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Análise estratégica do processo de


formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas
e desafios
Strategic analysis of the formulation process of SUS National Policy
on Monitoring and Evaluation (PNM&A-SUS): challenges and
lessons learned

Luiz Marques Campelo1, Elizabeth Moreira dos Santos2, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira3

RESUMO O artigo apresenta a Análise Estratégica (AE) do processo de formulação da Política


Nacional de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde (PNM&A-SUS). O estudo
qualitativo utilizou-se da análise documental e revisão de literatura considerando as três di-
mensões da AE: pertinência do problema, ou seja, necessidade institucional da política; dos
objetivos propostos e das parcerias mobilizadas. A análise mostrou que a formulação vem
1 Ministério da Saúde, acontecendo de forma descontínua e não há definição de conceitos, proposições e usos unani-
Secretaria Executiva memente aceita entre os stakeholders. O processo interrompido necessita ser retomado para a
(SE), Departamento
de Monitoramento e elaboração consensuada da PNM&A-SUS, considerando as lições aprendidas e a apropriação
Avaliação do SUS (Demas) realista do contexto.
– Brasília (DF), Brasil.
luiz.campelo@saude.gov.br

2 Fundação
PALAVRAS-CHAVE Formulação de políticas. Saúde Pública. Avaliação em Saúde.
Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio ABSTRACT This article presents the Strategic Analysis (AE) of the formulation process of SUS
Arouca (Ensp), Laboratório
de Avaliação de Situações National Policy on Monitoring and Evaluation (PNM&A-SUS). The study employed a quali-
Endêmicas Regionais tative document analysis and literature review, accounting for the three dimensions of AE:
(Laser) – Rio de Janeiro
(RJ), Brasil. Ministério da relevance of the problem (needed institutional policy); proposed objectives and mobilized part-
Saúde, Secretaria Executiva nerships. The analysis showed a discontinuous formulation process with relevant controversies
(SE), Departamento
de Monitoramento e regarding evaluation purposes, assumptions, responsibilities and expected competencies among
Avaliação do SUS (Demas) stakeholders. The interrupted formulation process needs to be recommenced, as for the lessons
– Brasília (DF), Brasil.
Universidade Federal do learned and the realistic context assessment.
Rio de Janeiro (UFRJ),
Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva (Iesc) – Rio KEYWORDS Policy making. Public health. Health evaluation.
de Janeiro (RJ), Brasil.
betuca51@gmail.com

3 Universidade Federal
do Pará (UFPA), Instituto
de Filosofia e Ciências
Humanas, Faculdade de
Psicologia e Programa
de Pós-Graduação em
Psicologia – Belém (PA),
Brasil.
pttarso@gmail.com

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 41, N. ESPECIAL, P. 34-49, MAR 2017 DOI: 10.1590/0103-11042017S04
Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 35

Introdução em seus resultados, formas de exercício do


poder político, envolvendo a distribuição e re-
O objetivo desse artigo é apresentar os resul- distribuição de poder, o papel do conflito social
tados da análise estratégica do processo de nos processos de decisão, a repartição de cus-
formulação da Política de Monitoramento tos e benefícios sociais. [...]. (TEIXEIRA, 2002, P. 2).
e Avaliação do Sistema Único de Saúde
(PM&A-SUS). O artigo apresenta achados Nessa ótica, a formulação não é meramente
da análise documental relacionada ao pro- o resultado do conjunto de intenções de um
cesso de formulação a ser completada com Estado ou de um Governo em um texto norma-
a percepção dos atores envolvidos. As refle- tivo que será objeto de apreciação de instâncias
xões sobre a PM&A-SUS surgiram a partir superiores. A formulação de uma política é um
da percepção tácita do descompasso entre a processo dinâmico, que exige do poder público
formulação e publicação dessa, em compara- ações além de uma série de reuniões institucio-
ção com a Política Nacional de Informação e nalizadas. Há de se constituir um processo sis-
Informática em Saúde (PNIIS). tematizado e organizado com a participação da
No curso do processo de institucionalização sociedade civil e dos demais atores envolvidos
das práticas de monitoramento, avaliação e dis- na temática.
seminação da informação estratégia no âmbito Dessa forma instiga-se a necessidade das
do Sistema Único de Saúde (SUS), a formula- reflexões apresentadas neste artigo. A análise
ção da PM&A-SUS e a da PNIIS iniciaram-se, estratégica realizada considerou as suas três di-
pari passu, por meio de processo articulado e mensões aplicadas ao processo de formulação:
inter-relacionado. A premissa comum era a de verificação da pertinência do problema, i.e.,
que, por meio de um processo contínuo e siste- falta de uma política formalizada; dos objetivos
mático de Monitoramento e Avaliação (M&A), formulados para a política, considerando-se
seria possível obter informações estratégicas à propósitos e usos do monitoramento e avalia-
tomada de decisão, prestação de contas e, con- ção; e caracterização dos atores e parcerias es-
sequentemente, contribuir para a transparên- tabelecidas para a sua construção.
cia e disseminação de informações da gestão do
SUS, daí a necessidade de ambas. Entretanto a
PNIIS foi publicada em 2015, o que não aconte- O contexto
ceu com a PM&A-SUS.
A formulação de uma política compõe-se O desenvolvimento de marcos referenciais
de um conjunto de etapas consubstanciadas, para a avaliação no setor saúde tem sido
não subsumidas, mas interdependentes e agenda de gestores nos países membros
que incorpora, em um contexto de consensos da Organização para Cooperação e
e conflitos, aspectos relacionados ao modus Desenvolvimento Econômico (OCDE) e de
operandi escolhido por um Estado para in- organismos internacionais da saúde. Esse
terferir nas relações sociais de seus cidadãos processo configura-se como uma elaboração
(PAESE; AGUIAR, 2012). longa e trabalhosa por envolver, em geral,
Segundo Teixeira (2002), elaborar uma um grande número de parceiros e institui-
política significa definir “quem decide o ções com interesses diferenciados por vezes
quê, quando, com que consequências e para convergentes por vezes divergentes em
quem”, revelando o posicionamento políti- busca de acordos e consensos. Além disso,
co-ideológica de um governo: o ajuste fiscal e a necessidade de rearranjos
econômicos e sociais mais equitativos, em
As políticas públicas traduzem, no seu proces- especial nos países em desenvolvimento e
so de elaboração e implantação e, sobretudo, recém-democratizados, impulsionaram a

