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NOTA TÉCNICA DO SINTESE – SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO


BÁSICA DA REDE OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE

1. OBJETO:
Sobre atividades educacionais com os estudantes durante o período de suspensão das aulas
em decorrência da pandemia do novo coronavírus, causador da COVID-19, a reformulação do
calendário escolar e a necessidade de adoção de protocolos sanitários para as escolas de
educação básica, tendo como referência o Parecer nº005/2020/CNE, a Resolução nº
004/2020/CEE/SE, a Nota Técnica nº 01/2020/CAOP/EDUC, a Nota Técnica das
organizações da sociedade civil lideradas pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o
posicionamento da CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e o
documento com as reivindicações conjuntas das centrais sindicais.
O Parecer nº005/2020/CNE é uma interpretação do pleno do Conselho Nacional de Educação,
nos termos do direito à educação e da legislação educacional brasileira, quanto a reorganização
do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins
de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-19. No
supracitado parecer, o CNE – Conselho Nacional de Educação expressa a seguinte
compreensão sobre papel dos Conselhos Estaduais e Municipais na normatização dessa
matéria através de resoluções:

“Em decorrência deste cenário, os Conselhos Estaduais de Educação de


diversos estados e vários Conselhos Municipais de Educação emitiram
resoluções e/ou pareceres orientativos para as instituições de ensino
pertencentes aos seus respectivos sistemas sobre a reorganização do
calendário escolar e uso de atividades não presenciais. ”

“Nos Estados e Municípios onde existam conselhos de educação escolar


indígenas e quilombolas, esses devem ser consultados e suas deliberações
consideradas nos processos de normatização das atividades. ”

A Resolução nº 004/2020/CEE/SE é um ato normativo do Conselho Estadual de Educação que


estabelece diretrizes operacionais para as instituições educacionais integrantes do Sistema de
Ensino do Estado de Sergipe sobre o desenvolvimento das atividades escolares,
excepcionalmente, em face da edição de Decretos Governamentais do Estado de Sergipe
relacionados às medidas de prevenção ao novo Coronavírus – COVID-19, e dá providências. O
art. 220 da Constituição do Estado de Sergipe definiu que é competência exclusiva dos
Conselhos Estadual e Municipais de Educação a normatização e orientação de atividades
educacionais, ressalvada a competência do Conselho Nacional de Educação e outros órgãos de
controle social:

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“Art. 220. A normatização e orientação das atividades educacionais caberão


ao Conselho Estadual e aos Conselhos Municipais de Educação, ressalvada a
competência de outros órgãos, legalmente instituídos. ”
A Nota Técnica Nº01/2020/CAOP/EDUC – do Ministério Público de Sergipe, tem como escopo
a ‘Reorganização dos Calendários Escolares em virtude da suspensão das aulas presenciais,
como reflexo da medida sanitária de isolamento social’. O Centro Operacional do Direito à
Educação do MPE/SE, incumbido da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis, como também das suas funções institucionais
(conferir os arts. 127 e 129 da CF), confrontou didaticamente o Parecer nº005/2020/CNE e a
Resolução nº 004/2020/CEE/SE com o objetivo explícito de apresentar um conjuntos de
sugestões e propostas aos(as) Promotores(as) de Justiça que atuam nas Comarcas,
considerando o fato dos mesmos serem diretamente os responsáveis pelo controle externo
das políticas públicas efetivadas pelo Poder Executivo e guardiões dos direitos das crianças,
adolescentes e jovens.
A presente Nota Técnica do SINTESE fundamenta-se no pressuposto de que ‘o acesso ao
ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo’, conforme o § 1º do art. 208 da
Constituição da República Federativa do Brasil, cabendo a Constituição do Estado de Sergipe
no § 1º do art. 217 explicitar a seguinte norma: ‘O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
direito subjetivo público, podendo ser judicialmente reclamado; o não oferecimento ou sua
oferta incompatível com os objetivos a que se propõe importam responsabilidade da autoridade
pública competente’. No que tange também a essa temática as contínuas ações do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe orientam-se
também pelo texto legal do art. 5º da Lei º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conforme a
transcrição abaixo:
“Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito
público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe
ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público,
acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada pela Lei nº
12.796, de 2013)
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência
federativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram
a educação básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
II - fazer-lhes a chamada pública;
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à
escola.

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§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público


assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades
constitucionais e legais.
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo
tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese
do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de
rito sumário a ação judicial correspondente.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser
imputada por crime de responsabilidade.
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos
diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização
anterior.”

2. CONTEXTO HISTÓRICO:
As aulas nas instituições de Educação Básica e Superior, em todo o território nacional, estão
suspensas, desde meados de março de 2020, como parte das medidas sanitárias que visam
conter a transmissão comunitária do novo coronavírus, causador da COVID-19, em
consonância com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde, por tratar-se de uma
pandemia em escala global.
O Estado de Sergipe e os seus Municípios vêm editando decretos e outros instrumentos legais
e normativos para o enfrentamento da emergência de saúde pública, estando, entre elas, a
suspensão das atividades escolares.
Em 1º de abril de 2020, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 934 que
estabelece normas excepcionais para o ano letivo da Educação Básica e do Ensino Superior
decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de
que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
No Brasil e em Sergipe registram-se diversas iniciativas de aulas remotas, atividades
complementares e ou de educação a distância. Nesse contexto, órgãos gestores da Educação
Pública insistem na adoção de instrumentais tecnológicos através da utilização de plataformas
digitais na internet ou da retransmissão de teleaulas pela televisão sem considerar as
condições estruturantes e materiais para que docentes e estudantes possam acessar e utilizar
essas ferramentas no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

