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Módulo de Títulos de Crédito - 2008

Data: 19/08/2008

Aula: 02

Na aula passada, vimos rapidamente os títulos de crédito próprio que representa crédito. Eu vi
ontem uma questão interessante da AGU em 1998 que envolvia esse assunto de título de crédito próprio,
era uma questão que pedia para diferenciar a letra de câmbio e o cheque do conhecimento de depósito e
frete. A letra de câmbio e o cheque se diferenciam do conhecimento de depósito e do frete porque
representa, um título de crédito próprio os outros dois são impróprios.

Os títulos de crédito impróprio são aqueles (a gente ainda vai ver isso) que representam
quaisquer outros direitos que não de crédito. A letra e o cheque representam créditos. A impropriedade do
título ocorre porque ele não representa valor, representa quaisquer outros direitos que não o de crédito.

Nessa aula também é importante a legislação. Não basta aplicar a lei. É preciso compreender.
Exemplo: questão que caiu na PGE/RJ que eu gosto de falar nas aulas porque a questão não tem nada
demais, com um pouco de raciocínio dá para responder sem saber o instituto. A questão era assim: Caio
emitiu uma nota promissória para Tício. Tício, credor da nota promissória, fez um endosso-mandato em
favor de uma instituição financeira, Itaú. Então basicamente é isso: Uma pessoa faz uma promessa de
pagamento em nota promissória no valor de 5 mil reais. O Tício transfere o título por endosso-mandato para
o Itaú. Tício é o endossante e o Itaú é o endossatário. O endossatário é o mandatário. É a legislação que
fala em endosso mandato, não sou eu.

Bom, quando você endossa, você transfere um direito de crédito. Estou deixando de ser credor.
Isso no endosso propriamente dito, que vocês estão acostumados. Mas eu Cláudio Calo sou credor dos
cheques que o Master deu para mim. E eu transferi para a Soraia o documento, o papel. Mas não transferi o
direito. Eu transformo a Soraia em endossatária – mandatária. No próprio título. Não precisa de procuração.
Endosso por procuração é errado. É no próprio título! Eu coloco endosso mandato para a Soraia: pague-se a
Soraia por procuração ou por mandato. Eu dou para Soraia o documento, mas ela não é a credora porque o
direito é meu. Estou transferindo a cártula o direito, mas não o crédito. A mandatária não tem o direito. O
advogado tem o direito? Não. Ele exerce o direito do mandante. A mesma coisa aqui. Aí como é endosso
mandato. Eu endosso uma modalidade de endosso impróprio. Porque você não está transferindo o direito
de crédito. O credor é o Tício. Por isso que é impróprio. No propriamente dito, você transfere o título e o
direito. Mas você pode transferir o título e permanecer com o direito.

PGE fez o seguinte: 1Tício vem a falecer. O mandante morre. O mandato subsiste com a morte
dele? Se ele morre, o Itaú não pode exercer os direitos em nome dele. O mandato acaba com a morte. Mas
se você disser que não obstante a morte do mandante, o endosso mandato subsiste válido e eficaz. O Itaú
pode cobrar do Caio e se o Caio pagar ele se desonera da obrigação, pagou bem Entenderam a
conseqüência prática? Pagou bem. Caio está mais protegido na segunda hipótese. Temos três dispositivos
em relação a essa questão:

Você tem que saber qual o dispositivo que será aplicado.

O primeiro dispositivo é o mandato:

Art. 682, II, do CC/2002 – “Art. 682. Cessa o mandato: II - pela morte ou interdição de uma
das partes;”.

Segundo esse artigo, o mandato se extingue com a morte de uma das partes ou pela
incapacidade superveniente da parte.

O cara mais ignorante possível em título de crédito botou isso. Gente esse artigo se aplica aos
contratos. Se houvesse omissão no ordenamento jurídico, você teria que aplicar a analogia.

1
Gente, anotem as questões que eu falo aqui, pois elas caem em prova. Inclusive as questões de outras matérias. Se eu
falar uma questão de penal, anotem, pode cair. Anotem tudo.
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O segundo dispositivo: O CC, no capítulo de título de crédito:

917, § 2º.§ 2o “Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde


eficácia o endosso-mandato.”

O tema não é endosso mandato. É como aplicar a lei. Esse dispositivo já é completamente o
oposto do anterior. Mas para quem colocou esse artigo, eu daria zero. E vocês vão concordar comigo. Você
chegaria à mesma resposta, com outro dispositivo. Então segundo o dispositivo em questão, o Itaú continua
podendo exercer o direito dele.

Qual é o nome do título? Nota promissória. Na lei específica que regula a nota promissória.
Então primeiro você tem que ir a lei específica para saber se tem um dispositivo sobre o assunto, e por
acaso tem, art. 18, que diz: “O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por
morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário.”

