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Traçado do gráfico de
funções
Sumário
14.1 O crescimento da função e a derivada . . . . . . . . 2
14.2 Teste da derivada primeira e da derivada segunda . 8
14.3 Concavidade do gráco de uma função . . . . . . . 13
14.4 Textos Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1
Unidade 14 O crescimento da função e a derivada
Para esboçar o gráco de uma função dois aspectos essenciais devem ser
analisados: os intervalos de crescimento e decrescimento e os intervalos de
concavidade para cima e de concavidade para baixo do gráco.
Veremos que para funções deriváveis o primeiro aspecto - crescimento - está
relacionado aos sinais da função derivada enquanto que o segundo aspecto -
concavidade - está relacionado aos sinais da derivada segunda.
π
f′ 2b =0
1
0
f(
>
′ b)
a)
b b
<
f ′(
a π
b π
2
2
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
(i) f é não decrescente em [a, b] se, e somente se, f 0 (x) ≥ 0 para todo
x ∈ (a, b). Além disso, se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b) então f é
crescente em [a, b].
(ii) f é não crescente em [a, b] se, e somente se, f 0 (x) ≤ 0 para todo x ∈
(a, b). Além disso, se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, b) então f é decrescente
em [a, b].
f (x + h) − f (x)
f (x + h) ≥ f (x) =⇒ f (x + h) − f (x) ≥ 0 =⇒ ≥0.
h
Se h < 0, temos x + h < x e, como f é não decrescente:
f (x + h) − f (x)
f (x + h) ≤ f (x) =⇒ f (x + h) − f (x) ≤ 0 =⇒ ≥0.
h
f (x + h) − f (x)
Em ambos os casos, ≥ 0. Portanto
h
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim ≥0.
h→0 h
f (x1 ) − f (x0 )
f 0 (c) = .
x1 − x0
3
Unidade 14 O crescimento da função e a derivada
Por outro lado, se vale que f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então ca
garantido que f 0 (c) > 0 e vale que f (x1 ) − f (x0 ) > 0 =⇒ f (x1 ) > f (x0 ), o
que mostra que f é crescente.
intervalo sinal de f 0 f
x<1 − decrescente
x>1 + crescente
−4 −3 −2 −1
−1 1 2 3 4
−2
−3
−4 b
4
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
intervalo sinal de f 0 f
x < −1 + crescente
−1 < x < 1 − decrescente
x>1 + crescente
Mas falta ainda um detalhe, quando dizemos que ela é crescente em (−∞, −1)
e atinge o ponto A = (−1, 32 ), ela cresce a partir de onde? Quando dizemos
que cresce em (1, ∞), saindo do ponto B = (1, − 23 ), cresce até onde?
Para responder esta pergunta, devemos considerar os limites innitos da
função. Felizmente, estes são fáceis de serem calculados:
x3 x3
lim − x = −∞ e lim −x=∞ .
x→−∞ 3 x→∞ 3
5
Unidade 14 O crescimento da função e a derivada
1
A b
−3 −2 −1 1 2 3
b
−1 B
−2
Exemplo 4 Seja a função f (x) = 3x4 + 4x3 − 36x2 + 29. Determine os intervalos em
que f é crescente e aqueles em que f é decrescente.
6
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
50
b
B
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4
b
−50 C
−100
b
−150
7
Unidade 14 Teste da derivada primeira e da derivada segunda
f ′ (x) = 0
b
f ′ (x) > 0 b b
f ′ (x) < 0
f ′ (x) < 0
′
f (x) > 0 b b
b b
f ′ (x) < 0 b b
f ′ (x) > 0 f ′ (x) = 0 f ′ (x) = 0
b
f ′ (x) > 0 f ′ (x) < 0 b
f ′ (x) = 0
(a) mínimo local (b) máximo local (c) nem mínimo nem máximo local
Figura 14.5
(iii) Se f 0 não muda de sinal em c então não tem máximo nem mínimo lo-
cal em c.
8
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
A derivada da função é
(x2 + 1) − x(2x) 1 − x2
f 0 (x) = = .
(x2 + 1)2 (x2 + 1)2
Logo,
f 0 (x) = 0 =⇒ 1 − x2 = 0 =⇒ x = ±1 .
