Transição da idade moderna para a idade contemporânea
A partir de agora, iremos conhecer TRÊS FATORES importantíssimos que marcaram a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea: Revolução Industrial, Americana e Francesa.
A Revolução Industrial
A expressão Revolução Industrial indica um conjunto de transformações técnico-
científicas iniciadas na Inglaterra no século XVIII que começou com o aparecimento das primeiras industrias. Dentre essas transformações podemos destacar o surgimento de um grande número de operários, o crescimento das cidades, o desenvolvimento de novas técnicas de produção de mercadorias como a produção em massa, o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação e a valorização das ciências, uma nova forma de divisão do trabalho. Por que a Revolução Industrial foi caracterizada como revolução? Vemos a palavra revolução empregada sobretudo em transformações políticas de grande impacto na sociedade, como a Revolução Francesa (1789). No caso da Revolução Industrial, o aspecto revolucionário desse fenômeno esteve no âmbito tecnológico, por isso o surgimento da indústria e da produção mecanizada (maquinofatura) caracterizou-se como revolução. Assim, o termo revolução foi utilizado para descrever a rapidez das transformações e a profundidade de suas consequências. A Revolução Industrial foi um longo processo, do qual temos o surgimento das grandes indústrias que se caracteriza pela produção em massa e padronizada e pela expansão da vida urbana. Ela não ocorreu de um dia para o outro. Suas bases estão na passagem das corporações de ofício da Idade Média para a produção em manufaturas que é substituida pela maquinofatura. Nessas corporações, os artesãos detinham individualmente suas ferramentas e matérias-primas, trabalhando sob a supervisão de um mestre-artesão. Os artesãos conheciam todas as fases de fabricação de uma mercadoria. A produção dependia do ritmo e da habilidade do artesão. A partir do século XV, desenvolveu-se a produção doméstica, onde o comerciante (empresário) levava matérias-primas para os artesãos transformarem-nas em mercadorias, sendo que se pagava um montante de dinheiro por essa transformação. Ainda nesse sistema de produção, o artesão mantinha grande autonomia, pois continua conhecendo todas as etapas de produção da mercadoria e era dono do seu próprio tempo para executar as tarefas. Esse processo foi se expandindo, gerando acumulação de capital e fortalecendo a classe social dos burgueses, que começaram a reunir os artesãos em grandes galpões para controlar melhor a produção. Surgi assim a manufatura. Na manufatura, os mestres-artesãos se tornaram empresários e passaram a deter a propriedade dos meios de produção, isto é, o artesão deixou de ser o dono dos instrumentos e do local de trabalho e foram transformados em trabalhadores assalariados. Enfim, a produção passou a ser dividida em diferentes etapas, cada qual realizada por um trabalhador e cabendo ao empresário o controle global de todo o processo. É o que chamamos de divisão social do trabalho. A consequência dessa divisão do trabalho foi a possibilidade de acumulação de capital pelo burguês, decorrente da exploração da mais-valia produzida pelo trabalhador, que consistia no pagamento de um valor pelo tempo de trabalho menor do que ele produziu durante toda sua jornada. A produção de mais-valia e a acumulação de capital permitiram investimentos em pesquisas científicas voltadas a aprimorar as técnicas de produção. O principal resultado desses investimentos foi o surgimento de uma nova maquinaria, movida inicialmente a vapor, e a utilização de novas matérias-primas, principalmente carvão e o ferro. Vale destacar que o sistema de vapor, foi inventado em 1708 por Thomas Newcomen, mas que o princípio do uso da força do vapor para executar um trabalho, para impulsionar um pistão e mover uma engrenagem, só foi aperfeiçoado em 1765 por James Watt. Nascia-se então a máquina a vapor. A máquina à vapor então é o símbolo da Revolução industrial. Essa nova tecnologia de maquinário aprofundou a divisão social do trabalho e ampliou a exploração do trabalhador que recebia pequenos salários e deixou de conhecer a totalidade do processo de produção assim, ele se tornou um operador de máquina. Assim, a partir do século XVIII, a manufatura foi substituída pela