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O Conselho Nacional de Educação, no texto introdutório do Parecer nº005/2020/CNE alerta


para a possibilidade de que a longa duração da suspensão das atividades escolares presenciais
por conta da pandemia da COVID-19 poderá acarretar:
 dificuldade para reposição de forma presencial da integralidade das aulas
suspensas ao final do período de emergência, com o comprometimento ainda do
calendário escolar de 2021 e, eventualmente, também de 2022;
 retrocessos do processo educacional e da aprendizagem aos estudantes
submetidos a longo período sem atividades educacionais regulares, tendo em vista a
indefinição do tempo de isolamento;
 danos estruturais e sociais para estudantes e famílias de baixa renda, como
stress familiar e aumento da violência doméstica para as famílias, de modo geral; e
 abandono e aumento da evasão escolar.
O Conselho Nacional de Educação, no Parecer nº005/2020/CNE contextualiza a realidade da
maioria das famílias brasileiras e dos estudantes das escolas públicas ao expressar no referido
texto infra legal a afirmativa abaixo transcrita:
“Sob este aspecto, é importante considerar as fragilidades e
desigualdades estruturais da sociedade brasileira que agravam o
cenário decorrente da pandemia em nosso país, em particular na
educação, se observarmos as diferenças de proficiência, alfabetização e
taxa líquida de matrícula relacionados a fatores socioeconômicos e
étnico-raciais. Também, como parte desta desigualdade estrutural,
cabe registrar as diferenças existentes em relação às condições de
acesso ao mundo digital por parte dos estudantes e de suas famílias.
Além disso, é relevante observar as consequências socioeconômicas
que resultarão dos impactos da COVID-19 na economia como, por
exemplo, aumento da taxa de desemprego e redução da renda familiar.
Todos estes aspectos demandam um olhar cuidadoso para as
propostas de garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem neste
momento a fim de minimizar os impactos da pandemia na educação.
Tal situação leva a um desafio significativo para todas as instituições
ou redes de ensino de educação básica e ensino superior do Brasil, em
particular quanto à forma como o calendário escolar deverá ser
reorganizado. É necessário considerar propostas que não aumentem a
desigualdade ao mesmo tempo em que utilizem a oportunidade
trazida por novas tecnologias digitais de informação e comunicação
para criar formas de diminuição das desigualdades de aprendizado. ”
O SINTESE é entidade sindical afiliada a CUT e a CNTE, além de participar da rede da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação que conjuntamente defendem uma Educação
pública, gratuita, equitativa, inclusiva, democrática e de qualidade social destinada a todas as
pessoas residentes em território nacional, conforme previsão da Constituição Federal de 1988

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e demais normas nacionais que regulam o direito à Educação. Mesmo e especialmente em um


momento de emergência, como é o que estamos vivendo no enfrentamento à COVID-19,
defendemos que as políticas educacionais se orientem por esses princípios para desenvolver
ações de combate à pandemia, levando sempre em consideração as questões abaixo elencadas
da realidade brasileira e de Sergipe:

● as disparidades de acesso a serviços básicos e as desigualdades sociais, educacionais e


regionais;
● que menos de 40% dos estudantes da Educação Básica da rede pública têm computador ou
tablet em casa e que mais da metade dos estados brasileiros têm domicílios com menos de
60% de acesso à conexão de internet banda larga;
● que muitos domicílios brasileiros não têm sequer infraestrutura básica adequada, sendo 35
milhões de pessoas sem água tratada e 100 milhões sem coleta de esgoto;
● que, em média, as mulheres dedicam 18,1 horas por semana a cuidados de pessoas e/ou
afazeres domésticos, sendo que, entre as mulheres negras, essa média sobe para 18,6 horas
semanais; e que, portanto, a carga de trabalho dessas mulheres tende a aumentar em
momento de distanciamento social em casa;
● que mais de 80% das professoras da Educação Básica são mulheres;
● que ainda há 38 milhões de pessoas em analfabetismo funcional no Brasil, o que impacta de
forma ampla o apoio à educação de crianças e adolescentes das famílias em casa;
● que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) atinge 40 milhões de
pessoas e ainda está prejudicada a distribuição de alimentos;
● que as e os profissionais da educação não têm formação adequada para a Educação a
Distância, além de não serem provisionados equipamentos adequados, precarizando o
trabalho docente;
● que há inúmeros relatos de demissões, cortes de carga horária e diminuição de salários de
profissionais da Educação em todo o país;
A Sociedade Brasileira de Pediatria, no boletim eletrônico de 01/10/2016, alerta que há
benefícios e malefícios que têm acompanhado a tecnologia digital. São de fundamental
importância o bom senso e a informação adequada que os pediatras devem enfatizar para as
famílias, crianças e adolescentes sobre este assunto.
Estudos científicos comprovam que a tecnologia influencia comportamentos através do
mundo digital, modificando hábitos desde a infância, que podem causar prejuízos e danos à
saúde. O uso precoce e de longa duração de jogos online, redes sociais ou diversos aplicativos
com filmes e vídeos na Internet pode causar dificuldades de socialização e conexão com
outras pessoas e dificuldades escolares; a dependência ou o uso problemático e interativo das
mídias causa problemas mentais, aumento da ansiedade, violência, cyberbullying, transtornos
de sono e alimentação, sedentarismo, problemas auditivos por uso de headphones, problemas
visuais, problemas posturais e lesões de esforço repetitivo (LER); problemas que envolvem a