O art. 18 da LUG diz a mesma coisa que diz o art. 917, do CC, só que tem um erro, a tradução
foi feita de Portugal, lá está mandatário, (onde se lê mandatário, leia-se mandante) 2. Mas mesmo na prova
dá para você perceber: o mandatário é a pessoa instituição financeira. Instituição financeira é pessoa
jurídica, não podia ser morte dela. Só poderia ser morte do mandante. Então por força do dispositivo da
LUG, a morte do mandante não extingue o mandato. O fato de Tício ter morrido por força do art. 18 da LUG
não extingue o mandato, conseqüentemente se o Itaú cobrar de Caio e Caio pagar, Caio está liberado da
obrigação cambiária, não tem que pagar duas vezes, pagou certo. Protegeu o Caio.

O fundamento legal é o art. 18. Para quem não colocou, eu daria zero. Por quê? O art. 682 é
completamente diferente do art. 917. Por acaso o art. 917, § 2º, é igual ao art. 18, mas poderia não ser.
Poderia o art. 18 dizer que extingue. E aí? Então quem fundamentou no 917, § 2º, eu daria zero. Quem
fundamentou com o 917, § 2º combinado com o 18 é o “somebody love”, eu daria metade da questão. E
para quem fundamentou no art. 18 e fundamentou porque o art. 18 eu daria dez.

Outro exemplo, esse eu que estou dando:Caio faz uma promessa de pagamento de 5 mil reais a
Tício. Caio é emitente do título faz promessa de pagar a Tício. Tício é credor. Tício desconfiado exige de Caio
que preste garantia. Faça um aval. Na fiança, você faz um contrato de locação e você quer uma garantia,
você pede fiança. Fiança é contratual, aval é título de crédito. Pode até colocar no contrato de locação
“avalista”. O Master faz um contrato de locação e no contrato coloca: “Cláudio Calo é avalista”, mas eu vou
ser tratado como fiador. Fiança é contratual, então vai ter benefício de ordem, responsabilidade subsidiária,
acessoriedade. Aval é em título de crédito. É garantia cambiária.

Então (...). O Mérvio quer avalizar só 2.500,00 e coloca isso no título. Caio deve a Tício 5 mil
reais, só que Mérvio garantiu em parte. Então o aval pode ser parcial? Não. Não sei o nome do título.

Primeiro ponto (manual do aluno). Primeira etapa: Ver se na questão tem o nome do título. Não
tendo, estiver título de crédito genericamente, você não sabe qual é a lei específica, abre o CC/2002. Que
por acaso diz que é vedado. O CC neste caso é diferente da lei específica. Se não tiver o nome do título é
vedado, aplica-se o 897. p.u. “Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar
com soma determinada, pode ser garantido por aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial.”

Façam remissão aos artigos da lei específica: art. 30, da LUG sobre Letra de câmbio e nota
promissória. Que diz: “O pagamento de uma letra de câmbio pode ser no todo ou em parte garantida por
aval”.

Se for nota promissória ou letra de câmbio pode porque é permitido pela lei específica.

Art. 29, da Lei 7.357/85 – lei do cheque; 25, da L.5.474/68 – lei da duplicata.

2
Nota do transcritor, de acordo com Raquel Bruno, curso praetorium, Regular PGE/PGM.
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A lei específica diz que o aval pode ser dado em no todo ou em parte. Então para o aluno na
hora de decorar, ele diz que pode aval parcial, mas nem sempre pode, eu dei uma hipótese em que ele é
vedado. Então primeiro você tem que ir ao título.

Agora se você tiver tempo, e a prova for discursiva. Tendo o nome do título, você tem que ir à
sua lei específica. Preste atenção. Um requisito que é essencial para qualquer título de crédito é o nome.
Todo título de crédito tem que ter o nome. Toda lei específica diz isso – O cheque, a nota promissória, a
letra de câmbio, a lei da duplicata, a duplicata rural. O examinador pode fazer uma questão genérica, aí é o
CC, mas se ele der o nome do título, você precisa ir à lei específica.

A lei específica pode regular de forma igual ao código civil. Acabei de dar o exemplo da cláusula
mandato. Mas o fundamento legal é a lei específica. Por força do art. 903 do CC/2002. O 903 do CC é peça
chave.

Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito
pelo disposto neste Código.

(Vocês que vão ser juízes têm que tomar cuidado com advogado. Advogado é ardiloso. O
indivíduo tinha sido condenado em um delito de trânsito, num delito da lei de trânsito. E é tão cara de pau o
réu, que apesar de ter sido condenado em um delito de trânsito com vítima, foi pego embriagado dirigindo
um carro. Houve suspensão cautelar da carteira de habilitação e não houve suspensão condicional do
processo, ele ardiloso queria aplicar o 28 do CPP, disse que o MP não fez a proposta, mas não houve
preenchimento dos requisitos para a suspensão condicional do processo. Você que é candidato que passou
mas não é muito bom. Você entra porque na forma de escrever os advogados são muito hábeis. Ele alegou a
jurisprudência, não tem nada a ver, a jurisprudência determina que os requisitos sejam preenchidos. Então
não houve adequação prévia aí.)

