prévio pronunciamento do Supremo Tribunal mente com a formalização do pedido de extra-
Federal sobre sua legalidade e sua procedência. dição, requerer, por via diplomática ou por meio
Parágrafo único. Não caberá recurso da decisão de autoridade central, no âmbito do Ministério
proferida pelo Supremo Tribunal Federal. da Justiça e Segurança Pública, prisão cautelar
Art. 271. Julgada procedente a extradição pelo com o objetivo de assegurar a executoriedade da
Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Justiça medida de extradição, hipótese em que caberá à
e Segurança Pública avaliará se o estrangeiro cum- autoridade central, após o exame da presença dos
pre os requisitos para ser extraditado. pressupostos formais de admissibilidade exigidos
Parágrafo único. Em caso positivo, o cumpri- na Lei nº 13.445, de 2017, ou em tratado de que o
mento dos requisitos será comunicado por via di- País seja parte, representar ao Supremo Tribunal
107
Federal, que ouvirá previamente o Ministério Pú- premo Tribunal Federal a data do cumprimento da
blico Federal. medida e o local onde o extraditando ficará cus-
§ 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter todiado no País, hipótese em que o preso ficará à
informação sobre o crime cometido e deverá ser disposição daquele Tribunal.
fundamentado, o qual poderá ser apresentado Subseção II
por correio, fax, mensagem eletrônica ou qual- Da Extradição Ativa
quer outro meio que assegure a comunicação por
Art. 278. A extradição ativa ocorre quando o Es-
escrito.
tado brasileiro requer a Estado Estrangeiro a en-
§ 2º Na ausência de tratado, o Ministério das
trega de pessoa sobre quem recaia condenação
Relações Exteriores será provocado pelo Ministé-
criminal definitiva ou para fins de instrução de
rio da Justiça e Segurança Pública para obtenção,
processo penal em curso.
junto ao país requerente, da promessa de recipro-
Parágrafo único. O disposto no caput não im-
cidade de tratamento necessária à instrução do
pedirá a transferência temporária de pessoas sob
pedido de prisão.
custódia para fins de auxílio jurídico mútuo, nos
§ 3º O pedido de prisão cautelar poderá ser
termos de tratado ou de promessa de reciproci-
transmitido ao Supremo Tribunal Federal para
dade de tratamento.
extradição no País por meio de canal estabele-
cido com o ponto focal da Interpol no País, devi- Art. 279. O pedido que possa originar processo
damente instruído com a documentação compro- de extradição perante Estado estrangeiro deverá
batória da existência de ordem de prisão proferida ser encaminhado ao Ministério da Justiça e Segu-
por Estado estrangeiro, e, na ausência de tratado, rança Pública diretamente pelo órgão do Poder
com a promessa de reciprocidade de tratamento Judiciário responsável pela decisão ou pelo pro-
recebida por via diplomática. cesso penal que a fundamenta.
§ 4º Efetivada a prisão do extraditando, o pe- § 1º Compete ao Ministério da Justiça e Segu-
dido de extradição será encaminhado ao Supremo rança Pública o papel de orientação, de informa-
Tribunal Federal. ção e de avaliação dos elementos formais de ad-
§ 5º Na ausência de disposição específica em missibilidade dos processos preparatórios para
convenção ou tratado internacional, o Estado es- encaminhamento ao Estado requerido, por via
trangeiro deverá formalizar o pedido de extradição diplomática ou por via de autoridades centrais.
no prazo de sessenta dias, contado da data em que § 2º Compete exclusivamente ao órgão do
tiver sido cientificado da prisão do extraditando. Poder Judiciário responsável pelo processo penal
§ 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o encaminhamento do pedido de extradição ativa
o julgamento final da autoridade judiciária com- para o Ministério da Justiça e Segurança Pública
petente quanto à legalidade do pedido de extra- devidamente instruído, acompanhado da tradu-
dição, resguardada a manutenção da prisão até a ção juramentada.
entrega efetiva do extraditando ao Estado estran- § 3º Caso o pedido de extradição ativa seja en-
geiro, observado o disposto nos art. 92 e art. 93 da caminhado diretamente ao Ministério das Rela-
Lei nº 13.445, de 2017. ções Exteriores, este deverá necessariamente re-
transmiti-lo ao Ministério da Justiça e Segurança
Art. 276. Ao ser comunicado pelo Supremo Tri-
Pública, a fim de ser realizado o juízo prévio de
bunal Federal a respeito da decisão sobre a con-
admissibilidade.
cessão de prisão cautelar, o Ministério da Justiça
§ 4º O Ministério da Justiça e Segurança Pú-
e Segurança Pública deverá:
blica poderá notificar os órgãos do sistema de
I – se deferida a prisão, dar cumprimento à
Justiça vinculados ao processo gerador do pe-
ordem e comunicar o Estado requerente, sem pre- dido de extradição, a fim de que tais órgãos via-
juízo das comunicações entre as congêneres da bilizem a apresentação ao juízo competente dos
Interpol, realizadas por seu canal oficial; ou documentos, das manifestações e dos demais ele-
II – se denegada a prisão, comunicar pronta- mentos necessários para o processamento do pe-
mente o Estado requerente. dido, acompanhado das traduções oficiais.