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formulação de políticas públicas, com maior agenda, formulação das alternativas, tomada
destaque àquelas restritivas de gastos. de decisão, implementação e avaliação. A
No contexto da América Latina, a formu- formulação de uma política, foco das refle-
lação das políticas públicas deu-se conco- xões deste artigo, é a fase em que os governos
mitantemente ao desenvolvimento de ações traduzem em atividades os seus propósitos e
de monitoramento e avaliação com vistas ao plataformas político-ideológicas na busca de
fortalecimento da accountability e da trans- efeitos capazes de gerar a mudança, ou seja,
parência para a responsabilização dos gastos transportam seus marcos referenciais, sua
nas administrações públicas, tendo sido tais intencionalidade, para a prática.
ações impulsionadas mais por organismos Formular uma política não é uma ação
internacionais que por esforços estatais isolada, simples e inicial do ‘ciclo das polí-
(VIACAVA ET AL., 2004; SOUZA, 2006; NEIROTTI, 2012). ticas públicas’, devendo ser compreendida
A análise de políticas públicas é um exer- como um processo que envolve a identifica-
cício complexo pela característica multidi- ção do cenário do problema que a política em
mensional desse objeto de estudo. Não há, na construção pretende enfrentar. Configura-se
literatura, definição única, estática e unani- na fase em que os atores participantes devem
memente aceita de política pública. Também reconhecer e definir o problema, correlacio-
são múltiplas as metodologias e modelos uti- nando-o à agenda política. Na formulação,
lizados para descrevê-las. Neste artigo, adota- as primeiras decisões são tomadas e, con-
-se a concepção de política pública como um sequentemente, seus efeitos refletirão nas
sistema de ações selecionadas por um governo etapas seguintes (SIDNEY, 2007).
no intuito de se obterem efeitos sobre um ou Sobre o processo de formulação, Cochran
mais problemas em uma sociedade dinâmica. e Malone (1999) apud Sidney (2007) interrogam
Embora não consensual quanto às fases es- que, nesse estágio, diversos questionamentos
truturais, a literatura pertinente utilizar-se da são levantados com o objetivo de se identi-
ideia de ciclo contínuo para descrever as fases ficar o problema, demostrando a complexi-
das políticas, isto é, a identificação de momen- dade da formulação. Dentre eles, perguntam
tos específicos do processo de construção e qual o problema? Qual o plano ou estratégias
implementação de uma política, ressaltando- para eliminar o problema? Qual são os ob-
-se a contribuição de tal esquematização para jetivos e as prioridades? Quais opções são
o conhecimento e apropriação da própria po- possíveis para se obterem os resultados pre-
lítica (MATTOS; BAPTISTA, 2015). tendidos? Quais os custos e benefícios destas
A literatura refere-se ao ‘ciclo das políti- opções? Quais externalidades, positivas ou
cas públicas’ como compreendendo diversas negativas, interferem ou estão associadas
etapas ou momentos. Paese e Aguiar (2012) em com as alternativas possíveis?
revisão temática sobre o ‘ciclos das políticas Na perspectiva de se considerar a políti-
púbicas’ considera que caracterização destas ca como um ciclo, o primeiro passo é o re-
fases não é uniforme e muito menos unânime. conhecimento do problema abordado como
Em sua revisão, estes autores trazem à tona relevante no contexto em que esta se desen-
os achados de Howlett e Ramesh, no final volverá fortemente influenciado por alguns
dos anos 1990, que considera as fases de fatores como: os anseios e demandas da so-
montagem da agenda, formulação da políti- ciedade, as necessidades insatisfeitas, julga-
ca, tomada de decisão, implementação, mo- mento de mérito e valor do problema entre
nitoramento e avaliação. Incorporam ainda outros (VIANA; BAPTISTA, 2014).
os estudos de Secchi, na primeira década A construção de uma PM&A-SUS apre-
do século XXI, que descreve as etapas como senta uma multidimensionalidade de fatores
de identificação de problemas, formação de que devem ser objeto de apreciação por