Então o título de crédito é regido pelo disposto neste código, salvo disposição diversa em lei
especial. Aplicação do CC é subsidiária. O fundamento legal é a lei específica, ou seja naquele título
específico o CC é inaplicável no que for contrário. Agora o Congresso Nacional hoje pode criar um título de
crédito por lei, com lei específica, mas não fala de aval por exemplo. Não regula a hipótese. Nesse caso
aplica-se o CC, porque é subsidiário.

Outra: Pode ter o nome do título, ter lei específica e a lei específica regular de forma diferente
do CC, aplica-se a lei específica por força do art. 903.

Ex. arts. 897, pu, veda aval parcial, o art. 30 da LUG e o 29 da Lei dos Cheques admitem.
Quando se admite o aval parcial, ele pode ser no todo ou em parte, e como aqui no CC há vedação ao aval
parcial, os alunos decoraram que no direito brasileiro não cabe aval parcial. Não. Vai depender do título
estar ou não especificado. Mas nada impede que o legislador não especificar o nome nada impede de que
daqui a dois anos surja um novo título daqui a dois anos e que não trate do aval. Se a lei específica não
regular aplicaremos a lei geral que não permite.

Na prova da PGE, a lei específica tinha previsão, no caso art. 18 da LUG. Então bastaria
conjugar o 18 com o 903. Chegaria à mesma resposta. Mas o fundamento é o 18

Quais os principais títulos?

Depois de ver classificação, eu vou dar uma palhinha em conhecimento de frete, conhecimento
de depósito, certificado de depósito agropecuário, no warrant agropecuário.

Quando eu der nota promissória no final eu vou dar a nota promissória rural, duplicata rural.
Mas para cair na prova duplicata rural, o examinador tem que colocar duplicata rural. Nota promissória
rural, ele tem que especificar isso. Porque um dos requisitos dos títulos em espécie é o nome completo dele.

Letra de Câmbio e Nota Promissória.


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São dois títulos e crédito específicos, regulados pelos mesmos diplomas legais.

DEC 57663/1966 – LUnif – Lei Uniforme de Genebra – LUG Promulga as convenções para
adoção de uma Lei Uniforme em matéria de letra de câmbio e notas promissórias. Veio de fora para dentro,
foi um tratado que o Brasil aderiu e a lei foi traduzida por Portugal. Então há vários termos nela que vocês
não vão entender, por exemplo a LUG tem dispositivo que diz quando trata de aval, diz que o avalista tem a
responsabilidade pelo afiançado. Nada a ver. Afiançado tem a ver com fiança. É na verdade avalizado.

A letra de câmbio é regulada nos artigos 1º ao 74. “Para essas provas do MP, tem que ler a lei,
tem muita coisa na Lei”. A letra de câmbio também é denominada de cambial. A nota promissória, que é um
título mais corriqueiro, é regulada na parte final da lei – arts. 75 ao 78, isto no anexo I. (Isso já vou explicar
nessa ou na próxima aula).

Então vocês já sabem qual é o capítulo.

Agora, a nota promissória tem um artigo chave que é o art. 77, que manda aplicar à nota
promissória as regras da letra de câmbio que não forem com ela incompatíveis.

Art. 77

São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias à


natureza deste título, as disposições relativas às letras e concernentes (...)

Na nota promissória não tem aceite, então você vai aplicar o capítulo referente ao aceite da
letra de câmbio.

Prova da magistratura, envolvendo prescrição em nota promissória, o aluno tem a idéia de que
o título prescreve num prazo só, “calma”, é preciso observar o caso concreto. Qual é o prazo para cobrar um
título de crédito? Regra geral – art. 206 § 3º VIII, do CC. Está lá três anos, salvo disposição expressa em lei
especial. A aplicação do CC é subsidiária.

Art. 206. Prescreve:

§ 3o Em três anos:

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do


vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;

Não tendo o nome do título, aplica-se o CC; tendo o nome do título – lei específica.

No caso da nota promissória, que é a questão da magistratura, vocês não vão ter dúvida do 75
ao 78. O 77 diz que são aplicáveis as regras da letra de câmbio inclusive no tocante a prescrição (arts. 70 e
71). Então por força do 903, você tem que usar a lei específica. A lei específica, no art. 77, manda aplicar a
legislação da letra de câmbio. O prazo é três anos, um ano, seis meses. Duplicata: três anos, um ano, um
ano.

Artigo 70

Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 (três) anos a


contar do seu vencimento.

As ações ao portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num


ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se se trata
de letra que contenha cláusula “sem despesas”.

As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em


06 (seis) meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi
acionado.
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Artigo 71

A interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para quem a


interrupção foi feita.

Dependendo do título tem três prazos prescricionais. Por exemplo: Caio emite uma nota
promissória para Tício. Caio é emitente de uma nota promissória. Tem quantos devedores: um – Caio. Qual
o prazo prescricional que Tício tem para cobrar de Caio. Se Caio não pagar, ele vai executar o contrato. A lei
diz que ele tem 03 (três) anos para cobrar do emitente. A contar do vencimento.

