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RA:11057714
A cidade do empreendedorismo
(Peter Hall)
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Neste texto, o autor critica a nova forma de planejamento urbano que passou a se subordinar
aos interesses dos empreendedores , cujos reflexos se veem até hoje nas obras de infraestrutura
públicas que viabilizam a exploração privada de espaços, ficando para si somente os benefícios dos
investimentos, e não tão somente os investimentos iniciais maciços. Essa tendência nasceu nos EUA
com seus valores neoliberais e um dos maiores símbolos desse modelo de planejamento pós moderno,
se encontra na Inglaterra.
Uma crise de natureza econômica atingiu em cheio a Inglaterra e EUA entre a década de 70 e
80, alterando toda sua estrutura social através do desemprego em massa nas manufatureiras,
chegando a ordem dos milhões. Isso levou ao deslocamento das empresas para outras regiões e à
mudanças na dinâmica social de seu entorno.
Nessa mesma época o pensamento neoconservador ganhava força mais uma vez contra as
medidas políticas keynesianas de bem estar aplicadas até então coexistindo com negadores ferrrenhos
do Plano de Desenvolvimento Comunitário que apontava que os problemas do desenvolvimento eram
na verdade estruturais, o que já era um consenso, sobretudo ignorado.
Tanto nos EUA quanto na Inglaterra, medidas muito semelhantes foram tomadas para reverter
o quadro de degradação e decadência das cidades industriais mais atingidas pela crise. A principal
alternativa buscada para alavancar e movimentar as economias, foi a reestruturação e reurbanização
das cidades através da exploração de novos serviços, formas de ocupação, fomentando principalmente
ao comércio e turismo. Essas medidas, adjacentes a este contexto, são claramente exemplificadas pela
construção da cidade de Columbia e Baltimore, projetada por uma corporação financeira presidida por
James Rouse, do qual deriva o termo e conceito “rousificação” . Tais ambientes, promovem a
segregação dos espaços e a elitização, dando novas utilidades às quais não refletem às necessidades e
ânsias dos residentes já instalados. Essa tendência foi, e ainda é, muito comum nesses países, onde é
normal que a esfera privada entre com uma proporção de investimentos muito menores que as do setor
público e , ainda assim, é esta a responsável pela exploração do seu potencial econômico, gerando
intensa especulação imobiliária; além disso, dessa parceria se segue a tendência dos incentivos fiscais
e legislativos de prefeituras e órgãos federais para que, através do planejamento de novas cidades, se
movesse e alavancasse a economia. Percebese então, uma nítida transição do papel do planejador que
agora, antes de olhar as necessidades reais das pessoas e das cidades, as molda criando novas
necessidades e moldando uma nova dinâmica que descaracteriza os atores, ao persuadirem, mais do
que discutirem o modelo proposto.
Algumas iniciativas se mostraram falhas,isto significa, sobretudo, da baixa disponibilidade de
empregos, obtendo índices de desenvolvimento muito semelhante às projeções caso não houvesse
intervenções. Por esse e outros motivos, esse modelo é bastante criticado, inclusive por Peter Hall. Em
suas críticas mal compreendidas , apesar da sua aparente posição favorável à total livre iniciativa e
não controle da imigração, possibilitando a recriação dos espaços, ele ainda assim não recomenda que
um desenvolvimento feito pelos extremos seja levado a cabo, mas que ele se adapte como fez Hong
Kong, de modo transitivo.
Em seguida é tratada a recuperação da região das docas Docklands, Inglaterra. Antes
reconhecida como maior porto, ela passa a sofrer dos reflexos da crise, desencadeando no desemprego
e migração dos trabalhadores portuários para outras regiões. Para revitalizar as cidades, ainda dentro
da lógica desenvolvimentista no entanto, criouse uma alternativa de incentivar aos projetos menores
ou projetos urbanos em comunidades que apresentassem potencial econômico a ser explorado, o que
resultou no desenvolvimento de muitas cidades da Inglaterra, em comparação ao primeiro modelo,
desencadeando também, um processo de descentralização nos investimentos e desenvolvimento
melhor não centralizado.
Mais adiante, o texto retoma a questão da proporção dos investimentos e da estratégia de
UDAG( Urban development act grant) e traz uma crítica sobre os benefícios revertidos para o setor
privado a partir do incentivo público e , então, analisa a questão do papel do planejador e urbanista a
partir de contextos sociais, políticos e econômicos, trazendo como exemplo, a posterior recuperação
econômica desses países e, no caso da Inglaterra sob o governo da primeira ministra Margaret
Tatcher, o modo como as estratégias anteriormente adotadas foram ignoradas, suas estruturas
aproveitadas e o incentivo ao planejamento urbano quase totalmente suprimido para serem tratados
topicamente caso a caso, e garantindo sua manutenção e bom funcionamento.
O autor acredita que, apesar dos contextos e das “redefinições” de planejamento e urbanismo, esses
profissionais sempre existirão.