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parte dos formuladores, tais como o norma- Não é a vontade de um técnico do setor pú-
tivo jurídico-regulatório vigente, a articula- blico, de um pesquisador acadêmico ou go-
ção, aceitabilidade e viabilidade política, os vernante eleito, com conhecimento empírico
custos e os benefícios dentre outros. consistente da realidade ou visão ousada, que
A formulação propriamente dita configu- garante imediatamente a incorporação de
ra-se na mobilização da ação política e social uma problemática social na agenda formal de
dos grupos de interesse dotados de fortes re- governo [...]. (JANNUZZI, 2016, P. 33).
cursos e poder durante um governo, e cujos
trabalhos resultarão na elaboração de um No Brasil, especificamente no setor saúde,
conjunto de alternativas para o enfrentamen- a formulação, implementação e avaliação das
to do problema em questão (VIANA; BAPTISTA, políticas públicas têm apresentado, desde a
2014). Os custos e possíveis implicações ins- redemocratização do País, em especial pós
titucionais também devem ser objetos de 2003, forte tendência à governança demo-
apreciação no momento da construção do crática por meio do fortalecimento à partici-
documento normativo (JANNUZZI, 2016). pação da sociedade, transparência, qualidade
A literatura tem descrito a formulação e eficiência na ação pública (PAESE; AGUIAR, 2012).
como um processo de bastidor, a denomi- Por exemplo, a Política Nacional de
nada back-room function, por entender que, Medicamento (PNM), analisada por Machado
apesar de desenvolver-se em meio à estru- (2013), é um exemplo dessa nova concepção
tura político-burocrata e administrativa de de Policy Making no País. A PNM contou, em
um governo, ela envolve um conjunto menor sua formulação, com setores do próprio MS,
de atores sob o ponto de vista quantitativo, gestores das três esferas de gestão dos SUS, re-
mas não do ponto de vista do envolvimen- presentantes dos mais variados segmentos do
to institucional. Ou seja, o quantitativo de setor público e privado diretamente envolvidos
representantes por instituição é menor, com o objeto da política e com a sociedade, e,
porém o conjunto de instituições partícipes indiretamente, por meio do Conselho Nacional
do processo de definição da agenda perma- de Saúde. Partindo-se da problemática da di-
nece representado e, em alguns casos, pode ficuldade de acesso aos medicamentos, suas
ser ampliado. Isso pode ocorrer pelo caráter causas e consequências foram objeto de debate
técnico-especializado exigido aos membros em diversas arenas decisórias. Machado afirma
do colegiado de formuladores, que torna a que foi ‘imprescindível a participação popular’,
formulação uma fase crítica do ‘ciclo das po- independe da metodologia escolhida pelos
líticas públicas’ (SIDNEY, 2007). formuladores é fundamental a abertura e in-
Também é valido o pensamento de Vianna corporação, em maior ou menor grau, das con-
(2014) e Jannuzzi (2016) que revela limitações siderações daqueles que usufruirão ou serão
institucionais sofridas pelos grupos de in- objetos das normativas elencadas na política
teresse na formulação da política, pois as que há de vir. Paese e Aguiar (2012) reafirmam
escolhas, em um governo, estão imersas em essa característica da governança democrática
uma cultura sócio-política e econômica com no setor saúde brasileiro.
aspectos visíveis e outros ocultos. A formulação de uma política de moni-
toramento e avaliação para o SUS não seria
Em contrapartida, as regras institucionais li- diferente. É fato que as ações de monito-
mitam o raio de ação de quem toma decisões, ramento e avaliação em saúde ocorrem há
e a decisão ocorre em instâncias hierárquicas décadas no País com uma miscelânea de con-
governamentais, dentro de um Estado hierar- ceitos, metodologias, instrumentos e aborda-
quizado e que possui formas específicas de gens (BRASIL, 2015).
funcionamento [...]. (VIANA; BAPTISTA, 2014, P. 67). Realizar ações de monitoramento e

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avaliação em um sistema de saúde público e legislação estruturante, Lei nº 8.080/90, o


universal não é uma tarefa fácil, em especial Artigo 15 aborda como competência e atri-
no Brasil de 210 milhões de pessoas, tripla buições comuns dos entes federados a ne-
carga de doença, necessidades ilimitadas e cessidade de instrumentos e mecanismos de
recursos escassos. Entretanto, torna-se uma avaliação. No fim dos anos 1990, as preocupa-
ação indispensável à luz da dimensão estra- ções ressurgem no cenário nacional por meio
tégica do setor e do contexto sócio-político e da implantação do Programa Nacional de
econômico. Nesse âmbito, as diversas inicia- Avaliação de Serviços Hospitalares (Portaria
tivas de monitoramento e avaliação têm-se GM nº 3.408/98), do estabelecimento de in-
utilizado de uma prática mais reflexiva com dicadores da atenção básica (Portaria GM
vistas ao fortalecimento do SUS (SANTOS, 2013). nº 3.925/98) e do início das atividades da
Proposta de Avaliação de Desempenho do
Política Nacional de Monitora- Sistema de Saúde (Proadess) (ALMEIDA, 2003).
mento e Avaliação: o labirinto da Paralelamente, no cenário internacional, ca-
formulação pitaneada pela Organização Pan-Americana
da Saúde, instituiu-se a Rede Interagência
Data da criação do SUS, no início dos anos de Informações para a Saúde (Ripsa).
1990, a preocupação com a necessidade Apresenta-se uma síntese temporal de ini-
de monitoramento e avaliação. Em sua ciativas na figura 1.

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Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 39

Figura 1. Experiências avaliativas e iniciativas de institucionalização das ações e práticas de monitoramento e avaliação no
setor público da saúde

1988 Constituição Federal CF/88

1989

1990 Lei nº 8.080/90

1991
Criação do Departamento de Controle,
1992 Avaliação e Auditoria (DECA)

1993

1994 Ripsa

1995

1996

1997 PNASH
Indicadores de Atenção Básica
1998 PNASS Criação dos Departamentos:
Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) e
1999 de Controle e Avaliação de Sistemas (Decas)
World Health Report 2000 (WHR)
2000 Overall Health System Performance

2001 Criação da Coordenação de Acompanhamento,


Controle e Avaliação do Departamento de
2002 Proadess Atenção Básica.
Transformação do Decas no
2003 Departamento de Regulação,
Avaliação e Controle de Sistemas
2004 (Derac)

2005
Criação do Departamento Monitoramento
2006 e Avaliação da Gestão do SUS
(Demags)
2007

2008

2009
e-Car
2010 IDSUS
Criação do Departamento de
2011 Monitoramento e Avaliação do SUS
(Demas)
2012

2013

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Internamente, o Ministério da Saúde e coordenar a formulação da Política de


