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Políticas Públicas - Profa.

Isaura Isoldi de Mello Castanho e Oliveira


Rogerio Augustinho da Silva – RA: 00208153

Políticas Públicas e Política Social


(Geraldo di Giovanni)
 
Em seu texto “Políticas Públicas e Política Social”, o autor Geraldo di Giovanni,
apresenta uma proposta de modo a entender e esclarecer aos leitores as principais
diferenças entre o que são políticas públicas e o que são as políticas sociais e definir
com exatidão estes dois modelos de ação por parte do Estado, afim de deixar claro quais
aspectos cada uma delas aborda e até onde cada uma alcança.

O que são Políticas Públicas?


O autor inicia este tópico apresentando uma forma “minimalista” (mais superficial e
sucinta para esta definição). Assim, ele define políticas públicas como: “Intervenções
planejadas do poder público com a finalidade de resolver situações problemáticas, que
sejam socialmente relevantes”. Vemos que esta definição está marcada por três
componentes principais: “intervenções planejadas”, “poder público” e “situações
problemáticas socialmente relevantes”. Dessa maneira há que se frisar que uma política
pública em seu sentido mais literal e correto terá que estar sob o prisma de uma
capacidade mínima de planificação no aparelho do Estado, do ponto de vista técnico e
do ponto de vista político (primeiro componente), terá que depender de uma
estruturação republicana, obedecendo hierarquias e a estrutura dos poderes (segundo
componente) e dependerá principalmente de um Estado que esteja comprometido com a
capacidade de resposta a demandas sociais e que se debruce para o formalização e
institucionalização dos direitos de cidadania (terceiro componente).
Esta breve introdução, serviu de base para elaboração e aprofundamento de um conceito
mais técnico para definição de Políticas Públicas. Assim, o autor traz para o debate Max
Weber e o que ele chamou de “tipo conceitual”, ou seja, uma ferramenta necessária para
compreensão da realidade, uma vez que, o “tipo conceitual” tem a finalidade de agregar
o maior conjunto de aspectos que conformam o objeto. Sendo assim, resta claro que
“’política pública’, constitui-se numa modalidade particular de intervenção estatal,
fundada, de um lado, num acervo de conhecimentos técnicos sobre a realidade social e,
de outro, num conjunto de formas variadas de interação com a sociedade”. Portanto,
acatando a metodologia Weberiana, ao autor coube a obrigação de traçar um processo
histórico, de modo a reconstruir, com embasamento esse processo. O autor também
agregou o pensamento de Thomas Marshal, onde se criou uma nova institucionalidade
que passaria a dar suporte aos direitos de cidadania com os componentes civil, político e
social.
Uma Visão Histórica
O autor, neste tópico traça quais os quatro fatores marcantes que elevaram as Políticas
Públicas a um novo patamar, principalmente a partir do Mundo pós-segunda guerra
mundial. Percebemos que no mundo contemporâneo a Expressão “políticas públicas”
passou a fazer parte do cotidiano das famílias no mundo democratizado, uma vez, que
passou a ser visto constantemente na imprensa, nos documentos públicos, nos
pronunciamentos políticos, nas pautas de movimentos sociais.

1. Um fator de natureza macroeconômica.


2. Um fator de natureza geopolítica.
3. Um fator de natureza política.
4. Um fator de natureza cultural e sociológica.

O que é política social?


Existe uma visão errônea do senso comum, onde a tendência é chamar de “política
social” tudo aquilo que atende as necessidades do cidadão, mas que não se configuram
como “política econômica”. Essa oposição entre o “Social” e o “Econômico” tem
produzido um grande desentendimento dos dois conceitos. Primeiramente, pois não
deve haver nenhuma distinção entre o econômico e o social, já que ambos fazem parte
da mesma realidade do legislador e do agente público. Segundo, porque é rescaldo de
preconceito de agentes que apoiam certas correntes de pensamento sobre a sociedade,
onde os aspectos econômicos superam os interesses coletivos e, portanto, deixariam as
políticas sociais em segundo plano, mesmo em sociedades onde impera o regime
democrático. Terceiro, por oposição à postura anterior, uma visão economicista e
tecnocrática tende a desconsiderar, que nas sociedades contemporâneas, as “políticas
sociais” desempenham um papel econômico nunca antes visto nas décadas anteriores.
Para este diagnóstico, basta constatar a quantidade de empregos gerados nas áreas da
saúde, educação, previdência e assistência social, tendo sido estas áreas as principais
geradoras de emprego no mundo contemporâneo.
O que podemos entender por política social? Há que se compreender primeiramente,
que o conceito de política social tem um caráter evolutivo, tendo sido definido ao longo
do tempo por seu caráter histórico, é, portanto, as formas de proteção social
desenvolvidas a partir da segunda metade do século XIX, embora tenha sido praticada
também em período anterior. É um sistema complexo de proteção social, uma rede
organizada em sistemas presente em todas as sociedades humanas, tendo sido
constituída para proteger parte ou o conjunto de seus membros, estes sistemas não são
tão somente dos aspectos da vida natural como a velhice, a doença, o infortúnio ou as
privações, mas também nas formas de distribuição e redistribuição de bens materiais,
como, comida e dinheiro e de bens culturais como os saberes. Percebemos então, que
com maior ou menor grau de especialização e desenvolvimento institucional as
sociedades humanas, mesmo com grau muito simples de estrutura social, acabam por
desenvolver sistemas de proteção social, como por exemplo, sociedades tribais que tem
suas bases hierárquicas. Constata-se que, parece existir uma tendência de que quanto
mais complexa a sociedade e mais institucionalizada ela seja, mais ela terá avançadas
suas políticas de proteção social. Entende-se por modernos sistemas de proteção aqueles
surgidos depois da unificação e da revolução industrial capitalista vivenciada na
Alemanha de Bismarck. Porém, as origens dos modernos sistemas de proteção social
são mais remotas. Na Inglaterra de 1573 foi introduzida uma taxa sobre a propriedade
fundiária, revertida em um sistema de assistência aos pobres, sob o controle do estado.
Em 1973, foram regulamentadas as atividades das associações de assistência mútua, que
mais tarde se espalharam por toda a Europa. Mas, em comparação com os dias de hoje,
estas políticas eram consideradas apenas intervenções ocasionais, residuais e
discricionárias, ou mera benemerência destinada exclusivamente às pessoas pobres à
margem da sociedade. Os sistemas modernos foram além da pobreza, transcendendo a
questão do status social e passando a ter como características:

1. Ser sistemas regulados por normas nacionais, emanadas pelo povo;


2. As prestações e benefícios passam a cobrir riscos padronizados, tais como acidentes,
doenças, mortes ou desocupação dos usuários;
3. Sua cobertura não é mais limitada a categoria profissionais isoladas e
progressivamente foram cobrindo faixas mais amplas de pessoas;
4. Seu financiamento foi perenizado a partir de contribuições dos usuários (segurados),
do estado e do patronato;
5. Sua natureza foi obrigatória, implicando na imposição de seguros para certos grupos
sociais, ou ainda, a obrigação dos poderes públicos de financiarem programas
voluntários;
6. Reconheceram o direito individual subjetivo aos benefícios e prestações e sua
fruição não comportou nenhum tipo de discriminação política;

Após a experiência nos países europeus, este sistema assim constituído, forneceu a
maturidade necessária no mundo pós Segunda Guerra, alicerçando as políticas de
proteção social culminando com o Walfare State, que atingiu a quase todos os países.
Este fenômeno coincide com o aumento de intervenções do estado na vida das
sociedades, sabendo-se que grande fluxo destas intervenções, dirigiu-se à proteção
social dos cidadãos, dando origem ao significado atual da expressão “política social”.
Portanto, entende-se por política social o conjunto das políticas públicas, voltadas para o
campo da proteção social.
as Políticas Públicas, que segundo ele, é uma forma contemporânea de exercício do
poder nas sociedades democráticas que, depende de alguns requisitos históricos, que
mais do que uma intervenção do Estado e sim uma interação que se definem as
situações sociais consideradas problemáticas e meios, formas, sentidos, conteúdos e
modalidades de intervenção estatal.

Conforme o autor, a política pública, principalmente pós Segunda Guerra Mundial,


depende da concretização histórica de alguns requisitos para uma moderna democracia,
que inclui uma capacidade mínima de planejamento definitiva nos aparelhos de Estado,
seja do ponto de vista político, seja técnico de gestão e pressupõe ainda certa
estruturação republicana de coexistência e independência de poderes e vigência de
direitos de cidadania e, por último, alguma capacidade coletiva de formulação de
agências ou de exercício pleno da cidadania e uma cultura política compatível.

No entanto, as formas políticas convivem com vários tipos de sociedade, dentre elas o
coronelismo, corporativismo, dominação local e o populismo. Inclui também diversos
tipos de relações estruturadas e recorrentes com variados graus de organização,
coerência e consistência.

Nos estudos das políticas públicas, os pioneiros foram os norte-americanos na Segunda


Guerra Mundial em que os cientistas forneciam informações ao governo, onde essas
relações continuaram no pós-guerra.

Na língua inglesa o termo política tem maior autonomia, ao contrário de outras línguas
como alemão e francês, é dividido da seguinte forma:

Politcs, conforme o texto, quando se refere à política, no sentido relativo aos fenômenos
do poder (representação política, partidos, eleições, conflitos relativos ao poder, entre
outros).

Policy / policies referindo-se à adoção de linhas de atuação, formas de ação, que beiram
muito mais a condutas eletivas para solução de problemas, que beiram muito mais o
campo da administração.

A política pública é um conceito progressivo, dispondo de certa autonomia de dentro da


Ciência Política, incluindo: Identificação de estruturas, construções de tipologias,
inovações conceituais, estabelecimento de ciclos, identificação de aspectos normativos e
pluralidade de atores.

Segundo Di Giovanni, não existe sociedade humana que não tenha desenvolvido algum
tipo de proteção social. Segundo ele, a vida em comunidade estabelece formas de
solidariedade essenciais que garantem, mesmo que mínimo, algum tipo de segurança
aos seus membros.

Para o autor não se pode usar as tipologias criadas por T. J. Lowi para o entendimento
da natureza das políticas públicas para a classificação das políticas sociais.

 Políticas distributivas, referem-se a decisões alocativas, sem contrapartidas fiscais


 Políticas redistributivas, são aquelas que de várias formas (transferências, isenções,
etc.) redistribuem recursos de qualquer natureza, entre grupos sociais
 Políticas regulatórias, que disciplinam aspectos da atividade social
 Políticas constitucionais, que estabelecem procedimentos para a adoção de decisões
públicas e relações entre os vários aparatos do Estado.

E para cada tipo de política pressupõe: uma arena de poder diferente, uma rede diferente
de atores, uma diferente estrutura decisional e um contexto institucional diferente.

A política social na contemporaneidade tem um núcleo duro das políticas públicas de


caráter social que são emprego e renda, saúde, educação, previdência e assistência
social. Sendo que sobre essas políticas implicou um processo de mercadoria os
benefícios e serviços.

E a proteção social passa a ser implementada obedecendo outras lógicas como a de


acumulação de capital ou o de poder público sobrepondo aquela da reprodução social
sob o bem-estar e como direito dos cidadãos.

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