Digamos que Tício endosse para Mévio. Quando você endossa para Mévio. Quem endossou e
não falou nada é endosso próprio. Você transfere o título e junto vai o direito. Tício deixa de ser credor para
ser endossante. Endossante de uma nota promissória, que tem lei específica. Endosso é um instituo
cambiário em que o credor do título (inaudível – 44:40) transfere a outrem. E garante o pagamento ou não?
Na cessão quem cede garante a existência e não garante o pagamento – regra. O credor cobra do devedor
não cobra de mim. Nos aluguéis de um contrato de locação, você garante que existe uma relação contratual,
mas não garante o pagamento. O credor cobra do devedor, não cobra de mim.

EX: A Soraia é minha devedora de aluguéis. Eu sou credor dela de aluguéis. Eu posso ceder os
aluguéis para a Rebeca. Eu não tenho que garantir que a Soraia pague. Se a Soraia não pagar, a Rebeca –
em regra – não pode cobrar de mim. Salvo se eu garantir expressamente. Agora quanto ao endosso.
“Gravem na cabeça de vocês”. Se a Soraia emite um cheque para mim, e eu endosso para Rebeca o cheque.
Qual é a regra do endosso? Em regra eu garanto que existe a obrigação cambiária, e garanto o pagamento.
A Rebeca vai cobrar da Soraia e/ou de mim. Somos devedores solidários. Mas tem um problema: Eu falei de
endosso em um cheque, “lembra disso, passou desapercebido?”. A Soraia emitiu um cheque para mim. E eu
endossei para a Rebeca. Cheque tem lei específica. A lei específica do cheque diz que o endossante garante
o pagamento.

No endosso, o endossante transfere o direito se tornando devedor do título. Está errada esta
afirmação. Você está falando do endosso em lei específica. A questão é a lei.

Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não


responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.

§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor


solidário.

§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados


anteriores.

Para você endossar e continuar devedor do título você tem que colocar uma cláusula expressa
garantindo o título. Pelo 914, o endossante – em regra – não é devedor. Só que o art. 914 tem aplicação
subsidiária. Se vocês forem ver os artigos da lei específica.

Pergunta/ resposta: Não. Eu disse que na Defensoria pública caiu o conceito de endosso. Na
regra geral, o endossante não é garante. Mas você tem que esclarecer o seguinte: porém segundo a
legislação específica.

Então os art. 21, da lei do cheque, o 15 da LUG é diferente. Não tendo o nome, aplica-se o CC.
Neste ponto o endossante não responde pelo cumprimento da prestação constante do título. Se não houver
lei específica, ou não houver cláusula expressa em contrário.

As leis específicas dizem que o endossante é devedor do título. Mas o 914 é diferente. O que
importa agora é entender que o 914 é diferente da lei específica e aplica-se a lei específica. Não estou dando
aula de endosso agora.

EX: Caio emitiu uma nota promissória para Tício, Tício endossou para Mévio, mas Tício
endossou uma nota promissória, tem lei específica. Tício não colocou nenhuma cláusula de que não garante
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o pagamento. Se Tício não colocou nada, Tício é devedor que garante o pagamento. Porque a nota
promissória tem como regra o art. 15, em que o endossante garante o pagamento. O art. 47 também.

Artigo 15

O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do


pagamento da letra.

Artigo 47

Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos


solidariamente responsáveis para com o portador.

Mévio passou a ser o credor. Tem o prazo de 03 (três) anos a contar do vencimento do título
para executar Caio.

Tício não é devedor da nota promissória? É. Pode executar? Pode. Art. 15 da LUG. Tício tem um
ano para cobrar de Tício, a contar do protesto “tem que saber isso”, protestou no cartório tem um não para
cobrar.

Olha a maldade na prova: Uma nota promissória, passaram-se dois anos. Está prescrita?
Depende. Depende de quem o exeqüente vai executar. O título não está prescrito. Tem lei específica. A lei
específica dá mais de um prazo. Tem que saber quem é exeqüente e quem vai ser executado. Para executar
Tício não pode, mas Caio pode. Porque a lei seu mais de um prazo para este título. Agora se Tício for
executado por Mévio e pagar, Tício tem ação regressiva. “a gente vai aprender, ordem de coobrigado”. Qual
o prazo que Tício tem para executar Caio? Seis meses a partir do pagamento. Pagou tem 06 meses para
executar. No CC não, o prazo é geral de três anos, não quer saber quem é executado quem não é. Só faz a
ressalva: “salvo o que vier na lei específica”.

Até para conceituar endosso agora tem que estar atento. Então Letra de câmbio e nota
promissória, primeiro é a lei uniforme de genebra. Do 1º ao 74 – cuida da letra de câmbio; do 75 ao 78 –
cuida da nota promissória. Chamando atenção para o art. 77.

“Prestem atenção”. Se a lei uniforme de genebra for omissa. Você vai para onde? Você iria para
o CC, está errado. Ela pode ser omissa, não ter o dispositivo legal, ou ela pode ter o dispositivo legal, mas
no Brasil não desejar aplicar. O Brasil se reservou o direito de não aplicar aquele dispositivo no seu
ordenamento jurídico.