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sexualidade, como maior vulnerabilidade ao grooming e sexting, incluindo pornografia, acesso


facilitado às redes de pedofilia e exploração sexual online; compra e uso de drogas,
pensamentos ou gestos de autoagressão e suicídio; além das “brincadeiras” ou “desafios”
online que podem ocasionar consequências graves e até o coma por anóxia cerebral ou morte.
(Sociedade Brasileira de Pediatria – outubro/2016)
A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP), que agrega 22.000 médicos pediatras
cuidando do futuro do Brasil, RECOMENDA:
 O tempo de uso diário ou a duração total/dia do uso de tecnologia digital seja limitado
e proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-
psicossocial das crianças e adolescentes.
 Desencorajar, evitar e até proibir a exposição passiva em frente às telas digitais, com
exposição aos conteúdos inapropriados de filmes e vídeos, para crianças com menos de
2 anos, principalmente, durante as horas das refeições ou 1-2 h antes de dormir.
 Limitar o tempo de exposição às mídias ao máximo de 1 hora por dia, para crianças
entre 2 a 5 anos de idade. Crianças entre 0 a 10 anos não devem fazer uso de televisão
ou computador nos seus próprios quartos. Adolescentes não devem ficar isolados nos
seus quartos ou ultrapassar suas horas saudáveis de sono às noites (8-9
horas/noite/fases de crescimento e desenvolvimento cerebral e mental). Estimular
atividade física diária por uma hora.
 Crianças menores de 6 anos precisam ser mais protegidas da violência virtual, pois não
conseguem separar a fantasia da realidade. Jogos online com cenas de tiroteios com
mortes ou desastres que ganhem pontos de recompensa como tema principal, não são
apropriados em qualquer idade, pois banalizam a violência como sendo aceita para a
resolução de conflitos, sem expor a dor ou sofrimento causado às vítimas, contribuem
para o aumento da cultura de ódio e intolerância e devem ser proibidos.
 Conversar sobre as regras de uso da Internet, configurações para segurança e
privacidade e sobre nunca compartilhar senhas, fotos ou informações pessoais ou se
expor através da utilização da webcam com pessoas desconhecidas, nem postar fotos
íntimas ou nudes, mesmo com ou para pessoas conhecidas em redes sociais.
 Monitorar os sites/programas/aplicativos/ filmes/vídeos que crianças e adolescentes
estão acessando/visitando/trocando mensagens, sobretudo em redes sociais. Manter
os computadores e os dispositivos móveis em locais seguros, e ao alcance das
responsabilidades dos pais (na sala) ou das escolas (durante o período de aulas).

3. POSICIONAMENTO DO SINTESE, DA CNTE E DA CAMPANHA NACIONAL


PELO DIREITO À EDUCAÇÃO
É preciso que as recomendações contidas no Parecer nº005/2020/CNE, aprovado pelo pleno
do CNE – Conselho Nacional de Educação, em 28/04/2020, para que eventuais conteúdos
curriculares ofertados a distância não promovam mais desigualdades e exclusão escolar,

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requer aprofundamento quanto às formas e critérios normativos para a utilização dessa


oferta educacional na composição do calendário escolar oficial, pois o que acontece em muitas
redes de ensino hoje é o não respeito às normativas desse Colegiado expressas na Nota de
Esclarecimento emitida em 18.03.2020;
Assim, avaliamos que o direito à Educação, em termos de acesso, permanência e qualidade
dos processos de ensino-aprendizagem, fica lesado, deixando milhões de estudantes em
situação precária e desigual caso sejam implantadas políticas de educação a distância,
contando-se atividades remotas como dias letivos e sem flexibilização do calendário
escolar.
Diante da situação, compreendemos que legitimamente e legalmente o Conselho Estadual de
Educação de Sergipe avançou ao aprovar a Resolução nº 004/2020/CEE/SE, que tem na
centralidade da autonomia das instituições educacionais, as normativas que asseguram:

● a flexibilização do calendário escolar, considerando que atividades e ações a distância são


complementares e, portanto, para que sejam contadas como dias letivos terão que assegurar o
acesso a totalidade dos estudantes;

● a reorganização dos calendários escolares assegurando-se a reposição das aulas e


atividades de modo presencial, logo que a pandemia esteja superada e as condições sanitárias
o permitam, como o melhor modo de garantir o acesso à educação, em igualdade de
condições a todos, ainda que para tal seja necessário que as atividades do ano letivo de 2020
sejam estendidas até 2021” e “o reconhecimento de um ciclo letivo 2020-2021 sem a
realização de quaisquer avaliações censitárias em 2020 ou no primeiro semestre de 2021.”

● a garantia da igualdade de acesso e permanência na educação e dos


padrões de qualidade no ensino, previstos no incisos I e VII do artigo 206 da
Constituição Federal, bem como nos incisos I e IX do artigo 3º da Lei das Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, para todos(as) os(as) alunos(as) da Rede Pública;
● a tecnologia como ferramenta para promover um ensino maximamente humanizador, que
torne mais potente o professor e a professora em sua atuação formativa.
Nós, professoras e professores, como categoria profissional, reivindicamos voz e poder
de decisão sobre os encaminhamentos do trabalho docente na conjuntura desafiadora que
se nos apresenta, e fortalecermos nossas entidades representativas, encaminhando a
partir delas nossas posições e nossa luta pelo direito à educação.
Ao fim e ao cabo, continuar o calendário letivo usando atividades não
presenciais trará algumas certezas:
1- Os sistemas de ensino dirão que cumpriram o calendário letivo e farão de conta que
ensinaram;
2- Os professores saberão, que apesar de todos os esforços, inclusive do adoecimento, não
conseguiram ensinar;

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3- Os estudantes terão certeza que não aprenderam e teremos uma ampliação do fosso de
desigualdade entre eles;
4- Gestores escolares, pais, mães e responsáveis saberão que, a maioria dos estudantes
ficaram para trás, não só os que foram reprovados, mas sobretudo os que evadiram;
5- A sociedade verá que o Estado, mais uma vez, negou o direito à educação, ainda que isso
seja ocultado sob o discurso do direito à aprendizagem em substituição do direito à educação;
6- E o mercado de “soluções educacionais” terá lucrado como nunca, vendendo ilusões e
culpando a escola e seus professores pelo fracasso de seus produtos tabajara.

