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Biografia

Hilda de Almeida Prado Hilst foi a única filha do fazendeiro de café, jornalista, poeta e
ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst, filho de Eduardo Hilst, imigrante originário
da Alsácia-Lorena, e de Maria do Carmo Ferraz de Almeida Prado.[3] Sua mãe, Bedecilda
Vaz Cardoso, que tivera um relacionamento anterior, [4] era filha de imigrantes portugueses.
Em 1932, seus pais se separaram. Em plena Revolução Constitucionalista, Bedecilda
mudou-se de Jaú para Santos, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso, filho do seu primeiro
casamento. Em 1935, Apolônio foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide.
Em 1937, Hilda ingressou como aluna interna do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo,
onde cursou o primário e o ginasial, com desempenho considerado brilhante. Nesse ano, a
mãe lhe revelou a doença de seu pai. Em 1945, iniciou o curso secundário no Instituto
Presbiteriano Mackenzie, onde permaneceu até a conclusão do curso. Em 1948, entrou
para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco), onde
conheceu aquela que seria sua grande amiga ao longo da vida, a escritora Lygia
Fagundes Telles. Seu primeiro livro Presságio, publicado em 1950, foi recebido com
grande entusiasmo pelos poetas Jorge de Lima e Cecília Meireles. A partir de 1951, ano
em que publicou seu segundo livro de poesia, Balada de Alzira, foi nomeada curadora do
pai. Concluiu o curso de Direito em 1952. Depois da leitura do livro Carta a El Greco, do
escritor grego Nikos Kazantzakis, Hilda decide afastar-se da vida agitada de São Paulo e,
em 1964, passa a viver na sede da fazenda de sua mãe, próximo a Campinas, durante a
construção da sua casa numa parte daquela propriedade. Em 1966, findos os trabalhos da
construção, Hilda muda-se para sua Casa do Sol, casa planejada detalhadamente pela
autora para ser um espaço de inspiração e criação artística. [5] Hilda Hilst viveu o resto de
sua vida na Casa do Sol e nela hospedou diversos escritores e artistas por vários anos. Os
escritores Bruno Tolentino e Caio Fernando Abreu foram hóspedes da Casa do Sol.
Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais
importantes prêmios literários do Brasil. Em 1962, recebeu o Prêmio PEN Clube de São
Paulo, por Sete Cantos do Poeta para o Anjo (Massao Ohno Editor, 1962). Em 1966, ao
mudar-se para a Casa do Sol, passou a viver com o escultor Dante Casarini. Em setembro
do mesmo ano, morreu seu pai. Dois anos depois, Hilda casou-se com Casarini (de quem
se separa em 1980, embora continuassem a residir na mesma propriedade - Casa do Sol).
[6]
 Em 1969, a peça O Verdugo arrebatou o Prêmio Anchieta, um dos mais importantes do
país na época. No mesmo ano, a cantata Pequenos Funerais Cantantes, composta por
seu primo, o compositor Almeida Prado, sobre o poema homônimo de Hilda, dedicado ao
poeta português Carlos Maria Araújo, conquistou o primeiro prêmio do I Festival de Música
da Guanabara.[7]

Hilda Hilst em seu escritório da Casa do Sol, Campinas-SP, Brasil. Outubro de 1998. Fotografia de
Yuri Vieira.

A Associação Paulista de Críticos de Arte (Prêmio APCA) considerou Ficções (Edições


Quíron, 1977) o melhor livro do ano. Em 1981, Hilda Hilst recebeu o Grande Prêmio da
Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 1984, a Câmara Brasileira do Livro concedeu o Prêmio Jabuti, idealizado por Edgard
Cavalheiro (1959)[8] a Cantares de Perda e Predileção (Massao Ohno - M. Lydia Pires e
Albuquerque editores, 1983), e, no ano seguinte, a mesma obra recebeu o Prêmio
Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo). "Rútilo Nada", publicado em 1993, pela
Pontes Editores, levou o Prêmio Jabuti como melhor conto em 1994. E, finalmente, em 9
de agosto de 2002, foi premiada na 47ª edição do Prêmio Moinho Santista na
categoria Poesia.
A escritora ainda participou, a partir de 1982, do Programa do Artista Residente,
da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em
suas obras. No entanto, conforme a própria escritora confessou em sua entrevista ao
Cadernos de Literatura Brasileira,[9] seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a
difícil relação entre Deus e o homem.
Parte de seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentação Alexandre
Eulálio, Instituto de Estudos de linguagem - IEL, UNICAMP, em 1995, estando aberto a
pesquisadores do mundo inteiro e o restante, notadamente sua biblioteca particular,
encontra-se na Casa do Sol, sede do Instituto Hilda Hilst - IHH.
Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em
março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D foram
publicados pela Editora Gallimard, tradução de Maryvonne Lapouge, que também
traduziu Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.
Muitos de seus livros se esgotaram devido a uma escassa distribuição. Porém, em 2001,
a Editora Globo adquiriu os direitos de sua obra e, em dezembro daquele mesmo ano,
passou a reeditar a Obra Completa da escritora.
A escritora Hilda Hilst morreu na madrugada do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos,
em Campinas (interior de São Paulo). Internada havia 35 dias no Hospital das Clínicas da
Unicamp para a realização de uma cirurgia, após sofrer uma queda que causou uma
fratura no fêmur, a escritora tinha deficiência crônica cardíaca e pulmonar, o que agravou
seu quadro clínico. Hilda Hilst deu entrada no Hospital das Clínicas no dia primeiro de
janeiro. A escritora teve falência múltipla de órgãos e sistemas.
Após seu falecimento, o amigo Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst. O
IHH tem como primeira missão a manutenção da Casa do Sol, seu acervo e o espírito de
ser um porto seguro para a criação intelectual.

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