Vemos que:
9
Unidade 14 Teste da derivada primeira e da derivada segunda
Proposição 7 Seja f uma função derivável em um intervalo aberto I e seja c ∈ I tal que
Teste da derivada 0
f (c) = 0. Se f 00 (c) existe então:
segunda
(i) Se f 00 (c) < 0 então f possui um máximo local em c.
f 0 (x)
Logo, há um intervalo (a, b) contendo c tal que x−c
< 0 para todo x ∈ (a, b).
Portanto,
f 0 (x)
a<x<c =⇒ x − c < 0 e < 0 =⇒ f 0 (x) > 0 .
x−c
f 0 (x)
c<x<b =⇒ x − c > 0 e < 0 =⇒ f 0 (x) < 0 .
x−c
Portando, f passa de crescente para decrescente em c. Pelo teste da derivada
primeira, f tem máximo local em x = c.
10
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
2
b A 3
−1 b
1
B
f 0 (x) = 0 =⇒ 3x2 = 0 =⇒ x = 0 .
g 0 (x) = 0 =⇒ 4x3 = 0 =⇒ x = 0 .
h0 (x) = 0 =⇒ −4x3 = 0 =⇒ x = 0 .
Como vemos, nos três casos, x = 0 é o único ponto crítico. É fácil ver que
f 00 (0) = g 00 (0) = h00 (0) = 0. No entanto, x = 0 não é mínimo nem máximo
local de f , é ponto de mínimo local de g e ponto de máximo local de h. Ver
Figura 14.7.
11
Unidade 14 Teste da derivada primeira e da derivada segunda
f (x) = x3
f (x) = −x4
b b b
4
f (x) = x
Figura 14.7
O teste da derivada segunda não pode ser aplicado quando f 00 (c) não existe
e, como vimos, é inconclusivo quando f 00 (c) = 0. Nestes dois casos devemos
usar o teste da derivada primeira, que pode ser aplicado em qualquer caso.
12
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
B
B b b
f g
Ab Ab
a b a b
Figura 14.8
B
B b b
f g
Ab Ab
a b a b
Figura 14.9
13
Unidade 14 Concavidade do gráfico de uma função
−3 −2 −1 1 2 3
−1
−3
1
Figura 14.10: f (x) =
x
14
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
(ii) Se f 00 (x) < 0 para todo x ∈ I então o gráco de f tem concavidade para
baixo em I .
Seja a função f : R \ {0} → R \ {0} dada por f (x) = x1 . Verique seus Exemplo 12
intervalos de crescimento e concavidade.
Derivando uma vez, obtemos f 0 (x) = − x12 . Como − x12 < 0 para todo
x 6= 0, a função é decrescente em todo seu domínio. Derivando novamente,
0
obtemos f 00 (x) = − x12 = x23 . Logo
2 2
x < 0 =⇒ f 00 (x) = 3
< 0 e x > 0 =⇒ f 00 (x) = 3 > 0 .
x x
Portanto, o gráco de f tem concavidade para baixo no intervalo (−∞, 0) e
concavidade para cima no intervalo (0, ∞). Verique as conclusões obtidas
sobre o gráco de f na gura 14.10.
15
Unidade 14 Concavidade do gráfico de uma função
f (x) = x3 A derivada primeira é f 0 (x) = 3x2 > 0 para todo x 6= 0. Portanto, a função
é crescente para todo intervalo aberto que não contenha x = 0 e, na verdade,
3
é fácil ver que é crescente em toda a reta.
2
0
1
A derivada segunda é f 00 (x) = (3x2 ) = 6x. Temos que f 00 (x) > 0 para
b x > 0 e f 00 (x) < 0 para x < 0. Portanto, o gráco tem concavidade voltada
−1
−1
1 para cima no intervalo (0, ∞) e concavidade voltada para baixo no intervalo
−2 (−∞, 0).
−3 No exemplo anterior, a concavidade muda de direção no ponto (0, 0). Tais
pontos recebem o nome de pontos de inexão.
(b) f 0 (x) > 0 para x ∈ (−∞, 2) ∪ (6, ∞) e f 0 (x) < 0 para x ∈ (2, 6).
(c) f 00 (x) > 0 para x ∈ (−∞, −1) ∪ (4, ∞) e f 00 (x) < 0 para x ∈ (−1, 4).
A condição (b) nos diz que a função é crescente para x < 2 ou x > 6
e decrescente em 2 < x < 6. A condição (c) nos diz que a função tem
concavidade para cima para x < −1 ou x > 4 e concavidade para baixo em
−1 < x < 4. Reunindo esta informação temos:
16
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
Para esboçar um possível gráco, temos que levar em conta os limites in-
nitos da condição (d). Como limx→−∞ f (x) = −2 então o gráco tem uma
assíntota horizontal em y = −2. O gráco da gura 14.11 mostra um possível
gráco para a função.