(MS) caminhou, nesse mesmo período, para Monitoramento e Avaliação. A conformação
a criação de estruturas administrativas vol- de uma Política Nacional de Monitoramento
tadas às ações de monitoramento e avaliação e Avaliação para o Sistema Único de Saúde
do SUS. Em 1993, foi constituído e implan- (PM&A-SUS) tem, dentre seus objetivos, o
tado o Departamento de Controle, Avaliação de apresentar um paradigma para gestão do
e Auditoria, que, em 2000, se desdobrou no Sistema, diante da necessidade de sistemati-
Departamento Nacional de Auditoria do SUS zação e regulamentação específica em moni-
(Denasus) e no Departamento de Controle e toramento e avaliação para o Setor.
Avaliação de Sistemas (Decas). Nesse mesmo Nesse sentido este artigo objetiva um
ano, foi criada a Coordenação de Informação resgate reflexivo do processo em contex-
no Departamento de Atenção Básica. Em to. O desafio proposto consiste em teorizar
2003, o Decas foi sucedido pelo Departamento sobre uma estratégia ainda em construção,
de Regulação, Avaliação e Controle de possibilitando compartilhar lições prelimi-
Sistemas (Drac), quando também foi criada nares aprendidas à luz da gestão e permitir
a Coordenação de Acompanhamento e o debate junto à academia, organizações do
Avaliação do Departamento Atenção Básica setor saúde e da sociedade civil sobre a ins-
da Secretaria de Atenção à Saúde, substi- titucionalização das práticas de monitora-
tuindo a antiga Coordenação de Informação mento e avaliação no âmbito do SUS.
do Departamento de Atenção Básica.
Em 2006, foi criado o Departamento de
Monitoramento e Avaliação da Gestão do Metodologia
SUS (Demags), vinculado à Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa. O estudo do processo de formulação compre-
Todos esses departamentos, componen- endeu a revisão bibliográfica sobre os pro-
tes da estrutura do MS, tinham dentre suas cessos de formulação e sobre a construção
principais funções as de monitoramento e do marco institucional para monitoramen-
avaliação. Em 2011, por meio do Decreto nº to e avaliação no País nas bases Pubmed-
7.530/11, tais competências foram transferi- Medline, Scientific Electronic Library Online
das para o Departamento de Monitoramento (SciELO) e Centro Latino-Americano e do
e Avaliação do SUS (Demas) da Secretaria Caribe de Informação em Ciências da Saúde
Executiva (SE). – Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme-BVS);
O Demas surgiu para compatibilizar os e a consulta descritiva e analítica dos docu-
instrumentos de gestão, criando norteadores mentos existentes, oriundos das reuniões
institucionais para fundamentar a visão de do Grupo de Trabalho para a Elaboração da
futuro do MS, iniciativa inovadora de alte- Política de Monitoramento e Avaliação do
ração do cenário pluralizado de conceitos, Sistema Único de Saúde (GT-PM&A).
metodologias e instrumentos de M&A exis- O conjunto de documentos analisados
tentes. Simultaneamente, tinha como foco, incluiu a legislação estruturante, os regis-
de forma partilhada com a Subsecretaria de tros institucionais do MS, as atas de reuni-
Planejamento e Orçamento (SPO), implantar ões do GT-PM&A, as diferentes minutas da
a integração entre Planejamento Estratégico PM&A-SUS com o objetivo de apreender o
e M&A para modificação das práticas de processo de formulação, levando em consi-
gestão. deração as três dimensões preconizadas por
Dentre suas competências, cabe ao Champagne et al. (2011).
Demas, especialmente à Coordenação Para esses autores, a Apreciação
de Monitoramento e Avaliação, induzir Estratégica ou Análise Estratégica (AE)

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Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 41

compreende a apreciação sobre a escolha já avaliação se referem à regulação, responsa-


implantada ou em implementação. Assim, a bilização e produção de conhecimento, eles
AE objetiva compreender, ex post, a escolha foram incorporados como organizadores dos
e implantação de uma estratégia, a pertinên- temas selecionados, além, evidentemente,
cia e a coerência dos fatores determinantes daqueles referentes às parcerias e escolhas
para o sucesso da intervenção escolhida, na alternativas.
realidade contextual de sua implementação.
A pertinência e a coerência são fruto da inte-
ração que resulta em dada escolha, conside- Resultados e discussão
rados os contextos técnico, socioeconômico,
cultural e político-administrativo, os atores Pode-se dizer que o esforço de conformação
envolvidos e seus respectivos objetivos e in- de uma política de M&A para o sistema de
teresses (SOARES, 2015). saúde nacional concretiza-se em um quadro
Para cumprir suas atribuições de julga- de controvérsias, conflitos e consensos (FREY,
mento da pertinência, a AE foca em três 2000). Os resultados apresentados descre-
componentes principais. O primeiro com- vem e analisam as portarias e as minutas,
ponente consiste na análise sobre adequação respeitando-se seu ordenamento cronológi-
do processo de escolha do problema, quando co e a proposta metodológica para a análise
se observa que o problema selecionado é temática.
de fato o foco da intervenção proposta. No
caso em estudo, procurou-se rastrear os pro- O Decreto nº 7.530/2011 e a Portaria
cessos de produção das possíveis funções nº 1.517/24/07/2013: competências
esperadas para a política em elaboração. e o processo de formulação
Posteriormente, procede-se à análise da
escolha dos objetivos da intervenção estu- Em 2011, a gestão do MS deparou-se com
dada e as soluções propostas, nesse caso, a a necessidade de harmonização de diver-
formulação da PM&A-SUS, ou seja, a per- sos instrumentos de gestão. Naquela época,
tinência e adequação das táticas propostas estavam em vigor a fase final do Plano
para a implementação da função previamen- Plurianual (PPA 2008-2011), o Plano Mais
te pactuada. O terceiro e último componen- Saúde, plano estratégico advindo da gestão
te é a análise da pertinência das parcerias anterior, o Plano Nacional de Saúde (PNS
estratégicas mobilizadas, ou seja, diante da 2008-2011) e a Programação Anual de Saúde.
intervenção proposta, deve-se verificar o ali- Sim, ultimamente se iniciavam – até então
nhamento das parcerias selecionadas para o correlacionadas, mas não propriamente in-
enfrentamento do problema e questioná-lo tegradas – as ações do PPA 2012-2015, do
frente ao contexto em que se desenvolve a PNS 2012-2015 e do novo recorte estratégico
intervenção (CHAMPAGNE ET AL., 2011). do MS (BRASIL, 2015).
A análise documental foi realizada uti- Diante disso e da complexidade do setor
lizando-se a análise de conteúdo temática saúde, oportunizou-se a formação do Demas
(BARDIN, 1977; SPINK, 2004). Procedeu-se à análise no âmbito da Secretaria Executiva do MS.
temática recortando-se, nas portarias, Esse Departamento surgiu com a função de
núcleos temáticos significantes associados compatibilizar os instrumentos de gestão do
às categorias da apreciação estratégica sua setor saúde no intuito de criar norteadores
pertinência e adequação, contemplando-se institucionais. Assim, por meio do Decreto nº
os três componentes previamente descri- 7.530/2011, foi criado o Demas, subdividido
tos. Considerando-se que os propósitos em Coordenação-Geral de Monitoramento e
inerentes a processos de monitoramento e Avaliação (CGMA) e Coordenação-Geral de

