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Biografia do Poeta

O poema “A um Negrilho” é um poema de Miguel Torga, autor e poeta


Transmontano, nascido em 1907 em S. Martinho de Anta que fica em Vila Real.
Faleceu em 1955.

De nome Adolfo Correia da Rocha, adotou o pseudónimo de Miguel Torga, Miguel


em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e
Miguel de Unamuno, e o nome Torga, urze campestre que sobrevive nas fragas
das montanhas, em homenagem à sua paixão pela Natureza.

O Título - A um Negrilho
Miguel Torga dedica este poema ao Negrilho da sua aldeia, que é uma árvore de
grande porte e que dá madeira escura. Para Miguel Torga, é mais do que uma
árvore, é um refúgio, um amigo confidente e poeta com quem desabafa e se
harmoniza, por isso, a merecida dedicatória.

Análise do poema
"Na terra onde eu nasci há um só poeta"

Torga apresenta o Negrilho da sua aldeia como sendo o único poeta que ela tem
e personifica-o.

"Os meus versos são folhas dos teus ramos"


O sujeito poético tem uma grande admiração pelo Negrilho e é a sua fonte de
inspiração. Relação de dependência: ele é folha dos seus ramos, considera-o um
verdadeiro poeta e a sua fonte de inspiração.

"Quando chego de longe e conversamos é ele que me revela o mundo


visitado". Existe cumplicidade e intimidade.

“Esse poeta és tu, mestre da inquietação … “ “ Que harmonizas o vento …”

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Demonstra a admiração do sujeito poético pelo facto do Negrilho simbolizar a
harmonia da natureza.

Características do Negrilho

O Sujeito Poético vê o Negrilho como um "Bosque suspenso" por ser uma


árvore de grande porte e copa abundante.
O verso "Onde os pássaros e o tempo fazem ninho", indica-nos que a árvore é
muito antiga e ao mesmo tempo representa um espaço protetor e acolhedor.
“Único poeta da terra” - Recurso à personificação da árvore e reconhece-a
como poeta
O Negrilho adquire um estatuto humano, com voz ("conversamos"), com olhos ("É
nos seus olhos que se vê pousada"), com sabedoria ("É ele que me revela o
mundo visitado"), com capacidade de harmonizar as forças naturais ("Que
harmonizas o vento", é também um sonhador ("gigante a sonhar")

Divisão do poema

O poema divide-se em duas partes. Cada estrofe corresponde a uma parte. Esta
divisão torna-se notória pela alteração da pessoa verbal.

Assim, na primeira estrofe, predomina a terceira pessoa verbal. Aqui, o sujeito


poético descreve e sublinha as características excecionais desta árvore e a sua
relação com ela.

Na segunda estrofe, existe a mudança da pessoa verbal de “ele” para “tu” mostra
a intensidade e o envolvimento afetivo do sujeito poético com este “poeta

Recursos
Uso da Personificação: Ao longo do poema, o Negrilho adquire um estatuto
humano. Estas qualidades humanas atribuídas à árvore tornam-se importantes
para percebermos a relação sujeito poético - poeta. Ao mesmo tempo, sublinha a
singularidade desta árvore.

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Uso da Metáfora: O Negrilho é identificado metaforicamente como “um bosque
suspenso”.

Uso da Hipérbole: É usada para dar mais expressividade ao pensamento do


sujeito poético que admira e soma elogios à árvore com o objetivo, realçando o
seu carácter único.

A antítese: ”Mestre da inquietação serena” – Ideal de Harmonia??

Conclusão

A Poesia de Miguel Torga

A utilização do pseudónimo de Torga ”deriva de uma paixão intensa de Adolfo


Rocha à terra transmontana com a qual se identifica.

Um dos temas mais frequentes da poesia torguiana é a conceção da natureza -


terra como mãe criadora, protetora, harmonizadora.

A poesia “A um negrilho” enquadra-se perfeitamente nesta temática. O poema


que analisamos revela que a natureza é fonte de inspiração poética (v.4), fonte de
simplicidade, harmonia e serenidade (v.8-10).

O poema analisado contém uma lição profunda: o respeito, a veneração, o amor


que a Natureza, tão maltratada nos dias de hoje, merece por parte de cada um de
nós.

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