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Share the post "7 Obras da literatura japonesa que você precisa conhecer"
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Por mais que a literatura do Japão cubra um período de mais de dois milênios,
trataremos apenas de obras mais recentes e, desta forma, mais acessíveis a você.
Primeiramente influenciada pela China, até o período Edo, com a abertura dos portos e
trocas comerciais, no século XIX, passou a ser influenciada pela literatura ocidental,
mesclando sua tradição com as estruturas europeias.
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Embora possam ser lidos individualmente, os quatro livros têm no advogado Honda
uma espécie de “observador” de como o mundo se comporta, desde sua adolescência até
a velhice. A temática reencarnação se debate contra seu ceticismo, assim como a
resistência à ocidentalização do Japão. Mas é nas metáforas poderosas e personagens
complexos que se esconde a riqueza desta obra.
A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata
Além de amigo e mentor de Yukio Mishima, Yasunari Kawabata é considerado um dos
mais importantes romancistas japoneses. Aplicado em estudar a “técnica do romance”,
ele mesclou as influências de seu país ao gênero que se popularizou pelo mundo inteiro.
No começo, Kawabata utilizou um pouco do surrealismo em suas obras, porém aos
poucos foi se tornando expressionista, construindo narrativas de complexidade
psicológica e erótica. A leveza com que escreve acabou tornando-o conhecido como
alguém que “pinta as palavras” de branco irradiante.
A Casa das Belas Adormecidas é uma de suas obras mais apreciadas, que inclusive
influenciou Gabriel García Márquez a escrever Memórias de minhas putas tristes.
O livro de Kawabata tem Eguchi, um velho de sessenta e sete anos, como seu
protagonista. E a história se desenrola a partir do fato de ele descobrir que há uma casa
onde meninas são adormecidas para divertimento dos clientes, de forma com que eles
possam passar a noite com elas.
O obra é dividida em sete partes: A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu, As Duas
Forças e A Harmonia Final. As cinco primeiras são uma referência ao Gorin, os cinco
elementos básicos que, segundo o budismo, compõem a matéria. Desta forma, a história
é uma metáfora para o autodesenvolvimento.
Vale acrescentar que tudo que você já viu – seja em filmes, HQs, outras mídias – de
pessoas lutando com duas espadas, na verdade se deve a Miyamoto Musashi.
Kafka à beira-mar, de Haruki Murakami
Atualmente, quando se fala em literatura japonesa, é impossível não mencionar Haruki
Murakami. Até mesmo porque nos últimos anos seu nome está sempre entre os
favoritos ao Nobel de Literatura, embora o prêmio ainda não lhe tenha sido concedido.
Em seu país é, muitas das vezes, desprezado pela crítica, por sua popularidade, digna de
um verdadeiro best-seller.
Kafka à beira-mar é uma de suas obras mais complexas, um romance em que o leitor
acompanha as trajetórias de dois personagens, Kafka Tamura e Nakata. O primeiro é um
jovem de quinze anos que foge de casa e de tudo, viajando pelo Japão até chegar a uma
pequena cidade do interior, onde trava amizade com um personagem curioso, Oshima,
cujas características surpreendem o leitor. Já Nakata é um senhor analfabeto, mas
digamos que um analfabeto nada convencional. Ele tem a habilidade de falar com gatos
e dormir por mais de trinta horas sem se mexer.
Em 1906, o japonês Kakuro Okakura escreveu este tratado que explica os significados
ocultos na cerimônia do chá, a chanoyu. Mistura de princípios do taoismo e do zen-
budismo, este importante rito no cotidiano dos japoneses possui a força de imiscuir em
seus participantes uma consciência da brevidade e simplicidade do mundo, algo que,
convenhamos, falta muito a nós ocidentais.
Ao terminar esta leitura, fica-se com a sensação de que, com uma xícara de chá, pode-se
redimir o mundo.
O romance, curtinho, conta a história de um garoto de treze anos que odeia o mundo
adulto, juntamente com uma gangue de garotos da mesma idade. Quando sua mãe se
envolve com um marinheiro, ao qual o menino admira, seus sentimentos se confundem.
O que pode parecer simples e bobo, nas mãos de Mishima se torna um romance de
profundidade psicológica, com um final que choca por sua crueldade.
Neste livro, assim como na maioria das obras de Yukio Mishima, é exposto o que há de
mais brutal e erótico nos seres humanos.
No ano de 1982, Murakami vendeu o bar de jazz que tinha em Tóquio e se dedicou
integralmente a escrever, além de começar a correr em maratonas. Em 1983, cobriu o
trajeto entre Atenas e a cidade de Maratona, na Grécia, e a partir daí se dedicou a correr
longas distâncias. “O trabalho no bar me obrigava a ficar acordado todos os dias até
muito tarde, respirando um ar poluído. A excitação com o meu novo cotidiano,
dedicado exclusivamente a escrever, me impulsionou a adotar um estilo de vida
saudável: acordar às cinco da manhã e correr passou a ser um exercício de renovação
pra mim”.
O que chama a atenção nesta obra não-ficcional de Murakami é o quanto uma atividade
física, a prática de correr, relaciona-se com o ato criativo de escrever. O japonês parece
não ver diferenças entre uma coisa e outra, quebrando o paradigma de que os escritores
são sedentários.
“Tento não pensar em nada de especial enquanto estou correndo. Na verdade, corro com
a minha cabeça totalmente vazia. Mesmo assim, acho que exatamente por estar me
concentrando em nada, alguma coisa surge naturalmente e, como um susto, de repente
já está no meu pensamento. Essas coisas, eventualmente, acabam virando ideias que
participam da minha criação literária.”
***
Além de ser uma das literaturas mais importantes do mundo, a literatura japonesa é
muito rica. A leitura no Japão é uma prática que transcende o tempo – hoje em dia, por
exemplo, o povo dos olhinhos puxados é um dos que mais consome ebooks para
celulares.
Inúmeros outros autores poderiam estar nesta lista – como: Matsuô Bashô, Junichiro
Tanizaki, Ryunosuke Akutagawa, Hisashi Inoue, Kenzaburo Oe, Ryu Murakami –, mas
as obras aqui apresentadas são suficientes para um roteiro de iniciação na literatura
japonesa.
Além do mais, fica aqui uma dica: quem quiser conhecer mais das obras literárias do
Japão, encontra no Bungaku um material de encher os olhos, tanto de clássicos como de
contemporâneos. Vale à pena!