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Gestão da Informação Estratégica (CGGIE). A análise documental da Portaria que


Compete ao Demas (i) coordenar a for- instituiu o grupo de trabalho para formula-
mulação da Política de Monitoramento e ção da PM&A-SUS permitiu apreender um
Avaliação (PMA-SUS); (ii) coordenar os pro- processo de construção das prerrogativas,
cessos de elaboração, negociação, implan- que retroagem às legislações que regem o
tação de normas, instrumentos e métodos SUS. Pela legislação, a responsabilidade na
necessários ao fortalecimento das práticas definição de instâncias e mecanismo para
de monitoramento e avaliação do SUS; (iii) avaliação das ações e serviços de saúde é dos
articular e integrar as ações de monitora- entes federados, tendo a União, por meio do
mento e avaliação executadas pelos órgãos MS, a prerrogativa legal de monitoramento,
e unidades do MS; (iv) desenvolver metodo- avaliação e disseminação das ações e servi-
logias e apoiar iniciativas que qualifiquem o ços de saúde.
processo de monitoramento e avaliação do Apesar de ser tácita e explícita a compre-
SUS; (v) viabilizar e coordenar a realização ensão dos gestores da utilidade do M&A como
de estudos e pesquisas visando à produção ferramenta de gestão e tomada de decisão,
do conhecimento no campo do monitora- bem como das várias iniciativas anteriores
mento e avaliação do SUS; (vi) participar da de setores do MS, as ações que inauguram
coordenação do processo colegiado de mo- a formalização de uma política nacional de
nitoramento, avaliação e gestão das informa- M&A, paradoxalmente, só ocorrem após 25
ções do SUS; e (vii) sistematizar e disseminar anos após o estabelecimento da responsabi-
informações estratégicas para subsidiar a lidade do MS no processo. Como descrito no
tomada de decisão na gestão federal do SUS quadro 1, a Portaria nº 1.517, de 24 de julho
(BRASIL, 2015). de 2013, cujo caput propõe a elaboração da
As atividades do Demas, nos primeiros PM&A-SUS, fomenta a expectativa da for-
anos após sua criação, concentraram-se nas mação de um sistema nacional de avaliação
macro dimensões técnico-administrativas em saúde.
de (i) construção, coordenação e monitora- O processo de formulação de uma políti-
mento do planejamento estratégico do MS; ca exige um planejamento além do conjunto
(ii) reestruturação da Sala de Apoio à Gestão de iniciativas que deve, a princípio, envolver
Estratégica (Sage); e (iii) coordenação na democraticamente o conjunto de interessa-
formulação da PM&A-SUS. dos (LINDBLOM, 1981 APUD PAESE; AGUIAR, 2012). Nesse
A Portaria nº 1.517, de 24 de julho de sentido, um aspecto importante é notar que
2013, inicia, institucionalmente, o processo é rotina das ações no MS, na constituição de
de formulação da PM&A-SUS por instituir grupos de trabalho, prever um representante
o Grupo de Trabalho para a Elaboração da de todas as secretarias como pressuposto de
Política de Monitoramento e Avaliação do transversalidade das ações, o que raramente
Sistema Único de Saúde (GT-PM&A-SUS). ocorre de fato.
O GT-PM&A-SUS é composto por um Além disso, a análise do texto sugere a
representante do MS, Fundação Oswaldo concentração da representação acadêmi-
Cruz (Fiocruz), Conselho Nacional de ca em uma instituição, posição revista pelo
Secretários de Saúde (Conass) e Conselho grupo de trabalho e pelo convite a outras ins-
Nacional de Secretarias Municipais de tituições para a participação de forma com-
Saúde (Conasems), sendo que o MS tem o plementar. Por fim, observa-se a ausência
direito de expandir sua representação a até do controle social no texto, onde o processo
sete membros por meio da incorporação de preliminar de formulação inclui apenas a
até um representante de cada secretaria fi- gestão e a academia.
nalística do órgão.

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Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 43