4. RESOLUÇÃO DO CEE – Conselho Estadual de Educação de Sergipe e as


ORIENTAÇÕES DO CNE – Conselho Nacional de Educação

4.1 COMPETE ÀS ESCOLAS A REESTRUTURAÇÃO DO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO E A


REFORMULAÇÃO DO CALENDÁRIO ESCOLAR
O CNE reiterou que a competência para tratar dos calendários escolares é da
instituição ou rede de ensino, no âmbito de sua autonomia, respeitadas a legislação e normas
nacionais e do sistema de ensino ao qual se encontre vinculado, notadamente o inciso III do
artigo 12 da LDB.
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
confere plena autonomia às escolas, em seu art, 2º, 3º e 12, ao lhes designar as seguintes
responsabilidades:
a. Reestruturar o planejamento pedagógico e seus calendários escolares do ano
letivo de 2020, após análise da realidade de cada instituição educacional ou da
rede de ensino;
b. Reorganizar os calendários escolares de modo a garantir a carga horária letiva
por meio de reposição de aulas de forma presencial, preferencialmente;
c. Utilizar como dia letivo os dias de sábado e aqueles que estavam previstos como
recesso escolar e antecipar, ou adiar, as férias, conforme legislação específica;
d. Desvincular o ano letivo de 2020 do ano civil regular, por ocasião do processo
de reelaboração do calendário escolar, pois a aplicação das atividades inseridas
neste ano letivo podem ser complementadas no ano civil de 2021;
e. Incluir, excepcionalmente, nos calendários escolares do ano letivo de 2020
formas de adoção de estudos escolares não presenciais, devendo levar em
consideração a realidade socioeconômica e educacional dos estudantes de cada
instituição educacional, de modo que as práticas pedagógicas não excluam os
estudantes de acesso ao conhecimento, especialmente aqueles com deficiência;

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f. Limitar as atividades escolares não presencias, pois, as mesmas somente


durarão enquanto houver o isolamento social provocado pela pandemia do
COVID-19, podendo chegar, no máximo, a 25% da carga hora anual estabelecida
na legislação vigente.
g. Após a reestruturação do calendário escolar do ano letivo de 2020, a instituição
educacional deverá, obrigatoriamente, promover a divulgação deixando uma
cópia/via permanentemente na secretaria e disponibilizando-a em seu site -
sítio eletrônico – ou redes sociais, quando houver, à disposição dos
interessados.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
conceitua, no art. 4º, que os estudos escolares não presenciais são caracterizados por toda e
qualquer atividade pedagógica ordenada para propiciar a transmissão e apropriação de objetos
de conhecimento/conteúdos curriculares, mediados pelos professores regentes, utilizando-se
os seguintes meios:
a) PROCEDIMENTOS DIGITAIS: vídeo aulas, conteúdos organizados em plataformas
virtuais de ensino e aprendizagem, redes sociais, podcasts, meios radiofônicos, links,
correio eletrônico, aplicativos e outros;
b) PROCEDIMENTOS CONVENCIONAIS: atividades previstas nos livros didáticos ou
paradidáticos adotados pela instituição educacional, apostilas, cadernos temáticos,
revistas e outros.
4.3 ATRIBUIÇÕES DAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS QUE OPTTAREM PELAS ATIVIDADES
ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
normatiza, nos arts. 6º e 7º, que para garantir o direito à educação com qualidade, a proteção
à vida e à saúde de estudantes, professores, funcionários e comunidade escolar,
exclusivamente nesse período de excepcionalidade, as instituições educacionais, em conjunto
com o corpo docente, que optarem pelas atividades escolares não presenciais, terão as
seguintes atribuições:
a) Planejar e organizar as atividades escolares a serem realizadas pelos estudantes de
forma não presencial, indicando quais as atividades, bem como a comprovação de
realização das mesmas, as metodologias, quais os recursos didáticos e tecnológicos
disponíveis, as formas de registro e a carga horária prevista, respeitadas as normas
previstas na legislação vigente;
b) Registrar a frequência dos estudantes por meio de relatórios e
acompanhamento do desempenho nas atividades propostas, que computarão como
aula, para fins de cumprimento do ano letivo de 2020;
c) Divulgar as formas de prevenção e cuidados à comunidade escolar, de acordo com os
órgãos de saúde. Compreende-se que a escola que optar pela realização de atividades

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escolares não presenciais terá que planejar formas de prevenção e cuidados com a
saúde da comunidade escolar, respeitado os protocolos legais;
d) Utilizar tão somente materiais didáticos que estejam em conformidade com o Projeto
Político Pedagógico já programado para o período letivo de 2020;
e) Assegurar que a avaliação do conteúdo estudado nas atividades escolares não
presenciais ficará a critério do planejamento elaborado pelo docente;
f) Registrar em seu planejamento, qual a carga horária de cada atividade por componente
curricular a ser realizada pelos estudantes na forma não presencial, indicada na Matriz
Curricular do ano letivo de 2020;
g) Considerar o número de horas de atividades não presenciais semanais,
proporcionalmente à carga horária de cada componente curricular e o regime de horas
letivas diárias de cada instituição educacional;
h) Arquivar as comprovações que demonstram as atividades escolares realizadas em
tempo e espaço diversos dos convencionais, a fim de que possam compor carga horária
de atividade escolar obrigatória.
4.4 ESCOLAS QUE OPTAREM PELA REALIZAÇÃO APENAS DE ATIVIDADES ESCOLARES
PRESENCIAIS
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
determina, no art. 10, que as instituições educacionais que, optarem por realizar atividades
escolares apenas na forma presencial, deverão aprovar e dar ampla divulgação do novo
calendário, contendo proposta de reposição das aulas referentes ao período de interrupção,
nos termos ora estabelecidos.
4.5 REPOSIÇÃO DE AULAS DA PRÉ ESCOLA
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
normatiza no art. 5º, em conformidade com o que determina o inciso IV, do art. 31 da Lei nº
9.394/1996 (LDBEN) o seguinte regramento para a reposição de aulas da pré-escola:
a) Repor as aulas somente de forma presencial;
b) Assegurar que cada criança esteja apta a cumprir o mínimo de 60% de presença do
total da carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas. Isso significa que será
necessário a frequência mínima de 480 (quatrocentos e oitenta) horas para cada
criança matriculada na pré-escola.
4.6 COMPETE AOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO
O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº 004/2020/CEE/SE,
define no art. 12, que os Conselhos Municipais de Educação poderão adotar esta Resolução
Normativa ou emitir Resolução própria de semelhante teor, em regime de colaboração,
respeitando a autonomia dos sistemas.

