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– Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que não
posso responder. Faze como fizeste, vieste e não
perguntaste porquê.
– E agora?
– Mulher?
– Porque é preciso.
– Comigo.
Blimunda Sete-Luas
Blimunda é o segundo membro do casal
protagonista da narrativa.
Mulher sensual e inteligente, Blimunda
vive sem subterfúgios, sem regras que a
condicionem e escravizem. Dotada de
poderes invulgares, como a mãe, escolhe
Baltasar para partilhar a sua vida, numa
existência de amor pleno, de liberdade,
sem compromissos e sem culpa.
Blimunda representa o transcendente e a
inquietação constante do ser humano em
relação à morte, ao amor, ao pecado e à existência de Deus. O seu
dom particular (ecovisão) transfigura esta personagem,
aproximando-a da espiritualidade da música de Scarlatti e do sonho
de Bartolomeu de Gusmão. Ao visualizar a essência dos que a
rodeiam, Blimunda transgride os códigos existentes e perceciona a
hipocrisia e a mentira que subjazem aos comportamentos
estereotipados, condicionados pelos dogmas estabelecidos que
corporizam os falsos conceitos morais.