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Disciplina: Sistema Financeiro e Bancário

Ficha 2: Política Monetária

1. Conceito de Política Monetária


A Política Monetária é o instrumento de política económica que permite o Governo intervir de
forma indirecta no sistema financeiro através do controle da oferta da moeda como forma de
assegurar a liquidez da economia. Em outras palavras, pode ser definida como sendo o controlo do
sistema financeiro exercido por um Governo na busca de estabilidade do valor da moeda. 1

1.1. Principais Objectivos da Política Monetária


A política monetária tem como principais objectivos garantir:
 Promoção sustentável do crescimento e do desenvolvimento económico;

 Pleno emprego de recursos disponíveis;


 Estabilidade de preços e taxas de câmbio;

 Equilíbrio da balança de pagamentos;


 Estabilidade e eficiência do sistema financeiro.

1.2. Tipos de Política Monetária


A política monetária pode ser aplicada em dois sentidos:
 A política monetária expansionista – tem por objectivo incentivar o crescimento
económico através do aumento da quantidade de dinheiro em circulação. Este tipo de
política contribui para o aumento da procura por moeda, levando os indivíduos a gastar
mais, ocorrendo um aumento do consumo em bens e serviços. Por sua vez, o aumento
excessivo de consumo pode levar a demanda a tornar-se maior que a oferta actuando sobre
a expansão do nível de preços.
 A política monetária restritiva – ocorre quando a quantia de dinheiro em circulação é
reduzida ou estabilizada, com o objectivo de conter o crescimento económico, desaquecer a
economia e evitar a subida de preços. No mercado de bens de consumo ocorrerá a
retracção, o consumo diminui gerando pressão baixa para os preços.

1.3. Principais instrumentos de Política Monetária


Os instrumentos são os meios que o Governo utiliza para controlar a Política Monetária do país.
São vistos como um conjunto de acções que autoridades económicas usam para controlar a oferta
da moeda e a taxas de juros. É responsabilidade do Banco Central no âmbito das suas acções de
política monetária, emitir moeda, ser guardião das reservas bancárias, promover empréstimos de
liquidez aos bancos comerciais, realizar operações de mercado aberto e fazer o controle selectivo de
crédito.

Elaborado por: dra. Tânia Uamusse / email: Thany.Uamusse@gmail.com


Os instrumentos mais utilizados são: Controle da Base Monetária, o Depósito Compulsório, Taxa
de Redesconto e Taxas Directoras.

Operações de mercado aberto (open market) ou Controle de Base monetária


Estas operações ocorrem com títulos públicos. Este instrumento é considerado um dos mais
eficazes no equilíbrio da oferta de moeda e na regulamentação da taxa de juro em curto prazo.
A compra e venda de títulos públicos ocorre quando o Banco Central, de acordo com a necessidade
de expandir ou reter a circulação de moeda do mercado, vende ou resgata títulos públicos. Se existe
a necessidade de diminuir a taxa de juro e aumentar a circulação de moeda, o Banco Central compra
(resgata) títulos públicos que estejam em circulação. Se a necessidade for inversa, ou seja, aumentar 2
a taxa de juro e diminuir a circulação de moeda, o Banco Central vende (oferta) os títulos
disponíveis. Os títulos públicos são considerados boas opções de investimento para a sociedade
pois apresenta rendas fixas.
Estes mesmos títulos podem ser usados em caso de necessidade de captar recursos para
financiamento da dívida pública, bem como financiamento de actividades do Governo, como
educação, saúde, infra-estruturas, entre outras.

Depósito Compulsório
Trata-se de um depósito obrigatório feito pelos bancos comerciais junto ao Banco Central, que
corresponde a uma parcela dos depósitos à vista como reservas, com a finalidade de atender ao
movimento de seu caixa. É uma espécie de custódia exigida pelo Banco Central, de parcela dos
depósitos recebidos dos agentes económicos pelos bancos comerciais.
O Banco Central define uma taxa de recolhimento variável, de acordo com os interesses do
Governo em acelerar ou não a economia.
O Depósito Compulsório é um instrumento muito eficiente, por actuar directamente na base
monetária, pois se a taxa de reserva se eleva, ocorre uma diminuição dos meios de pagamento,
reduzindo assim as disponibilidades dos bancos realizarem empréstimos. Da mesma forma, se o
Banco Central reduz o percentual do compulsório, as disponibilidades para empréstimos
aumentam, provocando uma elevação dos meios de pagamento. Com mais dinheiro em circulação,
há o aumento de consumo e a economia tende a crescer. De referir que os bancos comerciais
podem fazer transferências voluntárias para as suas contas junto ao Banco central, porém, o
depósito compulsório é obrigatório.