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O SINTESE, compreende que a adoção da Resolução Normativa nº 004/2020/CEE/SE pelos


Conselhos Municipais de Educação, respeitadas as especificidades de cada município,
proporciona o cumprimento no disposto no inciso I do art. 206, da Constituição do Brasil, que
estabelece como princípio que o ensino será ministrado em igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola.

5. CONDIÇÕES DE ACESSO PARA TODOS OS ESTUDANTES NAS ATIVIDADES


ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS.
A regulamentação nesse momento de atividades não presenciais que pressupõem a
aprendizagem de novos domínios curriculares acaba por colocar a família na condição
de agente que opera diretamente no processo educativo especificamente escolar,
especialmente para crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental, que não detêm,
ainda, a competência leitora necessária para a realização das atividades com maior
autonomia. Faz-se necessário problematizar as condições objetivas e subjetivas dos
familiares que estão sendo convocados a esse papel. Para além de nos perguntarmos
acerca dos recursos e condições do grupo familiar, devemos nos preocupar com o fato
de que a intervenção de pessoas que não têm preparo pedagógico pode causar danos
ao processo de aprendizagem. A docência é, afinal, uma atividade profissional, que se
orienta por teoria e método. (Ponderações sobre o ensino escolar em tempos de
quarentena: carta às professoras e professores brasileiros)
A intervenção de um leigo, ainda que bem-intencionado, pode produzir efeitos
deletérios tanto em âmbito cognitivo quanto afetivo. Como bem caracterizou Luís
Carlos de Freitas, “os pais vão ser chamados a atuar como professores improvisados
em suas casas e a controlar seus filhos para que assistam as aulas via celular ou via TV
– no meio das preocupações com a pandemia e seus impactos”. (Ponderações sobre o
ensino escolar em tempos de quarentena: carta às professoras e professores
brasileiros)
Nesse sentido, também é pertinente considerar o efeito que provoca na vida familiar a
mobilização da família como agente da educação formal. Interferir na dinâmica do
grupo familiar introduzindo responsabilidades de outra ordem para os adultos em uma
situação social de grande instabilidade, além dos prejuízos para a escolarização formal
das crianças, pode ser um fator de grande estresse doméstico, desencadeando conflitos
intrafamiliares. Não tem sido incomum ouvir queixar de mães e pais que têm vivido
essa experiência como algo absolutamente aversivo, ao passo que professores se
ressentem da baixa adesão dos estudantes e famílias. (Ponderações sobre o ensino
escolar em tempos de quarentena: carta às professoras e professores brasileiros)
O parecer do Conselho Nacional de Educação caracteriza-se como
“atividades não presenciais” um amplíssimo leque de possibilidades. Se por um lado a
intenção pode ser a de considerar a imensa diversidade de situações e recursos
disponíveis nos numerosos sistemas de ensino do território nacional, o que se vê ali é
uma espécie de vale-tudo, com clara prioridade ao problema do calendário e

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secundarização do aspecto propriamente pedagógico. Ao que parece, diante da


precariedade de recursos tecnológicos disponíveis em nossas escolas, e
correspondente precariedade do acesso à internet pelas famílias, a tendência colocada
é que a qualidade pedagógica das chamadas “atividades não presenciais” seja
terrivelmente baixa, em que pese o imenso esforço de professores e professoras.
(Ponderações sobre o ensino escolar em tempos de quarentena: carta às professoras e
professores brasileiros)
Não raro aquilo que se está chamando de ensino remoto baseia-se em exercícios e
tarefas a serem preenchidos individualmente pelo aluno com base em textos e gravações
de vídeos (ou teleaulas) enviadas diariamente para as famílias, o que pressupõe
necessariamente acompanhamento e orientação dos pais ou responsáveis. Ao longo dos
próximos meses, teremos um acumulado de materiais elaborados por professores e
preenchidos por alunos, como se o processo de ensino-aprendizagem pudesse ser
materializado em textos, vídeos e tarefas. (Ponderações sobre o ensino escolar em
tempos de quarentena: carta às professoras e professores brasileiros)
A pergunta é: vale a pena preservar o calendário escolar ao custo de transformar o
processo de ensino-aprendizagem em um processo encapsulado e sem vida? Corremos
o risco de, ao final de todo esse processo, minimizarmos a necessidade de reposição
formal de dias letivos, mas recebermos na escola crianças com aversão e repulsa a
tarefas e conteúdos escolares. (Ponderações sobre o ensino escolar em tempos de
quarentena: carta às professoras e professores brasileiros)
6.1 Dada a excepcionalidade da suspensão das aulas por causa da pandemia da COVID-
19, as escolas estaduais e municipais de Sergipe, antes de optarem pela realização
de atividades escolares não presenciais na Educação Básica deverão avaliar os
seguintes aspectos estruturais:
a) Fazer o diagnóstico do quantitativo de docentes e estudantes que
possuem computador, celulares smartphones (Android ou iPhone) e
tablets;
b) Verificar se todos os estudantes e os docentes possuem computador,
softwares, pacotes de internet, fixa ou móvel, com velocidade e
quantidade de dados/megas (franquia) suficientes para o
desenvolvimento das atividades escolares não presenciais e
considerando também que o uso de software pirata implica em
comprometimento da segurança;
c) Coletar informações se as ferramentas de informática utilizadas por
docentes e estudantes dispõem de memória suficiente para acessar
aplicativos de internet que viabilizem as aulas on line. Em especial
para edição de vídeo aula, de áudio e de imagens, pois para ter uma
produtividade razoável é necessário um computador/notebook de
última geração e super potente (com memória ram e armazenamento

