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Eugénio

de
Andrade
Francisco Cunha | Português | AEHN 2023-
2024
Biografia
Eugénio de Andrade (1923-2005) foi um dos maiores
poetas portugueses contemporâneos. Tem obras
publicadas em várias línguas. Recebeu o Prêmio
Camões, em 2001.

Eugénio de Andrade, pseudônimo de José Frontinhas


Neto, nasceu em Póvoa de Atalaia, pequena aldeia da
Beira Baixa, Portugal, no dia 19 de janeiro de 1923.

Filho de camponeses, após a separação dos pais,


passou sua infância em companhia da mãe. Com sete
anos de idade mudou-se com a mãe para Castelo
Branco.
Em 1932 muda-se para Lisboa, onde frequentou o
Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de
Castro. Em 1935 já mostrava seu interesse pela
leitura, passando horas nas bibliotecas públicas.
Contextualização histórico-cultural
Durante a juventude de Eugénio de Andrade, Portugal estava sob o regime autoritário de
António de Oliveira Salazar, o que influenciou muitos aspetos da vida cultural e artística
do país. O Estado Novo restringia a liberdade de expressão e impunha censura, o que
tornava desafiador para os artistas expressarem livremente suas ideias.

Portanto, a poesia de Eugénio de Andrade pode ser vista como uma resposta poética à sua
época, uma busca por expressão e beleza em meio a um período de restrições políticas.
Sua contribuição à literatura portuguesa é valorizada não apenas pela qualidade estética de
seus versos, mas também pela coragem de explorar temas que desafiavam as normas da
época.
Contextualização
histórico-cultural
Eugénio de Andrade é frequentemente associado ao movimento literário do Neo-
realismo e, posteriormente, à Geração de 50 em Portugal. O Neo-realismo, que
teve influência nas décadas de 1930 e 1940, procurava retratar a realidade social e
económica do país, muitas vezes abordando questões de justiça social,
desigualdade e as condições de vida das classes mais baixas.

Contudo, Eugénio de Andrade também transcendeu as categorias literárias


convencionais, e sua obra posterior, na década de 1950, foi marcada por uma
abordagem mais intimista e lírica, afastando-se das preocupações sociais do Neo-
realismo. Por isso, sua associação com a Geração de 50, um grupo de escritores
que buscavam uma expressão mais pessoal e subjetiva na literatura, faz sentido.

Assim, Eugénio de Andrade é uma figura literária versátil, que transitou entre
movimentos e estilos ao longo de sua carreira, contribuindo para a riqueza e
diversidade da literatura portuguesa do século XX .
À beira de Água
Estive sempre sentado nesta pedra
Escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
Em que não tinha o coração
Magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
Dói tanto! Todo o amor. Até o nosso, tão feito
de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.
• Análise externa
É um poema do tipo moderno, pois só contêm uma única estrofe, constituída por 11
versos, que são versos livre pois apresentam uma métrica irregular

• Análise interna
O tema do poema é a solidão e o passar do tempo.
O sujeito poético está sentado à beira de um lago, sozinho, onde apenas escuta o
silêncio e o som do rio. Faz-lhe recordar a sua infância, um tempo em que não tinha o
coração magoado. Provavelmente, o sujeito poético sofreu uma separação, alguém que
amava muito, e custa não ter esse "tu" com ele. Diz que está triste e que está a
envelhecer sozinho, no silêncio.

• Recursos expressivos
"O lago é o tanque daquela idade" e "à beira de ser água": metáfora.
... coração magoado": personificação. "Envelhecendo no rumor da bica/ por onde corre
apenas o silêncio.":
antítese (rumor da bica - barulho da fonte; silêncio).
Bibliografia
● https://www.ebiografia.com/eugenio_de_andrade/

● https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=311

● https://www.citador.pt/poemas/a/eugenio-de-andrade

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