Segundo a redação do artigo 107 do CPP, in verbis: “Não se poderá
opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”. No entanto, sob o paradigma democrático constitucional, aplica-se ao delegado de polícia o dever fundamental de impessoalidade e, por analogia, as causas de suspeição (artigo 254 do CPP) e impedimento (artigo 252 do CPP) previstas à autoridade judicial. O caso em tela, não obstante, favorece uma hipótese de suspeição, e não de impedimento. De acordo com a primeira, haveria a configuração mediante a condição de comprovação de amizade íntima, cabendo ao interessado provocá-la nesse sentido por simples petição nos autos do inquérito se a autoridade policial não se afastar por si própria. Em não sendo acolhida a tese de quebra da impessoalidade pelo delegado presidente do feito, é possível a interposição de recurso administrativo à autoridade hierarquicamente superior, inclusive ao delegado-geral de polícia e ao secretário de segurança pública, sem prejuízo de eventual reclamação junto ao órgão correcional e ao Ministério Público. Por fim, em nada se resolvendo na esfera administrativa, ganha sentido a provocação jurisdicional por meio de mandado de segurança (artigo 5º, LXIX, da CRFB) ou, em casos extremos, quando caracterizada ofensa à liberdade de locomoção, mediante Habeas Corpus.
A prisão é ilegal, já que a conduta de Túlio é atípica, levando em conta a tese
do Crime impossível, por estar configurada a absoluta impropriedade do objeto. Quanto à decretação da prisão preventiva, necessário se faz a presença de três requisitos: fumaça do cometimento do crime (a materialidade e indício de autoria) + perigo na liberdade do agente (um dos fundamentos trazidos na parte final no artigo 312) + cabimento (hipóteses descritas no artigo 313)1. No primeiro requisito, fumus commissi delicti, precisa ser demonstrado que o crime ocorreu e que possui indícios que seja, o agente, o autor do crime (um requisito frustrado no caso em tela, já eliminando a possibilidade de se decretar prisão preventiva). No que diz respeito ao segundo requisito, qual seja, a fundamentação, deverá ser demonstrado que a liberdade do agente colocará em risco a efetividade do processo. Há um perigo na liberdade do agente, há o periculum libertatis. Para fundamentar, deverá o magistrado trazer elementos concretos na fundamentação, presente nos autos, que façam demonstrar que a liberdade do agente trará prejuízo para o tramitar processual. O terceiro e último requisito é o previsto no artigo 313 do CPP (como por exemplo reincidência em crime doloso), estabelecendo as hipóteses de cabimento da prisão preventiva. Caso não esteja enquadrado em nenhuma das hipóteses ali presentes não há que se falar em prisão preventiva, mesmo que os outros dois requisitos estejam presentes.
A medida cabível ao caso supracitado é o relaxamento da prisão, justificado
quando ausente algum requisito para a decretação da prisão preventiva. A Liberdade Provisória Com ou Sem Fiança é um instituto de Direito Processual Penal que concede liberdade, sob certas circunstâncias, ao réu que está na iminência de ser preso, ou foi preso, em flagrante, ou em decorrência de sentença de pronúncia, ou de sentença penal condenatória, mas que ainda não transitou em julgado. Por outro lado, é instituto incompatível com as prisões cautelares (provisória ou preventiva), por natureza. Para conceder a liberdade provisória, no entanto, é necessário analisar os requisitos legais dos artigos 311 e 312 do CPP, “a contrario sensu”, ou seja, ausente qualquer daqueles requisitos necessários para a manutenção da prisão cautelar, deve-se conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança, a depender do tipo de crime.
A princípio qualquer crime admite liberdade provisória sem fiança. Isto
porque deve prevalecer o Princípio Constitucional da Inocência que diz que ninguém é culpado até que seja condenado por uma sentença penal condenatória transitada em julgado, então, a regra é a liberdade e deve ser respeitada sempre. Ademais, a liberdade provisória sem fiança somente pode ser concedida pela autoridade judicial, desde que fundamentada nos casos do art.310 do CPP (casos de exclusão de ilicitude – art.23 CP) e seu §único que remete aos requisitos do art.311 e 312 do CPP. Assim, o juiz pode conceder liberdade provisória, a qualquer criminoso, independentemente do crime cometido, desde que a decisão seja fundamentada na lei. Afinal, em tese, não existe crime insuscetível de liberdade provisória sem fiança, o que existem são circunstâncias pessoais do acusado, que serão analisadas em cada caso concreto pelo juiz, e que podem torná-lo insuscetível de liberdade provisória.
Já a liberdade provisória com fiança é diferente. Isto porque existem crimes
inafiançáveis, por expressa determinação legal, e crimes afiançáveis. Assim, a depender do crime, pode ser concedida liberdade provisória com fiança, pelo juiz ou até mesmo pela autoridade policial (apenas no caso de prisão em flagrante por infração cuja pena privativa de liberdade máxima não ultrapasse 4 anos). Já para os crimes inafiançáveis não se pode conceder fiança, nem mesmo pelo juiz, ou seja, caso haja necessidade de libertar o réu, a autoridade judicial deverá fazê-lo sem, no entanto, arbitrar qualquer fiança.
Não caberia liberdade provisória a Túlio, tendo em conta a ilegalidade da
prisão preventiva, devendo, em vez disso, ser adotado relaxamento da prisão. A responsabilidade civil, segundo art. 14 do Código do Consumidor, se divide entre objetiva e subjetiva (§ 4°). “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”. Desta maneira, tem-se que é ônus do paciente provar a culpa do médico no caso de sua responsabilização. Cabe ao paciente provar que o médico agiu com negligência, imprudência ou imperícia ao causar o dano clamado pelo paciente.
No caso em tela, cabe à decisão interlocutória Apelação, e não Agravo de
Instrumento, tendo em conta que se vê fora do rol taxativo do art. 1015 do CPC. Com isso, atenta-se ao art. 1009, §1º do mesmo dispositivo, no qual há previsto as hipóteses para cabimento da apelação quando o agravo de instrumento não for uma opção.