Taxa de Redesconto
Outra maneira muito utilizada principalmente na economia moderna é a taxa de redesconto. O
Banco Central libera empréstimos para os bancos comerciais para cobrir eventuais problemas de
liquidez ou seja, quando existe uma insuficiência de caixa por parte do banco (quando a demanda de
recursos depositados não cobrem suas necessidades). Esses empréstimos são realizados sob
determinado prazo e taxa de juro. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é
aumentada, desestimula os bancos comerciais a pegá-los. Desta forma, os bancos comerciais que
precisam cumprir com suas necessidades imediatas, enxugam as linhas de crédito, disponibilizando
menos crédito ao mercado, as taxas de juros da própria economia aumentam, com isso a economia
Elaborado por: dra. Tânia Uamusse / email: Thany.Uamusse@gmail.com
desacelera através da diminuição na liquidez. No sentido inverso, o Banco Central pode alargar os
prazos e reduzir a taxa de juro para estimular os bancos comerciais a pegar estes empréstimos. Os
bancos comerciais por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer ao mercado, a
taxas de juro mais atractivas e consequentemente a económica aquece.

1.4. Taxas Directoras aplicadas na Política Monetária


As taxas directoras são taxas de juros determinadas pelo Banco Central, que servem de base as taxas
de juro praticadas na economia. Através destas taxas, o Banco Central controla a quantidade de
moeda em circulação no mercado, assim como a inflação da económica.
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 Taxa de Facilidade Permanente de Depósito (FPD): consiste na taxa de juro paga pelo
Banco Central aos bancos comerciais, pelos depósitos de excedentes de liquidez que estes
podem efectuar, junto ao Banco Central.
 Taxa de Facilidade Permanente de Cedência de liquidez (FPC): consiste na taxa de
juro cobrada pelo Banco Central aos bancos comerciais, pelos créditos que estes podem
obter, junto ao Banco Central.
 Taxas de referência do MMI: a taxa à qual o banco central pretende que as instituições
financeiras emprestem dinheiro umas às outras no mercado monetário interbancário;
 Prime Rate: é um termo aplicado em muitos países para uma taxa de juro de referência
usada pelos bancos para empréstimos aos seus clientes.

As taxas de juro variáveis concecidas aos clientes das IFs para as operações de crédito são apuradas
através da prime rate + spread de risco de crédito. Sendo que o valor do spread depende de vários
factores, tais como o risco de crédito do cliente, as características do empréstimo, a finalidade do
crédito, as garantias dadas pelo cliente, entre outros elementos considerados pelo Banco.

Quando o Banco Central aumenta as taxas directoras faz com que os bancos subam as taxas de
juros, o que retrai o consumo pois o custo de financiamento torna-se mais alto. Esta diminuição na
procura causa ao fim de algum tempo baixa na inflação. De forma inversa, a redução das taxas de
juro provoca um aumento do consumo, já que se torna mais fácil financiar a aquisição de bens. Se
uma economia não está preparada para esse aumento de procura, gera-se uma escassez de bens que
provoca um aumento de preços e, portanto, cresce a inflação.

2. Moeda
Em termos económicos, a moeda é considerada tudo aquilo que é geralmente aceite para liquidar as
transacções, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para quitar obrigações.

2.1. Importância da Moeda no Sistema Financeiro


A moeda representa o principal instrumento do sistema financeiro, pois sem a sua existência o
processo de troca seria limitado. Em situações de trocas directas (como ocorria no sistema
tradicional de escambo), para que alguém adquire-se uma mercadoria devia encontrar no sistema

Elaborado por: dra. Tânia Uamusse / email: Thany.Uamusse@gmail.com


alguém que tivesse aquilo que pretendia adquirir e simultaneamente queira comprar aquilo que
esteja sendo oferecido. Desta forma, a moeda veio representar o valor da mercadoria, para facilitar
o processo de compra e venda, sem necessidade de dupla coincidência de interesses.

