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A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA
Fortemente ruralista, Salazar via nas atividades agrícolas, um dos meios mais poderosos para atingir a pretendida autossuficiência económica. Empreendeu
um conjunto de medidas de fomento das atividades agrícolas:
construção de numerosas infraestruturas tendo em vista facilitar a recuperação e aproveitamento de campos agrícolas;
adoção de políticas de fixação de populações no interior rural;
amplas campanhas de florestação;
dinamização da produção dos bens mais tradicionais na alimentação portuguesa como a batata, o arroz, o vinho, o azeite e as frutas.
De todas as medidas agrícolas, a que mais impacto teve pelos objetivos e resultados foi a dinamização da produção de trigo, visando tornar o país
autossuficiente neste setor ainda fundamental da alimentação da população.
O CONDICIONAMENTO INDUSTRIAL
No âmbito da indústria, os primeiros anos do regime foram marcados pela persistência dos constrangimentos tradicionais do desenvolvimento do país:
deficiente rede de comunicações;
processos tecnológicos arcaicos;
baixos níveis de produtividade;
dependência das importações;
falta de iniciativa por parte dos investigadores portugueses;
manutenção de baixos salários.
A partir da década de 50 assistiu-se a algum desenvolvimento dos setores tradicionais e ao arranque de setores tecnologicamente mais avançados como a
indústria cimenteira, refinação de petróleos, construção naval, adubos químicos e energia elétrica.
Não podemos, todavia, falar de um forte arranque da indústria portuguesa. Os constrangimentos eram agora também de índole política. Efetivamente, o
incipiente desenvolvimento industrial do país explica-se pelo caráter ruralista do regime e pela excessiva presença do Estado no controlo da indústria nacional
e na regulação da atividade produtiva em prejuízo da liberdade dos agentes económicos.
A POLÍTICA COLONIAL
As colónias desempenharam uma dupla função no Estado Novo. Foram um elemento fundamental na política de nacionalismo económico e um meio de
fomento do orgulho nacionalista.
No primeiro caso, porque realizavam a tradicional vocação colonial de mercado para o escoamento de produtos agrícolas e industriais metropolitanos e de
abastecimento de matérias-primas a baixo custo.
No segundo caso, porque constituíam um dos principais temas da propaganda nacionalista, ao integrar os espaços ultramarinos na missão histórica civilizadora
de Portugal e no espaço geopolítico nacional.
A vocação colonial do Estado Novo motivou, logo em 1930, a publicação do Ato Colonial, onde eram clarificadas as relações de dependência das colónias e se
limitava a intervenção que nelas podiam ter as potências estrangeiras.
Para a consecução do segundo objetivo, o regime levou a cabo diversas campanhas tendentes a propagandear, interna e externamente, a mística imperial
(como se o império fosse a razão da existência histórica de Portugal).
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3.1 A Irradiação do Fascismo no mundo
3.1.1. Europa
A partir dos anos vinte o fascismo consolidou-se gradualmente na Europa e no mundo. A Grande Depressão fez aumentar o número de países que adoptaram
políticas autoritárias em toda a Europa. Além da Itália, Portugal, Alemanha, aderiram também ao fascismo, os estados bálticos, Polónia, Hungria, Bulgaria,
Checoslováquia, Roménia, Jugoslávia, Albânia, Grécia e Turquia. Partidos fascistas surgiram também na Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Noruega e mesmo
Suiça.
3.1.2 Outros Continentes
Também em outros continentes surgiram regimes autoritários. Na América do Sul e Central os efeitos da crise americana obrigaram a adoptar politicas
impopulares e ditatoriais em vários países: México, Brasil, Argentina, Chile. No Brasil Getúlio Vargas chegou ao poder com um golpe militar instituindo um
Estado Novo.