Quadro 1. A elaboração da PM&A-SUS: fatos e versões

Pertinência do problema Pertinência da parceria


Documento Tipologia Pertinência dos objetivo
focalizado estratégica
Portaria nº 1.517, de 24 de Legislação rela- Parte da prerrogativa institu- Intenta a elaboração de uma Inclui-se um representante
julho de 2013. cionada ída no ordenamento jurídico proposta da PMA-SUS como de cada secretaria do MS, a
fundados do SUS, cuja res- produto imediato e conse- Fundação Oswaldo Cruz e as
ponsabilidade na definição quentemente um insumo à instâncias colegiadas de ges-
de instâncias e mecanismo construção de um sistema de tores (Conass e Conasems).
para avaliação das ações e avaliativo do SUS. Possibilita a participação de
serviços de saúde é dos entes outros atores, especialistas no
federados. tema, de forma complementar.
Minuta PMA-SUS, de 4 de Minuta da Po- Aborda o problema a partir da Apresenta grande marcos na Limitam-se às instâncias ges-
dezembro de 2013. lítica visão institucional do MS. perspectiva da accountability. toras do SUS, nas três esferas
de gestão.
Súmula da 1ª reunião do Documentos Iniciam-se questionamentos Iniciam-se as preocupações Questiona-se a abrangência
Grupo de Trabalho para a relacionados sobre a necessidade de exis- com o marco teórico que da PMA-SUS para além do
Elaboração da Política de tência de um PMA para além guiará a política; aparecem os setor público e a inclusão de
Monitoramento e Avalia- da gestão. primeiros questionamentos usuários e prestadores de
ção do Sistema Único de sobre os objetivos e dimen- serviços no conjunto de atores
Saúde, em 09 de dezembro sões da PMA-SUS. envolvidos.
de 2013.
Minuta PMA-SUS, de 9 de Minuta de por- Apresenta pressupostos para Traz o pressuposto da atri- Evidencia o caráter colabo-
dezembro de 2013. taria a conceituação e melhor buição de mérito e valor por rativo das ações avaliativas,
definição do problema a ser meio das práticas avaliativas e entretanto não sugestiona a
enfrentado. a influência do contexto sob o inclusão de parcerias.
processo avaliativo. Questiona
a ausência de preocupações
quanto à institucionalização do
M&A e ao desenvolvimento
do conhecimento no campo
do M&A.
Minuta PMA-SUS, de 10 de Minuta de por- Inclui a apreciação do pro- Não evidencia alterações nesta Não evidencia alterações nesta
dezembro de 2013. taria blema em contexto; explicita dimensão. dimensão
iniciativas e experiências de
monitoramento e avaliação
de M&A já desenvolvidas no
âmbito do SUS.
Minuta PMA-SUS, de 07 Minuta de por- Aprofunda o contexto apre- Ampliação dos objetivos, Não evidencia alterações nesta
de abril de 2014. taria sentando iniciativas e expe- incorporando aspectos do dimensão.
riências ainda não abordadas fomento ao conhecimento,
no texto anterior, nacionais e às estratégias em curso e ao
internacionais; aborda aspec- desenvolvimento de novas
tos tangentes à temática do iniciativas avaliativas; bem
planejamento. como auxílio ao monitoramen-
to do PPA; inclui a avaliação
de desempenho do SUS nas
diretrizes da PMA-SUS.
Minuta PMA-SUS, de 13 de Minuta de por- Incorpora as discussões Retoma a inclusão de a PMA- Retoma a inclusão dos presta-
maio de 2014. taria anteriores na definição do -SUS ter abrangência sobre dores de serviço como partíci-
problema. sistema e ações de saúde pes da PMA-SUS;
públicas e privadas. Questiona a inclusão das
fundações e entidades vincula-
das ao MS.

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O primeiro esboço da PM&A, de 4 de de- federal, considerando-se os demais entes


zembro de 2013, data de cinco meses após como seguidores.
a publicação da Portaria nº 1.517/2013. O A minuta faz referências frequentes a
texto traz diretrizes abrangentes e trans- uma dada concepção de accountability. A
versais às áreas técnicas do MS, como des- crescente preocupação dos gestores com a
crito a seguir. responsabilização civil da improbidade ad-
ministrativa parece transparecer no texto,
3. Diretrizes: limitando os propósitos e usos do monito-
ramento e da avaliação. Assim, o objetivo
VI. Subsídios aos processos de responsabi- central da proposta em construção parece
lização, contratualização de metas, resultados expressar mais as preocupações dos gestores
e melhoria de desempenho de trabalhadores públicos com as lentes dos órgãos de contro-
e gestores no âmbito do SUS; le do que com as finalidades de uma política
de M&A.
VII. Fomento e contribuição para maior ex- Outro aspecto relevante, é que apenas
celência, eficiência, eficácia e efetividade na os estados e municípios são explicitamente
produção de bens, ações e serviços públicos chamados a incluir a Educação Permanente
de saúde; em M&A em seus territórios. Essa função
não é mencionada no que se refere à gestão
IX. Contribuição para integração das ações federal. Esse ponto suscitou algumas ques-
de monitoramento e avaliação das políticas tões tais como: seria a União autossuficiente
públicas intersetoriais; em capacidade avaliativa? Já possui conheci-
mento, atitudes e práticas em nível de matu-
X. Articulação e estabelecimento de par- ridade satisfatório? Não precisa desenvolver
cerias com órgãos governamentais e não go- mecanismos reflexivos posicionais referen-
vernamentais nacionais e internacionais intra tes às funções federais?
e intersetoriais, bem como com a sociedade Em nove de dezembro de 2013, tem-se
civil organizada para o fortalecimento das a I Reunião do Grupo de Trabalho para a
ações de monitoramento e avaliação em saú- Elaboração da Política de Monitoramento
de. (BRASIL, 2013, P. 8). e Avaliação do Sistema Único de Saúde. O
grupo presente envolveu 21 representantes
No documento, não se observa a explici- dos seguintes órgãos e entidades: MS (13),
tação das parcerias, tais como da academia Fiocruz (2), Conasems (1), Rede Unida (1),
e do controle social, nem no processo de Associação Brasileira de Saúde Coletiva
formulação nem como protagonistas na im- (Abrasco) (2), Associação Brasileira de
plantação da política. Os atores corresponsá- Economia da Saúde (ABrES) (1) e Centro
veis acima se limitam às instâncias gestoras Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) (1).
nas três esferas do SUS. Apesar de o texto Apreendeu-se da leitura da súmula dessa
trazer a palavra ‘participação social’, a ex- reunião algumas frentes de questionamento,
pressão aparece de maneira isolada e pouco preocupações e proposições dos
integrada ao restante do conteúdo do mate- participantes. Inicialmente, destacam-
rial analisado. se: (a) preocupações sobre a expansão do
O documento, ainda bastante incipien- normativo da PM&A-SUS além da gestão
te, privilegia M&A para a gestão federal do e do setor público, que incluiria as demais
SUS. Isso pode ser apreendido pela análise esferas de gestão e o setor privado também
do texto em que se explicitam as ações elementos do SUS; (b) questionamentos
macro a serem desenvolvidas pelo governo sobre as dimensões de avaliação que a