maquinofatura. Neste processo de produção, temos o aumento da produtividade, pois ela produzia mais em menos tempo, e, a criação da indústria mecanizada. Com o avançar do tempo, o ritmo do trabalhador deixou de ser determinado pela natureza para acompanhar o da máquina, pois a partir de agora, o tempo passou a valer dinheiro. Enfim, temos dois milhões de anos de existência dos seres humanos na Terra, mas apenas nos últimos séculos houve a presença marcante das industrias. Na Inglaterra, a Revolução Industrial antecedeu em muito a de outros países. Não podemos afirmar que seu sucesso tenha sido resultado de um planejamento. Pelo contrário, vários acontecimentos e circunstâncias permitiram que ela ocorresse sem que as pessoas tivessem consciência exata das transformações que aconteciam. Mas por que, necessariamente, a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra? Porque as condições para o desenvolvimento da indústria estavam nesse país. O primeiro desses acontecimentos foi o controle do Estado inglês pela burguesia na segunda metade do século XVII, após à Revolução Gloriosa. Naquele momento, em outras potências européias, sobretudo na França, Portugal e Espanha, o Estado era controlado pela nobreza e por um rei absolutista , com interesses muito diferentes. Com a revolução Gloriosa, o Estado inglês, controlado pela burguesia, começou a incentivar a industrialização e estimulou a navegação, pois o lucro e o desenvolvimento econômico passam a ser os objetivos do governo. Esse estímulo à navegação levou os ingleses a colonizar diversos territórios que direcionavam para a Inglaterra riquezas e também promoveu o controle do mercado mundial formando-se assim uma rede de comércio. A Inglaterra então irá concentrar capital que lhe fornecerá condições favoráveis ao desenvolvimento das industrias. A inglaterra ainda contava com grande abundância de carvão e ferro, que serviriam como fonte de energia e matéria-prima para as máquinas. A inglaterra também tinha uma sofisticada manufatura têxtil que será o modelo para a criação da máquina de fiar tecido que iniciou a mecanização da tecelagem e a aplicação do motor movido a vapor na indústria têxtil. Outro fator importante foi a política dos cercamentos iniciada no século XVI e aplicada à agricultura. Os Cercamentos eram terras tomadas dos camponeses e cercadas para a criação de ovelhas, cuja lã era usada na fabricação de tecido, principal produto inglês na época. Dos cercamentos, temos como resultado: a migração da população camponesa para as cidades, e a institucionalização do direito de propriedade privada, ou seja, a terra passava a ser uma mercadoria, possível de ser comercializada através da compra e venda. No campo, a política dos cercamentos resultou na modernização da agricultura, estimulando a produção com técnicas e instrumentos inovadores, como a rotação de culturas e a utilização de adubos e maquinário, modernizou a agricultura buscando aumentar a produtividade do solo. Esse processo ficou conhecido como Revolução Agrícola, cujo aumento da produtividade garantiu o abastecimento da população que passava a habitar as cidades, aumentando a expectativa de vida e o crescimento demográfico. Mas isso não representou o fim da miséria nas cidades inglesas. Nesse sentido, é interessante notar como a prática dos cercamentos de terras esteve na base do capitalismo, contribuindo para a constituição da burguesia e do operariado, além de criar condições para o desenvolvimento da Revolução Industrial e da Revolução Agrícola na Inglaterra, pois expulsou os camponeses do campo e tiveram que vender sua força de trabalho para o burguês em troca de um salário miserável. Com um grande número de camponeses sem emprego, a Inglaterra possuía assim uma mão de obra disponível e também barata, pois se um não quisesse aceitar as condições de trabalho impostas pelo patrão, era automaticamente substituídos por outro. Outro fator que também facilitaria a Revolução Industrial inglesa foi o espírito científico e racional do Iluminismo que pregava o liberalismo. Enfim, o que permitiu que a Inglaterra fosse a primeira a ser industrializada então foi: acumulação prévia de capital, concentração de capital, mão-de-obra disponível, mercados de consumo e infra-estrutura (matéria-prima, de fontes de energia, vias de comunicações e transportes). A