Na Ásia, o Japão apoiado no poder absoluto do imperador Hirohito instituiu um estado imperial em 1936, cortando relações com os seus aliados da 1ª GG e
instituiu uma política expansionista com os contornos de autarcia nazi. Em 1936 celebrou-se o pacto do Eixo Roma, Berlim, entre a Alemanha e o Japão o Pacto
anti-Komintern ou eixo Berlim, Tóquio com a posterior adesão da Espanha e Itália.
A RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA
A DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA
Com o fim da Segunda Guerra Mundial a Alemanha e o Japão, que sonhavam com grandes domínios territoriais, saíram da guerra totalmente vencidos e
humilhados.
O Reino Unido e a Franca, embora vencedores, estavam empobrecidos e dependentes da ajuda externa.
Perante a ruína do pós-guerra só duas potências permaneciam fortes:
- URSS: escudada na força do Exército Vermelho e na sua imensa extensão geográfica;
-EUA: indiscutivelmente a primeira potência mundial.
* A construção de uma nova ordem internacional: as conferências de paz
Com o aproximar do fim da Segunda Guerra Mundial os Aliados (vencedores) começam a delinear estratégias para o período de paz que viria.
Entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, Roosevelt (presidente americano), Churchill (primeiro ministro inglês) e Estaline (secretário geral do partido comunista –
URSS) reúnem-se nas termas de Ialta (nas margens do Mar Negro), com o objetivo de estabelecerem as regras que devem sustentar a nova ordem internacional
do pós-guerra.
»Conferência de Ialta:
- Definiram-se as fronteiras da Polónia, ponto de discórdia entre os ocidentais – que não esqueciam ter sido a violação das fronteiras polacas a causa imediata da
guerra – e os soviéticos – que não desistiam de ocupar a parte oriental do país;
- Estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em quatro áreas de ocupação, geridas pelas três potências conferencistas e pela França, sob a coordenação de
um Conselho Aliado;
- Marcação da reunião da conferência preparatória da ONU;
- Supervisão dos três grandes na futura constituição dos países de Leste, ocupadas pelo eixo;
- Estabelecimento de 20.000 milhões de dólares como base das reparações da guerra devidas pela Alemanha.
Alguns meses mais tarde, em finais de julho de 1945, reuniu-se em Potsdam (perto de Berlim) uma nova conferência com o fim de consolidar os alicerces da paz.
Decorreu num clima mais tenso que a de Ialta.
Vencida a Alemanha, renasciam as desconfianças face ao regime comunista que Estaline representava e às suas pretensões expansionistas na Europa.
Deste modo, a conferência encerrou sem alcançar uma solução definitiva para os países vencidos, limitando-se a ratificar e a pormenorizar os aspetos já
acordados em Ialta.
»Conferência de Potsdam:
- Perda provisória da soberania alemã e sua divisão em quatro zonas de influências;
- Administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em quatro zonas de ocupação;
- Montante e tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha;
- Julgamento dos criminosos de guerra nazis, através da criação do Tribunal Internacional de Nuremberga;
- Divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos estabelecidos para a Alemanha.
* Órgãos de funcionamento
A Carta das Nações Unidades definiu também os órgãos básicos do funcionamento da instituição:
- Assembleia Geral: formada pela generalidade dos Estados-membros, funciona como um parlamento;
- Conselho de Segurança: formado por 15 membros (cinco dos quais permanentes – EUA, URSS, Reino Unido, França e República Popular da China) e 10
flutuantes eleitos pela Assembleia-Geral por dois anos. É o órgão diretamente responsável pela manutenção da paz e da segurança: atua como mediador,
decreta sanções económicas e em último caso decide a intervenção das forças militares;
- Secretariado-Geral: representa a ONU e, com ela, praticamente todos os povos do mundo;
- Conselho Económico-Social: encarregado de promover a cooperação a nível económico, social e cultural entre as nações. Atua através de instituições
especializadas e outros órgãos específicos que se encontram sob a sua tutela: BIRD, FAO, OIT, OMS. É um dos órgãos mais ativos e importantes da ONU.