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Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 45

PMA-SUS pretende atingir; (c) importância favoreçam o fomento ao conhecimento em


e necessidade de se definirem os objetivos M&A e a consequente proposição para a
de forma clara, participativa e integrada, e inclusão de aspectos relativos ao incentivo
utilizando-se das experiências anteriores; (d) à pesquisa, desenvolvimento e inovação no
questionamento quanto à função da PMA- campo do M&A no texto normativo então
SUS. Uma questão presente era se o texto em construção.
normativo prestar-se-ia a definir conceitos, No dia posterior, a minuta com as contri-
terminologias e técnicas padronizadas, seja buições de revisor especializado é revista
para a gestão do monitoramento e avaliação pelo Coordenador-Geral de Monitoramento
seja para o monitoramento e avaliação e Avaliação do MS. Ele se aprofunda na
para gestão. Outro ponto enfatizado foram conceituação do problema, em especial no
as possibilidades de avaliação no âmbito dissertar sobre o contexto em que este está
do SUS; e, por fim, emergem os primeiros envolvido o M&A no âmbito do MS; e expli-
questionamentos sobre o uso exclusivo do cita iniciativas e experiências de monitora-
M&A para accountability, discutindo-se mento e avaliação já desenvolvidas no âmbito
que ‘o aspecto reflexivo pedagógico deve do SUS, assim reconhecendo que há um per-
prevalecer na avaliação’, em contraste ao curso já trilhado de M&A do SUS, porém é
propósito da auditagem (sic, participante da perceptível a ênfase no Programa Nacional
reunião). de Avaliação de Serviços Hospitalares
Observa-se, no resumo da fala dos parti- (PNASH), Programa Nacional de Avaliação
cipantes, a multiplicidade de ações de ava- dos Serviços de Saúde (PNASS), Índice de
liação desenvolvidas no âmbito do MS com Desempenho do SUS (IDSUS) e Índice de
diferentes noções, conceitos e técnicas que Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS),
prevalecem na penumbra de um processo todas estas inciativas diretas do referido
sistematizado e organizado de M&A na insti- coordenador, seja na função que ocupara à
tuição, tendo a rotatividade de gestores uma época ou em trajetória anterior de atuação
parcela considerável de influência nesse no sistema público de saúde do País.
aspecto. Após um período de aproximadamente
Dando-se continuidade às ações, a minuta quatro meses destinado ao recebimento das
de nove de dezembro do mesmo ano, produ- contribuições oriundas dos participantes da
zida logo após a primeira reunião presencial primeira reunião do GT-PM&A-SUS, tem-se
do GT, foi submetida a um leitor crítico, es- a minuta de sete de abril de 2014. Essa quarta
pecialista em M&A. A apreciação realizada versão traz um conjunto importante de ques-
reforça os diferentes propósitos do M&A tionamentos, visões e proposições dos atores
que uma política deve considerar, sejam eles envolvidos no processo e participantes do
a verificação de conformidade muito própria momento presencial anterior.
do monitoramento, a imputabilidade, a apre- Retoma-se o olhar para o monitoramen-
ciação de mérito ou valor e a produção de to como instrumento de acompanhamento
conhecimento. A leitura crítica traz a con- de metas, renascendo, consequentemente,
cepção de que o processo avaliativo permite a forte tendência do reducionismo dos pro-
a tradução e mobilização de conhecimento pósitos do monitoramento e avaliação e suas
com intensa negociação de valores e inte- implicações para a elaboração do documen-
resses, a mediação de diferentes expectati- to sobre a política. Nas sugestões, observa-se
vas e mesmo de processos emancipatórios, um desvio da discussão da função da política
inclusive de diferentes concepções de bem para a problematização do M&A como ins-
estar social. Outro aspecto relevante é o trumento de acompanhamento do desem-
alerta para a inexistência de processos que penho de ações planejadas, incluindo-se no

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texto, dentre os objetivos da PMA-SUS, o de parceria entre a Fiocruz e a Abrasco, em