Revolução Industrial, gerou profundas mudanças na realidade da população. Na questão social temos por exemplo a divisão social em dois grupos: Burguesia, que era constituída pelos proprietária das fábricas, das máquinas, do comércio, das redes de transporte e dos bancos; e, o proletariado, que era o trabalhador da indústria e que vivia do salário que recebia do capitalista. Ainda na questão social, a substituição no trabalho implicou na aceleração da produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada vez mais alta por matéria- prima, mão de obra especializada para as fábricas e mercado consumidor. Tal exigência implicou, por sua vez, também na aceleração dos meios de transporte de pessoas e mercadorias, pois era necessário o encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra para escoar os produtos. Nesse sentido, a Revolução Industrial estimulou o desenvolvimento das cidades que tiveram que se adaptar ao grande contingente de pessoas que migrava do meio rural em busca de emprego nas fábricas. Com o crescimento das cidades, teve-se que investir no campo científico e tecnológico, que causou avanços nos sistemas de transportes, como a locomotiva a vapor (ou “trem de ferro”), que exigia uma malha ferroviária, isto é, linhas de trem feitas de ferro para estabelecer a ligação entre as regiões; no desenvolvimento de novas máquinas e tecnologias voltadas para a produção de bens de consumo e, o desenvolvimento tecnológico acelerado, que caracterizou uma sucessão de etapas evolutivas, como a Segunda Revolução Industrial (desenvolvida no século XIX, seu principal aspecto foi a criação dos motores de combustão interna movidos a combustíveis derivados do petróleo) e a Terceira Revolução Industrial (desenvolvida no século XX e ainda em expansão, seu aspecto principal são os ramos da microeletrônica, engenharia genética, nanotecnologia, entre outros). No campo econômico, temos a consolidação do capitalismo como sistema econômico. Por fim, no campo ecológico, tivemos alterações climáticas, devastação de àreas de vegetação, aumento da poluição dos rios e do ar com a queima do carvão mineral para gerar energia para as máquinas; crescimento desordenado das cidades, gerando problemas de submoradias e ocupação irregular que também causou aumento de lixo e em decorrência aumento de doenças. Por fim, vale destacar que a Revolução Industrial e o triunfo do capitalismo contribuíram para mudar o que muitos homens europeus pensavam sobre a economia e a política com os ideais do Liberalismo. Na economia, o liberalismo defendido principalmente por Adam Smith (1723-1790) que tinha como objetivo propor o abandono das práticas mercantilistas que empobreciam as nações; propunha o estabelecimento do comércio livre e o fim da presença do Estado na economia, pois ela funcionaria muito melhor quando o Estado não se intrometesse nela; e apontava o trabalho como a fonte principal de geração de riqueza, o que o diferenciava do mercantilismo, que achava que os metais preciosos é que acumulavam riquezas. Enfim, de um modo geral as suas principais características são: condenação da intervenção do Estado na economia; a economia se auto-regula através de leis naturais (o mercado seria orientado pela lei da oferta e da procura); defesa da livre concorrência; liberdade cambial; defesa da liberdade na realização de contratos; defesa da propriedade privada; combate ao Mercantilismo; estímulo à expansão demográfica para criar um vasto mercado de mão-de-obra. Na política, os liberalistas combatiam o absolutismo e pregavam uma sociedade em que estariam garantidos os direitos de propriedade privada (para quem a possuísse), de liberdade individual e de igualdade jurídica (a mesma lei valeria para todos). Para eles, o governo seria limitado pela Constituição e escolhido pelos cidadãos, embora muitos liberais achassem que o direito de voto só deveria ser dado aos que tivessem certa quantidade mínima de bens. Como se vê, os liberais defendiam os interesses da burguesia da época. É por isso que muitas revoluções populares, nos séculos XVIII e XIX, vão conter idéias liberais, como a Revolução Americana e a Revolução Francesa.
Leia atentamente o texto e faça um resumo dos pontos mais importantes
de até 20 linhas, sendo de suma importância citar a revolução industrial e seus desdobramentos.