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suficientes) e com câmeras, caso não sejam suficientes câmeras de


smartphones, para quem os tiver;
d) Ter assegurado que a SEDUC – Secretaria de Estado da Educação e as
Secretarias de Educação dos Municípios de Sergipe irão oferecer aos
estudantes e docentes, que não possuem as ferramentas tecnológicas
de mídias digitais, tabletes com pacotes de dados de internet para
possibilitar que todos tenham acesso à conectividade e às aulas on-line,
particularmente da maioria significativa das famílias de baixa renda e
dos profissionais do magistério vítimas dos baixíssimos salários;
e) Constatar se a SEDUC – Secretaria de Estado da Educação e as
Secretarias de Educação dos Municípios de Sergipe possuem um
programa de formação dos docentes, específico para a utilização do
aplicativos e plataformas digitais voltadas ao desenvolvimento de
atividades escolares não presenciais;
f) Ter a garantia das autoridades sanitárias e de saúde que o fluxo de
atividades impressas em papel entre
docentes=escola=estudantes=escola=docentes não se constituirá em
um vetor da transmissão comunitária da COVID-19;
Tendo como referência o Parecer nº005/2020/CNE e a Resolução nº 004/2020/CEE/SE, o
Centro Operacional do Direito à Educação do Ministério Público de Sergipe, através da NOTA
TÉCNICA Nº01/2020/CAOP/EDUC, de 13 de maio de 2020, aponta, sugestivamente, algumas
posturas que poderão ser adotadas pelos Promotores(as) de Justiça, quais sejam:
1. Na hipótese do Conselho Municipal de Educação-CME ainda não ter se manifestado sobre a
questão, solicitar posicionamento sobre a reorganização do calendário escolar alinhado às
estratégias e critérios apontados pelo CNE e pelo CEE;
2. Na hipótese do município ou a escola privada pretender utilizar as atividades não
presenciais para fins de aproveitamento da carga horária, solicitar que informem:
 quantidade de estudantes da rede por etapa (ensino fundamental e médio) e
modalidade (educação especial, educação do campo, educação indígena,
educação de jovens e adultos), devendo articular os itens a seguir tendo por
referências tais agrupamentos;
 os objetivos de aprendizagem da BNCC relacionados ao respectivo currículo e/ou
proposta pedagógica que se pretende atingir;
 as formas de interação (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e
comunicação) com o estudante para atingir tais objetivos;
 caso se utilize de tecnologias digitais, informar quantos dos estudantes possuem
acesso tanto aos aparelhos (tablet, smartphone, computador) quanto à conexão
necessária para acesso;

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 a estimativa de carga horária equivalente para o atingimento deste objetivo de


aprendizagem considerando as formas de interação previstas;
 a forma de registro de participação dos estudantes, inferida a partir da realização das
atividades entregues (por meio digital durante o período de suspensão das aulas ou ao
final, com apresentação digital ou física), relacionadas aos planejamentos de estudo
encaminhados pela escola e às habilidades e objetivos de aprendizagem curriculares; e
 as formas de avaliação não presenciais durante situação de emergência ou presencial
após o fim da suspensão das aulas.

3. Na hipótese do município ou a escola privada pretender utilizar as atividades não presenciais


apenas de forma complementar, solicitar que informem:
 quantidade de estudantes da rede por etapa (creche, pré-escola e ensino fundamental)
e modalidade (educação especial, educação do campo, educação indígena, educação de
jovens e adultos), devendo articular os itens a seguir tendo por referências tais
agrupamentos:
 os objetivos de aprendizagem da BNCC relacionados ao respectivo currículo e/ou
proposta pedagógica que se pretende atingir;
 as formas de interação (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e
comunicação) com o estudante para atingir tais objetivos;
 caso se utilize de tecnologias digitais, informar quantos dos estudantes possuem
acesso tanto aos aparelhos (tablet, smartphone, computador) quanto à conexão
necessários para acesso;
 a forma de registro de participação dos estudantes, inferida a partir da realização das
atividades entregues (por meio digital durante o período de suspensão das aulas ou ao
:final, com apresentação digital ou tisica), relacionadas aos planejamentos de estudo
encaminhados pela escola e às habilidades e objetivos de aprendizagem curriculares;
De posse dos esclarecimentos acima, o(a) Promotor(a) de Justiça pode, em cooperação com o
Conselho de Educação competente, caso deseje, adotar as seguintes ações:
1) Para o município ou a escola privada que pretenda utilizar as atividades não presenciais
para fins de aproveitamento da carga horária:
A- Caso o município/escola privada não apresente as condições mínimas necessárias
para utilização das atividades não presenciais de forma a garantir acesso a todos os
estudantes e padrão de qualidade mínimo avaliado periodicamente, pode-se
utilizar de Recomendação para que o município/escola privada adéque a oferta ou,
se for necessário, suspenda as atividades até apresentar condições de fornecê-las a
todos os alunos e atendendo às demais condições sugeridas pelo CNE e, em casos
extremos, ingresso com Ação Civil Pública;

