Você está na página 1de 2

Disciplina: Mediações e midiatizações do consumo

Docente: Dr. Eneus Trindade Barreto Filho


Discente: Renato Contente

RESUMO 2 – MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações. Comunicação,


cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2001, pp. 290-310.

Jesús Martín-Barbero discorre acerca de um “mapa noturno” para explorar um “novo


campo de investigação”, que ele próprio ajuda a dar corpo e rigor epistemológico,
permeado pelas complexas dinâmicas das mediações em suas variadas interfaces. Para o
autor, é fundamental ter em mãos “um mapa que sirva para questionar as mesmas coisas
– dominação, produção e trabalho – mas a partir do outro lado: as brechas, o consumo e
o prazer”; “um mapa que não sirva para a fuga, e sim para o reconhecimento da situação
a partir das mediações e dos sujeitos” (p. 290).

Tendo como ponto de partida a televisão e a relação entre este veículo-conceito e as


culturas populares da América Latina, o autor mobiliza uma série de conceituações para
sustentar sua visão acerca das mediações – atreladas às próprias lógicas da produção e
dos usos do consumo televisivo –, ao exemplo de cotidianidade, simulação do contato,
retórica do direto, estética da repetição, etc. No texto, interessa a Martín-Barbero
entender a dinâmica e as nuances das mediações que o consumo deste meio específico
engatilha em seus espectadores.

O autor se debruça sobre um componente específico desse processo, que é a questão do


gênero no âmbito televisivo. Martín-Barbero entende o gênero enquanto uma estratégia
de comunicabilidade, reconhecimento e inteligibilidade, que tem papel central para a
efetivação das mediações que entrelaçam a cultura do consumo televisivo de uma
maneira geral. De acordo o autor, os gêneros não podem ser estudados sem uma
redefinição da própria concepção de comunicação, uma vez que “seu funcionamento
nos coloca diante do fato de que a competência textual, narrativa, não se acha apenas
presente, não é unicamente condição da emissão, mas também da recepção” (p. 304).

Martín-Barbero detalha essa análise quando discorre acerca do exemplo do melodrama


no âmbito do consumo televisivo da América Latina. Na visão dele, o melodrama seria
“o modo de expressão mais aberto ao modo de viver e sentir da nossa gente” (p. 305), o
que ativa instâncias de reconhecimento que se relacionam inclusive à produção de
identidades nacionais, componente que ressalta a centralidade das mediações (e, nesse
caso, talvez possamos também incluir as midiatizações) para o delineamento da cultura
na qual estamos invariavelmente inseridos.

Questão proposta: Como podemos nos apropriar das considerações de Martín-Barbero


acerca das mediações televisivas para as redes sociais digitais? Quais adaptações
metodológicas precisam ser levadas em consideração para tal? Como se dá a relação
ambígua entre dominação e prazer suscitadas pelos processos de mediação, como o
autor sugere?

Você também pode gostar