Art. 277. Efetivada a prisão, o Ministério da Jus- § 5º O encaminhamento do pedido de extradi-
tiça e Segurança Pública deverá informar ao Su- ção pelo órgão do Poder Judiciário responsável
108
DECRETO Nº 9.199, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2017
§ 4º Lavrado o auto de infração, o infrator será derá solicitar documentação complementar para
considerado notificado para apresentar defesa no fins de comprovação dessa condição.
prazo de dez dias. § 3º Na hipótese de falsidade da declaração
§ 5º O infrator que, regularmente notificado, de que trata o § 1º, o solicitante ficará sujeito ao
não apresentar defesa será considerado revel. pagamento de taxa ou emolumento consular cor-
§ 6º O infrator poderá, por meios próprios ou respondente e às sanções administrativas, civis e
por meio de defensor constituído, apresentar de- penais aplicáveis.
fesa no prazo estabelecido no § 4º, e fazer uso dos § 4º Para fins de isenção de taxas e emolumen-
meios e dos recursos admitidos em direito, inclu- tos consulares para concessão de visto, as pessoas
sive tradutor ou intérprete. para as quais o visto temporário para acolhida
§ 7º Encerrado o prazo estabelecido no § 4º, o humanitária seja concedido serão consideradas
processo será julgado e a Polícia Federal dará publi- pertencentes a grupos vulneráveis, nos termos
cidade da decisão proferida em seu sítio eletrônico. estabelecidos em ato conjunto dos Ministros de
§ 8º Caberá recurso da decisão de que trata o § 7º Estado da Justiça e Segurança Pública, das Rela-
à instância imediatamente superior, no prazo de ções Exteriores e do Trabalho.
dez dias, contado da data da publicação no sítio § 5º Para fins de isenção de taxas para obten-
eletrônico da Polícia Federal. ção de documentos de regularização migratória,
§ 9º Na hipótese de decisão final com sanção de os menores desacompanhados, as vítimas de trá-
multa, a Polícia Federal dará publicidade da deci- fico de pessoas e de trabalho escravo e as pessoas
são em seu sítio eletrônico. beneficiadas por autorização de residência por
§ 10. O infrator deverá realizar o pagamento da acolhida humanitária serão consideradas perten-
multa no prazo de trinta dias, contado data da pu- centes a grupos vulneráveis.
blicação a que se refere o § 9º. § 6º A avaliação da condição de hipossuficiên-
§ 11. O processo será encaminhado à Procura- cia para fins de processamento do pedido de visto
doria-Geral da Fazenda Nacional para a apuração será disciplinada pelo Ministério das Relações Ex-
do débito e a inscrição em dívida ativa se o pa- teriores, consideradas, em especial, as peculia-
gamento da multa a que se refere o § 10 não for ridades do local onde o visto for solicitado.
efetuado. § 7º A avaliação da condição de hipossuficiência
econômica para fins de isenção de taxas e para
Art. 310. As infrações administrativas com sanção
pedido de obtenção de documentos de regulari-
de deportação previstas neste Capítulo serão apu-
zação migratória será disciplinada pelo Ministério
radas conforme o processo administrativo a que
da Justiça e Segurança Pública.
se refere o art. 176.
§ 8º O disposto no caput também se aplica às
Art. 311. A saída do território nacional da pessoa multas previstas no Capítulo XV.
sobre a qual tenha sido aberto processo para apu-
Art. 313. Ato do Ministro de Estado da Justiça e
ração de infração administrativa não interromperá
Segurança Pública disporá sobre a notificação ele-
o curso do referido processo.
trônica a que se referem a Lei nº 13.445, de 2017,
CAPÍTULO XVI e este Decreto.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 314. O Anexo ao Decreto nº 9.150, de 4 de se-
Art. 312. Taxas e emolumentos consulares não tembro de 2017, passa a vigorar com as seguintes
serão cobrados pela concessão de vistos ou para alterações:
a obtenção de documentos para regularização mi- Art. 13. [...]