5 B
b
3 b
C
2
A b
1
D
b
−7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
−1
−2
−3
Figura 14.11
A derivada da função é
2 2 1 2 1 1
f 0 (x) = (x + 1) 3 −1 (x − 3) 3 + (x + 1) 3 (x − 3) 3 −1
3 3
2 1 1 1 2 2
= (x + 1)− 3 (x − 3) 3 + (x + 1) 3 (x − 3)− 3
3 3
17
Unidade 14 Concavidade do gráfico de uma função
13 23
2 x−3 1 x+1
= +
3 x+1 3 x−3
2 1 2 2 1
3
(x − 3) 3 (x − 3) 3 + 13 (x + 1) 3 (x + 1) 3
= 1 2
(x + 1) 3 (x − 3) 3
5
x− 3
= 1 2 .
(x + 1) 3 (x − 3) 3
1 2
(x − 53 ) (x + 1) 3 (x − 3) 3 f 0 (x)
x < −1 − − + +
−1 < x < 53 − + + −
5
3
<x<3 + + + +
x>3 + + + +
1 2
2 2 1 1
1.(x + 1) 3 (x − 3) 3 − (x − 35 ) 13 (x + 1)− 3 (x − 3) 3 + 23 (x + 1) 3 (x − 3)− 3
= 2 4
(x + 1) 3 (x − 3) 3
1 2
2 2 x+1 13
(x + 1) 3 (x − 3) 3 − (x − 35 ) 13 x+1
x−3 3
+ 3 x−3
= 2 4
(x + 1) 3 (x − 3) 3
−32/9
= 4 5
(x + 1) 3 (x − 3) 3
O estudo dos sinais de f 00 (x) resulta em:
4 5
− 32
9
(x + 1) 3 (x − 3) 3 f 00 (x)
x < −1 − + − +
−1 < x < 3 − + − +
x>3 − + + −
18
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
5
b
A 3 b
B
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
−2 b
C
−3
que f (0) = tan 0−0 = 0. Basta então mostrar que f (x) é crescente em 0, π2 .
Mas
π
f 0 (x) = (tan x − x)0 = sec2 x − 1 = tan2 x > 0 para 0 < x < .
2
19
Unidade 14 Concavidade do gráfico de uma função
Exercícios
Para cada uma das funções dos itens 1 a 4, encontre os intervalos em que
ela é crescente e decrescente.
1. f (x) = x3 − 5x + 4.
5. f (x) = x + cos x.
7. f (x) = x5 − 5x.
√
8. f (x) = x + 1 − x em (−∞, 1).
9. f (x) = x + 1/x.
√
10. f (x) = x x + 1.
11. f (x) = x3 − x.
14. f (x) = x − 1
x2
.
20
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
f (x) = x 3 + x 3 .
1 4
15.
16. f (x) = x
x+2
.
19. Esboce gráco de uma função contínua f : R−{3} → R tal que f 0 (x) < 0
para todo x ∈ R − {3}; f 00 (x) < 0 para x < 3 e f 00 (x) > 0 para
x > 3; limx→−∞ f (x) = limx→∞ f (x) = 1; limx→3− f (x) = −∞ e
limx→3+ f (x) = ∞.
20. Seja f uma função derivável no intervalo aberto I . Suponha que f tenha
concavidade para cima em I . Mostre que para quaisquer a, b ∈ I , vale
que
21
Unidade 14 Textos Complementares
f (a) + f ′ (a)(x − a)
f (a) b
a x
Como f 00 (x) > 0 em I então f 0 (x) é uma função crescente e, portanto f 0 (a) <
f 0 (c). Multiplicando essa equação pelo fator positivo (x − a), resulta:
22
Traçado do gráfico de funções Unidade 14
o que mostra que a curva está acima da tangente em (a, f (a) para x > a.
O caso x < a é análogo. Existe c ∈ (x, a) tal que f (x)−f (a) = f 0 (c)(x−a)
e f 0 (c) < f 0 (a) já que f 0 é crescente. Multiplicando pelo fator negativo (x − a)
inverte-se o sinal da desigualdade e
f 0 (c) < f 0 (a) =⇒ f 0 (c)(x−a) > f 0 (c)(x−a) =⇒ f (x)−f (a) > f 0 (c)(x−a)
23