- Tribunal Internacional da Justiça: é o órgão máximo da justiça internacional;
- Conselho de Tutela: órgão criado com o fim principal de administrar os territórios que outrora se encontravam sob a alçada da SDN;
A ONU tem sede em Nova Iorque desde 1952, contando com 192 países.
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* A descolonização asiática
No Médio Oriente tornam-se independentes a Síria, Líbano, Jordânia e Palestina onde em 1948 nasce Israel.
Na Índia, no decorrer da guerra, o partido do congresso liderado por Gandhi obtivera através de Churchill a promessa da retirada inglesa. No entanto, devido ao
antagonismo entre as comunidades hindu e muçulmana os britânicos atrasaram o processo que só em 1947 se concretiza ficando a Índia dividida em dois
estados: União indiana (hindu) e o Paquistão (muçulmano).
Ceilão, Birmânia e Malásia também reclamaram a sua independência. Com exceção da Malásia, cuja posição estratégica dificultou a cedência britânica os
ingleses aceitaram a descolonização.
Também Holandeses e Franceses são obrigados a abrir mão das suas colónias.
Em 1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a República da Indonésia. Pouco dispostos a abdicar do território, os Holandeses recorrem à força das
armas, mas pressionados pela ONU acabam por reconhecer, em 1949, a independência do novo país.
O processo de descolonização da Indonésia mostrou-se mais violento e sangrento pois a ocupação japonesa fomentara fortes sentimentos antifranceses. A
guerra da Indochina acaba por adquirir um cariz ideológico visto como uma tentativa de extensão do comunismo na Ásia, já que o líder Ho Chi Minh era
comunista. Só em 1945, os franceses vencidos se retiram reconhecendo o nascimento de novas nações: Vietname, Laos e Cambodja.
* A Guerra Fria
O afrontamento entre as duas superpotências e os seus aliados prolongou-se até meados dos anos 80, altura em que o bloco soviético mostrou os primeiros
sinais de fraqueza.
Durante este longo período, os EUA e a URSS intimidaram-se mutuamente gerando um clima de hostilidade e insegurança que deixou o mundo num
permanente sobressalto. É este clima de tensão internacional que se designa por Guerra Fria.
A Guerra fria caracterizou-se por cada bloco se procurar superiorizar ao outro, quer em armamento como na ampliação das suas áreas de influência. Enquanto
isso, a propaganda incutia nas populações a ideia da superioridade do seu sistema e a rejeição e o temor do lado contrário, ao qual se atribuíam as intenções
mais sinistras e os planos mais diabólicos.
As duas superpotências defendiam conceções opostas de organização política, vida económica e estruturação social: de um lado, o liberalismo assente sobre o
princípio da liberdade individual; do outro, o marxismo, que subordina o indivíduo ao interesse da coletividade.
O MUNDO CAPITALISTA
* A política de alianças dos EUA
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Uma vez enunciada a doutrina Truman, os EUA empenharam-se por todos os meios na contenção do comunismo. O Plano Marshall foi o primeiro passo nesse
sentido, pois permitiu a reconstrução da economia europeia em moldes capitalistas mas também estreitou os laços entre a Europa Ocidental e os seus
“benfeitores” americanos.
Em termos político-militares, a aliança entre os ocidentais não tardou a oficializar-se. A tensão provocada pelo bloqueio de Berlim acelerou as negociações que
conduziram, em 1949, ao Tratado do Atlântico Norte, entre os EUA, Canadá e dez nações europeias. A operacionalização deste tratado deu origem à
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)3.
Esta aliança apresentava-se como uma organização puramente defensiva, empenhada em resistir a um inimigo: a URSS.
Esta sensação de ameaça e vontade de consolidar a sua área de influência levaram os EUA a constituir várias alianças, um pouco por todo o mundo. Para além
da OTAN, firmaram-se alianças multilaterais:
- América, 1948 a OEA (Organização dos Estados Americanos);
- Oceânia, 1951 a ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos);
- Sudoeste Asiático, 1954 a OTASE (Organização do Tratado da Ásia de Sudoeste);
- Médio Oriente, 1955 Pacto de Bagdade e 1957 CENTO (Organização do Tratado Central).