Então a lei pode ser omissa ou a lei pode ter dispositivo, mas o país signatário não desejar
aplicar no seu direito. Então, nesse caso não vai para o CC, vai para o Dec 2.044/1908 3, você tem que
fundamentar isso, questão de magistratura, às vezes você vai ter que fundamentar uma sentença num
decreto de 1908. “Na prova se ninguém te fala isso, você aplicaria um decreto de 1908?” Você ia pensar que
logicamente o Decreto está revogado e logicamente o examinador colocou isso aqui só para consulta
histórica.

DEC 2.044/1908 era a chamada lei Saraiva. Era a nossa lei interna. Tudo bem que tratado era
lei ordinária – em regra – mas antes da LUG, o nosso direito era esse daqui. “De acordo com a lei Saraiva
(...)”. Caiu na prova do MP: Qual o marco legislativo da teoria da (desconsideração?)? No plano legal, ele
não queria saber da doutrina, nem da jurisprudência. A pergunta era: qual o marco legislativo?. No plano
legislativo, qual foi o primeiro ato normativo que previu a desconsideração? Lei Saraiva. Este decreto está
derrogado. Revogado parcialmente pela LUG. Terceiro lugar CC. 4

A LUG tem anexo I e anexo II. A gente já vai explicar isso. O anexo I são os artigos do 1º ao 78
– é o que realmente regula letra de câmbio e nota promissória.

O anexo II, vamos ver daqui a pouco – são reservas.

3
Que define a letra de câmbio e a nota promissória e regula operações cambiais. Nelson Nery. jr.
4
Pergunta da aluna/resposta: Qual é a melhor bibliografia sobre alienação fiduciária em garantia? É o livro do Moreira Alves
que está esgotado. Qual a importância disso para uma prova de magistratura? Isso que diferencia o candidato. Abre o olho
lei Saraiva.
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Então prazo prescricional, quem pode executar – anexo I.

Agora para saber quais são os dispositivos do anexo I aplicáveis, você tem que passar para o
anexo II para voltar para o I.

A LUnif é o Anexo I, ou seja, o que regula a letra de câmbio e a nota promissória.

Se for cheque, aí é tranqüilo: L 7.357/1985 e depois CC. CC é sempre por último.

Duplicata – atenção – 1º ponto é que a duplicata é título brasileiro. Foi um título criado no
Brasil. Os princípios são universais. Lei Uniforme de Genebra: o que é isso? Uma convenção que foi feita
entre países internacional, em Genebra, alguns países assinaram essa convenção e resolveram uniformizar a
legislação sobre a letra de câmbio e nota promissória. Portanto os princípios cambiais são mundiais. Agora o
Brasil criou um título próprio chamado de duplicata. O que significa? Esse título tem uma série de situações
excepcionais, ou seja, que excepciona os princípios cambiários. Então primeiro é um título bastante
utilizado, e cai bastante em prova. Vocês têm que ter cautela porque ele apresenta várias exceções ao
princípio da cartularidade, da literalidade.

Mas para vocês saberem a exceção, vocês precisam saber a regra. E já começa pela lei.

Eu sempre falo para os meus alunos, caiu duplicata, sinal amarelo. Não é para ter medo, mas é
para pisar em ovos. Não se joga não. (As mulheres normalmente ultrapassam, elas aceleram. Tem que
diminuir, ir parando. As mulheres vão direto).

Gente – primeira coisa – duplicata: L. 5.474/68.

Gente, qual é o nome do título? DUPLICATA. Se o examinador te perguntar sobre duplicata


rural?

Vejam só Cláudio Calo e Cláudio Lopes. Não é porque tem Cláudio que é igual. Não é porque
tem duplicata que é igual. A duplicata rural é completamente diferente. Então fiquem atentos a isso.

A L. 5.474/68 se for omissa, o que aplicar? Fiquem alerta: ler o art. 25 da lei de duplicatas.

Artigo 25

Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação


sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio.

Marca texto no artigo 25. Questão óbvia. As duplicatas comuns, você vai na L. 5.474, para você
chegar à conclusão que a lei da duplicata é omissa, você tem que passou pelo art. 25.

O art. 25 manda aplicar à duplicata os diplomas legais da lei da letra de câmbio. Primeiro a
LUG, se a LUG for omissa, aplica-se à lei Saraiva. Por último aplica-se o CC.

Se você não conseguir resolver, você não pode deixar de decidir por falta de lei. LICC, analogia.
Você não pode deixar de solucionar o conflito por falta de lei. Se ao tem lei você integra. Não confundam
método de interpretação com método de integração. Interpretar pressupõe a lei. É a busca do sentido da lei.
Integrar é suprir a omissão, integrando a norma. Pode aplicar sempre por último a analogia. Mas para
aplicar a analogia. Primeiro tem que descobrir se não tem lei aplicável.