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B- Caso o município/escola privada atenda às condições para oferta das atividades não
presenciais, sugere-se o monitoramento das atividades desenvolvidas, garantindo
que, tão logo encerrado o período de suspensão de aulas, seja realizada a avaliação
individual de todos os alunos e, caso necessário, ofertada a reposição dos
conteúdos para aqueles que não tiveram o aproveitamento esperado nas
atividades.
2) Para o município ou a escola privada que pretenda utilizar as atividades não presenciais
apenas de forma complementar, sugere-se o monitoramento de forma que, tão logo
encerrado o período de suspensão de aulas presenciais, a estes seja requisitado o plano
de reposição de aulas.
3) Para o município ou a escola privada que optaram por não desenvolver quaisquer
atividades, expedir Recomendação para que estes estudem medida a ser adotada, em
prazo hábil, acessível a todos os alunos, de forma complementar, ainda que apenas
para evitar retrocessos no desenvolvimento educacional dos alunos.
4) De modo geral, que se estabeleça o dever dos sistemas estadual e municipais (com
sistema próprio de ensino) de organizarem seus serviços de inspeção, tanto na
estrutura física quanto nos recursos humanos, para que, ao final da suspensão das aulas
presenciais, possam atender, com a velocidade que se espera e se necessita, os pedidos
de validação de carga horária pelas escolas - públicas e privadas.
5) De modo geral, a realização, ao final do período de suspensão das aulas:
I) e acolhimento e reintegração social dos professores, estudantes e suas famílias como
forma de superar os impactos psicológicos do tempo de isolamento social;
II) de avaliação diagnóstica de cada estudante com a consequente construção de um
programa de recuperação, caso necessário;
III) de programas de revisão das atividades realizadas antes ou durante o período de
suspensão das aulas;
IV) de nova readequação dos calendários escolares, com reposição de conteúdos
eventualmente abordados em atividades não presenciais, nos casos em que as
deficiências no acesso aos meios e recursos (especialmente tecnológicos)
disponibilizados pelas redes tenham prejudicado o acesso igualitário dos alunos aos
conteúdos ministrados;
V) da realização de busca ativa para o fim de trazer de volta os alunos evadidos, com o
consequente planejamento de suas atividades escolares.

6. DOS DIREITOS DOS PROFESSORES, DAS PROFESSORAS E ESTUDANTES E


DA COMUNIDADE ESCOLAR
5.1 O Conselho Estadual de Educação de Sergipe, nos termos da Resolução nº
004/2020/CEE/SE, estabelece no art. 9º, que após retorno às aulas, surgindo novos

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casos pontuais de estudantes com suspeita do COVID-19 será garantido o atendimento


por meio de exercícios domiciliares, quando possível, ou a reposição do conteúdo
escolar, conforme a situação recomendada.
5.2 De modo geral, que seja dada ampla publicidade à comunidade escolar,
especialmente às famílias dos alunos, quanto às ações a serem desenvolvidas pelas
redes de ensino, abrindo-se canal direto de comunicação para resolução dos problemas
que eventualmente surgirem no curso do processo. (NOTA TÉCNICA
Nº01/2020/CAOP/EDUC, de 13 de maio de 2020 – Ministério Público de Sergipe).
5.3 Criar Comitês de Crise por instituições educacionais estaduais e municipais, com a
participação dos Profissionais da Educação, dos Estudantes e das Famílias. Caberá aos
comitês de crise nos locais de trabalho avaliar permanente o comportamento da
pandemia, levando em conta as condições sanitárias no ambiente de trabalho, meios de
transporte, contaminação na região de moradia e trabalho, a reorganização do
calendário escolar e a garantia do direito a educação público e subjetivo.
5.4 A volta as aulas precisam ser feitas de forma planejada e gradual por faixa etária,
por níveis e modalidades de ensino, evitando-se assim o surgimento de novos focos de
contaminação das COVID-19.
5.5 nas escolas estaduais e municipais se fará necessário, antes da volta as aulas,
produzir o diagnóstico dos Professores, das Professoras, dos Estudantes e dos
Servidores da Área Administrativa que compõem grupos de risco, estão com baixa
imunidade ou que realizam tratamento contra doenças crônicas ou autoimunes.
5.6 As escolas estaduais e municipais devem ficar atentas aos sinais de riscos pessoais,
sociais ou digitais que seu aluno possa apresentar. Convoque os pais para uma
conversa e troca de informações.
5.7 O Conselho Estadual de Educação, em Regime de Colaboração com os Conselhos
Municipais de Educação de Sergipe, deve publicar ‘Resolução’ dispondo sobre
diretrizes de comportamento e relacionamento social com ética e segurança para todos
os professores e funcionários das escolas que participam de redes sociais, como
Facebook, Snapchat, Instagram e outras, sobretudo na interação com alunos, crianças/
adolescentes e familiares ou em fotos que possam expor ou constranger em público.
Funcionam como códigos de conduta entre todos que convivem com a rotina escolar e
o “mundo externo e real”.

7. PROTOCOLOS SANITÁRIOS NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA


a. Que sejam garantidas as condições necessárias de infraestrutura, com
ambientes seguros e adequados para prevenir a propagação do vírus nos
estabelecimentos de ensino: acesso à água, sabão e ventilação, entre outros;
b. Que o setor público garanta as condições de proteção para todas as pessoas nas
escolas públicas estaduais e municipais de educação. Para isso devem ser