* A afirmação do Estado-Providência
O Reino Unidade foi o primeiro país com o Estado do bem-estar, onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas.
Beveridge confiava que um sistema social alargado teria como efeito a eliminação dos “cinco grandes males sociais”: carência, doença, miséria, ignorância e
ociosidade.
A abrangência das medidas adotadas em Inglaterra e, sobretudo, a ousadia do estabelecimento de um sistema nacional de Saúde assente na gratuidade total
dos serviços médicos e extensivos a todos os cidadãos, serviram de modelo à maioria dos países europeus.
A estruturação do Estado-Providência na Europa do pós-guerra fez-se rapidamente. O sistema de proteção social generaliza-se a toda a população passando a
acautelar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença; estabelecem-se prestações de ajuda familiar (abono) e outros subsídios aos mais pobres.
Complementarmente, ampliam-se as responsabilidades do Estado no que pertence à habitação, ao ensino e à assistência médica.
Este conjunto de medidas visa um duplo objetivo:
- Reduz a miséria e o mal-estar social contribuindo para uma repartição mais equitativa da riqueza;
- Assegura uma certa estabilidade à economia, já que evita descidas drásticas da procura como a que ocorreu durante a crise dos anos 30.
Assim, o Estado-Providência contribuiu para a prosperidade económica que o Ocidente viveu nas três décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
* A prosperidade económica
O crescimento económico do pós-guerra estruturou-se em bases sólidas.
Os governos não só assumiram grandes responsabilidades económicas, como delinearam planos de desenvolvimento coerentes, que permitiram estabelecer
prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir diretrizes futuras.
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Externamente, os acordos de Bretton Woods 4 e a criação de espaços económicos alargados (como a CEE) tiveram um papel semelhante, harmonizando e
fomentando as relações económicas internacionais.
O capitalismo, que na década de 30 parecera condenado pela Grande Depressão, emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a
produção mundial mais do que triplicou e, em certos setores, como a produção energética e a automóvel, multiplicou-se por dez.
As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise. As taxas de crescimento, especialmente altas de certos países como a RFA, França ou o Japão
surpreenderam os analistas, que começaram a referir-se-lhes como “milagre económico”. Estes cerca de trinta anos de uma prosperidade material sem
precedentes ficaram na História como os “Trinta Gloriosos”.
A expansão económica dos “Trinta Gloriosos” conjuga o desenvolvimento de processos já iniciados com aspetos completamente novos. Entre os seus traços
característicos podemos destacar:
- Aceleração do progresso tecnológico, que atingiu todos os setores desde as fibras sintéticas, aos plásticos, medicina, aeronáutica, eletrónica, entre muitos
outros. Rapidamente produzidas em série, as inovações tecnológicas revolucionaram a vida quotidiana e os processos de produção;
- Recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do carvão. A extração do “ouro negro” coubera até à Segunda Guerra Mundial
aos EUA e a partir dos anos 60 deslocara-se para os países do Médio Oriente, que se tornam os seus principais fornecedores. A abundância e o baixo preço do
petróleo alimentaram a prosperidade económica, permitindo uma autêntica revolução nos transportes, para além de uma enorme gama de novos produtos
industriais;
- Aumento da concentração industrial e do número de multinacionais, verdadeiros gigantes económicos que fabricam e comercializam os seus produtos nos
quatro cantos do Mundo. Presentes em praticamente todos os setores (matérias-primas, transportes, comunicações, siderurgia, eletrónica, alimentação…) estas
empresas investem grandes somas na investigação científica, contribuindo para a aceleração do progresso técnico a que nos referimos;
- Aumento significativo da população ativa proporcionado pelo reforço de mão de obra feminina no mercado de trabalho, o baby-boom5 dos anos 40-60 e a
imigração de trabalhadores oriundos de países menos desenvolvidos. Para além disto, a mão de obra tornou-se mais qualificada, em virtude do prolongamento
da escolaridade, sendo somente os imigrantes a desempenhar os trabalhos que não requeriam um alto nível de formação profissional, e sendo por isso, mal
remunerados;
- Modernização da agricultura, setor onde a produtividade aumenta, de tal como que permite aos países desenvolvidos passarem de importares a exportadores
de produtos alimentares. Renovada por grandes investimentos, novas tecnologias e uma mentalidade verdadeiramente empresarial, a agricultura libera, em
pouco tempo, grandes quantidades de mão de obra, que migra para os núcleos urbanos. Este êxodo rural contribuiu para alterar a relação entre os três setores
de atividade;
- Crescimento do setor terciário, que tende a absorver a maior percentagem de trabalhadores. O surto espetacular das trocas comerciais, a aposta no ensino, os
serviços sociais prestados pelo Estado e a complexidade crescente da administração das empresas multiplicaram o número de postos de trabalho neste setor.