A Lei Uniforme de Genebra é importante, ela regula a nota promissória e a letra de câmbio, e
pode ser aplicada a duplicata. Em razão do art. 25, a duplicata passa a ser equiparada a letra de câmbio
naqueles pontos. Equiparada é tratada como, ter tratamento jurídico de. O professor Pontes de Miranda diz
que a duplicata é um título cambiariforme. Pode vir em enunciado. O título cambiariforme é equiparado à
letra de câmbio, exemplo clássico é a duplicata. Que é o título assemelhado, equiparado. 5

5
Expressão de Pontes de Miranda. Isso não é importante, o importante para o juiz é saber que a duplicata
pode ser regida ela LUG e resolver o caso concreto.
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A LUnif que regula a nota promissória é o DEC 57.663/1966. Conforme eu disse a vocês a lei
uniforme de genebra é composta por um anexo I, e por anexo II. Anexo I tem 78 artigos – e a própria LUG
chama lei uniforme – LUnif; e o Anexo II é composto por reservas, e essas reservas estão em 23 artigos.
Como o Decreto veio de um Tratado Internacional, e o Tratado Internacional para ser aplicado no Brasil vige
em regra como lei ordinária. (salvo as alterações da EC 45). Mas cada país que assinou tem a sua própria
peculiaridade.

Cada país tem a sua tradição. A sua cultura.

Então é óbvio que no caso de uma lei uniforme não pode a convenção exigir que todos os
dispositivos do anexo I ou seja do 1º ao 78, todos terão que ser aplicados nos países que aderiram,
imaginem num país continental como o nosso, tantas diferenças, que dirá também com relação a outros
países. Então com base nisso, na LUG nós temos dois tipos de normas: normas essenciais e normas não
essenciais. As normas essenciais estas os países não podem deixar de aplicar, ou seja todos os países
signatários, ou como quer a lei, as “Altas Partes Contratantes”

Artigo 1º

As Altas Partes Contratantes obrigam-se a adotar nos territórios respectivos, quer


num dos textos originais, quer nas suas línguas nacionais, a Lei Uniforme que constitui o Anexo
I da presente Convenção.

Esta obrigação poderá ficar subordinada a certas reservas que deverão


eventualmente ser formuladas por uma das Altas Partes Contratantes no momento da sua
ratificação ou adesão. Estas reservas deverão ser recolhidas entre as mencionadas no Anexo II
da presente Convenção. (...)

Todos os países têm de aplicar, mas as normas não essenciais, os países podem aplicá-las ou
não. Ou seja, os países podem exercer a faculdade de introduzi-las no Ordenamento Jurídico interno ou não.

O Brasil quanto às normas não essenciais do Anexo I, algumas ele quis aplicar, outra sele se
reservou o direito de não aplicar, o que significa que ele deve aplicar nesse caso o DEC 2.044/1908 6 (a
gente já vai ver o que é isso). Isso já está previamente estabelecido.

Prestem atenção. Você chega às normas essenciais por exclusão. Ou seja, se a LUG não tiver
liberdade para não deixar de aplicar significa que aquela norma é obrigatória, se a própria lei não tiver
liberdade é porque aquele dispositivo é essencial. O anexo II serve de instrumento de meio para saber o que
é aplicável ou não do anexo I, o anexo I é o que resolve o caso concreto.

Então vamos dar hoje o roteiro que vocês tem que seguir, depois abandonem as canetas e
vamos exercitar o modelo.

Primeira etapa: Ler o preâmbulo da LUG;

Segunda etapa: Ler os artigos do Anexo II, mencionados no preâmbulo. Os que não foram,
podem ser riscados.

Terceira etapa:

3.1. Ir ao anexo I e riscar o artigo revogado pelo anexo II; ou 7

3.2. Ir ao Decreto 2.044/ 1908, se o anexo II assim determinar.

Professor vai ler:

Decreto 57663/66

6
Dec 2044/ de 31.12.1908 – Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as operações cambiais. Nelson Nery jr.
7
Então se você riscar o artigo do anexo I que foi revogado pelo anexo II, esse artigo é inaplicável, então você tem que ir para o decreto.
O Brasil aplica a LUG, mas se a LUG não for aplicável, Decreto. Para isso você tem que seguir o roteiro.
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Havendo o Governo Brasileiro, por nota da legação de Berna (...) aderindo às Convenções
assinadas em Genebra, a 7 de junho de 1930: – olha aqui. A convenção foi assinada em 1930 e o Decreto é
de 1966, mais de 36 anos de diferença –

1º) Convenção para adoção de uma Lei Uniforme sobre letras de câmbio e notas promissórias,
anexos e protocolo com reservas aos artigos 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20 do Anexo II;

Sublinhem Anexo II;

Tem 23 artigos, O Brasil poderia ter introduzido no seu preâmbulo os 23 artigos, mas não fez. O
Brasil fez menção ao 1º? Não. Ler os artigos do Anexo II, mencionados no preâmbulo, os que não foram
mencionados, vocês podem riscar.

O art. 1º não está mencionado, é para riscar. O 4º, o 8º, etc. vocês vão riscar. Isso para na
hora da prova vocês não terem que ler.