2.2. Principais funções da Moeda


 Unidade de conta ou denominador comum de valor– é o denominador pelo qual os bens e
serviços são expressos. Fornece um padrão para que os produtos sejam expressos em valores e
cotados no mercado.
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 Meio ou instrumento de troca – é o intermediário entre as mercadorias, por ter aceitação
generalizada. Quando um individuo vende seu produto, ele receberá moeda pelo produto
vendido e, por conseguinte terá moeda para comprar aquilo que desejar.

 Reserva de valor – é a forma de se medir a riqueza representando a liquidez imediata de quem


a detêm. Permite manter o poder de compra adquirido ao vender um produto ao longo do
tempo.

2.3. Tipos de Moeda


Existem três (3) principais tipos de moeda:
 Moeda Metálica – normalmente de pequeno valor, facilita as operações fraccionadas e são
emitidas pelo Banco Central;

 Papel – Moeda – são cédulas que representam o volume de dinheiro utilizado pelo público e
são emitidas pelo Banco Central;

 Moeda Escritural – é representada pelos depósitos à vista efectuado pelos Bancos


Comerciais.

2.4. Procura por Moeda


Os principais motivos pelos quais os indivíduos procuram moeda são:
 Motivo transaccional – os indivíduos precisam de moeda para poder realizar troca ou para
obter poder de compra. A procura por moeda para transacções normalmente varia consoante
os gastos dos indivíduos e o seu nível de renda.
 Motivo de precaução – os indivíduos não recebem renda diariamente na economia contudo
os gastos são realizados diariamente, desta forma, surge a importância de fazer frente a esta
desfasagens entre os recebimentos e pagamentos, guardando moeda para precaução.
 Motivo de especulação – quando o agente económico detém moeda aguardando a melhor
oportunidade para aplicação.

Elaborado por: dra. Tânia Uamusse / email: Thany.Uamusse@gmail.com


2.5. Oferta de Moeda
A Oferta de Moeda na economia é determinada por dois principais agentes: o Banco Central que
detém o monopólio da moeda manual assim como através da aplicação dos instrumentos de política
monetária, e os bancos comerciais através da multiplicação dos depósitos à vista.

2.6. Teoria Quantitativa da Moeda


A Teoria Quantitativa da Moeda (também designada por Teoria Quantitativa dos Preços) é uma
teoria para determinação do produto e do nível geral de preços que defende que os preços são
determinados pela oferta de moeda e pela velocidade de circulação da moeda. A Teoria Quantitativa 5
da Moeda foi inicialmente formulada por David Hume, no século XVIII, e defendia que os preços
variam proporcionalmente com a quantidade de moeda em circulação, o que obriga, naturalmente,
que a velocidade da moeda seja constante. Mais recentemente, a corrente monetarista liderada por
Milton Friedman, adopta uma abordagem mais prudente, defendendo que a oferta de moeda é o
principal determinante das variações do produto nominal.
A Teoria Quantitativa da Moeda pode ser expressa na seguinte equação:
M.V = P.Y
Sendo que,
M = Quantidade de Moeda em circulação na economia;
V = velocidade de circulação da moeda na economia;
P = Nível de preços de mercado;
Y = Nível de Produção (quantidade de produtos transaccionados na economia).

Esta teoria defende que, se M aumenta: V diminui ou P aumenta ou Y aumenta. Por outro lado, se
M diminui: V aumenta ou P diminui ou Y diminui.
Tendo em conta, que as variáveis V e Y são constantes a curto prazo, se M aumenta mantendo V e
Y constantes, o P irá aumentar.

Exemplo: Criação de meios de pagamentos aumenta a Quantidade de Moeda em circulação na


economia.
(1) Empréstimo Directo
Emprestador: Activo 100.000,00 Mts
Tomador: Passivo 100.000,00 Mts
Total de Activos - 100.000,00 Mts = Total de Passivos - 100.000,00 Mts
(2) Via Intermediário
Elaborado por: dra. Tânia Uamusse / email: Thany.Uamusse@gmail.com
Emprestador: Activo 100.000,00 Mts
Intermediário: Activo 100.000,00Mts / Passivo 100.000,00 Mts
Tomador: Passivo 100.000,00 Mts
Total de Activos - 200.000,00 Mts = Total de Passivos - 200.000,00 Mts

Bons Estudos!
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