Assim, as classes médias alargam-se, o que contribuiu para a subida do nível de vida e para o equilíbrio social.
* A sociedade de consumo
O efeito mais evidente dos “Trinta Gloriosos” foi a generalização do conforto material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços
acessíveis conduziram à sociedade de consumo, que transformou os lares e o estilo de vida da maioria da população dos países capitalistas.
Quando os gastos na alimentação e em outros bens essenciais deixaram de absorver a quase totalidade dos orçamentos familiares, as casas tornaram-se
cómodas e bem equipadas. Os aparelhos de aquecimento, o telefone, a televisão e toda uma vasta gama de eletrodomésticos multiplicaram-se rapidamente e o
automóvel tomou o seu lugar nas garagens e nas ruas, proporcionando longos passeios de lazer. As férias pagas, privilégio que se alargou nos anos 60, vieram
acentuar a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar. O cidadão comum é permanentemente estimulado a despender mais do
que o necessário. Multiplicam-se os grandes espaços comerciais. Uma publicidade bem orquestrada lembra as maravilhas a que todos “têm direito” e que as
vendas a crédito permitem adquirir.
A oferta e a pressão publicitária são de tal ordem que os bens rapidamente perdem valor, “passam de moda” e se substituem por outros mais atualizados.
O MUNDO COMUNISTA
Em 1945, quando o segundo conflito mundial terminou, existiam no mundo apenas dois países comunistas: a URSS e a Mongólia. Entre 1945 e 1949, o
comunismo implanta-se na Europa Oriental, na Coreia do Norte e na China. Nos anos 50 e 60 continua o seu progresso na Ásia e em Cuba. Na década de 70,
difunde-se na África Negra.
* O expansionismo soviético
A expansão do mundo comunista fez-se, em grande parte, pela URSS. Após a Segunda Guerra Mundial, o reforço da posição militar soviética e o desencadear do
processo de descolonização criaram condições favoráveis quer à extensão do comunismo, quer ao estreitamento dos laços de amizade e cooperação entre
Moscovo e os países recentemente emancipados. A URSS saiu, assim, do isolamento a que estivera votada desde a Revolução de outubro, alargando a sua
influência nos quatro continentes.
Europa:
A primeira vaga de extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental e, com exceção da Jugoslávia, fez-se sobre a pressão direta da URSS. Em meados de 1948,
os partidos comunistas dos países de Leste tinham-se já assumido como partidos únicos e, em pouco tempo, a vida política, económica e social destas regiões foi
reorganizada em moldes semelhantes aos da União Soviética.
Os novos países socialistas receberam a designação de democracias populares. Por oposição às democracias liberais, julgadas incapazes de garantir a verdadeira
igualdade devido à persistência dos privilégios de classe, as democracias liberais defendem que a gestão do Estado pertence, somente, às classes trabalhadoras.
Estas constituem a maior, exercem o poder através do Partido Comunista que, supostamente, representa os seus interesses.
Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçadas com a constituição do Pacto de Varsóvia, aliança militar que previa a resposta conjunta a
qualquer eventual agressão.
Considerando-se a “pátria do socialismo”, a União Soviética impôs um modelo único e rígido, do qual não admitiu desvios. É assim que, quando estalaram
protestos e rebeliões contra o seu excessivo domínio, Moscovo não hesitou em utilizar a força para manter a coesão do seu bloco. Os dois casos mais graves
ocorreram na Hungria, em 1956, e na Checoslováquia, em 1968. As ruas de Budapeste e de Praga viram-se, então, ocupadas pelos tanques soviéticos. Este
desejo de manter intocada a hegemonia comunista na Europa Oriental conduziu também, em 1961, à construção do célebre muro de Berlim, que rapidamente
se tornou no símbolo da Guerra Fria na Europa e no Mundo.
Ásia:
Fora da Europa, o único país em que a implantação do regime comunista que ficou a dever à intervenção direta da URSS foi a Coreia.
Ocupada pelos Japoneses, a Coreia foi, no fim da Segunda Guerra Mundial, libertada pela ação conjunta dos exércitos soviético e americano, que, naturalmente,
não se entenderam quanto ao futuro regime político do país. A Coreia foi, por isso, dividida em dois estados: a norte, a República Popular da Coreia, comunista,
apoiada pela URSS; a sul, a República Democrática da Coreia, conservadora, sustentada pelos Estados Unidos. A posterior invasão da Coreia do Sul pela
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O dólar era a moeda-padrão e as restantes moedas tiveram sido convertidas em ouro ou dólar.
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República Popular do norte, com vista á reunificação do território sob a égide do socialismo, desencadeou uma violenta guerra (1950-1953). Por fim, repôs-se a
separação entre as duas Coreias, que se mantêm estados rivais ainda hoje.
A China, onde, em outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a instauração de uma República Popular. A tomada do poder pelos comunistas chineses foi uma
longa luta, que se iniciara nos anos 20 e se reacendera após a Segunda Guerra Mundial. Embora o apoio de Moscovo aos revolucionários não possa considerar-
se decisivo para a vitória alcançada, poucos meses decorridos desde a formação do novo Governo, Mao Tsé-Tung e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Chou
En Lai, assinam, em Moscovo, um Tratado de Amizade, Aliança e Assistência Mútua, que coloca a China na esfera soviética.
Apesar de se ter afastado da URSS, a China seguiu o modelo político e económico do socialismo russo. A China Popular assumiu, ao lado da URSS, as suas
obrigações na difusão do comunismo.
Os bloqueios económicos
Passado o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas começam a mostrar, de forma mais evidente, as suas debilidades:
- As empresas não gozam de autonomia na seleção das produções, equipamentos, trabalhadores, fixação de salários e preços ou na escola de fornecedores e
clientes;
- Gestão burocrática que se limita a cumprir as quantidades previstas no plano, sem olhar à qualidade ou rentabilidade dos equipamentos e da mão de obra;
- Bens de consumo escassos;
- Poucos produtos agrícolas, dado que a agricultura não é prioridade;
- Habitações caras, optando a população por viver na periferia sem condições.
Para ultrapassar os bloqueios económicos a URSS permite realizar reformas.
Nikita Krutchev vai alterar a planificação, tendo em conta o que levou ao bloqueio.
Em 1959, inicia-se um novo plano que reforça o investimento nas indústrias de consumo, na habitação e na agricultura. Paralelamente, a duração do trabalho
semanal reduz-se (de 48 para 42 horas), bem como a idade de reforma, que se estende, pela primeira vez aos trabalhadores agrícolas. Nas empresas procura-se
incentivar a produtividade, aumentando a autonomia dos gestores e iniciando um sistema de prémios aos trabalhadores mais ativos.