Ou seja, outros países podem ter preâmbulos idênticos ou diferentes.

2º Etapa: Ler os artigos do Anexo II, mencionados no preâmbulo. Então nós vamos ler: 2, 3, 5,
6, 7, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20.

É para ler os mencionados, e riscar os não mencionados.

Artigo 3º

Qualquer das Altas Partes Contratantes – leia-se qualquer dos países signatários dessa
Convenção – reserva-se a faculdade de não inserir o art. 10 da Lei Uniforme na sua lei nacional – no seu
ordenamento jurídico interno.

Então prestem atenção: O 3º do anexo II está no preâmbulo, então temos que ler. Lendo,
significa que o país signatário se reservou ao direito de não aplicar o art. 10.

O país que inseriu o art. 3º no seu preâmbulo quis exercer a faculdade de não aplicar não
inserir no seu ordenamento o art. 10, do anexo I, o Brasil se reservou à faculdade de não aplicar o art. 10?
Reservou-se. Porque ele introduziu no seu preâmbulo. Se não tivesse o 3º no preâmbulo significaria que não
era para ler, seria para riscar. Significaria que o Brasil iria aplicar o art. 10 para resolver os casos concretos.
Então o art. 10 é uma norma essencial ou não essencial? Já está previamente definido no preâmbulo. Então
o art. 10 do anexo I é uma norma não essencial.

O Brasil se reservou o direito de não aplicar o art. 3º porque fez a reserva no seu preâmbulo.
Se o 3º não estivesse no preâmbulo, do 2 pulasse para o 5º, você não iria ler. Iria riscar. O art. 10 é uma
norma não essencial porque a lei uniforme permite que não se aplique.

(Repetição)

art. 9º do anexo II tem que ser lido ou não? Sim. Porque está no preâmbulo. Então prestem
atenção: primeira etapa – art. 9º do anexo II tem que ser lido porque está no preâmbulo.

Artigo 9º

Por derrogação da alínea terceira do art. 44 da Lei Uniforme, qualquer das Altas
Partes Contratantes tem a faculdade de determinar que o protesto por falta de pagamento deve
ser feito no dia em que a letra é pagável ou num dos 2 (dois) dias úteis seguintes.

Com a derrogação da lei a alínea terceira do art. 44 da lei uniforme o que vai acontecer? – o
que é derrogar?, afastar a incidência – Para quem já sabe, qual é o prazo para fazer o protesto por falta de
pagamento de uma letra de câmbio ou de uma nota promissória? A Soraia me promete pagar uma nota
promissória de 5 mil reais com vencimento dia 20 de agosto. A nota venceu hoje, eu quero ir ao cartório
protestar por falta de pagamento. Qual o prazo que eu tenho para protestar a nota promissória?
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Art. 28 do DEC N. 2044, de 31 dezembro de 1908 (LLC)

A letra que houver de ser protestada por falta de aceite ou de pagamento deve ser
entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil que se seguir ao da recusa ou ao do
vencimento, e o respectivo protesto tirado dentro de três dias úteis.

*Protesto por falta de pagamento. V. D 577663/66, Anexo I, 44.

Artigo 44, LUG, Anexo I

(...) O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a
certo termo da vista deve ser feito num dos dias úteis seguintes àquele em que uma letra é
pagável à vista, (...)Venceu tem um dia útil, nota promissória e letra, só que pela LUG é de até
dois dias.

Venceu tem um dia útil, nota promissória e letra, só que pela LUG é de até dois dias. A redação
do art. 9º é a mesma redação do art. 44, alínea terceira da LUG, Ou seja, pela LUG o prazo para protestar
uma nota promissória ou uma letra de câmbio por falta de pagamento é de até dois dias úteis, no entanto, o
art. 9º do anexo II está no preâmbulo, ele foi uma reserva, ou seja, dá o direito do país signatário de não
aplicá-lo. Então você vai riscar a alínea terceira do art. 44 da LUG. Só a terceira alínea, o terceiro parágrafo.

Então, mas basta riscar? Você tem que explicar como você chegou no art. 28 do D2044. Se
você botar só o decreto 2044, porque você sabe, mas não colocou o preto no branco no papel, vai perder
ponto. Em concurso o examinador tem presunção relativa de ignorância do candidato, o ônus da prova é
seu. Tem que explicar. O art. 44 , apenas a terceira alínea tem que ser riscada. O fato de eu ter colocado o
art. 9º no seu preâmbulo, significa que ele quis derrogar a alínea 3ª do art. 44. Norma não essencial e que o
Brasil não quis aplicar, então você aplica o decreto e o decreto diz: um dia útil.

Outra hipótese: artigo 2º tem que ser lido.

Qualquer das Altas Partes Contratantes tem, pelo que respeita às obrigações
contraídas em matéria de letras no seu território, a faculdade de determinar de que maneira
pode ser suprida a falta de assinatura desde que por uma declaração autêntica escrita na letra
se possa constatar a vontade daquele que deveria ter assinado.

