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Fluxo-Floema

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Fluxo-Floema é um livro de 1970 escrito por Hilda
Hilst, poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira, e publicado
pela editora Perspectiva. Foi a primeira obra em prosa publicada pela autora.
O livro é composto por cinco contos: Fluxo, Osmo, Lázaro, O Unicórnio,
Floema. A obra é marcada pelo estilo experimental de Hilst, em consonância
com a sua produção em demais gêneros, além da presença de elementos
centrais para a autora, como o antinarrador, a simultaneidade do sagrado e do
profano, a figura da trindade, a anarquia de gêneros e o obsceno.
Fluxo-floema também representa uma reflexão de Hilda Hilst diante de sua
carreira e de seu processo criativo[1], uma vez que cinco contos se voltam, em
diversos momentos, para a própria dificuldade de narrar.

Índice

 1Contos
o 1.1Fluxo (à Lygia Fagundes Telles)
o 1.2Osmo
o 1.3Lázaro (a Caio Fernando Abreu)
o 1.4O Unicórnio (a Dante Casarini)
o 1.5Floema (a José Antonio de Almeida Prado e a José Luiz Mora
Fuentes)
 2Epígrafe
 3Adaptações e traduções
 4Referências
 5Referências
 6Bibliografia
o 6.1Livros
o 6.2Artigos
o 6.3Teses e Dissertações

Contos
Fluxo (à Lygia Fagundes Telles)
Com a típica narração no fluxo de consciência hilstiano, que se constrói por
meio dialógico em boa parte do texto, Fluxo se inicia com Ruiska, um escritor
que vive numa casa distante da cidade, numa discussão com seu editor (que a
todo momento chama de “cornudo”). Entre o começo do diálogo e o retorno a
ele, o fluxo traz pensamentos do escritor, uma descrição da vegetação da
planície. Ruiska depende da escrita para sobreviver, porém almeja escrever
sobre “as coisas de dentro”, enquanto seu editor o avisa que a escrita do “de
dentro das planícies” não é interessante para que enriqueça. O cornudo sugere
que comece com o inverso de "Uc" para dar inspiração e diz que no dia
seguinte virá atrás do primeiro capítulo do livro, ou seja, do primeiro capítulo de
um livro do escritor que seja vendável. Em todas as vezes em que apareceria,
o inverso de "Uc" está ausente na fala, como numa frase seguinte do editor:
Não seja idiota, essa é a primeira possibilidade, invente novas possibilidades em torno do.

Depois de alguns diálogos com sua mulher, Ruisis, nos quais há uma tentativa
de começar o novo livro, Ruiska compõe reflexões num monólogo interior até o
episódio da morte de Rukah, seu filho.
A trindade aparece nesse conto como Ruiska (o criador), Ruisis (representação
dos valores amorosos e religiosos) e Rukah (a criatura), o filho de ambos[2];
Rukah, porém, morre porque seu pai usou uma mesóclise e é substituído por
uma outra criação ou faceta do escritor: o anão, que veio “da cloaca do
universo”. A mulher o pergunta por que criou e matou o filho tão depressa, uma
fala que marca o poder do escritor de conceber, inventar. Todos da trindade
estão dentro do narrador, um indivíduo que se desdobra em muitos, uma
persona-personae[3]. A isso, a esse “ser dos outros”, Ruiska chama
“coexistência”, uma evidência da relação do personagem consigo e com “o
outro”, um tema que aparece em contos seguintes.
A criação do anão é seguida por outra conversa sobre o novo livro, mais
discussões sobre a linguagem, até que Ruiska produz um outro personagem
da história, Palavrarara, que os deixa quando a perguntam se ela sabe algo "a
respeito do" [inverso da palavra "Uc"]. A partir disso, Ruiska decide sair de casa
pela claraboia e empurrar o anão pelo poço, para que sigam caminhos
contrários: o do sublime e do grotesco.[4] O restante de Fluxo se faz na
interação entre esses dois personagens, o protagonista e o anão, que saem da
casa, separam-se e reencontram-se em direção à cidade, onde são agredidos
em meio a uma passeata contra militares porque Ruiska explica que é escritor
dessa “angústia de dentro”. No fim, o autor e sua invenção conversam sobre a
coexistência enquanto o último frita peixes.
Osmo
Lázaro (a Caio Fernando Abreu)
O Unicórnio (a Dante Casarini)
Floema (a José Antonio de Almeida Prado e a José Luiz Mora
Fuentes)

Epígrafe
A epígrafe de Fluxo-Floema foi extraída do romance Molloy, de Samuel
Beckett:
Havia em suma três, não, quatro Molloys. O das minhas entranhas, a caricatura
que eu fazia desse, o de Gaber e o que, em carne e osso, em algum lugar
esperava por mim.
---
Havia outro, evidentemente.
Mas fiquemos por aqui, se não
se importam, no nosso circulozinho de iniciados.[5]
A referência a um indivíduo que se divide em vários, expressando diferentes
facetas de uma figura única, sugere os cinco contos de Fluxo-Floema enquanto
capazes de serem lidos a partir de uma mesma perspectiva.

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