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fornecidos kits sanitários, acesso a testes, padrões de distanciamento seguro


nas salas de aula ou outras medidas com instrumentos de proteção;
c. Que a Vigilância Sanitária Estadual de Sergipe, em observância as orientações
da OMS – Organização Mundial de Saúde, publique ato normativo
regulamentando os padrões de segurança sanitária para serem aplicados no
transporte público e escolar;
d. Que ocorra, de forma contínua e permanente, a desinfecção e a higienização dos
veículos destinados ao transporte escolar, com a instalação e manutenção de
recipientes de álcool gel 70%, a marcação dos assentos de modo a manter o
distanciamento físico, proibir o transporte de estudantes em pé e de pessoas
alheias a comunidade escolar, além da obrigatoriedade do uso de máscaras;
e. Que ocorra diariamente a aferição da temperatura dos motoristas e usuários do
transporte escolar;
f. Que ocorra testagem para o novo coronavírus nos profissionais que trabalham
no transporte escolar;
g. Que sejam instaladas ‘Cabines de Desinfecção’, por ocasião do período de volta
as aulas, sempre na entrada do prédio escolar, tendo como referência
preferencial a utilização da tecnologia do ozônio ou com outros produtos
autorizados pela ANVISA;
h. Que as Secretarias de Educação do Estado e dos Municípios, no período de volta
às aulas, possam fornecer os EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
(EPI) E COLETIVOS (EPC) para professores, professoras, estudantes e
servidores da área administrativa da escola, bem como os profissionais que
trabalham com o transporte escolar.
i. Que antes da volta as aulas Secretarias de Educação do Estado e dos Municípios,
em parceria com as Secretarias de Saúde e a Vigilância Sanitária sejam
realizados cursos de aprimoramento para as direções das instituições
educacionais, equipes pedagógicas e servidores da área administrativa quanto a
higienização e desinfecção dos espaços dos prédios escolares, bem como as
orientações necessárias para o uso correto de EPI’s e EPC’s.
j. Que seja fornecido avental e/ou macacão, óculos de proteção e luvas para
trabalhadores em educação responsáveis pela limpeza, alimentação escolar e
portaria do prédio escolar;
k. Que antes da volta as aulas as Secretarias de Estado e Municipais da Saúde
procedam a vacinação contra a ‘Influenza’ de professores, professoras,
estudantes e servidores da área administrativa;
l. Que na volta as aulas, nas escolas estaduais e municipais, seja fornecido álcool
gel 70% e a obrigatoriedade do uso de máscaras;

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m. Que haja a obrigatoriedade, nas escolas estaduais e municipais, da utilização de


produtos de limpeza e de desinfetantes regularizados pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) em todos os banheiros, sanitários, vestiários,
cozinhas, dispensas, refeitórios, almoxarifados, pátios, salas de aula, quadras
esportivas escolares, espaços administrativos, secretaria escolar, sala dos
professores, biblioteca, sala de leitura e carteiras escolares;
n. Que na volta as aulas, seja determinada a quantidade máxima de estudantes por
sala de aula como forma de se evitar novos focos de contaminação do novo
coronavírus por transmissão comunitária;
o. Que seja garantir que havendo de ocorrência de casos suspeitos ou
confirmados da COVID-19 nas escolas estaduais e municipais deve-se colocar de
quarentena todos os profissionais do magistério, a equipe diretiva, os
estudantes e os demais trabalhadores da educação que tiveram contato no
estabelecimento de ensino ou utilizaram do mesmo transporte escolar;
p. Que nas escolas estaduais e municipais não se compartilhe objetos de uso
pessoal (como talheres, toalhas, pratos e copos);
q. Que na volta as aulas, nas escolas estaduais e municipais, seja normatizado que
todas as atividades esportivas, culturais e de recreação ocorram somente em
espaços abertos;
r. Que nas creches e pré-escolares ocorra, diariamente, a desinfecção de berços,
colchonetes, tatames, brinquedos e jogos educativos;

8. MEDIDAS A SEREM ADOTADAS PELO GOVERNO ESTADUAL E GESTORES


MUNICIPAIS DE SERGIPE
a. Que os governos estaduais e municipais de Sergipe, O Ministério Público de
Sergipe, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF/SE, o Conselho
Estadual de Educação e os Conselhos Municipais de Educação estabeleçam
processos de diálogo com as organizações sindicais do setor educacional para
definir as diferentes etapas da volta às aulas;
b. Que organizem espaços de participação para a escuta das/os profissionais de
educação, famílias e estudantes, de forma a prover todo o apoio necessário em
termos educacionais e também de proteção social nesse momento de pandemia;
c. Que sejam gerados mecanismos para ouvir as propostas dos setores estudantis
organizados, de maneira que eles possam participar na definição dessas etapas;
d. Que seja garantido a execução do Programa Especial de Alimentação Estudantil
e a sua adequação às necessidades alimentares dos estudantes contemplados;
e. Que os cardápios da alimentação escolar sejam reforçados para assegurar a
segurança alimentar e nutricional dos estudantes no período de volta as aulas,

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levando em consideração os novos contextos de fome e desnutrição que estão


afetando a população mais pobre de Sergipe;
f. Que seja garantido a segurança alimentar dos estudantes durante o período de
suspensão das atividades presenciais, de modo que estes informem a existência
de Plano de entregas de kits alimentares, bem como sua adequação às normas
publicadas pelo FNDE, em especial quanto à elaboração de cronograma de
entregas, à quantidade per capita e à qualidade higiênico-sanitária dos
alimentos;
g. Que garantam condições adequadas de trabalho, formação e manutenção
salarial das e dos profissionais da educação, incluindo os benefícios como vale
transporte e alimentação;
h. Que sejam protegidos os direitos trabalhistas dos trabalhadores e trabalhadoras
em educação, que mais uma vez têm-se mostrado essenciais na geração de
respostas para a assistência integral à infância, adolescência e juventude;
i. Que desenvolvam ações de combate às discriminações e desigualdades dentro e
fora da escola, com políticas antidiscriminatórias e de proteção, principalmente
em relação às famílias mais pobres, vítimas de violências e desigualdades, como
é o caso das famílias negras e indígenas e também das mulheres;

Aracaju(SE), 05 de junho de 2020

Conselho Estadual de Representantes do SINTESE

CERES – Conselho Estadual de Representantes do SINTESE

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