Alguns autores dizem que essa é uma norma de reenvio. 1ª etapa, preâmbulo, 2ª etapa não
manda riscar nada, manda ir direto para uma lei interna, cada país no seu ordenamento interno irá
determinar como será suprida a falta de assinatura. A assinatura do cheque é importante ou não é? O
promotor que não assina uma denúncia isso é causa de nulidade. Agora um promotor que não assina um
cheque que passou num restaurante, ele não emitiu nada. Se você não assina o cheque que você deu pro
Master, você é devedora do cheque? Como é que o Master vai te executar? Porque toda a lei que regula o
TC diz que a assinatura é essencial. Pronto. Se você não assinou o cheque como eu vou te cobrar? A
assinatura no título de crédito é fundamental. É a manifestação de vontade. Você que é endossado tem que
assinar, você que é avalizado tem que assinar, se você quer emitir, prometer pagar uma ordem de
pagamento ao banco tem que assinar. O problema é e se você não pode assinar quando quer assinar. Por
exemplo, vou para a Europa passar três meses estudando. Ou eu deixo o cheque assinado. Ou não assino
cheque de espécie alguma, como é que alguém vai assinar por mim? Ou então digamos que você seja
analfabeto.

Questão: O analfabeto pode constituir diretamente letra de câmbio ou nota promissória? Dê o


dispositivo legal.

Gente, essa questão é lei. Sabe o que ele está querendo? Discorra sobre a aplicação da LUG.
Sta no livro do Fran Martins, está no livro do Luiz Emygdio. A mesma resposta para o analfabeto, serve para
o mutilado, serve para o cego, ou deficiente visual. Para fins cambiais é tratado da mesma forma. O
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analfabeto não sabe ler ele não sabe o que está escrito. Mutilado é aquele que não consegue assinar, enfim,
como é que o direito brasileiro resolve a questão de quem não quer ou não pode assinar?

Primeiro ponto: Analfabeto, mutilado ou deficiente visual não são incapazes. A incapacidade
está na lei, eles não são incapazes, podem administrar os seus bens. Incapacidade vem da lei. Não pode
estar prevista no contrato. É questão de ordem pública, tem que estar na lei.

Pode o analfabeto, mutilado ou cego serem devedores ou credores de um TC? Lógico que pode.
Eles são capazes, mas não conseguem assinar. E a assinatura é um requisito essencial de qualquer TC. 8 Aí o
aluno já sabe que ele pode ser devedor do título, mas não sabe como. Vai à lei dos cheques: art. 1º. A lei do
cheque não tem essa presepada toda da LUG. Art. 1º, último inciso.

Art. 1º, da Lei N. 7357, de 02 de setembro de 1985 (LCh)

O cheque contém: (...)

VI – a assinatura do emitente (sacador), ou do seu mandatário com poderes


especiais.

Pronto. Matou a questão. No Brasil, a falta de mandatário é suprida pela assinatura do


mandatário. Se o emitente não quiser ou não puder, ele precisa constituir uma procuração por instrumento
público e constituir mandatário. Mas ainda não respondeu a questão toda. Vocês estão na trilha. Porque não
é cheque, a questão é letra ou nota.

Se você fundamentar com o art. 1º, é zero porque isso é usar a analogia. Um método de
integração dizendo que a lei é omissa, quando não é.

O primeiro artigo (letra) da LUG ou o 75 (nota promissória) da LUG dizem apenas assinatura.

Mas você tem que fundamentar, então você tem que encontrar no DEC 2044 algum dispositivo
que autoriza a utilização da L do CH. Então vamos para o art. 54 da Nota Promissória.

Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes
requisitos essenciais, lançados, por extenso, no contexto:

(...)

IV – a assinatura do próprio punho do emitente ou do mandatário especial.

Esse artigo é para nota promissória. E se for letra de câmbio: art. 1º, V.

Art. 1º. A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter estes
requisitos lançados, por extenso, no contexto:

V. a assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial (...)

Agora como é que se escreve isso na prova? Tem que fundamentar. A Lei Uniforme de Genebra
– LUG9. Se a LUG não puder ser aplicada, o art. 2º do anexo II que está no preâmbulo, foi objeto de
reserva, por força do art. 2º, do anexo II vamos aplicar o 54 ou o 1º do DEC 2044. Aí sim eu te dou dez,
mas se botar só o 54 e o 1º eu te dou zero. Você não explicou, eu quero saber se você sabe mesmo ou está
inventando. Presunção de ignorância.

8
Tem aluno que não sabe estudar, estuda 5 anos e não passa, tem aluno que estuda um e passa. Vai direto na ferida, estuda muito
caderno. E alguns livros. Não adianta ficar lendo Pontes de Miranda. Tem que ter bons cadernos.
9
N. Transcritor. A LUG se aplica às notas promissórias e letras de câmbio, no entanto o art. 2º, que foi objeto de reserva
pelo Brasil, determina que o país irá reger a forma de como suprir a falta de assinatura no título de crédito, isto posto,
aplicam-se os artigos 1º e 54 do DEC N. 2044/1908.

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