No entanto, estas medidas não superaram as expectativas. Na década de 70, sob a orientação de Brejnev, a burocracia reforça-se e o 9º e 10º plano voltam a dar
grande prioridade ao complexo militar-industrial e à exploração dos recursos naturais (ouro, gás e petróleo da Sibéria). Porém, os custos de exploração do
território siberiano revelam-se excessivos e a economia soviética entra num período de estagnação.
As dificuldades soviéticas refletiram-se, de forma mais ou menos graves, em todos os países satélite.
Embora não podendo dissociar-se da crise económica que, na década de 70, afetou o mundo industrializado, a estagnação das economias de direção central
reflete, sobretudo, as faltas do sistema, que se foram agravando ao longo das décadas. Inultrapassáveis, estes bloqueios económicos conduzirão à falência dos
regimes comunistas europeus, no fim dos anos 80.
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Os Americanos, na ânsia de igualarem, no mesmo ano, a proeza russa, anteciparam o lançamento do seu próprio satélite, mas o foguetão que o impulsionava
explodiu e a experiência foi um fiasco. Só no início de 1958, com o lançamento de Explorer 1, a América efetivaria a sua entrada na corrida ao Espaço.
Nos anos que se seguiram, a aventura espacial alimentou o orgulho nacional das duas nações. Nos primeiros tempos, os soviéticos mantiveram a liderança e, em
1961, fizeram de Yuri Gagarin o primeiro ser humano a viajar na órbita terrestre. No entanto, no fim da década de 60, coube aos americanos Neil Armstrong e
Edwin Aldrin o feito de serem os primeiros homens a pisarem a Lua. Quando o Homem realizou o feito improvável de alcançar a Lua tornou-se evidente que essa
mesma tecnologia estava a ser utilizada para a construção de armas capazes de aniquilarem toda a Humanidade.
- O Terceiro Mundo
Terceiro Mundo – Expressão criada em 1952, por A Sauvy e G. Balandier para designar os países excluídos do desenvolvimento económico;
Na década de 70 cerca de 70 países da África e a Ásia compartilhavam o atraso económico, constituem o Terceiro Mundo; São países recentemente
descolonizados, alcançaram a independência política mas continuaram dependentes economicamente; Na maior parte desses países as grandes companhias
internacionais continuavam a explorar as matérias-primas e a fornecer os produtos manufaturados aos novos países; Criou-se uma situação de neocolonialismo;
Neocolonialismo – Forma de colonialismo que se exerce pelo domínio económico;
Perante um Mundo divido entre a luta das superpotência e dos seus aliados, um grupo de países propõe uma alternativa à luta entre os blocos comunista e
capitalista, a terceira via; Em 1955, um grupo de países asiáticos (Índia, Indonésia, Birmânia (Myanmar), Ceilão (Sri Lanka), e o Paquistão) convocam uma
conferência para discutir estes assuntos; A Conferência de Bandung (Indonésia) reuniu 29 países da África e da Ásia que no seu comunicado Final aprovaram a
condenação do colonialismo, a rejeição da política de blocos e apelavam à resolução pacífica dos conflitos;
A ideia nascida em Bandung foi-se desenvolvendo em diversos encontros internacionais e vieram a dar corpo ao Movimento dos Não Alinhados, criado
oficialmente na Conferência de Belgrado (Jugoslávia, em 1961; Os grandes promotores foram os chefes de Estado da Índia, Nehru, do Egito, Nasser e da
Jugoslávia, Tito; Procuram desenvolver uma alternativa à bipolarização do Mundo; O movimento começou a atrair um número cada vez maior de países (25 em
1961 e 113 em 1995);
Este movimento denunciava a injustiça da ordem económica internacional que favorecia os países ricos em detrimento dos mais pobres; Denunciou as atuações
da França na Argélia, dos EUA no Vietname e de Portugal em Angola, Moçambique e Guiné; Reivindicam a criação de uma nova ordem económica internacional;
No entanto o facto de existirem situações muito diferentes entre estes países (económica, social, religiosa, cultural) fragilizou o Movimento que hoje se encontra
muito dividido;
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