se desenvolver e implantar um instrumento atendimento ao ‘World Health Report’ pu-
para subsidiar o acompanhamento dos com- blicado pela Organização Mundial da Saúde
ponentes da saúde no PPA. nos anos 2000, que propôs metodologia de
O documento deixa claro que ‘o M&A são avaliação para o sistema brasileiro de saúde.
elementos estratégicos para o Planejamento’, Constituiu-se em metodologia materializada
subentendendo-se o papel do M&A como de modelo para avaliação de desempenho de
elemento de regulação, controle e respon- sistemas de saúde (ALMEIDA, 2003).
sabilização. A tomada de decisão baseada A quinta versão, de treze de maio de 2014,
em evidências, termo frequente nos docu- contempla alterações morfossintáticas e gra-
mentos atuais de gestão pública, parece ser maticais, sem inclusão ou modificação rele-
uma novidade, entretanto, já nos anos 1930, vante do conteúdo. No mesmo dia, na sexta
defendia-se a possibilidade de conciliar o e última versão disponível, são incorporadas
conhecimento acadêmico com a atuação as considerações do Conass, que substan-
empírica dos governos, além de se propagar cialmente retomam as proposições de que
ideias sobre a capacidade de diálogo entre a a PM&A-SUS a) tenha abrangência sobre
academia, gestores e os demais grupos de in- sistema e ações de saúde públicas e privadas;
teresse. Mais tarde, em 1960, argumentava- b) inclua os prestadores de serviço como
-se a capacidade de racionalizar a ação dos partícipes do processo de elaboração, imple-
gestores por meio da institucionalização de mentação e execução da política; e c) inclua
estruturas capazes de modelar o comporta- as fundações e entidades vinculadas ao MS
mento dos decisores na busca pelos resul- que compõem o SUS como protagonistas do
tados pretendidos e, por fim, veio à tona a processo avaliativo.
defesa de uma perspectiva mais dinâmica Pôde-se apreender que as considerações
sobre a tomada de decisão como a influência do Conass apresentam as funções esperadas
do contexto político, institucional e social. do gestor do sistema e albergam reflexões
Racionalidade técnica não é fator isolado, além da estrutura do MS e dos serviços de
único, nem o principal para a tomada de saúde públicos em seu stricto sensu, eviden-
decisão (PAESE; AGUIAR, 2012). ciando a relação necessária e indissociável
A análise do documento da minuta de do setor saúde com os prestadores de servi-
sete de abril evidencia a ampliação dos ob- ços privados e filantrópicos, unidades vincu-
jetivos, incorporando aspectos do fomento ladas e fundações de pesquisa em saúde que
ao conhecimento tanto das estratégias em compõem o sistema. Entretanto, as minutas
curso como do desenvolvimento de novas propostas não dialogam com outras repre-
iniciativas avaliativas, além da inclusão da sentações, como as de movimentos sociais
avaliação de desempenho do SUS como dire- que não se encontrem representadas nos
triz da PM&A-SUS. O documento detém-se Conselhos.
a incrementar o contexto do M&A no SUS,
por meio da incorporação de iniciativas e
experiências ainda não abordadas no texto Lições aprendidas
normativo anterior, inclusive das experiên-
cias internacionais. As políticas públicas expressam a intenção
Apesar de expandir as experiências ava- de um governo em exercer a transformação
liativas, limita-se às ações desenvolvidas no sobre determinado problema ou interesse
âmbito da gestão federal do Sistema e privi- da sociedade. Nesse sentido, a ausência
legia a experiência do Proadess. O Proadess da ação deve também deve ser abordada
consistiu-se em iniciativa desenvolvida em como escolha de um governo, uma vez que

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Análise estratégica do processo de formulação da PM&A-SUS: lições aprendidas e desafios 47

se configura como forma de manifestação tomado como estratégia para a formulação


política e de postura do Estado. da política de M&A para o SUS, pode ser
Os processos de formulação de políticas considerada sob dois pontos hipotéticos a
no setor público raramente são frutos ex- serem explorados na continuidade deste
clusivos da aplicação de métodos e técnicas estudo. O primeiro presume que o proces-
de planejamento. Na realidade, são confor- so de formulação do documento acomode
mados e expressam interesses e coalizões e materialize os diferentes interesses dos
de grupos hegemônicos em uma dada con- atores envolvidos no processo de formu-
juntura política. Dessa forma, o processo de lação da política. Ou seja, a formulação
formulação, que parece ser conduzido pelo do documento viabiliza a construção de
‘entusiasmo’ pessoal do gestor ou de especia- alianças, configurando-se como um ins-
listas, explicita controvérsias ao materializar crito orgânico de grupos hegemônicos. O
influências positivas, antagonismos e resis- segundo tende a exprimir a lógica inversa,
tências contrárias, intra e interinstitucionais. isto é, em sistemas políticos, de hegemo-
Além disso, é tácita e de longa data a pre- nia notadamente republicana, a convivên-
ocupação dos gestores com a implantação cia de diversos e divergentes interesses
de meios capazes de responder ao moni- acomoda arranjos políticos orgânicos di-
toramento e avaliação das ações e serviços nâmicos. A existência do inscrito é con-
públicos, em especial no setor saúde, seja sequência e não causa da organicidade.
por meio da estruturação hierárquica ad- A escolha da estratégia e ela própria são,
ministrativa ou pelo incentivo às iniciativas assim, balizadas pelo contexto político e a
avaliativas em parceria com instituições de ele respondem.
ensino e pesquisa. A descontinuidade dos encontros do
No contexto da PM&A-SUS, o processo GT, as constantes alterações em diversos
de indução deu-se na perspectiva de for- cargos de gestão diretamente envolvidos
mulação da política como norteadora da com o processo de formulação, a dificul-
institucionalização do monitoramento e dade de alinhamento de interesses e, em
avaliação na saúde, com pouca consideração especial, a concepção predominante de
pela conjuntura política vigente e destacável monitoramento e avaliação como instru-
desconsideração a processos de inovação. Na mento de avaliação da gestão por resul-
linguagem coloquial poderíamos dizer que tados, ligadas à judicialização crescente
houve ‘mais do mesmo’. dos processos de gestão, já prenunciavam
O caráter dinâmico e plural do setor saúde a instabilidade do contexto político pouco
constrói, frequentemente, barreiras à formu- presente na formulação do documento da
lação de políticas. A existência de uma polí- PNII. Este último ponto, especialmente o
tica condicionada à existência de consensos, caráter valorativo indiscutível conferido a
mesmo que provisórios, é antagonizada por alcance de metas e efeitos particulares e
forças de toda ordem, sejam questões con- capaz de cristalizar situações particulares
cretas, como rotatividade de gestores com em normas e leis, contribuiria para cor-
consequente reorganização dos arranjos de romper a noção de ‘padrões’, enrijecendo
governança, sejam questões orçamentárias e dificultando sobremaneira a possibili-
e mais recentemente associadas à judiciali- dade dos necessários arranjos contextu-
zação, que tendem a dificultar e em, alguns ais tático-estratégicos (GOODIN, 1984). Dessa
casos, paralisar os processos até então forma, considera-se necessário para conti-
desenvolvidos. nuidade do estudo uma análise detalhada
A construção de um documento normati- dos atores envolvidos, incluída em estudo
vo que contivesse os princípios e diretrizes, exploratório de conjuntura. s

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