gratória aos integrantes de grupos vulneráveis e VIII – instruir processos e opinar em tema de re-
aos indivíduos em condição de hipossuficiência conhecimento, cassação e perda da condição de
econômica. refugiado, autorizar a saída e o reingresso no País
§ 1º A condição de hipossuficiência econômica e expedir o documento de viagem;
[...]
será declarada pelo solicitante, ou por seu represen-
tante legal, e avaliada pela autoridade competente. Art. 315. O visto emitido até a data de entrada
§ 2º Na hipótese de dúvida quanto à condição em vigor da Lei nº 13.445, de 2017, poderá ser uti-
de hipossuficiência, a autoridade competente po- lizado até a data prevista para a expiração de sua
113
validade e poderá ser transformado ou ter o seu § 4º Os vistos emitidos com fundamento na Lei
prazo de estada prorrogado. nº 6.815, de 1980, poderão ser transformados em
§ 1º Excepcionalmente, na hipótese de vistos autorização de residência ou em visto diplomático,
que dependam de autorização prévia do Ministé- oficial ou de cortesia, quando for o caso, no terri-
rio do Trabalho, a base legal para a sua emissão tório nacional, desde que cumpridos os requisitos
será aquela em vigor na data de início da tramita- estabelecidos neste Decreto.
ção do processo junto ao Ministério do Trabalho, Art. 316. O disposto no art. 315 se aplica, no que
para fins de definição, dentre outros, de tipologia couber, aos procedimentos de controle migratório,
e de prazos do visto, observado o seguinte: renovação de prazo de estada e registro realizados
I – a emissão de vistos com fundamento na Lei pela Polícia Federal.
nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, será realizada Parágrafo único. As residências temporárias e
apenas nas hipóteses em que o pedido de visto as permanências requeridas até a data de entrada
seja apresentado a embaixada ou consulado no em vigor da Lei nº 13.445, de 2017, poderão ser
prazo de noventa dias, contado da data da publi- consideradas como autorizações de residência
cação da autorização emitida pelo Ministério do previstas neste Decreto, desde que preenchidos os
Trabalho no Diário Oficial da União; requisitos da modalidade de residência requerida,
II – o pedido de visto apresentado após o prazo nos termos da referida Lei e deste regulamento.
estabelecido no inciso I terá fundamento na Lei
nº 13.445, de 2017, para fins de definição, dentre Art. 317. Os órgãos responsáveis pela implemen-
outros, de tipologia e de prazos do visto; e tação das disposições deste Decreto disporão do
III – nas hipóteses previstas no inciso II, o visto prazo de doze meses, contado da data de sua pu-
será concedido com fundamento na Lei nº 13.445, blicação, para a adaptação de procedimentos e
de 2017, e deverá corresponder ao objetivo da via- sistemas.
gem, conforme emitida pelo Ministério do Trabalho. Art. 318. Ato conjunto dos Ministros de Estado das
§ 2º O pedido de visto apresentado a embai- Relações Exteriores e do Trabalho disporá sobre o
xada ou consulado até a data de entrada em vigor funcionamento do sistema eletrônico integrado
da Lei nº 13.445, de 2017, será processado com para processamento dos pedidos de visto e auto-
fundamento na tipologia de vistos prevista na Lei rização de residência de que tratam os art. 34, § 6º,
6.815, de 1980, independentemente de sua data art. 38, § 9º, art. 42, § 3º, art. 43, § 3º, e art. 46, § 5º.
de emissão. Art. 319. Este Decreto entra em vigor na data de
§ 3º Os vistos a que se referem o art. 4º, caput, sua publicação.
inciso II, e o art. 13, caput, inciso II, da Lei nº 6.815,
Brasília, 20 de novembro de 2017; 196º da
de 1980, independentemente de sua data de emis-
Independência e 129º da República.
são, permitirão a realização das demais atividades
previstas no visto de visita, nos termos estabele- MICHEL TEMER
cidos na Lei nº 13.445, de 2017, e neste Decreto, Torquato Jardim
Aloysio Nunes Ferreira Filho
enquanto estiverem válidos. Ronaldo Nogueira de Oliveira
ANEXO
TABELA DE FAIXAS PARA AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIA A QUE SE REFERE O ART. 131
NATUREZA DA ATIVIDADE VALOR
Processamento e avaliação de pedidos de autorização de
R$ 168,13
residência
Emissão de cédula de identidade de imigrante R$ 204,77
Transformação de vistos de visita, diplomático, oficial e de
R$ 168,13
cortesia em autorização de residência
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DECRETO Nº 9.277, DE 5 DE FEVEREIRO DE 2018
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ed
L
edições câmara
L E G I S L AT I V O